Você está na página 1de 9
hy H A eo PRINCIPAIS DOENCAS QUE ACOMETEM 0 INTESTINO NUTRICAO EM PATOLOGIAS Ensino Superior em Saude CONTEUDO Neste e-book vocé vai ler um resumo sobre as principais doengas e disturbios que acometem 0 trato gastrointestinal e observacées importantes sobre o papel da nutrigéo na prevencdo e no tratamento dessas condigées. DOENGA DO REFLUXO GASTROESOFAGICO CDRGE) A DRGE € uma das condigées médicas mais encontradas na atencdo priméria e atengdo especial e possui um custo de cuidados de satide elevado, assim como possui uma alta perda de produtividade devido a DRGE. Ela é caracterizada pelo relaxamento anormal do esfincter esofagico inferior (EEI), podendo acontecer com sintomas ou dano a mucosa esofagica, tendo variagéio de duracdo e gravidade. O que faz ocorrer o aumento da erosdo esofagica é a soma do EEI relaxado na jungdo gastroesofagica e um atraso do retorno do contetido acido ao estémago. O diagnéstico da doenga é feito através dos sintomas e evidéncia endoscdpica de aumento da exposigéo acida esofagica (Gicera péptica, esofagite e estenose péptica). A DRGE pode se apresentar na forma de pirose ocasional, tosse crénica e asma refrataria ACI e ser diagnosticada nas _condigdes endoscépicas de formas variadas, como a auséncia de lesio e a presenca de complicagdes muito importantes, como o eséfago de Barrett. O interesse pelo tratamento nao farmacoldgico vem aumentando devido aos relatos de efeitos colaterais, além de ter um manejo caro. Uma das formas de manejo da doenca é através da mudanga de habitos alimentares e estilo de vida, podendo levar a um melhor controle da doenga e prevengaio de complicagées. 0 tratamento pode ser divido em trés pilares: modificagdes do estilo de vida, terapia medicamentosa e intervengées cirlirgicas. As mudangas no estilo de vida visam reduzir ou eliminar os comportamentos que contribuem para a DRGE, porém nem sempre nao controlam os sintomas, mas podem ser benéficas em combinacdo com a terapia médica e/ou cirtirgica. Habitos que influenciam na incidéncia da DRGE: habito de fumar, 0 consumo de bebidas alcdolicas, estresse psicossocial, exercicio fisico, posigaio reclinada e elevagaio da cabeceira da cama, obesidade. AL A dietoterapia na DRGE tem como alguns dos objetivos: prevenir o refluxo gastroesofagico, prevenir dor e irritagaio da mucosa durante a fase aguda, reduzir a capacidade erosiva ou acidez das secregées gastricas, corrigir e manter o peso ideal. Algumas das mudangas dietéticas incluem evitar comer refeicdes grandes e/ou com alto teor de gordura trés horas antes de dormir, evitar comer muito rapido e alimentos ricos em gordura, picantes, chocolate, citricos; e evitar beber alcool, café, bebidas carbonatadas. GLCERAPEPTICA A Ulcera é caracterizada por ser uma lesdo no revestimento mucoso do TGI superior, acontecendo por um desequilibrio entre fatores agressivos e protetores da mucosa. Nesta doen¢a, a dietoterapia ¢ muito importante para o seu tratamento e prevengdo, tendo como objetivo prevenir a hiper secreco de cloreto de peptideo, reduzindo a dor, além de promover a cicatrizag¢aéo. Quanto aos nutrientes que devem ser utilizados, eles podem ser diferentes na fase aguda e na fase de recuperagao. ACI CANCER DE ESTOMAGO O cancer de estémago é 0 quarto mais comum e a segunda maior causa de morte por cancer no mundo. Os fatores de risco so: infecco crénica por H. pylori, fumo, consumo de alcool, obesidade, dieta pode em fibras e consumo de alimentos altamente salgados ou em conserva. A maioria dos pacientes possui uma ma ingestdo alimentar, resultando numa nutri¢do inadequada, possuindo grandes possibilidades de desenvolver um estado de desnutricdo. Essa desnutrido, prevalente em 85% dos pacientes com esse tipo de cancer, aumenta a morbimortalidade, permanéncia hospitalar