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Fundamentos de Abordagem Dae Nan “7 Pe auiacspbIsIc Dados Internacionais de Cataloga¢4o na Publica¢do (CIP) Filho, José Carlos Paes de Almeida Fundamentos de Abordagem e Formacao no Ensino de PLE e de Outras Linguas / José Carlos Paes de Almeida Filho Campinas, SP : Pontes Editores, 2017 - 2* Edigao. Bibliografia. ISBN 978-85-7113-361-7 1. Ensino de linguas - ensino e aprendizagem 2. Comunicacao 3. Linguistica Aplicada 4. Educagdo - formago de professores I. Titulo Indices para catdlogo sistemdtico: 1. Ensino de linguas - ensi i 2.Comunicgay * “tendzagem AT 3. Linguistica Aplicada pu 4. Educacao - formacao de professores 370.7 Carin 103 ENSINAR UMA NOVA LING ANC PARA AQUISICAO UA José Carlos Paes de Almeida Filho (Universidade de Brasilia) Introducgdo Aprender apenas para saber sobre a lin . gua-alvo nao serve mais para as pessoas que desejam se apropriar de novos idio- mas que as leve para cada vez mais longe na comunicac4o. Nossa historia de ensino de linguas é longa (50 séculos, pelo menos). mas nem sempre ensinamos para o uso, para a inte- ragdo propositada, que s6 se torna Possivel para quem de fato adquiriu uma competéncia comunicativa de uma nova lingua. Como interpretar para nossos professores como exatamente dirigir o ensino deliberadamente para a aquisi¢ao? Este artigo come¢a a explorar essa possibilidade de produzir ensino que Promova prioritariamente a aquisi¢do de uma nova lingua. Come¢amos por estabelecer uma base para a proposta de que € distinto ensinar lingua para aquisigdio. Essa modalidade de aprender sem que haja, necessariamente, esforco concen- trado, consciente, premeditado, explicito e sistematico na Memorizagao de regras e na produg4o monitorada de frases é Promissora. Na longa historia do ensino das linguas estenden- do-se por volta de cinco mil anos, segundo Germain Waa Predominou uma ortodoxia gramatical (uma ABORDAGE} 51 -unpamentos dF ARORDAGEM F FORMACAO oN Funpa’ Enso DE PLE € De OUTRAS LINGUAS no E: GRAMATICAL) com foco na Hee Conscioneg ‘noua. principalmente entre adultos. SSa Visdo é Compatiye) lingua, principa racional do aprendizado de um novo idiom, o até da propria L1 nos contextos escolares. Por oposigao a essa visio de ensino de base gramatical racional e consciente prosperou, desde o final dos anos 70, uma concep¢io natural ou humanista de aprendizagem sub. consciente, baseada na absor¢4o do sistema da lingua-alyo mediante experiéncias relevantes e interessantes envolvendo © aprendiz-adquiridor e de cujo transcurso ou Processo via fungdes cerebrais especificas ndo se dio conta os aprendizes, Aaquisi¢ao propicia, como tempo, fluéncia e é duradou- ta. Ela opera em tempo e vida reais com naturalidade, sem pensar no processo adquiridor a cada Passo, como se fosse uma segunda natureza na segunda lingua sendo desenvolvida, Aprender (conscientemente) uma lingua na sala de aula de uma escola é um fendmeno antig, que acentua a escolha da gramatica como matéria natural da disciplina Lingua Estrangei ciplin ira do curriculo escolar. mais adiante, na segao 2,a importantes paraa ‘Mos, ™ No modo m, P€ssoas hoje e ‘onforme Verey Aprendem-se linguas també: consciente, mas 0 desejo real das centra mais no adquirir uma competéncia de = m dia se con- de base para circular socialmente nessa ling a thes simva € para nela fazer coisas ou obter efeitos, Nosso ue Pretendida este texto é o de ajudar professores de linguas Proposito com seguintes perguntas encadeadas: (1) se recone, Fesponder as cesso de aquisigdo de linguas como distintg ons © pro- monitoradamente, podemos pensar em ensinar © aprender Ou, melhor dizendo, pode-se ensinar de Modo 8 aquisicgo? Merenciado ‘ais racional e ao esperando que a aquisigado ocorr, ensino que promova aquisi essas indagagdes que do presente volume, ‘a Nos g 0. To de ae ahunos? ¢ MO produzir in nd