FÓRUM

RO S AC RU Z
Volume VIII – Nº 02 – 2016 Publicação Privativa aos Membros da AMORC

Jan Amos Komenský (em latim, Iohannes Amos Comenius; em português, Comênio; nascimento em Nivnice, 28
de março de 1592 – morte em Amsterdã, 15 de novembro de 1670, foi um bispo protestante da Igreja Moraviana,
educador, cientista e escritor checo. Como pedagogo, é considerado o fundador da didática moderna.
 Mensagem do Grande Mestre
Ano 3369

Prezados Fratres e Sorores

Saudações em todas as pontas do nosso Sagrado Triângulo!

A revista Fórum teve, em sua concepção, o propósito de responder as questões dos

membros a respeito dos ensinamentos da Ordem enviadas ao Imperator H. Spencer
Lewis na década de 1930.

Certamente seu objetivo não mudou, mas outros temas vêm sendo tratados para se
conhecer o ponto de vista rosacruz a respeito. Perguntas sobre saúde, vida e morte,
educação, espiritualidade em geral e outros são respondidas pela Grande Loja da
Jurisdição de Língua Portuguesa e outras traduzidas de Fóruns de outras jurisdições
por entendermos a natureza comum dos assuntos.

Nesta edição temos algumas questões da jurisdição inglesa do Reino Unido (UK) e
da jurisdição australiana.

Lembro que realizaremos o aniversário de 60 anos da GLP no Congresso da URCI e na

Convenção Nacional em setembro próximo futuro, em Curitiba. Palestras excelentes,
convocações harmonizadoras, fraternidade e entretenimento serão a tônica do evento.
Você faz parte desta história. Condições especiais para os rosacruzes. Programe-se,
ainda há tempo!

A GLP está lançando o programa com as monografias virtuais. Conheça mais no site
https://www.amorc.org.br/afiliado/– área do afiliado, etc.

Desejo uma boa leitura e espero revê-los em nossa Convenção.

Com meus melhores votos de Paz Profunda, sou

Sincera e Fraternalmente
AMORC-GLP

Hélio de Moraes e Marques

GRANDE MESTRE
 Comenius
Quem foi Comenius, esse personagem de quem tanto tem-se falado
recentemente em nossa Ordem? Ele era rosacruz?
Jan Amos Komenský, dito “Comenius”,
nasceu em 28 de março de 1592 em
Nivnice, Morávia, hoje República Tcheca,
no seio de uma família da Jednota Bratská
– a “Fraternidade Tcheca”, descendentes
da primeira igreja reformada do mundo.
Estudou em Herborn in Hessen e depois
em Heidelberg, na Alemanha, onde
testemunhou o retorno de Frederico,
elektor do Palatinado, e de sua esposa
inglesa, a princesa Elizabeth, no verão
de 1613. Naquela época, Comenius já
havia visto e ficado entusiasmado com
o manuscrito do Fama Fraternitatis. Em
1614, regressou à Morávia, foi ordenado
pastor, casou-se e testemunhou o
começo do furor que se seguiu à
publicação do Fama Fraternitatis e o
anúncio que ele fazia de uma
reforma total universal.
Comenius é uma luz
particularmente inte-
ressante no panteão de
heróis rosacruzes. En-
quanto o Rosacrucianis-
mo continuaria como
componente central
ou adicional de um
grande número
de sociedades
e movimentos
esotéricos, a in-
terpretação de
Comenius para o
primeiro desafio
rosacruz gerou
outras institui-
2 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
ções maiores de caráter completamente
exotérico.
A mente de Comenius foi essencial
para o desenvolvimento da Royal Society
e da organização educacional global das
Nações Unidas, a UNESCO. Como se
não fosse o suficiente, Comenius efetuou
uma grande contribuição ao estabelecer
a ideia de uma educação universal desde
a infância. É difícil de acreditar que
tantos benefícios de alcance mundial
possam ter vindo de um único homem
– absolutamente movido por profundos
e invisíveis impulsos espirituais. Em sua
obra-prima semiautobiográfica O Labirinto
do Mundo e o Paraíso do Coração (1622-
3), Comenius descreve a convulsão
daqueles dias e parodia várias das
primeiras respostas ao Fama que
foram claramente tomadas como
exemplos de lições rosacruzes.
Uma delas se baseia
na História do
Macrocosmo e do
Microcosmo, de
Robert Fludd.
O próprio
Comenius ates-
tou que sua obra
era influencia-
da por Jean Va-
lentin Andreae,
uma das figuras
por trás da re-
dação dos mani-
festos rosacruzes
do começo dos
anos 1600. Muitas cartas trocadas entre
ambos fornecem uma evidência fasci-
nante de um grupo real de pensadores
rosacruzes altamente evoluídos. Come-
nius também considerava o seu trabalho
como uma extensão da própria obra de
Francis Bacon, tanto na esfera da edu-
cação quanto na do estabelecimento de
uma sociedade reformada. Em todos os
sentidos Comenius viu sua missão como
uma contribuição à tentativa de Bacon de
Completude dos Ensinamentos Rosacruzes
OsVerdade?
ensinamentos rosacruzes incluem todo o conhecimento e toda a
Seria impossível que os ensinamentos
rosacruzes contivessem toda a Verdade
e todo o conhecimento. O estudo dos
fatos conhecidos sobre microrganismos,
por exemplo, constitui um curso longo
e estrito, de natureza acadêmica; no
entanto, não é incluído nos ensinamentos
rosacruzes porque não há lugar para ele
nesses ensinamentos, embora integre
efetivamente “a Verdade”. Nem todas
as leis das artes e da música – incluindo
seus desdobramentos teóricos, filosóficos
e estéticos – são incluídas em nossos
ensinamentos, a despeito do fato de
igualmente representarem parte da
Verdade. Há muitas coisas no universo
que são de conhecimento geral, bem como
outras apenas secretamente conhecidas,
que não são incluídas nos ensinamentos
rosacruzes por não haver lugar para elas
no esquema traçado pelos propósitos
práticos da Ordem.
Todavia, todo conhecimento das
leis metafísicas, ocultas, psicológicas,
místicas, naturais, espirituais e mentais
Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
unificar todo o conhecimento humano e
criar uma civilização de alto nível.
A “Medalha Comenius” é outorgada
pela UNESCO em honra das conquistas
de destaque nos campos da pesquisa
educacional e da inovação. Além disso,
Comenius é considerado como o “pai
espiritual” daquela organização, uma vez
que seus ideais anteciparam em quase 300
anos a sua fundação.
GLE-AUS/NZ
que diga respeito ao ser humano em
seu desenvolvimento e domínio das
condições que o cercam é incluído nos
estudos rosacruzes, contanto que tenha
valor prático e realmente prepare o
estudante para a sua realização no
mundo material, visando ao seu
aperfeiçoamento e ao bem-estar dos
seus semelhantes. Os ensinamentos
rosacruzes são suficientemente inclusivos
para conter substancialmente tudo o que
é bom e prático e que esteja baseado nos
conhecimentos tradicionais, comuns
inclusive a outras escolas metafísicas
e místicas do Ocidente e do Oriente.
O fato de a Ordem Rosacruz estar
representada em grande parte dos países
do mundo e de muitos expoentes das
diversas filosofias e escolas de todos os
países serem igualmente membros e
entusiásticos obreiros da AMORC – e
isso há vários séculos – indica claramente
que tudo aquilo que há de bom, prático e
verdadeiro em todas essas filosofias está
integrado aos estudos rosacruzes.
3

