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INGUSIICA APLICADA a Joe Cals Pars de Aeitafbo BY AP Sites eo Se Lingiiistica Aplicada - Ensino de Linguas e O progresso com os princi d g linguas vem a formar um movimento pioneiro € de dentro da LA no periodo que se inicia logo apés em 1945. ae Esse movimento de fortes bases lingiiisticas, behaviorista de ensino, dominou o cenario da LA partir de centros mundialmente conhecidos como | Georgetown, nos EUA. A forca do aparato profission junto com o ensino de linguas estrangeiras, notadamente francés no mundo ocidental, desencadeia mais Ppesqui: assunto e aperfei¢oa 0 mecanismo de difusao do conh tecnologia que vai ser acumulado. A categoria profissioy fessor de lingua estrangeira se estabelece com caracteri; fissionais invejaveis em muitos paises. As grandes associac6, ternacionais como TESOL (Teachers of English to Speakers 6 Languages) e a IATEFL (International Association of Teach English as a Foreign Language) para o inglés nos EUA e Ing respectivamente, se constituem em cenarios propicios para a Ao de lingilistas aplicados'. Esta implicito nessa exposigao que pr fessor de lingua nao é necessariamente lingiiista aplicado. Em era de parte das vezes,o professor se constityi como um usudrio/lei critico dos produtos do lingiiista aplicado} Da mesma forma, se ma terializa o fazer de LA através de revistas i onais como TESOL 2. Aplicacao de lingiiistica e lingitistica aplicada A sofisticagao do conhecimento sistematico sobre oO: ee icc S Proce: s plexos) de aprender e ensinar linguas permitiu aos lingii stas so NNo Brasil criaram-se nos anos 80 (1980) associagdes de professores das diversas lin, : freqUentemente ensinadas destacou-seainstalaso das associagdes cottons sas linguas mais rada no Ambito da lingua inglesa pela Apliesp (Associagio dos Professoneas: Lingus wore lide Estado de Sao Paulo) fundada em 1985. lesa do i2 Lingiiistica Aplicada - Ensino de Linguas e Comu (a) Sindnimos; faces da mesma coisa uneutsricn = (LA come nessa eg Coupeda com 0 orano de uate Fe ta ee queen es (€)A como ponte enre a Lingifsica ‘{Ptica de ensine das tine Pri deine ‘en pa A lingiiistica aplicada, significando teoria de ensino de li estabeleceu tradigdes importantes na investigacao cientifica do p cesso de ensino e aprendizagem dos idiomas. A andlise contrast das partes equivalentes de duas linguas foi talvez a mais conheci nas primeiras trés décadas desde o final da Guerra (1945-1975). pois vieram os procedimentos d dlise de erros do aprendiz maneiras de conhecer os Pprocessos evidenciada por eventos, publica Pés-graduacao e po um apreciavel numero de dissertagées de mestrado e can de dou 3 do desde entio. LA apés a metade dos anos 80 é muj i do Gor 0 era ne as a008 de teoria lingilstcs ee 4 palmente a pratica de ensino de linguas. Cavalcanti (1986) nos col Be, a verso interdisciplinar de LA como 0 locus de Confluéncia das vari- as contribuigdes das ciéncias-fonte para a solugao de um Problema de 14 Jost Cantos Pans pi ALMEIDA Fito de linguagem, Strevens (1975) i 4 n, Stre ante: j o_o. 1 de interdisciplinaridade da pes Ra seine a aan de ¢ sobre ais outras ciéncias-fonte, O mes- 18 uma mudanga em diregio & plena estabelecer que a exata medida Teoria Lingiiistica ee Linguistica Aplicada Na visio de aplicagao da lingiiistica, se uma classificagdo nova dos verbos preposicionados era colocada como progresso teérico, nao tardava o aparecimento de proposta aplicadora a alguma situagio de ensino de linguas. Na visao posterior, ja em plena década de 80 deli- neia-se o problema e, dependendo dos seus