Volume VII – Nº 01 – 2015

Publicação Privativa aos Membros da AMORC

MYSTERIUM MAGNUM STUDIUM UNIVERSALI

IMAGEM DO LIVRO: SÍMBOLOS SECRETOS DOS ROSACRUZES
 Mensagem do Grande Mestre
Ano 3368

Prezados Fratres e Sorores

Saudações em todas as pontas do nosso Sagrado Triângulo!

Esta edição do Fórum está preenchida com questões relevantes sobre os nossos ensinamentos
que certamente serão esclarecedoras para todos os estudantes rosacruzes.

Como já informamos, o Fórum é composto por uma seleção de perguntas dos nossos
membros de Língua Portuguesa e outras extraídas de Fóruns de outras jurisdições ao redor
do mundo. O aspecto mais interessante é que questões sobre a história da Ordem e os nossos
ensinamentos de modo geral são comuns entre os membros e suas respostas findam clareando
as dúvidas de todos.

Gosto sempre de lembrar que a elaboração das respostas é realizada por uma equipe e
muitas vezes por Grandes Mestres e Imperatores como Dr. Lewis, Fr. Ralph e o nosso atual Fr.
Christian Bernard. Não obstante, devido a vastidão do misticismo e aos próprios conhecimentos
contidos em nossa Tradição as respostas não extinguem a possibilidade de outras abordagens
como se unívoca fosse a forma de ver a Unidade. Como estudantes de misticismo sabemos que
a Unidade se apresenta na diversidade apresentando a verdade sob várias formas.

Por estas razões, se o Frater ou a Soror se sentir inclinado(a) a sugerir, complementar,

enriquecer uma resposta estamos receptivos para avaliar as suas reflexões e eventualmente
reeditar a questão com a sua argumentação. Neste caso, o e-mail a ser utilizado é beatriz@
amorc.org.br a/c Soror Bia.

Desejo a todos uma boa leitura e despeço-me com os meus melhores votos de Paz Profunda!

Sincera e Fraternalmente
AMORC-GLP

Hélio de Moraes e Marques

GRANDE MESTRE

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 1

 omo a Ordem pode ter uma boa recepção nos meios acadêmicos? Este
é um ambiente que muitas vezes questiona as afirmações místico-
científicas dos rosacruzes, principalmente os dados históricos, as
relações com o Egito Antigo ou a prova de que personagens ilustres
eram de fato membros da Ordem. Como argumentar com tantos especialistas
para que nossa fraternidade não seja vista, no meio acadêmico, apenas como
mais uma seita supersticiosa?
Os ambientes acadêmicos V - A Visão Rosacruz do transdisciplinaridade –
centrados na ciência Conhecimento rumo à âmbito no qual as fronteiras
materialista (a maioria) Transdisciplinaridade» entre as diferentes esferas do
são pouco abertos também é bem aceito. conhecimento são rompidas
para as discussões do Temos feito um trabalho em favor do franco diálogo
universo místico. A particularmente importante, e da permuta entre saberes
URCI – Universidade pois os conhecimentos distintos. Portanto, essas
Rose-Croix Internacional rosacruzes só conseguem referências são importantes
tem feito um diálogo dialogar com os científicos para que o diálogo
procurando colocar os por meio dessa abordagem possa ocorrer. Nossos
conhecimentos rosacruzes – a transdisciplinar. É conhecimentos encontram
nessa interlocução e a preciso destacar que esse boa receptividade nas
receptividade tem sido diálogo não se opera áreas das Ciências da
muito boa. As pesquisas que necessariamente através Religião e da Psicologia
temos encaminhado, como do exclusivo recurso do Anomalística. Neste sentido,
por exemplo a que deu empirismo, que recebeu o 2º Congresso da URCI,
origem ao livro « Glossário ao longo dos séculos o realizado entre 4 e 6 de
de Termos e Conceitos aval e o privilégio da abril de 2014 em Curitiba,
da Tradição Rosacruz ciência cartesiana dita estabeleceu uma importante
da AMORC », têm sido “oficial” em seu processo interlocução com essas
muito bem aceitas no meio de afirmação, mas também ciências, mas também com
acadêmico, principalmente através do domínio da as Práticas Integrativas e
nas Ciências da Religião. metafísica e, num contexto Complementares em saúde.
O livro «O Homem: Alfa mais contemporâneo, Quanto aos dados histó­
e Ômega da Criação, Vol. através da já citada ricos, é preciso compreender

2 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015

que nossa tradição tem três
referenciais:  XVII com a publicação
Cronologicamente a
AMORC foi fundada em
1915 por Harvey Spencer
Lewis nos EUA. Todavia,
como se sabe, a fundação
se deu em função da
iniciação de Lewis numa
tradição rosacruz francesa.
O Rosacrucianismo tem sua
origem histórica no século
dos Manifestos. Os
conhecimentos esotéricos
veiculados pela Tradição
Rosacruz da AMORC se
remetem às Escolas de
Mistério do antigo Egito.
Assim, afirmamos que essa é
nossa origem tradicional. É
preciso lembrar que Spencer
Lewis foi um iluminado e
inovador do esoterismo.
Ele foi um dos precursores
do Ensino a Distância, hoje
tão bem conhecido entre
nós como EaD. A leitura do
livro «Rosa-Cruz: História
e Mistérios», de Christian
Rebisse, pode ajudar muito
na compreensão.
LEVB

ual é a finalidade da meditação?

Em primeiro lugar, é
importante compreender
que meditar não tem
nada a ver com sonhar.
Em outras palavras, em
sua aplicação mística a
meditação não corresponde
a um estado subjetivo
em que damos rédeas
soltas à nossa fantasia.
Neste sentido, o objetivo
não é de escaparmos do
mundo material ou de
fugirmos das contingências
terrenas, e sim de nos
elevarmos volitivamente
no mundo espiritual, para
termos acesso à sua luz.
A meditação constitui
então uma harmonização
cósmica com a finalidade
de obtermos resposta para nos tornarmos receptivos Considerando que a
uma dada questão ou a às inspirações que a meditação tem a finalidade
solução para um problema Consciência Cósmica queira de nos levar à harmonização
definido ou então para nos transmitir. com a Consciência

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 3

Cósmica, é perfeitamente
evidente que ela requer
que ultrapassemos o
nível objetivo em que
nos situamos no estado
de vigília. Ou seja, é
impossível meditarmos
se nossas faculdades
sensoriais estiverem em
plena atividade ou se nossa
mente estiver ocupada
em raciocinar sobre uma
porção de fatos. A primeira
coisa que temos a fazer para
levarmos a bom termo uma
meditação consiste então
em perdermos consciência
do nosso ambiente terrestre,
por um lado, e por outro
nos colocarmos num
estado subjetivo, tão calmo
ual o interesse, para um rosacruz, de se tornar martinista?
Para responder esta
pergunta é preciso primeiro
relembrar brevemente o
que é o Martinismo. Trata-
se ao mesmo tempo de um
sistema de pensamento
e de uma filosofia que se
inspiram nas obras de
Louis-Claude de Saint-
Martin (1743-1803),
conhecido também pelo
pseudônimo de “Filósofo
4 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015
quanto possível, justamente
no limiar do nosso
subconsciente. Essas são as
duas principais condições
para que possamos
estabelecer um diálogo
interior com a Consciência
Cósmica que impregna
tanto o universo quanto o
nosso ser.
Por conseguinte, a
meditação consiste numa
alteração da consciência.
Quando meditamos,
alteramos nosso estado
de receptividade e nos
sintonizamos com um
comprimento de onda
maior. A meditação
implica em harmonização.
A concentração é a
Desconhecido”. Este teve por
primeiro instrutor Martinès
de Pasqually (1717-1774),
que fundou a Ordem dos
Élus-Cohen, considerada na
época como o movimento
mais representativo do
Iluminismo. Ele também
é o autor de um livro
magistral e fundamental
para os martinistas atuais:
o “Tratado da Reintegração
focalização da consciência.
A contemplação é a
correlação do pensamento.
A concentração é a
focalização da mente em
algum preceito ou alguma
ideia. A meditação é a
operação passiva da mente.
Na meditação, empregamos
a concentração para nos
induzirmos a estar sensíveis
somente a impressões
diferentes das que são
próprias das faculdades
objetivas de percepção.
Suprimimos os sentidos
objetivos e nos compelimos
a um estado passivo.
Divisão de Ensino
e Instrução da Grande
Loja.
dos Seres”. Com a morte
de Pasqually, Saint-Martin
continuou a perpetuar o
conhecimento que havia
recebido para um número
limitado de adeptos
escolhidos com o maior
cuidado. Paralelamente,
escreveu diversas obras de
grande alcance místico:
“Dos Erros e da Verdade”,
“O Quadro Natural”,
“O Homem de Desejo”,
“Ecce Homo”, “O Novo
Homem”, “O Espírito das
Coisas”, “O Ministério
do Homem-Espírito” etc.
Quase um século após a
morte de Louis-Claude
de Saint-Martin, Gérard
Encausse, mais conhecido
pelo nome de Papus
(1865-1916), e Augustin
Chaboseau (1868-1946),
ambos detentores de uma
filiação que se reportava
ao Filósofo Desconhecido,
decidiram transmitir a
outros buscadores o seu
pensamento e criaram, com
essa finalidade, a Ordem
Martinista. Após haver
funcionado adequadamente
por alguns anos, a Primeira
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 5
Guerra Mundial provocou
seu adormecimento e
apenas em 1931 retomou
suas atividades sob o nome
de “Tradicional Ordem
Martinista”.
Enfraquecida pela
Segunda Guerra Mundial,
a Tradicional Ordem
Martinista praticamente
ficou vegetativa até que os
responsáveis pela AMORC
decidiram, em 1946,
sustentá-la, conscientes do
interesse que o Martinismo
apresentava aos rosacruzes.
Desde então essas duas
Ordens são irmãs e
funcionam por osmose, a
tal ponto que é o mesmo
Grande Mestre que assume a
responsabilidade por ambas
em cada Grande Loja. De
que trata esse ensinamento?
De maneira geral, ele se
dedica aos grandes assuntos
específicos à tradição
judaico-cristã, o que redunda
em dizer que um martinista
estuda profundamente as
doutrinas esotéricas do
Judaísmo e do Cristianismo.
Dentre estes assuntos,
citaríamos: o conceito de
Deus, as origens da Criação,
a Queda do Homem, a
Reintegração divina, o Cristo
cósmico, o mundo dos anjos,
a composição esotérica
do homem, a ciência dos
números, o simbolismo
universal etc. Você há de
convir certamente que
esses temas são muito
interessantes, sobretudo
quando se sente atraído
pela mensagem iniciática
transportada pelo Velho
e pelo Novo Testamento.
É preciso acrescentar
que o Martinismo, ao
qual se chama também
“via cardíaca”, confere
um lugar preponderante
à via crística, tal como
Louis-Claude de Saint-
Martin e seus instrutores a
sentiram, compreenderam e
transmitiram.
O ensinamento
martinista se escalona em
três graus. Atualmente, há
duas maneiras de estudá-
lo. A primeira consiste
em recebê-lo em casa,
na forma de manuscritos
semelhantes às monografias
que são recebidas no âmbito
da AMORC. O segundo
método que permite
estudar o Martinismo
é ao mesmo tempo o
mais tradicional e o mais
inspirador. Consiste em ir
a uma Heptada local. Lá, o
Mestre de cada uma das três
classes lê os manuscritos
aos membros reunidos no
Templo, os quais podem
fazer-lhe perguntas e tecer
comentários. Todavia, o
valor dessa forma de estudo,
que se divide em seis anos,
não reside unicamente no
seu aspecto oral e colegial.
Reside também no fato que
é aberto e encerrado por
um ritual particularmente
inspirador. Quando ele é
plenamente vivenciado
pelo martinista, age sobre
os vários planos de seu ser
e o torna mais receptivo ao
manuscrito estudado.
O interesse portanto
reside no fato de se vivenciar
o misticismo pela “via
cardíaca” e complementar
o seu conhecimento pela
riqueza dos ensinamentos
martinistas, que incluem o
puro Cristianismo, a cabala
hebraica, o hermetismo
do esoterismo ocidental
e a prática de rituais que
são ricos em significados
e que nos remetem a certa
atmosfera de magia ou
teurgia mística. Além disso,
tenha ele consciência disso
ou não, ele coloca sua
alma em ressonância com
a Egrégora martinista e
com a Força cósmica que
os martinistas reverenciam
desde sempre: “Ieschouah”,
o Cristo Cósmico. Nesse
sentido, toda Heptada é um
lugar que serve de ponto
focal às energias espirituais
veiculadas há séculos pelo
Martinismo. ST