O sistema de
estudos rosacruzes
constitui desde
sempre um dos
mais completos
e inclusivos à
disposição do
buscador sincero. Tão logo quaisquer leis
e princípios naturais sejam descobertos
e elaborados por experimentação,
mormente pela ciência contemporânea,
seja ela de qualquer ramo e de qualquer
parte do planeta, eles são postos
em diapasão com os ensinamentos
tradicionais rosacruzes. É nesse sentido,
ademais, que a URCI – Universidade Rose-
Croix Internacional opera, colocando os
conhecimentos milenares da AMORC
em permanente diálogo com a ciência,
sobretudo por meio de seus diversos
congressos e seminários ao redor do
planeta, o que permite que o conteúdo
dos estudos rosacruzes mantenha o
passo, no conteúdo e na forma, com os
imperativos da contemporaneidade,
sendo permanentemente revisados e
ampliados por Oficiais e membros do seu
Conselho de Pesquisa. Não estando presa
a quaisquer credos, dogmas, doutrinas ou
limitada por quaisquer meios, a Ordem
Rosacruz pode, lógica e legitimamente,
ampliar seus ensinamentos e modificá-
los continuamente para acompanhar a
evolução da consciência e das necessidades
de toda a humanidade.
4 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
Não obstante, é importante que se diga
que os princípios essenciais perpetuados
pelos ensinamentos rosacruzes
permanecem os mesmos, sendo que
apenas a forma de apresentação
e a linguagem, obviamente, são
objeto de atualizações. Há também
princípios de ordem prática relativos à
vida cotidiana de outrora que hoje, em
razão dos melhoramentos e modificações
por que a vida humana passou, tornaram-
se obsoletos ou defasados, embora fossem
válidos à sua época. Por outro lado,
as leis naturais e cósmicas tratadas no
corpus das monografias nunca se alteram,
evidentemente, de forma que princípios
que eram corretos e comprovados há mil
ou dez mil anos devem necessariamente
ser corretos e verdadeiros em nossos dias.
Além disso, princípios são a todo instante
descobertos ou reconhecidos, muitas
vezes ratificando algo que nossa tradição,
invariavelmente adiantada, sustenta
desde sempre. Isto não é uma crítica à
ciência, pois ela só reconhece e enuncia
princípios depois de os haver testado
à sua própria maneira, reduzindo-os a
certas medidas e determinados métodos
de observação. Esse padrão singular de
apreciação e julgamento, porém, faz com
que por vezes ela se retarde na aceitação
de conceitos já reconhecidos e aplicados
por tradições arcanas como a Ordem
Rosacruz. Por outro lado, nenhuma
descoberta ou revelação da verdade pode
ser incoerente com o que já é conhecido
dos rosacruzes, nem pode ser tão singular
que não se enquadre no sistema de
princípios e leis já estabelecidos e em
pleno uso prático.
Adaptado do livro “Perguntas e
Respostas Rosacruzes”
 Dar e Receber
Evocando
receber?
um adágio popular: é mais recompensador mesmo dar do que
Para responder a esse nosso frater,
passemos a palavra ao Dr. Lewis:
« Algumas vezes eu me pergunto se
não deveríamos acrescentar às belas-artes
– que incluem a pintura, a escultura, a
música e outros métodos de expressar as
emoções humanas – mais uma arte: nós a
chamaríamos de “a arte de dar”. Há muitas
pessoas que gostam da ação e querem
praticá-la, especialmente em tempos de
pobreza. Porém, ao hesitarem, seja por
não saberem como fazê-lo ou por sentirem
que podem agir erradamente, elas falham
em responder a um impulso interior e um
auxílio deixa de ser dado. Por outro lado,
outras pessoas o fazem, porém do modo
incorreto. Dão as coisas erradas para as
pessoas erradas, ou o fazem de maneira
inapropriada; e há também aqueles que
fazem donativos por motivos puramente
egoístas e a oferta acaba não fazendo
tanto bem quanto deveria, de modo que
a grande bênção que poderia advir da
ação acaba literalmente perdida. Há ainda
os que dão e esperam algo em troca – e
muitas vezes sua expectativa é tão alta
que, para garantirem o retorno, eles dão
indiretamente a ideia ao beneficiário, e
essa insinuação por vezes repercute
tão fortemente quanto um
coice de mula. Nesse
caso, a pessoa
perde não apenas
a bênção cósmica
que deveria
Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
acompanhar o oferecimento como
também põe aquele que recebe numa
situação embaraçosa, tornando as coisas
desagradáveis.
A primeira lei no doar é não procurar
entre as coisas que já possuímos aquilo que
poderíamos dispensar sem possivelmente
nenhum inconveniente, mas sim pensar
nas necessidades dos outros e encontrar
aquilo que pode ser dado, e por qual
meio, para aqueles que não possuem
aquilo de que efetivamente necessitam.
Um dinheiro dado na hora certa para a
pessoa certa e pelo motivo certo pode ser
verdadeiramente uma bênção cósmica
para alguém, ao passo que a mesma
quantia dada sem cuidado, de forma
indiferente ou inapropriadamente
não é nada mais do que a
proverbial “gota no oceano”,
não ajudando aquele que
recebe nem tampouco aquele
que dá.
5
 É verdade que às vezes um único
dólar para algumas pessoas pode ser um
sacrifício de parte do doador, pelo qual
ele deveria ser abençoado. wPode ser que
se trate de metade da sua fortuna, e por
essa razão não deveria ser considerado
levianamente. Por outro lado, se esse
mesmo e importante dólar for dado a
alguém a quem será de pouca utilidade
ou de pouco valor, o dinheiro terá sido
simplesmente desperdiçado, a despeito
do sacrifício feito no ato de dar. Se esse
mesmo dólar pudesse ser dado a alguém
que precisasse dele para pegar um ônibus
e ver alguém doente ou para pagar
um pouco de comida para alguém que
estivesse mesmo à beira da fome, então
ele poderia ter sido com efeito a grande
dádiva do dia.
Certamente, aqueles que esperam
uma recompensa quando dão algo estão
enganando a si mesmos, e a ninguém mais.
Uma doação não carrega atrelada consigo
uma recompensa que automaticamente
bate as asas de volta para o lar, como se
fosse um pombo-correio. Se você está
dando centavos, dólares ou qualquer
outra coisa com asas para que retorne em
seguida para o pombal, então você vai se
decepcionar. Se você doa cinco dólares
esperando ganhar mais em retorno, você
até pode recuperar os seus cinco dólares,
mas não terá a bênção cósmica – nem
juros! Você não ganha nada ao recuperar
precisamente aquilo que havia dado.
Um presente meticulosamente medido é
desprovido daquele poder emocionante
de apreciação que sempre se manifesta
quando algo é dado espontaneamente
como resultado de um impulso interior.
6 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
Naturalmente, existe também uma
arte de receber, mas esta não é a ocasião
de tratarmos disso. No entanto, eu
gostaria de dizer que aqueles que recebem
devem se lembrar de que agora existe
uma obrigação sobre eles. A polícia e
a justiça não exigem que uma doação
receba retorno ou que algo seja dado em
compensação, mas o Cósmico sim exige
que tal bênção seja passada adiante. Isso
não significa que a oferta original tenha
de ser retornada ao doador ou que uma
quantia equivalente em dinheiro tenha
de lhe ser dada. Significa levar adiante o
impulso que se manifestou naquele que
doou e que acompanhou o donativo. Se
você está faminto e sem recursos e alguém
lhe dá um pouco de dinheiro para cobrir
a situação de uma emergência, você deve
ter em mente que é necessário que algum
dia você retribua essa bênção por meio
de uma doação similar de algo a alguém
quando a oportunidade se apresentar a
você. Em outras palavras, o beneficiário
da dádiva fica na obrigação de ajudar
alguém quando o tempo, as circunstâncias
e as condições lhe possibilitarem fazer
isso. Falhar desse modo no repasse dessa
obrigação vai fazer com que o Cósmico
se feche enquanto canal para a pessoa
que tiver essa atitude. O Cósmico não
espera que você demonstre sua gratidão
por meio de um “obrigado” volúvel dito
ao benfeitor, mas por um agradecimento
a Deus e posteriormente passando
continuamente adiante a outras pessoas
a excelente bênção com que você foi
agraciado. »
Harvey Spencer Lewis
 Destros e Canhotos

Como o fluxo da Força Vital é distribuído no corpo? Pode-se dizer que uma
pessoa se torna, em razão dessa distribuição, destra ou canhota? Existe
alguma conexão entre o fato de ser fisicamente destro e psiquicamente destro?

Quando falamos de polaridades, como
no caso dos tratamentos rosacruzes, e
atribuímos a polaridade positiva ao lado
direito e a polaridade negativa ao lado
esquerdo, isto se deve ao fato de assim
ocorrer à maioria das pessoas.
A questão frequentemente feita por
alguns rosacruzes é a seguinte: se uma
pessoa é realmente destra fisicamente,
isto também se aplica à contraparte
psíquica? A resposta pode ser que a
experiência mostra que uma diferença
deve ser estabelecida entre o conceito de
lateralidade cerebrospinal e as polaridades
curativas da Força Vital.
Em termos puramente físicos, é
durante o processo de aprendizagem
que o cérebro vai efetivamente designar
um ou outro lado para as suas funções.
Por sua própria escolha, ou por vezes
forçada, a criança vai escolher uma mão
para desempenhar operações essenciais,
como pegar objetos e escrever. Um jovem
aprendendo a jogar futebol pode ter mais
habilidade com o pé esquerdo, mesmo
sendo destro. Algumas pessoas que usam
os dois hemisférios cerebrais para a escrita
manual conseguem até mesmo se tornar
ambidestras. No passado foi dito que
para saber de fato se alguém é destro
ou canhoto tudo o que era preciso fazer
era testar qual seria o olho dominante ao
mirar num determinado alvo.
Com efeito, ser fisica­mente canhoto
ou destro não significa automaticamente
que este também seja o caso em termos
psíquicos ou com relação ao fluxo da
Força Vital. A Força Vital é uma energia
de natureza única que circula por todo
o nosso corpo psíquico, conferindo-
lhe existência e dirigindo toda a vida
vegetativa. Ela equilibra os opostos e
harmoniza a consciência de nossas células
com a alma vegetativa, que é parte da
alma responsável pelas funções vitais.
O circuito pelo qual essa energia flui
é o sistema neurovegetativo, também
chamado sistema simpático. Para que
ele funcione, essa corrente deve ter
uma direção – assim como ocorre com
uma corrente elétrica. Por analogia com
a corrente elétrica, pudemos definir
duas polaridades: as pontas dos dedos
e os pés são extremidades e podem ser
comparados a fios sem soquete; uma
das extremidades é de natureza positiva,
enviando a corrente, ao passo que a outra
é considerada negativa, pois a recebe.
O mesmo se aplica no caso da corrente
da Força Vital. Para uma boa saúde, o
importante é que a corrente seja estável
e suficientemente forte, para que nada a

Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016 7

 bloqueie e para que não seja tampouco
desviada e concentrada numa parte do
corpo ou fique faltando em outra.
A questão que se impõe é se a corrente
sempre flui da mão direita para a esquerda,
de forma que pudéssemos atribuir a
corrente positiva à mão direita. Também
resta saber por que, como se observa, o
contrário pode acontecer.
Antes de irmos mais adiante, vamos
propor um exercício para o propósito
de diferenciar aquilo que sentimos nas
mãos. Esse exercício não é sobre a corrente
em si, mas sobre o campo psíquico-
magnético que é induzido por ela ao
fluir. Se considerarmos as terminações
nervosas simpáticas ao longo dos dedos,
então a palma da mão também as contém;
e quando a corrente flui através delas,
induz um campo magnético, assim como
aquele existente ao redor de um fio
elétrico de alta voltagem.
8 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
O campo magnético das mãos é, neste
caso, muito mais sutil e difícil de detectar, a
menos que se utilize a percepção psíquica;
não obstante, ele possui a habilidade de
restaurar a Força Vital e induzir um fluxo
de cura a partir de pouca distância, como
ocorre quando colocamos as mãos sobre
alguém na intenção de tratá-lo.
Eis então um exercício por meio do qual
você poderá sentir sua própria Força Vital
e determinar sua polaridade.
Coloque suas mãos à sua frente com os
braços esticados, mas não completamente,
a fim de não tensioná-los. Nessa
posição, coloque sua mão direita com
a palma voltada para baixo a cerca de
40 centímetros sobre as costas da mão
esquerda. Tendo-nos concentrado sobre a
energia magnética vital das mãos ao trazê-
las a uma distância de 5 ou 6 centímetros
uma da outra e permanecendo nessa
posição por alguns minutos, fazendo
leves movimentos de subir e descer
com elas para afastá-las e aproximá-las
alternadamente, começamos a sentir uma
sensação de calor ou na palma da mão
direita ou nas costas da mão esquerda,
ou talvez em ambas. Essa sensação é
muito sutil e intangível. Depois, vamos
comparar a sensação experimentada com
a da mão esquerda. Coloque sua mão
esquerda sobre a direita, do mesmo modo
como feito anteriormente. Comparando
ambos os experimentos, e considerando
a mão com a polaridade positiva como
sendo a direita neste caso, a segunda parte
do exercício evidenciará uma sensação
mais fria a ser percebida.
É preciso que se diga que isso não tem a
ver com calor no sentido de temperatura,
e sim com uma percepção mais sutil que
é psíquica e magnética por natureza. Se
essa percepção não ocorrer de imediato,
ao invés de insistir é preferível efetuar
alguns dos nossos habituais exercícios de
respiração para despertar a consciência
psíquica e depois recomeçar o exercício
proposto até que se perceba a diferença.
Este exercício nos habilita a determinar
qual mão possui a polaridade positiva e
a negativa da Força Vital.
A Força Vital pode ser considerada
como uma energia que é direcionada
no interior do eu psíquico de maneira
independente do desejo da mente; é a
alma que reside no corpo psíquico que
tem a habilidade de controlar a Força Vital
e dar-lhe ímpeto. Quanto mais estivermos
em harmonia com nossa alma, mais
Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
harmoniosa será a interação entre o corpo
psíquico e a alma.
A questão chave é tentar entender por
que a alma decide fazer com que a energia
flua da direita para a esquerda ou, no caso
dos canhotos, no sentido oposto. Em que
ponto isso ocorre? É algo irreversível?
Antes de responder essa questão, vamos
dar uma olhada num texto dos arquivos
de nossa Ordem.
Como a polaridade dual da Força
Vital entra em nosso corpo e como ela
é distribuída? Eis a explicação dada por
um médico rosacruz no século XVI: “[…]
cada animal é sustentado por essa invisível
quintessência de duas formas – ou seja, ou está
escondida no ar e é, portanto, captada pelos
pulmões por meio da inalação; e a parte da
quintessência que está no ar é completamente
absorvida pelo coração, que a distribui e
aloca por meio das artérias para nutrir todo
o conteúdo do espírito vital no animal; ou,
de outra forma, está contida secretamente no
interior dos corpos que compõem o alimento
ou está acumulada nos próprios alimentos, de
tal forma que quando essas luzes celestiais são
unidas elas formam um fogo que é concentrado
celestial e visivelmente, que contém capacidades
nutritivas e é intrinsecamente sustentável”.
Nessa descrição o autor fala de uma
quintessência que está contida no seio da
Força Vital. É dito por outras fontes que essa
quintessência é o que possibilita a união
dos quatro elementos que constituem
nosso corpo – a saber, terra, água, ar e fogo.
Sem essa quintessência da Força Vital, os
elementos opostos não podem ser unidos,
sendo portanto essa força a conectá-los.
9
 O autor continua dizendo: “e a parte
mais espiritual do fogo entra por diapedese
no tálamo do coração e é distribuída por toda
parte pelas artérias”. O termo “diapedese”
é usado hoje em dia para descrever
a passagem de determinadas células
sanguíneas através das paredes dos
vasos capilares. O autor fala aqui sobre
a passagem da essência da Força Vital,
como um fogo penetrando o tálamo do
coração, que hoje em dia equiparamos ao
plexo cardíaco. O termo “tálamo” é bem
escolhido: hoje em dia, chamamos de
“hipotálamo” o plexo nervoso simpático
situado na parte inferior do cérebro, em
conexão com a glândula pituitária, e de
“epitálamo” o plexo conectado com a
glândula pineal.
Podemos considerar aquilo a que o autor
chama de “tálamo” como o equivalente
no coração àqueles centros no cérebro.
Para voltarmos a esse antigo texto, não
devemos esquecer que ainda não se sabia
naquela época muito sobre a circulação
sanguínea e que isto foi constatado pelos
rosacruzes. Demonstrada por William
Harvey, a descoberta foi publicada na
obra de Robert Fludd. Eles foram muito
criticados na época e os professores
de medicina de então caçoaram deles,
chamando-os de charlatães.
A Força Vital entra pela traqueia
e é absorvida pelos pulmões através
do fenômeno de atração associado ao
abaixamento do diafragma (que, ao
baixar, atua como o êmbolo de uma
seringa mergulhando em um líquido). Ela
carrega consigo sua qualidade mais sutil,
10 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
qual seja, a quintessência. Mais adiante
veremos como o nosso autor descreve a
quintessência. Os pulmões permitem que
o sangue receba essa essência. O sangue,
ao chegar aos pulmões, libera dióxido de
carbono – em outras palavras, sua parte
mais ácida e pesada – e então é lavado
em uma espécie de banho de radiante
quintessência no interior dos vasos
sanguíneos dos alvéolos pulmonares.
Assim, o sangue é regenerado e se torna
mais vermelho, haja vista que os glóbulos
não carregam apenas oxigênio, mas
também a quintessência ou fogo vital que
está contido no ar.
O primeiro órgão a receber o sangue
é o coração – seu centro cardíaco, plexo
cardíaco e pericárdio. Na descrição dada
pelo autor, o que ocorre é uma diapedese
dessa energia pelo tálamo cardíaco. O
que essa energia faz aqui? O que acontece
com ela? Ela permanece no coração ou ao
redor dele?
Existe um fato que precisa ser lembrado,
ainda que, no que diz respeito aos nossos
cientistas, seja insignificante ou óbvio: o
coração tem duas cavidades que atuam
como bombas para o sangue: a cavidade
direita bombeia o sangue venoso e envia
todo o sangue do corpo para os pulmões.
Esse sangue, portanto, não tem nenhum
contato com o sangue oxigenado que vem
dos pulmões e chega à cavidade esquerda.
O sangue que recebeu a quintessência
da Força Vital chega primeiramente
à aurícula – ou átrio – da cavidade
esquerda do coração, sem se misturar
com o sangue venoso. Aí ele entra em

contato com o marca-passo cardíaco
natural. “Marca-passo” é o nome dado a
um centro do corpo humano responsável
pela liberação de estímulos rítmicos. Daí
vem o termo “marca-passo” utilizado para
o dispositivo artificial implantado que
transmite estímulos para garantir que o
coração tenha um ritmo regular.
É certo que uma troca com a energia
do sangue ocorre na aurícula do coração.
É o que o nosso autor quer dizer ao
afirmar que a parte mais espiritual desse
fogo entra, por diapedese, no tálamo do
Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
coração. Isso significa que a parte mais
espiritual contida na Força Vital, que
entrou pelos pulmões, é transmitida
primeiramente ao coração, muito antes de
chegar ao cérebro, o que faz do coração
o receptáculo de uma das energias mais
puras e sutis da alma humana.
Trata-se então da difusão da parte
radiante da Força Vital por todo o corpo
através das artérias e sua combinação tanto
com a parte sutil que vem dos elementos
encontrados nas veias quanto com a
parte mais grosseira desses elementos:
“Ao mesmo tempo a parte mais bruta dessa
essência se combina nas veias com a parte mais
sutil dos elementos do sangue, de forma que
quando sua mistura está completa ela pode
dar sustentação e manutenção à boa saúde.
Também é necessário para uma parte desse
fogo celestial combinar-se com a parte rude dos
elementos, a fim de preservar a íntegra daquilo
que é combinado na ligação natural; ainda que
a maior parte daquilo que reforça essa ligação
seja redirecionada pelos orifícios nas artérias”.
A parte da Força Vital que vem dos
pulmões e é carregada pelo sangue é
distribuída por toda parte por meio
das artérias e infunde os tecidos pelos
capilares. Combinada no sangue com a
parte mais grosseira que descrevemos
como sendo a polaridade negativa da
Força Vital, ela serve como alimento
para todos os nossos tecidos. Pode-se
pensar nela como a parte um pouco
menos vibrante que se combina com os
elementos do sangue.
Como a quintessência alcança os centros
psíquicos do cérebro que controlam o fluxo
11
 da Força Vital? Vimos que no nascimento
a alma penetra no corpo pelos pulmões.
Seu primeiro contato não é portanto,
naturalmente, com o cérebro, mas com o
coração, pelo fato de a Força Vital alcançar
primeiro o sangue. Se a alma pudesse
entrar no corpo diretamente pelos nervos,
ela só teria de tocar o corpo para fazer isso,
o que não é o caso; ela precisa do sangue.
Sem ele, a alma não pode entrar em um
corpo ou nele permanecer.
O primeiro tecido infundido pela
Força Vital da alma é, portanto, o sangue.
Assim, como vimos na descrição dada
no antigo tratado, a alma atravessa o
tálamo do coração. Ela está unida à
parte mais sutil da Força Vital, que é
sua quintessência. Descobertas recentes
mostraram que no coração existe um
tipo de segundo cérebro vegetativo.
Esse sistema é um plexo nervoso similar
àquele do hipotálamo. É daqui que a
essência vital vai para o sistema nervoso
simpático localizado na cabeça, descendo
por uma das duas cadeias nervosas
simpáticas e tornando então a subir
pela outra, fazendo com que o fluxo de
energia tenha uma direção. Isso acontece
de forma sincronizada com as primeiras
respirações, originando o primeiro ritmo
cardiorrespiratório, que começa com o
primeiro choro ou som produzido após
o nascimento.
A questão é, portanto, se a lateralidade
da direção da corrente é voluntária ou
involuntária. Pode ser que a razão seja
simplesmente de natureza anatômica,
pois tem-se observado que por vezes há
mais fibras do plexo cardíaco conectadas
ao cérebro esquerdo do que ao direito,
sendo esta possivelmente a única razão
real a explicar o fato de se ter uma pola­
ridade positiva numa das mãos, sendo a
quantidade de Força Vital liberada mais
rapidamente para o cérebro em virtude
do grande número de fibras no lado
esquerdo ou no direito, conforme o caso.
E isso não influencia a saúde, pois o que
conta é a quantidade de quintessência
na Força Vital e que esta esteja a fluir
devidamente.
GLE-AUS/NZ

“A educação adequada dos jovens não consiste em

encher suas cabeças com uma massa de palavras,
sentenças e ideias amontoadas e vindas de diversos
autores. Consiste antes em abrir seu entendimento
para o mundo exterior, de forma que uma
corrente viva possa fluir de suas próprias
mentes, assim como folhas, flores e frutos
eclodem dos brotos de uma árvore”.

