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Miolo Linguagem Cibercultura Educomunicacao
Miolo Linguagem Cibercultura Educomunicacao
Conselho editorial
2
Fábio Marques de Souza
Lígia Beatriz Carvalho de Almeida
Moabe Breno Ferreira Costa
(Organizadores)
LINGUAGEM, CIBERCULTURA
E EDUCOMUNICAÇÃO:
GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO
POR MEIO DE AMBIENTES DIGITAIS
TECLIN/UEPB/CNPq
3
Copyright © dos autores
Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser
reproduzida ou transmitida ou arquivada, desde que levados em
conta os direitos dos autores.
ISBN 978-65-80266-17-3
Capa:
Elite Estúdio Criativo.
Revisão:
Jean de Medeiros Azevedo.
www.mentesabertas.com.br
2019
4
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 7
Os organizadores
PREFÁCIO 9
Claudemir Viana
A CONTRIBUIÇÃO DA GESTÃO 49
EDUCOMUNICATIVA DO CONHECIMENTO
PARA A CONSOLIDAÇÃO DE CIDADES
EDUCADORAS
Lígia Beatriz Carvalho de Almeida
Iasmin Araújo Bandeira Mendes
Claviano Nascimento de Sousa
CIBERCULTURA E EDUCOMUNICAÇÃO: 71
UMA PROPOSTA PARA A GESTÃO DE
COMUNICAÇÃO DO PRIMEIRO SETOR
Moabe Breno Ferreira Costa
5
O DESENVOLVIMENTO DE UM APLICATIVO 97
MÓVEL NO CONTEXTO DO TELETANDEM
Aldemi Severino da Silva
Aliny Vieira Carneiro
Fábio Marques de Souza
6
APRESENTAÇÃO
7
Educadoras, contextualizando a ideia a partir de oficinas
educomunicativas. Os autores descrevem como a
educomunicação é um processo de produção de
conhecimento compatível com a atual cultura digital.
Nessa mesma direção, Moabe Breno Ferreira Costa discute
a gestão da comunicação no primeiro setor a partir de
perspectivas da educomunicação e da cultura da
convergência e participação significativa.
Já a narrativa construída por Aldemi Severino da
Silva, Aliny Vieira Carneiro e Fábio Marques de Souza
descreve o planejamento, concepção, desenvolvimento,
implantação, testagem e aprimoramento de um aplicativo
para dispositivos móveis junto ao processo de ensino-
aprendizagem colaborativo e intercultural de línguas. Por
sua vez, processos colaborativos e interculturais são
também temáticas do construto de Marina Magalhães. A
pesquisadora discute a ideia de net-ativismo, destacando
movimentos sociais como 15-M (Indignados), da Espanha
e as Jornadas de Junho de 2013, no Brasil.
Por fim, na perspectiva mercadológica, William
Takenobu Akamine discute o conceito de Lyric Vídeo para
difusão da indústria fonográfica, considerando, entretanto
a produção de sentidos a partir da exibição simultânea de
música, clipe e letra em uma única plataforma de mídia.
Boa leitura!
8
PREFÁCIO
9
com os processos de comunicação e participação ativa na
contemporaneidade. Portanto, é de extrema importância a
sistematização de conhecimentos a respeito, qualificados
pela práxis e pela reflexão crítica.
Nas experiências aqui apresentadas, a presença da
mídia e das tecnologias de informação e comunicação são
constantes, seja com a preocupação de entender melhor
sobre os processos educativos em contextos mediados por
elas, seja com a preocupação de se apropriar das mesmas
como exercício do direito de atuar numa cidadania plena,
ampliando para novas práticas de mobilização social e
defesa dos direitos humanos.
Com a leitura, será possível conhecer diferentes
abordagens sobre a questão da educação midiática,
destacando-se a perspectiva do paradigma latino-
americano da educomunicação, que apresenta proposta
de novos modelos de práticas comunicativas visando a
promoção de ecossistemas comunicativos mais abertos,
democráticos e múltiplos. Em convergência a isso, a
mídia-educação também está presente como perspectiva
de abordagem científica sobre processos e fenômenos
culturais contemporâneos.
Os organizadores e autores desta obra oferecem,
assim, contribuições de grande valia para o debate social e
científico a propósito dos novos contextos culturais e
sociais em que estamos imersos, visando potencializar o
uso crítico, participativo e criativo das novas tecnologias
de informação e comunicação.
Boa leitura!
Prof. Dr. Claudemir Edson Viana, Coordenador e
professor da Licenciatura em Educomunicação na ECA – USP.
Julho de 2019.
10
EDUCAÇÃO PARA A MÍDIA COMO ESTRATÉGIA
DE APRENDIZAGEM ATIVA EM AMBIENTE
DIGITAL
11
para participar ativamente na comunidade e na sociedade
como um todo”. De acordo com Mc Garry (1991), o
momento é de se repensar na alfabetização como
“multialfabetização”, o valor dela de acordo com novos
desafios; propor uma alfabetização que esteja de acordo
com o momento histórico e ansiedades contemporâneas.
Para o autor, a alfabetização não é só necessária para o
desenvolvimento individual, mas também coletivo.
Considerando a alfabetização midiática, ou educação
para a mídia, educomunicação ou então media literacy,
uma premissa importante para o desenvolvimento de
sociedades capazes de ler novos textos trazidos pelas
novas mídias, se engajar junto a essas mídias com vistas à
autoexpressão e cidadania, se faz importante o trabalho
com as linguagens midiáticas em sala de aula. A educação
para a mídia é ainda necessária para a plena inclusão
digital de sujeitos ativos, que saibam ler e gerar conteúdo
de forma crítica e reflexiva no cenário digital e de cultura
participativa3.
Além de fazer a relação entre mídia e educação, se faz
importante discorrer sobre as metodologias possíveis que
viabilizam o trabalho com a educação para a mídia.
No cenário em que as tecnologias digitais são
protagonistas, o objetivo deste texto é apresentar técnicas
para o efetivo trabalho com a mídia e educação, fazendo
12
referência a recursos do ambiente online que podem
facilitar o trabalho com a educação, considerando a
concepção contemporânea de metodologia ativa de
aprendizagem.
13
formaliza-se uma “concepção construtivista da formação
da inteligência”, a partir das ideias de Piaget.
John Dewey propunha, no escolanovismo, o
“aprender fazendo” que remete a uma postura mais ativa
em experiências educacionais. Dewey (1959) defendeu a
educação significativa dentro de um processo que
reconstrói e reorganiza a experiência do educando.
Integrante a este processo, princípios de iniciativa,
originalidade e cooperação passaram a ser mais
valorizados. No Brasil, os princípios do escolanovismo
fazem referência ao educador Paulo Freire (1996), que
desenvolveu diretrizes norteadoras para uma educação
problematizadora, dialógica, participativa e
conscientizadora.
Atualmente, as abordagens mais atuais valorizam que
os conteúdos escolares possam ser estabelecidos
considerando o que os alunos já sabem, suas experiências
e vivências. Os conteúdos devem partir de situações-
problema, devem trazer mais o cotidiano para a sala de
aula. A aprendizagem ocorre por meio da motivação e
estimulação de problemas para busca de soluções e
respostas aos fenômenos.
Tais abordagens diferem consideravelmente sobre
àquelas que enfatizavam os conteúdos como
conhecimentos acumulados, que tinham que ser
repassados como verdades absolutas, em que o método de
exposição verbal era predominante.
Hoje, em várias situações notamos que as abordagens
tradicionais ainda persistem, o trabalho em colaboração e
cooperação, o desenvolvimento da autonomia dos alunos,
o trabalho a partir de situações-problemas, não é tão fácil
de ser aplicado. As abordagens de aprendizagem ativas
14
exigem uma pedagogia dinâmica, em que processo de
ensino e aprendizagem é algo extremamente complexo e
não-linear.
De acordo com Moran (2017), observa-se que há uma
certa predominância de metodologias que ainda seguem
um caráter dedutivo: em um primeiro momento, há a
transmissão do conhecimento do professor, sendo que
depois o aluno deve usar esse conhecimento em situações
mais específicas. A dedução é um processo que se
organiza partindo do conhecimento geral para o
particular, ou seja, parte de um saber considerado
universal, para depois chegar a afirmações e conclusões
mais individuais.
Conforme afirma o autor, este tipo de aprendizagem
por meio da transmissão não está descartado e ainda tem
sua importância. No entanto, a aprendizagem por
questionamento e experimentação pode levar o aprendiz
a uma compreensão mais ampla e profunda. Assim, é
notável a combinação entre metodologias ativas em
contextos híbridos, que unam as vantagens das
metodologias indutivas (que partiriam de conhecimentos
mais particulares e individuais, para depois interagir com
conclusões gerais) e das metodologias dedutivas. Dessa
maneira, “os modelos híbridos procuram equilibrar a
experimentação com a dedução, invertendo a ordem
tradicional: experimentamos, entendemos a teoria e
voltamos para a realidade (indução-dedução, com apoio
docente)” (MORAN, 2017, p. 27-28).
Depois desse exemplo, fica clara a fundamental
importância da combinação entre a aprendizagem ativa e
a aprendizagem híbrida. A aprendizagem ativa preza pelo
papel protagonista do aluno; e a aprendizagem híbrida,
15
por sua vez, supõe a flexibilidade, a mistura e
compartilhamento de espaços e tempos, assim como
atividades, materiais, técnicas e tecnologias que compõem
esse processo ativo.
Assim, não significa que o professor precise romper
completamente com suas práticas mais tradicionais, mas
deve combiná-las com novos métodos, que valorizem
aprendizagens por experimentação, em que o aluno cria e
é autor de conteúdos. A combinação entre diferentes
tecnologias (novas e velhas) é também uma forma de
aprendizagem híbrida.
A sala de aula tradicional deve virar um espaço
privilegiado de cocriação, de busca de soluções
empreendedoras, que possibilite estudantes e professores
aprenderem a partir de desafios, jogos, experiências,
situações-problemas, com recursos variados e mais
acessíveis, que podem ser desde tecnologias básicas até as
avançadas (MORAN, 2017). As estratégias devem focar o
estímulo à criatividade, a assumir riscos, tomar decisões
em conjunto, aprender com os colegas, etc.
A seguir, vamos pontuar algumas das principais
estratégias para as aprendizagens ativas (VALENTE,
2017):
A Aprendizagem baseada em projetos (project-based
learning – PBL): A chamada “pedagogia de projetos” já
existe muito antes da vedetização das tecnologias digitais,
uma estratégia de ensino que foca o desenvolvimento de
tarefas, atividades, missões e desafios com a finalidade de
produzir um projeto ou um produto final. É uma
metodologia ativa porque geralmente é desenvolvida de
maneira colaborativa e cooperativa, ao integrar diferentes
conhecimentos dos indivíduos que, juntos, vão atuar para
16
atingir o projeto final. Favorável para trabalhar com
competências como o trabalho em equipe, protagonismo e
pensamento crítico.
A aprendizagem por meio de jogos (game-based
learning – GBL): A aprendizagem baseada em jogos e
brincadeiras também sempre foi uma metodologia ativa, e
que ganha mais evidência ainda com as tecnologias
digitais e o ambiente online. Imersões em ambientes 3D
reforçam o engajamento do indivíduo, que se sente
totalmente dentro daquela situação.
Por meio do jogos, pode-se desenvolver habilidades
socioemocionais, cognitivas e fazer relações, de maneira
lúdica, entre o ambiente do jogo e o que está se
aprendendo. Os alunos são motivados a atingir
determinados objetivos, sozinhos ou em equipes.
O método do caso ou discussão e solução de casos
(teaching case): Partindo de casos reais de organizações ou
situações mais específicas, essa abordagem desenvolve
especialmente a autonomia, a cooperação e a tomada de
decisões. Os alunos devem elaborar soluções e planos de
ação para os problemas centrais de cada caso e situação
particular.
Apesar de serem estratégias bem atuais e
importantes, nos atuais moldes de sala de aula nem
sempre é viável a aplicação dessas abordagens. Conforme
analisa Valente (2017), pode haver dificuldades de
adequar essas estratégias aos conteúdos curriculares
previstos. Além disso, a falta de infraestrutura, muitos
alunos em sala de aula, falta de apoio da gestão escolar,
etc., também são fatores que podem interferir nesta
estratégia.
17
Nesta perspectiva, atividades de educomunicação
têm se mostrado muito favoráveis para o trabalho dentro
dessas abordagens, considerando também os recursos e
ferramentas digitais e online, como veremos em uma
proposta mais adiante.
18
mídia ocupa papel central na vida dos cidadãos, como
fonte de informação e lazer, se faz necessário desenvolver
habilidades para pensar os meios de comunicação de
maneira mais crítica, sabendo identificar as manipulações,
a tomada de partido, os elementos da linguagem midiática
que criam e recortam realidades, etc. Portanto, como
pensar a mídia criticamente, usá-la como meio de
autoexpressão é também uma demanda emergente.
As novas metodologias de ensino e aprendizagem
prezam por abordagens colaborativas, que colocam os
alunos para trabalhar em equipe e buscar soluções para a
resolução de problemas. A inovação, a criatividade e o
pensamento crítico são peças-chaves neste processo.
Neste sentido, e considerando que hoje as abordagens
pedagógicas valorizam o conhecimento do aluno, que
deve ser confrontado com o conhecimento sistematizado,
é importante que se tenha em mente que parte das
tomadas de decisões e soluções de situações-problemas
vão partir de informações e dados que os alunos obtêm
com as mídias – desde comportamentos que aprendem
nos filmes e novelas, até as fontes de notícia que mais
acessam. Assim, consideramos que a habilidade crítica a
ser desenvolvida em mídia e educação ultrapassa o caráter
instrumental de uso das mídias apenas como ferramenta
de reprodução de conteúdo.
As habilidades de produção e transmídia também são
relevantes, visto que hoje as novas mídias ocupam posição
central para a apresentação de novas ideias. Por isso, não
basta saber acessá-las, mas tirar proveito para melhor
expressar o que se pretende.
Vale ressaltar que educomunicação é uma área
interdisciplinar, que se entrelaça a várias disciplinas e
19
áreas do saber, sendo que podemos ver referências para o
trabalho com as mídias, tecnologias e suas linguagens na
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que é
documento norteador para o Ensino Básico. É dada como
competência central a habilidade de utilizar diferentes
linguagens, desde a verbal, assim como a visual e digital;
é posto ainda a competência ligada à compreensão da
utilização de tecnologias digitais de informação e
comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e
ética nas diversas práticas sociais para resolver problemas
e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e
coletiva. Saber ainda identificar fatos, dados e informações
confiáveis é também pontuado.
O trabalho com a educomunicação contempla essas
competências sendo uma área que se preocupa em
desenvolver formas de ensinar e aprender aspectos
relevantes da inserção dos meios de comunicação na
sociedade. Assim, a “literacia em mídia” é o resultado
esperado dessas ações pedagógicas, que envolvem,
necessariamente, a compreensão crítica e a participação
ativa (SIQUEIRA, 2014).
A cultura, a crítica, a criação e a cidadania são os “4C”
da mídia educação, conforme desenvolve Fantin (2014).
Atividades de mídia-educação estão relacionadas com a
cultura, pelo fato de ampliarem e diversificarem os
repertórios culturais; devem considerar habilidades de
leitura crítica (análise, reflexão e avaliação de conteúdos);
mídia-educação também envolve a criação, a criatividade,
a expressão, a comunicação e a construção de
conhecimentos. Por último, temos a associação à
cidadania, já que atividades desta natureza permitem o
20
exercício da cidadania ao se apropriarem criticamente da
mídia.
A educação para a mídia é fundamental para garantir
as necessidades de um novo letramento, e está de acordo
com os anseios das multiliteracias. A educação para a
mídia é algo fundamental nos processos de socialização das
novas gerações, pois a media literacy é uma concepção de
educação ao longo da vida, é imprescindível para o
exercício da cidadania e para a produção, reprodução e
transmissão da cultura (BÉVORT; BELLONI, 2009).
21
os valores associados, os valores que estão em disputa e a
quais atores sociais, eventos políticos e culturais e como
tais valores estão relacionados à mensagem midiática. Ao
fazer uma análise crítica das mensagens da mídia, nos
afastamos emocionalmente do texto e aprendemos a vê-lo
por dentro e por fora, para depois sustentar uma opinião
informada sobre a mensagem (HALL; WHANNEL, 1964;
BUCKINGHAM, 2003; LUSTED, 1991).