té que grau de sacrifício uma pessoa deve chegar para servir os seus
semelhantes? Deveríamos sacrificar a própria vida se fosse preciso?
Uma amiga minha dedicou toda a sua vida a sustentar seu pai inválido
e uma irmã com deficiência mental, de forma que não pôde desfrutar
o mínimo de sua vida. Não seria isso uma forma de escravidão?

Em primeiro lugar, a questão falamos de atos chamados desejos, sempre há um que

de um serviço excepcional
e permanente em favor de
outros deve ser considerada
a partir do ponto de vista
psicológico. Mesmo quando
“altruístas”, o certo é que
nem sempre se faz algo
por um motivo totalmente
desinteressado. Mesmo
quando temos diversos
em dado momento prevalece
sobre os demais: é o desejo
de satisfazer o nosso ser.
A pessoa que atua da
maneira que denominamos

6 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015

“desinteressada” o faz porque
pensa que é correto fazer isso
e porque lhe dá satisfação.
O filantropo genuíno,
aquele que generosamente
faz a caridade sacrificando
algumas vezes algo que
lhe é necessário, encontra
prazer ao satisfazer esse
impulso – esse desejo. Nisto
se encontra uma ampla
gama de emoções. Agir
de uma forma que está de
acordo com nosso sentido de
retidão também acaba sendo
gratificante para nós. A uma
pessoa que desconhece essa
emoção com essa intensidade
pode lhe parecer que a outra
está fazendo um tremendo
sacrifício. Isto significa que
ela prefere satisfazer um
desejo diferente.
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 7
Recordemos que, na
Idade Média, muitas
pessoas renunciaram aos
prazeres mundanos, que
são tão imprescindíveis
para outras pessoas, para
viverem reclusas em austeros
monastérios. Contudo,
isto não lhes exigia na
realidade um enorme
sacrifício pessoal, pois ao
fazê-lo satisfaziam seu ser,
gratificando um desejo
emocional muito intenso.
Na Índia há muitíssimos
ascetas: já os vimos
praticando toda forma
possível de automortificação
e de renúncia. Em seu frenesi
e em sua obsessão religiosa,
privam o corpo do mais
indispensável, quase a ponto
de encontrarem a morte.
Porém, isto lhes proporciona
prazer mental e emocional;
o próprio fato de saber que
renunciaram às coisas que
outros homens têm como
sendo de grande valia satisfaz
seu ego.
Devemos admitir que
existem muitas exceções para
o exemplo anterior. Algumas
vezes, pais extremamente
egoístas se aproveitam dos
sentimentos de algum filho
exigindo-lhe de modo
tirânico que cuide deles,
impedindo-lhe assim de
viver uma vida normal. Se
o filho ou filha não lhes
dedicar todos os momentos
da vida, inculcam-lhe um
sentimento de culpa fazendo-
lhe sentir negligente. Os pais
inválidos que exigem uma
constante atenção por toda
a vida deveriam considerar
também o bem-estar e a vida
de seus filhos, encontrando
meios que lhes permitam
não ser uma excessiva carga
financeira, física e emocional.
Conhecemos casos de
mães sumamente egoístas
que, quando a filha lhes
anuncia que pretende se
casar, caem num estado de
aparente histeria e fingem
estar gravemente doentes.
A mãe acusa cruelmente a
garota de não sentir nenhum
amor por ela e de estar
tentando abandoná-la. Essas
atitudes teatrais perturbam
tanto a sensibilidade da
filha que acaba por cancelar
os planos matrimoniais. A
mãe poderia viver sozinha,
mas quer que a filha seja
sua constante companheira
– e serva. Como resultado,
quando a mãe passa pela
transição numa idade
avançada, a filha já perdeu
muitas e boas oportunidades
de se casar. A flor da
juventude murchou e a
menina fica amargurada e tão
condicionada ao fracasso por
não ter-se casado que chega
até a evitar a companhia do
sexo oposto. Simplesmente,
sua personalidade sofreu um
8 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015
trauma psíquico.
Em muitos dos casos
em que se requer fazer
um sacrifício pessoal, é
necessário estudar primeiro
se as circunstâncias
merecem. É preciso
determinar se a pessoa
necessita a ajuda de verdade,
pois alguns indivíduos
na verdade tratam de se
aproveitar daqueles que têm
um caráter generoso. Parece-
lhes mais fácil que outros
os ajudem do que fazer um
esforço para se ajudarem a si
mesmos.
Em alguns casos, esses
indivíduos são membros
de nossa própria família.
Um marido pode se fingir
de doente para obrigar sua
esposa a trabalhar mais,
com o único propósito
de permitir a si mesmo o
prazer de permanecer no
ócio. O mesmo pode ser
dito de alguns filhos que são
demasiado indolentes para
ajudar nas tarefas domésticas
e impõem sacrifícios a um ou
outro dos pais.
Alguns sacrifícios
satisfazem o nobre
sentimento da compaixão e
gratificam o desejo de ajudar
aqueles que necessitam. Esse
tipo de sacrifício é muito
louvável, pois representa um
tributo ao gênero humano.
Entretanto, muita gente
abusa desse sentimento a
ponto de não apreciar o
esforço que outra pessoa
faz em seu favor. A ajuda
se torna tão habitual que
essas pessoas supõem ter
todo o direito de recebê-la.
Conhecemos indivíduos que
recebem ajuda à custa do
sacrifício financeiro de outros
e, quando já não podem
continuar desfrutando disso,
os repreendem asperamente
sem apreciar o que fizeram
anteriormente.
Ademais, quando a vida
não corre um perigo direto,
algumas vezes é melhor
permitir que a pessoa
experimente – por pelo
menos um curto período
– um sofrimento leve, ao
invés de nos apressarmos
em prestar-lhe ajuda. Uma
vez que ela mesma superar
o problema, ficará com um
sentimento de gratidão
pela fortaleza que obteve
ao ter saído airosamente
da provação. Se a ajuda for
prestada mui facilmente,
seu verdadeiro mérito não
será compreendido e nem
apreciado.
X.
 stou consciente de ter cometido erros muito graves no passado e de
que magoei pessoas inocentes. Agora me pergunto: ‘Qual será o meio
mais adequado para expiar as minhas más ações?’. Além disso, será
que é possível avançar na senda mística apesar de não haver expiado
minhas culpas por completo?

