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28 ADMINISTRAGAO DE VALORES A RECEBER Basicamente, existem duas modalidades de crédito: o crédito interempresa- rial (ou crédito mercantil), envolvendo empresas e clientes, ¢ 0 crédito pessoal (ou crédito direto ao consumidor), administrado por instituig6es financeiras. Nao obstante esta segunda modalidade propicie, de forma indireta, incentivo as vendas mercantis, o presente capitulo trata efetivamente do primeiro tipo de cxédito, 0 qual adota certas caracteristicas que o diferenciam significativamente do crédito pessoal. Para muitas empresas, os investimentos em valores a receber representam uma parte significativa de seus ativos circulantes, exercendo, em consequéncia, importantes influéncias em suas rentabilidades. O nfvel desses investimentos de- pende do comportamento das vendas e da formulagao de uma politica de crédi- to para a empresa, a qual engloba, fundamentalmente, os seguintes elementos: Andlise dos Padrées de Crédito, Prazo de Concesso de Crédito, Descontos Finan- ceiros por Pagamentos Antecipados e Politica de Cobrancas. O capitulo trata do estudo de cada um desses elementos, dando destaque a suas influéncias na definigéo de uma politica geral de crédito. Dedica-se, ainda, ao estudo da interferéncia das caracteristicas econémicas nacionais na administracéo de valores a receber e em seus varios modelos de controle. 28.1 Avaliacao do risco de crédito Talvez o principal insumo a ser estudado na defini de uma politica global de crédito diga respeito & andlise do risco das vendas a prazo, ou seja, a decisdes sobre qual 0 tratamento que deve ser dispensado as solicitagses de crédito, & 5 Finangas Corporativas e Valor + Assaf Neto definigdo dos prazos e aos critérios de cobranca dos clientes. Como consequéncia também dessas decisées deve a empresa definir os principais parametros de risco que estaria disposta a assumix. Na anélise do risco so levados em conta diversos critérios e métodos. Um enfoque tradicional da anélise do crédito é desenvolvido pelo estudo de cinco fatores, definidos na proposi¢ao original de Brighan e Weston’ como os cinco Cs do crédito, ou seja: cardter, capacidade, capital, garantias (collateral) e condigées. O carter identifica a disposi¢do do cliente em pagar corretamente seu crédito. Essa avaliago € efetuada mediante o conhecimento de certas caracteristicas morais do devedor, tais como honestidade, integridade etc. O segundo fator, capacidade, procura medir o potencial de geragio de recursos do cliente visando a liquidacéo conforme pactuada. Essa andlise ¢ feita, normalmente, mediante informacées histéricas do desempenho do cliente, seus padrées gerenciais etc. A varidvel capital, analisada de forma similar & anterior, esta mais voltada para a mediagdo dos investimentos da firma cliente, dando atencao especial a seu pa- triménio iquido. As garantias julgam os ativos que o cliente pode oferecer como forma de lastrear (garantir) seu crédito. Finalmente, fator condigdes envolve as influéncias do comportamento da conjuntura econémica sobre a capacidade de pagamento do cliente. processo de andlise desses fatores tradicionais de avaliacao do risco de crédito é desenvolvido, basicamente, pela tradigao (experiéncia) que a empresa tenha com seu cliente e, também, por uma série de informagées e indicadores basicos que o administrador deverd colher com o consumidor € no mercado, vi- sando suplementar sua decisao. Na prdtica, uma solicitacHo de crédito de um cliente antigo, com o qual a empresa tenha tradicionalmente realizado boas relagdes comerciais, é atendi- da quase prontamente, dispensando-se maiores dispéndios de tempo ¢ recur- sos em uma andlise mais pormenorizada. E evidente que, se 0 pedido exceder ‘os limites convencionalmente concedidos, ou a experiéncia passada tiver sido marcada por problemas de atrasos relevantes ou perdas, ou, ainda, se a conjun- ‘ura econémica atual tiver-se alterado significativamente em relacdo a seu com- portamento passado, a decisio de crédito deverd exigir outras providéncias da } administragéo da empresa. Nessa situacdo, 0 pedido de crédito € normalmente considerado como se tratasse de uma solicitagdo inicial, devendo a empresa desencadear 0 proceso de avaliactio como se o cliente tivesse entrado pela primeira vez com o pedido. Ainda dentro desse enfoque tradicional de avaliagao do crédito podem ser enumeradas algumas importantes fontes de informacées. A primeira refere-se a uma avaliacdo retrospectiva das demonstracdes contd beis do solicitante de crédito, as quais poderdo vir suplementadas com diversas informagdes adicionais, tais como fluxos de caixa, descricéo das garantias poten- ciais ete. Com o estudo dos principais indicadores econémico-financeiros extrai- dos desses relatérios contdbeis, e dos dados adicionais, a empresa tem condicées de avaliar o desempenho do cliente nos tiltimos anos, diagnosticar sua atual po- si¢do patrimonial e de liquidez, e projetar, também, sua habilidade em cumprir satisfatoriamente com a obrigacao assumida. utra importante fonte para o processo é fornecida por empresas prestadoras de servigos em assessoria as decisdes de crédito. No Brasil, esses servigos podem 1 BRIGHAM, Eugene E; WESTON, J. Fred. Fundarentos da administragdo financeira. 10. e6. S20 Paulo: Makron Books, 2000. p. 441. ‘Administragdo de Valores @ Receber 657 ser fornecidos pela Serasa, pelo Servico de Protegao ao Crédito, pelas Associacdes ‘Comerciais ¢ Industriais etc. Nao se deve ainda dispensar consultas a publicagées especializadas em in- dicadores-padrao, tais como Melhores e Maiores, Instituto Assaf, Conjuntura Eco- némica, Valor 1000 ete, Com esses trabalhos poderd a empresa avaliar, mediante uma anélise comparativa, o desempenho global de seu cliente com outras empre- sas do mesmo setor de atividade e com o mercado em geral? Com relacdo ao uso de indicadores-padrao, deve-se ressaltar ainda que mui- tas empresas, dadas as peculiaridades de seu mercado consumidor e de seus clientes potenciais, necessitam desenvolver, para seu processo de avaliacao de crédito, determinados indices-padréo especificos. Por apresentarem certas carac- teristicas exclusivas, ndo cobertas pelos padrées regularmente publicados e di poniveis no mercado, ¢ indispensdvel que essas empresas suplementem também seus processos de anélise mediante a fixago de valores obridos do universo ex- clusivo de seus clientes. Por exemplo, constatou-se numa indtistria que o patriménio Kiquido de gran- de parte de seus clientes era ligeiramente superior ao montante da divida assu- mida pela venda de uma tinica unidade de certo bem. Esse fato causou grande Preocupacao na administracdo da empresa, principalmente pelo fator Capital descrito anteriormente. Historicamente, verificou-se que o indice de inadim- pléncia era baixo, 0 que veio reforgar ainda mais a ideia de desenvolver e tra- balhar também com indicadores-padrao extrafdos do universo exclusivo de seus consumidores (potenciais e atuais). Finalmente, dentro de um enfoque menos convencional, deve-se ressaltar a crescente introdug&o de modelos quantitativos nas decisées de concessio de crédito, os quais se processam, principalmente, pelo uso de medidas estatisticas, anélises discriminantes e drvores de decisio. ‘A introdugdo desses modelos é justificada notadamente pela incerteza asso- ciada ao futuro, procurando-se maximizar o nivel de acerto das decisdes de cré- dito. Outra importante utilidade da adogdo de instrumentais estatisticos pode ser observada em empresas com grande volume de solicitacées de crédito, as quais, necessitando descentralizar seu processo de decisdo, conferem maiores responsa- bilidades a escalées inferiores. Nesse caso, estabelecidas as regras por parametros quantitativamente fixados, pode-se prescindir de pareceres mais subjetivos e pes- soais nas decisées de concessio de crédito? 