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REPÚBLICA DE ANGOLA

GOVERNO DA PROVÍNCIA DO BENGO


INSTITUTO TÉCNICO DE SAÚDE DO BENGO

PRÉ-PROJECTO

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA EM PACIENTES COM AMPUTAÇÃO


TRANSFEMORAL: UM ESTUDO NO CENTRO ORTOPÉDICO DE
REABILITAÇÃO POLIVALENTE DR. ANTÓNIO AGOSTINHO NETO DE VIANA
NO PERÍODO DE 2020-2023.

GRUPO Nº 05

ORIENTADORA
_________________________
EDNA GONÇALVES
Licenciada em Fisioterapia

CAXITO, 2023
ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA EM PACIENTES COM AMPUTAÇÃO
TRANSFEMORAL: UM ESTUDO NO CENTRO ORTOPÉDICO DE
REABILITAÇÃO POLIVALENTE DR. ANTÓNIO AGOSTINHO NETO DE VIANA
NO PERÍODO DE 2020-2023.

Pré-projecto apresentado a Comissão Científica


do Instituto Técnico de Saúde do Bengo como
requisito para elaboração do Trabalho de
Conclusão do Curso de Fisioterapia.

INTEGRANTES DO GRUPO Nº 05:

 Marcelino C. Sucúpia
 Maria D. Pacato
 Maria G. Dumba
 Maria J. Sengue
 Marild C. Sabino
 Miquelina M. Franco
 Marta N. Siliveli

ORIENTADORA
_________________________
EDNA GONÇALVES
Licenciada em Fisioterapia

CAXITO, 2023
SUMÁRIO

1 Introdução .............................................................................................................................. 3

1.1 Epidemiologia ................................................................................................................... 4

1.2 Problemática ..................................................................................................................... 5

1.3 Pergunta de partida ........................................................................................................... 5

1.3 Justificativa ....................................................................................................................... 6

1.4 Objectivos ......................................................................................................................... 6

1.4.1 Geral .......................................................................................................................... 6

1.4.2 Específicos ................................................................................................................. 6

1.5 Hipóteses .......................................................................................................................... 6

2 Metodologia ............................................................................................................................ 8

2.1 Tipo de estudo .................................................................................................................. 8

2.2 Local de estudo ................................................................................................................. 8

2.3 População de estudo ......................................................................................................... 8

2.4 Amostra ............................................................................................................................ 8

2.5 Levantamento dos dados .................................................................................................. 8

2.6 Critérios de inclusão e exclusão ....................................................................................... 8

2.7 Procedimentos éticos ........................................................................................................ 9

2.8 Variáveis ........................................................................................................................... 9

2.9 Procedimentos de recolha de dados .................................................................................. 9

2.10 Procedimentos de análises e processamento de dados ................................................... 9

3 Cronograma ......................................................................................................................... 10

4 Orçamento ............................................................................................................................ 11

5 Referências Bibliográficas .................................................................................................. 12


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1 Introdução

Uma amputação pode ser entendida como a retirada total ou parcial de um membro,
sendo este um método de tratamento para diversas condições de saúde.

A amputação pode ser considerada a cirurgia mais antiga da história da medicina. Em


escavações arqueológicas foram encontrados membros amputados do período neolítico.
Contudo, os primeiros registros são do Século V a.C. por Hipócrates (460-377 a.C.),
considerado o pai da medicina científica. Naquele tempo, a amputação era feita nas
articulações com guilhotinas, sempre em tecidos necróticos, sem sensibilidade e com o uso de
ligaduras. E a indicação para amputação era em casos de gangrena.

Outra descrição técnica sobre amputações de membros é de Celsus (25 a.C. - 50 d.C.),
segundo o qual as amputações eram feitas em planos mais proximais, em tecidos vivos, com
transecções ósseas, utilizando ligadura dos vasos por fios.

No século XVI, Ambroise Paré (1510-1590) foi o primeiro a alcançar a homeostase


dos membros amputados e também o primeiro do qual se tem relatos de conseguir conter o
sangramento com ligaduras e a utilizar pinças e fios para conectar os vasos, assim como é
realizado nos dias de hoje. Em 1674, foi introduzido por Morel, o uso de torniquetes durante
as amputações.

O século XIX ficou marcado pelas melhorias das técnicas de assepsia, anestesia, uso
de antibiótico e cicatrização e recuperação do coto. Foi durante a Segunda Guerra Mundial, na
década de 1940, que houve um avanço no processo de protetização. Nessa época se inicia a
proposta de reabilitação com foco na recuperação do coto, objetivando a independência e
visando proporcionar recuperação mais rápida ao paciente.

