INTRODUÇÃO • A saúde está sempre ligada ao ambiente, pois é difícil apresentar um estado de saúde favorável num contexto ambiental precário e desfavorável. Libinga (2011). • Libinga (2011), aponta que as condições precárias de habitação, a falta de condições e os meios para combate, a inobservância dos princípios básicos de saneamento ambiental são a razão do aumento de casos de malária. • Além disso, Ribeiro & Rooke (2010), referem que os estudos do Banco Mundial (1993) estimam que o meio ambiente inadequado é responsável por maior parte da ocorrência de doenças em países em desenvolvimento. INTRODUÇÃO • OMS (2009), considera que a malária é um dos grandes problemas de saúde pública nos países em vias de desenvolvimento, e estima-se que 300 a 500 milhões de pessoas sejam infetadas a cada ano e que nos países da África estão concentradas 90% dessas pessoas. • Em Moçambique, a malária é a principal causa de problemas de saúde, sendo responsável por 40% de todas as consultas externas. Até 60% de doentes internados nas enfermarias de pediatria são admitidos como resultado da malária severa. • A malária é também a principal causa de mortalidade nos hospitais em Moçambique, ou seja, de quase 30% de todos os óbitos registados. INTRODUÇÃO • Um relatório anual da OMS sobre a malária, divulgado em finais de 2016, estima que em Moçambique houve uma redução de casos de malária entre 2010 e 2015, assim como da sua letalidade graças ao uso da rede mosquiteira e a pulverização intra-domiciliária. • Neste contexto o presente trabalho visa abordar a respeito da pulverização intra-domicial no contexto moçambicano. Objectivos Geral. • Fazer um estudo em torno da pulverização intradomiciliária no contexto Moçambicano. Específicos. • Conceituar a pulverização intradomiciliária; • Descrever como é a operacionalização da pulverização intradomiciliária; • Ilustrar os objectivos da pulverização intradomiciliária; • Demostrar os desafios da pulverização intradomiciliária; • Ilustrar a importância da pulverização intradomiciliária; • Consolidar sobre sugestões para melhorar a implementação destas campanhas. REVISÃO DE LITERATURA • Moçambique tem uma longa história no uso da PIDOM, como um dos métodos de controlo vectorial. • Em Moçambique, as áreas alvo têm vindo a ser principalmente os subúrbios das cidades e algumas vilas bem como áreas economicamente estratégicas, compreendendo menos de 20% do país. • A PIDOM como estratégia, é geralmente considerada apropriada para lugares com grande densidade populacional a habitar em construções precárias (alta densidade, baixo rendimento) tais como, zonas sub e peri-urbanas das cidades e vilas. Conceito de pulverização intradomiciliária (PIDOM) • A pulverização intradomiciliária (PIDOM) é a aplicação de inseticida nas paredes internas apatir da pulverização, pois são os locais onde os mosquitos repousam antes ou após a picada. • Pulverização intradomiciliária refere-se à aplicação de insecticidas às superfícies internas estáveis das habitações (Cervo & Bervian, 2002). • A real superfície a ser pulverizada pode incluir todos os lugares potenciais onde repousam os vectores da malária e aqueles lugares que previne a entrada dos mosquitos dentro das casas. • Um aspecto essencial da PIDOM é que deve haver suficiente contacto entre o mosquito e o insecticda aplicado. Conceito de pulverização intradomiciliária (PIDOM) • A PIDOM é um dos métodos mais eficazes no controlo do mosquito vector da malária e é o método estratégico mais recomendado para situações de emergência. • A PIDOM visa eliminar o mosquito adulto e a sua aplicação contínua pode resultar na redução do nível de transmissão da malária. • Vários estudos realizados em África sobre a eficácia do uso das REMTIs mostram que este é um método preventivo eficaz e pode reduzir a mortalidade infantil em aproximadamente 25%. Objectivos da PIDOM • De acordo com o PNCM (2005). A PIDOM tem como objectivo geral: • (1). Contribuir para