28.2 Elementos de uma politica geral de crédito De acordo com o enfoque usualmente adotado, o estabelecimento de uma politica de crédito envolve, basicamente, o estudo de quatro elementos, a saber: * 0 processo de andlise econémico-financeira de empresas, conforme proposto, foi descrito nos Capitulos 6 ¢ 7 desta obra. Aprofundamento maior sobre o assunto ¢ desenvolvido em: ASSAF NETO, Alexandre, Estrucura e andlise de balancos: um enfoque econémico-financeiro. 10. ed. SEo Paulo: Arlas, 2012, * Neste particular, ver: METHA, Dileep R. Administragdo do capital de giro. Séo Paulo: Atlas, 2005, Parte Ie ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, C. A, Tibircio. Ob. cit. Conporativas Valor + Assaf Neto Andlise dos Padrées de Crédito, Prazo de Concessdo, Descontos Financeiros por Pagamentos Antecipados e Politicas de Cobranca. As principais caracteristicas desses elementos so apresentadas a seguir. 28.2.1 Andlise dos padres de crédito No proceso de andlise de risco, conforme comentado na secao 28.1, deve a empresa também fixar seus padrdes de crédito, ou seja, os requisitos de seguran- caminimos que devem ser atendidos pelos clientes para que se conceda o crédito. O estabelecimento dessas exigéncias minimas envolve geralmente o agrupamen- to dos clientes em diversas categorias de risco, as quais visam, normalmente me- diante 0 uso de probabilidades, mensurar o custo das perdas associadas as vendas realizadas a um ou varios clientes de caracter{sticas semelhantes. Assim, para cada classe ou categoria de clientes tem-se um custo (probabilidade) de perdas pelo nao recebimento das vendas efetuadas a prazo. 28.2.2 Prazo de concessGo de crédito O prazo de concesséo de crédito refere-se ao perfodo de tempo que a empre- sa concede a seus clientes para pagamento das compras realizadas. Esse prazo € normalmente medido em ntimero de dias representativo do més comercial (por exemplo: 30 dias, 60 dias etc.), sendo normalmente contado a partir da data de temissdo da fatura representativa da operagdo comercial realizada ou a partir do fim do més em que se efetua a venda (por exemplo: 60 dias “fora do més") # evidente que o ideal para toda empresa seria a realizacdo de suas vendas totalmente a vista, pois além da inexisténcia das despesas provenientes do cré- dito, conforme serdo descritas nos itens seguintes, nao teria de assumir custos financeiros nos valores a receber. No entanto, essa suposic4o nao ocorre na maior parte da empresas, e pode somente ser verificada em alguns poucos setores de atividade (notadamente 0 comércio varejista), como supermercados, farmécias etc. Em geral, as empresas industriais e de servicos costumam conceder prazos a seus clientes, As vezes, a concedente do crédito consegue embutir to alta taxa de juros em suas vendas a prazo (aumentando 0 preco de venda), que passa a interessar-se por forcar essa modalidade de negociacao. © prazo de concessio de crédito varia segundo a influéncia de diversos fa- tores, sendo normalmente maior nas empresas que trabalham com produtos sazonais (brinquedos etc.). Na realidade, a definicio de prazos de concessao de créditos aos clientes depende, principalmente, da politica adotada pela concor- réncia, das caracteristicas e do risco inerentes ao mercado consumidor, da natu- reza do produto vendido, do desempenho da conjuntura econémica, do atendi- mento de determinadas metas gerenciais internas da empresa (giro dos ativos, politieas de estoques e compras etc.) e de mercadologia, do prazo de pagamento a fornecedores etc. 28.2.3 Descontos (financeiros por pagamentos antecipados © desconto financeiro pode ser definido como um abatimento no prego de venda efetuado quando os pagamentos das compras realizadas forem feitos a ‘vista ou a prazos bem curtos. Da mesma forma que 0 prazo de concessao de crédito, 0 desconto constitui um instrumento de politica de crédito da empresa, podendo afetar todos os seus elementos. Normalmente, os descontos financeiros so concedidos tendo em vista, sobretudo, o incremento das vendas (espera-se ‘Administragdo de Valores a Receber 659 que 2 introducéo de descontos venha a atrair novos clientes ou incentivar volu- mes maiores de vendas) e, também, a redugdo de necessidades de caixa com uma diminuigéo do prazo médio de cobranca. Mais extensivamente, a adogo dessa politica afeta identicamente o nivel de investimentos em valores a receber (de- terminado por uma suposta reducao das vendas a prazo) e o nivel das despesas gerais de crédito, notadamente as perdas com devedores duvidosos. Muitas vezes, ainda, a politica de descontos financeiros pode ser adotada como forma de uma empresa financiar a custos menos elevados. Por exemplo, se © PMPF* e a elasticidade-preco de alguns produtos de uma empresa comercial forem altos, poderé sua administragéo conceder descontos mais elevados para compras a vista (ou a prazos bem curtos), restando, no periodo compreendi- do pela diferenca entre o PMPF e o PMG, recursos (quase nao onerosos) para financiar suas necessidades mais prementes e muitas vezes bastante onerosas, de caixa. llustrativamente, suponha-se que uma cadeia de lojas a varejo tenha adquirido 20.000 televisores, para pagamento em cinco meses, a um custo de $ 420 por unidade. O prego normal de venda de cada aparelho no mercado é de $ 780. Admitindo-se que a empresa gire duas vezes por ano seus valores a rece- ber (ou seja: PMC = seis meses), poderd ela adiantar suas receitas ao conceder descontos significativos para pagamentos em prazos mais curtos. Por exemplo, ao elevar o giro de seus valores a receber para seis vezes (com uma consequente reducdo do PMC para dois meses), mediante um preco de venda de $ 510 (valor esse suficiente para cobrir suas despesas diretas de vendas), a empresa manipu- lard recursos de baixo custo no montante de $ 10,2 milhdes (20.000 televisores x $ 510) pelo prazo de quatro meses (seis meses ~ dois meses). E evidente que a estratégia descrita somente é valida do ponto de vista do lucro na concorréncia de uma economia de custos financeiros, ou seja, quan- do os juros normais de mercado forem maiores que os acréscimos nos precos agos por compras a prazo mais dilatados. Normalmente, o esquema limita-se a determinado volume de vendas, suficiente para aliviar certas necessidades financeiras prementes, pois as reducdes substanciais em seus valores afetam ne- gativamente os lucros da empresa. A estratégia torna-se atraente a longo prazo apenas se a economia de custos financeiros for maior que a redugao verificada nos lucros da empresa. 