Você está na página 1de 19

O capitalismo e o

socialismo no século
XX: uma visão geral
ARRIGHI (1996 - INTRODUÇÃO ); FREEMAN; LOUÇÃ (2001 –
INTRODUÇÃO) E SZELÉNYI; BECKETT; KING (1994)
Variedades de Capitalismo
▪ “Permitam-me enfatizar aquilo que me parece um aspecto
essencial da história geral do capitalismo: sua flexibilidade
ilimitada, sua capacidade de mudança e adaptação”
(Braudel, 1982, em Civilização Material, Economia e
Capitalismo).

▪ “O ponto essencial que se deve ter em conta é que, ao


tratar do capitalismo, tratamos também de um processo
evolutivo” (Schumpeter, 1984, em Capitalismo, Socialismo
e Democracia)
Variedades de Capitalismo
▪O capitalismo é um processo evolucionário, capaz de se alterar no
tempo e no espaço.
▪ Por isso é possível observar diferentes manifestações do capitalismo,
ou diferentes regimes de acumulação sob égide do mercado
▪ Regime de acumulação fordista x regime de acumulação flexível
▪ Os diversos regimes de acumulação são associados a sistemas de
regulação que definem as relações econômicas e extra-econômicas
vigentes.
▪ Ex.: Regimes salariais; Estado de Bem-estar social; Padrão concorrencial
Variedades de Capitalismo
▪Giovanni Arrighi (1996)
▪ Padrão histórico capitalista:
▪ Alternância de Épocas: Expansão material x Expansão financeira
▪Expansão material
▪ O capital financeiro dá origem a uma massa de produtos/ mercadorias - DM
▪ Financiamento da acumulação material
▪Expansão financeira
▪ Uma massa crescente de capital monetário se liberta da forma ‘mercadoria’
▪ O capital monetário gera um novo capital monetário – DD’
Variedades de Capitalismo
▪Fordismo
▪ Padrão de acumulação ocidental durante a segunda metade do século XX
▪ Produção e consumo de massa
▪ Políticas de complementação de renda – Sistema de Bem Estar Social
▪ Baixos juros e elevados níveis de investimento e demanda agregada
▪ Regulação Estatal

▪A crise do fordismo origina um novo ciclo sistêmico de acumulação


▪ Pautado na expansão/ acumulação financeira
▪ Protagonismo do setor financeiro
▪ Controle de preços e gastos públicos
▪ Fluidez do Capital
▪ Baixa Regulação Estatal

▪Duas manifestações do capitalismo – Regime de Acumulação Privada


A perspectiva das ondas longas
▪Ciclos econômicos
▪Nicolai Kondratiev (1892 – 1938)
▪Identificou empiricamente a existência de ciclos de
crescimento na economia internacional
▪Caráter cíclico da economia capitalista
A perspectiva das ondas longas
A perspectiva das ondas longas
▪Joseph Schumpeter (1883-1950)
▪ Relaciona os ciclos de Kondratiev a ciclos tecnológicos baseados em
inovações.
▪ A inovação possibilita um novo ciclo (após uma baixa de crescimento)
até que se esgotem as possibilidades de crescimento dela derivadas.
▪Autores schumpeterianos associariam os ciclos de Kondratiev a
ondas longas de desenvolvimento induzidas por inovações
radicais.
A perspectiva das ondas longas
▪As ondas longas de crescimento, induzidas por mudanças
tecnológicas, podem ser associadas às mudanças nos
regimes de acumulação.
▪Motorização dos transportes – Fordismo
▪Computadorização – Acumulação Flexível
▪A capacidade em liderar, ou de estar próximo aos líderes
de novas ondas de crescimento, dependeria de condições
internas para o aproveitamento de janelas de oportunidade.
O Socialismo
▪O socialismo é, então, um sistema econômico no
qual a maioria, ou todos, os meios de produção
são de propriedade coletiva, onde mercados são
restritos a um papel marginal e a lógica da
reprodução econômica é delineada pelo
planejamento central (Szelényi et al, 2005).
O Socialismo
▪A questão da propriedade
▪ “O que caracteriza o comunismo não é a abolição da propriedade em
geral, mas a abolição da propriedade burguesa” (Marx, 1848 - O
Manifesto Comunista, p. 30)