Em maior ou menor grau, com o desenvolvimento e à conduta a que chamamos

todos compartilhamos desse
sentimento do nosso frater.
Nem o pensamento e nem
a conduta de ninguém são
perfeitos. Os sentimentos de
culpa pelos erros cometidos
se convertem muitas vezes
num sofrimento terrível.
Não obstante, esses mesmos
sentimentos dão indício de
que começamos a conquistar
certo desenvolvimento.
A lei do carma ou
compensação funciona
em todos os momentos.
Nascemos com dívidas
e créditos cármicos, e à
medida que avançamos
pela vida essa “carga” vai
se tornando mais leve ou
mais pesada, de acordo
que vai sendo efetuado em
nossos pensamentos e em
nosso comportamento.
Uma vez que progredimos a
ponto de saber reconhecer
nossos erros, devemos
assumir ao mesmo tempo
a responsabilidade de
corrigi-los. Se tratamos de
justificá-los culpando outras
pessoas ou as circunstâncias,
a única coisa que fazemos é
enganarmos a nós mesmos.
Cabe mencionar aqui que
também nos é necessário
reconhecer as contribuições
positivas e as influências
edificantes que fizemos no
passado, pois o carma é uma
lei neutra que se aplica por
igual tanto aos pensamentos
positivos quanto aos
negativos.
No preciso instante em
que reconhecemos nossos
erros e decidimos corrigir
nossos pensamentos e o
nosso comportamento,
acontece algo maravilhoso.
Automaticamente
conquistamos certo grau
de equilíbrio na balança
cósmica: nos sentimos
envoltos numa maravilhosa
sensação de paz e resolução;
nesse momento pedimos
ao Cósmico que nos guie
fazendo-nos ver a forma
como podemos “emendar”
os erros. E ele nos inspirará
com toda a segurança.
A expiação ou a
compensação pode ou não
ser dirigida diretamente
para quem cremos ter
magoado. De fato, a palavra
expiação se refere em geral
a uma reconciliação com
Deus ou com o Cósmico.
Naturalmente, se nos é
possível reparar o dano que
causamos, temos que nos

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 9

esforçar de imediato para
fazê-lo. No entanto, como
isso nem sempre é possível,
é necessário que procuremos
fazer uma compensação
mais geral e às vezes até
mesmo mais efetiva.
Quando deixamos de
lado nossos propósitos
egoístas, de imediato
nos damos conta de
que sentimos absoluta
necessidade de servir os
outros e de prestar ajuda
pelo simples amor pelo
serviço, sem pensar que
temos que receber em troca
agrados, agradecimento ou
recompensas. Para poder
receber temos que aprender
a dar. Nossa natureza
superior sempre busca
a forma de dar; é nossa
natureza inferior que tende a
querer receber. Quando nos
harmonizamos com nosso
10 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015
ser superior, nosso coração
se abre para deixar entrar
as necessidades e os desejos
alheios.
O verdadeiro segredo
da expiação reside em
trazer ajuda, felicidade
e amor a quem precisa
deles, esquecendo-nos por
um momento de nossos
próprios problemas.
Não deve ser um ato
egoísta e limitado, como
acontece quando tratamos
de emendar o mal que
causamos a alguém pela
satisfação que a emenda
nos proporciona. Nossa
vida obtém com isso um
novo equilíbrio e uma nova
harmonia, os quais refletem
a essência interna e divina
que nos motiva. Então, tal
expiação nos conduz, num
sentido geral, a compensar
tudo.
Ainda que tal expiação
não elimine todas as
dívidas cármicas, ajuda
muito a viver sem um
sentimento de culpa e
impede que nos portemos
de forma autodestrutiva
ou suicida. Nossa
atitude e nossa resolução
mudam nossa vida. Nos
sentimos mais dignos e
com isso fortalecemos
consideravelmente o canal
que conecta nosso ser
objetivo com o Mestre
Interior.
“De fato, a palavra
expiação se refere
em geral a uma
reconciliação com
Deus ou com o
”
Cósmico.
 Tudo isso produz como
efeito o fato de recebermos
inspirações que nos guiam
na direção correta. Daí em
diante, nossos atos tendem
a ser mais altruístas, o
que nos permite prestar
serviços ainda maiores.
À medida que vamos nos
desenvolvendo, a espiral
do serviço continua
ascendendo e então o
serviço se converte para nós
numa necessidade.
F.

realmente necessário memorizar cada lei, princípio, lição e

experimento proposto nas monografias?

Não. O sistema rosacruz de experimentos eventualmente rosacruz é essencialmente

ensino é estruturado de tal
maneira que, observando-
se a metodologia proposta,
o estudante rosacruz passa
a assimilar naturalmente
os princípios que lhe
são apresentados nas
monografias. A prática
conscienciosa e regular da
aplicação semanal sugerida
em cada monografia e os
propostos com relação a
um dado tema contribuem
para a fixação dos elementos
fundamentais do estudo.
Com essa regularidade,
eles passam a fazer parte
do estudante, que desse
modo pode facilmente
lançar mão deles quando for
necessário, pois é preciso
recordar que o misticismo
prático. Nesse particular,
convém enfatizar que apenas
a assimilação teórica do
conteúdo das monografias
não é o objetivo da didática
da AMORC, pois se assim
fosse ela não seria mais do
que uma veiculadora de
conhecimentos inócuos
e sem real interesse para
a evolução espiritual –

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 11

objetivo a que de fato se
propõe.
A Ordem Rosacruz
propõe a seus estudantes
que releiam periódica
e frequentemente as
monografias que já
estudaram no intuito de
fixarem os elementos que
estudaram e também de
eventualmente colher
outras nuances que por
ventura possam ter passado
despercebidas por ocasião
da primeira leitura. Com
relação a isso, relembramos
a importância da utilização
de um caderno de estudos,
que permite ao estudante
anotar e organizar da forma
que lhe for mais conveniente
tudo aquilo que considerar
fundamental para o seu
estudo e aplicação. Além
disso, dada a complexidade
de determinadas
monografias nos diversos
graus da Ordem (muitas das
quais incluem esquemas,
representações gráficas
etc.), é mais do que normal
o estudante se reportar
diversas vezes a elas no
decorrer de sua vida sempre
que necessário for.
Resumidamente, as
monografias são redigidas
de forma tão atraente e
interessante (contendo
argumentos, demonstrações,
ilustrações, analogias e
comparações) que o interesse
do estudante é mantido
sem esforço consciente de
sua parte. Na realidade, a
assimilação do conteúdo se
faz gradativamente como
se o estudante rosacruz
fosse colocando “peça
por peça” num grande
mosaico. Com o passar dos
anos (e dos graus!), aquele
conhecimento multifacetado
se transforma num grande
“quadro” do Homem, da
Natureza e de Deus em
perfeita unidade. RP.

Ordem Rosacruz ainda ensina nos dias de hoje, em algum de seus

graus, a arte da alquimia física, ou seja, a transmutação de metais
inferiores em ouro?

Na França, num passado a ponto de suplantar

não muito distante, um suas obrigações
dos grandes laboratórios financeiras por
da Ordem foi muito bem meio de práticas
sucedido ao demonstrar, que na verdade
para o mundo científico, a proporcionam uma
praticabilidade dos princípios vida melhor e mais
rosacruzes da alquimia. completa no sentido
Ainda hoje também, global – práticas
como ao longo de toda a estas que, enfatize-se,
história da organização, os nada têm a ver com a
rosacruzes costumam por produção de riqueza
vezes ser acusados de serem material por quaisquer
“fabricantes de ouro”, e isso meios que seja.
porque seus devotados O progresso e o
membros têm sido exitosos adiantamento que

12 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015

os membros alcançam à
medida que passam pelos
ensinamentos superiores
da Ordem impressiona as
pessoas externas a ela, e estas
supõem que haja algum meio
para a aquisição de fortuna
material proporcionado aos
estudantes da organização. A
verdadeira arte da alquimia
praticada por todo membro
da Ordem consiste na
transmutação dos metais
inferiores de natureza
material, mental e espiritual
no ouro puro da eficiência
na ação, da prosperidade no
resultado e da felicidade na
consecução. Este é o maior
de todos os processos de
transmutação, capacitando
cada membro a resolver seus
problemas com sucesso e
promover a concretização
de seus sonhos num modo
que pode parecer miraculoso
ou misterioso para o não-
iniciado. Esta é a verdadeira
Alquimia Espiritual.
(adaptado do livro
“Perguntas e Respostas
Rosacruzes”)

enho escutado muito se falar em Alma Universal, ao mesmo tempo

em que os ensinamentos das monografias enfatizam o conceito
de ‘personalidade-alma’. Acho isso confuso. Há bilhões de almas
individuais no universo ou apenas uma alma?

Os rosacruzes sempre por isto, nos proporcionar

afirmaram que há somente
uma alma no universo,
que é a Alma Universal
ou Consciência Universal
de Deus. Além disso,
os rosacruzes sempre
ensinaram que a essência
dessa Alma Universal habita
em todo ser que possui alma
e que essa essência nunca
está separada da Alma
Universal e nem jamais
constitui uma entidade de
per si, num sentido que
a torne independente e
individual. A expressão
anímica de cada pessoa,
ou, em outras palavras,
a expressão da alma em
cada um de nós, por meio
do corpo físico e pelo
canal da nossa educação
e compreensão das coisas,
pode ser bem diferente e,
as caracte­rísticas ou os
traços de personalidade que
inter­pretamos como indivi­
dualidade. Esses traços
distintivos não são da alma,
e sim das características ou
traços de personalidade que
se manifestam através do
corpo físico. Interpretamos
esses traços como sendo
a individualidade. Neste
sentido, a humanidade é
uma fraternidade universal
em que todos são filhos e
filhas de Deus pela Divina
Paternidade ou Divina
Maternidade. Este é o
princípio fundamental no
qual repousa a compreensão
dos rosacruzes quanto à
fraternidade universal.
(adaptado do livro
“Perguntas e Respostas
Rosacruzes”)

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 13

 endo a transição inevitável, a doença é um fato inelutável?

Não. Embora seja verdadeira

a inevitabilidade da
transição, por outro
lado a doença, a dor e
o sofrimento do corpo
físico não são inevitáveis.
É possível e ideal que o
homem viva até uma idade
tão avançada, sem doença
ou dor, que, por fim, o corpo
enfraqueça gradativamente
e, em algum momento
propício do esquema das
coisas, adormeça para não
mais acordar em consciência
terrena. É a maneira como
têm ocorrido as transições
de muitos adiantados
Mestres e aquela que os
rosacruzes gostariam que às ações dessa interação e diminuição gradual da
ocorresse em suas vidas. acabamos, vez por outra, vitalidade que anima nosso
Nessa mesma ordem transgredindo alguma corpo físico.
de ideias, a Ordem lei natural e com isso Nossos ensinamentos
sempre afirmou não sofrendo as consequências propõem orientações
existir nenhuma espécie que lhe são relativas, práticas para uma saúde
de elixir ou composto o que invariavelmente física, emocional e espiritual
que possibilitasse o representa algum tipo que, se forem observadas,
prolongamento indefinido de dor ou sofrimento. proporcionam uma
da vida terrena, pois isto Quando essa violação se qualidade de vida global
seria contrário às leis traduz num estilo de vida
naturais às quais estamos superior. Um dos graus de
inadequado, ditado por
sujeitos na condição de seres nossa Ordem é ademais
excessos, as consequências
encarnados. dedicado à terapêutica e às
se produzem na forma de
Entretanto, estando técnicas e métodos para a
uma degeneração da saúde,
inseridos na materialidade manutenção do bem-estar
a qual pode ser momentânea
e evoluindo ao lado de ou, se essa transgressão e para o tratamento de
outros seres igualmente for contínua e prolongada, enfermidades.
imperfeitos, estamos sujeitos desencadear uma RP.