COMENIUS

12 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016

 Determinando a Próxima Encarnação

OFórum Rosacruz apresenta a seguir dois tópicos relativos ao tema

“criando uma próxima encarnação”, extraídos das edições homólogas
de língua italiana e inglesa.
I
Fundamentalmente, considerando-se
todas as provas que acumulamos e todos
os escritos antigos místicos e filosóficos
rosacruzes, parece-nos que o Cósmico
determina em grande parte o lugar de
nosso renascimento, sua hora e minuto
exatos, as características e aptidões que
teremos e quais possibilidades serão
suscetíveis de serem despertadas ou
aperfeiçoadas e que eventualmente
poderão nos conduzir ao cumprimento
de uma determinada missão na vida.
Grosso modo, digamos que o Cósmico
determina pelo menos metade dessas
circunstâncias; contudo, há muitos
indícios apontando para o fato que cada
indivíduo vivendo hoje no mundo pode
efetivamente desempenhar um papel na
determinação desses fatores. Em primeiro
lugar, uma pessoa contemporânea que
decide, escolhe ou adota para si nesta vida
uma missão bem específica que requer
um trabalho muito particular e que faz
disso sua principal ocupação, entregando-
se a ela sinceramente, amando -a e
especializando-se nela, determina em
grande parte o que fará ou se tornará na
encarnação seguinte.
Nesse caso temos um fator a ser
considerado. Se o trabalho pelo qual
você se decidiu, ou que escolheu e tentou
realizar nesta encarnação, for totalmente
terminado nesta vida, antes de sua
transição, de tal modo que nada mais
haja a fazer com relação ao mesmo, é
provável que em sua próxima encarnação
você cumpra uma missão ou trabalho
inteiramente diferente. Mas se sua
transição acontecer subitamente, ou de
uma forma imprevista após uma longa
vida sem que você tenha completado
sua missão ou trabalho, ou ainda sem
que tenha aprendido ou cumprido tudo
o que desejava numa determinada vida,
é provável que na encarnação seguinte
retome o mesmo gênero de trabalho e
lhe dê prosseguimento. Nesse caso, o
Cósmico determinará onde você deverá
reencarnar, em qual família, em quais
condições e com quais possibilidades, a fim
de que o trabalho que desejava cumprir e
não finalizou possa ser terminado com a
máxima eficácia e sucesso.
Naturalmente, se o trabalho que você
tenta fazer e ao qual se dedica nesta vida
não for construtivo, não estiver voltado
para o bem da humanidade como um todo
e não beneficiar os outros tanto quanto a si
próprio, o Cósmico não mais providenciará
sua continuação na encarnação seguinte.
Podemos então depreender claramente
que, no que concerne alguns criminosos
que passam pela transição pela aplicação
de pena capital, por exemplo, o Cósmico

Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016 13

 não tomará providências para fazê-los
nascer, na próxima encarnação, no seio
de uma família ou em circunstâncias que
tendam a fazê-los continuar a perpetrar
uma prática que consiste em fazer mal
aos outros seres humanos. De fato,
nossos arquivos e os antigos manuscritos
indicam que num caso dessa natureza o
indivíduo, em sua encarnação seguinte,
nascerá em circunstâncias e condições
que se revelarão uma verdadeira escola
de correção das más tendências de sua
vida atual, e o obrigarão a sofrer numa
determinada medida as dores, angústias
e privações que tenham infligido a outros
por suas más ações.
Contudo, parece-nos uma verdade
indubitável que os desejos e ambições
não realizados, os interesses e intenções
sinceros que ocupam o coração e o
espírito de cada indivíduo vivente no
momento de sua transição, terão alguma
influência sobre a condição de sua próxima
encarnação. É provável que uma pessoa
que tenha viajado ao exterior e visitado
uma determinada cidade ou região e que
tenha se tomado de amores pela mesma
a ponto de ter um profundo desejo de
ali viver, e que passe pela transição com
14 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
esse desejo dominando seu espírito e seu
ser, provavelmente venha a reencarnar
nesse lugar ou em circunstâncias que lhe
permitirão, pouco a pouco, ir até esse
lugar e ali viver.
Portanto, deveríamos dar consideração
às coisas que ocupam nossos pensamentos
mais profundos e formam nossas ambições
e desejos mais intensos – e isso aqui e
agora, em nossa atual encarnação. Um
indivíduo que dedica boa parte de seu
tempo e muito de seu amor, pensamentos
e emoções a auxiliar a humanidade, a
orar e a ensinar verá suas ambições se
realizarem ainda mais completamente
em sua encarnação seguinte. Uma pessoa
cujo pensamento dominante, hoje e em
todos dias do ano, é construir magníficos
edifícios, pontes e outras estruturas para
o benefício da humanidade e o progresso
da civilização terá na encarnação seguinte
oportunidades ainda maiores de cumprir
esse trabalho. Pode ser que não se lembre
disso – e é mais provável que só intua o
fato de ter feito um trabalho semelhante
no passado por meio de visões ou sonhos.
Não obstante, as oportunidades surgirão.
Toda pessoa que preencha o coração, a
alma e o espírito com pensamentos de
amor e ternura por toda a humanidade e
que apague de sua consciência qualquer
resquício de ódio, prevenção, preconceito
de raça, religião e outros nascerá sem essas
limitações em sua encarnação seguinte,
e nela gozará de uma abundância de
felicidade, amor e bem-estar.
Indubitavelmente, aqueles que na
atual encarnação são muito doentes ou
sofrem de deficiências físicas e ainda
assim mantêm o bom humor – como
por exemplo a escritora e ativista norte-
americana Helen Keller e tantos outros
que trabalharam em prol dos doentes
e dos infelizes – terão na encarnação
seguinte a possibilidade de usufruir de
todas as bênçãos e coisas pelas quais
suspiraram nesta vida e das quais foram
privados.
Contudo, isto não quer dizer que
uma pessoa que nesta vida sofre com
condições financeiras adversas e que
II
Ao contrário de milhares de pessoas
que hoje sentem um grande fascínio por
“vidas passadas” e se preocupam com
o carma passado na vida atual, muitos
rosacruzes e místicos têm uma perspectiva
diferente da questão. Nossa ênfase é mais
no presente e no futuro do que no passado.
Entretanto, é verdade que o conceito
de reencarnação tem muitos níveis de
significado; é de grande valia, portanto,
que o estudante vivencie cada nível em
algum ponto de sua jornada. A visão
global nos permitirá compreender mais
completamente o princípio subjacente: a
“Lei do Eterno Retorno”.
Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
nada mais deseja além de dinheiro, bens
terrenos, prazeres puramente físicos,
uma grande mansão, belas roupas etc.,
obterá automaticamente todos esses bens
materiais do Cósmico em sua próxima
encarnação, apenas se concentrando
nesta vida sobre esses desejos. Essas
coisas são demasiado pessoais, egoístas
e materialistas para que o Cósmico as
leve em consideração. Assim, vemos que
nossos pensamentos e ideias dominantes
podem ter uma profunda influência sobre
as possibilidades do futuro. Os relatos
de pessoas que conseguiram se lembrar
de suas encarnações passadas e todos os
escritos dos Mestres e filósofos do passado
que fizeram o mesmo indicam essas
possibilidades. Portanto, nossas sugestões
certamente merecem ser analisadas, já que
trarão alguma recompensa na encarnação
atual e em uma vida futura.
GLI
Um frater australiano nos escreveu
para relatar suas reações a um exercício
proposto em uma monografia, o qual era
voltado para a análise da vida presente
em combinação com a exploração de
novas possibilidades, e depois com a
criação mental de uma vida futura mais
ideal, incluindo escolher uma condição
terrena futura. Diz o nosso frater: ”[…]
Essas coisas tocam em pontos que têm dado
voltas em minha mente por toda a minha
vida. Meu treinamento profissional formal é
limitado e minha experiência passa por várias
áreas… Nunca tive grande satisfação em
escolher ou seguir uma carreira padrão. Na
15

