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Instituto Superior de Gestão e Empreendedorismo Gwaza Muthini

Licenciatura em Saúde Pública


Cadeira de Entomologia aplicada em Saúde
3o Ano, 1o Semestre, 4o Grupo, Laboral

Vigilância Entomológica

Discentes:
Dilma Nhabanga
Irma Simeão
Lídia Pelembe

Docente:
Mcs. Salomão Sitoe.

Marracuene, Abril de 2023


ÍNDICE.

1. INTRODUÇÃO. ........................................................................................................... 3

1.1. Objectivos. ............................................................................................................. 4

1.2. Metodologia. .......................................................................................................... 4

2. VIGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA. ............................................................................ 5

2.1. Conceito de vigilância entomológica. ................................................................... 5

2.2. Objectivos. ............................................................................................................. 5

2.3. Importância. ........................................................................................................... 5

3. IMPLEMENTAÇÃO DA VIGILÂNCIA ENTOMOLOGICA. .................................. 6

3.1. Implementação....................................................................................................... 6

3.2. Implementação em Moçambique. ......................................................................... 8

4. CONCLUSÃO. ........................................................................................................... 11

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ...................................................................... 12


1. INTRODUÇÃO.

A vigilância entomológica aplicada à saúde, em geral, tem como princípio a realização


de estudos sobre a biodiversidade, ecologia e comportamento de populações de insetos
vetores, com foco nos riscos que os mesmos causam à saúde pública e em busca de
estratégias que possam controlar os índices de infestação de algumas espécies. Nesse
sentido o presente trabalho aborda acerca da vigilância entomológica, onde vamos
abordar do seu conceito, objectivos e importância, assim como a implementação da
vigilância entomológica no contexto Moçambicano.

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1.1. Objectivos.

1.1.1. Gerais.
▪ Descrever a vigilância entomológica.

1.1.2. Específicos.
▪ Conceituar a vigilância entomológica.
▪ Ilustrar o objectivo da vigilância entomológica.
▪ Ilustrar a importância da vigilância entomológica.
▪ Consolidar a respeito da implementação da vigilância entomológica em geral.
▪ Consolidar sobre a implementação da vigilância entomológica em Moçambique.

1.2. Metodologia.
Para a materialização do presente trabalho, o grupo buscou informações em artigos
científicos, manuais e relatórios disponíveis em plataformas digitais. O trabalho foi
realizado por um grupo de três estudantes e teve como base a discussão e reflexão de
diversos artigos.

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2. VIGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA.

2.1. Conceito de vigilância entomológica.


A entomologia é compreendida como uma ciência que estuda os insetos sob todos os seus
aspectos e relações com o homem, as plantas, os animais e o meio-ambiente. Nesse
sentido, a vigilância entomológica visa estudar insetos de interesse em saúde pública,
auxiliando no entendimento e conhecimento da biodiversidade, distribuição geográfica,
ecologia e comportamento de determinadas espécies, com objetivo de reduzir os danos à
saúde humana e veterinária a partir da contenção ou controle dos insetos (Gomes, 2002;
Arreaza & Moraes, 2010).

Segundo Gomes (2002), a vigilância entomológica pode ser entendida como a contínua
observação e avaliação de informações originadas das características biológicas e
ecológicas dos vetores, nos níveis das interações com hospedeiros humanos e animais
reservatórios, sob a influência de fatores ambientais, que proporcionem o conhecimento
para detecção de qualquer mudança no perfil de transmissão das doenças.

É um conjunto de informações originadas das características biológicas e ecológicas dos


vetores relacionadas aos níveis de suas interações com hospedeiros humanos e animais
reservatórios, sob a influência de fatores ambientais, gerando indicadores que
proporcionem o conhecimento para detecção do nível de risco e qualquer mudança no
perfil de transmissão e avaliação do programa de controle, mediante a coleta
sistematizada de dados consolidado num Sistema de Informação Especifico.

2.2. Objectivos.
Tem objectivo de recomendar medidas de prevenção e controle dos riscos biológicos,
mediante a coleta sistematizada de dados e consolidação no Sistema de Informação da
Vigilância Ambiental em Saúde.