14 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015

 ual a visão rosacruz sobre os pensamentos? Onde eles se originam? Eles
dependem totalmente do corpo físico e do cérebro ou não?

Nem o mais adiantado segundo o qual além de Embora a Mente seja a

cientista conseguiu definir
plenamente e com precisão
o que é o pensamento. Sem
o cérebro humano, temos
de concordar que não
pode haver pensamento
– não ao menos na forma
todo pensamento existe força volitiva que de fato
algo mais – algo a quem faz as coisas acontecerem
nos referimos como no universo, para os seres
Mente – em que “Mente” humanos a Mente se
não é considerada como manifesta como pensamentos,
sendo a mesma coisa que os quais então parecem ser
“pensamento”, embora aquela força ativa e volitiva.

que reconhecemos como este seja considerado uma Consideramos portanto os

cognição voluntária e
objetiva. O ponto em
que a Ordem diverge da
corrente científica contudo
é no que tange ao conceito
transmitido por séculos de
experimentação mística
consequência da Mente. nossos pensamentos como
Em outras palavras, é dito sendo os ingredientes ativos
que a Mente é uma força de nossas vidas, quando na
transportadora ativa, ao verdade é a Mente que dirige
passo que o pensamento toda a peça e cada membro
é aquilo que é veiculado do elenco. (Fórum Rosacruz
naquela força. de língua inglesa)

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 15

 ual a relação do pensamento com a aura? É dito que o pensamento
influencia as palavras e as ações, mas o pensamento negativo ou positivo
de uma pessoa pode, por si só, afetar a outra?
Os pensamentos são
a força fundamental
que molda a direção de
nossas vidas e determina
nosso destino final. Pela
experiência sabemos que
os pensamentos ocupam
uma posição definida
com relação aos nossos
conceitos de vida, saúde
e felicidade, baseados em
nosso entendimento das leis
da natureza. Pensamentos
de amor, felicidade, paz,
progresso e bondade são
positivos e dinâmicos.
Através do complexo
circuito neurológico
de nosso cérebro, tais
pensamentos trazem à
cena manifestações físicas
de amor, felicidade, paz,
progresso e bondade.
Os pensamentos
carregam poder consigo.
Assim, podem mover
as coisas, e não apenas
ordenando que nossas
mãos e braços se movam,
mas também no sentido
metafísico, aplicando força à
matéria sem o uso do corpo
humano. Eles podem fazer
com que as palavras sejam
verbalizadas, mas também
podem fazer com que elas
16 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015
sejam metafisicamente
ouvidas por meios
aparentemente extrafísicos,
embora mecanismos físicos
desconhecidos sejam
naturalmente utilizados,
ainda que não sejam
compreendidos por nós.
Temos a liberdade de
usar nossos pensamentos de
maneira positiva e elevada
ou então de modo
negativo e degradante.
Pensamentos positivos
nos dão o incentivo
para buscar e atrair
para nós mesmos tudo
aquilo que podemos
usar para levar adiante
nossos propósitos
construtivos. Os
pensamentos positivos
nos conduzem para uma
comunhão mais íntima com
o Cósmico, com a Mente
Universal, com o Deus de
nosso coração; e estimulam
uma atitude que nos ajuda a
continuar o nosso trabalho
mais essencial na vida.
Inversamente, pensamentos
negativos – como inveja,
intolerância, cobiça,
irritação, ódio e rancor –
manifestam todos os tipos
de efeitos físicos e mentais,
os quais frequentemente
resultam num colapso de
nossa saúde, até mesmo
a ponto de afetar nossa
habilidade de executar
nossas tarefas cotidianas.
Uma vez tendo
entendido o papel que os
pensamentos desempenham
em nossas vidas e o fato
que eles sempre trazem
“Pensamentos de amor,
felicidade, paz,
progresso e bondade
são positivos
e dinâmicos. ”
consequências, começamos
a perceber a importância
de governá-los. Tornamo-
nos conscientes do fato que
“somos o que pensamos”.
Aprendemos que não é
simplesmente aquilo que
desejamos e queremos
intelectualmente que é
atraído para nós, mas
aquilo que sentimos
emocionalmente em nossos
corações e mentes que
no fim das contas vem
para nossas vidas. Por
exemplo, não podemos
ser felizes e saudáveis
se demonstramos uma
disposição má ou ríspida.
Uma disposição negativa
envolve o posicionamento
das emoções muito mais
que os pensamentos, num
modo de ação interno e
particular que é nocivo.
Contudo, se cultivarmos
os poderes construtivos da
mente permanecendo felizes
e animados e emanando
pensamentos de paz e
harmonia, permitiremos que
as emoções assumam uma
atitude que nos levará a uma
comunhão mais íntima com
o Cósmico e com o nosso
meio.
Foi observado que
pensamentos podem ser
comunicados através do
espaço sem nenhum meio
de transmissão aparente,
como a luz atravessando o
espaço vazio. Precisamos
portanto estar alerta
para o fato que nossos
pensamentos, como energia
transmitida, afetam não
apenas a nós mesmos como
também a todos aqueles
com quem estamos em
contato. Por exemplo, se
somos alegres e otimistas,
as pessoas de nosso meio
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 17
tenderão a ser igualmente
alegres e otimistas, pois é
natural que uma pessoa
reaja construtivamente
ao estado de espírito
de outra. Porém, se
estivermos de mau
humor, isso ficará
indicado em cada
traço de nosso rosto
e em cada ação que
fizermos. Além disso,
nossos pensamentos
negativos serão captados
pelos outros, ainda que
não nos vejam e não
nos ouçam. As pessoas,
e na verdade muitos
animais também, podem
perceber nosso estado de
ânimo e suas reações serão
indicativas do seu desejo de
evitar contato conosco. tornando-a mais forte ou
Nossas monografias mais fraca, impulsionando
ensinam que o corpo físico ou retardando sua energia
é circundado por um etc. Além disso, nossa
forte campo magnético aura indica nosso estado
ao qual chamamos “aura”. de espírito, nossa saúde e
Até mesmo poderosos nossa atitude para com a
eletromagnetos são usados vida em geral. Embora ela
hoje em dia em hospitais só seja visível para aqueles
especializados para testar que desenvolveram essa
e afetar essa aura, e assim capacidade, é possível sentir
afetar as partes do corpo a aura de outros na forma
que a originam. Proezas de como afetam as emoções
cura quase milagrosas foram de maneiras bem gerais. A
relatadas nesses mesmos percepção não é tão exata e
testes. Nossos pensamentos precisa como seria para uma
produzem efeitos definidos pessoa com a capacidade
na aura: alterando sua cor, de ver determinadas áreas
da aura, por exemplo, mas
capta-se sentimentos gerais
relativos àquilo por que a
pessoa está passando, qual
seu estado de espírito e,
naturalmente, reagimos
subconscientemente a isso.
Para que sejamos
receptivos aos pensamentos
de outrem é preciso porém
que estejamos num estado
de espírito receptivo.
Isso pode ser facilmente
entendido por aqueles que
se retiram regularmente em
seu Sanctum do lar para
desfrutar da harmonização
cósmica. Sabemos que,
se não nos prepararmos
apropriadamente e se não
estivermos num estado
mental receptivo, não
alcançaremos o nível no
qual podemos nos beneficiar
de um contato cósmico
inspirador. Pensamentos
negativos e nocivos também
podem naturalmente afetar
outras pessoas que estiverem
harmonizadas com a nossa
aura. Porém sabemos
subconscientemente o
dano que tais pensamentos
negativos podem infligir
em tais pessoas, de modo
que a tendência natural e
subconsciente é que eles se
manifestem em nossa aura
o menos possível. Nossa
natureza mais profunda sabe
bem o dano que podemos
18 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015
causar a nós mesmos e aos
outros se nutrirmos tais
pensamentos negativos, de
forma que há uma vigilância
intrínseca, embora haja
vezes em que perdemos o
controle e temporariamente
permitimos que esses
pensamentos escapem
e afetem outras
pessoas inocentemente
harmonizadas conosco.
Mais uma razão para sempre
permanecermos no controle
daquilo que pensamos.
Em termos amplos,
entretanto, se percebermos
os pensamentos negativos
de outra pessoa, na vasta
maioria dos casos não
seremos absolutamente
afetados por eles. Somos
livres para escolher se
permitiremos que as
atitudes negativas do outro
nos afetem ou não. É simples
assim... nós escolhemos!
Uma crença segundo
a qual os pensamentos
negativos teriam um poder
malévolo sobre nós – do
qual não poderíamos
escapar – é um resquício de
tempos medievais, quando
feitiçarias e espíritos maus
habitavam as mentes de uma
população supersticiosa
e ignorante. Magia negra,
bruxaria, maldições etc.,
não funcionam a menos
que a mente da vítima
visada acredite nelas. E esse
é naturalmente o terrível
problema em muitas
partes do mundo onde
pessoas são condicionadas
desde o nascimento para
acreditarem nessas coisas. É
preciso pensamento lógico
e racional e um esforço
deliberado para se refletir
cautelosamente sobre esses
assuntos para que essas
pessoas sejam libertadas
do jugo da influência de
pensamentos e intenções de
pessoas malignas.
Naturalmente, aqueles
que emitem pensamentos
dessa natureza não podem
escapar dos efeitos do veneno
mental que criaram. Cedo
ou tarde, serão sucumbidos
por esse veneno, ao invés de
vê-lo afetar a outra pessoa. Se
você permanecer numa sala
preenchida com vibrações
oriundas de pensamentos
negativos, eles começarão
a desarmonizar sua aura
e sua vitalidade. Mesmo
que você seja racional e
sensível a esse respeito e
entenda plenamente as
questões envolvidas, estará
consumindo sua própria
e preciosa força vital num
esforço para se proteger
das intenções malignas de
outros.
 Lembre que o Cósmico
é a relação todo-abrangente
de todas as leis naturais e
espirituais – a mais alta força
criativa de Deus. É uma
fonte de energia intangível
e ilimitada que permeia
todo o universo. Não é um
lugar, mas uma condição de
ordem e leis. Assim sendo,
deveríamos nos empenhar
em manter apenas
aqueles pensamentos que
mantiverem uma relação
harmoniosa com o Cósmico,
se quisermos evitar sérias
repercussões cármicas.
Isso ajuda a ajustar o nosso
pensamento e amplia nossa
atitude como um todo
para com o nosso eu, no
âmbito de nossa relação
com os outros e com o
universo em geral. Quando
nossos pensamentos
estão restringidos apenas
a assuntos de natureza
material e terrena, não
podemos desfrutar da
liberdade mental da
harmonização cósmica, sem
a qual permaneceremos
desconectados da fonte
de boa saúde, inspiração,
orientação divina e
libertação das preocupações.
Quando a mente está
livre de picuinhas e
de pensamentos de
autopiedade, há espaço para
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 19
pensamentos
construtivos
e benéficos
de amor,
“ O poder do pensamento pode
harmonia, construir e criar uma vida feliz
bondade e e saudável, assim como pode
paz. É preciso
nos criar uma vida infeliz e
.”
portanto deixar
algum espaço mórbida
para que a Luz
Em todo o universo,
possa entrar.
uma grande energia mental
Daí advém a importância
é dirigida por uma Mente
de se livrar de pensamentos
Cósmica que em parte
indesejáveis e de hábitos e
desejos que estão em conflito reside em cada ser humano.
com os novos que se deseja Contudo, antes que nos seja
cultivar. É preciso limpar concedido o privilégio de
a mente de pensamentos usar essa energia, devemos
desconexos de pouca ou estar em harmonia com o
nenhuma importância e se plano divino, isto é, o estado
concentrar naqueles que de harmonia e serenidade de
mais têm a ver com os nossos nossa própria alma. Nossa
ideais. Tudo existe na mente Ordem tem por objetivo
e na consciência antes de se ensinar a pensar construtiva
manifestar no mundo físico. e inofensivamente, de modo
O poder do pensamento a se chegar cada vez mais
pode construir e criar uma perto de uma relação mais
vida feliz e saudável, assim construtiva e duradoura
como pode nos criar uma com o Deus do coração de
vida infeliz e mórbida. cada um.
Escolhemos a que queremos Através dos pensamentos,
através dos pensamentos é preciso atrair para a vida
que nutrimos. Quanto aquela inspiração cósmica e
mais optarmos por pensar poder que tornarão possível
positiva e construtivamente o estabelecimento de mais
e nos harmonizarmos com compreensão, tolerância
o Cósmico, mais poderosos e harmonia em todo o
e sutis nossos pensamentos universo e no interior de
serão em seu poder de cada um. (Fórum Rosacruz
atração. de língua inglesa)
 eria possível detalhar de modo mais claro os diferentes aspectos do
subconsciente? Por exemplo: 1º nível, emoções; 2º nível, instintos; 3º nível,
faculdades psíquicas etc. Em quantos planos de consciência se divide a
mente subconsciente? Existem também divisões na Consciência Cósmica?

