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Gregório de Matos

A Procissão das Cinzas de Pernambuco

Um negro magro em sofolié justo,


De joias azorragues dois pendentes,
Bárbaro Peres, e outros penitentes,
De vermelho um mulato, mais robusto.

Com as asas seis anjinhos, sem mais custo,


Uns meninos fradinhos inocentes,
Dez ou doze brichotes mui agentes,
Vinte ou trinta canelas de ombro onusto.

Sem debita reverencia, seis andores,


Um pendão de algodão, tinto em tejuco,
Em parelha dez pares de menores;

Atrás um negro, um cego, um mameluco,


Três lotes de rapazes gritadores:
Eis a procissão de cinza em Pernambuco.

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