28.2.4 Politicas de cobranca As politicas de cobranca so definidas pelos varios critérios possiveis de ser adotados por uma empresa, visando ao recebimento, na data de seus vencimen- ‘tos, dos diversos valores a receber. Maior ampliagao nos prazos normais de cobranca de uma empresa pode acar- retar, entre outras consequéncias, um aumento nos custos de inadimpléncia (pro- ‘visdo para devedores duvidosos) e um agravamento das perdas inflaciondrias. De outra forma, a adogio de medidas mais rigidas de cobranca pode refletir-se sobre as vendas, mediante uma retracdo por parte dos consumidores, Evidentemente, deve a empresa procurar um procedimento mais proximo do “ideal”, evitando, or exemplo, que as reduces em suas vendas (e, consequentemente, nos lucros) superem os ganhos provenientes principalmente de uma queda em suas despesas com devedores duvidosos. * PMPF: Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores, conforme definido no Capitulo 6. * PMC: Prazo Médio de Cobranca, conforme definido no Capitulo 6. 660. Finangas Corporativas e Valor * Assaf Neto 28.3 Principais medidas financeiras de uma politica de crédito area eae ee SS No processo de definicio de uma politica geral de crédito, cujos elementos bésicos foram descritos, deve a empresa preocupar-se também com determinadas medidas de controle interno, principalmente as relativas aos custos e despesas inerentes ao crédito e investimentos em valores a receber. As mais importantes medidas, tipicas de empresas que vendem a prazo, podem ser classificadas da maneira seguinte. 28.3.1 Despesas com devedores duvidosos Refere-se & probabilidade definida pela empresa em no receber determina- do volume de crédito no futuro. A experiéncia da empresa com seu mercado con- sumidor, as conclusdes obtidas de andlises técnicas e 0 grau de aversfo ao risco constituem os principais instrumentos de estudo desta medida. A definicéo de uma politica geral de crédito leva, muitas vezes, uma empresa a fixar um limite percentual a estas despesas, sendo definido, assim, com 0 risco maximo que a ad- ministrago estaria disposta a arcar dentro das condigées gerais estabelecidas. claro que alteracées na politica de crédito dererminam variacbes nestas despesas, elevando-as ou diminuindo-as, conforme seus elementos adotem comportamen- tos mais rigorosos (restritivos) ou liberais (frouxos). 28.3.2 Despesas gerais de crédito Envolvem basicamente os gastos efetuados no processo de andlise de solicita- g6es e na manuitengao de um departamento de crédito, como pessoal, materiais, servigos de informagdes, contratados etc. Em outras palavras, sao despesas que ocorrem em razdo de a empresa vender a prazo. Se operasse exclusivamente com vendas a vista, nao incorreria nesses gastos de crédito. 28.3.3 Despesas de cobrancas Nestas despesas estéio inclufdos os gastos gerais efetuados principalmente nos diversos procedimentos adotados pela empresa, inclusive os (gastos) prove- nientes de eventuais agées judiciais e taxas cobradas pelos bancos pela execugéo esses servigos. Uma politica mais liberal de crédito, notadamente de concessao fixagdo de padrées, tende a elevar o volume dessas despesas, podendo ocorrer © inverso quando os padres tornarem-se mais rigorosos. 28.3.4 Custo do investimento marginal em valores a receber Este custo é obtido mediante a aplicacdo de uma taxa de retorno minima exigida pela empresa (para seus investimentos ativos) sobre o investimento mar- ginal (adicional) efetuado em valores a receber. O critério geral de andlise de uma politica de crédito, conforme sera desen- volvido mais adiante, prevé basicamente um confronto entre 0 retorno minimo exigido pela empresa (ou 0 custo do dinheiro utilizado no financiamento desse investimento adicional) e a variagéo em seus resultados operacionais provoca- da pela introduggo de determinada politica de crédito (ou por alteragdes em ‘Administragdo de Valores @ Receber 661 alguns de seus elementos). Evidentemente, se 0 custo for inferior ao resultado operacional, sendo ambos medidos em termos marginais, tem-se uma atrativida- de econémica pela aceitacdo da proposta, ocorrendo uma propensao de rejeicao na situagao inversa. Mais claramente, maior liberalidade na pratica de concesso de crédito de uma empresa provoca normalmente aumento das vendas (motivado por maior volume de vendas a prazo) e, consequentemente, de seus resultados. Outra con- sequéncia desse critério mais frouxo de crédito, que conduz a um ineremento das vendas a prazo, centra-se na necessidade de maiores investimentos em valores a receber. Admitindo-se, por exemplo, uma variacéo marginal positiva de $ 300 nos resultados da empresa ¢ um investimento também adicional de $ 1.200 em valores a receber, é evidente que 0 custo do financiamento desses novos recursos no poderd ultrapassar 25%. Esse percentual constitui-se, na realidade, no custo méximo do investimento marginal, pois, ao deduzir os 25% de $ 1.200, o valor resultante (25% x $ 1.200 = § 300) iguala-se ao resultado de $ 300, anulando, consequentemente, a contribuicéo adicional (marginal) oferecida pela politica de crédito proposta. Dessa maneira, se 0 custo do investimento marginal ($ 1.200) exceder 25%, € desinteressante, em principio, a implementacio da nova politi de crédito, sendo atraente somente para percentuais inferiores a 25%. 28.4 Influéncias de uma politica de crédito sobre as medidas financeiras A introdugéo de uma nova politica de crédito produz importantes influén- cias sobre determinadas variaveis financeiras de controle interno. O Quadro 28.1 resume 0 comportamento dessas medidas quando alteragées slo propostas nas condigées de crédito.* Quadro 28.1 As medidas financeiras e a politica geral de crédito. PADROES DE any ‘DESCONTOS POLITICAS DE ‘MEDIAS. ‘CREDITO ONREDTO_FINANCEIROS COBRANCA a AFROUXA- RESTRI- AMPLIA- REDU- ELEVA- DIME MENTO GAO CAO.—«GAO.-—GAO.—sONUICAo.