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Programa de Doutoramento em Ciências da Educação da Universidade de Évora

Sumário alargado da 4º Sessão da Unidade Curricular – UC Educação e Conhecimento


nas Sociedades Contemporâneas - ECSC
Prof. Luís Sebastião.
Eltton Carneiro1

Crítica à 4º Sessão realizada dia 04 de dezembro de 2020. Colégio Pedro da Fonseca, Évora –
Portugal.

“Mundividências: a única garantia da verdade do conhecimento que nós temos acesso”.


Essa será a base para a reflexão deste sumário.
Para compreender o conceito de mundividências para além do que foi dito na sessão,
tive que recorrer até os trabalhos ou pensamentos do professor que foram publicados e que
estão disponíveis para a consulta desde a internet, foi assim que encontrei a entrevista
concedida à Revista do Instituto Humanitas Unisinos em sua 304 edição, publicada em 17 de
agosto de 2009. Ali tomei conhecimento da tese do professor e de alguns pensamentos do
jesuíta francês Teilhard de Chardin, com os quais me identifiquei na totalidade do que fora
exposto nas respostas às perguntas da revista. O que mais me alegrou foi saber da existência
de uma filosofia completa que aproxima ciência e religião, razão e revelação ou, como dito,
“harmonizar a teoria da evolução e o cristianismo” [...] “Dizia ele que ciência e religião eram
como dois meridianos terrestres: afastados maximamente no Equador, tendiam a aproximar-se
indefinidamente no pólo. Isto é, quando ambas as formas de saber procuravam dar uma
explicação cabal da realidade total – Teilhard diria nas proximidades do todo – tendiam
inexoravelmente a aproximar-se”. É exatamente como julgo, apesar do raso conhecimento e
da vasta ignorância que possuo.
Ainda assim, essa entrevista fez-me recordar da série de televisão que vi anos atrás,
Cosmos: a Spacetime Odyssey (2014), apresentada pelo astrofísico Neil deGrasse Tyson,
inspirada e uma espécie de “atualização” de alguns conceitos apresentados no original de Carl
Sagan, Cosmos: a Personal Voyage. Ao ver a encenação computadorizada sobre a teoria do
big bang, comparei imediatamente com a passagem bíblica da criação: “e disse Deus: Haja
luz; e houve luz” (Gênesis 1:3), isso para mim é evidente. A ciência explica o fenômeno, não
o cria. A explicação não apaga o criador do fenômeno, ao contrário, o exalta. A partir dali
comecei a compreender que há um macrocosmo e um microcosmo, sendo aquele o Universo,
e este, eu mesmo.

1
Doutorando em Ciências da Educação da Universidade de Évora.
Inevitavelmente tive que perscrutar a Tese do professor em seu capítulo: A
mundividência de Teilhard de Chardin e a Educação: Educação, crenças e mundividências
para compreender um pouco mais sobre as origens e a essência do conceito de mundividência.
O melhor compreendi na citação de Manuel Ferreira Patrício: “intuição, ou visão global do
mundo” sendo “que o mundo é a totalidade do real, que envolve e inclui o próprio sujeito que
pensa o mundo”. Ora, isso me pareceu muito próximo da filosofia socrática onde se devem
examinar as condições políticas e sociais em que vivemos e considerar nosso papel social e
meditar a partir dele para compreender o contexto. Isso nos levará ao conhecimento, e agindo
assim, “todo conhecimento é autoconhecimento, e todo autoconhecimento é, ao mesmo
tempo, conhecimento científico do mais alto nível”. “A técnica filosófica é a conversão dos
conceitos gerais em experiências existências efetivas e vice-versa”. “Nós só temos o
conhecimento das coisas concretas e imediatas que fazem parte da nossa vida e que são o
tecido da nossa experiência diária, e nós procuramos por trás delas conceitos universais que as
articulem e as expliquem. Esses conceitos universais, por sua vez, só chegam até nós de
maneira obscura e confusa, como um espelho opaco. Esse espelho é nossa própria
personalidade e precisamos limpá-lo, por meio do autoconhecimento e confissões para
podermos enxergar com clareza as verdades”. Essas foram afirmações que li no curso de
Filosofia do Professor Olavo de Carvalho, que estou a fazer ainda na fase embrionária, e as
adaptei para minha compreensão. Essa ultima citação do espelho, inclusive, é uma referência
aos problemas filosóficos de Santo Agostinho que gerou a obra e o gênero literário
Confissões. Ainda não consigo compreender a essência disso tudo, mas pela razão parece-me
o raciocínio correto, e pela fé, esse é o caminho que estou seguindo. Tive que citar, pois as
similaridades parecem-me pertinentes e assim consegui melhor compreender a afirmação do
professor de que as “mundividências são a única garantia da verdade do conhecimento que
nós temos acesso”.

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