Dessa maneira, conseguimos também engajar
indivíduos mais críticos dentro da cultura midiática, que
sabem como melhor tirar proveito para também produzir
suas próprias mensagens.
Considerando esses eixos de atuação (linguagens
midiáticas, a produção, a audiência e representação),
podemos elencar determinados métodos para ensinar
mídia que procuram passar por etapas de análise, estudo
de caso, entre outros. Buckingham (2003) descreve seis
técnicas pedagógicas mais comuns na área: análise textual,
estudo do contexto, análise de conteúdo, estudo de caso,
tradução (de um livro para um filme, por exemplo) e
simulação-produção.
A seguir, vamos detalhar as técnicas:
Análise Textual: Técnica que consiste em fazer do
familiar, estranho, a fim de encorajar a formação de um
ponto de vista a partir de uma reflexão. Por exemplo:
selecionar uma mensagem midiática, descrever os
elementos que a compõem e estudar as conotações e
associações das intertextualidades.
Análise Contextual: Complementa a análise textual –
estuda a linguagem mais a fundo, a fim de identificar
padrões e valores. Nessa técnica, podemos caracterizar a
audiência idealizada por uma mídia, analisar os recursos
22
técnicos e estéticos empregados, recursos para criar apelos
e manter a audiência.
Estudo de Caso: Pode envolver um caso da cultura
midiática para estudo e discussão. Em equipe, os alunos
devem se envolver no processo de produção: como se
define o público-alvo, como se constrói a mensagem, onde
se insere o marketing e publicidade e que respostas gera
na audiência. Por exemplo: identificar quem é o público de
um filme, quais são as expectativas em relação a este filme,
onde ele é anunciado e quais são os argumentos das
pessoas que criticam filmes desse tipo.
Tradução: São as mudanças que ocorrem quando um
conteúdo é tratado em mídias diferentes e em gêneros
diferentes, para audiências diferentes.
Simulação: Trabalho que visa simular situações da
cultura midiática, colocando os alunos para simular o
funcionamento de um jornal, uma agência de marketing,
etc. Identificar personagens, traços físicos,
comportamentais, valores, atitudes. Construir o
personagem oposto a esse e simular os acontecimentos.
Produção: Criar situações-problema da cultura
midiática para serem resolvidas pelos estudantes em
equipes. Os estudantes terão que definir o público-alvo;
orçamento; captação de recursos; atribuição de tarefas;
criar critérios de avaliação, etc.
Considerando estes seis procedimentos, podemos
observar que as técnicas em mídia-educação baseadas em
Buckingham (2003) contemplam princípios muito comuns
presentes em aprendizagens ativas: várias técnicas visam
desenvolver projetos e produtos, o que vai ao encontro do
propósito da “pedagogia de projetos”, do trabalho
colaborativo e em equipe, como a técnica 6 (produção). A
23
aprendizagem por meio de jogos está relacionada na
técnica 5, de simulação, que oportuniza, de forma lúdica,
os estudantes a simularem situações da cultura midiática,
assumindo personagens. A técnica 6 também pode ser
considerada um “game”, a partir de uma situação-
problema em que os alunos precisam cumprir missões e
desafios para alcançar determinados objetivos e
premiações.
O método do caso ou discussão e solução de casos
(teaching case), se relaciona mais especificadamente com
a técnica 3, que se delineia por casos reais da cultura
midiática.
Considerando esses métodos, a seguir apresento uma
proposta para o trabalho com as linguagens midiáticas e
plataformas digitais, dentro da concepção ativa de
aprendizagem e ambiente híbrido de tecnologias, usando
ferramentas que favorecem uma série de habilidades
propícias para o século XXI:
24
cenas que queremos ver, possibilitando melhorar a qualidade
de imagem do vídeo.
Habilidades desenvolvidas: habilidades ligadas à
reflexão individual, concentração, senso analítico, senso
crítico.
Atividade de estudo de caso e simulação
Descrição: Depois de se familiarizar com a linguagem da
mídia, o professor pode propor aos alunos para que se
dividam em uma equipe e escolham para estudar um caso da
cultura midiática. Eles podem estudar como é a produção de
um videoclipe que já existe, desde sua concepção até o
lançamento na grande indústria midiática e a recepção do
público. Os estudantes podem simular o que estudaram e
colheram de informação, simulando as diversas etapas do
processo produtivo até a receptividade da audiência. Nisso,
eles precisam assumir papéis e personagens, tarefas, traçar
estratégias e simular cenas específicas e reações diferentes.
Nesta atividade os estudantes precisam se engajar em
personagens para atingir objetivos e premiações, e pode ser
apresentado na forma de um teatro em sala de aula. O
professor deve indicar desafios a serem resolvidos em cada
caso.
Aqui, os estudantes podem usar diversas tecnologias e
plataformas para gerir a atividade: acessar a internet por meio
de aparelhos celulares e computadores para busca de
informações sobre o caso específico; podem usar câmeras
digitais filmadoras para gravarem as encenações e
simulações.
Ao assistir as encenações, o professor pode perguntar
aos alunos como se sentiram assumindo determinados
papéis, questionar a atitude e comportamento dos
personagens.
Habilidades desenvolvidas: colaboração, cooperação,
habilidades socioemocionais, tomadas de decisões.
Tradução
25
Descrição: O professor pode pedir aos alunos para
exercitar a capacidade de leitura e produção transmídia ao
pedir para que os alunos transformem a narrativa da música
em outros gêneros textuais, e utilizem mídias diferentes para
isso. Ou seja, pode-se pensar nas mudanças que ocorrem
quando um conteúdo é tratado em mídias diferentes e em
gêneros diferentes, para audiências diferentes.
Aqui o papel das tecnologias digitais se destaca, com o
uso de diferentes linguagens e canais. Pode-se pedir para os
alunos contarem a narrativa da música por meio de animação
e quadrinhos, por exemplo, através de plataformas como o
Powtoon 4 (programa de edição simples de vídeos que usa
animação) e o recurso online Pixton 5 , que permite gerar
quadrinhos online. Pode-se pedir ao aluno para transformar
a narrativa em um infográfico usando a ferramenta
Piktochart6 ou um mesmo um curta-metragem, com gêneros
diferentes, para públicos diferentes.
Habilidades desenvolvidas: multimodalidade,
navegação, leitura e produção transmídia, criatividade.
Produção
Descrição: Criar situações-problema da cultura midiática
para serem resolvidas pelos estudantes em equipes. Eles
podem produzir um novo videoclipe, compondo uma nova
narrativa, com uma nova linguagem. Dentro disso, os
estudantes terão que: roteirização, definir o público-alvo;
infográficos que possibilita aos usuários sem experiência em design criar facilmente
infográficos e visuais usando modelos temáticos. Disponível em:
https://piktochart.com.
26
orçamento; captação de recursos; atribuição de tarefas, etc.
Pode-se recorrer à aprendizagem por meio de jogos, em que
os estudantes são colocados em situações específicas que têm
tempo para conclusão de determinadas etapas, e premiações.
A pedagogia de projetos também é contemplada aqui.
O uso das tecnologias está intrinsecamente ligado a esta
atividade. É importante definir o papel que cada tecnologia
terá aqui – na filmagem do videoclipe, na edição do mesmo,
na captação de imagens, etc. O Whatsapp (aplicativo de
comunicação instantânea muito utilizado em aparelhos
celulares) pode ser usado entre os integrantes para fins de
comunicação enquanto cada um se envolve com uma etapa
do trabalho. É importante que o professor avalie, aqui, como
cada aluno contribuiu e cooperou para o resultado final.
Habilidades desenvolvidas: Criatividade, colaboração,
cooperação, tomada de decisões, pró-atividade.
Fonte: Autora.
27
diversos públicos. O intuito é mostrar que a
educomunicação é uma área propícia para se trabalhar
com metodologias ativas, a colaboração, a cooperação, a
criatividade, sendo que coloca os alunos como autores de
todo o processo.
As plataformas digitais ajudam tanto a gerir o
trabalho como são meios para a criação de produtos
novos.
4 Considerações finais
28
REFERÊNCIAS
29
SIQUEIRA, A. B. de. Mídia-educação a serviço da cidadania: uma
proposta para a formação de assistentes sociais. In: MACEDO, A.
X. N.; PIRES, D. U. B. S.; ANJOS, F. A. (Org.). Educação para a Mídia:
Cadernos de Debate da Classificação Indicativa. Brasília:
Ministério da Justiça/ Secretaria Nacional de Justiça, 2014.
VALENTE, J. A. A sala de aula invertida e a possibilidade do ensino
personalizado: uma experiência com a graduação em midialogia.
In: BACICH, L.; MORAN, J. (Org.). Metodologias ativas para uma
educação inovadora: uma abordagem téorico-prática. Porto Alegre:
Penso Editora, 2017. p. 50-71.
30
DESAFÍOS EN EL DISEÑO DE UN SEMINARIO
VIRTUAL DE ESCRITURA DE TESIS DE POSGRADO
31
Aunque las investigaciones sobre el dictado de cursos
destinados a la escritura de tesis y a la enseñanza de la
investigación en formatos no presenciales son escasas en
comparación con las presenciales, existen ya algunos
esfuerzos de sistematización. En tal sentido, Álvarez y
Difabio de Anglat (2018) se abocan a la retroalimentación
docente para el aprendizaje en talleres virtuales de
escritura de tesis. Por su parte, Difabio de Anglat y
Álvarez (2017) describen el acompañamiento en línea de
la escritura de posgrado. Otros trabajos se abocan a
aspectos muy específicos de la formación en investigación,
como Camarero et al. (1998), que se dedican a la enseñanza
de la estadística por medio de plataformas.
En este capítulo revisaré algunos de los desafíos
inherentes a la forma de gestionar la información y el
conocimiento en un ambiente digital concebido para
tesistas. Lo haré con ejemplos tomados del diseño de un
Seminario virtual de escritura de tesis de posgrado que
dicto en la Universidad Nacional de Rosario, Argentina.
https://www.campusvirtualunr.edu.ar/cursos_carreras/seminario_de_escritura
_de_tesis_de_posgrado.html.
32
de universidades públicas o privadas reconocidas en los
distintos campos de conocimiento.
El dictado se lleva a cabo a través del campus virtual
de dicha casa de altos estudios 8 , que consiste en una
plataforma Moodle dirigida a cursos regulares
(comunidades) y esporádicos (carreras y cursos). Los
recursos y actividades que ofrece son numerosos y
variados; de ellos, los que aquí utilizamos son: página
web, carpeta, tarea y foro, cuyas características se resumen
a continuación. “Foro” permite a los participantes tener
discusiones asincrónicas (no simultáneas), a lo largo de un
período de tiempo. “Carpeta” (folder) permite al profesor
mostrar un número de archivos relacionados dentro de
una sola carpeta, que pueden ser subidos por cualquiera
de los participantes. “Página” alude a la posibilidad del
profesor de crear una página web empleando el editor de
texto e insertando texto, imágenes, sonido, video, enlaces
de internet y de actualizar con facilidad. “Tarea” permite
al profesor recolectar trabajos enviados por los alumnos en
forma individual o como miembros de un equipo con
cualquier tipo de contenido digital (archivos) y
proporcionarles calificaciones y retroalimentación. Dicho
campus aloja también el repositorio institucional.
Más allá de mi extensa trayectoria dictando
seminarios afines, el formato totalmente a distancia me
suscitó numerosos interrogantes que decidí registrar y
luego sistematizar. Por medio de este desarrollo, anhelo
alentar a profesores a explorar los ambientes digitales y
proporcionar herramientas para aquellos profesionales
8 www.campusvirtualunr.edu.ar.
33
que estén considerando emprender una empresa similar.
Específicamente, decisiones que atañen a la gestión de la
información proporcionada por la docente, entendida
como la decisión acerca de la forma de presentarla para la
construcción del conocimiento por parte de los cursantes.
Con este propósito, se pretende aportar a dos líneas de
indagación: la de formación en investigación en general, y
la formación en investigación en modalidades mixtas
(blended) o enteramente en línea (online) en particular.
El soporte escrito
34
artificial, una obra de la cultura, y no de la naturaleza,
impuesta al hombre natural.
35
El dictado de este Seminario se relaciona en general
con mi desempeño docente y como investigadora;
específicamente, como co-directora del Proyecto de
Investigación “Prácticas de enseñanza de la escritura de la
tesis de posgrado: estudio comparativo de experiencias en
entornos presenciales y virtuales”.
Ya he dado cursos a distancia, pero de otros temas. La
modalidad me resulta sumamente flexible y favorable, por
lo que estoy muy ilusionada en implementarla para
promover la escritura de tesis de posgrado.
Ahora los invito a presentarse en el Foro a
continuación…
En este foro nos presentaremos indicando: 1) carrera
de grado; 2) carrera de posgrado en la que está inscripto o
está por inscribirse e institución donde se dicta; 3) motivo
por el cual se inscribió al Seminario; 4) experiencia previa
en cursos no presenciales.
Nos escuchamos…
36
conservarlo para revisar, cuando hayamos terminado el
seminario, cuánto hemos progresado, en qué aspectos, etc.
Para una fácil localización, por favor denominen el
archivo con su apellido.
37
implicaba que la primera semana-unidad se destinaría a la
familiarización con la plataforma, la presentación de cada
participante ante el grupo y, ya entrado en lo propio del
Seminario: la clarificación terminológica entre
Plan/diseño/Proyecto (SAMAJA, 1994), considerar las
variantes en cuanto a su ordenamiento interno, más el
hecho (nada sencillo) que la tesis y su proyecto requiere
definir un tema, a partir de diversas fuentes de
inspiración. Por su parte, la segunda unidad sería más
bien de lectura y de tomar conciencia sobre las
dimensiones de una tesis. Es evidente que este orden
lógico-cronológico desde el proyecto a la tesis iba a
generar un desequilibrio de exigencia de la primera a la
segunda: mucho en la primera y poco en la segunda. Por
tal razón, reorganicé todo de la siguiente manera:
Por supuesto decidí conservar la presentación de los
miembros al principio, pero seguida de la definición de la
tesis en los distintos niveles del posgrado según la
reglamentación argentina, seguida de la reflexión del
lugar de la tesis en el concierto de los textos académicos
(CUBO DE SEVERINO, 2005) y sus características
específicas (BORSINGER DE MONTEMAYOR, 2005). Ya
para la segunda semana-unidad los cursantes estarán
familiarizados con la plataforma como para poder
dedicarse a la definición del tema de su investigación y a
la búsqueda de antecedentes.
38
tal sentido, noté que en la segunda unidad, una de las
actividades quedó demasiado extensa:
Encarando la búsqueda de antecedentes:
Ingrese a los siguientes sitios web correspondientes a
bases de revistas: Redalyc: http://www.redalyc.org/ y
Scielo: http://www.scielo.org.ar.
Ingrese palabras clave de su tema y autores que hayan
trabajado sobre el mismo (si los conoce).
Seleccione los trabajos más pertinentes y guárdelos en
un directorio que cree para tal fin.
Decida la forma en que denominará esos archivos.
Constate que en cada archivo consten las referencias
bibliográficas del trabajo en cuestión; es decir, el detalle de
la revista en la que está publicado, el número de ejemplar,
las páginas. Si no contuviera dicha información, asegúrese
de tomar nota de ellas. Puede hacerlo según se indica en
el paso siguiente.
Realice un fichaje de dichos trabajos con sus
respectivos datos bibliográficos. Puede valerse de los
resúmenes de los mismos, pero deje en claro a través de
las comillas lo que está copiado textualmente de lo que
escribió con sus propias palabras.
Compile los fichajes en un solo archivo en vistas a
confeccionar un texto. Este paso se realizará en varias
etapas: la primera será ensamblar tipo collage: se tratará
de un compilado caótico de resúmenes y síntesis de
artículos y trabajos que haya leído. Tener las citas bien
apuntadas le permitirá en un paso siguiente intercalarlas
sin temor a perder de vista de dónde proviene. En este
paso también podrá eliminar aquello del fichaje que
considere prescindible, pero siempre estará disponible en
39
el archivo original. Se trata de ir intercalando para que no
quede como una mera pegatina de los materiales.
Introduzca comentarios o cambios desde su propia
voz para emerger como autor del texto, más allá del
espíritu recopilador de esta tarea. Por ejemplo, podrá
aggiornar los resúmenes de los trabajos con alusiones a la
época actual, a otras geografías o a trabajos publicados con
posterioridad.
Realice pulidos sucesivos para llegar a una sección en
la que se entienda claramente el contenido de los trabajos
recuperados, pero al mismo tiempo la vinculación con su
propuesta.