-MIBERAL RIGIDA ‘Volume devendas + es se = + e - z Despesas gerais de crédito + 5 sy e E + + te Investimentos em valores a receber + . + f Z FE + = e similar é encontrada em: GITMAN, Lawrence J. Principios de administragéo financeira. ‘So Paulo: Harbra, 1997, Cap. 18. Algumas formas de apresentacio inserides foram inspiradas no autor. Financas Corporativas e Valor ~ Assaf Neto Quando se decide por um afrouxamento nos padrées usuais de crédito, ou seja, quando a direcdo da empresa decide conceder créditos a clientes de maior | isco (abaixo dos padrdes normalmente adotados), surge de imediato uma expec- tativa de elevagéo no volume de vendas. No entanto, simultaneamente 20 sur- gimento desse aspecto positive, pode-se prever também uma necessidade maior fie volume de investimentos em valores a receber (e uma possivel elevagio do prazo médio de cobranca) acompanhada de um crescimento nas despesas gerais de crédito, principalmente na proviso para devedores duvidosos. Uma decisao inversa (restrigdo nos padrées), ao mesmo tempo que pode diminuir as despesas eo custo do investimento marginal, produz reflexos negativos sobre as vendas, os quais podem absorver os beneficios gerados. Na realidade, os efeitos liquidos so- bre os lucros provenientes dessas decisbes dependem da intensidade de variagio das medidas financeiras. Assim, para cada decis4o possivel de ser implementada, é fundamental efetuar projecdes financeiras que fornecam, no minimo, condigoes de confrontar, conforme comentado, a taxa de retorno marginal com a taxa Das ca exigida pela empresa. Se a empresa optar por uma ampliagdo em seus prazos usuais de crédito, é coerente esperar por uma elevacio no volume de vendas, nas despesas gerais de crédito (0 departamento de crédito é sobrecarregado, e as despesas de cobranca 0 nivel de inadimpléncia também tendem a aumentar) e nos investimentos em. | valores a receber (0 ativo realizvel se elevard, assim como 0 prazo médio de cobranca). Efeitos contrarios so esperados, naturalmente, se a decisio tomada for de uma redugdo nos prazos de concessao de crédito. A influéncia dessas de- cisées sobre os Iucros da empresa, da mesma forma, é medida pelo nivel em que ocorrerem tais variacées. Se 0 aumento nas receitas no for suficiente para cobrir as despesas marginais, verifica-se uma queda nos resultados operacionais. Ao contrério, hé um incremento nesses valores. Quando so concedidos maiores valores percentuais de descontos financei- ros (ou quando sao introduzidos pela primeira vez), ¢ razodvel esperar por um aumento no volume de vendas em funcéo, principalmente, de um barateamento nos custos do adquirente. Essa expectativa ¢ mais consistente, todavia, se 0 pro- duto apresentar uma demanda eldstica, ou seja, se mediante uma variaggo em seu preco, o mercado for sensivel a uma reacdo em sentido contrério; adquire maior volume se os precos baixarem, e reduz suas compras na hipétese de uma elevacio. Todavia, em razio de uma expectativa de mais clientes anteciparem seus pagamentos para usufruirem de maiores descontos financeiros, com refle- xos (diminuic&o) no volume de titulos a receber em carteira, é licito esperar por uma redugdo nas despesas gerais de crédito e no montante de investimentos em valores a receber. O efeito final sobre o lucro da empresa, determinado por essa deciséo, dependerd naturalmente do nivel em que se processar e que forem utilizados os descontos. Se o montante dos descontos concedidos e aproveitados pelos clientes for superior aos beneficios por eles gerados, por exemplo, a deciséo acarretaré um efeito negativo sobre os lucros da empresa. Em caso contrério, ha uma elevacdo. De uma forma ou de outra, para ter uma conclusao mais consis- tente com 0 critério de decistio adotado, é fundamental relacionar os resultados com o nivel assumido pelos investimentos em valores a receber, visando, em iilt- ma andlise, & obtengéo do retorno marginal. Maior liberalidade nas politicas de cobranca pode proporcionar elevacdes nos valores das medidas financeiras consideradas. Ao contrério, com maior ri- gidez nos procedimentos de cobranca, sdo esperadas retraces nos volumes de ‘vendas, nos niveis das despesas gerais de crédito e nos investimentos circulantes. Em uma, o administrador financeiro deve interessar-se, dentro de um con- texto de andlise da politica de crédito, por qualquer decisdo (ou conjunto de ‘Administragdo de Valores a Receber 663, decisdes) que acarrete um resultado marginal superior ao custo do investimento marginal em valores a receber. A decis4o de uma politica global de crédito para a empresa envolve, na realidade, um proceso continuo de tentativa, no qual, para cada alteragio viavel de ser adotada, é fundamental confrontar os resultados dai obtidos com os custos marginals. 28.5 Exemplo ilustrativo: Cia. Geral Considere-se 0 seguinte exemplo ilustrativo que propde uma alteracao nos padrées usuais de crédito da Cia. Geral. Suponha-se que a Cia. Geral, de acordo com determinados padrées de crédi- to fixados por sua administragao, tenha projetado vendas mensais de $ 1.500.000 para o proximo exercicio, das quais 60% serdo a prazo, ou seja: $ 900.000. A administracdo da empresa prevé, ainda, as seguintes informacées pros- pectivas: * Custos de produgao varidveis + 30% das vendas totais fixos mensais : $ 620.000 + Despesas administrativas varidveis : 4% das vendas totais fixas mensais :$ 210.000 * Despesas relativas ao crédito provisio para devedares duvidosos 2% das vendas a crédito despesas gerais de cobranca 23% das vendas a crédito * Prazo médio de cobranga 245 dias ow 1,5 més. O das duplicatas a receber atinge, consequentemente, 8 vezes (12 ~ 1,5) a0 ano. De acordo com esses valores, os resultados da empresa previstos para cada més do préximo exercicio podem ser apurados da seguinte maneira: RESULIADO DAS RESULTADO DAS VEN- VENDASAVISTA —DASAPRAZO —-RESULTADO a te TOTAL ($) Receitas de vendas 600.000 900.000 1.500.000 Custos e despesas variéveis: 30% x 600.000 = _30%6 x 900,000 = Custos de producéo 1180.00 270.000 450.000 Despesas administrativas 4% x 600.000 = 4% x 900.000 = 24.000) 36.000 60.000 Provisio para devedores 2% 900.000 = uvidosos y 18.000 18.000 Despesas gerais e de 3% x 900.000 = cobranga + Seine waigrong a7 (Custos e despesas vardveis totais: | _204.000 351.000 555.000 ‘Margem de contribuiggo 396.000 _ _549.000 ___945,000 (Custos ¢ despesas fixos: ccustos de producdo 620.000 Despesas administrativas —210.000 Resultado operacional _ 115.000 564. Finangas Coxporstivas e Valor + Assaf Neto Aadministracdo da empresa decidiu analisar os efeitos que uma alteragéo em seus padrées de crédito produziria sobre seus resultados operacionais. Sabe-se que uma politica de afrouxamento na concessio de crédito aos clientes poderia elevar as vendas e, consequentemente, os resultados finais. Um estudo revelou que se a Cia. Geral adotasse maior liberalidade em seus padrées de concessdo de crédito, mediante o atendimento de maior némero de solicitacées, suas vendas totais, pressionadas pelo volume a prazo, poderiam elevar-se em 15% no perfodo. Nessa situacdo as vendas a prazo passariam a representar § 1.125.000 do volume total de vendas estimado em $ 1.725.000 (S 1.500.000 + 15%). No entanto, ao conceder mais créditos a clientes classifi- cados em niveis inferiores a seu padrdo tradicional, o prazo médio de cobranga elevar-se-ia para dois meses, o giro de duplicatas a receber, consequentemente, seria igual a seis vezes (12 + 2) ao ano. 28.5.1 Para que se descrevam os critérios que devem ser considerados na andlise Processo de de padrées de politicas de erédito, suponha-se, por ora, que a alteraco proposta ondilse no iré influir nos custos e despesas (principalmente na proviso para devedores duvidosos e demais despesas de crédito) e no montante do passivo até entéo mantido pela