A técnica de miodese, feita durante a cirurgia em que se realiza a reinserção muscular


no coto ósseo, foi desenvolvida por Ertl na Alemanha em 1949 e é utilizada até hoje.

Já na década de 1960, os cirurgiões notaram que quanto maior e mais preservado o


coto, mais rápido dava-se a recuperação. Perceberam que o coto se encaixava melhor na
prótese e aumentava o braço de alavanca durante a marcha, o que facilitava a deambulação
com a utilização do recurso assistivo.
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1.1 Epidemiologia

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 15% da população


mundial apresenta algum tipo de deficiência e, com o envelhecimento, esse número
aumentará. Globalmente, mais de 1 bilhão de pessoas precisam de pelo menos 1 produto ou
tecnologia assistiva. A previsão é que em 2030 esse número aumente em 100% (WHO:
REHABILITATION). A Índia, por exemplo, possui a 2ª maior população mundial, contando
com 1 bilhão de habitantes (UN POPULATION FUND).

Em 2001, de acordo com Pooja et al. (2013), 21 milhões de pessoas viviam com
alguma deficiência. Este país emergente possui o senso de reabilitação baseado na
comunidade (CBR).

O CBR consiste em programas de educação, prevenção de lesões, reabilitação de


idosos e treinamento de habilidades para a vida (para reduzir o índice de criminalidade, por
exemplo) que de forma sustentável e apoiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
visa reduzir os índices de amputações neste país.

Além disso, em relação aos amputados, eles têm o sentimento de “acompanhamento”


que é fundamental para manter a união e o entusiasmo entre recém amputados e amputados já
reabilitados (Pooja, 2013); (Thomas, 2019).

Os Estados Unidos da América têm a 3ª maior população do mundo (UN


POPULATION FUND). Carey et al. (2016) percebeu que em 2005, aproximadamente 1,6
milhão de pessoas viviam com alguma amputação nos Estados Unidos.

Segundo Piazza et al. (2017), a identificação das dificuldades e limitações de uma


determinada população pode estimular ainda mais pesquisas científicas. Em um estudo mais
recente. Pires et al. (2020) expressa que faltam pesquisas em relação as amputações e os
instrumentos existentes são insuficientes para proporcionaram uma evolução na qualidade de
vida, na viabilização de atividades físicas aos deficientes e na promoção do uso e ajustes de
próteses.

Até os dias actuais não foi explorada a porcentagem de procedimentos de amputação


em Angola (que compõe uma das categorias de deficiência explorada pela ONU), tampouco a
incidência progressiva de amputações ao longo dos últimos 10 anos. E, através deste estudo,
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espera-se estimular o desenvolvimento de futuras tecnologias em reabilitação através do


conhecimento acerca das características da população com amputação.

Na década de 90, Japão, Tawain, Espanha, Itália, América do Norte e Inglaterra


apresentavam incidência de 2,8 a 43,9 amputações MMII por 100.000 habitantes (Peixoto,
2017). Ostlie et al. (2011) estimou que, na Noruega, a incidência de amputações de MMSS é
de 11.6 por 100.000 habitantes nos anos de 2006 a 2008, em suma, 84% foram de etiologia
traumática. Este estudo expressa ser uma estimativa de índice de amputações de MMSS
relativamente baixo.

Enfatizando que a avaliação da distribuição geográfica das amputações MMSS é e foi


importante para que todos os hospitais noruegueses obtivessem tal informação e
encaminhassem obrigatoriamente o paciente à uma unidade de reabilitação após a alta da
enfermaria cirúrgica.

1.2 Problemática

Mediante os dados epidemiológicos acima descritos, podemos constatar que


atualmente há um elevado número de pessoas com amputações, dentre elas temos as com
amputação transfemoral, causadas por vários factores e como profissionais temos constatado a
dificuldade de muitos pacientes nesta condição em voltarem as actividades normais e se
reintegrarem no meio social e profissional, onde muitos desistem de seus sonhos e alguns
chegam até a atentar contra a própria vida.

Muitos desses pacientes e seus familiares não têm conhecimento sobre tudo que a
fisioterapia tem a oferecer para que o mesmo possa voltar as suas actividades normais,
continuar com a sua vida profissional e social. Não obstante disso, também nos deparamos
com a falta de trabalhos publicados referentes ao estudo dos pacientes com amputação
transfemoral em Angola.

