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Lideranca Transformacional, a Nova Tendéncia Aspiranies Tago Campos Silva: Stefan Santos Maciel Sila: Jorge Nascimento de Olieira Jimior:Luiz Mario Comes de Ameida nior; Rafel de Melo Vasconcelles; Rdrigo Luiz da Siva Introdugio A Lideranga é um processo de influenciagao soci- al, baseado em relagdes interpessoais. Isto significa ‘que, para que um lider consiga influenciar as pessoas no sentido de que ajam, voluntariamente, em prol dos objetivos da instituigao, toma-se indispensdvel que exista compatibilidade entre suas caracteristicas pes- soais e as necessidades, metas, crengas e valores dos seus possiveis seguidores. Se a lideranga é uma influ- Encia interpessoal, convém explicitar © que significa influencia: ¢ uma forga psicoldgica, uma transagio interpessoal na qual uma pessoa age de modoa modi- ficar 0 comportamento de uma outa, de algum modo intencional. Geralmente, envolve conceitos como po- der e autoridade, abrangendo todas as maneiras pe- las quais se introduzem mudangas no comportamen- to de pessoas ou de grupos. Portanto, este trabalho tem por objetivo apre- sentar a importincia das competéncias profissionais interpessoais do lider no exercicio da Lideranga Mi- litar. Dividido em quatro partes prineipais: introdu- cio, desenvolvimento, conclusio e bibliografia, i aremos com 0 relato do filme “Fomos Herdis". Este filme foi baseado em um livro de 1992, escrito pelos homens retratados no filme pelos atores Mel Gibson e Barry Pepper - respectivamente, o oficial comandan- te da agio principal retratada e um jomalista ci No decorrer deste trabalho iremes aplicando 65 conceitos tedricos ministrados na disciplina Lide- ranga-l encontrados no caso relatado, Ferneceremos uma breve fundamentacdo teérica de cada conceito, antes de aplicé-lo diretamente no caso. Desenvolvimento Item 1- Relato do Caso - Filme: Fomos heréis filme retrata acontecimentos reais ocorridos 64 | REVISTA DE VILLEGAGNON em novembro de 1965, no Vale La Drang, no Viotni. No entanto, inicia relaiando a chegada do destaca- mento francés, mobile 100, a0 Planalto Central do Vietna, em junho de 1954. Esteera 0 local para ondeos soldados americanos iriam onze anos depois. (O destacamento francés, a0 adentrar no local, so fre um ataque esmagador por parte dos vietnamitas ¢ (5 soldacos franceses sequer tm tempo para resistir 20 atague. O resultado do conironto foi a completa aniquilagao do destacamento. Nes Estados Unidos, no ano de 1965, oficiais su- eriores comentam o episédio ocortido com os fran- ceses em 1954 no Vietnd e as causes que levaram a derrota daquele grupo, que foram: o relevo no Vietna no favorecer as manobras ea falta de conhecimento do terreno. Baseado nesse fato, 0s EUA criaram a es- tratégia de utilizar helicépteros para contornar esses contratempos. Para testar essa idia foi destacado 0 jover coronel Hal Moore, interpretado por Mel Gibson, que comandou uma companhia de combatena Coréia. Ao receber a noticia de que foi designado para tal missio, 0 coronel Moore mudou-s, juntamente com, sua familia, para a base e, logo, procurou estudar 0 ambiente do Vietnd e o confronto ccorrido em 1954 centre os franceses e os vietnamitas. Além disso, apro- ximou-se dos soldados que ele iria comandar no Vieind para conhecé-los melhor. Destaca-se a cena em que Moore conversa com 0 oficial Crandall referindo-se a ele como a solugio de seu problema, Crandall comentou que ja o haviam ‘chamado de muitas coisas, menos de solugio. O coro- nel comentou que a missio a que Crandall seria desig- nado consistia em voar de helicéptero para um terre- no hestil, com poucos homens e longe de casa. E era importante para ele conhecer o piloto que Crandall ea. Em seguida, Hal reuniu todos os seus homens e falou sobre a misao a que foram designados, suas qualificagdes e afirmou que como ele era o comandan- te, sempre seria © primeiro a saltar do helicéptero. Isto porque queria inspirar seus soldados a seguir 0 seu exemplo e mostrar a importincia de estar junto deles no campo de batalha. ‘Comegaram os treinamentos para a missao. Moore fazia questao de participar de todos. Durante o exercicio com o