Cia. Geral. Na verdade, admite-se implicitamente que a empresa mantém recursos em ativos monetérios suficientes para cobrir suas necessidades adicionais em valores a receber provocadas pela proposta em consideracio. Essas hipéteses simplificadoras objetivam melhor explicar a metodologia de andlise e 0s critérios de decisio. De acordo com a proposta de afrouxamento nos padrées de crédito for- mulada, os resultados da Cia, Geral previstos para o préximo més sero os seguintes: RESULTADO DAS —_RESULTADO DAS —_RESULTADO VENDAS AVISTA VENDAS APRAZO(S) TOTAL @ @ Receitas de vendas 600.000 1.125.000 1.725.000 ©) Custos e desperas-varidveis: 30% x 600.000 = 30% x 1.125.000 = Custos de producao 337.500 517.500 Despesas administrativas 4% % 1.125.000 = 45.000 69.000 Proviso para devedores 2% x 1.125.001 uvidosos 22.500 22.500 Despesas gerais e de 3% x 1.125.000 = cobranga 33.750__ 33.750 Custos e despesas vardvels totals: 438,750 642.750 ‘Margem de contribuicio 686.250 1.082.250 © Custos © despesas fixos: Custos de producto 620.000 Despesas administrativas 210.000 Resultado operacional_252.250 Comparando a proposta apresentada com a situagéo original, observa-se um aumento (no lucro) na margem de contribuigdo da Cia, Geral no valor de $ 137.250, isto é: ‘Administragdo de Valores @ Receber 665 Margem de contribuicdo (situagdo proposta): $ 686.250 © Margem de contribuicdo (situagdo original): $549.000 Margem de contribuicéo adicional: $ 137.250 Uma andlise mais resumida, baseada exclusivamente nos valores até aqui demonstrados, pode indicar ser um bom negécio para a empresa o afrouxamen- to em seus padrées de crédito. Isto é, a margem de contribuicao eleva.se de $ 549.000 para $ 686.250, assim como a margem operacional considerada (re- sultado operacional/receitas de vendas) incrementa-se de 7,67% na situaco ori. ginal, para mais de 14,62% na proposta formulada. Nao obstante, a decisao de alterar os padrées de crédito nao Pode ser tomada com base unicamente esses resultados: hé valores relevantes que devem ser incluidos no estudo. Faz-se, des- sa maneira, mister determinar se o investimento marginal e seu respectivo custo Para confronté-lo com o lucro marginal ($ 137.250) proveniente do maior volu. me de vendas a prazo. Se a contribuigdo adicional dessas receitas for maior que © custo calculado, por exemplo, a proposta formulada recebe uma indicacdo de aceitagio; em caso contrério, é proposta sua rejeicéo. 28.5.2 Custo do investimento adicional (marginal) Conforme estudado no Capitulo 6, o saldo médio de contas a receber altera-se nessa situago. Antes (proposta original), com o prazo médio de 1,5 més e vendas a prazo de $ 900.000, ele era de: * Saldo Médio de Duplicatas a Receber: $ 900.000 x 1,5 més = $ 1.350.000 ‘Com a nova politica proposta da empresa, passa a haver: * Novo Saldo Médio: $ 1.125.000 x 2 meses = $ 2.250.000 Aparentemente, isso pode levar ao célculo apressado de um investimento nese ativo acrescido de $ 900.000 ($ 2.250.000 $ 1.350.000). Mas esse cdleulo no € muito correto, porque existe, em valores a receber dessa natureza, o valor do lucro embutido. E, no processo de andlise do rerorno das aplicagdes em vendas a prazo, o lucro nao é considerado investimento e deve, portanto, ser excluido, Uma forma mais répida e aproximada de calcular o investimento em val res a receber, exclufdo 0 lucro apropriado nas vendas, processa-se da maneira seguinte: verifica-se qual o percentual de lucro em cada unidade monetiria de venda e aplica-se essa porcentagem sobre todos os valores a receber, numa pura regra de ts. Se se fizer uso dessa forma aproximada, ter-se-A: * Investimento anterior: Te MeO x saldo médio de duplicatas a receber anterior = Vendas anteriores $ 115.000 000 0.000 = x $ 1.350.000 = $ 103.500 $500,000 * 5 1:350.000 = 7,67% x $ 1.350.000 = $ 103.50 investimento anterior ~ lucro embutido = $ 1.350.000 — $ 103.500 = $ 1.246.500 666. Finangas Corporativas e Valor * Assaf Neto ‘© Investimento novo —Lucro n0V0_ ,. novo saldo médio de duplicatas a receber = Vendas novas $ 252.250 a : = Fi pas gon * 8 2-250.000 = 14,620 x 2.250.000 = § 329.022 investimento novo - luero embutido = $ 2.250.000 - $ 329.022 = $ 1.920.978 Logo, a diferenga entre os dois investimentos seria, nessa metodologia mais simplificada de célculo, de $ 674.478 ($ 1.920.978 ~ § 1.246.500). Em outras palavras, esse valor representa o investimento marginal (excluido 0 lucro) em valores a receber determinado pela nova proposta de crédito da Cia. Geral. Na realidade, um célculo mais perfeito poderia ser feito com o seguinte ra- ciocinio: quanto precisaria ter havido de capital inicial para que a empresa fosse provida de recursos financeiros que a sustentassem até sua autossuficiéncia por seu préprio lucro? Para simplificar, supondo pagamentos de todos os encargos dentro de cada més, haveria: Na situacdo anterior: Custos e despesas variaveis, exceto devedores duvidosos = $ 537.000 Custos e despesas fixas desembolsdveis (todos) = S_830.000 Custos e despesas totais desembolsdveis mensalmente = $.1.367.000 + Fluxo de caixa nominal operacional do primeiro més: ®) entradas: recebimento das vendas a vista = 600.000 saidas: pagamento dos custos e despesas 2.367.000) necessidade de caixa para o primeiro més = _(767.000) + Fluxo de caixa nominal operacional do segundo més: entradas: recebimento das vendas a vista = 600.000 recebimento das vendas a prazo jé excluidos os 2% duvidosos: 50% de 900.000 x 98% = _441.000 1.041.000 safdas: pagamento de custos e despesas (1.367.000) necessidade de caixa para o segundo més: (326.000) (+) necessidade de caixa para o primeiro més (acima) (767.000° necessidade de caixa acumulada 2.093.000) 7” Das vendas a prazo de § 900,000 do més anterior, érecebida agora a metade, por ter sido dado 0 prazo de 45 dias; os 98% representam a exclusio dos 2% duvidosos. Administragdo de Valores a Receber 667 + Fluxo de caixa nominal do terceiro més: entradas: recebimento das vendas a vista recebimento das vendas a prazo (agora 600.000 ‘$ 900.000 por més): $ 900.000 x 989% safdas: 1.482.000 pagamento dos custos e despesas (1.367.000) Sobra de caixa do terceiro més em diante que é 0 proprio lucro mensal —115.000 Logo, o capital necessdrio terd sido o suficiente para a maior necessidade financeira que, no final do segundo més, representava $ 1.093.000. Fazendo o mesmo para a hipétese de alteracdo da politica financeira de cré- dito, hé para vendas a prazo de $ 1.125.000, recebiveis apés 60 dias: Na nova situagéo (s) Custos e despesas varidveis, exceto devedores duvidosos 620.250 Custos e despesas fixos 830.000 Custos e despesas desembolsdveis totais 1.450.250 + Fluxo de caixa nominal operacional do primeiro més: entradas: recebimentos das vendas a vista = 600.000 saidas: pagamento de custos e despesas = (2.450.250) necessidade de caixa para o primeiro més (850.250) + Fluxo de caixa nominal operacional do segundo més: entradas: recebimento das vendas a vista = 600.000 safdas: pagamento dos custos e despesas (2.450.250) necessidade de caixa