▪ “O fundamento da sociedade comunista é a propriedade comum dos


meios de produção e de troca, isto é, a posse das máquinas, dos
aparelhos, das locomotivas, dos navios a vapor, dos edifícios, dos
armazéns, dos elevadores, das minas, do telégrafo, da terra e do gado”
(Bukarin e Preobrajenski, 2018, p. 48)
O Socialismo
▪ A questão do Estado
▪ Estado – organização de classe do poder.
▪ Representa o poder de uma classe contra as outras (Luta de Classes)
▪ Comunismo
▪ Estado desnecessário perante a ausência de classes sociais
▪ Repartições de contabilidade e estatística – responsabilidade pelo
planejamento central
▪ Direção central comunista
▪ Guiadas por trabalhadores
▪ “Assim como os músicos numa orquestra seguem a batuta do maestro e por ela se
regulam, assim os homens seguirão os quadros da estatística e com eles conformarão o
seu trabalho” (Bukharin e Preobajenski, 2018, p. 52)
O Socialismo
▪Principais experiências do “socialismo real”
▪Rússia – 1917
▪ União Soviética – 1922 - 1991
▪China – 1949
▪Características divergentes das previstas pelas teorias
▪As experiências socialistas apresentaram características
muito similares.
▪ Modelo Soviético
O socialismo no século XX
▪Origem em revoluções
▪ Deposição de governos decadentes e baseados em economias agrárias
▪ Regimes pouco democráticos e autoritários
▪ Economias pobres e industrialmente enfraquecidas
▪ Capitalismo pouco desenvolvido
▪ Escassez de capital
▪ Desigualdade social
▪ Adoção de modelos desenvolvimentistas
▪ Programas de substituição de importações
▪ Semelhanças com as economias capitalistas de industrialização tardia no século XX
As teorias críticas sobre o
Socialismo real
▪Teoria da Sociedade em transição
▪ Leon Trotsky
▪ Livro: “The Revolution Betrayed: What is the Soviet Union and Where is It Going?”
(1937)
▪ Argumenta contra a idea de que Lênin havia criado um Capitalismo de Estado na Rússia
▪ Para o autor, a revolução teve caráter socialista, mas a burocracia stalinista criou um
regime de castas que fugiu da revolução proletária.
▪ Burocracia = casta privilegiada
▪ Não eliminou completamente a desigualdade
▪ A burocracia teria se apropriado do poder político do operariado
▪ A URSS dos anos 1930 não seria capitalista, mas também não seria uma sociedade
socialista. Seria, então, uma sociedade em transição.
As teorias críticas sobre o
Socialismo real
▪Tese do capitalismo de estado
▪Assume a burocracia como uma classe detentora (de
fato/ mas não de jure) dos meios de produção.
▪ Uma segunda versão assume a gerência das empresas estatais como
uma nova burguesia
▪A burocracia cumpre o papel da burguesia no processo de
aceleração industrial.
▪ Controla a acumulação e o investimento
▪ Controla a distribuição
As teorias críticas sobre o
Socialismo real
▪Teoria do Coletivismo Burocrático
▪ Não identifica a experiência real como socialista “de fato”
▪ Diferentes modelos político-econômicos se caracterizam pela força da
burocracia, em menor ou maior escala. Estes são modelos como o
fascismo na Itália, Alemanha e Japão, o New Deal nos EUA e o
Stalinismo na Rússia.
▪ Tais “sistemas” não seriam socialistas ou capitalistas a partir dessa perspectiva
▪ No coletivismo burocrático, a burocracia de estado figura como uma
classe específica. Seu poder seria baseado na dimensão da
propriedade coletiva (estatal) dos meios de produção.
As teorias críticas sobre o
Socialismo real
▪Teoria da Economia Socialista Redistributivista
▪ Nas sociedades arcaicas o excedente produzido era apropriado por uma
autoridade central. Esta autoridade redistribuiria esses excedentes de acordo
com seus propósitos.
▪ Objetivos – Reprodução do sistema social
▪ De forma similar, nas sociedades modernas socialistas o planejador central se
apropria dos excedentes e os redistribui de forma mais “eficiente”.
▪ Poder redistributivo
▪ Planejamento central mais eficiente que os mercados na alocação dos excedentes
▪ Objetivo – promoção do crescimento (aceleração industrial intensiva)
▪ “Racionalidade teleológica” – orientada por metas e objetivos (planejamento)
Considerações finais
▪O Capitalismo enquanto um modelo evolucionário e adaptável
▪ Apresentou diferentes manifestações ao longo do século XX
▪ Caráter cíclico
▪Socialismo Real
▪ Originado em condições distintas das previstas pelas teorias
▪ Questionado quanto à sua fidelidade aos preceitos teóricos
▪ Busca pela aceleração industrial
▪Guerra Fria

Você também pode gostar