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Representações mentais e protótipos

Quanto à lexicalização e à significação das palavras de um idioma, mesmo que


compartilhem de uma mesma realidade geral, diferentes povos, culturas e mesmo
pessoas irão categorizar e entender essa realidade a partir de diferentes recortes,
levando em consideração aspectos e características que são mais ou menos
relevantes na sua realidade mais específica. Assim, o significado não é resultado de
uma correspondência exata entre o mundo e as palavras, pois depende também das
representações mentais que são estruturadas.
De todo um mundo, os conceitos são as ideias ou objetos específicos, que
adquiriram relevância suficiente em um idioma para que fossem diferenciados de
outros conceitos mais semelhantes. Quando são realmente relevantes, tornam-se
conceitos lexicalizados, palavras únicas. Do contrário, quando um conceito é pouco
utilizado ou irrelevante, ele não é lexicalizado, e será retomado ou referenciado por
meio de frases. Essa relevância varia de cultura para cultura, e pode ser notada
facilmente quando, por exemplo, para um mesmo termo em português existem
múltiplos no inglês (ou o inverso disso), cada um com uma nuance específica e cuja
tradução exigiria uma frase que o contextualizasse.
Sobre essa variação e as diferentes representações mentais, chama-se
subextensão quando um termo mais generalista é usado para se referir apenas a um
dos componentes ou parte desse grupo maior, e superextensão quando um termo é
usado para se referir a outros conceitos considerando apenas uma parcela dos traços
de significação, desconsiderando os prováveis relevantes traços que os diferenciam.
Esse tipo de ocorrência é mais frequente durante a aquisição de linguagem, mas não
se limita somente a esse momento.
A fim de corrigir alguns problemas observados no processo de
conceitualização anteriormente proposto, surgiu a teoria dos protótipos, modelo
segundo o qual os conceitos são estruturados de forma gradual, com membros típicos
centrais e outros mais periféricos, considerando-se as características que esses
membros compartilham entre si. Quanto mais central e típico, mais facilmente um
membro será reconhecido como pertencente a determinada categoria, e mais
facilmente ele será associado a determinado conceito.

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