para o segundo més (850.250) necessidade de caixa para o primeiro més (acima) .250) necessidade de caixa acumulada 4.200.500) + Fluxo de caixa nominal operacional do terceiro més: entradas: recebimentos das vendas a vista = 600.000 recebimentos das vendas a prazo: $ 1.125.000 x 98% 1.702.500 668 Financas Corporatives e Valor * Assaf Neto saidas: pagamento dos custos e despesas = (1.450.250) sobra de caixa do terceiro més em diante, que & novo lucro nessa alternativa 252.500 Logo, © novo investimento é 0 maximo de necessidade de caixa, acumulado 20 final do segundo més em $ 1.700.500. Assim, 0 acréscimo de investimento é a diferenga entre esses $ 1.700.500 € 0 investimento anterior, de $ 1.093.000 = 607.500. (Esse valor pode ser obtido também pela soma dos custos e despesas varid- veis incrementais entre uma e outra alternativa, em dois meses, exceto devedores duvidosos, mais 0 ndo-recebimento no 2* més de metade das vendas do més an- terior por se passar de 45 para 60 dias): $§ 620.250 de novos custos e despesas varidveis menos 537.000 de antigos custos e despesas varidveis = 83.250 de incremento nos varidveis x2__ meses de investimento até o completo recebimento = $ 166.500 + 441,000 de no recebimento das vendas do 2! més pelo acréscimo de prazo $607,500 de acréscimo de investimento Veja-se que essa forma é bem mais correta, mas o valor nao diferiu muito da outra simplista ($ 674.478), 28.5.3 Critério de decisao O processo de decisdo ou de fixacdo da politica de crédito, conforme propos- to, decorre fundamentalmente do conhecimento desses valores levantados: PROPOSTA. PROPOSTA — wcpEMENTO FORMULADA ORIGINAL Lucro $ 252.250 $ 115.000 $ 137.250 Investimento médio em uplicata a receber $ 1.700.500 $ 1.093.000 $ 607.500 (Veja-se que, como no se alteram os custos e despesas fixos, 0 lucro mar- ginal é exatamente igual & margem de contribuicdo adicionada pela proposta formulada e que esse investimento adicional é mesmo necessério; alids, todo investimento é necessdrio, mesmo que parte dele possa vir a ser obtida median- te financiamento de fornecedores, bancos etc. com seus respectivos custos.) Haverd agora interesse na nova proposta, caso esse incremento de lucro signi- fique, para a empresa, um retorno razodvel para o incremento de investimen- to. Ou seja, precisard ela investi mais 607.500 para obter mais $ 137.250 de luero, Essa relacdo percentual de 22,6% esté acima do custo de oportunidade de investimento dessa empresa? Se estiver, a deciséo serd tomada em favor da nova proposta. Est acima de quanto custaré A empresa obter esses recursos, ‘caso no os possua? ‘Administragdo de Valores @ Receber 669 Todavia, € necessdrio salientar que esses tipos de deciséo devem envolver outras variveis, tais como os padrdes de crédito de empresas concorrentes, a existéncia de uma meta de participagéo no mercado, situac&o do mercado consu- midor, expectativas quanto as taxas futuras de juros etc. A mensuraco do retor- no marginal é um instrumento tradicional da administracio financeira que pode, xndo obstante, ser utilizado dentro de uma politica global envolvendo as diversas reas da empresa. No Capitulo 29 desta obra, envolvendo a administracdo de estoques, desen- ‘volvem-se interessantes formulagies com relacdo as decisdes de compras. Os mo- delos sugeridos ~ obedecidas as devidas adaptacdes ~ podem ser também utiliza- dos nas decisbes de vendas a prazo, tornando-as mais dindmicas. 28.5.4 Alteragées nos custos e despesas A situagio ilustrada no item precedente nfo considerou, conforme previsto, variagdes que normalmente podem ocorter nos custos e despesas, notadamente naqueles provenientes das vendas a crédito (despesas gerais, despesas de co- brancas e proviso para devedores duvidosos). Dessa maneira, supondo-se uma elevagao de 3 para 5% nas despesas gerais e nas cobrancas previstas, e de 2 para 4% na provisio para devedores duvidosos, em razo de um maior volume de cré- ditos concedidos com menor qualidade, os resultados das duas propostas sero os seguintes, na parte relativa as vendas a prazo: PROPOSTA. ORIGINAL — PROP me Ss is ‘Vendas a prazo 900,000 1.125.000 (©) Custos ¢ despesas varidveis custos de produgdo ¢ despesas administrativas 306.000 382.500 proviso para devedores duvidosos «18.000 4% x 1.125.000 45.000 espesas gerais e de cobranca 27.000 5% x1.125.000= 56.250 Custos e despesas variéveis totais: 351.000 483.750 Margem de contribuigao 549.000 641.250 Se se recalcular o investimento necessério chega-se, resumidamente, ao se- guinte: Custos e despesas varidveis incrementais, exceto devedores duvidosos ($ 483.750 - 45.000) - = ($ 351.000 - 18.000) = $ 105.750 x2. $ 211.500 +.441.000 Novo investimento incremental: $.652.500 E 0 lucro incremental sera exatamente o incremento de margem de contri- buigdo: $ 641.250 ~ $ 549.000 = $ 92.250 Finangas Comparativas ¢ Valor * Assaf Neto Logo, o retorno marginal passa a ser de 14,1% (§ 92.250/$ 652.500), endo de 22,6% como antes. Utilizando-se do mesmo raciocinio exposto anteriormente, a proposta formu- lada serd economicamente vidvel desde que o custo de investir $ 652.500 adicio- nalmente em valores a receber esteja aquém da contribuicéo marginal ($ 92.250) proporcionada pela nova proposta. Por serem os custos e despesas relativos ao crédito proporcionalmente mais elevados nessa situaco, o custo mximo (ou retorno desejado) suportavel é infe- rior aos 22,6% calculados na hipétese anterior, e atinge 14,1%. Efetivamente, se os $ 652.500 de investimentos adicionais demandados pela nova proposta forem financiados a um custo superior a 14,1%, ha um decréscimo nos resultados, dado que as despesas daf provenientes ultrapassardo o aumento dos Iucros (margem de contribuicéo marginal). Em caso contrério, a proposta é considerada atraente. Em outras palavras, a empresa nao poderé exigir um retorno superior a 14,1%, antes do Imposto de Renda, em seus investimentos de ativos realizdveis, © que é limitado pela contribuigéo marginal produzida. Comprimindo-se a taxa de retorno exigida, evidentemente menores serdo as possibilidades de a empresa implementar a proposta, dada a menor remuneracio oferecida aos recursos alo- cados ao financiamento dos valores a receber. Outras variagdes podem ainda ser previstas nos resultados (inclusive nos cus- tos e despesas fixos, que poderiam elevar-se em razo de um maior volume de producio e vendas), dentro do raciocinio de decisao desenvolvido. 