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História do Brasil – Frente I

Prof. Rogério Bonfá – 2020 – Material 6


Aula 6, 9 a 22: Brasil Colônia (1500-1822) PARTE III ⁃ Utilização de africanos em colônias portuguesas no Atlântico
(Açores, Madeira, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe);
V- Economia colonial: ⁃ Estrutura pronta na África (portos, rotas, traficantes, etc.);
⁃ 11. Grande lucratividade do comércio de africanos escravizados
a) Características gerais:
(dentro da lógica mercantilista).
 1. Grande diversidade produtiva (pau-brasil; açúcar; pecuária; drogas do
sertão; farinha de mandioca; tabaco; algodão; mineração; etc – ver na aula
10).
 Atividades predatórias;
 Produção em larga escala;
 Produção vinculada as demandas europeias;
 Trabalho compulsório;
 Organização em “ciclos econômicos”.

b) Principais atividades:

b.1) “Ciclo” do pau-brasil (1500-32):


 Ver em período Pré-Colonial (aula 6).

b.2) “Ciclo” do açúcar (1532 - 1654): (Aula 9)


╚► Ameríndios escravizados: lucro ficava na Colônia
 Motivos da escolha da cana: (bandeirantes)
╚► Africanos escravizados: lucro ficava com a metrópole, que
o 2.Experiência prévia portuguesa (já plantavam nas ilhas do
entregava monopólio sobre o comércio de escravo para
Atlântico).
particulares, mediante pagamento de impostos a Coroa
o 3. Condições geofísica favoráveis no Nordeste brasileiro (solo de
portuguesa.
massapê e clima tropical úmido).
o Associação: 4. Portugueses (produção) + Holandeses (financiamento,  Sociedade açucareira:
transporte, refino e comercialização do açúcar na Europa).
o Características:
o 5. Grande lucratividade (açúcar dentro da lógica mercantilista).
⁃ Desigual; elitista; conservadora; patriarcal (predomínio do gênero
 Locais de produção: masculino e do sr. de engenho); preconceituosa; violenta; pouca
mobilidade social; ↑ influência da Igreja Católica; etc.
o São Vicente: sucesso relativo. Motivos:
⁃ Litoral estreito e com presença de manguezais; 12.
 Elite branca
⁃ Clima ameno;
⁃ Distância em relação a Europa – encarece o preço do açúcar);
 Agregados e setor médio

o Pernambuco / Zona da Mata nordestina: grande sucesso. Motivos:


⁃ Litoral extenso;
⁃ Solo de massapê;
⁃ Clima quente e úmido;
⁃ Menor distância da Europa em relação a São Vicente (frete mais
barato).
 Escravos
 Sistema produtivo:
╚► Estratégias de controle da senzala:
o 6. Plantation (latifúndio, monocultor, produção para exportação e ⁃ Violência (pedagogia do medo);
trabalho compulsório). ⁃ Multiplicidade étnica (evitar malungo entre os escravos);
o Trabalho compulsório: 7. escravidão. ⁃ Acordos individuais (ex.: ‘pai João”).
o Histórico: ╚► Estratégias de resistência escrava:
⁃ 1530-70 d.C.: predomínio da 8. Escravidão ameríndia. ⁃ Corpo mole;
⁃ Problema: escassez gradual de indígenas (mortes, fugas e ⁃ Violência / revolta;
grande oposição dos jesuítas). ⁃ Fugas;
⁃ 1570-1620 d.C.: 9. Escravidão mista (ameríndios + africanos). ⁃ Quilombos;
⁃ 1620-1888 d.C.: 10. Predomínio da escravidão africana. ⁃ Suicídios (banzo) e infanticídios;
Motivos: ⁃ Sincretismo religioso;
⁃ Africanos conheciam técnicas agrícolas e de metalurgia; ⁃ Acordos individuais (ex. “pai João”).

⁃ Igreja Católica justificou a escravidão africana (1454 d.C.:  Divisão de lucros (estimativa): ± 5% Brasil; ± 35% Portugal; e ± 60% Holanda.
Bula Romanus Pontifix, do papa Nicolau V);
 Decadência do açúcar: 13. Pós 1654 d.C – concorrência holandesa nas Antilhas
(América Central).