Es evidente que ya de por sí es una actividad
sumamente demandante, además de las otras previstas en
esa unidad. Mi idea inicial era, por medio de la actividad,
proporcionar las pautas de un método riguroso de trabajo,
pero ello no podía implicar un listado tan extenso. Dado
que en la unidad 4 abocada al marco teórico se retoma el
tema de la revisión bibliográfica y la forma de plasmarla,
decidí pasar la búsqueda de antecedentes allí, de tal
manera que solo quedaron los primeros cuatro pasos:
40
Decida la forma en que denominará esos archivos.
Constate que en cada archivo consten las referencias
bibliográficas del trabajo en cuestión; es decir, el detalle de
la revista en la que está publicado, el número de ejemplar,
las páginas. Si no contuviera dicha información, asegúrese
de tomar nota de ellas. Esta búsqueda requiere ser
plasmada por escrito según un procedimiento riguroso,
pero por su densidad y por la afinidad que presenta el
procedimiento con el del Marco teórico, lo
desarrollaremos en la Unidad 4.
Adviértase que pude eliminar los pasos 6 a 8
subdividiendo la tarea de realizar la búsqueda
bibliográfica de la de escribir la sección de los
antecedentes, subdivisión que indiqué en la oración final
del paso 4.
41
En este Foro comentamos la sección inicial de las tesis
subidas en la carpeta respectiva. Pueden referirse a sus
avances y/o a los de los compañeros.
A este punto, me preguntaba si esta bifurcación de
una misma actividad en un foro y una carpeta era
conveniente o si sería más práctico unificarla y que los
archivos se adjunten en la respectiva intervención del foro.
Vale decir, que en la intervención esté el archivo con el
avance, en lugar de tener que ir a buscarlo en la carpeta
respectiva. Ante dicha disyuntiva elegí quedarme con la
bifurcación, porque si el foro se torna extenso con
numerosos intercambios, será incómodo buscar los
adjuntos.
La creación de actividades
42
En este Foro comentamos los marcos teóricos de las
tesis subidas en la carpeta respectiva. Pueden referirse a
sus avances o a los de los compañeros.
La aplicación de este patrón me trae alivio y, mejor
aún, reparo que puede proporcionar previsibilidad a los
cursantes. Ya no tendrán que ver de qué se trata la
actividad de cada unidad, sino que podrán anticiparlo de
alguna forma.
La ejemplificación
43
resulta más amplio que simplemente “Ejemplos”. Para
obtener el efecto de complementariedad es necesario
indicar muy claramente para qué segmento del texto
principal había un ejemplo. A su vez, en la carpeta,
identificar con claridad cada archivo para ser relacionado
con su correspondiente segmento del texto principal.
En esta carpeta de la unidad dedicada al Resumen,
entonces, quedó:
Un archivo con las distintas versiones en que un
resumen fue modificado por su autora a partir de las
correcciones recibidas.
Un archivo con un ejemplo de resumen que muestra
bien lo que se hará en la investigación, que era la falencia
del ejemplo previo.
Una propuesta didáctica para el desarrollo del
procedimiento lógico de deducción en el nivel secundario
Presentamos los resultados de una investigación
realizada sobre el desarrollo del procedimiento lógico de
deducción en estudiantes de nivel medio. Se aborda en
particular, el razonamiento de tipo condicional categórico.
Se muestran los resultados del diagnóstico realizado, en el
cual se revelan los errores más frecuentes que cometen los
alumnos. Se propone una estructuración didáctica para la
formación y desarrollo de este procedimiento lógico
mediante la asignatura matemática; se detalla la aplicación
de esta propuesta a la práctica y los resultados que se
alcanzaron en esta experiencia pedagógica.
Durán Jarrín Alexis. Programa de “Congreso de
Pedagogía”, p. 270. La Habana, Cuba, Febrero de 1997.
Más allá de ser un ejemplo superador, presenta un
evidente tinte de ponencia, y no de tesis, que es el foco del
Seminario. Esto se evidencia especialmente por la forma
44
en la que empieza, acotada a presentar los resultados,
aunque el detalle de las oraciones siguientes cubre el
proceso completo de una investigación.
Otra decisión a tomar con respecto a los ejemplos
atañe a la mejor forma de explotación de los mismos para
el aprendizaje. Así, en la unidad dedicada al Trabajo de
campo tenía previsto incluir ejemplos para los temas.
Concretamente, mediante un fragmento de un artículo de
revista, ejemplificaría la descripción de la institución
elegida como caso de estudio, las técnicas utilizadas y el
detalle del trabajo de campo realizado. A su vez, la
presentación del fragmento sin ningún comentario
adicional permitía ser explotado como actividad de
reconocimiento por parte de los alumnos. Se presentaba,
entonces, la disyuntiva de ponderar qué sería más
importante: si presentar el ejemplo o proponerles
reconocer los elementos metodológicos (estudio de caso,
técnicas de recolección de información). Si decidía dejarlo
como actividad, debería ser como tarea individual y no
como tema de foro, ya que el reconocimiento plantea
respuestas unívocas y no se prestan para discusión.
Además, en cuanto el primer cursante en participar dijera
las respuestas, el resto solo tendría que confirmar. Dado
que una tarea individual y unívoca resulta menos
disparadora de aprendizajes que el proceso de aplicar
nociones metodológicas en una investigación concreta
acabé con quedarme con la primera opción y presentarlo
como ejemplo, para que el tratamiento del tema no resulte
tan abstracto.
45
A modo de cierre
46
REFERENCIAS
47
de un esfuerzo interinstitucional. In: CONGRESO NACIONAL DE
INVESTIGACIÓN EDUCATIVA, 11., 2011, México. [Anais…].
México: Consejo Mexicano de Investigación Educativa, 2011.
Disponível em:
http://www.comie.org.mx/congreso/memoriaelectronica/v11/docs
/area_11/2079.pdf. Acesso em: 18 ago. 2019.
WAINERMAN, C. Consejos y advertencias para la formación de
investigadores en ciencias sociales. In: WAINERMAN, C.; SAUTU,
R. (Org.). La trastienda de la investigación. Buenos Aires: Manantial,
2011. p. 27-51.
48
A CONTRIBUIÇÃO DA GESTÃO
EDUCOMUNICATIVA DO CONHECIMENTO PARA
A CONSOLIDAÇÃO DE CIDADES EDUCADORAS
49
gestão coletiva da informação e da comunicação,
orientada para a construção cidadã de conhecimento.
É, também, a partir desta perspectiva que diversos
municípios no Brasil e no mundo vêm adotando um
modelo de gestão denominado Cidade Educadora, que visa
à constituição de cidades inclusivas, justas e
participativas, dando ênfase às políticas voltadas ao
protagonismo infantojuvenil e ao exercício pleno da
cidadania pelos diversos públicos que compõem a
sociedade, tornando todos eles educandos e educadores
desta grande escola, que não se limita a muros, chamada
cidade. O que se pretende é a formação integral dos
habitantes, por meio de agentes pedagógicos que
ofereçam suporte ao desenvolvimento do potencial
humano.
Neste texto, são apresentadas experiências
educomunicativas vivenciadas no projeto Univerão,
Universidade de Verão, promovido em 2018 9 , por
município localizado na região metropolitana de
Salvador, na Bahia, a Cidade Educadora Lauro de Freitas.
9Conforme divulgado em
https://www.laurodefreitas.ba.gov.br/site/noticia/univerao-atrai-publico-de-
todo-o-estado-interessado-em-conhecimento-cultura-e-diversao/483.
50
conhecimento estava condicionada à pesquisa, ao estudo
solitário e a investigação por experimentação, que levava
em consideração, na grande maioria das vezes, uma única
solução para um dado problema.
Nos dias atuais, as bibliotecas ainda existem e são
responsáveis por guardar boa parte do que é construído a
partir do conhecimento de inúmeras pessoas. Todavia,
com a ascensão da tecnologia, os espaços para construção
de conhecimento se difundiram a ponto de não ser mais
preciso se deslocar até uma biblioteca para ter acesso à
informação, como acontecia outrora. O acesso à rede
mundial de computadores, sobretudo a partir das Novas
Tecnologias da Informação e Comunicação – NTICs, é
capaz de promover uma experiência pouco utilizada em
outras épocas da história da educação. Na
contemporaneidade, o estudante, mais do que nunca, é o
principal construtor daquilo que Pierre Bourdieu (2005)
chama de Capital Cultural e, ao mesmo tempo, do
conhecimento que o tornará capaz de resolver os mais
diversos conflitos e desafios, inclusive o de consumir
informação na internet.
Lévy (2014) destaca que a educação interativa online
pode ser viabilizada, uma vez que técnicas de gestão da
informação e do conhecimento em ambientes digitais já
estão disponíveis, contudo é preciso “programar cabeças
para a construção do conhecimento coletivo”, atividade a
ser protagonizada pelo professor, que precisa ele mesmo
dominar “essa nova gerência de conhecimento para
depois passá-la aos alunos” (LÉVY, 2014, p.15), passo
essencial para o desenvolvimento da inteligência coletiva
e reflexiva.
51
As metodologias educomunicativas de gestão da
informação e da comunicação almejam capacitar os
cidadãos para: a) localizar informações necessárias à
solução dos seus problemas; b) comunicarem-se
digitalmente com outras comunidades com interesses e
necessidades semelhantes para que, colaborativamente,
construam conhecimento inovador, adaptando-o às
características das suas comunidades e do momento em
que vivem.
Como nunca antes, a construção do conhecimento
está potencializada por ter se tornado desterritorializada,
descentralizada e poder acontecer em redes. O interesse
comum é que coloca em relação os atores desta construção.
No entanto, a capacidade de interagir é essencial e pode
ser desenvolvida. A escola é o local privilegiado para isso
e pode estimular crianças e jovens a pensarem
criativamente, desenvolverem o senso de comunidade,
serem gestores do conhecimento e protagonistas de sua
educação, preparando-os para comunicarem-se e atuarem
nas redes de compartilhamento de forma responsável e
colaborativa.
Ao passo que as tecnologias da informação e da
comunicação despontam em todo o mundo, contribuindo
para mudanças socioculturais significativas e
promovendo o fenômeno da midiatização, ainda é
possível observar o que podemos chamar de ilhas sociais,
nas quais sujeitos sem acesso à internet acabam sendo
excluídos da vivência desse novo contexto cultural. Por
outro lado, outras ilhas se apropriam do uso da internet,
enquanto efeito do movimento de convergência, para
promover a participação significativa de comunidades e
52
povos de forma interativa e coletiva por meio de práticas
de alteridade.
O professor Marco Silva (2001) destaca que
historicamente temos ocupado o papel de espectadores de
informações transmitidas por um emissor. Nas
celebrações religiosas se recebe informação de pastores,
padres, líderes; se analisarmos o passado encontraremos a
figura do rei emitindo suas insatisfações, proezas ou
simplesmente discursando; o livro entregando
informações para o leitor; a televisão falando para os
telespectadores. Em todos os exemplos citados, o receptor
está fadado a, tão somente, receber as informações.
Quando relacionamos esse modelo de comunicação com o
atual cenário da educação, nos deparamos com um
sistema educacional que reflete parte disso na medida em
que o professor se presta a função de fonte detentora de
informações e, portanto, de conhecimento a ser divulgado,
que se consolida em conhecimento a ser emitido, e o aluno
receptor dessas informações, compondo o que Paulo
Freire (2005, p. 68) define como Educação Bancária.
Entretanto, quando pensamos nesse modelo de
comunicação, extinguimos a possibilidade de
interatividade, de troca e de construção coletiva. Nesse
sentido,
53
complementares na co-criação da comunicação; 2. A
intervenção do usuário ou receptor no conteúdo da
mensagem ou do programa abertos a manipulações e
modificações [...] (SILVA, 2001. p. 5)
10“Aqueles que não nasceram no mundo digital, mas que, em algum momento
de suas vidas, ficaram fascinados e adotaram muitos ou a maioria dos aspectos
da nova tecnologia são, e sempre serão comparados a eles” (PRENSKY, 2001, p.
2).
54
duramente penalizado diante das metodologias e
pedagogias usadas para estabelecer uma relação entre
ensino, aprendizagem e o uso de tecnologias por parte de
seus alunos. Diante da enorme possibilidade de
informações existentes, a construção de conhecimento
pode ser baixa, comprometendo o rendimento do
alunado. Por outro lado, para o estudante – este que é
considerado por Prensky (2001)11 nativo digital, uma vez
que nasce imerso nas novas tecnologias – a gigantesca
gama de informação disponível pode ser capaz de
confundi-lo, em alguns casos, bloqueá-lo e, também, levar
ao baixo rendimento de aprendizagem. Isto porque, o
fenômeno de uma informação imediata, globalizada e cuja
fonte muitas vezes se desconhece é muito recente, de
forma que, enquanto sociedade, não foi possível ainda
compreender como controlá-lo para não ser controlado
por ele.
Estudos posteriores ao de Prensky – e mesmo ele – já
reconheceram que a dicotomia nativos/imigrantes é
generalista, uma vez que homogeneíza dois grupos sociais
e ignora a exclusão digital; mas, de seu texto Digital
natives, digital immigrants (PRENSKY, 2001), há dois
quesitos que não podem ser relevados: a necessidade de
um diálogo mais democrático entre a nova geração e as
anteriores e a definitiva reviravolta à qual a tecnologia tem
submetido a sociedade do século XXI. Como aprender
neste novo contexto? Como ensinar?
55
2 Cidades educadoras
56
Quadro 1 - Educação formal, não formal e informal.
Conceito Exemplos
Organizadas a partir de
Educação no
Intervenções objetivos explícitos de
tempo livre,
educativas formação ou ensino, mas
Escolas de
não formais fora do sistema do ensino
idiomas
regulamentar.
Espetáculos,
Propagandas,
Vivências Vivências difusas e
Relações de
educativas penetrantes sem objetivo
amizade
informais explícito de educar.
Redes Sociais,
TV, Rádio
Fonte: Adaptação do texto introdução ao documento “A cidade educadora” da
prefeitura de Barcelona. I Congresso Internacional das Cidades Educadoras.
1990. p. 13 (apud BRADA; RIOS, 2004, p. 35). Em destaque, contribuições dos
autores.
57
da informação, é necessário segundo Goméz-Granell e
Vila (2003, p. 17):
3 Educomunicação
58
comunicação e cultura, contribuiu com experiências
educativas ocorridas na Universidade de Verão ao adotar
uma metodologia atual de intervenção, que considera as
necessidades dos educandos e educadores do século XXI,
estabelecendo um viés de aprendizagem contínua e
formação cidadã que se alinha com as intenções da
formação de uma cidade educadora – ou
educomunicadora.
Enquanto campo transdisciplinar, a Educomunicação
reafirma a educação enquanto condição elementar para a
transformação da sociedade, percebendo-a indissociável a
outras áreas de conhecimento e atuação, tais quais,
linguagem, tecnologia, informação e cidadania.
Paulo Freire afirmava “os homens se educam entre si,
mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 2005, p. 68), reflexão
que confere ao diálogo um caráter de centralidade, mesma
posição ocupada por ele no arcabouço teórico da
educomunicação, pois se entende que é através dele que
os indivíduos transformam a si mesmos e ao contexto em
que vivem. Aos ambientes nos quais os diálogos ocorrem,
sejam eles presenciais ou virtuais, dá-se o nome de
ecossistemas comunicativos. O Educomunicador é o
gestor da comunicação, que cuida da “saúde desses
ambientes educativos e do bom fluxo das relações entre as
pessoas e os grupos humanos”, garantindo igual
oportunidade de interlocução para todos os envolvidos
(SOARES, s/d).
A comunicação mediada por tecnologias é um dos
objetos de trabalho do Educomunicador, que considera
que, na atualidade, o acesso e a utilização das tecnologias
da informação são vitais para a manutenção dos
ecossistemas. Um dos seus objetivos é então inseri-las no
59
cotidiano das comunidades, no entanto a perspectiva da
inserção é a contra-hegemônica, considerando a relação
produção – recepção das mensagens: não se concebe os
indivíduos como meros receptores, prepara-se os cidadãos
comuns para atuarem como produtores e disseminadores
de informação, estratégia trabalhada no evento em Lauro
de Freitas, como se verá pelos cursos ofertados no evento.
