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Política de formação e formação política de gestores para a

comunicação e a cultura

Universidade de São Paulo (USP)


Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EAHC)
Curso de Lazer e Turismo
Prof. Dr. Moabe Breno Ferreira Costa
Psicologia de um Vencido
Augusto dos Anjos

Eu, filho do carbono e do amoníaco,


Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigénesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia,
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário de ruínas —


Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida, em geral, declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,


E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Paraíba, 1909
Publicado no livro Eu (1912).
Objetivos:
• Discutir sobre o perfil do profissional contemporâneo;
• Compreender a importância da comunicação e da cultura nas
atividades profissionais e sociais contemporâneas;
• Pensar a comunicação como dispositivos de desenvolvimento social e
profissional.
Conteúdo
• Perfil do profissional contemporâneo;
• Memória;
• Cenário globalizante;
• Consequências do cenário.
Metodologia
• Método – crítico-dialético;
• Procedimento operacional:
• Aula expositiva;
• Objeto: Dia do bolo, Cinema no trabalho...
Referência
ALVES, Luiz Roberto. Política de formação e formação política de
gestores para a comunicação e a cultura. In: BACCEGA, M. A. & COSTA,
M. C. C. Gestão da comunicação. São Paulo: Paulinas, 2009. pp. 189-
220.
Prof. Luiz Roberto Alves.
ECA-USP
Perfil do profissional contemporâneo
Trabalhar
pela cidadania
ativa
Eliminar a dicotomia entre
forma e conteúdo,
intelectual e militante,
profissional e cidadão.
Problematizar questões
Usar a comunicação e a cultura
para gerenciamento de crises
Visão ampla da cultura

(saúde, infraestruturas, educação,


lazer...)
Desmontar o discurso
colonizador
Ampla criticidade sobre os
globalizantes
Desenvolve consciência
democratizante
Pensar em inovações para a
construção organizacional
Educar,
comunicar,
criar,
fazer circular
cultura.
Superar a banalidade da comunicação
instrumental
Comprometimento político e
ético
Pensar a cultura como elemento múltiplo e
híbrido
Reconhecimento
das formações culturais
Desmistificar a cultura
como
produto de mais-valia
Pensar o real em
detrimento do
formal
Como fazer tudo isso?
• Compreender memórias (individuais/coletivas);
• Compreender o cenário globalizante;
• Entender as consequências do cenário globalizante nas relações
locais;
• Entender a comunicação como processo de mediação, ou seja de
trocas de consciências;
• Compreender as diferenças culturais como processo construtivo;
• Utilizar a comunicação como processo educativo, reflexivo e
interativo, voltado para a construção de saberes.
Néstor García Canclini

Antropólogo argentino contemporâneo. O foco de


seu trabalho é a pós-modernidade e a cultura a
partir de ponto de vista latino-americano.
Considerado um dos maiores investigadores em
Comunicação, Estudos Culturais e Sociologia da
América Latina.

Culturas Híbridas: Estratégias para Entrar e Sair


da Modernidade;
Consumidores e cidadãos.
Stuart Hall
Juntamente com Richard Hoggart e Raymond
Williams foi uma das figuras fundadoras da escola
de pensamento que hoje é conhecida como
Estudos Culturais britânicos ou a Escola
Birmingham dos Estudos Culturais.
Trabalhou com questões sobre a hegemonia e
cultura, considera o uso da linguagem como
operador de uma estrutura de poder, instituições,
política e economia, desenvolveu a Teoria da
Recepção. A cultura é um "local crítico da ação
social e de intervenção, onde as relações de poder
são estabelecidas e potencialmente instáveis".
A identidade cultura na pós-modernidade;
Da diáspora: identidades e mediações culturais.
Octavio Ianni
Sociólogo brasileiro,
Especializou-se em populismo,
imperialismo e na crítica à nova ordem
global (descolonização, ciclos de
expressão e recessão das economias,
movimentos do mercado de força de
trabalho, migrações, peregrinações
religiosas...)
Um dos sociólogos mais influentes do
Brasil.
Teorias da Globalização;
Enigmas da Modernidade-mundo.
Se por um lado, a sociedade industrial retira do homem sua autonomia; por outro, cria subsídios
para que se formem grupos culturais. A utilização de insumos tecnológicos e a reflexão sobre
essa utilização ultrapassam limites institucionais, gerando uma complexa estrutura social,
caracterizada por conflitos de toda ordem.

São problemas inseridos mais ou menos nas guerras e revoluções, nas lutas pela
descolonização, nos ciclos de expressão e recessão das economias, nos movimentos do
mercado de força de trabalho, nas migrações, nas peregrinações religiosas e nas incursões e
tropelias turísticas, entre outras características mais ou menos notáveis da forma pela qual o
século XX pode ser visto, em perspectiva geistórica ampla. São problemas raciais que
emergem e se desenvolvem no jogo das forças sociais, conforme se movimentam em escala
local, nacional, regional e mundial. Ainda que muitas vezes esses problemas pareçam únicos
e exclusivos, como se fossem apenas ou principalmente ‘étnicos’ ou ‘raciais’, a realidade é
que emergem e se desenvolvem no jogo das forças sociais, compreendendo implicações
econômicas, políticas e culturais. (IANNI, 2000, p. 175)

IANNI, Octavio. Enigmas da modernidade-mundo. Rio de Janeiro/RJ:


Civilização Brasileira, 2000.
Matéria-prima do processo de formação
• Empreender a análise das políticas sociais na história recente do
Brasil, destacando os âmbitos comunicacional e cultural;
• Fazer uma crítica dos processos de comunicação em que tensionam
as políticas: sujeitos, veículos, plataformas, públicos, consumidores;
• Ver políticas contemporâneas à luz do trabalho da sociedade civil pela
democratização contínua da sociedade.
• Política de Cultura e Turismo de Salvador-Bahia (1968) – música,
literatura, culinária, religião (sincretismo?), etnia, Centro de
Convenções, expansão da rede hoteleira, evolução econômica da
população, democracia racial (???) – espetacularização da cultura
Passos metodológicos e esquema analítico
• Premissas para existência das políticas de cultura;
• O contexto de sua inserção;
• Os modos de ação e operação (Planejamento, implementação,
Avaliação, reproposição);
• Processos de significação do trabalho realizado (constituição de
sujeitos sociais, articulação ampliada, educatividade em movimento,
migração e acumulação simbólicas).

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