verdade,
sinto que evito
ter muito status na vida mundana porque
isso faz com que a vida seja difícil de ser
desfrutada. Parece que tenho maior satisfação
materializando ou otimizando um conceito
que unifique vários princípios diferentes
conhecidos e importantes”.
Nosso frater também expressa sua
gratidão ao Cósmico por lhe conceder
conhecimento e poder para criar quase
qualquer estrutura de vida mundana que
ele deseje, agora e nesta vida. Ele é bem-
sucedido equilibrando sua carreira na
indústria e no comércio com o trabalho
de assistência social, e diz ainda: ”Também
acho bem agradável o equilíbrio criado pela
alternância entre diferentes tarefas… Eu
poderia mudar isso, mas parece ótimo por
enquanto – pelo menos até que uma nova
ideia surja…”.
16 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
O frater conclui com um questio­
namento pungente: ”Então fico
imaginando como posso fazer
escolhas para outra vida até eu
ter sentimentos mais fortes e
constantes a respeito disso.
Tenho prestado mais atenção
ao modo como lido com
minha vida do que ao status
que ela possa ter aos olhos
dos outros”.
O Mestre de Classe in-
centivou o frater a não se
preocupar excessivamente
com o fato de ainda não ter
se sentido atraído a conside-
rar outra vida futura. Outros
sentiram a mesma falta de incli-
nação. Por outro lado, está bem claro
que esse frater já está sendo muito cria-
tivo em sua vida atual! Não é verdade
que determinamos nossa vida presente a
cada dia, ou até mesmo a cada hora?
Pela qualidade dos pensamentos que
mantemos com mais frequência na men-
te, efetivamente atraímos a sua realiza-
ção aqui e agora. Por nossas contempla-
ções dinâmicas – isto é, os pensamentos
nos quais mergulhamos com uma recor-
dação viva ou com a criatividade –, com
muita facilidade evocamos ou provoca-
mos acontecimentos, sejam eles do nosso
agrado ou não!
Concluindo, nosso frater já está tornan-
do fato uma realidade que se tornou, para
ele, um criativo ato de equilíbrio entre a
carreira profissional e os impulsos huma-
nitários. Talvez este seja o propósito sub-
jacente ao exercício: iniciar uma experiên-
cia criativa e viva que moldará e moverá
nossa vida agora e também no futuro!
Y
 Doenças Psiquiátricas e Evolução

Oque acontece com aquelas pessoas que por um infortúnio na vida

desenvolvem doenças psiquiátricas graves, como demências, Mal de
Alzheimer e graves psicoses, como a esquizofrenia? Como elas ficam no nível
evolutivo?
Do ponto de vista evolutivo, a que convivem com a pessoa doente
personalidade-alma vem ao mundo e que igualmente têm oportunidade
para expandir sua consciência, e para de aprender através da compaixão e
este fim todas as experiências da vida da solidariedade, sobretudo os seus
estão inter-relacionadas. Misticamente, familiares. A convivência e o contato
partimos também da premissa de que com doentes levam as pessoas a meditar
a personalidade-alma pode arbitrar seriamente sobre a vida e seus propósitos.
previamente na escolha de um corpo no Pode ocorrer ainda de a própria
qual irá encarnar – e essa escolha pode personalidade-alma ter optado por essa
ser influenciada tanto por seu carma, condição, cujo mérito seria compensado
resultante de encarnações anteriores, em encarnações posteriores.
como pelas experiências que deseja ter a A personalidade-alma que habita
fim de acelerar sua evolução, de acordo um corpo enfermo está em processo de
com as leis cósmicas. contínua evolução pelo aprendizado

O indivíduo que manifesta uma doença
psiquiátrica normalmente revela um
momento do qual o seu ser necessita
para aprender suas lições. Essa condição
também afeta muitas outras pessoas
decorrente da situação que vive, e nunca
em retrocesso, apesar de ter desenvolvido
uma doença psiquiátrica, demência ou de
qualquer outra natureza.
Divisão de Ensino e Instrução/GLP

Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016 17

 Energização do Carma

Muito tem-se falado em nossas publicações sobre carma, que é também uma
questão recorrente nos ensinamentos rosacruzes. Contudo, ainda não
compreendo muito bem como “controlar”, se é que é possível, a intensidade
desse carma. Os nossos desejos pesam no cumprimento de um determinado
carma?

A maneira mais eficaz de se lidar com
o carma, e sobretudo com a criação de
carma, está nas formas-pensamento
que energizamos por nossa própria
vontade. Uma citação, atribuída ao
Mestre K. H., explica bem essa questão:
“Cada pensamento humano ao se desenvolver
passa pelo mundo interior e se torna uma
entidade ativa associando-se – ou melhor,
“amalgamando-se” – com uma das forças
semi-inteligentes dos reinos mais sutis da
matéria. Ele sobrevive como uma inteligência
ativa – uma criatura da mente causadora –
por um período mais longo ou mais curto,
proporcional à intensidade original da
ação cerebral que o gerou. Assim, um bom
pensamento é perpetuado como um poder
ativo e beneficente, ao passo que um mau
pensamento é malévolo. E assim o homem
povoa continuamente seu fluxo no espaço
com um mundo que é só seu, ocupado pelos
frutos de seus caprichos, desejos, impulsos
e paixões – um fluxo que reage a qualquer
organização sensível ou nervosa que entre
em contato consigo proporcionalmente à sua
intensidade dinâmica”.

18 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016

 O que tudo isso significa? Todos os
nossos pensamentos passam por nossa
natureza desejosa e são por ela coloridos.
Com eles criamos entidades mentais que
vibram no plano mental. Essas vibrações
atraem as forças dos planos abaixo do
mental a caminho do plano objetivo.
Elas então aderem a nós e permanecem
conosco por mais ou menos tempo,
dependendo da intensidade original.
É essa nuvem de energias autocriadas
que gera o nosso carma. São entidades
e são responsáveis por aquilo que
experimentamos como sensação. Elas
também se manifestam mais sutilmente,
mas de forma muito forte, no campo
emocional. É isso o que se quer dizer
quando se afirma que vivemos em um
mundo de ilusão povoado por fantasmas
criados por nós.
Por nossa vontade, emoções e desejos,
estamos constantemente influenciando
essa nuvem de entidades. Não apenas
geramos e emanamos formas-pensamen-
to como também agimos como ímãs para
atrair para nós as formas-pensamento de
outros. Assim sendo, podemos decidir se
atraímos energias que podem, por sua
vez, ser boas ou ruins. Se nossos pensa-
mentos forem puros e nobres, atrairemos
hostes de entidades benévolas. Pode
haver um tremendo poder de realiza-
ção em resposta a um esforço nobre e
desinteressado. Inversamente, pensa-
mentos baixos e negativos produzem um
efeito perturbador em nós, além de nossa
intenção efetiva. Todos já ouvimos dizer
coisas do tipo: “o diabo me tentou”. É
verdade que forças negativas adicionais,
em consonância e acréscimo às nossas
próprias intenções erradas, daria mais
força aos nossos atos. Porém, não somos
atacados por tais entidades; nós as atraí-
mos para nós.
A diferença entre ação boa e má e
como podemos distinguir uma da outra
são temas que têm preocupado muitas
mentes. A melhor abordagem é, portanto,
a seguinte: um bom pensamento, um
bom desejo ou uma boa ação estão em
acordo com as leis naturais e cósmicas; o
mal é aquilo que não está. Conhecer a lei
requer a aplicação de nossa inteligência e
de nosso bom juízo. Há muitas diretrizes
para isso nos grandes ensinamentos
místicos e nas religiões do mundo. Os
ensinamentos da AMORC são uma fonte
de valor inestimável quando se trata
das leis naturais e cósmicas. Ademais, as
palavras do Mestre Jesus, “amai-vos uns aos
outros”, também são um bom atalho para
resolver e eliminar o carma.
ZPP

“Qual é então a sabedoria verdadeira e mais digna de ser buscada pelo homem? Existe,
a esse respeito, uma infinidade de opiniões, e cada qual a relaciona com sua própria
imaginação. Com exceção das coisas divinas que dizem respeito à redenção da alma,
a sabedoria não é feita pelos discursos oratórios dos sofistas, pelos versos sonoros dos
poetas ou pelas sutilezas críticas dos gramáticos. Além disso, ela não reside no mal e
na ignorância, nas fraudes e perjúrios, nos embustes e mentiras, na dureza de coração e
de espírito ou na habilidade de acumular bens e dinheiro. De fato, ela não é outra coisa
senão o verdadeiro conhecimento unido à prática, que é o que há de mais útil para o
gênero humano.”
Michael MAIER (1568-1622)

Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016 19

 Movimento dos Braços nos Sons Vocálicos

O
movimento dos braços na entoação dos sons vocálicos tem alguma
finalidade específica ou significado?

O movimento dos braços, realizado fazendo com que haja aumento do

principalmente pelo Cantor e pela
Cantora antes de entoar os sons
vocálicos no Templo, é feito para abrir o
diafragma. O diafragma é um músculo
muito importante que atua em nossos
movimentos de respiração (inspiração e
expiração).
Ao inspirarmos o ar, o diafragma e
os músculos intercostais se contraem.
O diafragma desce e as costelas sobem,
volume da caixa torácica e forçando o ar
a entrar nos pulmões. Com a expiração
ocorre o inverso: o diafragma e os mús­
culos intercostais se relaxam, subindo o
diafragma e baixando as costelas. Isso
faz com que haja diminuição do volume
da caixa torácica, forçando o ar a sair dos
pulmões e, por conseguinte, auxiliando
na entoação dos sons vocálicos.
Divisão de Ensino e Instrução/GLP