60
Uma destas oficinas teve como objetivo capacitar
professores para o uso do recurso WebQuest em sala de
aula. O estudo que embasou a oficina teve como base a
área de intervenção comunicativa Mediação Tecnológica,
que, segundo Almeida (2016, p. 25), visa a
61
que estes tenham autonomia em sua pesquisa e resolução
de problemas (MENDES; BEZERRA, 2018, p. 08)13.
62
Figura 01 – Resultado obtido na oficina de WebQuest, na UniVerão, em Lauro
de Freitas, BA.
63
finalidade apresentar os desafios do uso de tecnologias,
navegação e pesquisa online por parte de alunos e, ao
mesmo tempo, construir de modo participativo,
alternativas para garantir o estudo orientado e interativo
por parte de seus alunos na perspectiva da mediação
tecnológica (SOUSA; ALMEIDA, 2018, p. 6)14.
64
Compreendendo que a interatividade se dá ao passo
em que emissores e receptores cocriam a mensagem, os
professores foram questionados sobre como pesquisavam
em plataforma de busca e ainda como orientavam seus
alunos nas pesquisas. O resultado revelou o que
consideramos ocorrer com a maior parte dos professores
da educação brasileira: a pesquisa aleatória, sem critérios
e não orientada. Apresentamos alguns exemplos de como
essa forma de pesquisa pode comprometer a construção
de conhecimento por parte do alunado. Aproveitando a
presença de professores de disciplinas diferentes,
pesquisamos sobre temas que seus alunos certamente têm
acesso.
O primeiro exemplo, feito em tempo real com auxílio
da internet, foi pesquisar sobre “a Fórmula de Bhaskara”,
a análise quantitativa do número de resultados obtido
norteou o debate. Do momento em que o botão ENTER foi
acionado até a apresentação dos resultados na tela se
passaram 0,41 segundos e o Google, plataforma usada
para busca pelo fato de seu uso ser massivo, apresentou
mais de 16 mil resultados. O segundo exemplo usado foi
acerca do uso dos “por quês”. Para esse exemplo, em 0,47
segundos a plataforma devolveu 121 mil resultados. Por
fim pesquisou-se sobre a cidade que sedia a Universidade
de Verão. Ao digitar “Lauro de Freitas” e efetuar a busca
chegou-se a 19.200.000 resultados em 0,65 segundos.
O objetivo desse exemplo, que deixou os professores
surpresos, é demonstrar a quantidade de resultados que
um aluno, ou qualquer outra pessoa, pode ter ao fazer
uma busca de modo aleatório. Além disso, os resultados,
na grande maioria dos casos, não estão relacionados às
modalidades interativas de aprendizagem. Para esses
65
casos, a possibilidade quase que infinita de conteúdo e
informação resulta em construção de conhecimento muito
pobre, numa relação inversamente proporcional à quantia
de resultados obtido, e ainda na eliminação de uma das
principais ferramentas que um professor pode usar na
relação com o aluno: a interatividade, que consiste em ir
além da sala de aula para auxiliar o estudante a se tornar
um sujeito aprendente.
A apresentação de uma série de espaços de
interatividade na internet serviu para inspirar os
participantes da atividade a pensarem como seria capaz
de fazer uso dos meios para promover inovações no
campo da educação de suas práticas didáticas.
A partir dessa ideia, o projeto “Aula Normal” 15 ,
desenvolvido numa escola da cidade de Campina Grande,
Paraíba, foi o primeiro exemplo dado como referência
para as relações dialógicas mediadas no espaço online. O
projeto consistiu no uso do Periscope – aplicativo para
transmissão de vídeos em tempo real –, como ferramenta
de preparação para o vestibular sob mediação de
professores. O projeto colaborou para aproximação entre
alunos e professores e ainda provocou debates nas aulas
presenciais. O aplicativo permite a visualização das aulas
posteriormente à transmissão do vídeo ao vivo e acabou
atendendo não só os alunos envolvidos no projeto. Outra
iniciativa apresentada foi a do Poliedro Educação no
YouTube. A rede que relaciona sistema de ensino, colégio
66
e curso está presente em mais de 20 estados brasileiros e
se apropria de videoaulas curtas e mediadas por seus
professores no canal da escola no YouTube.
O estudo de temas mais complexos é facilitado pelo
carisma e interatividade dos professores, o que leva o
perfil do Poliedro a ter mais de 180 mil pessoas inscritas
no canal. Por fim, foi apresentada a proposta do Google
Classroom, a ferramenta de mediação tecnológica do
Google que consiste na criação de um Ambiente Virtual de
Aprendizagem – AVA, em que o professor insere vídeos,
apostilas, imagens e hiperlinks para tratar dos temas
específicos de suas disciplinas. O pré-requisito básico para
utilização é possuir uma conta de e-mail vinculada ao
Google. Na plataforma é possível deixar comentários,
criar listas de discussões que envolvem alunos e professor.
Como resultado do minicurso, foram esboçados pelo
menos doze ecossistemas comunicativos mediados
tecnologicamente por meio de plataforma ou sites.
Apropriando-se dos exemplos apresentados, da troca de
experiências e da própria criatividade, educadores e
educadoras puderam pensar em estratégias de construção
do conhecimento de modo coletivo, participativo e
interativo por meio das tecnologias da comunicação e
informação.
5 Considerações
67
um contexto incerto e variável como este no qual nos
encontramos. A discussão é o primeiro passo para a
quebra de paradigmas. O segundo é o domínio das
técnicas e métodos, sempre pautados na teoria,
constituindo, assim, a práxis freiriana (FREIRE, 2005),
para a qual é essencial reflexão e ação. Foi isso que ambas
atividades propuseram: a reflexão sobre as novas formas
de ensino e de aprendizagem, seguido pela prática de um
recurso ou abordagem que pudesse ser colocado em
prática em uma situação real – não apenas ideal.
É importante destacar, ainda, o papel do
Educomunicador nesse processo. Como defende Ismar
Soares (2011), é o Educomunicador que tem, a partir de
sua formação, elementos para diagnosticar lacunas que
podem ser preenchidas pela relação entre educação e
comunicação, propor soluções, proporcionar o
protagonismo e avaliar os processos de construção do
conhecimento, seja por parte de professores ou alunos.
Renovar o espaço formal de educação, adequando-o
aos paradigmas da sociedade da informação é uma das
contribuições da Educomunicação na formação de uma
cidade educadora, pois permite que a escola dialogue com
os meios educacionais que excedem seus limites. A partir
disso, é possível começar a conscientizar a população,
através dos professores, alunos e pais de alunos,
sucessivamente, a enxergar a cidade como um todo como
ambiente de educação e enxergar a própria educação
como exercício de cidadania.
68
REFERÊNCIAS
69
https://www.marcprensky.com/writing/Prensky%20-
%20Digital%20Natives,%20Digital%20Immigrants%20-
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em sintonia com a era digital e com a cidadania. Boletim Técnico do
SENAC, [s. l.], v. 27, n. 2, p. 1-20, 2001.
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BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 29., 2006,
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http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2006/resumos/R149
2-1.pdf . Acesso em: 05 set. 2018.
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http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf. Acesso em 15 abr.
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contribuições para a reforma do ensino médio. São Paulo: Paulinas,
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SOUSA, C. N. de.; ALMEIDA, L. B. C. de. Aprendizagem interativa
online na educação básica: um relato de experiência
educomunicativa em Lauro de Freitas-BA. In: CONGRESSO
NACIONAL DE EDUCAÇÃO – CONEDU, 5., 2018, Olinda-PE.
Anais V CONEDU. Campina Grande: Realize, 2018. Disponível em:
http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRA
BALHO_EV117_MD1_SA1_ID5286_10092018184118.pdf. Acesso
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TOLEDO, L.; FLORES, M. L.; CONZATTI, M. (Org.). Cidade Educadora:
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VINTRÓ, E. Educação, escola, cidade: o projeto educativo de barcelona.
In: GOMÉZ-GRANELL, C.; VILA, I. A cidade como projeto educativo.
Porto Alegre: Artmed, 2003.
70
CIBERCULTURA E EDUCOMUNICAÇÃO: UMA
PROPOSTA PARA A GESTÃO DE COMUNICAÇÃO
DO PRIMEIRO SETOR
1 Introdução
71
Na tentativa de apropriação dos espaços e
equipamentos públicos ao processo educativo, a Semed
vem trabalhando com o conceito de Cidade Educadora.
Com a proposta, a secretaria vem desenvolvendo ações
que ultrapassam os limites materiais e mentais da escola.
Para tanto, o órgão vem utilizando diversas estratégias de
ampliação dos horizontes educacionais, penetrando em
diversas esferas da cultura, da economia, das relações
sociais, apropriando-se da cidade, de seus equipamentos
e dinâmicas como linguagem educativa. Nesse contexto,
estão ideias de participação popular, convergências,
territórios educativos, educação na integralidade da
criança, envolvendo aspectos físicos, cognitivos, motores
e sua relação com a sociedade, entre outros fatores que
apontam para conexões entre escola, sociedade e
governos.
Por sua vez, observa-se que estes processos têm
materializado e contribuído para a atualização da ideia de
educomunicação, estendendo-a para a própria gestão
governamental. Com base em Soares (1999) e Alves (1999),
a educomunicação corresponde a uma forma de gestão
que se apropria do próprio conhecimento popular para a
produção de informações e conteúdos voltados para
ampliar a consciência de si e o conhecimento dos
interlocutores sobre a própria cultura. Por essa
perspectiva, é possível se pensar educomunicação como
uma estratégia de gestão da comunicação organizacional.
De acordo com a categorização de Souza (2006),
classifica-se a Semed como uma organização de utilidade
e serviços públicos. Isso pressupõe a necessidade de um
processo comunicacional constituído por produções
territorializadas, capazes de fomentar interações sociais
72
que apontem para a diversidade de grupos culturais e
indiquem a multiplicidade de identidades que compõem
a rede de ensino. De acordo com o autor, as produções
comunicativas devem assumir objetivos instrumentais,
disseminando informações precisas e prestação de
serviços; e objetivos consumatórios, estimulando a
afetividade e subjetividade do usuário e sua participação
nos processos comunicacionais.
Estes aspectos têm sido identificados na página da
Semed no Facebook (fanpage:
https://www.facebook.com/educalauro/). No ambiente há um
processo coletivo de produção no qual, a gestão deixou de
ser apenas produtora de conteúdo, passando a ser também
receptora, o que converge com a ideia de Cidade
Educadora desenvolvida pelo próprio órgão. Desse modo,
a administração precisou desenvolver um processo de
moderação da página, conciliando as informações da
secretaria com o conteúdo gerado pelo usuário. Nesta
prática, os interlocutores trocam mensagens codificadas,
gerando efeitos cognitivos, afetivos e mesmo motores.
De certo, tais processos estão relacionados a áreas de
intervenção da educomunicação já que viabilizam
informações, conhecimentos, trocas de experiências,
comportando-se como aspectos da cultura de
convergência e de participação significativa. Para Jenkins
(2009; 2014), a convergência corresponde a um processo
que ocorre na mente das pessoas, envolvendo aspectos
sociais, econômicos, políticos e tecnológicos. Em um
processo de produção coletiva, estas convergências
73
culminam na cultura da participação significativa 16 , ou
cultura da conexão.
Assim, para contextualizar a perspectiva aqui
desenvolvida, este artigo apresenta no primeiro tópico
intitulado ‘#ParticipaçãoSignificativa’, uma reflexão sobre
a comunicação organizacional no Facebook, ilustrada pela
dinâmica da fanpage da Semed. No segundo, tópico, ‘Uma
proposta educomunicativa para a comunicação pública’,
apresenta-se um modelo de gestão da comunicação,
fundamentada pela educomunicação, cultura da
convergência e participação significativa.
A abordagem segue o método crítico-dialético, que,
segundo Martins (1994), apoia-se na concepção dinâmica
da realidade, incluindo relações dialéticas entre sujeito e
objeto, conhecimento e ação, teoria e prática, com
interesses transformadores. Obtém-se a validade científica
por meio de correlações que levem ao desenvolvimento de
uma lógica interna. Nesse âmbito, para o desenvolvimento
do estudo, utilizou-se como procedimentos
metodológicos a pesquisa bibliográfica, o monitoramento
da fanpage da Semed, no período de 15 de junho a 20 de
julho de 2019, e diálogos com gestores e educadores da
rede, neste mesmo período.
A imersão desses processos na cultura educacional
exige que se pense a comunicação organizacional como
uma atividade social, visto que os significados atribuídos
à mensagem estão vinculados às experimentações
74
cotidianas. Portanto, considera-se que na atual
cibercultura, a comunicação pública deve assumir uma
postura cada vez mais democrática e menos
personalizada, na qual a produção deva partir de
perspectivas comuns dos interlocutores – organização,
colaboradores e sociedade.
2 #ParticipaçãoSignificativa
75
Em uma direção que pode ser associada à semiótica
peirceana 17 , o autor propõe que o processo de
comunicação é influenciado por aspectos da percepção,
interpretação e significação contidos no universo do
receptor, que a partir de suas perspectivas, vinculadas a
experiências anteriores, penetra no processo (ou não). Para
o autor, o receptor percebe bem aquilo que quer perceber,
conduzido, a princípio, por emoções e subjetividades
contidas em sua memória, que estimulam a percepção, e
em seguida pela razão cognitiva.
Nesse sentido, é pertinente à comunicação
organizacional buscar nos processos culturais de seus
públicos, signos que estimulam a interatividade, gerando
produtos que alimentem continuamente o ciclo
comunicacional. “Uma organização não se dissocia do seu
ecossistema. Ela envia mensagens para o meio externo e
acolhe mensagens do meio externo” (SOUZA, 2006, p. 50),
fluxo que tem caracterizado a produção comunicacional
na fanpage da Semed. Ao se apropriar do conteúdo gerado
pelo usuário, a Secretaria estabelece conexões diretas entre
ações administrativas e práticas da comunidade escolar,
possibilitando que as representações da cultura
educacional sejam definidas pela própria comunidade,
afinal o Facebook propõe diversas formas de conexões entre
os interlocutores.
76
Spadaro (2013), Coelho (2014), Marchi (2014) e
Mittermayer e Santaella (2014) apontam como principais
características do Facebook, a facilidade de
compartilhamentos, possibilidade de encontrar amigos, a
vantagem de utilizar diversas linguagens em uma única
postagem, facilidade de atualização, além da capacidade
da plataforma de desenvolvimento. Além disso, o Facebook
tornou-se um ambiente de discussões sobre temas da
atualidade. Dada a sua capacidade de transformação e de
interatividade, o ‘Face’, como é chamado popularmente,
tem se tornando também um ambiente de informações
sobre organizações e personalidades públicas.
A Fanpage da Semed tem possibilitado diversas
formas de interação e interatividade na comunidade
escolar, como foi observado durante o monitoramento da
página. Criada há três meses, a @educalauro tem uma
dinâmica bem específica, como deve ter toda página de
fãs. Geralmente, são realizadas, por dia, quatro
publicações, que seguem a dinâmica do público-alvo. A
primeira postagem ocorre entre as 7h30min e 8h10min; a
segunda, por volta das 11h30min; a outra, no intervalo
entre as 16h30min e 17h. Já a última publicação é realizada
entre as 19h e 20h.
O conteúdo varia entre informações produzidas pela
própria organização e gerado pela comunidade escolar,
que são educadores, arte-educadores, educandos ou
mesmo os pais dos educandos. A maior parte do conteúdo
manifesto pelo usuário, o que predomina na página, diz
respeito a metodologias de trabalho dos educadores bem
como a atividades desenvolvidas pelos educandos, nas
diversas disciplinas do currículo pedagógico e nas
77
produções extracurriculares como atividades literárias,
esportivas, artísticas e audiovisuais.
Para indicar o conteúdo gerado pelo usuário, a página
passou a usar, no período da monitoria, a hashtag
Participação Significativa (#ParticipaçãoSignificativa).
Como pontuaram educadores e gestores, em diálogo
durante o processo de observação empírica, com essa
dinâmica, a gestão alimenta o sentido de rede de ensino,
possibilitando que a comunidade escolar se sinta membro
integrante do processo produtivo da comunicação oficial.
A comunidade escolar deixa de ser apenas receptora de
conteúdo e passa a ser condutora da informação,
compartilhando, assim, a responsabilidade pelo
funcionamento da página, que, mais que instrumento de
publicização de ações públicas, torna-se fator de
socialização.