helicéptero, chegou para seus homens © perguntou que procedimentos adotariam, caso 0 comandante morresse naquele exato momento. Nao souberam respondé-lo. Disse, entdo, que esse tipo de atitude os levaria & morte e que, na verdade, eles de- veriam continuar com a manobra, sem hesitar. Ocoronel reuniu seu pelotio, mais tarde, ¢ falow da importincia de eles aprenderem a funsao de seus superiores e da transmissao do conhecimento de suas fungdes pare es mais modernos. ‘Num dado momento, prosseguindo no treinamen- to, os homens ouviram pelo rédio transmissor a agao dos soldados no Vietna: gritos e tiros foram escuta- dos, seguides de um longo siléncio. Tal fato diminuia © moral do grupo. Percebendo isso, 0 coronel disse a0 pelotao que eles deviam lutar como uma familia, pro- curando cuidar uns dos outros, porque na guerra 56 teriam uns aos outros. Durante um exercicio, um jovem oficial percebeu dificuldades no caminhar de um dos soldados. Orde- rou, entio, que os demais tirassem suas botas e veri- ficassem os pés uns dos outros. Ao notar ferimentos nos pés do referido soldado, o tenente ordenou que este tomasse providéncias. O coronel observou a ati- tude do oficial e comentou-a como sargento Plumbley, que © auxiliava nos adestramentes, que aquela atitu- de era de um lider. No contexto particular, a esposa do oficial Jack Geoghegan deu a luza um menino. Ocoronel conver- sou com o tenente a respeito de ser soldado e pai ¢ tentou tranqiilizé-lo rezando junto com ele, confor- tando-o de seus temores. Durante a festa de comemoragao do inicio da mis- 40,0 coronel conversou com o general encarregado da missio, dizendo que o presidente ndo mencionara que estado da missdo era de emergéncia, significando que © alistamento nao seria ampliado. Estava indignado, pois a diviséo usaria técnicas nunca antes utilizadas em combate e ficaria sem reforgos diante de um inimi- o.com vinteanos de experiéncia no terreno. E, ainda, 0 {governo retirou trinta por cento dos homens, na maio- ria os mais experientes, inclusive oficiais. Em um pronunciamento feito & 7" cavalaria, 0 co- ronel mencionow que, apesar de credes ¢ ragas distin- tos dos membros do grupo, para ele nao havia dife- rengas entre eles, visto que todos marchavam para lum mesmo ideal. Além disso, oinimigo que enfrenta- iam era persistente e determinado e precisavam, principalmente, de coesio. Ele mencionou que nao poderia prometer que todos voltariam vives, mas ele seria o primeiro a entrar no campo e o tiltimo a saire que nio deixaria ninguém para trés, fosse morto ou O grupamento despede-se de suas familias e vai para a base, dirigindo-se ao Vietna. Lé, 0 coronel f informado do ataque em Plaie me, Comentou que isto seria uma emboscada e 0 fato era agravado por no saberem 0 efetivo do exército vietnamita. O trajeto do helicdptero até o local oncle se encontravam os inimi- 40s levaria em tomo de trinta minutos; logo, os pri- meiros sessenta homens a pisarem em terra ficariam meia-hora sozinhos. Apesar desses empecilhos, 0 co ronel dirigiu-se prontamente ao local. O lider do exér- cito vietnamita foi informado da proximidade dos helicdpteros americanos e ordenou que os homens se reparassem para 0 combate. Pelo lado norte-americano, o lider do primeiro pelotao, ao adentrar na floresta por orem do coro- nel, avistou um soldado inimigo sozinho e desarma- do; decidia persegui-lo, sendo seguido por seus ho- mens. Nesse momento, 0 coronel encontrou um desertor do exército vietnamita que revelou ser aque- Ie local a base de toda a divisio cujo efetivo era de 4000 homens. Moore ordenou, entio, 0 reagrupamento na rea de desembarque para recomegar o ataque; entretan- to, 0 1° pelotao jd estava cercado pelas forgas inimi- ges. Tentou fazer contato com aquela patrulha con- centrando seus esforcos no resgate daquele grupo e nna retirada dos feridos de combate. A intengao dos inimigos era atacar os flancos e destruir a zona de desembarque, pois afctariam os suprimentos ¢ a rota de fuga norte-americana, Moore participava tao efetivamente do confronto que o sargento Plumbley sugeriu a ele que se expuses- se menos, pois era vital para o grupo. Ele eriou uma nova zona de desembarque, permitindoa