1.3 Pergunta de partida

Diante do exposto acima, formulou-se a seguinte pergunta de partida:

De que modo a fisioterapia actua em pacientes com amputação transfemoral,


levando os mesmos ao retorno das suas actividades diárias e sua reintegração ao meio
social e profissional?
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1.3 Justificativa

A elaboração deste trabalho cinge-se na urgência e importância da abordagem do tema


em questão, pois são numerosos os casos de pacientes amputados, derivados de traumatismo,
patologias ou deformações congénitas, que não aceitam a nova realidade e acabam por desistir
das suas vidas. Para isso, é fundamental estudarmos esta condição física a fim de
compreender e analisar qual o melhor método de tratamento para que os mesmos possam
retornar as suas actividades normais, pois a inclusão das pessoas nessa condição ainda é um
tabu na nossa sociedade. Igualmente, este estudo dá-se pela falta de estudos do género
realizados em território nacional.

1.4 Objectivos

1.4.1 Geral

Trazer conhecimento aos pacientes, técnicos de saúde e demais pessoas sobre


amputação transfemoral, bem como a actuação da fisioterapia nos pacientes com esta
condição física.

1.4.2 Específicos

 Conceituar a amputação tranfemoral;


 Investigar os principais factores causadores deste tipo de amputação;
 Classificar os casos de pacientes com amputação transfemoral segundo o sexo, idade e
causas;
 Citar os factores de riscos;
 Conhecer os recursos que a fisioterapia oferece no tratamento e reabilitação dos
pacientes nesta condição;
 Analisar o processo de aceitação psico-social referente a nova realidade do paciente;
 Descrever as dificuldades destes pacientes durante o processo de reabilitação;
 Sugerir recomendações para prevenir futuras complicações.

1.5 Hipóteses

H1: A fisioterapia é a ciência da área da saúde aplicada ao estudo, diagnóstico, prevenção e


tratamento de disfunção cinética funcionais de órgão e sistemas do corpo humano, oferecendo
métodos de tratamento para pacientes com amputação transfemoral.
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H2: Por meio de técnicas e recursos técnicos que a fisioterapia oferece, o paciente ganhará
resistência, capacidade motora, força, mobilidade e equilibrio, tornando o paciente mais
independente e possibilitando o mesmo regressar as suas actividades diárias.

H3: Oferecendo vários recursos ao paciente, as possibilidades do mesmo voltar a acreditar em


si mesmo e continuar com a sua vida serão maiores, pois ele poderá ver que há um novo
recomeço, que apesar da sua condição física poderá ser um exemplo e um modelo de vida
para muitos que passam pela mesma situação.
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2 Metodologia

2.1 Tipo de estudo

Realizar-se-á um estudo de natureza básica. Do ponto de vista dos objectivos, o estudo


será explorativo. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, vai tratar-se de um estudo
bibliográfico. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema será um estudo
qualitativo.

2.2 Local de estudo

Centro Ortopédico de Reabilitação Polivalente Dr. António Agostinho Neto de Viana,


delimitado geograficamente na zona norte, sul, este e oeste.

2.3 População de estudo

Todos os pacientes com amputação tranfemoral que deram entrada no Centro


Ortopédico de Reabilitação Polivalente Dr. António Agostinho Neto de Viana no período de
2020 a 2023.

2.4 Amostra

Todos os pacientes com amputação tranfemoral tratados no Centro Ortopédico de


Reabilitação Polivalente Dr. António Agostinho Neto de Viana.

2.5 Levantamento dos dados

As bases de dados: LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências


Sociais e da Saúde), Scielo (Scientific Eletronic Library OnLine), BVS (Biblioteca Virtual de
Saúde), MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde).

Registos e boletins do Centro Ortopédico de Reabilitação Polivalente Dr. António


Agostinho Neto de Viana.

2.6 Critérios de inclusão e exclusão

O critério utilizado como meio de inclusão serão os estudos que apresentam título e
resumo ligados ao tema, bem como os registos de todos os pacientes com amputação
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tranfemoral atendidos no Centro Ortopédico de Reabilitação Polivalente Dr. António


Agostinho Neto de Viana no período de 2020 a 2023.

Serão utilizados como critério de exclusão todos os artigos que não falam sobre a
amputação e amputação transfemoral e artigos não científicos ou comprovados, igualmente os
registos dos pacientes com amputação não tranfemoral atendidos no Centro Ortopédico de
Reabilitação Polivalente Dr. António Agostinho Neto.

2.7 Procedimentos éticos

Os dados obtidos nos registos do Centro Ortopédico de Reabilitação Polivalente Dr.