Este aspecto é indicado pela utilização da primeira
pessoa do plural nas publicações, pela marcação de
usuários que geram o conteúdo e por compartilhamentos,
curtidas e comentários. Conforme reiteram educadores e
gestores, isso amplia a interatividade e contribui para
fomentar o sentimento de rede social, alimentando a
autoestima dos membros da comunidade escolar, que se
sentem reconhecidos e valorizados em suas ações
cotidianas. Outro aspecto importante da página, é que há
o cuidado de gerar um conteúdo explicativo sobre as
publicações, com o objetivo de educar a população sobre
o fato narrado. As figuras 01 e 02, referentes ao conteúdo
gerado pelo usuário ilustram a abordagem.
78
Figura 01 - Publicação ‘Amarelinha Africana’ na fanpage da Secretaria
Municipal de Educação de Lauro de Freitas .
Fonte:
https://www.facebook.com/educalauro/?view_public_for=167895777440589.
Fonte:
https://www.facebook.com/educalauro/?view_public_for=167895777440589
79
utilizando dos próprios recursos tecnológicos do docente,
ilustrado na Figura 02. Isso representa o processo de
convergência, já que se utiliza de tecnologias, práticas e
pensamentos do próprio educador, atribuindo significado
total à sua participação na fanpage. Nas trilhas de Alves
(1999), essa prática apresenta uma perspectiva orgânica da
comunicação pública, pondo em jogo aspectos como modo
de vida, posicionamento crítico, pluralismos, valores,
subjetividades, ideologias e poder.
De acordo com o educomunicador, esses aspectos
cooperam para a construção da cultura educacional como
uma unidade social, por meio das quais é possível o
desenvolvimento de políticas educacionais
fundamentadas nas práticas sociais, o que vai ao encontro
da ideia de Cidade Educadora proposta pela Semed.
Nessa direção, observa-se que a apropriação do conteúdo
gerado pelo usuário, a despersonalização da plataforma e
a exposição de ações da comunidade escolar atribuem
maior dinamismo à comunicação da Secretaria de
Educação, estabelecendo uma relação simbiótica entre as
funções instrumentais e consumatórias, afinal, ao mesmo
tempo em que se informa ações da gestão municipal,
estimula-se a subjetividade do público-alvo – a
comunidade escolar.
Nota-se uma mudança de cultura da organização, que
deveras é formalista, mas acaba sendo “provocada,
empurrada” por uma nova dinâmica de comunicação.
Afinal, o seguidor ser produtor de conteúdo é algo
também novo na cultura educacional, pois ela é marcada
por relações muito mais verticalizadas. Neste modelo, isto
começa a ser alterado. Assim, é possível identificar maior
entrosamento entre público-alvo e organização, gerando
80
sensação de pertencimento, trocas de conhecimentos,
elevação da autoestima dos educadores, educandos e
técnicos, redução de conflitos de interesses e a
publicização das diversas identidades culturais que
fomentam a cultura da organização.
Nas palavras de Alves (1999), esse processo de gestão
da comunicação a partir da cultura educacional, estabelece
sentidos de construção de sujeitos sociais, já que os
seguidores são agora produtores de conteúdos. Com isso,
desenvolvem-se modelos de articulação ampliada e de
educatividade em movimento, propondo ciclos contínuos
de migração e acumulação simbólicas. Por esse caminho,
verifica-se que a página coopera para a construção coletiva
da identidade da Semed, gerando signos de participação
na gestão, que acabam conduzindo a práticas
administrativas, que priorizam o diálogo com a
comunidade escolar na tomada de decisões (talvez o
termo participação aqui passa a ter um significado
concreto nas tomadas de decisão).
Por esse motivo, reitera-se, seguindo a proposta de
Souza (2006), que a comunicação de uma organização
[pública], como a Semed, deve abranger em um primeiro
momento os públicos internos, no caso a comunidade
escolar, para em seguida propor conexões com públicos
externos. Aliás, em tempos da cultura de convergência,
impossível pensar a produção comunicacional sem
conceber processos interativos e a apropriação dos
conteúdos múltiplos gerados pelos públicos.
Os processos comunicacionais desenvolvidos na
fanpage da Semed confirmam a perspectiva apresentada
por Jenkins (2009) de que o cidadão contemporâneo, cada
vez mais tem a necessidade de manifestar suas opiniões,
81
emoções, percepções, vontades, necessidades,
interferindo nas produções da informação das
organizações públicas. “A nova mídia opera sob
princípios diferentes daqueles que reagiam a mídia de
radiodifusão e que dominou a política americana por
tanto tempo: acesso, participação, reciprocidade e
comunicação ponto-a-ponto, em vez de um-para-muitos”
(JENKINS, 2009, p. 288).
Essa sistemática ‘sociodigital’ sugere que
organizações públicas comecem a repensar suas
estratégias e práticas comunicacionais, cujos sentidos
devem ultrapassar a lógica funcionalista da Escola
Americana 18 , principalmente no campo governamental,
acolhendo manifestações dos cidadãos, e por meio delas
estimular os campos perceptivos, motores e cognitivos dos
próprios cidadãos. Assim, com base na experiência da
fanpage da Secretaria Municipal de Educação de Lauro de
Freitas, apresenta-se no próximo tópico, uma proposta de
gestão da comunicação. Acredita-se que a lógica da
educomunicação seja um caminho propício para essa
construção, que deve priorizar processos de socialização e
despertar da cidadania em detrimento de imposições
ideológicas, como têm praticado governos, ao longo da
história.
82
3 Uma proposta educomunicativa para a comunicação
pública
83
inerentes ao planejamento, implementações e avaliação de
processos, programas e produtos destinados a criar e a
fortalecer ecossistemas comunicativos, qualificados como
abertos e participativos. A comunidade escolar municipal
de Lauro de Freitas é um exemplo, considerando,
inclusive, que na perspectiva da Cidade Educadora, esta
comunidade não se restringe a professores e educandos,
mas à totalidade de munícipes e de outras organizações
que se interessam pela dinâmica educacional (formal e
informal), e que de alguma forma ligam-se a ela.
Isso implica que um planejamento de gestão da
comunicação deve ter objetivos definidos, delimitação de
estratégias operacionais e de produtos comunicacionais,
considerando os diversos públicos da organização. Por
sua vez, compreendem-se que estes produtos são digitais,
envolvendo a multiplicidade de linguagens possíveis no
ciberespaço; impressos, que atribuem materialidade à
informação; e produtos sociais, que possibilitam a
interação face a face entre gestão e públicos. Abaixo está o
modelo de gestão da comunicação, tendo como referência
a experiência da fanpage da Semed-Lauro de Freitas.
4 Objetivos
84
4. Estimular o compartilhamento de pensamento e
informações entre os públicos internos e externos
da organização;
5. Propor articulação entre organização e seus
públicos internos e externos;
6. Propor articulação entre organização e imprensa;
7. Estimular a participação de públicos internos e
externos da organização na produção
comunicacional, incluindo neste âmbito projetos e
ações socioeducativas;
8. Gerar debates sociais.
5 Estratégia de ação
85
produção comunicacional contemporânea, a partir de suas
próprias demandas.
Pedagogia da comunicação – usar recursos de
comunicação para facilitar a troca de informações entre
objetivos e propostas da organização e as perspectivas de
colaboradores e usuários dos serviços e produtos
oferecidos.
Artes e hábitos locais – apropriação da linguagem
artística e de hábitos e costumes locais para promover
trocas de informações e conhecimentos bem como ampliar
os processos interativos entre os diversos públicos
internos e externos. Estratégia voltada para melhoria do
relacionamento da instituição com a sociedade e que
também deve ser utilizada em campanhas de programas
específicos promovidos pelo órgão.
Mediação tecnológica – capacitar profissionais para
inserir tecnologias nos processos operacionais.
Consideram-se tecnologias como quaisquer artefatos
utilizados pelos estudantes para desenvolverem suas
atividades. A estratégia objetiva atualizar os
colaboradores, promovendo maior sinergia com o
comportamento e perspectiva dos usuários.
Epistemologia da comunicação – promoção e
produção de estudos científicos e técnicos sobre temas
produtivos da organização e aqueles propostos por seus
públicos.
Gestão da comunicação – implantar e otimizar fluxos
de informação junto aos públicos internos e externos do
órgão. A estratégia envolve o diagnóstico, planejamento,
implementação e avaliação de todos os processos sociais
desenvolvidos pela organização.
86
Produtos – A execução dessas estratégias deve
compreender produtos digitais, impressos e sociais.
Produtos digitais
87
mas à totalidade de aspectos que estão a ela
relacionadas. Isso implica em espaços para a
disponibilização de conteúdos noticiosos
produzidos pelo público interno);
• Redes (Fanpage, grupo privado no Facebook,
Instagram, Twitter, YouTube);
Redes
88
rede obedece às estratégias de mediação
tecnológica e artes e hábitos locais);
• Fanpage – espaço para trocas de informações,
contato com públicos internos e externos,
disponibilização de conteúdos produzidos pela
organização e por seus públicos,
compartilhamento de cards, memes, vídeos,
transmissões ao vivo de eventos. De acordo com o
estudo sobre a fanpage da Semed – Lauro de
Freitas, nota-se que a produção comunicacional no
Facebook pode estar relacionada a todas as áreas
de intervenção da educomunicação propostas por
Soares (1999), que correspondem às estratégias
operacionais que direcionam este plano.
Mediação tecnológica, artes e hábitos,
pedagogia, epistemologia e educação para a
comunicação são todas estratégias que orientam a
produção de uma fanpage. Além disso, o
monitoramento é um exercício importante para o
desenvolvimento de estratégias da gestão. No
entanto, verifica-se que as manifestações dos
usuários devem ser analisadas a partir de uma
metodologia que permita a relação entre o
conteúdo gerado em rede e as experiências,
contexto social e seus conceitos sobre as propostas,
produtos e dinâmicas da organização, como por
exemplo, a análise da memória coletiva. Afinal, no
período de monitoramento da fanpage da Semed,
notou-se que o conteúdo gerado pelo usuário
define a identidade da página, porque tem maior
poder de representação.
89
• Grupo privado no Facebook – Deve reunir o
público interno da organização para discussão de
temáticas do interesse de todos, correspondendo a
uma estratégia de gestão da comunicação;
• Canal no YouTube – Espaço para disponibilização
de programas produzidos pela organização e por
seu público interno. Os programas devem ser
voltados para temas da cultura organizacional e
local, em diversos formatos: entrevistas,
reportagens, talk shows, blogs, humor,
documentários, seguindo estratégias de educação
pelas artes e de mediação tecnológica.
Produtos impressos
90
• Folder educativo – com informações pertinentes às
demandas geradas em rede, construídos a partir
da análise das manifestações dos usuários;
• Coletâneas técnico-científicas – periódico
semestral ou anual, contendo procedimentos e
descobertas técnicas desenvolvidas pelos
colaboradores da organização, com análises a luz
de correntes teóricas.
Produtos sociais
91
ruídos e formação de subgrupos fechados no
interior da organização (‘panelinhas’), ampliar
processos inovadores e criativos, favorecer à
diversidade, conciliar interesses, ampliar a
dinâmica da organização, ampliar a troca de
conhecimentos, valorizar os colaboradores e
fomentar processos de socialização no interior da
organização.
• Reuniões periódicas com públicos externos – A
ideia é discutir a atuação da organização em
eventos pontuais, utilizando artes e hábitos locais,
propondo sempre temáticas do interesse popular
para discussões.
92
tem dominado a produção de conteúdos e informações
dos setores governamentais.
6 Considerações
93
tempos de cultura da convergência, a comunicação
organizacional deve se valer de diversas estratégias,
atribuindo simbioticamente caráter instrumental e
consumatório às produções. Isso implica na geração de
conteúdos precisos, claros e objetivos, ao mesmo tempo,
capazes de estimular aspectos sensíveis e cognitivos que
compõem as práticas individuais e coletivas dos públicos-
alvo da organização.
Desse modo, considera-se que a proposta elaborada
para a comunicação do setor público, fundamentada na
experiência da fanpage da Semed, é pertinente para
despertar nos cidadãos sentimentos de pertença à
instituição, reconhecendo-a como elemento importante da
sociedade. Por sua vez, a atual cibercultura propõe que é
preciso buscar na consciência popular aspectos que devem
ser apropriados às produções comunicacionais,
envolvendo fatores tecnológicos, sociais e econômicos.
Assim, verifica-se que comunicação pública deve
envolver aspectos das subjetividades e cognições dos
cidadãos. Para tanto, os órgãos devem se apropriar de
diversas plataformas de mídia, construindo narrativas
complementares e interdependentes. Principalmente,
deve-se buscar nas experiências dos colaboradores e da
sociedade, elementos que, de fato, reflitam suas relações e
perspectivas para com a organização.
Por fim, afirma-se que a gestão comunicacional dos
órgãos públicos deve superar o antigo modelo
tecnocrático de produção de releases e demais dispositivos
de consenso, e atuar como um processo interativo que
promova o compartilhamento de consciências entre
gestão e públicos, situando a comunicação e a própria
organização no âmbito da contemporaneidade.
94
Importante destacar que, como hoje, as pessoas estão
conectadas pelo digital, nos processos de participação será
preciso também inovar considerando esta nova era, afinal,
hoje os desafios são também de outra ordem.
REFERÊNCIAS
95
96
O DESENVOLVIMENTO DE UM APLICATIVO
MÓVEL NO CONTEXTO DO TELETANDEM
97
saber e passa a ser mais um mediador na construção do
conhecimento.
É importante, no ensino mediado por recursos
digitais, que os materiais didáticos utilizados sejam
adequadamente planejados de acordo com cada situação,
possibilitando uma integração dos conteúdos formais,
abordados em sala de aula, com atividades reais de
interação na língua-alvo propostas para a internet,
possibilitando que o aluno amplie e aprofunde sua
compreensão acerca dos conteúdos estudados na sala de
aula.
Os envolvidos no processo de aprendizagem mediada
por recursos tecnológicos precisam desenvolver a
habilidade de saber utilizá-los, relacioná-los, sintetizá-los,
analisá-los e, por fim, avaliá-los no seu potencial
educativo para aprendizagem (LÉVY, 2010, p. 174).
98
A utilização de recursos tecnológicos digitais pode
influenciar de maneira positiva o processo de ensino-
aprendizagem de línguas adicionais, principalmente por
meio de aplicativos móveis, que vêm conquistando um
espaço de grande importância e popularização por meio
dos indivíduos que buscam aprender novos idiomas para
além dos espaços formais, mostrando que o engajamento
e o gerenciamento da autoaprendizagem têm se destacado
como uma característica marcante da educação
contemporânea.
Do Tandem ao Teletandem
99
determinações, acasos, que constituem o nosso mundo
fenomenal” (MORIN, 1991, p. 17).
A partir de uma consistente revisão bibliográfica,
Benedetti (2010) apresenta que, embora ainda pouco
conhecida no Brasil, a aprendizagem de línguas em tandem
surgiu na Alemanha no final dos anos 1960, tendo se
difundido nas décadas seguintes a outros países da
Europa como uma modalidade alternativa e
complementar à aprendizagem formal de línguas
adicionais.
Inicialmente, o termo tandem fazia referência a uma
bicicleta para duas pessoas, que se sentam uma atrás da
outra e que tem pedal para ambos. Com o passar do
tempo, este termo também passou a ser utilizado para
definir um conjunto de duas pessoas que tem uma
atividade comum ou que colaboram em algo. No campo
do ensino-aprendizagem de línguas, “a aprendizagem em
tandem consiste no intercâmbio e compartilhamento de
conhecimento entre indivíduos de culturas diferentes,
com propósitos de aprendizagem de línguas de modo
colaborativo” (BENEDETTI, 2010, p. 21, grifo do autor).
Esta prática está baseada na concepção sociocultural
do desenvolvimento humano e concebe, portanto, a
aprendizagem como processual e socialmente mediada
que fomenta a constituição de parcerias entre pessoas que
desejam aprender uma língua adicional e concordam em
atingir essa meta por meio de práticas com falantes
proficientes no idioma que se deseja aprender.
Resumidamente, aprendizagem em tandem significa
provimento recíproco de apoio e instrução entre dois
aprendizes, onde cada um deles é falante nativo (ou
proficiente) na língua-alvo do outro que se realiza
100
presencialmente ou mediante outro meio de comunicação
(BENEDETTI, 2010).
São características da aprendizagem em tandem: i)
aberta, já que não segue um programa curricular fixo; ii)
intercultural, pelo fato de envolver diferentes línguas e
culturas; iii) interpessoal, praticada por pares de
aprendizes; iv) socialmente simétrica, envolve a
alternância de papéis, já que num momento se é aprendiz
da língua do outro e, noutro, professor do seu próprio
idioma.