retirada dos feridos e oreforgo das companhias a fim de resgatar 0 pelotao isolado. Comentava-sena contra-espionagem EUA-Saigon que havia uma patrutha cercada por incontaveis ini- ‘migos, estando a cavalaria perdida apesar dos esfor- 08 do coronel Mesmo diante do ceray, o Sargento Savage nao deixa a moral do primeiro pelotio cair, acreditando que 0 coronel iria resgaté-los, Durante dois dias de combate, o coronel empre- ou seus esforgos no resgate do pelotao, mesmo rece- REVISTADE VILLEGAGNON | 65 bendo ordens de retomar ao QG de Saigon para tra- zer informagies. Ele afirmou que ficaria com seus ho- mens até o fim da batalha, Nos periodos de descanso, © coronel procurava dizer para cada soldado que eles tiveram um bom desempenho no conflito a fim de anima-los. Com 9 perimetro destruido e suas companhias em um nimero reduzido, ele conseguiu resgatar seus soldados que se encontravam isolados. Hal pediu apoio as aeronaves para resgatar 0s soldados isolados, 0 que efetivamente ocorreu ¢, mesmo exaustos, 05 res- gatados optaram por auxiliar seus companheiros nos embates do dia seguinte. No terceio dia, mediante reforgos de helicépte- 108, 08 soldados conseguiram avancar pela mata e penetraram nas linhas inimigas. Como nao havia mais homens entre o comando e o posto, o lider doexército victnamita ordenou que os homens restantes se reti~ rassem, Declarou-se a vitéria da missio americana ¢ em ‘Saigon, 05 superiores de Hal Moore o felicitaram por matar mais de 1800 soldados inimigos. Mandaram- no levar a7" Cavalaria de volta 20 combate. Ele levou elutou a seu lado por mais235 dias. Apés isso, 0 coro- nel retornou para casa e foi recebido por seus familia- res. Item 2 - Fundamentacao Teérica Processos Grupais A coesto grupal, que pode ser definida como re- sultante da atratividade que o grupo exerce sobre seus integrantes, que resistem a idéia de abandoné-lo, &0 processo mais significativamente manifestado pelo ‘grupo em questio. ‘Um exemplo claro dessa afirmacioé 0 dohomem ‘que se propde a sair do helicéptero para que seu com- panheito, supostamente ferido mais gravemente, en- tre. Quanto maior a coesdo grupal, maior seri a pos sibilidade dos individuos sacrificarem seus interes- ses pessoais em favor dos interesses do grupo. Dentre os fatores que contribuem para aumentar a coesao grupal, podemos identificar a promessa de atendimentos das necessidades des participantes no referido grupo. Iss0 foi revelado durante a locucao do Coronel Moore quando este diz quesua tropa era cons- tituida de varios tipos de homens (americanos, por- to-riquenhos, japoneses, negros, brances, indios), mas que naquele momento todos eram iguais perante ele e que ninguém jamais se encontraria em posicio de demérito em relagao aos outros. | REVISTADE VILLEGAGNON Janowitz, ao escrever sobre os militares, cita que qualquer profissao que envolva a ameaga de risco de- senvolve forte sentimento de solidariedade entre seus integrantes. Fato claramente aplicivel na situagio descrita, onde a tropa se encontrava em situacdo de combate, risco iminente de vida em solo vietnamita. Fenémeno da Lideranga A) Tipos de poder Os lideres usam varios tipos de poder para influ- enciar outras pessoas. No entanto, 0 poder exercido pelos membros da equipe, ou por subordinados, atua ‘como limitador de quanto poder os lideres pociem exer- cer. Dentre as cinco bases do poder (legitimo, coercio, recompensa, referéncia e competéncia), destaca-se que a referéncia, a competéncia ¢ 0 legitimo estavam pre- sentes no coronel A competéncia era notada pelos subordinados pela forma com a qual 0 coronel conduzia a tropa no terreno inimigo ea agdo de criar uma nova zona de desembarque para auxiliar na retirada dos feridos. O legitimo é facilmente percebido devido ao ambiente :ilitar no qual os acontecimentos ocorrem e a paten- te do corone! Hal Moore, comandante do 1° Batalhio da Setima Cavalaria. A referéncia estava presente na sua exposiglo excessiva no confronto e em seus dis- ‘cursos em que assumia sero primeiro aentrar no cam- pode batalhaeo iiltimoa sair e que nao deixaria nin- guém para tris, seja morto ou vivo. B) Teorias de lideranga - estilo comportamental ‘Sao as teorias