contornos, determinam-se as ciéncias-de-contato apropriadas para se retornar ao problema ini- cial com propostas de encaminhamento de solugées. Ao final da déca- da de 90, a natureza complexa e multinivelada de cada questo toma- da como foco de pesquisa aplicada parece tornar-se constitutiva da _ propria teorizagao em 1 reepgao em di - tomé-la como uma rea cientifica com metodologia-e objeto de estu- i aeincias (e nao inter ou trans-disciplinar por natureza) especifi- ‘cos, reposicionando-se com relagio a lingiiistica e ao papel de ciéncia beneficidria dependente da ciéncia da linguagem ou de outras ciéncias de contato que se avizinham por contingéncia da natureza do tpico sob investigagao. Mais ainda, dentro dos sucessivos tratamentos de 15 a >» primeira de lin; _ 0 didlogo se mantém vivo, Aplicagio d Lingilistica Aplicada - Ensino de Linguas e hante, instituiram- blemas de ordem semelh ate, eases de pesquisa préprias que vém a crescentemente consolidadas da LA contemy Assim, a LA foi retendo a sua denominagio, mas nao a si gilistica aplicada a alguma questao ou atividade de ensino de linguas. Dessa perspectiva, nao mai Pressao lingiiistica aplicada a alguma coisa, (prosddico) dos dois termos (“lingiiistica” ’”) como se alguém dissesse medicina ou engenharia. A prop t ” essas duas ciéncias aplicadas, da mesma forma como a LA, nao. denominadas hoje bacteriologia aplicada ou fisica aplicada, assim co a LA nao mais precisa ser tomada redutoramente como aplicagao d lingiiistica, embora esta continue sendo uma das ciéncias com as quai ¢ teoria lingiiistica Ppassou a se uma modalidade de pesquisa em lingitistica aplicada, mas nem de tS a mais vigosa das suas tendéncias Agora, LA bs, d da para a pesquisa sobre questdes de nguagem colo. social —— 3. Cenarios de aprendizagem de linguas Nas sedes anteriores tentamos redimensionar a érea de teoria q x sino e aprendizagemi de linguas dentro da lingitistica aplicada, Ness a 16 Jost Cartos Pas pe ALMEIDA FILHO propria constituigao ‘se permanentemente de linguas, _ nos nesta segao a desenhar um roteiro interpretativo do Sees ie _ da pesquisa aplicada nessa rea. coe render linguas hoje em dia, inevita- om um livro didatico ou, quando sozi- nhas, com um Conjunto de fitas gravadas nas mdos para guiar seus _passos. A amostra de. ua que Os materiais diddticos contém, com maior ou menor qualidade, é sempre Pequena em rela¢ao ao tamanho nto uma contingéncia do tempo comumente __ limitado como também uma decorréncia natural do fato de que a nos- sa cognicao ou aparelho de aprender nao necessita senao de amostras de lingua para desenvolver habi idades de uso. Assim, aprenderiamos ausar uma outra lingua para as necessidades, interesses e até fantasi- as que tivéssemos num periodo determinado pela nossa motivagao e disponibilidade de tempo. Nesse cenario simplificado de aprendizagem, seria possivel dizer uma pessoa exatamente em quanto tempo ela obteria uma profici- €ncia basica, intermediaria ou avangada numa lingua dada. Para saber qual o periodo necessario A aprendizagem, bastaria calcular 0 tempo a fim de conciliar os objetivos do aprendiz com o material- amostra de lingua e a disponibilidade de tempo para estudo desse individuo. Num cenario de aprendizagem real, a LA tem mostrado que tudo é muito mais complexo do que isso. Ha varidveis multiplas, e as dife- Tentes configura¢Ges delas propiciam tendéncias de aprendizagem de _ tipos muito diversos. As varidveis também sao de natureza distinta: __intrinsecas 4 pessoa como as _gfetivas (ligadas a aspectos de persona- __lidade, atitude e motiva¢ao), fisicas (ligadas