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6. (Unesp 2020) Leia o texto e observe o mapa para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Exercícios de sala (FOCO NO VESTIBULAR): Nem existia Brasil no começo dessa história. Existiam o Peru e o México, no contexto pré-
1. (Enem 2019) O processamento da mandioca era uma atividade já realizada pelos nativos colombiano, mas Argentina, Brasil, Chile, Estados Unidos, Canadá, não. No que seria o Brasil,
que viviam no Brasil antes da chegada de portugueses e africanos. Entretanto, ao longo do havia gente no Norte, no Rio, depois no Sul, mas toda essa gente tinha pouca relação entre si
processo de colonização portuguesa, a produção da farinha foi aperfeiçoada e ampliada, até meados do século XVIII. E há aí a questão da navegação marítima, torna-se importante
tornando-se lugar-comum em todo o território da colônia portuguesa na América. Com a aprender bem história marítima, que é ligada à geografia. [...] Essa compreensão me deu muita
consolidação do comércio atlântico em suas diferentes conexões, a farinha atravessou os liberdade para ver as relações que Rio, Pernambuco e Bahia tinham com Luanda. Depois a
mares e chegou aos mercados africanos. Bahia tem muito mais relação com o antigo Daomé, hoje Benin, na Costa da Mina. Isso formava
BEZERRA, N. R. Escravidão, farinha e tráfico atlântico: um novo olhar sobre as relações entre o Rio de um todo, muito mais do que o Brasil ou a América portuguesa. [...]
Janeiro e Benguela (1790-1830). Disponível em: www.bn.br. Acesso em: 20 ago. 2014 (adaptado). Nunca os missionários entraram na briga para saber se o africano havia sido ilegalmente
Considerando a formação do espaço atlântico, esse produto exemplifica historicamente a: escravizado ou não, mas a escravidão indígena foi embargada pelos missionários desde o
a) difusão de hábitos alimentares. começo, e isso também é um pouco interesse dos negreiros, ou seja, que a escravidão africana
b) disseminação de rituais festivos. predomine. [...] A escravização tem dois processos: o primeiro é a despersonalização, e o
c) ampliação dos saberes autóctones. segundo é a dessocialização.
d) apropriação de costumes guerreiros.
e) diversificação de oferendas religiosas.
2. (Famema 2020) O avanço das culturas sul-americanas nas zonas tropicais africanas
conhece três etapas. Num primeiro tempo, a América exporta mandioca através da
Guanabara e do litoral vicentino. Numa segunda etapa, a mandioca, o milho, a batata-doce
e frutas sul-americanas passam a ser plantados nas terras africanas. Num terceiro tempo,
tais culturas espalham-se pelos sertões africanos. O uso do milho e da mandioca como
ração dos povos da região permitiu que os guerreiros negreiros dilatassem suas áreas de
captura. Roças de mandioca e milho são abertas nas áreas de parada e descanso dos bandos,
facilitando o transporte terrestre de um maior número de cativos do sertão.
(Luiz Felipe de Alencastro. O trato dos viventes, 2000. Adaptado.)
O historiador:
a) relaciona a influência cultural africana com o desenvolvimento da agricultura na
América.
b) mostra o intercâmbio econômico entre os indígenas americanos e os guerreiros
africanos. (Luiz Felipe de Alencastro. Entrevista a Mariluce Moura. “O observador do Brasil no Atlântico Sul”. In:
c) associa a introdução de novos cultivos na África com o aumento do tráfico negreiro. Revista Pesquisa Fapesp, no 188, outubro de 2011.)
d) evidencia o escambo de produtos agrícolas americanos por cativos do interior africano. A “despersonalização” e a “dessocialização” dos escravizados podem ser associadas,
e) destaca a importância da monocultura de exportação desenvolvida no Atlântico Sul. respectivamente,
3. (Enem 2011) O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa pelos árabes a) ao fato de que os escravos eram identificados por números marcados a ferro e à interdição
no século VIII, durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir das Cruzadas do contato entre os cativos e seus senhores.
(séculos XI e XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado b) à noção do escravo como mercadoria e ao fato de que os africanos eram extraídos de sua
do Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a ser um comunidade de origem.
produto de luxo, extremamente caro,chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras. c) à noção do escravo como tolerante ao trabalho compulsório e ao fato de que ele era proibido
CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996. de fazer amizades ou constituir família.
Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o produto escolhido por d) ao fato de que os escravos eram etnologicamente indistintos e à proibição de realização de
Portugal para dar início à colonização brasileira, em virtude de: festas e cultos.
a) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso. e) à noção do escravo como desconhecedor do território colonial e ao fato de que ele não era
b) os árabes serem aliados históricos dos portugueses. reconhecido como brasileiro.
c) a mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente.
7. (Enem 2016) As convicções religiosas dos escravos eram entretanto colocadas a duras provas
d) as feitorias africanas facilitarem a comercialização desse produto.
quando de sua chegada ao Novo Mundo, onde eram batizados obrigatoriamente “para a
e) os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo semelhante.