lingua pretendi a. NOs guiaram na constr ode AS Strugao deste capi ‘Apitulo 2. Ensinar para aprendizagem Em primeiro lugar devemos Nos pergunty ‘ alogica de se ensinar lingua pelo ai do sour rane tical. Essa Idgica ja dura muitos séculos e se constituiy muy filosofia de ensino de linguas que vamos denominar ABORDA. GEM GRAMATICAL (vide artigo de SATELES & ALME IDA FILHO, 2010 sobre esse importante reconhecimento). Essa abordagem significa que ensinar coma gramatica como a grande forga organizadora da lingua e do ensino (assim como da apren- dizagem, por decorréncia) nao é algo for : rtuito, mas sistémico, um conjunto de visdes entrelacadas sobre lingua como descrigdio de suas formas e usos e sobre ensinar e aprender como pivotados pelo estudo da gramatica em suas partes numa dada ordem. Ao conhecermos o funcionamento das regras da lingua-alvo, estamos preparados para comecar a fazer uso conversacional, articulado, de linguagem no novo idioma. Ensinar deliberadamente uma lin- gua nessa concep¢do implica um aprender consciente e atento, por partes, como a lingua-alvo funciona com palavras pronunciadas eescritas em combinag6es especificas em contextos facilitadores do armazenamento de sentidos. A abordagem gramatical pesa um pouco a memoria que ela solicita a todo momento. A memoria, no entanto, guarda e apaga com facilidades parecidas. Nisso reside uma grande vantagem de organizar por pequenas partes a Teconstrugdo de um sistema complexo e um igualmente grande inconveniente dessa velha filosofia de ensinar linguas - 0 apaga- Mento constante do que se acha que foi aprendido (memorizado). inici 4 ivo de Mas indagamos no inicio desta seo sobre 0 moth ode haver surgido essa légica organizacional para 0 ensino ip! 53 LS ST GS A A AT AIT A ahi dizagem de linguas. Tentemos respostas Em Primeiro lugar, essa abordagem tera emergido porque surgiram gramaticas livros sobre o funcionamento regrado das linguas do mundo e porque antes se percebeu que as lingue 5 eram sistémicas, presenca das gramaticas ajudou a aparigao de uma filosofig de aprendizagem e ensino dos idiomas. Em segundo lugar, essa primeira ideia foi reforgada por outra, a de que 0 ensino das linguas pode ser assemelhado ao das outras disciplinas do curriculo escolar. A aprendizagem das linguas foi, assim, reduzida ao status das disciplinas regulares ditas de contetido, Houve, nesse caso, redugdo por se tratar de um encolhimento da natureza comunicacional, metacontetidos, que lhe cabe. As linguas so, na verdade, a base para o estudo das discipli- nas. O movimento linguajeiro de construgao dos corpos de conhecimentos nas distintas matérias pode trazer questées, ou problemas mesmo, cuja equac4o poderia representar um maravilhoso e natural contexto para se conhecer a lingua-alvo. Estamos aqui nos referindo ao preceito de que as linguas ndo funcionam bem como disciplinas delas mesmas em todos os contextos. As linguas nado foram criadas Para serem pri- mordialmente ensinadas quanto a sua forma, mas adquiridas em € para o uso. Somente depois de adquiridas ou concomi- tante a aquisi¢ao, em momentos justificaveis, dependendo do caso, elas podem ser aprendidas em fatos Problematizados a partir do uso. As linguas existem, isso sim, para Ppossibilitar a comunicagdo e o estudo (a produgdoea circulagdo do conhe- cimento humano). As linguas no curriculo ou na escolariza- ¢4o seriam primordialmente metadisciplinares, se tomarmos como referéncia sua natureza social e cognitiva. Elas sjo objeto de reflexdo na aquisigdo de uma nova lingua quando ocasionalmente geram dissonancias no movimento de fruigado de linguagem em comunicagao ou quando (re)constroem oy circulam o conhecimento, Nessa perspectiva, muitas questdes se colocam para inspegdo consciente e explicita assim que S4 OP ENESDE ALMEIDA Frito as linguas Come¢am a ser vividas como lin; Nessa dimensao de uso compreendedor