Os termos “planos” ou
“níveis”, os quais usamos
livremente para expressar
certas ideias sobre
fenômenos psíquicos ou
mentais, sugerem que a
consciência tenha divisões
específicas. A ideia emerge
de nossa dificuldade de
conceber a consciência
como um fluxo contínuo
ao invés de um sistema
consistindo de distintas fases
ou áreas de existência sem
nada a lhes separar. Uma
analogia para isso seriam as
órbitas de elétrons ao redor
de um núcleo atômico: os
elétrons só podem estar
em determinadas “órbitas”
distintas, mas nunca nas
regiões entre elas.
Mas assim como
acontece com os elétrons,
muitas pessoas concebem
a mente como se ela
tivesse determinados
planos diferentes sem da consciência de uma Na superfície, podemos
interação entre si. Por fase para outra. Porém, considerar o estado de
estranho que pareça, isso quando uma mudança consciência associado
de fato pode parecer o realmente expressiva de à visão como um tipo
caso: frequentemente, consciência ocorre, isto completamente distinto
se não sempre, estamos se opera repentinamente daquele associado à audição.
conscientes da fusão e sem nenhum passo Pode parecer… mas será
ou transição gradual intermediário identificável. que na realidade é assim?

20 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015

As vibrações de luz que
produzem as sensações
visuais na consciência são de
uma frequência muito mais
alta do que aquelas do som,
mas vibrações de ambas as
fontes são continuamente
percebidas como um único
fluxo de consciência, ainda
que haja indubitavelmente
ao menos duas divisões
nessa consciência. As notas
no teclado de um piano
diferem entre si em termos
de frequência, mas todas
são do mesmo teclado
e pertencem portanto
ao mesmo “plano” de
consciência.
A combinação dos
níveis de consciência que
possuímos conduz àquilo
a que chamamos de “fluxo
de consciência” – algo que
é constituído de muitos
centros psíquicos – e é
a isso que nos referimos
quando falamos de nossas
“faculdades psíquicas”.
Então, embora
tenhamos muitas fontes
distintas de consciência
(e as focamos de modo
muito breve, alternado,
rápido e inteiramente
automático…), aquilo
que interpretamos como
consciência é no entanto
uma fusão desses diversos
níveis de consciência
num único “sentimento”
de identidade. O nível ou
plano dominante mais
comum é, naturalmente, a
nossa consciência objetiva,
que é onde nosso foco é
muito mais dominante. É
nesse plano que atribuímos
significado às vibrações que
chegam das nossas diversas
fontes. O significado
atribuído, entretanto, é uma
avaliação subjetiva e nem
sempre reflete a realidade.
Nosso foco está onde
escolhemos colocá-lo.
O próximo nível é o
subjetivo. Ele não é dividido
ou separado do objetivo:
sua relação é muito sutil,
embora os fenômenos
pareçam bem distintos
para nós. A consciência
subjetiva é caracterizada
por funções mentais como
razão, vontade, imaginação
e memória. Embora
raciocinar possa parecer um
fenômeno bastante diferente
do que ver, por exemplo,
as ideias que despertam
daquilo que observamos
objetivamente constituem

“Embora raciocinar possa parecer um

“níveis” de consciência
mas que se manifesta
para nós como um único
fenômeno bastante diferente do que ver,
“sentimento” de identidade
pessoal. Os impulsos que por exemplo, as ideias que despertam
fazem com que os níveis daquilo que observamos objetivamente
de consciência em nós
sejam percebidos (mesmo constituem alguns dos elementos ou
subconscientemente) materiais básicos com os quais a razão
vêm ou de nosso exterior
– penetrando através de precisa operar. Há portanto uma
nossos sentidos físicos interação entre esses dois “níveis” de
receptores –, ou são gerados
internamente por nossos consciência. ”
pensamentos, ou ainda
nos chegam pelos nossos

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 21

alguns dos elementos ou
materiais básicos com os
quais a razão precisa operar.
Há portanto uma interação
entre esses dois “níveis” de
consciência.
Para além do aspecto
subjetivo de nossa
consciência estão os nossos
instintos involuntários
e emoções, com todas
as suas gradações mais
sutis as quais chamamos
“sentimentos”. Há também
uma percepção de si, mas
não na forma objetiva de
nosso tipo mais focado
de consciência, ou seja,
a consciência objetiva.
As partes involuntárias
de nosso ser são uma
forma de consciência
que separa todas as
outras experiências
da consciência das
formas mais focadas,
mas elas nos dão
primordial e
intensamente o
nosso sentido
mais profundo
de identidade.
Desse “eu” profundo,
esse poço sem fundo das
emoções inconscientes
ou sentimentos se infiltra
até a nossa objetividade e
lá desperta um estado ao
qual nos referimos como a
própria “consciência”.
22 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015
Essencialmente,
consciência não envolve
a percepção objetiva de
bom e mau, mas antes
um sentido profundo de
retidão que cada qual traz
“em algum lugar” no fundo
da consciência, como um
sentido primordial de
justiça que vai além de
qualquer entendimento
intelectual do termo. Essas
qualidades são geralmente
chamadas de “espirituais”
e são identificadas com a
alma. Esse lado espiritual de
nós emerge dos planos ou
níveis mais profundos do
nosso ser, provindo de mais
além das esferas objetiva,
subjetiva e subconsciente.
Onde exatamente essas
sensações internas ocorrem,
nas imperscrutáveis
profundezas da consciência,
é uma incógnita. Porém,
de acordo com os
ensinamentos rosacruzes,
é pelos centros psíquicos
que elas penetram em nosso
campo de consciência.
Precisamos saber,
contudo, que a maior
realidade de nosso ser
transcende divisões como
“dentro” e “fora”. De fato,
a totalidade daquilo que
somos é indivisível da
fonte das impressões que
recebemos. No sentido
mais profundo, somos as
próprias impressões ou,
posto de outra maneira,
as impressões são uma
parte permanente e
inseparável de nosso
ser e formam um
registro permanente
daquilo que fomos,
somos e seremos.
São nossos
arquivos acásicos
– um registro
de tudo o que
pensamos, dissemos e
fizemos – e muito mais
do que isso também, pois
envolvem nossos impulsos
motores mais profundos
e inconscientes e também
nossas necessidades.
As várias funções da
consciência por trás ou
além das esferas objetiva,
subjetiva e subconsciente
são atualmente o tópico de
muitas pesquisas científicas
e descobertas. Ficamos a
conhecer ainda mais níveis
ou planos de consciência, a
ciência lhes atribui nomes
e dá rigorosas descrições
daquilo que esses níveis
devem desempenhar.
Algumas dessas “etiquetas”
são: subconsciente,
inconsciente, pré-
consciente, pós-consciente
etc., mas é preciso lembrar
naturalmente que, sem
um claro entendimento
daquilo que elas devem
representar, são meras
etiquetas, e ainda assim
um tanto vagas. É como se
fôssemos construídos de
delas implica uma Gradativamente, adquirimos
tal modo que só podemos
participação consciente a habilidade de responder
distinguir as notas graves
e objetiva, mas ambas e, mais tarde, de estarmos
de um teclado de piano
são formas definidas de objetivamente conscientes
e vamos alegremente
consciência. desses impulsos. A
distribuindo nomes a
Misticamente, a Força dificuldade de se perceber
elas. Porém sabemos
Vital que flui através de as sensações psíquicas
instintivamente que certos
nós está relacionada a associadas com eles se
fenômenos existem bem
energias cósmicas mais deve ao fato de serem
acima das notas graves que
altas que não podemos consideravelmente mais
conseguimos distinguir,
perceber objetivamente. Em sutis e refinados do que
mas não os podemos isolar
associação com o cérebro as sensações ordinárias
e identificar, de modo
e seu magnífico sistema dos nossos cinco sentidos
que os agrupamos todos
nervoso, a Força Vital que receptores. O plano ou nível
juntos e lhes damos outros
flui em nós faz com que mais alto de consciência
nomes. Isso é o que foi
respondamos aos impulsos disponível ao ser humano
feito, por exemplo, com as
e com que percebamos é comumente chamado de
expressões “subconsciente”
sensações de vários tipos. Consciência Cósmica. É
e “inconsciente”: nenhuma