a redução da morbilidade e mortalidade rumo aos objectivos de desenvolvimento do milénio. Específicos: • (2). Controlar a malária nas zonas rurais, urbanas e periurbanas em Moçambique de uma forma abrangente. • (3). Desenvolver a nível central, provincial e distrital a capacidade necessária à implementação efectiva das actividades de pulverização intradomiciliária. Importância da PIDOM • No âmbito da prevenção e controlo da Malária, uma das principais intervenções do controlo vectorial é a PIDOM. • Em áreas de transmissão de malária instáveis e propensas a epidemias, a PIDOM evitará o aumento sazonal da transmissão, prevenirá e controlará epidemias e poderá ser usado para a eliminação da transmissão local de malária. Importância da PIDOM • Em áreas de paludismo endémico estável com transmissão moderadamente intensa, mas sazonal, a PIDOM pode prevenir o aumento sazonal da transmissão e reduzir os níveis de prevalência da infecção e morbilidade e mortalidade altamente sazonais. • Em áreas hiperendêmicas estáveis onde ocorre transmissão sazonal ou perene muito intensa, a PIDOM, com uma frequência de aplicação maior do que nos casos acima, pode reduzir o nível de transmissão e reduzir os níveis de prevalência, morbidade e mortalidade da infecção. IMPLEMENTAÇÃO DA PIDOM • O PNCM é a entidade responsável pela implementação da PIDOM no nosso país. • A PIDOM é implementada como uma componente da gestão integrada do vector para o controle da malária, incluindo as redes mosquiteiras impregnadas, o controle larval e a gestão ambiental (MISAU, 2006). Matérias de pulverização necessários • (1). Uma bomba de pulverização Hudson X-Pert® de 12 ou 15 litros de capacidade, • (2). Um balde e um funil com filtro, • (3). Um kit para que inclua: um alicate médio (seis polegadas), uma porca ajustável de oito polegadas, chaves de fenda (de marca Philips e de ponta achatada) ou simplesmente uma chave mestra, • (4). Uma fonte de água suficiente para encher a bomba de pulverização pelo menos duas vezes, • (5). Um Cilindro graduado de 1 litro. Insecticida Fórmula Classe Dosagem (gr/m2) Duração do efeito Insecticidas recomendados Alphacypermethrin WP/SC P pela0.02-0.03 OMSPES/WHOPES 4-6para mesesa PIDOM Bendiocarb no controlo WP da malária. C 0.1-0.4 2-6 meses Bifenthrin WP P 0.025-0.050 3-6 meses Cyfluthrin WP P 0.02-0.05 3-6 meses DDT WP OC 1-2 6-15 meses Deltamethrin WP P 0.01-0.025 2-3 meses Etofenprox WP P 0.1-0.3 3-6 meses Fenitrothion WP OP 2 3-6 meses Lambdacyhalothrin WP P 0.02-0.03 3-6 meses Pirimiphos methyl WP/EC OP 1-2 2-3 meses Propoxur WP C 1-2 3-6 meses P=Peritroides; C=Carbamatos; OP=Organofosfatos; OC=Organoclorados; WP=hidro-solúveis; EC=Emulção concentrada; SC=Suspensão concentrada. Onde aplicar/Selecção da área • A pulverização intra-domiciliária deve ser aplicada de forma selectiva. • Todavia, experiências recentes em Moçambique, na Zâmbia e no Zimbabwe revelaram que a pulverização intra-domiciliária pode ser eficaz nas áreas em que a transmissão da malária é estável. • A selecção das áreas prioritárias para a pulverização deve basear-se nos locais onde a transmissão da malária é instável ou nas áreas em que outros métodos de controle vectorial não são fiáveis. Onde aplicar/Selecção da área • A pulverização intra-domiciliária é recomendável nos locais em que o vector da malária é endofílico e endofágico. • Os vectores da malária em Moçambique incluem o Anopheles gambiae s.s. e o An. funestus, os quais têm tendências endofílicas e endofágicas, facto que os torna vulneráveis à PIDOM. • A PIDOM deve ser aplicada em áreas que: • O acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento imediato é inadequado; • Em que a maioria das estruturas das casas são permanentes relativamente bem construídas e com superfícies pulverizáveis • Em que dormir ao relento não é prática comum. Quando aplicar/Periodicidade da pulverização • Ciclo de pulverização: trata-se do número de vezes da pulverização por ano. A