a condigées de satide, _ cansago, idade) e sdcio-cognitivas (ligadas a estratégias conscientes ¢ inconscientes de organizar a experiéncia do contato lingiiistico com _ outros em interagao na lingua alvo) ou extrinsecas como material di: _ datico, técnicas e recurso do método, tempo disponivel para o estudo, condicées de exposi¢ao as amostras de lingua, etc. As varidveis de cada nivel se combinam entre si e com as outras dos outros niveis, Possibilitando resultados de aquisigao variados e especificos. O con- junto das varidveis internas e externas pautadas pelos estudos em LA ‘ode ser conferido na figura seguinte. 17 usara sua lingua materna. Apenas vagamente podemos lembrar-nos tam- bém dos nossos passos iniciais em linguas estrangeiras, sendo muitas _ yezes impossivel que alguém se lembre de como se deu a aquisicao de uma outra lingua ou que possa explicar o processo. Qualquer que tenha sido 0 método usado pelos nossos professores quando come¢amos a aprender uma lingua estrangeira, ele tender4 ase transformar na maneira “natural” de aprender linguas, Essa é a manifes- tagdo basica de um principio pelo qual, na auséncia de uma postura bem fundamentada e critica sobre o aprender linguas, fazemos 0 que vimos ser feito conosco ou ao nosso redor. A teoria informal de aprender e ensi- nar faz parte de um quadro referencial organizado de memérias, percep- goes, crengas e atitudes sobre esse tipo de problema. A grande maioria das classes de lingua estrangeira nas escolas publi- cas, que equivale a base de sustenta¢ao profissional na Area de ensino, e praticamente todos os livros didaticos nacionais 4 venda no momento enfatizam a aprendizagem consciente das formas da lin; inada com exercicios de automatizagao de modelos. O ressuposto ¢.0 de que o dominio da forma (gramatical e do léxico) levara por oe transferéncia ao uso normal da lingua-alvo,,Os ensaios para alguma flu- €ncia no uso propositado, visando alguma autenticidade na comunicagao interpessoal, por exemplo, sao meios freqiientes de que se servem os pro- fessores para induzir a aprendizagem do uso de uma nova lingua. Agdes erraticas, idiossincraticas ou da tradig¢do coletiva, de “subversao” dos procedimentos voltados para a forma é que podem ter garantido historias isoladas de sucesso, dando a falsa impressao de que na verdade qualquer método nos serviria igualmente. A estrutura dos cursos e materiais convencionais ¢ excessivamente rigida, arbitraria, e dela é dificil escapar. O livro didatico traz_o “prato feito” e as tentativas de modificé-lo requerem formagao profissional séli. da e bastante tempo disponivel para levar a efeito a sua reformulacao fundamentada. O professor secundarista brasileiro esté sempre muito ocupado em dar aulas (e muitas) para ganhar a vida, tempo e oportunida- de para investimento na propria melhoria profissional sao escassas e pre- closas condigées. ag Mas as implicagdes de uma abordagem de ensino de LE que priorize as formas ao nivel de sistema de lingua-alvo nao se exaurem na critica de, pres- Supostos e materiais de ensino. Ao nivel ideolégico, também as experiéncias de linguagem que essa pratica especifica enseja a quem quer aprender uma lingua estrangeira representam um alto custo. Em termos de contetidos soci- almente relevantes ou mesmo transformadores, ela se caracteriza como ple- namente estéril. O atendimento a forma tem causado uma simplificagao da 19 suagem que por sua vez reduz a verossimilh pn e desencontros proprios da vida, N&o hanas © que objetar, questionar ou indagar mais a Tespeito, esse, 0 seu efvito tem sido, na melhor das educacional