O trabalho em tandem pode ser realizado em
diferentes perspectivas:
• Presencial – chamado também face a face. A
comunicação é predominantemente oral, porém os
participantes podem recorrer, sempre que
queiram, a materiais escritos e também podem
fazer anotações.
• Por correio eletrônico (e-mail) – Conhecido também
por e-tandem. Levando em conta que os
participantes em e-tandem se encontram em lugares
diferentes, é difícil organizá-lo seguindo as
mesmas pautas que no tandem presencial.
• Teletandem – Diferencia-se do tandem presencial e
do e-tandem por permitir uma interação completa
(escrita, áudio e vídeo) em tempo real entre os
participantes, devido a alguns programas de
comunicação gratuitos através da internet
(RAMMÉ, 2014).
101
da cultura, da forma de vida, dentre outros elementos de
determinado país, provêm de uma pessoa concreta, com
sua personalidade e percepção do que está a sua volta.
É um complemento para a aula de língua adicional,
tanto se for realizado de forma presencial como pela
internet. Aprender em tandem é uma prática realizada por
meio de comunicação autêntica com um interlocutor
nativo ou com um bom nível de proficiência na língua-
alvo, que serve de modelo e que pode corrigir e auxiliar na
hora de expressar-se.
102
O desenvolvimento da alteridade e da competência
intercultural se apresenta como um fator importante com
a mediação tecnológica. Sempre fez parte da
aprendizagem de línguas, no entanto, atualmente tem
adquirido uma crescente importância. Uma vez
apresentado em que consiste o Teletandem, no próximo
item contextualizaremos essa prática no âmbito da UEPB.
103
.Na última reforma do Projeto Político de Curso (PPC)
de Letras-Espanhol do Campus I da UEPB, em 2016, foram
incluídas as “PRÁTICAS DE INTERCÂMBIO
LINGUÍSTICO-CULTURAL VIA TELETANDEM” como
um componente curricular optativo (60h), na qual o PPC
está em fase de implantação e – em breve – este
componente curricular será oferecido regularmente e
contará como crédito na integralização curricular dos
alunos.
104
(UEPB). Desse modo, os interagentes vivenciaram e
observaram de maneira positiva o uso das tecnologias
digitais no processo de ensino-aprendizagem de línguas
adicionais.
Os procedimentos aqui descritos e compartilhados
durante a pesquisa que delinearam as ações em Teletandem
merecem um olhar atento no que diz respeito a algumas
lacunas existentes, no que se diz respeito à internet,
câmera, microfones e outros componentes de que as
interações dependiam para ser realizadas, ocasionando o
adiamento de algumas interações, que eram feitas através
do Skype, entretanto todos esses acontecimentos
contribuíram e instigaram para a fomentação do aplicativo
INTERCULT-UEPB como forma de colaborar para o
melhor acontecimento das interações e aprendizagem
advindas de tal método de ensino-aprendizagem
colaborativo e intercultural de línguas adicionais.
Para esta etapa do projeto, foram iniciados trabalhos
específicos e detalhados para confecção e produção de
materiais do qual o aplicativo estava necessitando para ser
finalizado. Para isso, ocorreu a utilização do aplicativo
inicial em fase de teste e com pouco conteúdo, mas com o
tempo e com as observações ocorreram melhorias
significativas com a intenção de contribuir para que o
material fosse um mediador eficaz no processo de ensino-
aprendizagem de línguas adicionais, desenvolvendo a
competência intercultural que, segundo Salomão (2012, p.
108), é “a capacidade de perceber, usando-se de todos os
mecanismos disponíveis, a diversidade do outro, e sendo
capaz de dominar seus sentimentos pessoais, de
neutralizar suas crenças e de pensar de forma a poder se
colocar no lugar do outro”.
105
O desenvolvimento e a popularização de dispositivos
móveis vêm revolucionando e tornando mais acessível o
acesso à informação, abrindo espaço para ser descoberto e
aperfeiçoado para também contribuir no processo de
ensino-aprendizagem.
Nos novos tempos, a aprendizagem pode ocorrer por
meio de vários recursos midiáticos e, principalmente, em
plataformas de massa como, por exemplo, as redes sociais
e os aplicativos móveis. A sociedade atual,
106
Alguns resultados
107
espanhol e conjugador verbal em português e
espanhol);
Figura 02 - Captura de tela do aplicativo
Intercult UEPB – Material de apoio.
108
dados para futuras pesquisas que tenham por finalidade
potencializar o ensino-aprendizagem de línguas
adicionais.
REFERÊNCIAS
109
SALOMÃO, A. C. B. A cultura e o ensino de língua estrangeira: perspectivas
para a formação continuada no projeto Teletandem Brasil. 2012. 270f.
Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Universidade
Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 2012.
SOUZA, F. M. de. O cinema como mediador na (re)construção de crenças de
professores de espanhol-língua estrangeira em formação inicial. 2014.
284f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade de São Paulo,
São Paulo-SP, 2014.
SOUZA, F. M. de. A sétima arte como artefato semiótico mediador das
reflexões a respeito de como de aprende uma língua adicional.
Hispanista, [s. l.], v. 16, p. 1-12, 2015.
SOUZA, F. M. de. O “INTERCULT” como uma agência de
multiletramentos: aprender e ensinar línguas num contexto intercultural
e colaborativo mediado pelas tecnologias digitais. 2017. 15f. Projeto
(Estágio de pós-doutorado em Linguística Aplicada) -
Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, 2017.
VIANA, M. A. P. Internet na Educação: Novas formas de aprender,
necessidades e competências no fazer pedagógico. In: MERCADO,
L. P. L. (Org.). Tendências na utilização das tecnologias da informação e
comunicação na educação. Maceió: EDUFAL, 2004.
110
NET-ATIVISMO E AS NOVAS NARRATIVAS NO
CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO EM REDE
Marina Magalhães
1 Introdução
O advento da Internet, sobretudo a partir da sua fase
web 2.0, possibilitou a criação de páginas pessoais,
transformou cada usuário das redes sociais digitais em um
potencial meio de comunicação. Tal processo teria levado
a uma passagem dos “meios de massa” para uma “massa
de meios”, com o empoderamento da pessoa através de
atributos antes restritos aos canais tradicionais de
comunicação (ALVES, 2017).
Foi neste cenário que o sistema midiacêntrico,
baseado na mídia que propagava tudo conforme seus
próprios interesses e critérios de produção, viu-se forçado
a dividir espaço com blogs, páginas e canais pessoais em
redes como YouTube, Facebook, Twitter e Instagram,
comandados por usuários que ganharam poder e controle
na gestão da informação nos ambientes digitais.
Nas conexões entre esses novos canais pessoais,
definidos por Rosental Calmon Alves (2017) como vetores
de uma massa de meios, assistimos também ao
surgimento de movimentos de ativismo em rede, aqui
tratados sob o signo do net-ativismo (DI FELICE, 2017).
Por meio de ações colaborativas emergidas de forma
espontânea nas redes sociais digitais, através da
integração de humanos e não humanos (LATOUR, 2012) –
incluindo nestes últimos as redes digitais, os aplicativos,
111
os dispositivos de conectividade e as territorialidades –,
abriu-se um terreno marcado pela tomada coletiva da
palavra, sobretudo por minorias e grupos marginalizados
pelos meios de comunicação tradicionais. Em dimensões
complexas e com bandeiras diversas, as novas narrativas
impulsionadas por tais movimentos enfrentam a
hegemonia da mídia massiva, reivindicando as suas vozes
na sociedade em rede.
É sobre o net-ativismo e as novas narrativas nos
contextos da comunicação em rede que trata este artigo,
que busca apresentar uma atualização conceitual do
fenômeno do ativismo em rede e oferecer um panorama
descritivo sobre a experiência vivenciada por inúmeros
movimentos ao redor do globo, com destaque para o 15-M
(Indignados), da Espanha, e para as Jornadas de Junho de
2013, no Brasil.
112
Se partirmos da visão que as tecnologias midiáticas
apresentaram vocações democráticas em diferentes
épocas e civilizações, sobretudo relacionadas ao acesso e
gestão do conhecimento e informação, não devemos
ignorar o avanço da participação popular nesses
processos. Massimo Di Felice (2010) sublinha os marcos
dos seus contributos, apontando o teatro grego como o
palco inicial da democracia ateniense, com o voto do
público nos espetáculos e as discussões sobre a pólis.
A prensa de Gutenberg teria vindo possibilitar a
reprodução de periódicos e livros em larga escala,
retirando o monopólio dos livros dos monges e das
hierarquias eclesiásticas; seguida, quatro séculos depois,
por um processo acelerado pelo advento da eletricidade e,
com esta, dos media de massa. Estes últimos são
considerados fundamentais para a difusão e a
consolidação dos estados nacionais, marcando o
desenvolvimento da sociedade pós-moderna – uma ideia
próxima a que Gianni Vattimo (1992) havia tratado como
o fim do imperialismo e do colonialismo europeu frente à
multiplicação de visões de mundo impulsionada pela
ascensão da cultura de massa.
Com a revolução digital, marcada pela transformação
do modelo de comunicação bidirecional (baseado na
distinção identitária entre emissor e receptor comum na
mídia massiva) ou piramidal (com o topo da pirâmide
dominado pelo Estado e pelos conglomerados midiáticos)
em um modelo rizomático (DELEUZE; GUATTARI, 1995),
também conhecido como reticular (DI FELICE, 2010),
novas mudanças se disseminaram em uma lógica de
113
comunicação horizontal que potencializou o fim dos
pontos de vista centrais.
Dentre tais mudanças, Di Felice (2010) destaca: a
tomada coletiva da palavra, a substituição de uma agenda
pautada pelos media (agenda setting) por uma agenda
pautada pelas redes sociais digitais (agenda building), a
possibilidade de protagonismo pelas minorias ou grupos
marginalizados e, consequentemente, uma crescente
perda do controle da informação por parte das empresas,
das instituições públicas e do Estado. Enquanto antes do
incremento do digital as informações relacionadas às
gestões políticas amontoavam-se em pastas e arquivos
cobertos por burocracia e pó nos gabinetes das repartições
públicas, em tempos de transparência os dados devem ser
atualizados na velocidade dos cliques.
É nesse contexto que surge o fenômeno do net-
ativismo, movimentos e ações colaborativas surgidos em
rede e nas redes, a partir de qualquer ponto digitalmente
conectado. Tal expressão, sugerida como construção
linguística que deve ser compreendida como um oximoro,
composta pelo prefixo “net” e pela palavra “ativismo”, é
utilizada para indicar as interações características de um
novo tipo de ecologia que reúne seus diversos membros
em um social não mais limitado ao âmbito humano do
“socius”, mas expandido às demais entidades técnicas,
informativas, territoriais, de forma reticular e conectiva
(DI FELICE, 2013).
114
tecnologia digital e expressão de uma interação não
opositiva entre sujeitos, grupos e territorialidades com as
tecnologias de informação, as redes informativas e as
diversas interfaces realizadas (DI FELICE, 2012, p. 36).
115
nas ações colaborativas. Tais ações não se limitam à esfera
política, às reivindicações claras e de temática única, mas
atravessam e misturam demandas ecológicas, econômicas,
sociais ou culturais, em contextos distintos no mapa-
múndi, como veremos a seguir a partir de um panorama
global do fenômeno, centrado nos seus principais marcos.
3 Marcos do net-ativismo
116
através da Internet em uma espacialidade informático-
planetária.
Como terceira fase, teríamos a atual fase web 2.0 e social
network, marcada pela emergência de movimentos de
protestos, subversões de vários gêneros e pela constituição
de redes eficazes de ativismo digital.
Como exemplos da primeira fase podemos destacar
os personagens coletivos Hakim Bey e Luther Blissett,
emergentes do período inicial da Internet, marcado pela
popularização das conexões através de computadores
pessoais, a partir dos anos 1990. Hakim Bey surge sob o
signo do cyberpunk, com a alternativa de liberar
temporariamente determinado campo da vida cotidiana
como forma de fugir da alternância entre revolução,
governo revolucionário e status quo outra vez, investindo
em uma dinâmica centrada em experiências de pico.
Com base no entendimento de que “momentos de
intensidade moldam e dão sentido a toda uma vida” (BEY,
2001, p. 5), tal liberação poderia se desenvolver tanto em
um festival, como por meio de um ataque hacker, de
invasões de espaços públicos para apresentações artísticas
(terrorismo poético) ou de sequestros relâmpagos para
realização dos desejos da “vítima”. Nada que precedesse
um ponto de origem fixo, alcançasse tamanha visibilidade
ou durasse tempo suficiente para despertar um interesse
de controle por parte do Estado.
A identidade coletiva ainda contribuiu teoricamente
ao pensar, no livro-manifesto T. A. Z.: Zona Autônoma
Temporária (BEY, 2001), a crise da política fora dos moldes
institucionais, como expressões criativas da constituição
117
do comum para além dos domínios do que é público ou
privado, convidando os seus membros a experienciarem
uma autonomia livre de políticos. Ao invés de se constituir
como partido político, associação, empresa ou instituição
organizada sob qualquer aspecto, Hakim Bey preferiu se
lançar como um bando, de identidade aberta e horizontal,
que poderia ser a de qualquer membro enquanto assim
desejasse.
No mesmo sentido anárquico surge o Luther Blissett,
que tomou emprestado o nome de um jogador de futebol
cujo fraco desempenho em temporada italiana virou
notícia internacional. O personagem teve atuação
marcante naquele país, entre 1994 e 2000, mas suas ações
desenvolveram-se também por hackers, ativistas culturais
e simpatizantes de outras partes do globo, convidados a
participar de um exercício de filosofia prática (BLISSETT,
2000).
Os membros por trás da identidade coletiva, a qual
foram atribuídas produções multimidiáticas (livros,
discos, clipes, animações), ataques a sites e projeções de
notícias falsas nas pautas dos meios de comunicação
tradicionais – em uma estratégia muitas vezes próxima a
do Tactical Media19, de fazer a crítica midiática dentro da
própria mídia, como forma de criticar a falta de apuração
das informações e o sensacionalismo midiático –,
118
colaboraram para criar uma lenda em torno do “Robin
Hood da Informação”, reivindicando seus espaços de fala
em meio à guerrilha contra a indústria cultural.
Por meio de uma lógica distinta daquelas dos
sindicatos, das organizações, dos movimentos de ativismo
tradicionais e verticalizados ou dos partidos políticos, que
em geral envolvem uma demanda por filiação, inscrição
ou contratação, qualquer um poderia ser Luther Blissett,
bastava utilizar o nome do personagem. Após a realização
das ações do coletivo, a autoria costumava ser
reivindicada através do pseudônimo, desvinculando
assim o protagonismo do movimento de qualquer líder ou
figura pública real.
Enquanto Hakim Bey e Luther Blissett
corresponderiam a uma fase preparatória do net-ativismo,
a fase de experimentação das primeiras formas de
conflitualidade mediadas pelo digital teve como principal
expoente o Movimento Zapatista, um levante organizado
em 1994, por índios mexicanos, contra a entrada daquele
país no NAFTA (acordo econômico de livre comércio
entre Estados Unidos, Canadá e México). Tal movimento
ultrapassou a esfera da crítica aos media para produzir
uma diferença qualitativa nas dinâmicas dos conflitos,
revelando um novo caráter desse tipo de interação (DI
FELICE; MUÑOZ, 1998).
Embora este caso envolvesse uma espécie de luta
armada contra o Estado – a defesa das terras pelo Exército
Zapatista de Libertação Nacional –, a verdadeira arma do
movimento era o alcance da comunicação e a adesão da
sociedade civil internacional à causa indígena, a fim de
119
construir “uma sociedade cooperativa e solidária”
(VARGAS, 2009, p. 203), fator que o diferenciava das
guerrilhas latino-americanas tradicionais.
Ao invés de constituir um novo partido ou de resolver
o confronto com o Estado através de uma guerra civil, o
zapatismo tentava traduzir a América Latina por meio de
uma nova linguagem, uma mescla de referências da
própria cultura indígena e das visões de mundo que
faziam parte da sua cultura, excluídas do processo de
construção das nações vizinhas. Esta linguagem era
disseminada através da divulgação dos comunicados
zapatistas na internet, a fim de envolver outros
movimentos sociais globais na luta contra o
neoliberalismo.