d ae em uso, mento, principalmente no cont eee em movi- equena comunidade de Professores e ie enquanto ode ocorrer mais aquisigao do que aprendizace, pee nos referindo aqui a um uso modificador do aie Aaa falantes nativos quando um idioma estrangeiro con ces adquirido nos esforcos desestrangeitizadores dos a : al profissionais, 0s professores. E claro que num curso de Leta, que visa a formar professores de linguas, 0 estudo cence econsciente da lingua-alvo nao podera deixar de ser feito ‘Se conduzido na propria lingua-alvo havera um ganho adicional de competéncia comunicativa geral nesse idioma que os estu- dantes almejam aperfeicoar ou adquirir desde a base ou nivel limiar de comunicagao social. EXtO social 3. Para melhorar as chances de se adquirir uma nova lingua S6 0 ensino com qualidades especificas em contextos propicios para aprendizes com filtros afetivos favoravel- mente configurados pode ter chance de ajudar a converter o esforgo dos aprendizes de lingua(s) em competéncia comunicativa(CC). Mas pode haver também desenvolvimento de uma CC sem ensino entre adquiridores auténomos de certo perfil potente (que poderemos descrever com cuidado em outro momento) em contextos favoraveis 4 aquisigao de CC, tradu- zida geralmente em acio linguajeira socialmente apropriada na interacdo, tanto linguistica quanto culturalmente. Podemos, portanto, produzir ensino enderecado a apren- dizagem (consciente, regrada, explicita das operagdes de funcionamento do sistema da lingua-alvo) e ensino que busca Prioritariamente a aquisig’o de uma CC que se revela em uso 55 No ENSINO DE PLE: E DE OUTRAS LINGUAS Vy adequado da lingua-alvo. Os contornos e resultados da ~ : tante em cada caso seriam distintos. Isso poderiamos invesi eo! de modo mais deliberado e circunscrito em Iiciativas de Say Je quisa aplicada nos programas brasileiros de Pos-Gradua 4 7 ool Linguistica Aplicada focados na aquisi¢ao e ensino de linguss em Mas vejamos como podemos operacionalizar 8 Obey ae 4 ; vagio desses fendmenos de construgao assistida de uma Ce pa numa nova lingua, isto é, através de ensino regular Coletiy Pel em convencionais salas de aulas brasileiras. Para ter Chance Ce de se converter em CC na mente do aprendiz adquiridor, ja. es mais como certeza resultante do ensino, o processo de ensina “A A uma nova lingua produzido pela professora ou pelo professor sae deve possuir qualidades especificas. Quais s4o elas? Como Aa reconhecé-las? mu Precisamos neste momento renovar nossa adesdo a um me conceito filtrado de Competéncia Comunicativa (CC). Se- 0s] gundo 0 Glossario de Linguistica Aplicada (www.sala.glossa. fal org.br) essa competéncia primordial pode ser entendida como co: uma capacidade de mobilizar e articular conhecimentos de els lingua e de comunicagdo, sob certas atitudes, em interagdo, mi com o proposito de se situar Socialmente numa lingua (mater- ay na, segunda ou estrangeira). O mesmo que COMPETE; NCIA F COMUNICACIONAL. as e Apesar de todo 0 esfor i e oie é possivel ensinar nereendido Por p rofessores “ a ‘ua estrangeira e dis- ir So resultar nenhuma (ou quase nenhuma) aquisicao de uma a capacidade de uso desse idioma. Somente Conhecimentos n conscientemente explicitados sobre o sistema tegrado a lingua-alvo podem sobrar por algum tempo e, talvez a : isso nos casos mais graves de mau ensino e indcuog ee de aprendizagem. E claro quea Tesponsabilidade, hesse ca, ‘Os 1 nao é isoladamente sé do Professor, nem € s6 do aluno ou pa ; outros terceiros agentes. Influenciam o aprender adquiridoy os : ‘ 56 suites fatores, entre Outros: (a) me e rofecia generalizada que Prevalece a B niio vai haver sucesso na aprendiy, ae olas regulares (b) alegislagio €quivocada, €xtempors giou a falta dela); (c) é 5” autoridades” poucs conheeed da natureza ce pren. sao, dos Pesquisadores e lideres "8 sionais equivocados na sua analise da Conjuntura