Você está na página 1de 6

23/10/2018 Hipocalcemia e Retenção de Placenta

Funções do Cálcio
-Formação do esqueleto; - Contração e relaxamento muscular; -Coagulação sanguínea.
-Equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico; -Resposta imune – ativação neutrofílica.

Calcio total x Cálcio ionizavel


Total = Ionizável + não ionizável
Ionizável = (Ca++  cálcio disponível para uso)
Não ionizável é o ligado a proteínas. = Baixa albumina leva a baixo cálcio sérico.

Hipocalcemia
Subclínica: Efeitos e doenças secundários.
Clínica: Tremores, ataxia, decúbito e outros sinais característicos. Principalmente
puerperal.

Hipocalcemia Subclínica
Hipocalcemia (baixo Ca++ sanguíneo)
- Reduz a motilidade do rúmen e do abomaso = risco de deslocamento de
abomaso.
- Reduz a ingestão de alimentos = favorecendo a mobilização de lipídeos e com isso
a toxemia da prenhez.
- Redução do tônus e da contratilidade muscular relaxando assim o esfíncter do
teto. = aumento do risco de mastite.
- Interfere diretamente na resposta imune celular por diminuir o estímulo
inflamatório e a capacidade de resposta dos leucócitos, isso leva a risco de retenção de
placenta e endometrites.

Hipocalcemia Puerperal
-É a Febre do Leite, Tetania da Lactação, Paresia puerperal.
-Epidemiologia: ocorre nas Primeiras 48 a 72 Hras pós parto; Vacas de leite de alta
produção e mais comum em multíparas.
-É Associada a outras doenças metabólicas e puerperais. Para cada caso clínico de
hipocalcemia puerperal existem 10 casos de hipocalcemia subclínica. Uma das principais
causas da Síndrome da vaca caída (até 70% dos casos). Não é uma doença carencial e sim
uma doença metabólica. Ocorre uma alta demanda de cálcio no pós parto imediato.
- Reabsorção óssea (paratormonio) e Reabsorção intestinal (1,25 di-hidroxicolecalciferol)
demoram até 48 hras para funcionar.

Sinais clínicos: Primeira fase – animal em estação ainda, tremores musculares,


hipersensibilidade e excitação, ataxia, mugidos, e dispneia;
Segunda fase – Decúbito esternal, anorexia, depressão, taquicardia, desidratação,
timpanismo.
Terceira fase – decúbito lateral, perda de consciência, evolução para coma
Diagnóstico: Sinais clínicos e histórico; Dosagem de Cálcio ionizável; Resposta ao
tratamento com gluconato de cálcio = Sinais de melhora imediata.
Necropsia sem alterações. Bioquímica sérica: sinais inespecíficos; CK, AST, PTN e VG
aumentados.
Diag. Diferencial: Outras causas da Síndrome da Vaca caída: Deficiência energética e
proteíca; Verminose, babesiose; Lesões neurológicas – tração forçada no parto, lesão
medular; Lesões secundárias do decúbito (Altas CK e AST) - Lesão muscular, placas
neuromotoras e nervos periféricos, Escaras de decúbito, Pneumonia (estase sanguínea).
“Decúbito acima de 3 dias é irreversível!”

Tratamento:
-Gluconato de Cálcio endovenoso 1ml/kg, a cada 24 horas (subcutâneo também é
possível)
- Ca é cardiotóxico – adm volume total em 10 a 20 min – com ausculta cardíaca (100 ml de
cálcio para 1 L de sol. Fisiológica)
- Tratar doenças e sinais concomitantes (desidratação, retenção de placenta, etc)
- Levantar o animal a todo custo!
- Enfermagem geral: Reidratação, Água e comida, Proteção do sol, Ordenha – evitar
mastite.

Controle/Prevenção
- Dieta ânionica – Rica em Enxofre e Cloro. Acidose metabólica crônica  maior
reabsorção intestinal de Ca.
- Baixos níveis de cálcio na vaca seca – estimular reabsorção e paratormônio.
- Adm Vit. D no pré parto – Poucos resultados.
- Drench/soluções isotônicas

Retenção de placenta
Retenção de envoltórios fetais - Não liberação dentro do prazo normal para cada espécie.
Alteração puerperal de maior prejuízo na cadeia leiteira. Fator predisponente para
metrites.

Tempo de expulsão da placenta


Bovinos – 30 min a 12 horas = Espécie mais acometida
Equinos - 30 minutos a 3 horas = Risco de metrite  endotoxemia (Laminite, cólica, etc)
Pequenos Ruminantes – Até 8 horas

Etiologia: Fatores nutricionais; Ambientais; Gestação curta ou prolongada, Fatores


Hereditários, Infec, Hormonais e Intervenção obstétrica.
Atonia uterina: Hipocalcemia - deficit imunitario; baixa de Vit A, E e selênio, estrógeno e
prostaglandina, alta progesterona.
Distocias – cesareana.
Aborto (doenças infecciosas) - Brucella, Tuberculose, leptospirose, Campilobacteriose,
tricomoniase, neosporose.