António Agostinho Neto de Viana ser-nos-á fornecido com o consentimento da direcção do
mesmo centro através de um termo de anuência apresentado, onde são destacados os
objectivos da pesquisa, permitindo-nos fazer a colecta de dados. Os dados colectados serão
utilizados exclusivamente com finalidade científica.

2.8 Variáveis

 Variáveis sociodemográficas: Idade; Género.


 Variáveis de estudo: Definição; Causas; Recursos fisioterapêuticos; Prevenção;
Tratamento; Cuidados; Factores de risco; complicação.

2.9 Procedimentos de recolha de dados

A recolha de dados seguirá a seguinte premissa:

a) Leitura Exploratória de todo material selecionado (leitura rápida que objectiva


verificar se a obra é de interesse para o trabalho);
b) Leitura Selectiva (leitura mais aprofundada das partes que realmente interessam);
c) Registo de informações extraídas das fontes em instrumento específico (autores, ano,
método, resultados e conclusões).

2.10 Procedimentos de análises e processamento de dados

Os dados serão processados no programa word 2010, após leitura analítica com a
finalidade de ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes, e pelo Excel onde serão
apresentadas em forma de gráficos, de forma que estas possibilitem a obtenção de resposta ao
problema da pesquisa.
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3 Cronograma

Nº Actividades Fev Mar Abr Mai


1 Revisão bibliográfica
Discussão teórica em função da determinação
2
dos objectivos
Localização e identificação das fontes de
3
obtenção dos dados
Determinação de categorias para tratamento
4
dos dados
5 Análise e interpretação
6 Redacção do TFC
7 Revisão da redacção
8 Previsão da defesa
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4 Orçamento

Item Quantidade Preço Unitário TOTAL


Material de consumo (escritório) Variável Variável 5000,00

Serviços de terceiros 1
(assistência à pesquisa: 1 12.000,00 12.000,00
sistematização de tabelas)

Serviços de terceiros 2: reprografia Variável Variável 10.000,00


Passagens Variável Variável 36.000,00
Material bibliográfico (livros
1 6.000,00 6.000,00
nacionais e importados)

Computador portátil HP 1 10.000,00 10.000,00

TOTAL GERAL - - 79.000,00


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5 Referências Bibliográficas

Barbin, I. C. C. (2017). Prótese e órteses. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A.


Unidades 1 e 2.
Carey, S. L., Lura, D. J. & Jason, H. M. (2015). Differences in myoelectric and bodypowered
upper-limb prostheses: Systematic literature review. Journal of Rehabilitation Research
and Development, v. 52, n. 3, p. 247–262.
Carvalho, J. A. (2012). Vantagens na protetização transtibiais submetidos a técnicas
cirúrgicas não convencionais. Orientador: Bruno Livani. 2012. 80 p. Tese de doutorado
(Pós-Graduação em Ciências da Cirurgia) - Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, Campinas, 2012. Disponível
em: http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/308490/1/Carvalho_JoseAndre_D.
pdf. Acesso em: 17, fevereiro de 2023.
Østlie, K. (2011). Adult acquired major upper limb amputation in Norway: Prevalence,
demographic features and amputation specific features. A population-based survey.
Disability and Rehabilitation, v. 33, n. 17–18, p. 1636–1649,
PIAZZA, L. (2017). Évaluation De L’Activité Physique Chez Les Amputés : Revue
Systématique De La Littérature. Science and Sports, v. 32, n. 4, p. 191–202.
Pires, G. K. W. (2020). Semantic equivalence in Brazilian Portuguese translation of the
Trinity Amputation and Prosthesis Experience Scales—Revised. Prosthetics and Orthotics
International, v. 44, n. 2, p. 66–72.
Pooja, G. D. A. S., Sangeeta, L.(2013). Prevalence and aetiology of amputation in Kolkata,
India: A retrospective analysis. Hong Kong Physiotherapy Journal, v. 31, n. 1, p. 36–40.
Thomas, R., Tharion, G. (2019). Rehabilitation in South India. Physical Medicine and
Rehabilitation Clinics of North America, v. 30, n. 4, p. 817–833.
United Nations Development Programme (2019). Human Development Reports. Disponível
em: <http://hdr.undp.org/en/content/2019-human-develop-ment-index-ranking>. Acesso
em: 17, fevereiro de 2023.
United Nations Population Fund. World Population Dashboard. Disponível em:
<https://www.unfpa.org/data/world-population-dashboard>. Acesso em: 17, fevereiro de
2023.
World Health Organization (2020). Rehabilitation. Disponível em: <
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/rehabilitation> . Acesso em: 17,
fevereiro de 2023.

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