edu * Profis- ara as linguas: (d) a falta ou equivoco de politic Piblica explicitas de ensino de linguas NO pais € nos F alos. nenhum ou baixo Investimento das escolas, das faculdades 4 mesmo das universidades na pesquisa aplicada sobre a a sigdo € 0 ensino de linguas e nO crescimento Profissional dos professores; (f) a desorganizacio do corpo Profissional (insu- ficientes associa¢Ses com pouca partici a 6 Pa¢do dos membros e muitos ndo-associados); (g) os resultados de pesquisa ainda menores do que 0 necessario e Pouca circulacdo deles entre os professores em exercicio, autoridades e especialistas; (h) a falta de contato com a lingua-alvo Para ativar a competéncia comunicativa e obter amostras da lingua em uso para com elas preparar materiais de ensino ou de laboratério; (i) os materiais limitados que nao vitaminam o processo de ensino- aprendizagem (sem opc6es ao ensino de base gramatical); (j) as limitagdes de tempo (horas de experiéncia na lingua-alvo e de estudo em aulas e nas extensdes); (k) os objetivos de Cursos, ciclos e niveis mal definidos ou totalmente indefinidos inviabilizando a introducdo de metas nacionais por nivel de escolaridade e de exames apropriados; e (1) limitag6es orga- nizatorias (horario, distribuigao de horas no semestre, falta de p¢4o por cursos intensivos). alalidade, a tradicao, entre a Populacaig de agem de linguas nas Para nos atermos somente ao caso do ensino de lingua no Tasil, nossa hist6ria esta marcada por sucessivas sbulitio, ‘mesma familia de métodos, sua gramatica € see rae altemando-se com textos nao raramente dos bons ¢ a “Scritores nos wiltimos cinco séculos. Perguntamo-nos, eno, 57 FUNDAMENTOS DE ABORDAGEM & FORMACAO No ENsINo DE PLE E DE OUTRAS LINGUAS como € que isso de fato ocorre, isto é, por quais mecanismos essa filosofia de ensino de lingua se perpetua, quais resultados isso provoca nos aprendizes e se alguma alternativa a essq grande abordagem de ensino se nos apresenta. Tudo o que se descreve na lingua deve se candidatar a aparecer pedagogizado nos manuais didaticos? A disciplina Lingua (estrangeira, segunda ou primeira) tem mesmo como matéria o estudo do sistema linguistico no curriculo? Para irmos direto ao ponto, vamos propor uma resposta negativa a ambas as questées indicando, menos ensino da lingua em sie mais experiéncia comunicacional com certos tra¢os distintivos para se alcangar capacidade de uso adquirida nos aprendizes. No movimento envolvido de se viver a lingua-alvo intensa- mente crescem as chances de que nossos alunos adquiram nova capacidade interacional e ainda possam aprender consciente- mente certos aspectos sistémicos que possuem pelo menos um valor social para suas vidas. A diregdo do argumento propéde que se ensinem mais vivéncias e nelas se explorem ocasionais lances de consciéncia quando justificados. Adquirir uma nova lingua nao é um processo simples e facil. Mas ha outro grande alvo que nao o gramatical na dis- ciplina Lingua Estrangeira prevista nos curriculos da escola, faculdades tecnoldgicas e universidades — uma capacidade de uso comunicacional do novo idioma pretendido 4, Ensinar para a aquisi¢ao Alguns critérios se impéem para reconhecermos quan- do estamos produzindo um processo de aquisic¢ao e nao de aprendizagem de lingua no sentido estrito que formulamos acima. Em primeiro lugar, nessa modalidade Podemos ob. servar que a lingua dita estrangeira no inicio do Processo comega a deixar de ser alheia e da sinais de converter-se 58 jngua que Passa a ser doa nuodo adquiridor da mostras de cme também. 0 aluno im st na nova lingua ¢ ensaia dizer que ender © que se " estabelecimento de relagdes, na aptesentacae de et idioma. 