prolongada, baixa tolerancia ao tratamento e menor taxa de sobrevida. A dietoterapia deve ser individualizada, englobar avaliagéo nutricional completa, cdlculo das necessidades _nutricionais, terapia nutricional e seu seguimento ambulatorial. Tem como objetivo prevenir ou reverter 0 declinio do estado nutricional, evitar a progressdo para um quadro de AL caquexia, melhora do balango nitrogenado, redugdo da protedlise e aumentar a resposta imune. DOENGAS INFLAMATORIAS INTESTINAIS (DID) Esse grupo de doengas envolve a Doenca de Crohn e a colite ulcerativa e é caracterizada por inflamago intestinal recidivante crénica. Nao se sabe a causa definitiva das Dll, mas acredita-se que resulte de uma resposta imune exacerbada e continua a microbiota intestinal (fatores genéticos), porém pode haver a interagao com fatores microbianos e ambientais. A colite ulcerativa possui um processo inflamatério que envolve apenas a mucosa e se estende a partir do reto. A diarreia sanguinolenta é um dos sintomas da doenga e pode ser acompanhada por dor abdominal e/ou febre. A constipacdo pode estar presente na exacerbagdo da doenga nos pacientes que sé tem a inflamagao no reto A Doenga de Crohn é caracterizada pelo processo inflamatério que envolve toda a parede do TGI e se propaga segmentemente ACI da cavidade oral para o reto. Os sintomas sao dor abdominal, febre, perda de massa corporal, anemizagéo e diarreia. Aqui, a desnutrigao afeta de 20 a 85% dos pacientes. A anemia afeta de 21 a 88% dos pacientes com DI, sendo a principal causa a deficiéncia de ferro. Esses pacientes também estéo em isco de desenvolver osteoporose. A deficiéncia de vitamina D facilita o desenvolvimento de Doenga de Crohn e colite ulcerativa. Além disso, deficiéncia de vitaminas do complexo B sao frequentes e apresentar deficiéncia de zinco e magnésio. DOENGAS DIVERTICULARES E caracterizada pela presenca de inflamagao e de infecgdo associadas aos diverticulos, frequentemente localizados no célon sigmoide. Essa doenga ataca ambos os sexos, especialmente na velhice. A fisiopatologia da doenga é complexa, mas ocorre através da interagdo entre fibra alimentar, motilidade intestinal e alteragdes na mucosa do cdlon. Os fatores de risco sao a obesidade, tabagismo, baixa atividade fisica e dieta pobre em fibras. AL Apés a recuperaciio da fase aguda, uma dieta rica em fibras 6 prescrita, visto que as evidéncias sugerem que o alto consumo de fibras esta associado a um menor risco de doenca diverticular, porém nao esta associado na prevengdo de diverticulite recorrente. CONSTIPAGAO A constipagdo 6 a passagem dificil ou infrequente das fezes, dureza das fezes ou a sensagio de evacuagao incompleta, podendo ocorrer isoladamente ou ser secundéria a outro disturbio. Na maioria dos casos nao existe uma causa especifica e muitas vezes é dificil de ser identificada. Entretanto, entre as possiveis causas estao _obstrugdes mecénicas, pés-operatério, desidratagdio, Diabetes mellitus, hipomagnesemia, hipocalcemia, baixo consumo de fibras e a dieta. A constipagéio pode ser dividida em disturbios funcionais (transito lento ou normal) e distUrbios de evacuacao retal (inclui anormalidades estruturais ou falta de coordenagéo durante a defecacdo). Sao fatores que aumentam o risco: ACI envelhecimento, _inatividade, depressao, ingestdo baixa em calorias, baixa renda e baixa escolaridade, numero de medicamentos, abuso fisico e sexual, sexo feminino (maior incidéncia de constipacao autorreferida neste publico). Entre as modificagées dietéticas a serem feitas para o manejo da constipagao estd o consumo de fibras e de liquidos. SINDROME DO INTESTINO IRRITAVEL (SII) A Sll é caracterizada por dor, desconforto abdominal e alteragées do habito intestinal. Além disso, séo encontradas caracteristicas secundarias como inchago, distensao abdominal