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 23

nossa habilidade de não
apenas estarmos conscientes
do nosso Eu e de nosso
meio externo, mas também
de termos a percepção de
todas as formas mais altas
de realidade passíveis de
serem alcançadas por um
ser humano – o próprio
Cósmico. Grosso modo,
com o desenvolvimento
apropriado de nossas
faculdades mentais e
emocionais, podemos nos
“elevar” em consciência,
penetrando em estados cada
vez mais profundos.
Para resumir,
imaginemos um ponto,
o qual chamaremos o
Absoluto, o Um, o conjunto
ompreendo que tudo no universo seja vibração. Porém, qual é a relação
das vibrações com um estado passivo como a meditação?
Vibrações são a base de
tudo no universo. Isto não
é apenas um princípio
místico: é parte da física
elementar. Tudo o que
experimentamos é causado
por vibrações, e sem
vibrações não haveria nada
– literalmente um vazio
no sentido mais absoluto.
Como místicos rosacruzes
temos plena consciência
disso, mas também sabemos
que tudo aquilo que vibra
24 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015
da realidade, a consciência
plena. Traçamos então um
círculo ao redor desse ponto.
Este círculo é aquilo a que
chamamos Consciência
Cósmica e é o estado mais
alto de consciência que
um ser humano jamais
experimentou. Contudo,
esse plano também tem
variações, gradações e níveis
em seu interior, como todos
os demais níveis ou planos
de consciência. Desenhamos
então um segundo círculo
ao redor do primeiro, mas
mais distante do ponto.
É o plano psíquico ou
subconsciente, que também
tem variações, níveis e
planos. É onde acontecem
emite ondas similares às
ondas produzidas na água
quando uma pedra é atirada
nela. As ondas se propagam
em todas as direções desde
a fonte da perturbação (o
local onde caiu a pedra) e
logo afetam tudo o que está
na proximidade da fonte das
vibrações.
A consciência
objetiva, que parece tão
poderosamente estar sediada
em nosso cérebro físico,
todos aqueles fenômenos
que estudamos em nossas
monografias. Um terceiro
círculo é desenhado em
volta dos demais e é nele
que está circunscrito o plano
objetivo ou mundano.
Para concluirmos com
a Consciência Cósmica,
não se sabe o número
exato de planos internos ou
variações que nela existem.
Sua complexidade é de
uma magnitude e de uma
grandeza muito maiores
e mais sofisticadas do que
qualquer coisa jamais
percebida por um ser
humano.
(Fórum Rosacruz de
língua inglesa)
é análoga à mão que faz
com que um diapasão seja
golpeado, enviando dessa
forma ondas sonoras em
todas as direções. É também
como a mão que aperta um
botão que faz com que uma
corrente modulada flua no
sintonizador que se encontra
num transmissor de rádio
ou de televisão. Essas ondas
eletromagnéticas também
se espalham no espaço
em todas as direções e são
captadas por receptores
similares a rádios e
televisores. Num sentido
muito real e físico, portanto,
existe uma conexão entre
transmissor e receptor,
embora separados apenas
pelo tempo e pelo espaço.
Se tivéssemos algum tipo
de equivalente biológico do
circuito receptor de televisão
em nosso cérebro, seríamos
capazes de captar e assistir
diretamente a programas
de televisão – e isto sem
a necessidade do próprio
televisor. Este pode parecer
um exemplo estúpido, mas
é uma analogia próxima ao
funcionamento de nossas
faculdades psíquicas.
Através dos exercícios específicas de frequência são sentidos, e “sintonizar”
de nossas monografias, aumentadas ou diminuídas e amplificar o máximo
aprendemos a sintonizar conforme mandamos ou possível as impressões que
impressões muito mais sutis recebemos informação constantemente recebemos
e refinadas do que os sinais (vibrações). do Cósmico e que contêm
de televisão, e fazemos isso A meditação é na informações vitalmente
por meio de um processo verdade um processo necessárias para o nosso
gradual de despertar de passivo apenas no cume da crescimento espiritual.
nossos centros psíquicos. experiência. A intensificação Os primeiros passos
Sobrepostas a esses centros da experiência, que pode desse processo envolvem
de troca de informação durar alguns poucos aprender a manter nossos
estão áreas físicas do corpo segundos ou então alguns sintonizadores numa
que tornam essa troca minutos no máximo, é um frequência (concentração) –
apta a ser percebida pelo processo de “dessintonizar” e isto ocorre no estágio ativo
cérebro, e portanto trazida todas as vibrações, exceto do processo de meditação.
à consciência objetiva. aquelas mais sutis e de Também precisamos coletar
Os centros psíquicos mais alta frequência que novos dados das frequências
agem como regiões de passam pelos nossos cinco com as quais não estamos
nosso ser onde extensões

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 25

familiarizados a fim de
estabelecer uma fundação de
experiência para entender
e utilizar a orientação
disponível para nós em
nosso eu interior. Na medida
em que ganhamos mais
experiência ao controlar esse
processo, nossa consciência
é lentamente transformada,
se torna mais sintonizada
com as frequências
excepcionalmente elevadas
do Cósmico e começa
a atribuir significado à
informação que flui para ela.
Com a prática também se
torna mais fácil penetrar no
último estágio de meditação,
onde o burburinho interno
cessa, todas as impressões
sensoriais são reduzidas ao
mínimo necessário para
a manutenção da vida e a
mente se encontra no estado
mais receptivo possível para
perceber as vibrações mais
sutis e rarefeitas que trazem
as informações de que mais
precisamos.
Num nível puramente
prático, quanto mais
abnegadamente servirmos
os interesses de outrem,
mais estaremos aptos
a transformar nossos
pensamentos objetivos em
pensamentos de harmonia
com o Cósmico e mais
fácil será entrar num
26 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015
verdadeiro estado
de meditação. As “ Se tivéssemos algum tipo
experiências de de equivalente biológico do
serviço evocam
antigas ideias circuito receptor de televisão
e impressões em nosso cérebro, seríamos
da memória,
permitindo
capazes de captar e assistir
que elas sejam diretamente a programas
reexaminadas de televisão – e isto sem
à luz de uma
consciência mais a necessidade do próprio
alta e retornadas televisor. Este pode parecer
à memória
numa forma um exemplo estúpido, mas
compatível com é uma analogia próxima ao
as altas vibrações
funcionamento de nossas
”
que recebemos
durante o último faculdades psíquicas.
breve estágio
de meditação. e analisando, embora
nesse caso se trate de um
Através do serviço
tipo de informação muito
encontramos formas
focada e concentrada.
funcionais e objetivas de
Cada pensamento, palavra
se colocar em prática o
e ato em desarmonia
novo entendimento que
com as forças criadoras e
cumulativamente ganhamos
construtivas do Cósmico
através da meditação.
devem ser descobertos antes
O estado meditativo pode
de entrarmos em meditação
ser passivo pelos padrões de
plena. Mas quando a mente
nossas mentes normalmente
finalmente foi “purificada”
ativas e faladoras, mas nós por anos de árduo esforço,
nunca deixamos de receber e estamos aptos a fundi-la
de tentar atribuir significado parcialmente por períodos
às vibrações cósmicas variáveis de tempo com a
que nos bombardeiam Mente Divina. E, a partir
constantemente. Podemos daí, um dia conquistaremos
estar num estado passivo a máxima glória da vida – o
ao máximo, mas ainda Casamento Místico ou a
assim estamos percebendo Consciência Cósmica. F.
 ual a diferença entre moral e ética? Nos últimos anos tenho pensado
bastante sobre os sistemas de comportamento moral e quando considero
o quão radicalmente diferente a moral de hoje é se comparada à da Idade
Média, por exemplo, fica mais claro para mim o fato que os códigos morais de
conduta, embora geralmente bons para a sociedade, às vezes podem ser nocivos
para ela. A ética para mim, porém, parece estar acima dos códigos morais.

Ética e moral são sobre o sistema moral, do direito. No caso da ética,

frequentemente
consideradas como sendo
uma coisa só, mas isso
não é correto. A ética está
relacionada à reflexão
mesmo modo que a reflexão
sobre a ciência é objeto de
estudo da filosofia da ciência
e a reflexão sobre o direito
é da alçada da filosofia do
o campo de reflexão é a
filosofia da moral, isto é,
a ética é o que espelha de
forma consciente ou não o
código moral.

Ilustração de Dame Justiça de Ética por Aristóteles.

Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 27

Moral são códigos
normativos de conduta
pertencentes a sistemas
de crença, ao passo que
ética são códigos de
conduta relacionados a
princípios mais universais,
especificamente aqueles
relacionados à nossa
consciência ou então
à consciência coletiva
28 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015
da sociedade. Moral A moral existe ao menos
deriva primariamente de parcialmente por causa de
costumes religiosos ou costumes e hábitos e às vezes
tribais, enquanto ética há muito pouco pensamento
deriva das tentativas das crítico aplicado ao fato de
sociedades de viverem um código moral ser ou não
pacificamente entre si, justo e igualitário para todos
mesmo havendo diferenças os membros da sociedade
pronunciadas em assuntos ou se apenas para parte dela.
relativos aos códigos de Códigos morais existem
conduta moral. frequentemente apenas pela
razão que “sempre foi assim”.
A ética, por outro lado,
embora ainda seguindo de
perto códigos morais, pode
diferir bem acentuadamente
deles, em particular onde
diferentes visões religiosas
e morais têm de viver lado
a lado entre si, como é
o caso de alguns países.
Conflitos entre ética e
moral das sociedades nos
séculos passados, e mesmo
em décadas recentes, foram
presença marcante – como
por exemplo no Oriente
Médio, onde desavenças
entre crenças religiosas e
costumes tribais conduziram
a muitos conflitos difíceis e
dolorosos.
A ética é sustentada
primariamente para permitir
que sociedades díspares
coexistam, onde códigos
morais de conduta estão
tão afastados que não seria
possível a sua coexistência.
A ética pode, em tais
condições, estabelecer ao
menos uma similaridade de
um justo relacionamento
entre membros de
sociedades diferentes. A
moral, por outro lado, é
baseada primariamente
em crenças religiosas ou
princípios filosóficos,
ambos normativos e
frequentemente não mais do
que resquícios fossilizados
de algumas eras de história
– por vezes centenas de
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 29
anos no passado. A ética é
baseada na necessidade de
se encontrar um terreno
comum entre os códigos
morais divergentes e de
substituir todos os códigos
morais pela necessidade
urgente de proteger e
preservar a dignidade
humana. A ética usualmente
corre em paralelo com os
elementos comuns dos
preceitos morais, mas nem
sempre; algumas vezes ela
se alça como um farol de
justiça e equidade. Onde o
conceito de justiça natural
ou universal falta num
código moral, a ética pode
falar mais alto do que
tais códigos de conduta
– e frequentemente o faz.
Ao passo que o motivo
por trás da maioria dos
códigos morais é baseado
em costumes religiosos ou
filosóficos arbitrários, com
pouca crítica ou sem levar
em conta um pensamento
mais aprofundado, o motivo
por trás de se fazer as coisas
eticamente é usualmente
relacionado ao que dita a
consciência e o pensamento
fundamentado.
Fazer a “coisa certa” às
vezes é muito mais fácil de
se dizer do que fazer, pois as
emoções trabalham tanto a
favor quanto contra a ética
que tentamos defender,
assim como fazem com
nossos códigos morais. É
de nosso interesse sermos
polidos e corteses com os
outros e não tirar vantagem
deles, enquanto em muitos
dos velhos códigos morais
de conduta não há proibição
quanto a se comportar
desonestamente para com
outros que não pertençam
à mesma tribo ou religião.
A ética é naturalmente
posta à prova quando
os próprios interesses
ou a autopreservação
se anunciam; em outras
palavras, quando os próprios
interesses desafiam o nosso
senso de equidade e justiça
e nossa consciência nos diz
que o que estamos fazendo
é “errado”. A maneira com
que agimos prova se a ética
é meramente uma aparência
social ou uma convicção
pessoal quanto à reta
conduta para com os outros.
A verdadeira ética vem do
coração – daquilo que dita a
consciência.
A regra para se testar
a ética é o antigo conceito
budista da “ação reta” ou,
como dizemos no Ocidente,
“fazer a coisa certa”. E
isso é algo que fazemos
exclusivamente pelo mérito
inerente à ação; em outras
palavras, fazer aquilo que a
nossa consciência considera
ser direito e justo, e fazer isso
pelo sentimento de prazer
espiritual que advém de
fazermos o que o eu interior
nos exorta a fazer. Quando
agimos eticamente, nossa
compensação é derivada do
próprio ato. Agir eticamente
é ao mesmo tempo a ação
e a recompensa pelo ato.
Temos a certeza interior
de que agimos de maneira
justa e igualitária; fizemos
o que gostaríamos que se
tivesse feito por nós. Esse
é o aspecto subjetivo da
ética e de longe o maior dos
componentes de qualquer
código de ética. Mas há
também um componente
intelectual na ética e ele
deriva exclusivamente do
pensamento fundamentado.
No ponto em que talvez não
tenhamos opiniões “vindas
do coração”, ainda podemos
ter uma opinião baseada
numa lógica cuidadosa e na
razão. Esse lado das coisas
é também parte de nosso
código ético de conduta e se
tornou cada vez mais parte
dos modernos sistemas
legais.
Naturalmente, tais
códigos são arbitrários
naquilo que são por terem
sido criados e codificados
por humanos. Porém, assim
como acontece com códigos
morais, a ética lá está
para servir a consciência
de massa da sociedade,
e sempre haverá nas
sociedades pessoas capazes
de enxergar mais adiante,
de forma mais ampla, mais
30 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015
profunda e que
entenderão que “ Fazer a “coisa certa” às
há melhores vezes é muito mais fácil de
maneiras de
se fazer as se dizer do que fazer, pois as
coisas. Apesar
das falhas que
emoções trabalham tanto a
eventualmente favor quanto contra a ética que
possamos
encontrar em tentamos defender, assim como
nossa própria fazem com nossos
ética, podemos
nos espantar códigos morais. ”
muito mais
constatando o que a sociedade descobriu
quão pobremente alguns e que acredita necessários,
códigos morais serviram as distantes de qualquer
sociedades cujos interesses persuasão religiosa ou de
deveriam atender. Cortar a códigos morais. Se não nos
mão de uma pessoa porque importamos com o respeito
aquela mão roubou um pão à dignidade humana e com
pode parecer moral para o sentimento e o bem-
alguns numa determinada estar do indivíduo, por fim
sociedade, mas até mesmo acabaremos por partilhar
para muitos desses intelectos do carma coletivo que a
que apoiam tal punição sociedade tem de enfrentar
brutal e desequilibrada há por tal falha. Um declínio
uma certeza interior de geral da ética e uma
que tal punição não serve reversão a códigos morais
os interesses da justiça de conduta rivalizáveis
universal. acaba por oprimir a todos.
O tipo de sociedade Ocorre então uma erosão
em que vivemos tende a da regra de lei e ordem e a
estabelecer suas regras segmentação da sociedade
éticas. Em particular, o nível que se produz destrói as
de maturidade espiritual comunidades. Finalmente,
massiva de qualquer todos se tornam vítimas
sociedade determina o daqueles que tiram proveito
nível de ética e moral que da ignorância dos demais
ela vai apoiar. Conduta reta e aquela “pequena voz
resulta em bem-estar mútuo. interior” acaba sendo
Demonstra respeito por silenciada.
aqueles direitos humanos F.
 ostaria que o Fórum esclarecesse um pouco mais o conceito de “escola
de liberdade” que frequentemente se atribui à AMORC.
A expressão “escola de
liberdade” tem um grande
alcance sobre a razão de
ser da Ordem Rosacruz e
o sentido do processo que
é proposto ao buscador.
Podemos dizer, de partida,
que os ensinamentos
rosacruzes ensinam o
místico a exercer sua
liberdade.
A noção de escola remete
à de aprendizado. Uma
escola é uma instituição
onde se adquire uma
instrução ao se desenvolver
competências através de
um ensinamento graduado.
Esse ponto de vista pode
inicialmente suscitar
assombro: seria a liberdade
o fruto de um aprendizado?
Somos livres pelo próprio
fato de nossa condição
humana ou devemos
adquirir essa liberdade?
Alguns talvez pensarão
que a liberdade é algo que
não tolera bem os meios-
termos: ou se é livre, ou
não se é... A Declaração
Rosacruz dos Deveres do
Ser Humano é clara a esse
respeito e estipula, no artigo
Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015 31
3, que “todo indivíduo tem
o dever de respeitar o outro
sem distinção de raça, de
sexo, de religião, de classe
social ou de qualquer outro
elemento aparentemente
distintivo”, implicando que
toda pessoa é titular das
liberdades fundamentais,
como a liberdade de
consciência, de religião,
de opinião, de expressão,
de reunião pacífica e
de associação. Existe
portanto um consenso,
ao menos nas sociedades
democráticas, quanto ao
fato de a liberdade estar
ligada à condição humana.
Mas então, se somos livres
por direito natural, por
que deveríamos aprender a
liberdade? A resposta a essa
pergunta reside sem dúvida
no uso que fazemos dela ou
nas condições que devemos
estabelecer para tornar
efetivo esse potencial de
liberdade. É aí que se impõe
outro questionamento: o ser
humano é verdadeiramente
livre ou no fundo não é
mais que um escravo dos
diversos condicionamentos
que interiorizou? Ele pode
exercer de verdade aquilo
a que chamamos o “livre-
arbítrio”?
A questão da liberdade
é indissociável da noção
de escolha. “Ser” livre
é inicialmente “ter” a
escolha. Não é a ausência
de compromisso, mas a
liberdade de escolha. Assim
sendo, é preciso admitir que
ela implica também a ideia
de responsabilidade. Só é
livre, definitivamente, aquele
que é responsável por suas
escolhas...
Existem diversas formas
de liberdade: a de direito
jurídico, a de agir segundo
nossa própria vontade e,
finalmente, a liberdade
interior, ou livre-arbítrio,
que consiste em ser mestre
de si mesmo, sem ser
escravo de suas paixões,
de seus desejos ou de
suas crenças limitadoras.
A liberdade consiste até
mesmo em poder rejeitar
a evidência e escolher o
mal ao invés do bem. No
que diz respeito à liberdade
interior, trata-se daquela
 reside, segundo ele,
“no Amor constante
e eterno para com
Deus”. O escritor
satírico François
Cavanna escreveu que
“a liberdade consiste
em fazer tudo aquilo
que o comprimento
da corrente permite”.
Esse aforismo
extravagante não está
portanto longe de
exprimir o ponto de
vista dos partidários
do livre-arbítrio.
A alma humana é
insondável e mesmo
se nossas escolhas
fossem estritamente
determinadas, como
pensa Spinoza, elas
são o resultado de
nosso desejo de viver
e de nossos recursos
pessoais.
Ainda que seja
exato que possamos
ser influenciados
que nenhuma pessoa ou levados a agir” por por fatores que
circunstância exterior impulsos – eles próprios ignoramos, não são todas
pode nos tirar e que oriundos de causas muitas as influências que entravam
conservaríamos até mesmo vezes desconhecidas e nossa liberdade; estas
no fundo da prisão mais incontornáveis. Para podem ir de encontro à
sombria. Spinoza, Deus é a causa nossa personalidade ou, ao
Os deterministas primeira determinante da contrário, se harmonizar
concluem que acreditamos qual nós somos um efeito, com ela. Por exemplo,
agir ao passo que “somos e nossa última liberdade um adolescente que deve