28.5.5 Influéncia da inflagao e financiamento do investimento marginal Na andlise desenvolvida, foi esquecida a presenga da inflagdo; considerou-se ‘a contribuigdo marginal que uma alterago nos padrdes de crédito acarretaria sobre a margem de contribuicéo da empresa, mas, desse resultado, obtido antes dos custos € despesas fixos, nao est4o considerados os efeitos produzidos pelas variagbes dos precos (e, também, as despesas financeiras). Talvez, se diga que, implicitamente, a empresa, ao investir uma quantidade adicional em seu ativo circulante (mais precisamente, em valores a receber), néo iria alterar sua estrutura de itens monetérios ¢ néo monetérios, ativos ¢ passivos, utilizando-se dos recursos monetérios disponfveis em seus ativos. Nes- sa situaco, 0s reflexos inflaciondrios da manutencéo desses recursos monetd- rios jé estariam considerados nos resultados, nao necessitando, dessa maneira, nenhum ajuste por perdas ou ganhos (provenientes da inflacdo) nesses valores. Em razo disso, ainda, é que se teria comparado diretamente um instrumento de deciso dos padrées de crédito a contribuicdo marginal proveniente de alte- rages propostas na politica de crédito, com o custo do investimento marginal em valores a receber. Nao obstante, o critério exposto néo é valido na hipétese de a empresa al- terar sua estrutura de ativos ou passivos para financiar suas necessidades de aplicagées marginais em valores a receber. Em outras palavras, se 0s recursos monetiirios disponiveis no periodo nao forem suficientes para cobrir suas neces- sidades financeiras no realizdvel, deve a administragéo da empresa considerar os custos e os resultados inflacionérios marginais provenientes das novas fontes de financiamento alocadas. ‘Administragdo de Valores a Receder 671 28.6 Medidas de controle A preocupacéo maior da administracdo de valores a receber, sequencialmente ao estabelecimento da politica de crédito mais atraente para a empresa, é manter um eficiente controle sobre o desempenho de sua carteira de duplicatas a receber. Esse processo de controle, que deve assumir um cardter de atividade perma- nente na administragéo financeira da empresa, procura, entre outras informacdes gerenciais importantes: * apurar o nivel de atraso com que os clientes est’io pagando; + processar uma anélise dos clientes de forma a identificar a pontualidade com que saldam seus compromissos; + identificar as razdes de determinada variago na carteira de valores a re- ceber. Por exemplo, um aumento do montante das duplicatas a receber pode ser devido a maiores vendas, dilatagao do prazo de cabranca ou maior volume de atrasos nos pagamentos. E com esse objetivo de estudo da carteira de duplicatas a receber que sio desenvolvides, a seguir, algumas medidas de controle. 28.6.1 Aging de valores areceber O aging é uma medida de estudo cronolégico dos valores a receber (ou a pa- gar) mantidos por uma empresa. Nessa andlise, sio evidenciadas as proporcées das duplicatas a receber em relacdo a seus respectivos vencimentos, indicando a porcentagem daquelas que se encontram vencidas e a vencer. Essa classificagdo € processada tabularmente de maneira bem simples, re- lacionando, para cada data definida, o volume das duplicatas a receber com 0 montante de carteira. Mlustrativamente, considere a seguinte carteira de duplicatas a receber de uma empresa, conforme apurada em 31-12-X8. Nessa data, o total desses valores realizaveis atinge $ 300.000. ‘VALOR (S) % Avvencer em jan./X9 153.000 51% Avvencer em fev/X9 99.000 33% ‘Total de Duplicatas a Vencer: 252.000 84% ‘Vencidas em dez./X8 (até 30 dias de atraso) 33.000 1% ‘Vencidas em nov./X8 (de 31 a 60 dias de atraso) 15.000 5% ‘Total de Duplicatas Vencidas 48.000 16% ‘Total Geral da Carteira 200,000 Pela ilustragSo apresentada, observa-se que 16% das duplicatas a receber encontram-se vencidas, e 84% vencerao nos préximos dois meses. 672 Finan 1 Corporativas e Velor + Assaf Neto Conforme comentou-se no Capitulos 6, ao tratar-se das técnicas de anélise financeira, esses resultados assumem maior representatividade quando compara- dos por meio de séries temporais ou com empresas do mesmo setor de atividade, Pelo estudo desses indices é possivel manter um controle mais eficiente da carteira de duplicatas a receber, de forma a esclarecer as razdes de quais- quer variacées em seus resultados. Ocorrendo alteracdes nesses indicadores, ha fortes indicagdes de mudancas na rotina de recebimento das duplicatas. Uma indicacdo da qualidade das duplicatas a receber ¢ obtida comparando-se essa classificagdo por vencimento com as condigdes normais de crédito oferecidas pela empresa. Para maior representatividade na andlise do aging, os diversos valores a receber devem ser apurados em moeda representativa de mesmo poder de compra. Assim, na ilustrac&o apresentada, as duplicatas a vencer devem ser deflacionadas para 31-12-X8, a partir de uma taxa de inflagdo prevista para o periodo, corrigindo-se, por outro lado, para a mesma data, os valores a receber jd vencidos. 28.6.2 Dias de Vendas a Receber (DVR) Por trabalhar com proporcées, o aging nao fornece maiores explicagées com relagdo a alteragdes no volume de vendas. A principal contribuigio dessa medida, conforme se comentou, é a indicacao do tempo em que as duplicatas a receber encontram-se como realizaveis. Mais especificamente, o montante de valores a receber de uma empresa sofre variagdes no somente por condicdes de pagamento, mas também por alteragoes no volume de vendas. © DVR é uma medida de controle que permite, pela relacdo entre os valores a receber e as vendas médias didrias, apurar 0 mimero médio de dias necessario para realizar financeiramente as vendas a prazo, ou seja: Dvr ~ Valores a receber ao final de um periodo ‘Vendas médias didrias do periodo Por exemplo, se as vendas anuais de uma empresa atingiram $ 108,0 mi- IhGes no tiltimo exercicio, e as duplicatas a receber registradas pela contabilidade $ 10,2 milhées ao final do mesmo periodo, obtém-se: $10.200.000____$10.200.000__ 34 dias DVR = §708.000.000/360 ~ $ 300.000/dia Esse resultado indica que, em média, 34 dias das vendas realizadas no tiltimo exercicio ainda no foram recebidos, ou seja, encontram-se inseridos em “dupli- catas a receber” 34 dias das vendas anuais da empresa. De forma idéntica ao estudo do aging, é importante que em contextos in- flacionérios os valores de célculo do Dias de valores a receber ~ DVR estejam em moeda de mesmo poder de compra. Assim, 0s valores a receber deverdo ser defla- cionados (para as contas a vencer) ou corrigidos (para as contas vencidas) para 0 final do perfodo, e as vendas (liquidas das perdas em clientes) também corrigidas para a mesma data, Ou, pelo menos, deve-se comparar 0 saldo a receber com as vendas corrigidas. Administragio de Valores a Receber 673 © DVR € usado também como medida aproximada de célculo do investimen- to em valores a receber, identicamente ao demonstrado no item anterior. Por exemplo, ao se supor que a relacdo custo e despesas totais/vendas totais seja de 80% (a margem de lucro nesse caso é de 20%), 0 montante do investi- mento necessério em valores a receber, para um DVR de 34 dias e um volume de vendas a prazo de $ 63 milhées, atinge: * Vendas médias por dia $65,000,000 = 175.000 * Investimento médio em valores a receber = $ 175.000 x 34 dias x 80% = $ 4.760.000 Modificacées no DVR alteram, evidentemente, as necessidades de investi- mentos em valores a receber. Por exemplo, ao se reduzir 0 DVR para 20 dias, e mantendo-se o volume de vendas a prazo inalterado (sem variacdo real), o inves- timento médio em valores a receber diminui para $ 2.800.000 (§ 175.000 x 20 x 80%), exereendo-se menor presséo sobre o fluxo de caixa da empresa. 