época e o efeito da fórmula do insecticida é que irão determinar a frequência do ciclo da pulverização. • Por forma a manter uma cobertura efectiva ao longo de todo o período da transmissão, a pulverização de toda a área a ser protegida deve ser efectuada antes do início do período em que a transmissão atinge o seu ponto mais alto. • As áreas que necessitam continuamente de protecção devem ser pulverizadas regularmente. As áreas em que a trasmissão é irregular precisam de apenas um ciclo de pulverização. Como aplicar a PIDOM • Para que se possa aplicar uma dosagem uniforme à todas as superfícies pulverizáveis, devem ser usadas as bombas de pulverização que estão em conformidade com as especificações da OMS. • As bombas devem estar equipadas com pontas de bocais que produzem uma taxa de descarga adequada, bem como de manómetros de pressão ou válvulas de controle do fluxo graduado, para apenas libertar a quantidade necessária. Como aplicar a PIDOM • Durante a pulverização, devem ser facultados aos operadores das bombas de pulverização os materias de protecção, incluindo fato- macacos, chapéus de aba larga, luvas e sapatos ou botas, máscaras, óculos de sol e visores. • Aconselha-se aos supervisors ou líderes de equipas a pautar por um comportamento seguro e a usar correctamente os aparelhos de protecção. • Portanto antes de se aplicar deve haver: (1) Planificação e preparação para as actividades de pulverização, (2) Reconhecimento geográfico e (3) Elaboração do orçamento da operação. Informação, comunicação e educação. • Para que um programa de pulverização atinja os seus objectivos, a população-alvo tem de ser informada sobre os benefícios da protecção contra a malária através da pulverização intra-domiciliária. • Devem ser usados todos os possíveis canais de comunicação para informar e educar a população sobre os seguintes aspectos: • (1) Os procedimentos e os benefícios do programa; • (2) A duração da actividade e a forma de actuação do insecticida nas superficies pulverizadas; Informação, comunicação e educação. • (3) A segurança do insectida e os efeitos sobre as paredes, os tectos e o mobiliário; • (4) Que os operadores das bombas de pulverização são pessoas responsáveis que irão manusear e proteger os bens que os membros do agregado familiar não queiram que sejam pulverizados; • (5) Participação dos membros do agregado familiar na prerparação das suas casas para a pulverização e na observação das instruções; Informação, comunicação e educação. • (6) Que o Insecticida não é perigoso à vida humana, dos cães, aves, gatos e a outros animais domésticos, desde que as precauções referidas pelo pulverizador sejam observadas. • IMPORTANTE: Por forma a garantir a colaboração da comunidade, é ideal que sejam empregues operadores locais para a pulverização ou que as equipas de pulverização sejam acompanhadas por um residente local. Supervisão • A pulverização intradomiciliária precisa de orientação, correcção, apoio, avaliação, estímulo e apreciação de todos os oficiais seniores interessados a níveis regional e nacional. • Estes preceitos devem ser observados de forma rotineira e consistentemente ao longo de todo o período da implementação do programa. • De forma geral a supervisão tem como finalidade assegurar que a realização das actividades se desenvolva sem precalços, a supervisão e a monitorização devem ser levadas a cabo a todos os níveis. Monitorização e avaliação • No controle do vector da malária, a monitorização e a avaliação devem ser um processo contínuo e com a finalidade de: • (1) Reorientar as intervenções através da planificação e re- planificação; • (2) Melhorar as intervenções através da melhoria da eficiência, desempenho e qualidade; • (3) Determinar a eficácia e controlar custos; • (4) Medir as realizações e as necessidades em relação ao tempo; Monitorização e avaliação • (5) Divulgar conhecimentos e técnicas; • (6) Modificar a tecnologia do programa; • (7) Encontrar uma justificação