20 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016

 Pessoas Más
P
or que existem pessoas que nascem para o “mal”, sejam elas sociopatas
ou psicopatas?
Do ponto de vista rosacruz, o caráter
de cada ser humano é uma expressão
objetiva de sua personalidade-alma e
comporta três partes complementares:
inata, herdada e adquirida. Ele está
ligado à nossa consciência anímica e
evolui gradualmente no decurso de
cada encarnação. Assim, contrariamente
ao que se poderia pensar a priori, não é
imutável nem predeterminado por causas
arbitrárias. Isto significa que ele pode ser
Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
melhorado se assim o desejarmos e
agirmos neste sentido.
A parte inata do caráter inclui as
características psicológicas que cada
indivíduo expressou em sua vida passada.
Ela é o reflexo das tendências gerais
que marcaram seu comportamento na
encarnação anterior.
A parte herdada de nosso caráter
corresponde às características que nos
foram transmitidas pela genética.
Quanto à parte adquirida do caráter,
ela agrupa, por um lado, as características
psicológicas que desenvolvemos sob a
influência de nossa educação e, por outro
lado, aquelas que resultam de nosso
comportamento atual.
Como é citado em uma de nossas
monografias, todos sabem que existe
aquilo que familiarmente chamamos
de “bons” e “maus” caráteres. Na
primeira categoria, encontramos
pessoas gentis, complacentes, afáveis,
amáveis, charmosas, tranquilas,
conciliadoras, bondosas, meigas,
alegres, pacientes, sociáveis, simpáticas
etc. A segunda categoria corresponde
aos indivíduos ásperos, agressivos,
rabugentos, impacientes, brutos,
coléricos, violentos, difíceis, irascíveis,
irritáveis, mal-humorados, tristes,
desconfiados, impertinentes etc.
Sabendo que o caráter adquirido
em nossa vida atual vai se inserir na
21
 parte inata daquele que manifestaremos
desde os primeiros momentos de nossa
próxima encarnação, é importante
aperfeiçoá-lo e purificá-lo gradualmente
de todos os traços indesejáveis. Para isto,
temos de aprender a nos conhecer e a
trabalhar em nós mesmos para dominar
nossas fraquezas. Em última análise, esse
é o fundamento da alquimia interior a que
todo indivíduo deve se dedicar.
Ao contrário do que se poderia pensar
a princípio, particularidades como a
maldade ou a bondade, o egoísmo
ou a generosidade, o orgulho ou a
humildade etc., refletem traços do
caráter. Elas correspondem também, na
linguagem usual, àquilo que chamamos
de “defeitos” ou “qualidades”. Como
tais, representam tendências inerentes
à nossa personalidade-alma e traduzem
22 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
o nível que ela alcançou em sua
evolução. Por exemplo, um indivíduo
fundamentalmente maldoso, egoísta ou
orgulhoso não pode estar muito avançado
na senda da espiritualidade. Há uma
inegável relação entre nossa consciência
anímica e as características psicológicas que
manifestamos em nosso comportamento
diário. Observando e analisando nossas
reações usuais, é possível definirmos essa
relação e aprendermos a dominá-la para
nosso próprio bem-estar. É precisamente
por esta razão que o melhor meio de
nos aprimorarmos consiste em sermos
espectadores de nós mesmos e em
corrigirmos nossos defeitos adquirindo
progressivamente as qualidades opostas,
que estão concorrendo, em conclusão,
para a formação do nosso caráter.
Divisão de Ensino e Instrução/GLP
“Somos todos cidadãos do
mesmo mundo; temos todos o
mesmo sangue. Odiar pessoas
pelo fato de terem nascido em
outro país, por falarem uma
língua diferente ou ainda
porque pensam diferente de nós
sobre um determinado assunto é
uma grande loucura. Desistam,
eu lhes imploro, pois todos
somos igualmente humanos…
Tenhamos um único objetivo
em vista: o bem-estar da
humanidade – e abandonemos
todo o egoísmo relativo a língua,
nacionalidade ou religião”
COMENIUS
 Superpopulação

G
radativamente vemos aumentar a população mundial; já contamos com
mais de 7 bilhões de seres humanos. Tal aumento não poderá promover
um colapso no planeta? É possível que a raça humana seja extinta num
futuro não muito longínquo?

A atual população mundial gira em Mundial: a revisão de 2015, publicado pela

torno de 7,3 bilhões de pessoas; deverá
alcançar a marca de 8,5 bilhões até 2030
e de 9,7 bilhões em 2050. Com esse
ritmo, o planeta deve chegar a 2100
com 11,2 bilhões de seres humanos, o
que representa um crescimento de 53%
em relação ao presente. Essas previsões
estão no relatório Perspectivas da População
Organização das Nações Unidas (ONU).
Com o cogumelo da explosão
demográfica do planeta, pesquisadores
e ambientalistas já se mostram preo­
cupados, cogitando a respeito do futuro
da humanidade quanto ao problema de
espaço, sobretudo terrestre. Com efeito,
alegam eles, em longo prazo poderemos

Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016 23

 pensar no congestionamento dos espaços
vitais e suas consequências em termos
de agravamento da crise energética,
alimentar, habitacional, de segurança e
de trânsito, além da redução drástica ou
mesmo supressão do espaço destinado a
cada ser humano para o seu descanso e
harmonização com a natureza.
Ou seja, um legítimo caos propício a
guerras, banditismo e outras mazelas.
Com isso, é evidente que um dos
grandes perigos para o futuro da huma­
nidade é a superpopulação, pois ela atin-
girá sobretudo os países pobres e aumen-
tará sua miséria. É claro que devemos
aprender a administrar e dividir melhor
os produtos da terra, mas é óbvio que os
recursos naturais não são inesgotáveis.
Sendo o ser humano parte integrante
da natureza, sua saúde e bem-estar
dependem de sua conscientização
ecológica, ou seja, da compreensão dos
princípios básicos da ecologia: energia
solar, ciclos, alianças (ou parcerias),
biodiversidade e equilíbrio dinâmico
etc.
Ao invés de destruir o meio ambiente
e de, por conseguinte, pôr em risco a
própria sobrevivência, o ser humano
deveria ser parceiro da natureza.
Portanto, a extinção da raça humana
torna-se de fato uma possibilidade caso o
homem não se adeque pela mudança de
seu comportamento a um viver voltado
para a observação e para os cuidados
que a natureza demanda. Isso é exortado
dentro dos princípios rosacruzes,
conforme nossos estudos monográficos,
literatura e manifestos têm tido o cuidado
de enaltecer.
Divisão de Ensino e
Instrução/GLP

Assista ao documentário

“COMENIUS
ROSACRUZ E PEDAGOGO DA PAZ”

no Canal Rosacruz:
http://www.amorc.org.br/canalrosacruz

24 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016

 Terror do Umbral

D
esde que passei por minha primeira iniciação como neófito, sempre
vivencio um ponto dos rituais que quase não consigo ultrapassar. Por
vezes, sinto apenas uma leve relutância. Outras vezes, vivencio realmente
a sensação de uma intensa força física me puxando para trás à medida
que o ritual progride. Essa força faz meus passos pararem, assustando-
me às vezes; mas sempre me mantive certa de meu objetivo e completo os
rituais. Apesar do medo, lá no íntimo eu sei que devo ignorá-lo e completar
a iniciação. Tendo passado por rituais durante várias décadas, observo que
essa resistência ou medo diminuiu bastante, mas ainda vem à minha mente
de tempos em tempos. O que é isso? Será que vai desaparecer algum dia?

Durante nossa preparação para a de nossa realidade. O processo da inicia-

primeira iniciação na Ordem, aprendemos ção é bastante eficaz nessa remoção e, de
que todos nós temos inibições. São
restrições ou bloqueios mentais que,
consciente ou inconscientemente,
adquirimos no passado. Como todos nós
temos personalidades diferentes, essas
inibições se manifestam de diferentes
formas. Alguns têm medo de fazer certas
coisas; outros só sentem uma leve hesitação
antes de fazer as mesmas coisas. Há outros
que evitam totalmente certas situações
para não enfrentarem exatamente aquilo
que devem dominar. Dizem-nos que essas
inibições são “obstáculos espirituais e
psicológicos em nosso progresso na vida”.
Se temos inibições sérias, podemos
precisar de ajuda profissional para nos
ajudar a remover esses obstáculos, mas
na maior parte dos casos nós mesmos
podemos removê-los. Segundo nossas
monografias, isso se faz através de um
processo de autopurgação pelo qual as
obstruções indesejáveis são removidas

Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016 25

 acordo com nossos ensinamentos, “per-
mite que surja das profundezas de nosso
ser – da percepção e da compreensão do
Eu Cósmico em nosso interior – a franca
avaliação de nós mesmos”. O processo
da iniciação tem por finalidade nos livrar
de restrições e temores autoimpostos.
Outro aspecto importante da inicia­
ção é a satisfação das necessidades
emocionais do ser psíquico. A iniciação
tem mais a ver com as emoções do que
com o intelecto. Em vista disso e de
nossos comentários anteriores, fica clara
a razão de nossa soror sentir resistência
ao ato da iniciação. Entramos na iniciação
por nossa livre vontade, pelo desejo
de mudar. E na verdade sofreremos
modificações ao nos elevarmos de um
nível de consciência para outro. Esse
compromisso não pode ser encarado
26 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
superficialmente; por isso um certo grau
de resistência é natural.
Durante a iniciação, quando nosso
nível de consciência é elevado a novas
alturas, literalmente cruzamos o umbral
que leva das trevas à luz. Cada vez
que fazemos isso, enfrentamos aquilo
que os antigos chamaram de “Terror
do Umbral”. A consciência nos fala e
continuamos a travessia do umbral,
de acordo com os ditames de nossa
consciência. O grau de resistência que
vivenciamos está na proporção direta de
nosso nível de percepção quanto ao que
está sendo ditado por nossa consciência.
Ao sermos iniciados buscamos
iluminação, mas esta não nos advém
sem responsabilidade. Devemos passar
por um período de preparação para
nos tornarmos dignos de receber o
conhecimento sagrado. Passamos
por um processo de testes e provas e
fazemos uma avaliação franca de nós
mesmos. Recebemos a oportunidade de
nos purificarmos de funções orientadas
para o ego, como o orgulho e a vaidade.
Ao nos livrarmos desses empecilhos
vivenciamos a verdadeira iniciação – a
iniciação da consciência, da alma, da
mente ou das emoções, segundo dizem
as monografias. Isso harmoniza nossa
consciência interior com os princípios
mais elevados do universo. Estabelece-
se a comunicação entre a inteligência
superior do Eu interno e a inteligência
finita do cérebro.
Aprendemos, em um de nossos
primeiros Mandamentos, que o Eu
interior esteve inativo desde nossa
infância, mantido numa espécie de
sono. O propósito da iniciação é permitir
que o Eu interior se expresse, em todos
os nossos assuntos, através de nossos
pensamentos, sentimentos e visão.
Tornamo-nos conscientes do seu poder
vital de nos proteger e nos auxiliar a
exercer o domínio sobre as condições
da vida. Tudo isso implica grandes
mudanças e encontra uma considerável
resistência de nossa parte, pois nesse
ponto ainda não estamos conscientes
da harmonia, da paz e do amor que
prevalecerão em nossa vida assim que
permitirmos que essa mudança interior
se processe. Temos medo de que uma
coisa nova possa ser algo “ruim” e
sentimos que estamos melhor com
o que é antigo e bem conhecido, por
Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
mais insatisfeitos que estejamos. Para a
maioria, o novo é temível, especialmente
quando a experiência é de natureza
espiritual e tivemos pouca ou nenhuma
experiência dessa natureza. Falta-nos
confiança no Eu interior para estarmos
certos de que apenas o bem pode provir
das experiências espirituais.
À medida que adquirimos mais
experiência, aprendemos a confiar
no Eu interior. Cada vez que nos
aproximamos de um novo umbral e o
atravessamos, deixamos mais obstáculos
mundanos para trás. O fardo terreno,
por assim dizer, se torna mais leve, e nós
nos tornamos como a criança recém-
nascida, purificados dos impedimentos
adquiridos desde o nosso nascimento
físico neste plano. Passamos pelo umbral
de um renascimento e, portanto, temos
que vivenciar a morte das inibições
terrenas. Nossos estudos nos dizem que
no umbral enfrentamos a vida e a morte,
e ao cruzá-lo estamos libertos de todo
temor, pois no infinito não existe o medo.
Mencionamos anteriormente que
no umbral somos guardados por nossa
consciência, e atentamos ou não para
isso dependendo de nosso grau de
percepção. Como estudantes rosacruzes,
sabemos que a consciência é Verdade,
Luz e Vida. Quando somos tentados
pelas trevas, a consciência sempre nos
adverte. Nas situações da vida muitas
vezes ignoramos sua voz. Durante as
iniciações, entretanto, a consciência
predomina e não pode ser ignorada,
se aquilo que se deseja é a verdadeira
27
 Iluminação. Dessa forma, quando o
iniciando está ouvindo a consciência e
prestando atenção a ela, pode ocorrer
um momento de hesitação enquanto ele
analisa seu interior, decidindo se vai ou
não prosseguir. Provavelmente essa deve
ser a experiência descrita pela nossa
soror. O Tentador fala a cada um de nós
quando estamos cruzando o umbral. Por
outro lado, a pequena voz silente do Eu
Cósmico em nosso interior nos compele
a prosseguir. Existe uma parte do nosso
ser que sabe que existe a paz do outro
lado do umbral.
Nossos ensinamentos rosacruzes
afirmam que o umbral do Templo é o
mais amado local de cada Loja para o
iniciado, pois representa a entrada para a
Luz e o Conhecimento. Ele representa a
passagem das trevas à luz, da vida finita
28 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
para a vida infinita. Se existe um terror
associado a esse umbral, podemos ter
certeza de que ele emana de uma criação
nossa. Não está sendo imposto por algo
ou alguém fora de nós mesmos.
Quando estamos diante do umbral de
um novo nível de consciência e sentimos
medo, é importante lembrarmo-nos do
nosso amado símbolo da cruz e da rosa.
A Rosacruz está ali, entre a luz e as trevas,
lembrando-nos da dualidade verdade/
ilusão. Uma vez iniciados, podemos
sempre nos voltar para a Rosacruz para
que ela nos guie até a luz. A tentação será
constante, mas se escolhermos repetidas
vezes a luz, desprezando as trevas, o
terror do umbral se tornará mera sombra
do passado que terá sido substituída pela
paz.
Z
 Hereditariedade

N
o que diz respeito à aparência física, às potencialidades intelectuais,
aos talentos e assim por diante, onde começam e onde terminam o
carma e a hereditariedade?

A hereditariedade, bem como aquilo tinha interesse em se desenvolver ou em

que trazemos de encarnações anteriores, se esforçar, será atraída para pais com a
funciona de acordo com a lei do carma. O mesma conduta e a mesma inclinação,
carma é um fator da vida que está sempre pois então sua busca seria satisfeita.
presente em todas as fases do nosso ser. Um especialista em hereditariedade
Os padrões de nossa formação mental e estritamente científico afirmaria que essa
física são tão resultado do carma quanto
o é o padrão de nossa personalidade.
Encarnamos em famílias pelas quais
somos atraídos, pois elas proporcionam
padrões que satisfazem nosso carma.
Não se trata de uma questão “carma
versus hereditariedade”, mas sim de
“carma E hereditariedade”.
Uma jovem pode dizer que seu talento
para a fala foi herdado da mãe. Também
seria correto dizer que seu talento tem
a ver com o carma, ou seja, foi trazido
de uma encarnação anterior. As duas
coisas podem estar inter-relacionadas.
Por exemplo, se uma pessoa tinha
talento para discursar, gostava de
falar e queria ser conferencista na
encarnação seguinte, então não seria de
surpreender que ela fosse atraída para
pais cujos traços hereditários e ambiente
social propiciassem um veículo para
a expressão máxima desses talentos e
dessa experiência.
No lado negativo, se uma pessoa não
foi particularmente ambiciosa e não

Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016 29

 preguiça seria hereditária, nada tendo
a ver com o carma, com reencarnação
ou com outra causa cósmica. Sua
afirmação seria sucinta e incisiva: a
pessoa é preguiçosa porque seus pais são
preguiçosos.
O carma, ou aquilo que a pessoa realiza
e alcança de uma encarnação para outra,
é de longe o fator mais determinante
dos talentos e das potencialidades
do indivíduo. A aparência física e os
comportamentos são hereditários,
naturalmente, mas devem complementar
as exigências da alma em evolução; caso
contrário, esses dois aspectos jamais se
interligarão para existir como entidade
harmônica.
B

“Todas as coisas estão entrelaçadas umas nas outras. Um elo sagrado as

une, e dificilmente se encontrará uma coisa isolada da outra.
Tudo está coordenado e tudo trabalha em conjunto
para dar forma ao universo uno.
A ordem mundial é uma unidade feita de multiplicidade.
Deus, entretanto, é uno e impregna todas as coisas.
Todo ser é uno, toda lei é una e toda verdade é una – se, como cremos,
não pode haver senão um caminho para a Perfeição para seres que são
semelhantes em gênero e razão.”

MARCO AURÉLIO

30 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016

 Paz Profunda

M
esmo depois de tantos anos trilhando a Senda Rosacruz, ainda me é
difícil conceber o que possa ser o estado de “Paz Profunda”. Seria ela
uma consequência daquilo a que chamamos “paz de espírito”?

A tradicional frase “Paz Profunda”, O plano físico

que desejamos uns aos outros quando
nos encontramos entre rosacruzes, nos
é muito cara porque expressa tanto os
laços fraternos que nos unem quanto
o ideal espiritual a que aspiramos. As
duas palavras que compõem a expressão
sugerem um estado de tranquilidade
que se aplica ao mesmo tempo a todos os
planos do nosso ser – quais sejam, físico,
mental, emocional e espiritual. Quando
as pessoas estão realmente em paz nesses
quatro planos, elas são serenas e vivem
em perfeita harmonia consigo mesmas e
com aqueles que estão ao seu redor. E isto
naturalmente pressupõe um determinado
nível de autodomínio e evolução interior.
É rumo a esse estado de plena serenidade
que nós evoluímos de uma vida para
outra, pois ele constitui o summum
bonum ao qual aspiramos mais ou menos
conscientemente. Em outras palavras,
é o bem mais elevado que podemos
experimentar na Terra. Vejamos como ele
se expressa, ainda que temporariamente,
nos quatro planos.
(paz do corpo)
O plano físico, correspondente ao
corpo, é o primeiro que devemos aprender
a pacificar. Quando o corpo goza de boa
saúde, ele é uma fonte de bem-estar.
Por outro lado, quando está enfermo
ou ferido, é uma fonte de infelicidade e
sofrimento, sendo difícil ou até mesmo
impossível sermos verdadeiramente
serenos nessa condição. É por essa razão
que devemos fazer todo o nosso possível
para nos protegermos de doenças e
acidentes.
Mas quem dentre nós pode dizer que
tem um estilo de vida perfeitamente
saudável e que se comporta sabiamente?
Se quisermos ter a experiência da Paz
Profunda, a primeira coisa a ser feita
é respeitar o máximo possível as leis
que governam o nosso corpo físico. Ter
uma dieta alimentar o mais saudável e
balanceada possível, fazer exercício o
suficiente, dedicar um tempo regular ao
relaxamento, evitar substâncias nocivas
ao corpo etc., são todos elementos-chave
a esse respeito.
Naturalmente, qualquer pessoa pode
adoecer, a despeito do cuidado e da atenção
que possa dedicar à sua saúde. Na
verdade, todos envelhecemos e
consequentemente nos tornamos
mais sujeitos a diversas enfermidades.
A ciência médica, porém, tem feito

Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016 31


consideráveis avanços, e hoje em dia
há medicamentos disponíveis que
nos permitem não apenas tratar as
doenças mais comuns, mas também
minorar a dor. Não deveríamos, portanto,
abrir mão deles, ainda que cautelosa
e moderadamente, e sempre dando
predileção a alternativas mais naturais.
Paralelamente, devemos também fazer
uso de tratamentos e técnicas que,
na qualidade de rosacruzes, temos o
privilégio de conhecer – particularmente a
terapêutica dos sons vocálicos, a meditação
e a prece. Efetivamente, a experiência tem
mostrado que esses tratamentos e técnicas
são eficazes na manutenção da boa saúde
e na aceleração dos processos de cura.
32 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
O plano mental
(paz da mente)
Esta tange naturalmente a própria
natureza dos nossos pensamentos. Todos
sabemos que os pensamentos têm um
poder inerente e que condicionam
o nosso estado geral. Quando são
positivos, geram harmonia e bem-
estar em nosso interior. Quando
são negativos, incitam a discórdia
e uma infelicidade profunda.
Conscientes disso, precisamos
nos empenhar em manter uma
atitude mental o mais positiva
possível; com outras palavras,
precisamos evitar alimentar
pensamentos negativos sobre nós
mesmos, sobre os outros ou sobre
a vida em geral. E quando acontecer
de deixar mos tais pensamentos
aportarem, o que é algo perfeitamente
humano, devemos nos esforçar para
dar cabo deles e transmuta-los em
pensamentos positivos. Naturalmente,
essa transmutação nem sempre é fácil,
embora seja necessária, caso queiramos
de verdade ter a experiência da Paz
Profunda. Como você deve ter percebido,
isto corresponde à alquimia mental a que
os rosacruzes sempre fizeram referência.
Para sua consecução, não temos outra
opção senão traçar, a partir de nosso
ideal, a resolução de tornar mais positivo
cada aspecto do nosso jeito de pensar, ou
seja, nossa maneira de analisar as coisas,
de raciocinar, de pensar, de imaginar, de
deduzir, e assim por diante.
Estejamos ou não cientes disso, nossa
mente é em grande parte o reflexo daquilo
com o que a alimentamos diariamente.
Deve parecer óbvio que alguém que se
deleita assistindo a filmes violentos ou
vulgares, que acompanha programas
que evidenciam o lado menos nobre da
natureza humana, que lê livros ou revistas
que são mais voyeurísticos do que culturais
ou que frequenta espetáculos
onde a estupidez, a rudeza e o
cinismo são considerados como
humor etc., gera pensamentos
que vão infectá-lo profunda e
longamente. Em outras palavras,
tais pessoas estão empobrecendo
suas mentes e progressivamente
degradando a si próprias sem
sequer perceber. Na qualidade
de rosacruzes, estamos convictos disso,
e é por essa razão que, em conjunto com
nossas atividades místicas, trabalhamos
nutrindo nossa inteligência com ideias e
impressões úteis, construtivas e positivas.
Ao fazermos isso, estamos contribuindo
para a elevação de nossas mentes e
estabelecendo em nosso interior as bases emoções negativas que emergem de
para a paz interior que procuramos. nossa consciência ou que nela têm raízes.
Paralelamente, devemos preferir filmes,
programas, livros e espetáculos que
O plano emocional transmitam os sentimentos mais sadios.
(paz das emoções) Na verdade, o que são bons sentimentos
senão a combinação de pensamentos e
A paz emocional está obviamente emoções positivos?
ligada à paz da mente, pois os pensa­ Em que consistem esses sentimentos
mentos levam às emoções e as emoções positivos que devemos manter ou cultivar?
levam aos pensamentos. Se, por Naturalmente, são aqueles associados às
exemplo, pensarmos em acontecimentos virtudes que nos empenhamos para
felizes, simultaneamente teremos despertar, tais como a tolerância, a
sentimentos felizes. Pela mesma razão, se benevolência, a generosidade, a
experimentarmos emoções positivas, estas fraternidade, a compaixão, a indulgência
darão origem a pensamentos de mesma e, não esquecendo a mais nobre de
natureza. De acordo com esse princípio, todas, o amor. Por mais paradoxal
aquilo que dissemos anteriormente sobre que possa parecer, a paz emocional –
a necessidade de se manter uma atitude assim como a paz da mente – consiste,
mental o mais positiva possível também se pois, em travar guerra contra todos
aplica à nossa atitude emocional. Dito de aqueles sentimentos que sabemos
outra forma, devemos transmutar todas as serem negativos: intolerância, rancor,
ciúme, inveja e – claro – ódio. Dito isto,

Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016 33

 é preciso contudo empreender esta
guerra serenamente e sem o sentimento
de culpa, pois este não tem sentido.
Pior ainda, a culpa faz com que nos
tornemos inimigos de nós mesmos e que
acabemos profundamente infelizes. Na
verdade, para subjugar nossas próprias
imperfeições e ter a experiência da Paz
Profunda, precisamos começar amando
a nós mesmos exatamente do jeito que
somos. E é a partir desse amor por aquilo
que somos, com nossas qualidades e
imperfeições, nossas forças e fraquezas,
que precisamos extrair a energia para nos
aperfeiçoarmos e pacificar nossas mentes
e emoções.
O plano espiritual
(paz da alma)
As observações anteriores nos conduzem
agora à paz espiritual – a paz da alma.
Como você percebeu, ela transcende a paz
física, a paz da mente e a paz emocional.
De fato, ela diz respeito à nossa própria
alma, ou seja, à essência divina que nos
anima. Para sermos mais específicos, é o
34 Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016
estado de consciência que experimentamos
quando estamos em perfeita harmonia
com o Deus de nosso coração, como Ele
próprio se expressa em nós e fora de nós.
Todas as pessoas que vivenciam esse estado
estão necessariamente em paz consigo
mesmas, não importando quais possam
ser suas condições de vida ou o lugar em
que possam estar. Por razões que cada
um de nós compreenderá, a média das
pessoas não pode vivenciar esse estado
permanentemente. Porém, aqueles que
o vivenciaram, mesmo que somente
por um instante, dele conservam uma
eterna memória e podem, a partir dessa
memória, obter força interior para fazer
tudo aquilo que é necessário para vivenciá-
lo novamente e prolongá-lo o máximo
possível. Uma vez tendo-o experimentado,
ele se torna parte de suas consciências e
permanece para sempre como uma fonte
de inspiração e de serenidade.
O que precisamos fazer para cultivar
em nós a paz espiritual? Cuidar do corpo
físico não é o suficiente; tampouco manter
bons sentimentos. É preciso igualmente
alimentar nossa alma com aquilo de que
ela mais precisa, ou seja, espiritualidade.
Enquanto rosacruzes, temos o privilégio fraco ou mesmo doente, já não é mais
de estudar ensinamentos que fornecem um empecilho, um inconveniente ou uma
em parte esse alimento. Dizemos “em fonte de sofrimento. Os pensamentos
parte” porque esses ensinamentos, por que ingressam na mente são prazerosos,
mais inspiradores que possam ser, não são construtivos e inspiradores. As emoções
o bastante para o nosso desenvolvimento que sentimos são belas, nobres e benévolas.
interior. É preciso que adicionemos a eles Todo o ser é banhado num oceano de
o fruto de nossas meditações, de nossas tranquilidade e alegria interior. Pelas razões
preces e de nossas comunhões cósmicas. que vimos de explicar, esse estado só pode
Somente procedendo dessa forma, no ser temporário, ao menos até que se atinja o
máximo de nossas possibilidades, é estágio de Sabedoria Absoluta. Todavia, ele
que poderemos atender plenamente
as aspirações de nosso Eu Interior e
crescer em sabedoria. E esse trabalho
será ainda melhor se o empreendermos
com paciência, confiança e perseverança.
Isso é o que precisamos fazer para
espiritualizar o nosso ser e dar à nossa
alma a plenitude que ela busca e
sem a qual é impossível sermos
verdadeiramente felizes.
Em que consiste então a
Paz Profunda? De acordo com
o que dissemos até agora, ela
corresponde ao estado de
consciência de uma pessoa que
está em paz nos planos físico,
mental, emocional e espiritual.
É difícil descrever esse estado,
especialmente quando não se teve
o privilégio de experimentá-lo. Não
obstante, ele é parte integral do
divino Eu, de forma que podemos
sentir o que ele é mesmo que não o
tenhamos experimentado em sua
plenitude. O fato é que, quando
experimentamos a Paz Profunda,
mesmo que por poucos segundos,
sentimos que somos pura alma.
O corpo físico, ainda que velho,

Fórum Rosacruz – Vol. VIII – 02 – 2016 35

 é um bálsamo para o coração e para a alma
e nos permite vislumbrar o que a Paz pode
ser quando é Profunda, ou seja, quando é
perfeita e permanente.
Por que enviamos uns aos outros os
nossos melhores votos de Paz Profunda
quando nos encontramos ou trocamos
correspondências? Porque esse estado
de absoluta serenidade é aquele que
esperamos vivenciar em algum ponto de
nossa senda mística. E sabemos que todos os
membros de nossa Ordem que o alcançaram
definitivamente podem ser considerados
como verdadeiros Rosacruzes. Assim como
sua própria Paz Profunda, eles também
possuem o domínio que faz deles Iniciados
de alta classe e servidores da humanidade.
Nessa qualidade, eles são agentes da Divina
Sabedoria e do Amor Divino entre os
humanos. Em outras palavras, são agentes
da Divindade, com plena consciência e
perfeitamente despertos. Assim, o que
poderíamos desejar uns aos outros de
melhor enquanto rosacruzes? Que outra
saudação poderíamos transmitir àqueles
que ao nosso lado palmilham a Senda
Rosacruz? Sem dúvida, nenhum outro
senão essas maravilhosas palavras: Paz
Profunda!
ST

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Envie-as para forum@amorc.org.br

Caso tenha algum problema premente ou dúvidas mais urgentes

quanto aos ensinamentos rosacruzes, contate diretamente a
Divisão de Ensino e Instrução da GLP.

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