Você está na página 1de 17

Forças de atrito.

Existem dois tipos de forças de contato: a força normal, que é sempre perpendicular à superfície e a força de atrito.

O atrito é importante em muitos aspectos de nossa vida cotidiana. O óleo no motor de um automóvel minimiza o atrito
entre as partes móveis, porém, não fosse o atrito entre os pneus do carro e o solo, não poderíamos dirigir um carro e nem
fazer curvas.
O arraste do ar, a força de atrito exercida pelo ar sobre um corpo que nele se move, faz aumentar o consumo de combustível
de um carro mas possibilita o uso do para-quedas.
Existem três tipos de atrito: o estático, o cinético (ou dinâmico) e o rotacional.

Mas do que será que depende a força de atrito?

Vamos pensar em um caso prático. Um carro atolado. O que se faz para tirá-lo do atolamento?

Podemos subir em cima do carro, para aumentar o peso:

Podemos mudar a superfície de contato:

Podemos concluir que o atrito depende da normal, que é a


reação de contato ao peso, a da superfície de contato.
Observem que o atrito não depende da área de contato, então um pneu mais largo não vai lhe dar mais atrito.

𝑓𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 = 𝜇 ∙ 𝑁

Onde µ é o coeficiente de atrito entre as superfícies e N é a normal.

Força de atrito estático:

Desde o momento em que tentamos colocar algum objeto em movimento até o momento em que ele efetivamente entra
em movimento atua o atrito estático.
Para calcular o atrito estático:

𝑓𝑠 ≤ 𝜇𝑠 ∙ 𝑁

Sendo:
fs = força de atrito estático, dada em newton (N);
µS = coeficiente de atrito estático, adimensional.
N = normal, dada em newton (N).

Força de atrito cinético (ou dinâmico):

A partir do momento em que você coloca o corpo em movimento, passa a atuar o atrito cinético. O atrito cinético é sempre
menor do que o estático, por este motivo é mais difícil colocar um corpo em movimento do que mantê-lo em movimento.

Evita a derrapagem
(atrito cinético).

Andar arrastando
Para calcular o atrito cinético:

𝑓𝑐 = 𝜇𝑐 ∙ 𝑁

Sendo:
fc = força de atrito estático, dada em newton (N);
µc = coeficiente de atrito estático, adimensional.
N = normal, dada em newton (N).

Ao lado, uma tabela com os valores dos coeficiente de atrito


estático e cinético de alguns materiais.
Detalhando as forcas de atrito estático e cinético:
Exemplo 1: Você está tentando mover um engradado de peso igual a 500 N sobre um piso plano. Para iniciar o movimento,
você precisa aplicar uma força horizontal de módulo igual a 230 N. Depois da “quebra do vínculo” e de iniciado o movimento,
você necessita apenas de 200 N para manter o movimento com velocidade constante. Qual é o coeficiente de atrito estático
e o coeficiente de atrito cinético?

Diagrama de corpo livre:

Caso estático:

෍ 𝐹𝑦 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ aceleração nula (o engradado está parado e não está pulando).


Dados:
T = 230 N;
P = 500 N; ෍ 𝐹𝑦 = 0
m = 500/9,8 = 51 kg
𝑁=𝑃 𝑁 = 500 𝑁
෍ 𝐹𝑥 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ aceleração nula (o engradado está parado).

෍ 𝐹𝑥 = 0

𝑓𝑠 = 𝑇 → 𝜇𝑠 ∙ 𝑁 = 𝑇 → 𝜇𝑠 ∙ 500 = 230 𝜇𝑠 = 0,46

Caso cinético:
෍ 𝐹𝑦 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ aceleração nula (o engradado não pula).
Dados:
T = 200 N;
P = 500 N; ෍ 𝐹𝑦 = 0
m = 500/9,8 = 51 kg
𝑁=𝑃 𝑁 = 500 𝑁

෍ 𝐹𝑥 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ aceleração nula (velocidade constante).

෍ 𝐹𝑥 = 0

𝑓𝑐 = 𝑇 → 𝜇𝑐 ∙ 𝑁 = 𝑇 → 𝜇𝑐 ∙ 500 = 200 𝜇𝑐 = 0,40


Exemplo 2: No exemplo anterior, qual é a força de atrito se o engradado dado está em repouso sobre uma superfície e uma
força horizontal de 50 N é aplicada sobre ele?