superficial, ena pior, um processo subliminar liado pela lingua estrangeira. Esse ultimo efeito tem mo serem os professores de LE sonimbulos politicos ou externos. No entanto, a aparente disténcia do mundo é an posto da crenga implicita instalada nas redes sociais dos autores de materiais de que ensinar linguas nao é contetido e comportamento inteligentes, e da insuficiente os profissionais de ensino de linguas. Para um cenario de aprendizagem real, temos também. de modelos de aquisigao de segunda lingua, a mais conh vertida das quais sendo a de Krashen (1982). Além da disti prender (conscientemente) e adquirir (inconscientemente,. ha contexto comunicativo), Krashen introduz entre outras Lilo afetiva. O filtro se constitui em configuragdes especificas d vagoes, fatores de personalidade e atitudes de identificag&o ou da cultura que aninha a lingua-alvo. O proprio contexto comunicativo é um conceito tedrico p Sup0e outros conceitos correlatos como interagao, competéncia c va, fungo comunicativa, eventos de fala, propriedade discursiva e municativo. Esse instrumental novo com o qual municiar as p estudos de LA na rea de ensino de linguas contribui paraa fo nova taxonomia para 0 trabalho de investigacaio do lingitista As ferramentas taxonémicas nocionais-funcionais de Wilkins van Ek (1976) e Munby (1978) Tepresentaram a sua época nao s complexificagao da tarefa de pesquisa na drea de aprendi: ~ guas, mas também uma postura teérica distinta frente ao objeto dee de repercussoes para planejamento de cursos e materiais além da pr ca de nee Peperenenie dita. Com base nas novas ferra nou-se viavel o planejamento de cursos instrumentaj fvens an pela especificidade dos seus procedimentos a visa desea dos se objetivos. Outro atributo da nova nomenclatura, apontado por Widdov (1979), é que ela nos livra do monopélio taxonémico limitador da tica que vigorava antes do seu advento, Ha agora, no minimo, a po lidade de escolha e/ou combinagées. a Contrastando com as possibilidades novas de Pesquisa que brem aos lingiiistas aplicados a partir dos recursos te6ricos di. esta a ainda insuficiente produgao, no Brasil, de Pesquisa se entrea- ‘sponiveis, em LA em interesse neste pais sua real evolugao, ao it Para a grande mai plo, a sala de aula é 0. lingua-alvo. Esse e 80, em objetos naturais omo a de a 1982) ricos que favoregam os re: to, necessario buscarmos a pesq ges seguras sobre como verific: de que venham a se constituir em gem de linguas. E preciso inve: vado para as linguas na pe: tos de aquisi¢ao. Nao ha indicagdes claras sobre no ensino-aquisi¢ao de outras lin; cularmente promissor nas escola sido o fim ultimo de todo o ensino. lingua materna e o de LE no q duvida, uma visao desafiadora n A abertura de avenidas na c para apoiar o ensino de lingu estado de crise em que vivem escolar brasileiro. Isso st académica, com movimet ciais conjuntas com as cacao da investigagao si redefinimos neste trab CAPITULO 2 MANEIRAS DE CO) ER LINGUISTICA APLICADA’ O tipo de lingiiistica aplicada LA . cutir teoricamente neste capitulo codec craina cm muitos CaSO8), Cujo objeto € o problema OU a questi linguagem colocados na pratica social dentro lar. Embora essa nao seja uma vi dos Unidos e Europa, no Brasil na distinvo, afirmativo e independ Como aplicagao da Lingiiistica, visando a de Ensino de Lingua, ha exempl Brasil. Nesse paradigma, Gomes poca que a LA tinha como objetivo a aplicagao de principi técnicas e resultados das investigacées teéricas sobre as linguas para a solugao de problemas educacionais e sécio-culturais. Segundo essa con- 10, a LA teria