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J) ACAO DISCIPLINAR Resumo de um acérdéo do Conselho Disiplinar da Regido Sul relativo ao colapso parcial de uma edificagdo durante a betonagem da laje do iltimo piso, em que foi aplicada a pena discplinar de Suspensdo do Exercicio da Profissdo ‘a0 engenheiro responsével pela dire¢ao da obra. Discipinar ou CDISS, analisou uma partcipacio feita por uma Cmara Municipal, oravante ediidade ou CM, contra um engenheiro, doravante arguido ou engenheiro, oor este, na sua {qualidade de diretortécnico da obra de construgéo de um imével nao ter acompanhado, com a frequéncia que a mesma impunha, ‘a obra que estava sob a sua responsabilidade, 0 Conselho Disciptinar da Regido Sul doravante Conselho Durante o proceso de betanagem da laje do tltime piso, @estru- tura do edifciocolapsou, causando a derracada parcial da mesmo ra zona poente, Tal derracada fcou-se a dever ‘a mau escoramento ce mé curagem do betdo da placa anterior’ ncontravam.ce no local, na altura da derrocada, alguns trabalha- dores, dos quais trésficaram feridos, em consequénca deta e necesséria da derrocada, tendo recebido assisténcia hosptalar, O projeto da estrutura/estabildade que deu entrada na CM era da autoria do engenheiro, ‘A responsabidade pea boa execuco técnica ficou a cargo do en- genheir, qual assinou para oefeito« compatente terra de res- ponsabiiade, Na sequéncia da derrocada @ CM abriu um inguérito para apurar responsablidades. Na sua participagdo & Order a edildade mencionou as alteragbes efetuadas ao projeto, nomeadamente: a espessura das lajes fo reduzida, alguns pilares foram suprimides, deslocados ou foi atto- rada a sua dimensio, e foram verificadas “rregularidades na exe- ccugdo da obra tais como insuficentes recobrimentos das armaduras inferiores das ljes, deficiéncias nas juntas de betonagem e as li- gagGes/lajes, e ainda exageradas deformagies por fexéo das lajes dos pisos" {Quanto ao lvr de obra, diz @ CM: "nda se conseguiu apurar que © mesmo tenha estado na obra (.)Apés@ derocada a fsclizacao téenca, em diversas visitas que fez 2 local, nunca encontrou na «bra nenhum funcionéio que o pudesse forecer Acresce que 0 ivro apenas tem um registo do diretor téenco da obra, em que apenas regstao deslacamento do mure de suporte da obra” ‘Afirma a CM que “as declaragdes de responsabilidade apresentadas pelo engenheira relativamente aos projetos de que é auter, bem como ade técnico responsive pela execucio da obra, constituem 6 INGENTUM Mab /suNto2012 perante a CM “garantias bastantes do estrito cumerimento das rnormas legais e regulamentares aplicéveis, dispensando a sua verificagdo prévia pelos servicos camardiris.."-n25 do art, 6°40 Decreto-Lei ne 448/91 ACM disse ainda que o engenheiro “ae no acompanhar e dig, técnica eefetivamente, a obra soba sua responalidade nos termas {escrito violou-as normas jurdicas do RGEU citadas no némero anterior, em como o1n® 2 do art. 30°, nos 1.1 ¢ 1.2doart 31° ar. 32° do RMEU, factos que constituem contraordenacia nos termos do art, 1032 deste regulamento’E que, “por outro lado, 30 no registar no lvro de obra o estado de execucéo das obras, in- correuna contra ordenagéo prevista na alinea m} don 1 do art 98° cdo Regime Jurdico da Urbanizagao eEdficacao".O lira de cbrano fea apenas um, mas sim dois: ur anterior & data do acidente (com uma tnica anotaéo técnica supra indicada) e out inado dois ‘meses apés a aludida deracada, com mengSes requlares e quase dias, conforme o Minstério Pubic (MP) veio a apurar COMP proferiu acusacdo contra o engenheia (entre outros), pond tem relevo que este ‘omitiu conscientemente os seus deveres de acompanhamento fiscalizagdo da obra, tomou conhecimento das, alteragées a0 projetado e nelas assent, no tomando quaisquer