Diagrama de corpo livre:

Dados: Sabemos pelo exercício anterior que a força mínima para ele se movimentar é 230 N.
T = 50 N; Logo, com uma força aplicada de 50 N ele não irá se movimentar.
P = N = 500 N;
m = 500/9,8 = 51 kg
෍ 𝐹𝑥 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ aceleração nula (engradado parado).

෍ 𝐹𝑥 = 0

𝑓𝑠 = 𝑇 Enquanto não for atingida a força necessária para o engradado se


mover (230 N), ele vai reagir com a mesma força que for aplicada
𝑓𝑠 = 50 𝑁 sobre ele.
Exemplo 3: No exemplo 1, suponha que você tente mover o engradado amarrando uma corda em torno dele e puxando
a corda para cima com um ângulo de 30o com a horizontal. Qual é a força que você deve fazer para manter o movimento
com velocidade constante? O esforço que você faz é maior ou menor do que quando aplica uma força horizontal?

Ty

Diagrama de corpo livre:


Tx

Vamos fazer primeiramente as projeções da força T:


𝑇𝑥 = 𝑇 ∙ cos 𝜃 → 𝑇𝑥 = 𝑇 ∙ cos(30)
𝑇𝑦 = 𝑇 ∙ sin 𝜃 → 𝑇𝑦 = 𝑇 ∙ sen(30)

E agora vamos usar as condições de equilíbrio:

෍ 𝐹𝑦 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ aceleração nula (o engradado não está pulando).

෍ 𝐹𝑦 = 0  𝑁 + 𝑇𝑦 = 𝑃  𝑁 = 𝑃 − 𝑇𝑦  𝑁 = 𝑃 − 𝑇 ∙ sin(30)
෍ 𝐹𝑥 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ aceleração nula (velocidade constante).

෍ 𝐹𝑥 = 0

𝑓𝑐 = 𝑇𝑥  𝜇𝑐 ∙ 𝑁 = 𝑇 ∙ cos(30)

𝑁 = 𝑃 − 𝑇 ∙ sin(30)

Substituindo:

𝜇𝑐 ∙ 𝑁 = 𝑇 ∙ cos(30)  𝜇𝑐 ∙ 𝑃 − 𝑇 ∙ sin(30) = 𝑇 ∙ cos(30)  𝜇𝑐 ∙ 𝑃 = 𝑇 ∙ cos 30 + 𝜇𝑐 ∙ 𝑇 ∙ sin(30)

 𝜇𝑐 ∙ 𝑃
𝑇 ∙ cos 30 + 𝜇𝑐 ∙ sin 30 = 𝜇𝑐 ∙ 𝑃  𝑇=
cos 30 + 𝜇𝑐 ∙ sin 30
Dados:
µc = 0,40;
0,40 ∙ 500 𝑇 = 188 𝑁
FH = 200 N; 𝑇=
P = 500 N. cos 30 + 0,40 ∙ sin 30
Diminuiu 6%.
Exemplo 4: Vamos voltar ao problema do tobogã. A graxa envelheceu e agora existe um coeficiente de atrito cinético µC.
A inclinação é apenas suficiente para que o tobogã se desloque com velocidade constante. Sabendo que o ângulo  de
Inclinação é igual a 20 o, determine o coeficiente de atrito.

Diagrama de corpo livre:

Vamos fazer primeiramente as projeções da força peso (P):

𝑃𝑥 = 𝑃 ∙ sin 𝜃
𝑃𝑦 = 𝑃 ∙ cos 𝜃
E as condições de equilíbrio:

෍ 𝐹𝑦 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ aceleração nula (o tobogã desliza e não quica).

෍ 𝐹𝑦 = 0  𝑁 = 𝑃𝑦  𝑁 = 𝑃 ∙ cos 𝜃
෍ 𝐹𝑥 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ aceleração nula (velocidade constante).