salvação de sua alma” e deviam curvar-se às doutrinas religiosas de seus mestres. lemanjá, mãe
4. (Unesp 2016) Os diários, as memórias e as crônicas de viagens escritas por marinheiros, de numerosos outros orixás, foi sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, e Nanã Buruku,
comerciantes, militares, missionários e exploradores, ao lado das cartas náuticas, seriam as a mais idosa das divindades das águas, foi comparada a Sant’Ana, mãe da Virgem Maria.
principais fontes de conhecimento e representação da África dos séculos XV ao XVIII. VERGER, P. Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo. SP: Corrupio, 1981.
A barbárie dos costumes, o paganismo e a violência cotidiana foram atribuídos aos O sincretismo religioso no Brasil colônia foi uma estratégia utilizada pelos negros escravizados
africanos ao mesmo tempo em que se justificava a sua escravização no Novo Mundo. A para:
desumanização de suas práticas serviria como justificativa compensatória para a a) compreender o papel do sagrado para a cultura europeia.
coisificação dos negros e para o uso de sua força de trabalho nas plantations da América. b) garantir a aceitação pelas comunidades dos convertidos.
(Regina Claro. Olhar a África, 2012.)
c) preservar as crenças e a sua relação com o sagrado.
As “plantations da América”, citadas no texto, correspondem a: d) integrar as distintas culturas no Novo Mundo.
a) um esforço de coordenação da colonização ao redor do Atlântico, com a aplicação de e) possibilitar a adoração de santos católicos.
modelos econômicos idênticos nas colônias ibéricas da América e da costa africana.
b) uma estratégia de valorização, na colonização da América e na África, das atividades 8. (Enem 2018) Outra importante manifestação das crenças e tradições africanas na Colônia
agrícolas baseadas em mão de obra escrava, com a consequente eliminação de toda forma eram os objetos conhecidos como “bolsas de mandinga”. A insegurança tanto física como
de artesanato e de comércio local. espiritual gerava uma necessidade generalizada de proteção: das catástrofes da natureza, das
c) um modelo de organização da produção agrícola caracterizado pelo predomínio de doenças, da má sorte, da violência dos núcleos urbanos, dos roubos, das brigas, dos malefícios
grandes propriedades monocultoras, que utilizavam trabalho escravo e destinavam a maior de feiticeiros etc. Também para trazer sorte, dinheiro e até atrair mulheres, o costume era
parte de sua produção ao mercado externo. corrente nas primeiras décadas do século XVIII, envolvendo não apenas escravos, mas também
d) uma forma de organização da produção agrícola, implantada nas colônias africanas a homens brancos.
CALAINHO, Feitiços e feiticeiros. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para ocupados. RJ: Palavra, 2013.
partir do sucesso da experiência de povoamento das colônias inglesas na América do Norte.
A prática histórico-cultural de matriz africana descrita no texto representava um(a):
e) uma política de utilização sistemática de mão de obra de origem africana na pecuária,
a) expressão do valor das festividades da população pobre.
substituindo o trabalho dos indígenas, que não se adaptavam ao sedentarismo e à
b) ferramenta para submeter os cativos ao trabalho forçado.
escravidão.
c) estratégia de subversão do poder da monarquia portuguesa.
5. (Unicamp 2020) Um dos eixos da bipolaridade escravista que unia a África à América d) elemento de conversão dos escravos ao catolicismo romano.
portuguesa girava, justamente, na rota aberta entre as duas margens do mar por correntezas e) instrumento para minimizar o sentimento de desamparo social.
e ventos complementares. Na ida, a rota principal seguia o inverso dos ponteiros do relógio,
no sentido dos ventos oeste-leste, entre o Trópico de Capricórnio e 30º5. Na volta, a rota Gabarito:
principal seguia no sentido dos alísios de sudeste, abaixo da linha do Equador. Na medida Questão 5: a) Os ventos alísios sopram no hemisfério Sul na proximidade do Trópico de Capricórnio em direção
em que se zarpava com facilidade de Pernambuco, da Bahia e do Rio de Janeiro até Luanda ao Equador, recebem inclinação em função da rotação da terra. Desta forma, ganham direção aproximada oeste-
ou a Costa da Mina, e vice-versa, a navegação luso-brasileira que se desenvolveu naquelas leste atuando durante o ano inteiro. As embarcações que saiam da África com os africanos aproveitavam os
ventos alísios para chegar ao Brasil.
rotas foi transatlântica e negreira. Vários tipos de trocas uniam as duas margens do oceano. b) Havia uma troca (escambo) entre Brasil e África. Os africanos enviados ao Brasil eram trocados por tabaco,
(L. F. Alencastro, O trato dos viventes. SP: Cia das Letras, 2000, p. 61 - 63.)
aguardente, farinha de mandioca, entre outros produtos.
Com base no excerto e em seus conhecimentos, responda às questões:
a) Explique a direção dos ventos alísios no Atlântico Sul e a sua funcionalidade no Orientação de estudo (TAREFA DE CASA):
transporte marítimo da África para o Brasil.
b) Cite e explique um exemplo de relação estabelecida entre o Brasil e a África na época  Livro 1 – História – Capítulos 2:
da colonização portuguesa na América. ╚►Ler: p. 31 a 33 (açúcar).
╚►Exercícios:
╚► Propostos: ex. 19, 25, 28, 29, 31, 32, 34 e 38 (Capítulo 2 - açúcar);
╚► Complementares: ex. 10, 12, 14 e 23 (Capítulo 2 - açúcar);

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