28.6.3 ODVRea classificagdéo dos valores a receber ‘Na utilizagtio das medidas de controle dos valores a receber, é importante em diferentes situacdes utilizar os diversos {ndices desenvolvidos conjuntamente. Em verdade, uma medida analisada isoladamente pode muitas vezes nao referenciar todo o problema existente, necessitando, em consequéncia, ser 0 estudo comple- mentado com outras informacdes gerenciais. Nesse enfoque, admitam-se ilustrativamente as situagées de duas empresas conforme apresentadas a seguir, apuradas em determinado més. EMPRESA I EMPRESA II ‘DUPLICATAS A ‘DUPLICATAS A RECEBER RECEBER s % $ % ‘Vencidas no més passado 1.000.000 10 1.000.000 10 Avvencer no més 2.500.000 25 2.500.000 25 Avencer em 1 més 4.500.000 45 2.000.000 20 Avencer em 2 meses 2.000.000 20 2.500.000 25 Avencer em 3 meses 2.000.000 _20 Total 10.000.000 100% 10,000.00 100% DvR $10,000,000. _ 4g _$10.000.000 7,500.000/30 $ :00.000/30 Para os célculos do DVR, admitiu-se que as empresas realizaram, cada uma, vendas de $ 7.500.000 no més, calculando-se um DVR de 40 dias para ambas. Note-se que, apesar de apresentarem 0 mesmo DVR, essas empresas dife- renciam-se bastante pelo nivel de risco assumido. Nao obstante se constituir numa anélise relativamente simplificada da situagio, as informacées extraidas de exemplo ilustrativo s4o importantes como um sinal de alerta, carecendo de investigacéo mais pormenorizada das contas para se concluir definitivamente so- bre suas qualidades. "4. Financas Corporativas e Valor * Assaf Neto Observe-se que na empresa [ 80% das vendas a prazo so recebiveis dentro do prazo méximo de 30 dias. Na empresa II, somente 55% so recebiveis nesse perfodo. Essas distorgées néo séo cotejadas pelo DVR, o qual ¢ igual para ambas as empresas, necessitando-se de medidas complementares para melhores ava- liagdes. A empresa II demanda, diante desses resultados, maior preocupacao por parte do analista, devendo descobrir as razdes que determinaram este comporta- mento (politica de venda a prazo mais liberal, maiores prazos de recebimento das vendas, descontos insuficientes para pagamentos mais répidos etc.) 28.6.4 Andlise das variagées no saldo de valores areceber Conforme se comenta, os saldos dos valores a receber podem periodicamente alterar-se em fungéo de variagées nas vendas ou nos prazos de recebimentos. A andlise a ser desenvolvida a seguir, fundamentalmente pela medida do DVR, visa identificar como essas varidveis interferem no montante de duplicatas a receber de cada perfodo.* Com a finalidade de proceder a anélises comparativas, admita que certa em- presa definiu, como padréo de sua atividade operacional para o primeiro bimes- tre do ano, os seguintes resultados mensais: SALDO DE. ‘VENDAS ‘VALORES A won © RECEBER AO FINAL ‘DO BIMESTRE ($) '$ 200.000 1 més padrao 750.000 200.000 Fysno00/s07 8 HS $.400.000__ 2° més padrao 750.000 400.000 §750.000/30 = 2° dias Total 1.500.000 600.000 24 dias Dessa maneira, os resultados mensais apurados no primeiro bimestre do exercicio so comparados, para efeitos de controle do saldo dos valores a receber, com os meses do bimestre padrao tipico da empresa. ‘Admita ilustrativamente que no primeiro bimestre do ano a empresa tenha apurado os seguintes resultados: SALDO DE VALORES A. Mts -VENDAS(S) prcepeR AO FINAL DVR DO BIMESTRE (S) 300.000_ _ Janeiro 1.125.000 300.000 ¥1.125.000/30~ 8 dias $ 900.000 as Fevereiro 1.500.000 900.000 repos 7 84 “Tal 2.625.000 1.200.000 7 Tareressantes TustragSes préticas sobre as medidas de controle de valores a receber sio encon: tradas em: KELLY, John M. Managing cask flow. New York: Franklin Watts, 1986. Andlise similar & apresentada neste item é também desenvolvida na citada obra. Administragdo de Valores a Reeeber 675 © DVR de janeiro ¢ idéntico ao més padrao da empresa, ou seja, de oito dias. Isso indica que, ao final do primeiro bimestre do ano, oito dias das vendas de janeiro ainda constavam do saldo de valores a receber, ou seja, ndo foram recebidos. Em fevereiro, 0 DVR eleva-se para 18 dias, sendo superior até 20 padrao da empresa (segundo més padréio, com DVR igual a 16). Nesse més, a empresa apresenta uma participagéo maior de valores a receber em relacdo a seu padrdo. Apoiada nessas constatagdes, a empresa deve avaliar as razdes do aumento verificado em valores a receber, se por incremento de vendas nos meses anterio- res ou por alteragées nos padrdes de recebimento. Em janeiro, o saldo de valores a receber elevou-se em 50% em relagio a0 Padrdo. Ou seja, atingit $ 300.000, enquanto o padrao do més é de $ 200.000. Para apurar se esse aumento de janeiro foi devido a variacdes no volume de vendas, calcula-se a diferenca entre a média diria das vendas realizadas no més ¢ a do padrdo da empresa, multiplicando-se esse resultado pelo DVR padrao. Isto é: i ‘Aumento de = [$4125.00 _ $ 750.000) 5 aias = $ 100.000 Vendas 30 dias 30 dias Como a média diria de vendas de janeiro foi de $ 37.500 e a do més padréo, de $ 25.000, tem-se que a empresa vendeu a mais $ 12.500/dia, em média. Sen- do 0 DVR de oito dias, conclui-se que o aumento de $ 100.000 no saldo de valores a receber foi devido a elevagdes nas vendas, ndo sendo indicadas alteragées nos padres de recebimento. Ja em fevereiro, verifica-se um substancial aumento no saldo de valores a receber, 0 qual atinge $ 500.000 em relacdo ao padrio. As vendas contribufram com $ 400.000 desse aumento, devendo ser creditado 2 mudangas nos padres de recebimento o valor restante de $ 100.000, ou seja: Ammeato (s 1.500.000 _ $ 750.000 de 30 dias 30 dias ) x16 = $ 400.000 vendas © aumento de $ 100.000 nas contas a receber, calculado por diferenca ($ 500.000 de aumento no saldo menos $ 400.000 de aumento das vendas), pode ser também obtido da seguinte forma: (Média didria de vendas do més) x (DVResmte~ DVBpaste) Logo: $.1.500.000, 30 dias * (18-16) = $ 100.000 Em resumo, do aumento de $ 500.000 em valores a receber verificado em fevereiro, $ 400.000 sao explicados por incrementos nas vendas e $ 100.000 por maior morosidade no recebimento das vendas. 676 Finances Corporativas Valor * Assaf Neto No bimestre janeiro-fevereiro, o aumento no saldo de duplicatas a receber em relacéo ao perfodo padrao de comparacio foi de $ 600.000, ou seja, 100% maior. Essa variacdo total do bimestre é explicada da seguinte maneira: | VALORES ARECEBER yartAcho _ VARIAGOES DEVIDAS BIMESTRE BIMESTRE NOS VALORES Te LAME ee temés $200.000 $ 300.000 $100,000 $ 100.000 - 2 més $ 400.000 $ 900.000 $500.000$400.000__$ 100.000 2més__ $400.000 ¢§ oe Total: $600.00 $1.200,000 _ $600.000__$500.000__$ 100.000 Conforme foi comentado, uma maior representatividade das informagées ex- traidas dessa andlise esté fortemente vinculada a depuracdo dos efeitos inflacio- indrios sobre os resultados considerados. Assim, ¢ fundamental trabalhar com os Valores em moeda de mesmo poder de compra, ou seja, moeda constante.

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