aproximadamente 40 anos no Brasil em 2006. No meu a ido de ciéncia apli i , No neces- nente presa a lingiiistica ou mesmo outras ciéncias de contato, preocupada em encaminhar solugées sistematicas Para questdes reais de uso de linguagem no contexto social, tem uma histéria bem mais recente no Brasil equivalendo hoje 4 metade interessante também notar a acepgao dos termos ciéncia, e ci- ifica para Gomes de Matos (1980). Para esse autor e nessa épo- LA era cientifica porque tinha a ciéncia da em como sua Subjacente. Podemos, no entan critério final de constituigao cientifica das suas } sempre o de um paradigma da prépria LA, que de: mentos tendo em vista problemas construidos de Atica social. a Nebuaed enos Estados Unidos, onde a lingiiistica historia mais longa de etapas vencidas, o campo de s tem sido frequentemente interpretado como 0 outro lado Buckingham e Eskey (1980), por exemplo, afirmaram que a a LA precisavam uma da outra, no sentido de que a LA pre teoria e os tedricos (isto é, os lingitistas) precisavam testar as s nas aplicagdes. Num paralelismo com a famosa distin do de entre competéncia ¢ desempenho, esses autores sugerem que tas caberia o estudo da linguagem enquanto sistema e aos lingii cados caberiam as tarefas de comportamento lingiiistico. O q va resolvido é se bastava teoria lingiiistica para resolver prob! compreendidos em “comportamento lingiiistico”. Outros autores, como Anthony (1980), viram a LA como a ¢ao do corpo de conhecimento acumulado chamado lin, i praticantes de uma outra disciplina acham util no desemp trabalho. Essa é a clssica concepciio de LA como aplicag; ¢a_e nela ha uma limitacaio natural, por forga mesmo da p epistemolégica que a sustenta conforme veremos adiante. Nos seus primérdios e até hoje, em alguma medida. A tem muitas vezes interpretada também como sin6nima de Teoria de Linguas. Campbel 80), nesse sentido, afirma que a tarefa do ta aplicado se resume na definigao das telagdes ou ligagdes entre (visOes, pressupostos) sobre a natureza da linguagem e 0 estabele Pprecisamos viver. Como campo de investigagao, é claro que ha muitas maneiras (e qua- se todas tteis) de como iniciar a caracterizagao e definigao de LA. Uma primeira maneira de entender LA seria observar os ‘problemas ou tépicos 24 SE ALAS DAs ALMEIDA Hit) que se transformaram em objetos de seu estudo © interpr maneira de ¢ ompreendé-la, seria examina T O8 86UN fins On 0) outro caminho ainda seria 6 de pesar com Cuidado produtos Vejamos cada um desses percursog, , Onntra bjetivon, Um 88 98 propontay ou problemas ou questées da LA Muitos problemas studados e reestudados em LA Constituem eventu- almente um temario ou agenda que vai se firmando com © trabalho de pesquisa continuado de alguns t6picos de pesquisi as, Ui i tratamentos de algumas quest6es-chave entio se forma, i amen A persisténcia com que algumas dessas questées voltam a ser estuda- das acaba por instituir temas mais centrais para a LA. Por exemplo, como se aprende, adquire ¢ ensina 0 uso das linguas em diferentes situa- goes? Quais as manifestagdes de transferéncia de lingua materna para a lingua-alvo? Como sao feitas © mantidas as relagées entre as pessoas através da linguagem? Por que nem todos os adultos aprendem uma se- gunda lingua que tentam aprender? Es questdes, € outras como elas ou delas derivadas, nos colocam face a face com a vasta gama de situagées de uso de linguagem que podem, quando adversamente configuradas, tornar nossa vida mais di- ficil. Essas quest6es merecem, portanto, um tratamento sistematico, ob- jetivo e ey plicito de parte do lingiiista aplicado. A