e defecagaéo desordenada. O manejo desses pacientes é feito através de intervengdes alimentares, clinicas, comportamentais e de estilo de vida. Alguns tipos de dietas podem ajudar na melhora dos sintomas. Um exemplo é uma dieta rica em fibras ou formadora de volume associada a uma boa ingestao de liquidos. A fibra insolvel pode provocar efeitos adversos, como inchago e distensdo abdominal, enquanto que a fibra soltivel AL alivia a SII. Outra estratégia é a utilizacdo da dieta FODMAPs, baixa em polidis e oligo-di- monossacarideos fermentaveis. Essa dieta reduz a dor abdominal, o inchaco e melhora 0 padrao das fezes. SINDROME DO INTESTINO CURTO (SIC) ASIC € 0 resultado da resseccao intestinal e geralmente estd associada a algumas complicagdes, como diarreia, desidratagdo e deficiéncias nutricionais. Muitos pacientes acabam desenvolvendo insuficiéncia intestinal e necessitam de nutrigdo parenteral e/ou fluidos intravenosos. Contudo, muitos pacientes apresentam adaptacao intestinal, resultando em alteragdes morfolégicas e funcionais que aumentam o desempenho do intestino remanescente. Este processo ocorre espontaneamente apds a resseccao intestinal. CANCER DE COLON Esse cancer é uma das chamadas doencas ocidentalizadas. As evidéncias sugerem que orisco é aumentando pelo consumo de carne processada e ndo processada e o risco é suprimido pelas fibras. A composigéo dos alimentos afeta a satide do célon através dos efeitos no metabolismo microbiano do célon. ACI AL REFERENCIAS BARBOSA, L. B; FORTES, Renata Costa; TOSCANO, B. A. Impacto de férmulas enterais imunomoduladoras em pacientes com cancer do trato gastrointestinal enteral: uma revisdo da literatura. J Health Sci Inst, v. 35, n. 1, p. 49-54, 2017. CROWE FL et al. Source of dietary fibre and diverticular disease incidence: a prospective study of UK women. Gut.2014; 63(9):1450-6 KANG JH, KANG JY. Lifestyle measures in the management of gastro-oesophageal reflux disease: clinical and pathophysiological considerations. Therap Adv Chronic Dis 2015; 6:51-64, KUWADA, Kazuya et al. Clinical Impact of Sarcopenia on Gastric Cancer. Anticancer research, v. 39, n. 5, p. 2241-2249, 2019 LINDBERG, Greger_ et al.__—- World Gastroenterology Organisation _global guideline: constipation—a global perspective. Journal of clinical gastroenterology, v. 45, n. 6, p. 483-487, 2011. MAHAN, Kathleen L. et al. Krause: Alimentos, nutrigdo e dietoterapia. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. ACI MILEWSKA, M.; SINSKA, B.; KLUCINSKI, A. Dietary prevention and treatment of diverticular disease of the colon. Polski merkuriusz —lekarski: organ Polskiego Towarzystwa Lekarskiego, v. 38, n. 226, p. 228-232, 2015. MORAES FILHO, Joaquim Prado P; HASHIMOTO, Claudio Lyoiti. | Consenso Brasileiro da Doenga do Refluxo Gastroesofagico. Foz do Iguacu, 2000. OWCZAREK, Danuta et al. Diet and nutritional factors in inflammatory bowel diseases. World journal of gastroenterology, v. 22, n. 3, p. 895, 2016. QUIGLEY, Eamonn M.M et al. Sindrome do Intestino Irritavel: uma perspectiva mundial World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines, p. 1-28, 2015. SETHI, Sajiv; RICHTER, Joel E. Diet and gastroesophageal reflux disease: role in pathogenesis and management. Current opinion in gastroenterology, v. 33, n. 2, p. 107- 111, 2017. VEMULAPALLI R. Diet and modifications in the management of lifestyle AL gastroesophageal reflux disease. Nutr Clin Pract. 2008;23(3):293-8 VOMERO ND, COLPO E. Nutritional care in peptic ulcer. Arq Bras Cir Dig. 2014; 27(4):298302 WEISBERGER L; JAMIESON 8B. Clinical inquiries: How can you help prevent a recurrence of diverticulitis? J Fam Pract. 2009. 58(7): 381-2 SS 0 EDITORA __ iPGs Material desenvolvido pela Faculdade iPGS, todos os direitos reservados. AC AL pas:

Você também pode gostar