2.3. Importância.
A vigilância entomológica possibilita contínua observação com a coleta, gestão, análise
e interpretação dos dados obtidos das características biológicas e ecológicas de espécies
de vetores (Gomes, 2002; Porta, 2008).

Suas funções incluem na identificação de espécies existentes, caracterização e avaliação


ambiental, do clima e social da região. Destarte, a observação das interações com
possíveis hospedeiros humanos e reservatórios sob a influência do meio ambiente onde

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eles estão inseridos é de suma importância na identificação de indicadores e fatores de
riscos epidemiológicos associados a doenças vetoriais como dengue, malária,
leishmanioses, doença de Chagas, febre amarela, esquistossomose e filarioses (Tauil,
2006).

Considerando o quadro atual de crescimento e dispersão de vetores de importância de


saúde pública para os grandes centros urbanos, a entomologia torna-se fundamental para
fornecer informações que auxiliam na compreensão e controle dos agravos mais
recorrentes de uma região assim como executar ações vinculadas a setores como educação
ambiental, saneamento básico entre outros (Tauil 2002 & 2006).

Nessa perspectiva, com o intuito de intervir e instrumentalizar as equipes de campo, na


tentativa de bloquear ou prever possíveis surtos ou epidemias, a realização de estudo
entomológico prévio faz-se necessário para garantir que as ações de controle químico
sejam realizadas com segurança, de forma racional e em consonância com o preconizado
pelas autoridades sanitárias.

A vigilância entomológica é importante para identificar doenças transmitidas por vetores


têm ampliado sua distribuição geográfica (West Nile Vírus, Chikungunya, Dengue, Zika,
Febre amarela, Leishmanioses visceral e tegumentar).

O estabelecimento de sistemas de vigilância permite obter informações que facilitem a


tomada de decisões visando a prevenção e controle.

3. IMPLEMENTAÇÃO DA VIGILÂNCIA ENTOMOLOGICA.


3.1. Implementação.
A vigilância entomológica é um componente do sistema de vigilância epidemiológica e
Gomes (2002) a define com as ações que prevê a contínua observação e avaliação de
informações sobre as características biológicas e ecológicas dos vetores, sob a influência
dos fatores ambientais, nos níveis das interações com hospedeiros humanos e animais
reservatórios. O conjunto de ações deve proporcionar o conhecimento necessário para
detecção de qualquer mudança no perfil de transmissão das doenças e avaliação das ações
de controle.

Gomes (2002 pp 82) afirma que as atribuições principais da vigilância entomológica


devem ter como fundamentos elementos que permitam definir os níveis de predição de

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ocorrência ou mudança no perfil epidemiológico das doenças transmitidas por artrópodes.
Neste sentido deve buscar:
Identificar espécies de vetores por meio de caracteres morfológicos e biológicos
com vista à definição de hábitos e comportamento implicados na transmissão de
doenças;

Estabelecer indicadores entomológicos compatíveis com níveis de transmissão da


doença;

Detectar precocemente espécies exóticas e, nas autóctones, o nível de


domiciliação ou o grau de contato homem-inseto necessários ao estabelecimento
da capacidade vetorial;

Identificar situações ambientais e climáticas que favoreçam a reprodução e as


estações mais sujeitas à disseminação de patógenos;

Manter sempre as Vigilâncias Ambiental e Epidemiológica informadas sobre as


inter-relações homem-vetor, no tempo e espaço, associadas aos hospedeiros dos
agentes infecciosos e artrópodes que causam acidentes;

Recomendar, com bases técnicas, as medidas para eliminar ou reduzir a


abundância de vetores, sob a óptica do controle integrado;

Avaliar permanentemente a adequação dos indicadores entomológicos na


formulação das estratégias de intervenção;

Avaliar o impacto das intervenções específicas sobre vetores.