Sob a inspiração tanto da influência cyberpunk e do
espírito pirata da fase de preparação, quanto das novas
formas de conflitualidade informativo-midiática da fase
de experimentação iniciada pelo movimento zapatista, a
fase web 2.0 e social network trouxe como diferencial a
emergência das formas reticulares de ativismo,
desenvolvidas em colaboração com as redes sociais
digitais, através de plataformas como o IRC (Internet
Relay Chat), Facebook, YouTube e Twitter.
Entre os casos de net-ativismo mais notórios
midiaticamente em todo o globo, no período
compreendido entre 2000 e 2018, merecem destaque
movimentos como o hacktivista Anonymous, com atuação
colaborativa em diversas latitudes em prol da liberdade de
expressão, por ideais de horizontalidade e transparência
governamentais; o Movimento 5 Estrelas (Itália), uma livre
120
associação de cidadãos unidos pelo objetivo de lançar uma
alternativa ao modelo político tradicional; a Primavera
Árabe, que reuniu países do norte da África e do Oriente
Médio na luta pela democracia e contra ditadores há
décadas no poder; o Movimento 15-M ou Indignados
(Espanha), originado por uma insatisfação generalizada
em relação ao modelo político vigente e à crise econômica
global; o Occupy Wall Street (Estados Unidos),
impulsionado pela insatisfação pública com o poder dos
bancos e a crise econômica global e; as Jornadas de Junho
de 2013 no Brasil, que começaram com protestos contra o
aumento das passagens de ônibus e se difundiram para
manifestações com bandeiras diversas (MAGALHÃES,
2018), que incluíam a melhoria dos serviços públicos e o
combate à corrupção política no país.
Estes movimentos situados na terceira e atual fase do
net-ativismo inauguraram dinâmicas próprias de
organização e interação, com ações que transitavam entre
as redes e as ruas. No que se refere às estratégias de
comunicação, voltaremos o nosso foco para o Movimento
15-M, também conhecido como “Revolução Espanhola”, e
as Jornadas de Junho de 2013 no Brasil. Tais movimentos
foram selecionados por terem originado narrativas
reticulares em oposição àquelas criadas e reproduzidas
pelos veículos de comunicação de massa, acusados pelos
net-ativistas de não representarem fielmente os seus
propósitos e interesses.
121
4 As novas narrativas no contexto da comunicação em
rede
122
das eleições daquele ano. Em meio ao crescente
desemprego, seus membros lutavam por uma reforma
política, pelo fim do financiamento público partidário,
pela inabilitação para o exercício legislativo de políticos
condenados ou com processos penais, pelo fim do
desemprego e da corrupção.
A mobilização ganhou fôlego através da plataforma
civil e digital denominada ¡Democracia Real Ya! (ou
Democracia Real Já!, em tradução livre), inicialmente
articulada com mais de duzentas pequenas associações.
Cidadãos de 58 cidades de toda a Espanha foram
convocados para uma mobilização nas ruas, a fim de
denunciar os abusos cometidos sob o pretexto de uma
crise econômica que atingia a Europa desde 2008.
Reunidos por lemas como: “não somos marionetes nas
mãos de políticos e banqueiros”, manifestantes
promoveram acampadas em dezenas de praças de toda a
Espanha.
Tais acampamentos passaram a funcionar como uma
espécie de cidade autossustentável, dividida em grupos
temáticos de trabalho – como os de serviços, economia,
jurídico, enfermaria e comunicação –, com a realização de
atividades culturais e assembleias diárias para a discussão
de propostas. A iniciativa se propagou em poucos dias
para 30 localidades da Espanha, com destaque para La
Coruña e Barcelona, além de mobilizações semelhantes
nas portas das embaixadas da Espanha em diversas
cidades europeias.
O movimento ganhou destaque inicialmente na
imprensa internacional, em periódicos como o Washington
123
Post, logo na primeira semana de acampamento. Os meios
de comunicação locais, que ignoraram o princípio da
mobilização, tiveram dificuldades em abordar o fenômeno
a partir dos seus antigos moldes. Tal renovação teria
levado ao que os manifestantes consideram uma
deturpação do 15-M pelos media, que o associavam ora a
uma espécie de “confraternização ideológica” ora a uma
mobilização político-partidária. Como resultado, sempre
que a imprensa nacional tentava visitar os acampamentos
era hostilizada pelos membros do movimento, aos gritos
de “vocês não nos representam” – semelhante ao que
aconteceria no Brasil três anos depois, durante as Jornadas
de Junho de 2013.
O movimento espanhol chegou a recusar entrevistas
nas televisões locais, como a RTVE, alegando que o
coletivo não tinha um líder específico, mas que todos ali
eram líderes, não podendo o todo ser representado por um
só rosto. Além da convocação para o protesto ter sido
mediada pela Internet, desde a primeira noite de
acampadas seus manifestantes estruturaram toda a
comunicação através das redes sociais digitais,
conquistando o apoio de outros movimentos net-ativistas,
como o Anonymous, cujas máscaras20 foram utilizadas por
muitos dos “indignados”.
124
A conta do twitter <@acampadasol> foi criada ainda
na praça, entre os membros que decidiram passar a
primeira noite na Porta do Sol. Em seguida, criou-se um
blog específico do movimento
<concentracionsolmadrid.blogspot.com>, com o envio de
e-mails para os endereços fornecidos pelo departamento
de estratégias da acampada. As redes traziam informações
sobre as assembleias e forneciam narrativas cotidianas do
15-M, através de uma linguagem que enfatizava as
decisões tomadas coletivamente e que poderia representar
qualquer membro. Ainda foram criados o AudioviSol <
https://madrid.tomalaplaza.net/tv/>, um serviço de vídeo
notícias do Movimento 15-M, a Ágora Sol Radio <
https://www.agorasolradio.org>, um periódico mensal
chamado Madrid 15M < http://madrid15m.org> e o
Tomalatele <http://www.tomalatele.tv/web/>, um website
utilizado para cobertura ao vivo do dia a dia no
acampamento.
As assembleias realizadas entre os manifestantes
resultaram em diversas propostas, tais como: reforma
eleitoral para que todos os votos da Espanha tivessem a
mesma validade, independência real e total entre os
poderes executivo e judiciário e reforma do Senado
(considerado pelos manifestantes como "mero trâmite" no
sistema então vigente). Outro ponto proposto foi uma
regeneração política generalizada, com a abertura pública
de listas, o não financiamento público de partidos
políticos, a inabilitação permanente de condenados por
corrupção, a supressão de privilégios e a publicação de
patrimônios de políticos.
125
Após o dia 22 de maio, mesmo com o final das
eleições, o acampamento da Porta do Sol, em Madrid,
resolveu continuar, sob a alegação que desde o princípio o
movimento se revelou como uma iniciativa apartidária,
independente de qual partido vencesse a disputa eleitoral.
As manifestações também seguiram em outras cidades,
como Barcelona, que em 27 de maio daquele ano teve o seu
acampamento da Praça Catalunia dissolvido pela
repressão policial, com 121 feridos nos confrontos entre a
polícia e os manifestantes.
Um mês após a permanência na Praça de Madri, a
Acampada Sol foi levantada em 12 de junho de 2011, sob
a promessa “nós não partimos, nos expandimos”, a qual
anunciava que as ideias seguiriam no imaginário coletivo
global. A decisão de levantarem o acampamento, com o
cuidado de deixarem a praça em melhor estado do que
quando a encontraram, foi tomada em assembleia, pelo
entendimento de que o trabalho poderia ser continuado
nos bairros, descentralizando as atividades do icônico
cartão-postal madrilenho.
126
Após a decisão de desocupação do espaço, a
acampada foi resumida a um posto de informações
deixado na Praça do Sol, com orientações sobre os eventos
que seriam desenvolvidos em outros bairros da cidade.
Porém, as atividades continuaram perto e longe dali,
através das mobilizações nas redes sociais digitais e de
uma série de protestos em toda a Espanha – sobretudo em
prédios abandonados, como uma espécie de resposta ao
problema da falta de moradia, transformando esses locais
em associações culturais.
O empenho em levar os protestos contra os efeitos do
neoliberalismo, como acúmulo de grandes fortunas na
mão de poucas pessoas, a especulação imobiliária, etc.
ecoou em outros movimentos, como o Occupy Wall Street,
nos Estados Unidos, que também desenvolveu as suas
próprias narrativas em rede. No documentário 15M
(2012), lançado um ano e meio após a onda de acampadas,
diversos manifestantes declararam que a maior
contribuição do movimento estava na expansão da
consciência das pessoas em relação à crise que
enfrentavam, tornando-se um problema para o governo,
no sentido da pressão e fiscalização popular, e uma ajuda
para os seus pares, no que se refere à solidariedade nos
momentos de crise (GRUESO, 2012).
A experiência de ações colaborativas é fruto também
de convivência no acampamento, onde além da coleta de
15 mil propostas para a cidadania e para melhorar a
democracia vivenciou-se uma série de trocas de serviços
entre os envolvidos, como assistência jurídica e
informática.
127
4.2 Jornadas de Junho de 2013 no Brasil
128
A discussão sobre os valores cobrados e a qualidade
dos serviços oferecidos na mobilidade urbana logo se
estenderam a outros campos da vida cotidiana nas
grandes cidades nacionais. Apesar do recuo do aumento
das passagens em pelo menos 100 cidades brasileiras,
como resposta positiva aos protestos, os manifestantes
transformaram o movimento em uma luta mais ampla:
“não é por vinte centavos”, afirmava o novo lema, em
referência ao aumento inicial previsto pelas empresas do
setor de transportes.
Logo, os primeiros protestos originaram outros
novos, na ebulição da ocupação das redes sociais digitais
e dos espaços públicos no Brasil. Movimentos diversos,
com posições ideológicas conflitantes, mas que devido ao
encadeamento temporal foram tratados como as Jornadas
de Junho de 2013. Os escândalos da corrupção envolvendo
o cenário político brasileiro, o atraso na entrega das obras
realizadas para a Copa das Confederações de 2013 e a
proximidade da Copa do Mundo de 2014, bem como as
cifras investidas na estruturação de estádios para atender
às exigências da Federação Internacional de Futebol
(FIFA) levaram a adesão de milhares de novos
manifestantes às ruas.
Tais movimentos se misturaram à mobilização
iniciada pelo Passe Livre para exigir, além dos transportes,
saúde, educação e segurança “Padrão Fifa”. O ápice da
mobilização nacional, contudo, foi alcançado em 20 de
junho de 2013, data em que a Polícia Militar já estimava a
participação de 1,2 milhão de brasileiros nas ruas das
cidades. Em Brasília, cerca de 35 mil pessoas ocuparam a
129
Esplanada dos Ministérios, dentre as quais centenas
subiram a rampa e ocuparam o teto do Congresso
Nacional. Ainda assim, os media nacionais focaram a sua
cobertura no registro de atos de vandalismos em Brasília e
em outras cidades do país.
Dentre os confrontos com a polícia registrados nas
Jornadas de Junho, mereceu maior destaque jornalístico as
ações dos Black Blocs23, protestos violentos em frente aos
jogos de futebol e até o saqueamento de estabelecimentos
comerciais.
A introdução de bandeiras partidárias nas
manifestações também gerou revolta entre os
manifestantes, pelo fato de o movimento ter se iniciado
como apartidário. Também houve acusações de policiais
infiltrados nas ações com o objetivo de incitar a violência
e de prejudicar a credibilidade da mobilização. O abuso de
autoridade policial foi registrado em diversos momentos
dos protestos e em localidades distintas, com detenções de
manifestantes até por porte de vinagre24.
Assim como aconteceu aos indignados espanhóis, a
mobilização no Brasil não recebeu a devida cobertura dos
media tradicionais desde o seu princípio. Apenas após o
130
protesto de 13 de junho de 2013, marcado pela forte
repressão policial que chegou a ferir jornalistas em
exercício profissional, os meios de comunicação ligados às
grandes empresas começaram a transmitir o evento. A
Rede Globo foi uma das mais criticadas durante os atos,
por ter inicialmente tratado os manifestantes como
“vândalos” (AVELAR; BARBOSA FILHO, 2015) e por não
ter disponibilizado uma cobertura ao vivo das
mobilizações, sendo acusada até de manipular o número
de manifestantes, como forma de minimizar a relevância
das ações.
Os repórteres da Globo chegaram a ser hostilizados
nos protestos e expulsos das mobilizações. A hashtag
<#AbaixoRedeGloboPovoNãoéBobo> alcançou o topo dos
trending topics do Twitter naquele período, quando as
manifestações nas ruas também se encaminharam para as
portas da emissora. A Rede Globo também teve a conta do
Twitter invadida por membros do Anonymous Rio, que
passou a exibir três palavras: Democracia real já – o
mesmo lema do Movimento 15-M.
Também foram registrados ataques a equipes de
televisão e veículos de outras empresas de comunicação,
como a Rede Record e o SBT. Isto demonstra como parte
dos manifestantes depositava a sua confiança nas
coberturas oferecidas pelas redes sociais digitais, não
apenas como um meio de convocação para os protestos,
mas como a fonte de informações considerada mais
“imparcial”, com espaços de denúncias para os abusos
cometidos por policiais e para a análise da manipulação
midiática do movimento.
131
Os net-ativistas dos Anonymous ainda contribuíram
de outros modos para esse mosaico de narrativas. Para
responder às críticas midiáticas sobre a falta de
reivindicações claras no protesto, lançaram na Internet um
vídeo intitulado “Anonymous Brasil - As 5 causas!” 25 ,
sugerindo os principais motivos consensuais pelos quais
as pessoas estariam se manifestando: rejeição à PEC 3726;
renúncia de Renan Calheiros da presidência do Senado
Federal; investigações e punição de irregularidades nas
obras da Copa do Mundo a ser realizada no país; lei que
tornasse corrupção crime hediondo e o fim do foro
privilegiado para políticos.
Em menos de 24 horas, o vídeo lançado pelo
movimento hacker recebeu mais de 1 milhão de
visualizações, tendo alcançado, em menos de uma
semana, milhares de republicações em outros canais e sites
de vídeos, potencializando o efeito viral na Internet.
Dentre as causas listadas pelos “anons” 27 , duas
parecem ter resultado rapidamente: a rejeição à PEC 37,
que se tratava de uma causa de forte apelo popular, e a
aprovação, na Câmara, de uma lei que classificasse a
corrupção como crime hediondo no país. Essa última
132
ainda não figurava de forma explícita durante as
manifestações, vindo a ser posteriormente citada durante
o Pronunciamento Presidencial da então presidente Dilma
Rousseff28, que a divulgou entre as metas anunciadas no
discurso sobre os "Cinco Pactos".
Desde a mobilização pelas eleições diretas, em 1984, e
pelo impeachment do então presidente Fernando Collor
de Mello, em 1992, capitaneado pelo movimento dos
Caras Pintadas, não era registrado no Brasil uma
mobilização nacional de tamanha expressão como aquela
iniciada pelas Jornadas de Junho.
Paiva e Barreto (2015) explicam que no primeiro caso,
na luta pelas eleições diretas, tratava-se de um período em
que não havia Internet nem redes sociais digitais e as
influências midiáticas eram regidas pela televisão, isto é,
uma campanha que contava com a força dos sindicatos,
das representações de classes e dos estudantes que
tentavam se organizar após vinte anos de ditadura. Já na
época pró-impeachment de Collor de Mello, nos anos
1990, o cenário era outro: a era da globalização, com os
movimentos de base fragilizados pela explosão do
consumismo, diversificando-se entre ativistas feministas,
gays, ecologistas, índios, membros do Movimento dos
Sem Terra e camadas médias preocupadas com a
corrupção.
Na fase dos social media, em que a televisão começou
a perder, tendencialmente, a sua audiência – sobretudo
133
entre o público mais jovem – para a Internet, o movimento
das Jornadas de Junho de 2013 se articulava de forma viral,
com a integração das mais diversas bandeiras. Em razão
desse hiato de duas décadas desde a última grande
manifestação, expressões como “O gigante acordou”, em
referência ao despertar do povo brasileiro para as
mobilizações, foram as mais repercutidas, tanto nas redes
sociais digitais quanto nas ruas de todo o país.
134
Independentes, Jornalismo e Ação). O coletivo de
jornalistas brasileiros surgiu em meio às Jornadas de
Junho de 2013, com o objetivo de oferecer nas redes sociais
digitais e através das suas tecnologias uma cobertura dos
movimentos sem a mediação dos interesses dos grandes
grupos midiáticos. Assim se apresenta o coletivo em sua
página na internet <http://www.midianinja.org/>.