32 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015

escolher sua via profissional
pode ser influenciado por
seus pais em sua escolha,
mas essa influência pode
ser coerente para ele, no
sentido de que pode se
fundir com suas aspirações
e seus valores, ou ser
nefasta opondo-se a outros
elementos importantes
de sua personalidade. Se
tomarmos consciência
daquilo que nos influencia
ou se escutarmos a nossa
intuição, podemos fazer
distinção entre aquilo que
está em acordo conosco e
aquilo que não está.
O ato livre não reside
numa espécie de arbitragem
independente das forças e
das correntes psicológicas
que nos constituem,
mas antes num modo
de estar à escuta de si
mesmo. Podemos então
escolher a quais influências
vamos responder. O
filósofo contemporâneo
Henri Bergson escreveu
a esse respeito: “Somos
livres quando os nossos
atos emanam de nossa
personalidade inteira,
quando eles a exprimem e
quando eles têm com ela essa
indefinível semelhança que às
vezes se encontra entre a obra
e o artista”. Estar em acordo
33 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015
consigo mesmo
sempre suscita “ Somos livres quando os
apaziguamento, nossos atos emanam de nossa
alegria e
entusiasmo.
personalidade inteira,
Muitíssimos quando eles a exprimem e
estudos em quando eles têm com ela essa
psicologia visando
compreender por indefinível semelhança
que determinados que às vezes se encontra
indivíduos
entre a obra
”
submetidos a
terríveis provações e o artista.
encontram os
recursos necessários assumindo a solitude do
para resistir à adversidade peregrino que podemos
convergem todas, em escolher nossa direção.
suas conclusões, para a Em sua obra intitulada
importância de se acreditar Metafísica, Aristóteles
num possível domínio escreveu: “Chamamos de
dos acontecimentos, de homem livre aquele que tem
se adotar condutas ativas em si mesmo a razão ou
para enfrentar as situações finalidade de seu existir, não
difíceis e de se encontrar sendo de outrem ou para
para elas um sentido outrem”. A essa definição
que permita ser coerente individualista que insiste na
consigo mesmo. Aí está, ao independência de espírito
que parece, o essencial da necessária à liberdade,
liberdade. acrescentaríamos a seguinte
A liberdade exige citação de Nelson Mandela:
a coragem de nos “Ser livre não é apenas se
destacarmos das normas livrar de suas correntes;
sociais para depender é viver de um modo que
apenas de nosso próprio respeite e reforce a liberdade
julgamento, de nos dos outros”, pois é na
distanciarmos talvez verdadeira fraternidade que
de pessoas que nos são a liberdade encontra sua
nocivas ou de abandonar plena expressão e efeito.
determinados hábitos. É PG
 em-se feito divulgação constante do fato que, em um futuro próximo,
as monografias serão disponibilizadas por meio da internet. Em que
pese os méritos da iniciativa (celeridade, informatização, etc.), tenho
dúvidas se essa disponibilização dos ensinamentos na internet não poderia gerar
a diluição da tradição sagrada do Sanctum do lar. Levando em consideração
que elas estariam dentro do ‘ciberespaço’, compartilhando o mesmo ambiente
em que circulam materiais extremamente profanos (pornografia, discriminação,
incitação à violência etc.), o uso das monografias em um ambiente virtual não
teria o mesmo efeito maculador?

As mídias digitais e de uma forma mais eficaz transitam todos os materiais

as novas formas de
comunicação têm gerado
questionamentos sobre os
mais variados assuntos e
novas reflexões acerca da
maneira como vemos o
mundo. É natural portanto
que algumas questões
até então consideradas
“intocáveis”, como a díade
profano/sagrado, sejam
também questionadas e
reavaliadas. Entretanto,
deter-nos-emos aqui ao
âmbito da pressuposta
“dessacralização” dos nossos
ensinamentos.
Se olharmos a longa
trajetória do Conhecimento
Tradicional através das
civilizações antigas até
chegarmos ao Dr. Lewis, que
sistematizou o conhecimento
legado pela Tradição
Rosacruz e entendeu que
era necessário divulgá-lo
a fim de que atingisse o
maior número possível de
pessoas, constatamos que
ele fez uma “revolução”.
O conhecimento, que era
transmitido a uns poucos
e em ambientes fechados,
passou a chegar às mãos
de muitos buscadores.
Estes tiveram então a
oportunidade de conhecer
algo antes inacessível pelas
distâncias que necessitavam
ser percorridas para que o
objeto de sua busca fosse
encontrado.
As instruções em forma
impressa, que deram origem
às monografias como as
conhecemos hoje, passaram
então a seguir pelos
correios. Não estariam elas
portanto transitando em um
ambiente altamente poluído
com coisas mundanas?
Nos pacotes dos correios
possíveis, desde cartas e
propagandas, passando por
toda sorte de objetos, até
drogas e armas. Entretanto,
não temos notícias de
questionamentos sobre uma
possível “profanação” do
seu conteúdo pelo simples
fato de transitarem nesse
meio. Talvez por serem as
monografias impressas mais
“concretas” ou mais tangíveis
pelos nossos sentidos físicos
do que as monografias
em forma digital, isso nos
dê uma ilusão de estarem
protegidas das vibrações do
meio enquanto os pacotes
não forem abertos.
Se avaliarmos
mais tecnicamente, as
monografias digitais não
são objetos e nem mesmo
conteúdo que transitam
pelo ‘ciberespaço’. São
meros sinais digitais

34 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015

codificados que só se
tornam conteúdo legível ao
serem transformados pelo
programa correspondente
quando o receptor “abre”
o arquivo. As operações
de colocação e extração
dos dados emitidos por via
digital são conhecidas por
codificação e decodificação.
Em última análise, e de
forma simplista, o que
transita são sinais 0 e 1
(ou bits), e não pacotes
de informação como uma
monografia, por exemplo.
Ela só será uma monografia
no momento em que o
decodificador  organizar
as informações digitais
recebidas e apresentá-las no
visor do seu computador,
tablet ou outro aparelho
receptor.

Software
codificador

Sinais digitais
Emissor transitando no
ciberespaço

Mensagem
visível ao Software
receptor decodificador

35 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015

 Feitas essas
considerações, podemos
ponderar se as monografias
são sagradas em si mesmas
ou se adquirem seu
caráter sagrado a partir
do momento em que lhes
damos essa condição
através do nosso respeito
e consideração por aquilo
que representam e pelo
conteúdo que trazem. Se
pensarmos que elas são
sagradas em si mesmas,
podemos considerar o
velho exemplo da flor
de lótus, que nasce no
lodo e que apesar disso
é pura, e acreditar que a
pureza e a sacralidade das
monografias permanecem
igualmente intactas
mesmo que transitem
por ambientes variados,
independentemente de
serem impressas ou digitais.
Entretanto, podemos
argumentar que existe
a possibilidade de elas
serem “contaminadas” ao
passarem por estes meios.
Mas se isto acontecer, o que
estaria contaminado? O
meio onde está gravado o
ensinamento ou o próprio
ensinamento? O leitor
Você tem perguntas ou dúvidas
36 Fórum Rosacruz – Vol. VII – 01 – 2015
há de concordar que o
ensinamento não poderia
ser contaminado, visto que
não há nenhuma mudança
de significado em seu
conteúdo no trânsito que
o leva até nosso Sanctum.
Se é o meio que está
contaminado por energias
impuras – o papel, no caso
da monografia – o rosacruz
tem várias maneiras de fazer
uma limpeza energética e
imediatamente neutralizar
qualquer vibração
desarmônica que possa nele
estar presente. O simples
fato de receber a monografia
como algo sagrado já
manifesta em si as vibrações
positivas que desarticulam
qualquer negatividade
presumivelmente adquirida
pelo caminho.
Por outro lado, se
pensarmos que o que
sacraliza um ambiente
ou objeto são nossos
pensamentos, intenções,
crenças etc., então a
sacralidade das monografias
estaria no valor que damos
a elas como transmissoras
de um conhecimento que
nos é muito caro. Sendo
assim, sua sacralidade não
para o Fórum?
Escreva para:
forum@amorc.org.br
estaria na forma e nem
tampouco seria possível ela
ser afetada pelo meio em
que transita ou por qualquer
outra influência externa,
pois até chegar ao Sanctum
ela é meramente um objeto,
como um livro ou um
disco. No momento em
que as colocamos em nosso
Sanctum com a reverência
necessária é que estamos
lhes dando o status de
sagradas ou qualquer outro
adjetivo que queiramos lhes
atribuir.
Podemos concluir, em
ambos os casos, que pensar
que as monografias podem
ser contaminadas de algum
modo é valorizar mais a
forma do que o conteúdo,
pois em última instância
o que realmente interessa
é o ensinamento que elas
veiculam – ou, mais que
isso, aquilo que assimilamos
e incorporamos na nossa
vida dos conteúdos que
elas nos trazem. Estes
conteúdos não podem ser
contaminados pelo meio em
que transitam ou pela forma
como nos são apresentados.
BP.
Antiga e Mística Ordem Rosacruz – AMORC
41 3351-3000 | www.amorc.org.br