Segundo Sabroza et al. (1992), existem fatores ambientais e comportamentais, para a


doença e situação particular, que traduzem a produção dos processos
endêmicosepidêmicos. Para explicá-los, Sabroza et al. (1995 pp 216) utilizam o conceito
de condições de receptividade, definidas como o conjunto de características ambientais,
sociais e comportamentais que permitem a reprodução dos parasitos e sua manutenção
nas comunidades.

Diante disso há necessidade dos gestores suprir essa deficiência, pois dificilmente poder-
se-á seguir as recomendações da 48º Reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-
Americana da Saúde (OPAS), que propôs uma agenda de controle integrado de vetores

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como resposta integral às doenças transmitidas por vetores, seguindo a lógica do conceito
de Controle Integrado de Vetores (CIV).

Uma das proposições da agenda leva em consideração que o Controle Integrado de


Vetores (CIV) seja: (1). Método baseado no conhecimento dos fatores locais que
influenciam a biologia dos vetores, transmissão de doenças e morbidade; (2). Uso de um
amplo número de intervenções, geralmente em combinação e sinergicamente; (3).
Articulação dentro do setor saúde e com os demais setores cujas ações impactam na
presença dos vetores; (4). Engajamento das comunidades locais e dos demais grupos
implicados; (5). Regulação por parte do setor saúde e definição de normatização
pertinente.

3.2. Implementação em Moçambique.


A vigilância entomológica em Moçambique esta principalmente voltada na malária, visto
que a saúde está sempre ligada ao ambiente, pois é difícil apresentar um estado de saúde
favorável num contexto ambiental precário e desfavorável. Libinga (2011), aponta que as
condições precárias de habitação, a falta de condições e os meios para combate, a
inobservância dos princípios básicos de saneamento ambiental são a razão do aumento de
casos de malária.

Segundo o Relatório do Programa Nacional de Controlo da Malária, a malária é endémica


em todo o país, nas áreas onde o clima favorece a sua transmissão ao longo de todo o ano,
atingindo o seu ponto mais alto após a época chuvosa (Dezembro a Abril). O Plasmodium
falciparum é o parasita mais frequente, sendo responsável por cerca de 90% de todas
infecções maláricas, enquanto que o P. malariae e o P. ovale são responsáveis por 9.1 e
0,9% de todas infecções, respectivamente.

Em Moçambique, a malária é a principal causa de problemas de saúde, sendo responsável


por 40% de todas as consultas externas. Até 60% de doentes internados nas enfermarias
de pediatria são admitidos como resultado da malária severa. A malária é também a
principal causa de mortalidade nos hospitais em Moçambique, ou seja de quase 30% de
todos os óbitos registados. A estimativa de prevalência no grupo etário de 2 a 9 anos de
idade varia de 40 a 80%, com 90% de crianças menores de 5 anos de idade infectadas por
parasitas da malária em algumas áreas.

O acesso aos cuidados de saúde em Moçambique é muito baixo e estima-se que 50% da
população vive a mais de 20 quilómetros da mais próxima unidade sanitária, uma situação

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que efectivamente implica não haver acesso aos serviços de saúde para uma grande parte
da população. A malária é também o maior problema que afecta mulheres grávidas nas
zonas rurais. Aproximadamente 20% das mulheres grávidas estão infectadas pelo
parasita, sendo as primigrávidas as mais afectadas com uma taxa de prevalência de 31%

A actividade de controlo da malária em Moçambique remonta da década de 50 aquando


do início do programa global de erradicação da malária. Contudo, só foi em 1982 que foi
criado o Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM) com a designação actual.

Reduzir a morbi-mortalidade por malária na população em geral e particularmente nas


mulheres grávidas e crianças menores de 5 anos de idade e grupos socialmente
desfavorecidos é o objectivo do PNCM.