providéncias para inverter a situagdo, nfo acompanhando sequer os trabathos e nao ignorando serem esses os seus deveres’,eque, “em consequéncia das condutas dos arguidos, acabou por ocorer ‘um desmoronamento suscetivel de pdr em perigo a integridade fisicae até a vida de terceiros, perigo este que os arguidos podiam prever © que acabou por vitimar ts trabalhadores que ficaram, feridos" e que ‘conheciam ailictude da sua conduta’. ‘Apds instrugao foi proferide despacho de prontncia contra o enge- ‘eirofentre outros arguidos) para ulgemento em proceso comum com aiintervengo de Tribunal Coletvo. (Tribunal Coletvo veio a absolvero engenheiro do crime previsto € punido pelo argo 2772 ne 1 do Cédigo Penal, que dspe que “Quem no &mbito da sua aividade profssonalinfingir regrasle- 42, regulamentares ou ténicas que devam ser observadas no J ACAO DISCIPLINAR, planeamento, diregdo ou execucio de construcéo, demolao ou instalagdo, ov na sua modiicagSo ou conservacae; (..)ecriar deste ‘modo perigo para a vida ou para a integrdadefisica de outrem, ou parabens patrimonias alhetos de valor elevado, & punido com pena de prisdo até cinco anos" Nao tendo concordado com a decisdo daquele trisunal, o MP re- correu para o Tribunal da Relacéo, Tribunal da Relaco considerou improcedente orecursointerpasto rmantendo a absolvicdo criminal dos arguidos, visto que no es- tavam perfectiblizadas os elementos objetivos do tipo de crime pelo qual os arguidos foram submetidos a julgamento, Embora tendo presente as decisdes tomadas pelos tribunais, © Consetho Disciplinar entendeu que a atuagéo do engenheiro no foi deontologicamente correta pois, na sua qualidade de diretor ‘&cnicoda obra, devera tudo ter feito para evita ocolapso que veio a ocorrer,além de que deveria ter preenchidoo lvro de obra com tuma pericicidade minima mensal, 0 que no acontece. E certo que se tratou de um periado de tempo que coinciiu com uma sobrecarga anormal de trabalho, encontrando-se o engeneio, em simultane, a fiscalizar duas obras extremamente exgentes Tal excesso de trabalho imods ao argudo uma necessidade de adaptacao e consequentealteracéo dos seus horéros, em termos proissionais, pois estava incumbido de zelar pela boa fscalizacso das diferentes obras localizadas em dstntas zona. Ora, o1n® 4 do artigo 88: do Estatuto da Ordem dos Engenheiras (EOE) dispBe que “ engenherre nd deve aceitarrabalhas ov exercer fungées que ultrapassem a sua competéncia ou exijam mais tempo co que aquele de que asponha” A conduta tda peto engenheiro no caso vertente, no entender do CDISS, violou a referida disposigo estatuténa 0 COISS considerou também ofendidos os seguintes, deveres do engenheir, plasmados no EQE: “(.) na sua atvidade associatva profssional(.) pugnar pelo prestigio da profissdo © impor-se pelo valor da sua colaboragdo e por uma condutairrepre- ensivl (.}" ~ art® 888, n° 1; "(.) goranti a seguranca do pessoal executante (J) procurar as melhores solusdes técnica, pon- derando a ecanomio e a qualidade da producéo ou das abras que projetar, drigirou organzar,- art 868, n° 3en?Sede"t.. prestar 1 seus servigs com dligénciae pontuaidade(.), de modo a nto prejudicaro cliente nem terceros(.)"— art? 87.2, n# 2, DEcIsAo [Embora no tenha deixado de ponderar as decisdes tomadas em ‘Tribunal, 0 Consetha Discialinar considerou que a atuacéo orofis- sional do engenheiro, face ao disposto no Estatuto da Order, nfo foi deontologicamente correta pois, na sua qualidade de diretor ‘écnico da obra, tude deveriaterfeto para evitarocolapso que veio ‘a ocorrer eter acompanhado com mais frequncia a obra, pelo que, decidiu aplicar uma sangSo discilinar de Suspenséio do Exercicio da Profssio por trés meses. x3 ‘Mao susvo2013 INGENTUM 7

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