que estudam a lideranca em termos de estilo de comportamento do lider em relagio aos seus subordinades, isto é, maneiras pelas quais o li- der orienta sua conduta, 0 seu estilo de comporta- mento de liderar. A principal teoria (White e Lippitt, em 1969) que explica a lideranga por meio de estilos de comportamento, sem se preocupar com caracte- risticas de personalidade é a que se refere a trés estos de lideranga: autocritica, democratica e laissez-faire. C) Teorias de lideranga-lideranga transformacional A lideranga transformacional consiste num vin- culo que se estabelece quando as pessoas estio ‘engajadas entre si por buscarem 0 atendimento das necessidades de nivel mais elevado. lider transformador é capaz de incentivar os seguidores a superarem seu desempenho pasado e seu interesse pessoal, criando um sentido de compro- metimento em relacdo aos objetivos. Neste processo, surge uma influéncia miitua na qual 0 lider e 0 segui- dor estimulam um ao outro, pois ambos se identifi- cam com a causa que perseguem. Isto ocorre porque os seguidores presenciam os tipos de sacrificio que o lider faz para cumprir a mis- sio. Ao identificar-se com 0 lider ¢ a missao que ele personifica, 0 nivel de motivacao dessas pessoas se leva, bem como o desejo de aceitar desafios. Nota-se esse tipo de lideranga transformacional ‘exercida pelo coronel Moore em diversas passagens do relato: o comprometimento perante 0s seus coman- dados de ser o primeito a pisar em solo inimigo e 0 Ultimo a sair; sua recusa em sair do campo de batalha desobedecendo a ardem docomando e arriscando sta vida; € a persisténcia de seus comandados, inclusive dos que foram resgatados e estavam fisicamente es- gotados, em continuar apoiando seu lider mesmo sa- bendo que as chances de vitéria eram minimas, D) Teorias de Lideranga ~enfoque organizacional e cultural Cultura organizacional (Os que ocupam posigdes de lideranga nao sio in- dependentes, capazes, por si sés, de determinar 0 curso dos acontecimentos. Sao partes integrantes de tum sistema mais amplo de interagées que envolver variiveis das mais diversas. Dentre essas se desta- cam caracteristicas, necessidades e reagoes dos lide- rados, a natureza do relacionamento com outros li- deres, 0 clima organizacional, a natureza da ativi- dade ¢ seus objetives, a estrutura organizacional & as condigdes do meio ambiente onde a organizacao esta inserida, ‘Todos esses aspectos interferem na criagao de pa- drdes de comportamento ¢ relacionamento entre as pessoas, de valores, expectativas, normas formais & informais e de reagdes que se combinam dinamica- mente ¢ se cristalizam num conjunto que se convencionou chamar de cultura da organizagio. As organizagdes militares enquadranvse numa cultura formal onde o relacionamento humano é estruturado de forma hierarquizada, o controle to por meio de regras; a fonte de poder superior e ori- entagao das autoridades sio bases para decisSes ¢ a obediéncia tem como finalidade o cumprimento da ordem estabelecida e a nao-discordancia das deter- minagoes dadas. A festa de confratemizagio para comemorar o ini- cio da missa0 ea despedida dos soldados e os jargdese girias que eles usavam para comunicar-se sSo indicios que auxiliam a elucidar as principais ideologias, cren- gas e escala de valores subjacentes 3 cultura. Lideranca Militar A) Definigao A lideranca militar ¢ comumente definida como lum processo de influenciagdo de pessoas quetem como, finalidade levar ao cumprimento da missao onganizacional. Nas definigées mais atuais, verifica- se uma preocupagao que vai além dos limites imedia- tos da missdo que busca um compromisso mais am- plo com o aperfeigoamento continuo da organizagao. B) Niveis de lideranca militar A lideranca militar pode ser dimensionadaem trés + dieto - que acontece todas as vezes que o lider se relaciona pessoalmente com seus liderados. Por termédio do contato pessoal, olidertem methores con- digdes de exercer influéncia sobre eles: organizacional- normalmente empregado em organizagoes militares que operam a base de estados- maiores, constituindo-se um misio de lideranga dire- ta (em pequena escala) e delegacao de tarefas. » estratégico - é tipico dos escaldes