As estratégias de Controlo da Malária em Moçambique subdividem-se em principais


estratégias:
Promoção de saúde, mobilização comunitária e mobilização social (Visa
incrementar a mobilização social para a malária, utilização de IEC para elevar a
consciencialização e influenciar mudanças de atitudes, bem como mobilizar
activamente as comunidades a fim de se tornarem parceiros activos no controle da
malária.),

Controlo Vectorial Integrado e protecção pessoal (O controlo vectorial integrado


incorpora uma variedade de intervenções de controlo vectorial, seleccionadas com
base nos factores locais que determinam a reprodução e distribuição do vector),

Diagnóstico, manejo de casos e fornecimento de medicamentos Estratégias de


suporte,

Gestão do programa e desenvolvimento de sistemas

Vigilância, informação e pesquisa

Resposta de emergência.

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O controlo vectorial integrado incorpora uma variedade de intervenções de controlo
vectorial, seleccionadas com base nos factores locais que determinam a reprodução e
distribuição do vector. As alternativas compreendem:
Redução da fonte: (1). Uso de Larvicidas e (2). Controlo do Vector Adulto (Inclui
redes Mosquiteiras tratadas com insecticida e a pulverização Intra-domiciliária
(PIDOM)).

Redução do contacto homem-vector-homem (Redes Mosquiteiras tratadas com


insecticida).

Eliminação do mosquito adulto (Pulverização Residual Interna).

Uso de larvicidas (Em Moçambique, o desafio é enorme devido a natureza ubíqua


dos locais de reprodução dos mosquitos, e escassez de pessoal treinado para o
efeito, Só 3 cidades têm vindo a realizar o controlo larval de forma mais ou menos
regular nos últimos anos, nomeadamente a cidade e província de Maputo).

A escala exacta de perdas económicas atribuídas à malária em Moçambique não é bem


conhecida. Porém é evidente que a malária contribui para elevadas perdas económicas,
altas taxas de absentismo escolar e uma fraca produtividade agrícola, principal meio de
subsistência da maioria da população rural.

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4. CONCLUSÃO.

Apos a elaboração do presente trabalho no que tange a vigilância entomológica, o grupo


conclui que a implantação, organização e planejamento das ações de vigilância
entomológica tem possibilitado a equipe do laboratório e de campo conhecer as principais
espécies vectoras de importância sanitária mais prevalentes, auxiliando nas ações de
prevenção e controle de doenças de forma articulada e integrada com as equipes de
vigilância epidemiológica e canina, fortalecendo a necessidade do planejamento para o
desencadeamento pontual das atividades a serem desenvolvidas por cada uma destas,
principalmente, por permitir conhecer a relação dos indicadores entomológicos para as
principais espécies.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

ARREAZA, Antonio Luis Vicente; MORAES, José Cássio de. Vigilância da saúde:
fundamentos, interfaces e tendências. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 4,
p.2215-2228, July 2010.

GOMES, A.C. Vigilância Entomológica. Informe Epidemiológico do SUS 11: 78-90.


2002.

Libinga, L, J. (2011). Malária: Das representações sociais as lógicas terapêuticas nas


zonas urbanas.

PORTA M, ed. Dictionary of epidemiology. 5th ed. International Epidemiological


Association. New York, NY: Oxford University Press; 2008.

SABROZA PC, TOLEDO LM & OSANAI CH, 1992. A organização do espaço e os


processos endêmico-epidêmicos. In: Saúde, ambiente e desenvolvimento Vol. II.
(Organizadores: LEAL MC, SABROZA PC; RODRIGUES, R. H. & BUSS, P. M.).
Editora Huscitec- Abrasco, São Paulo/Rio de Janeiro. Pp. 57-77.

SABROZA, PC, KAWA, H & CAMPOS, W. S. Q., 1995. Doenças Transmissíveis ainda
um desafio. In: Os muitos Brasis – saúde e população na década de 80. Organizadora:
MINAYO, M. C. S.). Editora Huscitec-Abrasco, São Paulo/Rio de Janeiro. Pp. 177-244.

TAUIL, P. L. Controle de doenças transmitidas por vetores no sistema único de saúde.


Inf. Epidemiol. Sus v.11 n.2 Brasília jun. 2002. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.5123/S0104- 1673200200020000

TAUIL, P. L. Perspectivas de controle de doenças transmitidas por vetores no Brasil.


Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 39(3): 275-277, 2006.

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