técnica, social, económica e política para o programa; • (8) Estabelecer prioridades para a alocação de recursos e implementação das actividades programática. DESAFIOS DA PIDOM • A PIDOM enfrenta uma vasta gama de desafios dos quais podemos destacar: • (1) A manutenção deficiente das bombas, • (2) O término das actividades antes da hora, • (3) Fraco desempenho dos chefes de equipa, • (4) Os rociadores trabalham desprotegidos por negligência dos visados, • (5) Roubo de insecticida, • (6) Falta de pontualidade, • (7) Fraco domínio das técnicas de pulverização, DESAFIOS DA PIDOM • (8) Pouco conhecimento sobre o processo de transmissão da malária pelos rociadores, • (9) Alguns equipamentos de protecção sem qualidade desejada, • (10) Pouca colaboração de algumas estruturas locais sendo que algumas recusas alegando que os insecticidas atraem outros insectos, • (11) Ausência do cônjuge, • (12) Provoca alergia, • (13) Que os mosquitos desaparecem nos primeiros dia e depois reaparecem e falta de aviso prévio. DESAFIOS DA PIDOM • Existem algumas situações em que a PIDOM não é uma intervenção adequada, nomeadamente onde não existem estruturas a pulverizar. Portanto, a PIDOM quase não tem utilidade no controle da malária nas áreas florestais do Sudeste Asiático e na região amazônica, onde as medidas de proteção individual são a melhor opção. • A escolha da PIDOM, ou qualquer outra intervenção de controle vetorial, deve ser feita considerando cuidadosamente os fatores mencionados acima, e dependerá do contexto local e dos objetivos estratégicos, seja eliminação da transmissão local, controle da transmissão ou proteção individual. SUGESTÕES PARA MELHORAR A IMPLEMENTAÇÃO DA PIDOM • A OMS recomenda que os governos nacionais: • (1). Introduzam e/ou aumentem a cobertura de PIDOM como uma intervenção primária de controle da malária em países onde os dados disponíveis indicam que pode ser eficaz para atingir as metas da malária. • (2). Tomar todas as medidas necessárias para garantir a implementação efetiva das intervenções de PIDOM, incluindo selecionar o inseticida apropriado, pulverizar onde e quando necessário e manter um alto nível de cobertura, e prevenir o uso não autorizado ou não recomendado de inseticidas de saúde pública. SUGESTÕES PARA MELHORAR A IMPLEMENTAÇÃO DA PIDOM • (3). Reforçar a capacidade de gestão dos programas nacionais de controlo da malária e melhorar os recursos humanos, técnicos e financeiros para a execução atempada e alta cobertura de intervenções eficazes, incluindo PIDOM, com monitorização e avaliação adequadas. • (4). Torna-se importante continuar a apostar na inclusão de conhecimentos de proteção da malária nos currículos escolares, desde o início da escolaridade e também oferecer formação adequada aos profissionais de saúde sobre o modo como fazer chegar essa informação às populações que se dirigem aos Hospitais e outros centros médicos. CONCLUSÃO/PONTOS-CHAVE • Em Moçambique, os principais vetores da malária são endofágicos (alimentam-se no interior das casas) e, endofílicos (repousam dentro das casas), facto que torna estes vetores vulneráveis à PIDOM com o uso de inseticidas (MISAU, 2006). • A disponibilização das intervenções-chave de controlo vetorial (redes com inseticida e/ou pulverização) e manejo de casos poderá não ser suficiente para a redução do peso da malária em Moçambique. • A comunicação para a mudança social e de comportamento poderá desempenhar papel com importância similar e/ou maior que o controlo vetorial. CONCLUSÃO/PONTOS-CHAVE • Atuação sobre as redes sociais e comunitárias poderá ser uma importante porta de entradas das diversas metodologias e abordagens de comunicação para a mudança social e de comportamento. • As doenças de transmissão vetorial são consideradas hoje um problema crescente de saúde pública mundial, sobretudo nos países de clima tropical, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes Aegypti, principal transmissor da doença.