෍ 𝐹𝑥 = 0

𝑓𝑐 = 𝑃𝑥  𝜇𝑐 ∙ 𝑁 = 𝑃 ∙ sin 𝜃

Substituindo:
𝑁 = 𝑃 ∙ cos 𝜃

𝜇𝑐 ∙ (𝑃 ∙ cos 𝜃) = 𝑃 ∙ sin 𝜃

𝑃 ∙ sin 𝜃
𝜇𝑐 =
𝑃 ∙ cos 𝜃

𝜇𝑐 = tan 𝜃

Para  = 20o:
𝜇𝑐 = tan(20)  𝜇𝑐 = 0,36
Exemplo 5: O mesmo tobogã com o mesmo coeficiente de atrito (𝜇𝑐 = 0,36) do exemplo anterior acelera para baixo de uma
encosta muito íngreme ( = 62o). Calcule a aceleração do tobogã.

Diagrama de corpo livre:

Fazendo as projeções da força peso (P):

𝑃𝑥 = 𝑃 ∙ sin 𝜃
𝑃𝑦 = 𝑃 ∙ cos 𝜃
E as condições de equilíbrio:

෍ 𝐹𝑦 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ aceleração nula (o tobogã desliza).

෍ 𝐹𝑦 = 0  𝑁 = 𝑃𝑦  𝑁 = 𝑃 ∙ cos 𝜃
෍ 𝐹𝑥 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ

𝑃𝑥 − 𝑓𝑐 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎

𝑃𝑥 − 𝜇𝑐 ∙ 𝑁 = 𝑚 ∙ 𝑎  𝑃 ∙ sin 𝜃 − 𝜇𝑐 ∙ (𝑃 ∙ cos 𝜃) = 𝑚 ∙ 𝑎

Usando que P = m · g
𝑚 ∙ 𝑔 ∙ sin 𝜃 − 𝜇𝑐 ∙ (𝑚 ∙ 𝑔 ∙ cos 𝜃) = 𝑚 ∙ 𝑎

𝑎 = 𝑔 ∙ (sin 𝜃 − 𝜇𝑐 ∙ cos 𝜃)

Observem que a aceleração não depende da massa. Substituindo µc = 0,36 e  = 62o :

𝑎 = 9,8 ∙ (sin 62 − 0,36 ∙ cos(62)) 

𝑎 = 7,0 𝑚/𝑠 2
Exemplo 6: Luiz apostou com um inocente desconhecido que pode manter uma caixa de 2 kg contra um dos lados de um
carrinho, conforme mostrado na figura abaixo, e que a caixa não cairá no chão. Luiz afirma que não pretende utilizar ganchos,
cordas, pregadores, imãs, cola ou adesivos de qualquer outro tipo. Aceita a aposta, Luiz começa a empurrar o carrinho no
sentido mostrado. O coeficiente de atrito estático entre a caixa e a superfície frontal do carrinho é µs = 0,6.
a) Determine a aceleração mínima que garanta a vitória de Luiz.
b) Qual o módulo da força de atrito neste caso? fs

Diagrama de corpo livre: N

P
a) Usando as condições de equilíbrio:

෍ 𝐹𝑦 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ aceleração nula (a caixa não cai).

𝑃
෍ 𝐹𝑦 = 0  𝑓𝑠 = 𝑃  𝜇𝑠 ∙ 𝑁 = 𝑃  𝑁 =
𝜇𝑠
෍ 𝐹𝑥 = 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 𝑎Ԧ

𝑁 =𝑚∙𝑎

Substituindo
𝑃 𝑚∙𝑔 𝑔 9,8
=𝑚∙𝑎  =𝑚∙𝑎  𝑎=  𝑎=
𝜇𝑐 𝜇𝑐 𝜇𝑐 0,6

𝑎 = 16,3 𝑚/𝑠 2

b) Força de atrito:

𝑓𝑠 = 𝜇𝑠 ∙ 𝑁

𝑁 =𝑚∙𝑎

Então: 𝑓𝑠 = 𝜇𝑠 ∙ 𝑚 ∙ 𝑎  𝑓𝑠 = 0,6 ∙ 2 ∙ 16,3  𝑓𝑠 = 19,6 𝑁

ou simplesmente: 𝑓𝑠 = 𝑃  𝑓𝑠 = 𝑚 ∙ 𝑔 = 2 ∙ 9,8  𝑓𝑠 = 19,6 𝑁

Você também pode gostar