Epidemiologia
5 a 40% de prevalência em partos normais. 40 a 80% em partos induzidos. Bovinos de leite
mais acometidos. Associada a outras patologias metabólicas e nutricionais.

Sinais clínicos: Febre, Anorexia, Tenesmo, Catarro vaginal, Mal cheiro, Laminite e tétano
(égua).

Tratamento
- Cuidados na manipulação – risco de zoonose
- Esperar autorecuperação - Resultados semelhantes em alguns trabalhos.
- Antibiótico sistêmico.
- Massagem uterina – infusão e lavagem = Remoção mecânica de debris e toxinas (Uso de
soluções hipertônicas. - Não utilizar iodo ou cloro). Cuidado - Não se consegue remover
todo o líquido infundido – risco de piora do quadro infeccioso.
- Borogluconato de cálcio
- Cervix fechada - Estrógeno(ECP) e Prostaglandina 12 hras depois (PGF2)
- Cervix aberta - Prostaglandina
- Tração da placenta: Evitar porque tem risco de hemorragia. Tração apenas leve em casos
de placenta já descolada.
- Ocitocina (10 a 50 UI) ? - Uso desnecessário – Alguns trabalhos relatam que a vaca
mantem bons niveis de ocit. no pós parto. Ocitoc pos parto: eq até 8 h; rum até 24 h.

Consequências da retenção de placenta:


-Endometrite e metrite (Streptococcus, E. coli, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella,
Candida e Aspergillus).
-Septicemia e toxemia. - Infertilidade

Prevenção: Nutrição e manejo; Controle hormonal; Evitar hipocalcemia.

29/10/2018 SISTEMA URINÁRIO


FORMADO POR: 2 rins, 2 ureteres, 1 bexiga urinária, 1 uretra.
Função dos Rins: Excreção de resíduos metabólicos e substâncias exógenas (drogas e
toxinas); Regula pressão arterial; Produz fator eritropoiético renal/eritropoietina; Produz
forma ativa da vitamina D; Realiza gliconeogênese – jejum prolongado.
Unidade funcional do rim: é uma única unidade glomérulo-tubular. Glomérulo (filtração) e
Túbulos (reabsorção e secreção).
Como identificar doença renal em grandes animais
Exame físico geral: Lesões dos diferentes componentes do sistema urinário;
comprometimento de outras partes do organismo; Inspeção visual simples pênis e orifício
ureteral externo; Inspeção vulva e abertura ureteral; ato físico da micção e aspecto da
urina. - postura na micção: Elimina a urina de modo ativo e forçado (gemer e fazer força).
Aspecto da urina
Normal - Cor: âmbar a amarelada - Transparência: clara ou turva.
Anormal - Sangue: coágulo ou avermelhada turva; -Hemoglobina: avermelhada
transparente; - Mioglobina: amarronzada; - Exsudato inflamatório: turvação ou
filamentos.

Diagnóstica da doença renal:


- Urinálise: Exame físico; Densidade; Aspectos químicos; Sedimentoscopia
- Bioquímica clínica: Bioquímica Sérica; Bioquímica Urinária e excreção Fracional de
Eletrólito.
- Palpação retal: Bexiga normal (vazia) – não palpável; Ureter difícil exame; Uretra intra-
pélvica é palpável no macho; Normalmente só o rim esquerdo é palpável.
- Volume da Urina e Frequência de Micção
Varia com: Ingestão de água; Atividade física; T° ambiental; Avaliado por colheita de 24
horas; Urina = 1 a 2ml/kg/hora. COLETA: Micção espontânea e Cistocentese (potros).
Exames especiais: RX – Potros e bezerros; US – bexiga, rins e ureteres; Pielografia;
Cistoscopia.
Principais sinais clínicos / problemas observados: Disúria e estrangúria; Hematúria;
Piúria; uremia; IRA; IRC; Poliúria; Cristalúria.