estratigicos © Politicos. Os lideres estratégicos concebem a estrutu- ra desejada, planejam a alocacao de recursos ¢ comu- nicam as visdes estratégicas da instituigdo, preparan- do-a para desafios futuros. © coronel Moore apresentava um nivel de lide- ranga mais direto porque se relacionava pessoalmen- te com seus liderados. Ele estava sempre nos treina- mentos, lutou juntamente com seus liderados no Vietnd e, durante os periodos de descanso, procurava motivé-los dizendo que cada um desempenhou um bom trabalho. ©) Motivacao Anatureza das atividades militares possiveimen- te caracterizar-se-a sempre por tarefas perigosas ou simplesmente desagradaveis e a esséncia da lideran- {ga militar estaria em influenciar os outros para que facam coisas que, sem tal intervencao, nao as fariam. Nota-se claramente que lideres ¢ lideradosencontram- se numa relagdo de influéncia reciproca. Os liderados sdo colaboradores de quem exerce a lideranga e sem liderados, nio ha lideranga, nem misséo. REVISTADE VILLEGAGNON | 67 Caracteristicas da profissao militar ‘A) Moral militar Defina-se como 0 estado de espirito de alguém, gerado pelas circunstancias que afetam a participa- iodele comomembro de um grupo. Omoralelevado 86 existe em grupos onde a disciplina consciente pre- domina e baseia-se na crenca de cada um em si mes- ‘moe nacousa que defende. B) Etica ‘A profissdo militar possui, assim como qualquer outra, sua ética, justficativa racional para 0 compor- tamento e a existéncia de determinadas normas. Por seu aspecto peculiar, mencionames, por exemplo, 0 ato herdico de matar os inimigos (tropas vietnamitas) ‘em combate. Ressaltamos esse exemplo pela peculi ridade epresentada pelo mesmo. No meio militar, esse aspecto faz parte da profissio e justifica a conduta apresentada em fungao do contexto, embora essa pri- tica seja condenavel em outros grupos ou sociedades, ©) Sistema Social Militar E importante frisar que Moore possuia em maos tum sistema social, que por definigio consiste de um. grupo de individuos interagentes que tém como ra- Zio de serum conjunto coeso de significados-normas- valores. Sua companhia compartilhava um objetivo comum, que era o resgate do pelotio isolado eacuado pelo inimigo e compartilhava muitos valores e nor ‘mas comuns, muitos dos quais por ele mesmo passa- dos, Por isso identificamos em seu grupamento as principais caracteristicas mencionadas em aula na composigio de um sistema social militar: dindmica, companheirismo e transparéncia, ) Interagies do sistema social militar sistema militar nao é um mecanismo isolado e independente do restante da sociedade. Ele é interdependente da mesma, nos aspectes econdmicos, politico e social. Dessa forma, o sistema militar em- prega parte da populacio economicamente ativa e ‘emprega parte dos seus recursos, protegendo as ins- tituigdes econdmicas e as fortalecendo. Além disso, cle garante os direitos politicos do povo, protegendo as fronteiras geograficas e 0 pleno funcionamento das instituigGes politicas. Como contrapartida temos es- ‘sa5 mesmas instituigDes regendo e legistando todo 0 sistema. Temos ainda a interag3o com a sociedade, 68 | REVISTA DE VILLEGAGNON contribuindo como um mecanismo de socializagao, juntamente com a Igreja e a Escola. Temos, assim, nas Forgas Armadas, tanto um agente socializador, como um protetor dessa mesma sociedade. (0 caso relatado nos exemplifica essa relagio do ‘meio militar com o ambiente externo. As tropas ame- ricanas utilizadas foram um instramento de proje- sdo da politica Norte Americana, Elas sio mobiliza- das em combate nao s6 como parte da politica ‘expansionista americana, mas também como de pro- tecao de suas instituigdes econdmicas e politicas con- tra uma ameaga, no caso, a expansio comunista do Vietna do Norte, (Nota do Grupo: Estamos nos pro- pondo apenas em relatar os fatos da histSria oficial e enquadré-los no contetido da matéria, nfo tomando qualquer partido ou fazendo qualquer andlise critica da guerra), Para fundamentar o que foi epresentado, trazemos a tona a definicio de seguranca nacional: “Garantia proporcionada a nagao por meio de ages, Politica, econdmicas, psicossociais militares para a conquista ¢ manutencio dos objetives nacionais per- ‘manentes” Um importante fato sobre essa interagio mil rismo-sociedade & que ¢ avaliada e explicitada atra- vés de mensagens publicadas pelos érgaos de comu- nicagio de massa, demonstrando “feedback” da so- ciedade para com o sistema social militar. Apesar de isso nio estar explicitado no relato, sabemos de acordo com a historia oficial que a opi- no publica americana comecou, depois de determi- nado periodo, a questionar a importincia e a valida dee dos objetivos apresentados para a guerra e inicia- Fam-se as pressdes para o fim da mesma, Esse fato ilustra e evidencia essa forte interagdo sociedade - Forgas Armadas. Item 3- estudo/anilise critica do caso 1- Esboco de diagnéstico da situacao- problema s fatos ilustrados no filme demonstram uma si- tuagdo desfavordvel para a Sétima Cavalaria, nosso grupo em estudo. Os combatentes eram inexperientes, tanto profissionalmente quanto no terreno, As técni- cas de combate a serem utilizadas eram novas € previamente testadas. Historicamente, os combates travados no referido terreno tiveram como vencedor ‘oexército vietnamita, 0 que thes conferia grande van- tagem numa situagao de guerra devido A experiéncia acumulada durante os anos. O fato do alistamento naoter sido ampliado, fazendo com queo grupamento ficasse sem 30% do efetivo, também dificultou a sita- ‘aco na qual se encontravam. ‘Alem disso, 0 moral do grupo foi fortemente aba- lado ao ouvirem uma transmissao via rédio da situa- «Go em que se encontrava 0 exército norte-americano ‘em territério vietnamita, Como o grupo era compos- to, em sua maioria, por jovens militares, muitos deles haviam acabado de constituir familia, inclusive com filhos pequenos ou recém-nascidos, o que contribuia para que o receio de abandoni-los fosse grande. Um bom exemplo disso é o tenente Jack Geoghegan, que acabara de ver seu filho nascer. Até mesmo 0 coronel Hal Moore pessuiia cinco filhos pequenos, mesmosen- do.um oficial experiente. © grande desafio do coronel Moore consistia em. extrait 9 maximo potencial de seus homens diante das adversidades supracitadas, elevando seu moral ¢ for- talecendo os lagos que uniam os membros do grupo. 2- Analise critica do estilo de lideranga / linhas de agao adotadas e alternativas Aoanalisarmos estilo de lideranga bem como as linhas de agao adotadas pelo coronel durante o contli- to mencionado no caso em questo, podemos obser var uma série de conceitos ligados a lideranca que foram previamente estudados em sala de aula. Em seguida, iremos relacionar 0s fatos do caso com a teo- ria exposta no item dois. ‘A Lideranga do coronel Hal Moore desempenthou um papel integrador entre seus membros. Fle trans- mitiu idéias, normas e valores sociais, o que pode ser claramente percebido durante as instrugSes minis- trades por ele no treinamento militar. Dentre as prin- cipais caracteristicas de um grupo social, a que se en- contrava mais enraizada no grupo era 0 objetivo co- ‘mum. Podem se identificar tais idéias durante o dis- curso proferido pelo corone! Moore antes que os mili tares fossem a guerra. Ele mostra aos seus subordina- dos que estes lutavam para conquistar algo que trans- cendia as vontades desejos individuais e que iria engrandecer toda a nacio, A lideranga transformacional adotada pelo coro: nel foi extremamente importante, pois ajudou o gru- poa lidar coma situagao de stress gerada pelo conili fo, ambiente onde o grupo estava inserido continha muita incerteza, volatilidade e turbuléncia. Para en- frentar esse tipo de ambiente, ¢ necessério ultrapas- sar situagées que envolvem surpresa, ameaga e con- tingéncias ocultas. Se o coronel adotasse um estilo de lideranga transacional, ele seria incapaz de ajudar os seus soldados com solugées criativas que 0 contexto pedia, somente mantendo 0 controle do grupo por meio de regras e regulamentos. © fato que contribuiu para a consolidagio desse tipo delidecanga foi a preocupagio de Hal Moore com ‘© aspecto moral de sua tropa, preocupando-se em conhecé-los um a um para efetivamente mostrar a cles que é um lider presente e proximo a eles. Um ex- trato interessante relative ao que {oi citado foi quan- dofalou