1° estor¢o por construir Sentidos e conhecimentes nessa Tingua de ser compreensivel de alguma manei ns coe Lae ” cireula com crescente naturalidade na sal ‘ os aprendizes tem Ocasides também crescentes de ne a sentidos nela. Os assuntos tratados, aquilo do que se fala parece jnteressar aos particip ‘ala antes € questédes de li ingua podem ser levantadas, perguntadas e mMostradas como ir- resolvidas. O professor pode, nesses momentos, ensinar com sistematiza¢ao e até fazer seguimento com imitac6es e repeti¢Ses para firmar novos e difusos pontos de lingua. E preciso, portanto, ler os sinais que emitem os aprendizes para sinalizar quando necessitam de sistematizaciio de aspectos regrados da lingua-alvo. E necessério ainda que as condigdes afetivas ou emo- cionais da sala e dos préprios alunos sejam favoraveis. Mo- tivagdes de varios tipos em niveis desejaveis e sustentados por periodos mais longos, baixa ansiedade frente aos outros participantes, autoestima positiva, pouca vulnerabilidade a pressdes negativizantes de terceiros principalmente fora da sala, identificag&o com aspectos culturais associados 4 nova lingua, auséncia de bloqueios herdados de experiéncias ruins no passado, todos esses fatores se combinam para produzir um timo de absorg¢ao. Os alunos em aquisi¢ao mostram ainda esforco por aprender e aperfeigoam sua consciéncia e estra- tégias de autonomiza¢ao no processo ao formarem-se como adquiridores de novas linguas. O nivel de dificuldade do que se ouve ou produz na nova lingua estard sempre um passo adiante do que ja podem compreender e fazer os aprendentes-adquiridores num dado momento. 59 Os professores devem perguntar-se 0 tempo todo se Cty fazendo aberturas em suas aulas para gue ocorra Aquisicag Essa atitude se configura como procedimento adequado Pata professores que almejam ser PenexILOs} a sua formacag ¢ desempenhar como profissionais reflexivos. Pode Perfeita. mente ocorrer que seja necessdrio ensinar menos lingua e Mais contetidos outros de outras dreas ou disciplinas para indicarg prioridade do professor. Essa prioridade dos contetidos Tes. taura a ideia de que lingua ndo deveria ser preferencialmente tratada como objeto de estudo como € 0 caso da discipling Linguistica. Essa foi uma distorgdo do curriculo que em algum momento passou a tratar lingua como disciplina comum ele- gendo sua gramatica como matéria. Ora, as linguas produzem © conhecimento das outras disciplinas e essa é uma distingdo da sua natureza. O ensino para a aquisigdo realizado com 0 concurso da Constru¢do ou reconstrugdo de corpos de conhecimento res- taura a natureza da linguagem, mas deve ser preferencialmente pactuado com os alunos para que saibam o que se almejae ex- plorem maneiras cada vez mais apropriadas de conduzir o pro- cesso para a aquisi¢do. Ensinar menos lingua pode equivaler a ensinar mais sobre temas e areas de conhecimento mediante Projetos e tarefas, por exemplo. Essas escolhas devem levara maior produgao interessada na nova lingua durante mais tempo nas aulas e nas extensdes dela. Estamos Pressupondo que os aprendizes serdo sempre consultados sobre suas preferéncias tematicas. Ao desenvolver topicos, tarefas e Projetos pelos quais possa ser nutrido interesse (ou Percep¢ao de relevancia igualmente) pressupomos nao sé interesse sustentado mas também suprimento e produgo continuos de insumo nanova lingua capazes de gerar aquisigao. Esse estado de mobilizagao dos participantes nas salas leva ainda a atividades mais longas com maior densidade de interagdo de boa qualidade. Momentos de aprendizagem Ta- 60 cional da parte sistémica tamb, émtém mr gcorter conforme afirmamos antes. Esses a Probabilidade de como soem ser, Ocorrem Para fortalecer g Mon nentos, breves que por sua vez pode servir 4 Aquisicao oa Memorizado especificas. em condigdes A transparéncia de uma nova lingua ar outra lingua proxima como é 09 Portugues pare Ante de do Espanhol, facilita introduzir 0 ensino wean falantes mais cedo € com menos esforcos por modificar ey alvo para ser compreendida nas fases iniciais =o lingua € naturalmente mais estrangeira. Mas os ier dizer, absolutamente, que nao se pode ensinar lines pologicamente distantes para a aquisic&o. O impacto disso sera tio Somente um esmero na ; e producao da nova lingua como meio de comunica¢ao na nova comunidade de uma sala formada para facilitar a compreensio. Esmero pode significar falar mais lento, escrever mais no quadro e com mais foco de atengdo no inicio, exercitando a chamada linguagem do professor, ou seja, a linguagem modificada dos professores para se dirigir em com compreensdo aos seus alunos na fase inicial. 