identificagao dos temas que ressurgem ao longo do tempo n: a agenda de pesquisa de LA pode, dessa forma, nos auxiliar no entendimento desse campo nhecimento. co- Objetivos ou fins de LA Outra forma de captar a natureza da LA é através da andlise dos fins ou objetivos que os pesquisadores buscam atingir com seu esforgo de pesquisa. Nesse caso, estariamos procurando respostas as perguntas: 0 que estao buscando os lingilistas aplicados? Que tipos de conhecimento desejam revelar? E possivel generalizarmos que esses pesquisadores es- ‘Zo interessados, num plano maior, numa LA que seja capaz de explicar € oumizar as relagdes humanas através do uso de linguagem. Deborah ‘Tannen, uma conhecida pesquisadora norte-americana de questes de uso de linguagem nas relagées culturais intergrupais, por exemplo, reconhece como sua tarefa a de produzir conhecimentos sobre como as pessoas usam a linguagem no dia-a-dia e como gente de diferentes culturas usa linguagem de modos diferentes (Tannen, 1986). 3 Linguistica Aplicada - Ensino de Linguas Na sub-area do Ensino de Linguas, H.G, Wid 0 objetivo do seu trabalho de pesquisa em LA tratamento coerente do ensino comunicativo de in tir de uma concepgao de linguagem-discurso e de p escolha de procedimentos de ensino ¢ produgao d Generalizagoes e produtos da LA Tendo proposto que tanto 0 temdrio como os fing estudos e pesquisa em LA, poderiam servir como meios de essa area de conhecimento humano, é possivel ainda 5 menos mais um caminho. Trata-se do exame dog casos, processos) que o esforco sistemdtico de pesquisa em | gerando. Isso equivale a indagarmos quais os tipos de afin generalizagGes que so feitas em LA. Ou, ainda, que tipos de concretas sdo formuladas pelos autores pesquisadores, Por Van Ek produziu uma descrigao de um nivel minimo de comp municativa para uma lingua estrangeira € esse produto foi ap reforma do sistema puiblico de ensino de lingua estrangeira mo entao Iugoslavia (Morrow, 1977). Procedimentos de tr ca de textos foram utilizados pela Organizagéo Mundial de Washington, acompanhados de procedimentos de revis4o may tradugao de textos sobre satide, Essas generalizacées o ncionando como instrumentos de dagées, impondo padrées profis normatizando a pratica, situagdes semelhantes. Qualquer um dos caminhos Para se compreender LA aqui pode-se revelar iluminador num primeiro contato com essa de investigacao. Nenhum deles, nem qualquer combinagao dos. no entanto, poderia permitir um quadro acabado de LA pelo si motivo que uma fase crucial de todo o Processo de busca de ito: sionais e, em Gltima Prescrevendo procedimentos aceit4y 26 JOSE CaRLos Pats pp ‘ “mhecer as propostas dos autores, mas OS seus reai 5 ee pusca de uma equacao plausivel. is Procedimentos na Métodos de pesquisa em LA s ep¢ao, talvez nem houvesse necessi fe tica aplicada. Bastar la, quem sabe, separar 0 iter pesguisa em e/ou explicado lingiiisticamente e aplica-lo a al iZorosamente escrito Nesse caso, quanto mais lingijista fosse o lingiij dade melhor aplicador ele poderia se tornar, Ou, por gilista aplicado, lingiiista aplicado, seria necessario e suficiente um ra ser um bom tedrico em Lingiiistica. Por esse raciocinio, quando 0 lingitista aplicad © lingiiista trabalhassem numa mesma instituigo, préximos um do aa parte do lingitista geral, que deteria conhecimento cientifico Pprimario. Isso se justificaria pelo fato de o lingiiista aplicado nao ser um lingitista igual. A aceitagao desse préprio pressuposto pelo lingitista aplicado pode leva-lo a um sentimento de inadequagao teérica ¢, finalmente, a um indisfargado sentimento de