pessoalmente ao piloto que conduziu sua tro- a, por meio aéreo, para um local hostil. O coronel © chamou de “soluggo para seu problema” e o piloto espantou-se, dizendo que fora chamado de muitas coisas, exceto de solugao. Esses valores morais foram passados a tropa por meio do exemple, ¢ vemos isso quando Moore falow ppara seus homens que estaria com eles durante todo 0 tempo ¢, apesar de nao ter prometido que todos volta iam vivos, jurou que seria 0 primeiro a colocar os pés em campo de batalha eo iltimo a sair. Através dessa postura, Moore elevou os objeti- vos de sua tropa e a tomou coesa. Isso ¢ importante, visto que nesse tipo de situagio, ¢ importante haver objetivos claros e uma autodisciplina consolidada, 0 que era durante todo o tempo estimulada por Moore, demonstrando assim uma lideranca extremamente segura. O coronel jamais abandonaria um sé de seus homens, vivo ou morto, o que pode ser visto em sua postura de voltar a uma regiio extremamente hostil para resgatar um pelotdo que estava acuado pelo ini- migo. Em suma, « lideranga transformacional de Moore assinalou a importancia do objetivo que estava sendo perseguido, o que facilitou a ligagio da identidade de cada um com a identidade do grupo, fortificando os lagos ¢ 0 espirito do grupo. Analisando 0 outro estilo de lideranga adotado pelo coronel, a autocratica, esta foi extremamente ne- cessdria no caso em questao. Bombardear o territério inimigo e efetuar prisioneiros sdo exemplos de opera- ses militares que resultam em um elevado grau de risco de vida. Logo, ordens nao podem ser discutidas ‘ou questionadas, pois comprometeriam o andamento da missao e a sobrevivéncia do grupamento, Os de- inais estilos (democritico e Laisso7-faire) nao se en- quacrariam no contexto; por exemplo, caso a aborda- gem do coronel fosse democritica, ele poderia ser vis- to como um inseguro pelos seus subordinados que comprometeria a atuacao do grupo no confronto. En- REVISTA DE VILLEGAGNON quanto s¢ adotasse um estilo Laissez-Faire, ele deixa- ria os seus subordinados com diividas sobre o cami- ho a seguir e prejudicaria a motivagao da tropa. Aose defrontar com tarefas perigosas ou simples- mente desagradaveis, caracteristicas do conflto, ali- deranga militar de Moore tratou de influenciar seus liderados para que fizessem as coisas certas que nao fariam sem a sua determinagao. Para isso, houve a Preocupacao por parte do coronel durante todos os treinamentos de transmitir para seus homens da im- pportancia da atividade e de seu cumprimento, embo- 2 perigosa. Para 0 convencimento dos liderados, ‘Moore se utilizou da motivacao, doexemplo, dainfor- magao e da exortagio com 0 objetivo de influenciar seu grupo para a misao, Conclusao Num mundo em que vivemos, sujeito a diversos tipos de conflites, nem sempre esperades ou deseja dos, toma-se necessirio, mais do que nunca, buscar com afinco o exercicio da Lideranga mais adequada. carter altamente técnico da guerra elevou a necessidade da qualificag3o dos soldados e valorizou o trabalho em equipe e a contribuigao a ser dada por cada membro do grupo. Assim, 0 objetivo dos coman- dantes deixa de ser a manutengao da disciplina, vie sando apenas a obediéncia incondicional, e passa a concentrar-se na obtengao de elevados niveis de ini- Gativa e moral. Apés a anélise que foi feita, vimos que 0 coronel ‘Moore foi extremamente eficiente e eficaz no atendi- mento daé expectativas acima, o que pide conduzi-lo realizagao dos seus objetivos, os quais eram resga- taro pelotio isolado ¢ minimizar baixas em sua tro- pa, ndo abandonando nenhum de seus homens em territério inimigo. Seu sucesso na conducao de seu grupamento demonstra a importancia desta busca pela competéncia profissional e interpessoal, bem como © estilo de lideranga mais adequado para cada situagao. ORIGEM DAS PALA Professor Carlos Peres Quevedo CAPITAO.DE-MAR-E-GUERRA A palayra guerra foi acrescentada pelo rei de Por~ tugal para indicar que os capitaes de mar tinham au- torizagioreal de declarar guerra nas colbnias d’Africa. FRAGATA bp lembront o plssaro fraga. CORVETA portal em catalao. imam 70. | REVISTADE VILLEGAGNON

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