5. Precaugdes e questdes posteriores A opgao por ensinar para a aquisigdo nao é matéria para decisio num momento e implementagio imediata. Os professores e mesmo os aprendizes devem ponderar sobre as implicagdes de se tomar essa decisiio depois de se inteirarem da base tedrica que justifica essa posi¢do filosofica ately a 4 abordagem comunicacional em ultima instancia. Aa a Mos apenas uma incursdo breve e neces aa ale nt da complexidade que o tema comanda. Os professore Coordenadores de cursos devem se perguntar: 6l 1. O que é melhor para meus alunos € para mim, es para a aprendizagem ou para a aquisi¢ao? May 2. Para professores brasileiros no-nativos, que dificulgy : ha que se ter em conta? Dado que nado ha Materiais di . niveis no mercado para imediata adogdo que obj etiven, aquisi¢do, temos de nos perguntar como vamos efetivg materiais e procedimentos que garantam maiores chances de aquisi¢ao por parte de nossos alunos. 3. Ha materiais disponiveis para imediata adogdio que obje. tivem a aquisic¢4o? 4. Como comegar a ensinar para a aquisi¢ao? A resposta para a primeira indagacdo vai tender a sera aquisigao. Ela ajuda a implantar uma capacidade de uso efe- tivo da nova lingua que é algo desejavel na atual sociedade tecnolégica do conhecimento, Dificilmente vamos encontrar maioria no caso brasileiro. Os Professores terao de buscar maior capacidade de uso efetivo da lingua-alvo, mas a pra- tica do ensino para a aquisi¢4o também leva a esse maior desempenho requerido com 0 Passar do tempo, Aoutra grande limitagdo é a escassez de materiais de ensino Paraa aquisi So. Combate-se essa auséncia com Produgao de Novos materiaie capazes de criar as condigdes para que ocorra a Comega-se por preparar-se 0 professor, Depois pre os alunos para a nova modalidade. Uma unidade es em cada um dos dois semestres de um ano Pod. 62 propicio para experimentagao fundamentad, j de se implantar 4 nova modalidade. Mu a € Criter} 9 quadro curricular nao tolera mesmo a parcial. o professor pode experime ° nal que possa organizar na sua Cidade ou bairro I um sindicato, uma sala nos fundos de ¢, ee set opes para quem estiver Convencido de que ha aprendizagem de linguas do que nossos othes : ™ ; acostumaram a reconhecer. HOS © Ouvidos se Sse ext Casa. todas Referéncias ALMEIDA FILHO, J.C.P. Dimensdes Com de Linguas. Campinas: Pontes Editores, 1993 GERMAIN, Claude Evolution de I’ Enseignement des Langues. 5000 Ans d'Histoire. Paris: CLE International, 1993. ~ GLOSSARIO DE LINGUISTICA APLICADA (Projeto GLOSSA Glossario digital de termos da Area de Aquisicao e Ensino de Linguas. Programa de Pés-Graduacao em Linguistica Aplicada da UnB, Brasilia/DF. Acesso pela Pagina do PGLA www gla. unb.br ou Portal SALA www.sala.org.br. KRASHEN, S.D. Principles and Practice in Second Language Acquisition. New York: Prentice-Hall International, 1987. SATELES, Leticia M. D. & ALMEIDA FILHO, José Carlos P. Breve Histérico da Abordagem Gramatical e seus Matizes no Ensino de Linguas no Brasil. In Revista HEL8, Vol. 4, no. 4 2010. Acesso www.helb.org.br. WIDDOWSON, H. O Ensino de Linguas para a Comunicago. Tradugao de J. Carlos P. Almeida Filho, do original Teaching Language as Communication (1978).Campinas Pontes Editores 1991 UNICativas NO Ensino 63

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