135
desenvolve narrativas que dão visibilidade a temas
relacionados a causas identitárias, cultura, meio ambiente,
juventude, entre outros assuntos de interesse
contemporâneo.
Com 2 milhões de apoiadores e cerca de 500 pessoas
diretamente envolvidas com o suporte de causas diversas
em todo o país, a Mídia NINJA funciona através de
financiamento coletivo, não vinculado a empresas ou
partidos políticos, disseminando palavras, imagens e sons
em redes sociais digitais como Facebook <https://pt-
br.facebook.com/MidiaNINJA/>, Twitter
<@MidiaNINJA>, YouTube <
https://www.youtube.com/user/midianinjafly> e
Instagram < https://www.instagram.com/midianinja/>.
Em julho de 2013 o volume de participantes nos
protestos em que iniciativas como a Mídia NINJA
surgiram diminuía a cada evento, fenômeno atribuído
pelos media tradicionais à onda de vandalismo e
depredações gerada pelos Black Blocs, que utilizavam a
tática de atacar símbolos do poder e do capital. O final da
Copa das Confederações, que ajudava a atrair as atenções
da imprensa internacional para o Brasil em 2013, também
contribuiu para arrefecer o clima de manifestações, que
resultaram na adoção de poucas medidas por parte do
Governo Federal e do Congresso Nacional para atender às
reivindicações dos manifestantes – a chamada "agenda
positiva" (MAGALHÃES, 2018).
A pluralidade de causas e o envolvimento oportunista
de sindicatos, partidos políticos e figuras políticas na
organização dos movimentos acabaram por acentuar uma
136
polarização dos protestos, que em 2015 voltaram às ruas
do Brasil divididos em ações contra ou a favor do
impeachment da presidente Dilma Rousseff, depois de
reeleita em 2014. Rousseff foi afastada do poder em 2016,
após uma votação final polêmica no Senado Federal,
sendo substituída pelo seu então vice-presidente, Michel
Temer (PMDB), também citado na mesma Operação Lava
Jato30 em que a sua antecessora teve o nome envolvido.
Com as ações desenvolvidas pelo movimento net-
ativista Anonymous e as novas narrativas criadas e
difundidas pelo coletivo Mídia NINJA, as Jornadas de
Junho de 2013 encerram a nossa proposta de mapeamento
dos movimentos net-ativistas da fase web 2.0 e dos social
media. Na impossibilidade de elencar todos os
movimentos em nosso percurso descritivo, os casos
apresentados servem-nos como material empírico para
que sejam retraçados os aspetos gerais da ação em rede,
uma simples extrato, uma amostra, um recorte temático e
temporal do fenômeno.
137
5 Considerações finais
138
uma nova linguagem elaborada pelos indígenas
mexicanos, transformando uma questão local em uma
causa de apelo global, contra os efeitos do neoliberalismo
econômico que a quase todos afetava de formas diversas.
Mas é na fase da web 2.0 e dos social media – por meio
de movimentos como Anonymous, Primavera Árabe,
Occupy Wall Street, Movimento 15-M, Jornadas de Junho
de 2013, etc. – que a propagação das novas narrativas se
torna mais evidente. Em suma, potencializada pela criação
de páginas e perfis pessoais e pela oportunidade de
partilha em ritmo viral, através das redes sociais digitais e
dos aplicativos de mensagens instantâneas disponíveis na
palma da mão, em tempos de mídias móveis.
Se cada usuário das redes sociais digitais representa
um potencial meio de comunicação, como enuncia Alves
(2017), os novos conteúdos produzidos por essa massa de
meios dividem cada vez mais os seus espaços com aqueles
dos media de massa tradicionais. Estes seguem desafiados
dia a dia a repensar as suas formas de relatar os fatos
sociais, seja na utilização de conteúdos produzidos por
coletivos como o 15-M e a Mídia NINJA, seja através da
busca por uma integração crescente dos antigos
“receptores” na produção do espetáculo midiático, que
hoje reivindicam o direito de narrarem as suas próprias
histórias.
139
REFERÊNCIAS
140
GRUESO, S. 15M: Excellent. A wake-up call. Important. Espanha:
Madrid.15M.cc., 2012.
LATOUR, B. Reagregando o social: uma introdução à Teoria do Ator-
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MAGALHÃES, M. Net-ativismo: protestos e subversões nas redes
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MESQUITA, A.; BELARMINO, J. A revolta do vinagre: humor nos
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PAIVA, C.; BARRETO, E. Posfácio. In: PAIVA, C.; BARRETO, E.;
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subcomandante Marcos. Revista Territórios & Fronteiras, Cuiabá, v.
2, n. 2, p 202-222. jul./dez. 2009.
VATTIMO, G. A Sociedade Transparente. Lisboa: Relógio d’Água, 1992.
141
142
LYRIC VIDEO – A CONSONÂNCIA SONORA E
VISUAL
143
Beatles, com o filme A Hard Days Night31, o qual foi lançado
em 1964, combinado ao álbum homônimo.
Nessa década, o cinema ainda era um grande sucesso
de público, lotando as salas de cinemas com os filmes
lançados. A banda inglesa viu, então, uma oportunidade
de divulgar as músicas nesse veículo cinematográfico.
Podemos notar uma hibridização de um enredo de um
filme clássico associado à música. Dessa maneira, Lester
fez os primeiros ensaios criando uma narrativa musical
nas telas dos cinemas. Acredita-se, também, que os Beatles
tenham divulgado suas músicas no cinema como uma
maneira de evitar suas apresentações ao vivo, pois a
euforia dos fãs era expressivamente exagerada. Dessa
forma, o público poderia apreciar a música sem a
necessidade de uma apresentação física da banda. A
proposta, apesar de ousada na época, rendeu bons frutos,
abrindo o rígido segmento cinematográfico para outras
direções, inclusive para o que viria a ser o videoclipe que
conhecemos atualmente.
A década de 80 é considerada como o apogeu dos
videoclipes musicais. Neste período, com o avanço
tecnológico e com a era da computação gráfica, permitiu-
se inúmeras possibilidades de criação. É possível
identificar vários clipes com aspecto de filmagens dos
longas-metragens. Além dos dispositivos tecnológicos,
surgiu outro suporte que viria a ser um grande canal
31A Hard Days Night é o terceiro álbum da banda inglesa The Beatles. As músicas
não eram apenas parte da trilha sonora do filme. Foram lançadas diferentes
versões em outros países.
144
televisivo do segmento, o americano MTV (Music
Television). Inicialmente, a proposta do canal era ter a
programação preenchida por músicas tornando-se um
veículo promissor e mais eficaz para divulgação dos
videoclipes. Cantores como Michael Jackson, Madonna e A-
Ha, por exemplo, lançavam seus clipes performáticos que
apresentavam altas produções de caráter do cinema
hollywoodiano.
Valenciana: 1992.
34 The Buggles, uma banda britânica formada em 1977 por Trevor Horn e Geoff
Downes.
145
conhecida como clipe, termo que comumente escutamos
como clipe musical.
35A Revista Música & Letra era publicada pela Bandeirante Editora Musical
Ltda.
146
mídias impressas. Trata-se de um procedimento muito
comum neste período, visto que era possível seguir a
composição sonora com as letras permitindo, assim, uma
imersão no conteúdo musical.
O clipe, conforme mencionado anteriormente, surgiu
como uma estratégia de divulgação que os artistas do
segmento fonográfico utilizavam para apresentar suas
músicas para fins comerciais. Notou-se que este veículo,
composto por imagem e som, teve uma grande adesão
pública. Então, por que não utilizar o meio audiovisual
dos videoclipes associado ao letramento musical? Foi
então que surgiu o lyric video, uma vertente dos clipes.
Fonte: https://http2.mlstatic.com/revista-musica-letra-n-de-1959-dalva-de-
andrade-D_NQ_NP_164311-MLB20530587540_122015-F.webp.
147
O lyric video (em português, lyric significa letra) é uma
maneira de inserir as composições musicais no contexto
audiovisual. Nessa modalidade, as letras são apresentadas
em consonância com a semântica musical, diferentemente
do que era apresentado nos clipes tradicionais, nos quais
existia uma narrativa atuante composta pelo próprio
cantor, ator ou pelas interferências artísticas. As palavras
são dispostas sincronicamente com a melodia,
diferentemente dos filmes legendados ou os famosos
GC’s36 dos programas televisivos, cujas informações eram
dispostas nas telas dos cinemas ou televisores. Dessa
maneira, a letra musical deixa de ser a coadjuvante e
torna-se a protagonista do clipe, sendo emitida
paralelamente à trilha musical.
Figura 02 – Recorte de Sign O’ the Times
148
Historicamente, o primeiro lyric video foi produzido
para o cantor norte-americano Prince, com a música Sign
O’ the times, divulgado em 1987. O clipe (Figura 02)
apresenta os primeiros ensaios da computação gráfica nos
televisores domiciliares, apresentando uma mixagem de
elementos cinematográficos com as linguagens de
animação. Apesar de expor uma linguagem
aparentemente simples, Sign O’ the times é considerado o
pioneiro a utilizar a tipografia37 harmonizada com a trilha
sonora de forma coesa.
Podemos dizer que os meios tecnológicos ajudaram a
impulsionar essa nova linguagem dos clipes musicais. O
maior canal de conteúdo audiovisual, o YouTube 38 ,
permitiu propagar o lyric video devido à ascensão das
redes sociais, as quais permitem conectar diretamente em
postagens, divulgando os vídeos e gerando um maior
número de views39.
Karim.
39 Views no YouTube se refere a visualizações do canal, quanto maior o número,
149
softwares sociais, que seriam softwares com aplicação
direta para a comunicação mediada por computador [...].
A grande diferença entre sites de redes sociais e outras
formas de comunicação mediada pelo computador é o
modo como permitem a visibilidade e a articulação das
redes sociais, a manutenção dos laços sociais
estabelecidos no espaço off-line (RECUERO, 2008, p. 103).
150
mídia em uma categoria textual dependerá da
interpretação, ou seja, dependerá de uma construção
cultural do receptor em compreender e classificá-lo como
determinado texto dentro de uma categoria. Assim,
Bakhtin e Volochínov (2014, p. 32) definem:
151
podemos denominá-los como um texto mixmidia ou
combinação de mídias41, segundo Rajewski.
152
Examinemos o videoclipe do DJ francês David
Guetta42. Ele produziu um remix43 da música Shot me down44
(Bang Bang) interpretado pela cantora Skylar Grey 45 .
Vejamos alguns recortes do lyric vídeo (Figuras 03 e 04).
década de 60. Ganhou diversas versões. Fez parte da trilha sonora do thriller Kill
Bill de Quentin Tarantino em 2003.
45 Anteriormente conhecida como Holly Brook. Grey é cantora e compositora
americana.
153
Observando o primeiro take (Figura 03), na qual
apresenta-se o nome da música, “shot me down”, já
encontramos características que definem qual estética o
clipe adotará. Inicialmente, temos uma leitura de um
ambiente desértico, característico dos famosos filmes de
faroeste. O cenário apresentado é o Monument Valley, no
Arizona, Estados Unidos. Um local característico onde os
filmes do velho oeste foram rodados. A presença da águia,
ave característica da região, denota e afirma a localização
geográfica.
O uso das cores mais frias, que variam do azul para o
vinho, contrastam com a região, que por apresentar um
clima mais árido, e altas temperaturas, deveriam
transmitir cores mais quentes, diferente do que está sendo
retratado no clipe.
Foi utilizado um lettering 46 cujo símbolo representa
um projétil acrescido na letra “o”, evocando o disparo de
uma arma de fogo. A palavra shot significa atirar,
reafirmando a ambientalização do oeste americano. Ainda
nesta imagem, a palavra down foi utilizada em negrito e na
cor preta, sinalizando o provável estado emocional da
personagem.
Ao observarmos o clipe, constatamos a presença de
diferentes textos. Neste caso, houve uma referência à
linguagem cinematográfica e dos quadrinhos. A esta
alusão de um texto para outro, Clüver (2011) discrimina
como intertextos da seguinte maneira:
154
[...] usando “intertextualidade” em referência a todos os
tipos de texto; é uma forma condensada de dizer que
entre os “intertextos” de qualquer texto (em qualquer
mídia) sempre há referências (citações e alusões) a
aspectos e textos em outras mídias. (CLÜVER, 2011, p.
17).
155
da cinética filmográfica e o efeito parallax 49 criam
profundidade e destacam a personagem em relação ao
plano de fundo composto pelos cenários.
Além do cinema, a linguagem dos quadrinhos 50 é
constantemente mencionada. Inicialmente, pontuamos
com balões as falas dos atuantes. Estes foram utilizados
com o propósito de apresentar as letras da composição
musical. Segundo Eisner (1989, p. 26):
156
representativos como as onomatopeias 51 que evocam os
efeitos sonoros. Nesta figura foram utilizados símbolos
que evocam o disparo de uma arma.
Podemos verificar, ainda, as texturas que foram
utilizadas na composição estética do clipe. O efeito halftone
descende das impressões para simular a mescla de uma
cor à outra. Neste caso, as sombras dos personagens e dos
objetos foram criadas pela variação de cores das escalas do
branco ao preto. O efeito é concebido pela técnica
semelhante ao pontilhismo, cujo efeito é representado
pelas distâncias e tamanhos das esferas impressas, as
quais permitem a alusão de uma cor à outra de forma a
suavizar o contraste entre elas.
Uma simples gama de cores que foi utilizada (Figura
04) fazendo alusão aos quadrinhos do final da década de
30 52 , as quais utilizavam uma pequena cartela de cores,
basicamente cores primárias devido às restrições da
técnica de impressão do período. Para o público era algo
inovador, já que outros meios de comunicação visual,
em 1938.
157
como o cinema, fotografia e televisão não apresentavam
cores, apenas tons de cinza, preto e branco.
158
Guetta, podemos verificar essa transposição do
letramento musical que normalmente encontramos em
clássica formatação em páginas de web e impressos, para
outro dispositivo cinético, o clipe. Assim, Rajewsky define
como a “Intermidialidade no sentido escrito de
transposição midiática (Medienwechsel), denominada
igualmente transformação midiática, a exemplo de
adaptações fílmicas de textos literários, novelizações e
assim por diante” (RAJEWSKY, 2012, p. 58).
4 Considerações finais
159
sempre uma constante influência das bases formadoras de
novas tendências culturais.
REFERÊNCIAS
160
Desafios da arte contemporânea. Belo Horizonte: Editora da
UFMG, 2012. p. 15-46.
RAJEWSKY, I. O. A fronteira em discussão: o status problemático das
fronteiras midiáticas no debate contemporâneo sobre
intermidialidade. In: DINIZ, T. F. N.; REIS, E. L. de L. (Org.).
Intermidialidade e estudos interartes: Desafios da arte contemporânea.
Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2012. p. 51-73.
RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Editora
Meridional. 2008.
SOARES, T. Videoclipe: o elogio da desarmonia. João Pessoa: Marca da
Fantasia. 2012.
TEIXEIRA, C. C. da C. A linguagem visual das vinhetas da MTV:
videodesign como expressão da cultura pós-moderna. 2006. Tese
(Mestrado em Design) – Pontifícia Universidade Católica-Rio, Rio
de Janeiro, 2006.
WYVER, J. La imagen en movimiento. Valencia: Filmoteca Generalitat
Valenciana, 1992.
161
SOBRE OS AUTORES
CLAUDEMIR VIANA
Coordenador da Licenciatura em Educomunicação na ECA –
USP. Graduado em História (FFLCH-USP), Mestre e Doutor em
Ciências da Comunicação pela ECA-USP.
profclaudemirviana@usp.br
MARINA MAGALHÃES
Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova
de Lisboa (2018), Mestre em Comunicação e Culturas Midiáticas
(2011) e Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo (2008)
pela UFPB. Atualmente, é professora substituta do curso de
Comunicação Social (habilitação em Educomunicação) na
UFCG e professora convidada da Universidade Lusófona do
Porto. marinamagalhaes@msn.com
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MOABE BRENO FERREIRA COSTA
Doutorando no Programa de Ciências Sociais Aplicadas ao
Turismo (UFRN). Possui graduação em Comunicação Social
(UEPB) e mestrado em Cultura & Turismo (UESC/UFBA). É
professor universitário e tem experiência em assessoria de
comunicação de cidades turísticas e em assessoria parlamentar,
desenvolvendo projetos para diversas plataformas de mídia
com base em educomunicação. moabebreno@hotmail.com
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