inferioridade. Como se vé, a pressuposi¢ao do que implica ser lingiiista aplicado pode nao ser absolutamente neutra ou indiferente em termos de atitudes ou sentimentos académico-profissionais. Dentre os lingiiistas aplicados que se dedicam ao ensino de linguas, isso ocorre com bastante freqiién- cia. s lingilistas aplicados, principalmente nas faculdades e universi- dades, podem acabar sendo (injustamente’ i emi lingitistas de menor importancia. A eles estaria reservada a tarefa “mais facil” de “aplicar” conhecimentos te6ricos. Deve ficar explicito, entio o pressuposto de que nem todo professor de li é lingiii is preocupado i guagem. Do mesmo modo, nem todo engenheiro é engenheiro pesquisa- dor e nem todo médico é médico pesquisador. Se, por outro lado, a pressuposigao é 2 de que fazer LA nde reaucr necessariamente um conhecimento e: c — gum conhecimento especitico ciéncia combinado | oa =a outros conhecimentos especificos de oul = ie ‘um Sentimento na medida do problema a mao), enl forma seria ji 'njustificado de inadequagao se esvazia. Da me ee a Uificavel uma opiniao menor do bom nidieone ee pare . e conhece bacteriologia a fundo. Nao é ‘odo eee qualquer situagao de pesquisa que requer Penn j 2 Linguistica Aplicada - Ensino de Linguas e Comunicagao em bacteriologia ou neurologia. Nao é todo lingiiista todo tempo sé de lingiiistica geral para Pesquisar p de ordem pratica, envolvendo o uso de linguagem, seu zagem, dentro ou fora do contexto escolar. : E possivel que em alguns casos a < ma 3 observado, por exemplo, na investigagao especifica do p afetivos imbricados no processo de aprendizagem e/ou lingua estrangeira em ambientes formais de ensino. Obviamente, nao podemos ignorar a longa tradig&o de to aplicagdo de conhecimentos de lingiiistica. A propria to de linguagem tem sido extremamente titil acompanhar gilistica. Varias definigdes de sistema li igilistico sao de grande ou potencial no encaminhamento de solugGes para d linguagem. Por exemplo, o estudo teérico sobre topicalizagao e frasal no portugués do Brasil de Pontes (1987) tem relevat ensino de portugués como lingua matema e como lingua est: exatamente como essa relevancia vai se traduzir na solugao de pro praticos, sé a pesquisa da LA iniciada Por outro angulo Muitos lingiiistas tentaram e persistiram em tarefas de en i toes de LA no Brasil, a partir de uma Ppostura de aplicagao lingiiistica. Essa Posi¢gado, mormente util, no deixa de ser “solugdes”, no percurso de pesquisa e no temério de assuntos p © conhecimento basico de lingiiistica pode ser necessario e co tar, mas flagrantemente.insuficiente no encaminhamento de so muitos problemas reais de interagao mediada pela finguagem, fora do contexte escotar——— + Pela Tinguagem Dessa mesma Perspectiva acima, 0 Pesquisador engenheiro itamente os conhecimentos aprofundados de ligas de ca mais apropriados e exeqiiiveis, A pesquisa localizada sobre o problema na sua Em resumo, é possivel prever situagBes de pesquisa aplicada sobre resultados de pesquisa basica. Trata-se do seguinte: alguém faz pesquics CE Jost CarLos Pars pe ALMEIDA FiLHo une (e defi pee S les line) as 4 grandes areas de concentragao / juest6es da linguagem colo is C < cadas na _prati i jamente aplicagées de teoria ingiiistica - Alia: tee 4 x Roe ‘ Ss, id isa aplicada hoje nao é mais de aplicacao de feorane oases e nem da lingiiistica geral da qual foi vista como parte no passado, Qual o grande foco de interesse (pesquisa e tral area de ensino-aprendizagem de linguas? balho) na Os processos complexos de ap: render e ensinar linguas (L1, lin ira e segundas