Disúria e estrangúria
-Disúria = Micção difícil ou dolorosa. -Estrangúria = Micção lenta e dolorosa (gota a gota).
Sinais clínicos de difícil detecção em grandes animais e podem ser confundidos com
tenesmo (potros neonatos). - Gotejamento de urina – ovinos e caprinos
machos com calculose.
Diagnóstico:
Cálculo – frenq em ov e cap macho castrado. Ov e bov confinado com ração rica em
cereais.
Vários casos em equinos acompanhados de sinais de alterações na medula espinhal e
respiratórios – herpesvírus
Exame físico cuidadoso; Observar micção; Colheita da urina; Avaliar pelos prepuciais dos
machos e perineais nas fêmeas- cristais; palpação e inspeção da área da uretra; Palpação
retal/abdominal; Paracentese – avaliação do líquido – creatinina (dobro da sérica) e
potássio (>10mEq/L).
Causas de Disúria/Estrangúria no Cavalo
condições primárias: Cálculos ureterais ou vesicais; Hemorragias com obstrução do TU;
Traumatismos/Tumefação; Habronemose; Ureterite; Acúmulo de esmegma; Cistite;
Ruptura de bexiga; Mielite herpética; Cistite por sorgo; Raiva.
Condições secundárias: Alteração grave de medula espinhal; Decúbito; Miosite; Laminite;
Infecção ou fratura de corpo vertebral; Cólica; Peritonite.
Causas de Disúria/Estrangúria em Ruminantes
Bovinos: Cálculos uretrais; Hemorragias no trato urinário; Tumefação uretral secundária
ao parto; Cistite; Raiva; Fratura sacral; Linfossarcoma extradural no canal cervical;
Traumatismo/pressão na medula espinhal.
Caprinos e ovinos: Cálculos uretrais; Cistite; Lesão da uretra; Lesão de medula espinhal.

HEMATÚRIA
Presença de sangue na urina. Coágulos no início, durante ou final da micção, cor vermelha
uniforme durante toda a micção.
- Diagnóstico: Anamnese; Vida do animal; Duração da hematúria; Tempo durante a
micção; Hematúria após exercício em equinos – cálculo vesical; Lesão de uretra – início da
micção; Lesão de bexiga – durante e final da micção; Lesão TUS – final da micção.
- Diagnóstico Diferencial: Hemoglobinúria; Bilirrubinúria e Mioglobinúria.
- cor - possíveis causas: Amarelo-claro a amarelo = Normal; •Incolor = Muito diluída; •
Amarelo escuro = Muito concentrada, bilirrubinúria; • Vermelha a vermelho amarronzada
= Hematúria, hemoglobinúria, mioglobinúria; • Marrom-avermelhada a marrom =
Mioglobinúria, hemoglobinúria, meta-hemoglobina; • Esverdeada = Bilirrubinúria.

Causas de hematúria no cavalo


Uretra: Habronemose; Cálculos; Idiopática em machos e Uretrite.
Bexiga: Cálculos; Cistite; Neoplasia; Restos amorfos (Diátese hemorrágica).
Rim: Cálculos; Traumatismo; Nefrite; anomalia vascular; Migração parasitária; Neoplasia;
Glomerulopatia; Necrose papilar (lesão comum – sinal raro).
Causas de Hematúria nos Ruminantes
Uretra: Cálculos; Traumatismos; Uretrite
Bexiga: Diátese hemorrágica por samambaia; Papiloma; Cálculos; Cistite; Pólipos;
Rim: Pielonefrite; Traumatismo; Infarto; Febre catarral maligna.

PIÚRIA
São restos purulentos na urina, observados macro e microscopicamente. Podem vir
acompanhada de: disúria, estrangúria, hematúria, cristalúria. Pode ou não ter febre. Pode
ser de T. U. Superior ou Inferior. Patologia: inflamatório e séptico – bactéria ou
inflamatório.
Diagnóstico: Determinação do local de origem; Etiologia e Causas predisponentes.
Anamnese; Exame clínico do sistema genital; Sinais de envolvimento sistêmico; Palpação;
Citologia; Cultura.

UREMIA
Conjunto de alterações clínicas e bioquímicas associadas à perda crítica de néfrons
funcionais. A manifestação dos sinais clínicos é atribuída, no final, a retenção das toxinas
urêmicas.
AZOTEMIA X UREMIA
TOXINAS URÊMICAS: considera se varias. - Produtos endógenos e exógenos do
metabolismo das proteínas; - Produtos do metabolismo bacteriano dentro do intestino
(fonte adicional de derivados protéicos); - Hormônios – paratormônio e Minerais – P e Ca.
Perda da função renal leva a Acúmulo de metabólitos tóxicos, que causam a uremia.
A severidade e o espectro de sinais clínicos e bioquímicos apresentados pelo paciente com
falha renal varia com a natureza, severidade, duração, taxa de progressão da doença,
presença de doenças concomitantes, idade, espécie e administração de agentes
terapêuticos.
Síndrome Urêmica = As alterações Metabólicas e Endócrinas levam a perdas de:
homeostasia; função de síntese; função de excreção e de mecanismos compensatórios.
– Sinais Clínicos: Depressão e anorexia; Convulsões e encefalopatia – casos graves; Perda
de peso, lesões orais, úlceras gastrointestinais e melena.

Você também pode gostar