linguas). (Vi ; mae ide definigées no Cap. 7 deste volume). }) Uma defini¢ao da area de lingiiistica aplicada ~ Uma das trés ciéncias da linguagem, a que focaliza especificamente uest6es da linguagem inseridas na pratica social real, distribuidas em bareas tais como a do ensino-aprendizagem das linguas, a da tradugao interpreta¢ao, a da terminologia e lexicografia, e a das relagdes sociais/ rofissionais mediadas pela linguagem. As outras duas ciéncias irmas da ingiiistica aplicada sao a estética da linguagem (da qual faz parte com visibilidade tradicional a teoria literdria) e a lingiiistica geral ou basica _ (incluindo-se ai as andlises do discurso). Lingiiistica aplicada e o ensino de linguas. Algumas perguntas que precisamos nos fazer + Oensino de linguas é algo teorico? Por qué? Absolutamente tedrico na medida em que procura ser um _ramode conhecimentos regido por conhecimentos explicitados em formulagGdes sistematicas de crescente sintonia com a praticas vividas nos contextos reais de ensino. * Se é tedrico (uma disciplina ou ramificagao iene de uma ciéncia) ainda assim devemos definir de que tipo tedrico ¢? Sim, pois nem toda teoria relacionada a Area da linguagem em geral intetell compreen- ou oriunda das ciéncias sociais € igualmente rs es a comp! ae sio sistematica do processo de ensino de linguas. rizagoes 31 dem ser apenas indiretamente relevantes (0 forgos de pesquisa em busca dos significados relevantes para se entender a teia de re’ Um exemplo do primeiro caso So as teo exemplos do segundo caso seriam algumas ‘ estéticas da linguagem, da filosofia clAssica ou ¢ + O que a lingiiistica aplicada (conforme a nossa pelo ensino de linguas? Ela pode (re)formular teorizagGes sobre o cerne sigao e funcionamento do processo de aprender linguas de ensinantes profissionalmente comprometidos em go do aprendente) e, eventualmente, oferecer auxilios tes das outras 4reas também voltadas para a tos tedricos no terreno da pratica social efetiva. + O professor de LE deve ser também um pesquisador (c ci Nao necessariamente. Se for, tanto melhor, mas se nao for, mac¢ao sdlida, continuada e refletida que permita aos “isutr ideas cress oes eer 205 dizagem de linguas sera suficiente Para garantir-lhes um ni de profissionalismo. Dois caminhos para aprender a ensinar uma nova li (1) O docs) método(s) em treinamento * Caracteristicas, comparacées, dedugées na forma de ensaio i sob avaliacao e conselhos Ppraticos E + adocao do “melhor e mais moderno” método de ensino (g um hibrido de métodos contendo caracteristicas desejadas) * busca de solugdes magicas, receituais, reli, tros, ao sentir, no contato, como se poderia seguir dogmas sem os quais nada é viavel) igiosas (ao copiar os | fazer para se ter sucesso, + na realidade, desilusio com “solugdes” dos “teéricos” (pouco org sramo aaivel antnpesclhosdosinais,alnop, autoridades e imprene.y ¥ 32 ES José Cartos Pars pp ALMEIDA Fito, da abordagem em reflexao Busca de tracos que caracterizam as Concep¢des subjacentes de lin- /linguagem, lingua estrangeira/ nova lingua, de aprender e de ensi- linguas, de papéis dos agentes, de sala de aula e de aluno como pes- em humaniza¢ao + Busca desses tra¢os de conceitos na histéria do Professor, nas suas JaragGes e nas proprias aulas anotadas, ravadas e transcritas para se egar a uma explicagao geral do porque se ensina da m ae ina. aw « Partida de uma consciéncia que dialoga com a Teoria externa di: vel esperando mover-se na diregao do desejo de ser o(a) professor(a) que se quer ser (posto num horizonte 4 frente). 2

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