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TRANSMISSÃO DE FORÇA E POTÊNCIA

Prof. Eng. Wladimir Borges


TRANSMISSÃO DE VEÍCULOS E MÁQUINAS I

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TRANSMISSÃO DE FORÇA E POTÊNCIA
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TRANSMISSÃO DE VEÍCULOS E MÁQUINAS I

POTÊNCIA EM VEÍCULOS E MÁQUINAS

Introdução
É provável que você já tenha ouvido falar em potência do motor. Praticamente
todos os anúncios de carros ou máquinas mencionam. Quem fala de automóvel ou
máquinas sempre toca nesse ponto e até a maioria dos cortadores de grama
têm adesivos enormes informando a potência do motor.
Mas, o que é potência e o que ela significa em termos de desempenho?
Agora iremos saber o que é potência exatamente e como você pode aplicá-la no
seu dia-a-dia.
No sistema métrico, a potência é expressa em cavalos-vapor (cv). Um cavalo-
vapor equivale a 0,98629 hp - sigla de horse-power, unidade de potência do
sistema inglês. O termo horse-power foi criado pelo engenheiro escocês James
Watt. Ele viveu de 1736 a 1819 e se tornou mais conhecido pelas melhorias que
introduziu nas máquinas a
vapor. Podemos nos lembrar O que potência significa segundo Watt é: um cavalo pode executar 4.566
dele sempre que mencionarmos kg.m de trabalho a cada minuto. Imagine então um cavalo içando o carvão de
as lâmpadas de 60 watts. uma mina, como mostrado acima. Um cavalo que exerça um cavalo-
O fato é que Watt trabalhava vapor pode içar 152,2 kg de carvão a 30 m em 1 minuto, ou 456,6 kg a 10 m
com seus cavalos içando carvão nesse mesmo minuto. Pode-se combinar à vontade o peso levantado e
de uma mina e queria transmitir a altura para levantá-lo. Desde que o produto resulte em 4.566 kg.m em 1
a idéia da potência minuto, temos um HP.
disponível de um desses Pode lhe ocorrer de não querer carregar o balde com 4.566 kg de carvão e
animais. Terminou descobrindo mandar o cavalo andar 1 metro em 1 minuto, porque o cavalo não agüentaria
que os cavalos da mina eram peso tão grande. Ou ainda pensar que o cavalo não poderia andar 10.000 m
capazes de executar, em média, em 1 minuto carregando pouco mais de 0,5 kg, uma vez que isso seria
22.000 pés-libra (3.044 equivalente a percorrer 600 km em uma hora e os cavalos não são capazes
quilogramas. metro, ou kg.m) de disso. Entretanto, basta consultar “Como funciona o sistema de roldana”, para
trabalho em um minuto. Ele deu perceber que as polias combinadas são capazes de conciliar
então um acréscimo de 50% facilmente peso percebido por distância por meio de um arranjo de polias.
Máquina a vapor do Eng. James Watt
nesse número e determinou Poderíamos criar assim um sistema de polias combinadas que
que um cavalo-vapor é proporcionasse um peso confortável para o cavalo a uma velocidade
equivalente a 33.000 pés-libra de trabalho (4.566 kg.m) em um minuto. Esta é a confortável, não importa qual o peso real do balde.
unidade arbitrária de medida que permaneceu válida durante séculos e que hoje
consta do seu carro, cortador de grama, motosserra e em alguns casos, até
mesmo de seu liquidificador ou aspirador de pó. Os hp também podem ser convertidos em outras unidades. Por exemplo:
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 Um hp é equivalente a 746 watts. De modo que se um cavalo pudesse rotação fosse reduzida para 6.000 rpm e assim sucessivamente. Seria
andar em uma esteira sem fim desenvolvendo 1 hp, seria possível também possível fazer o mesmo começando com 500 ou 1.000 rpm e
acionar um gerador produzindo continuamente 746 watts. . funcionar no sentido inverso, aumentando a rotação. O que os dinamômetros
Nessa apostila, você aprenderá tudo sobre potência e o que ela significa em realmente medem é o torque (em Newton. metro, Nm) e para converter
relação às máquinas. torque em cavalo-vapor basta multiplicarmos em Nm por rpm e dividirmos por
7.025,9. Isto é:
Como medir Potência
Se desejarmos saber quantos cv (ou HP) tem um motor, colocamos o motor num
dinamômetro. Um dinamômetro impõe uma carga ao motor e mede a quantidade Torque ( N .m) x Velocidade ( RPM )
de potência que o motor pode produzir contra essa carga. Essa carga nada mais é Potência (Cv) =
do que um freio, que pode ser hidráulico ou elétrico.
7025,9

Obs.: Ainda se lê bastante nas revistas e nos sites da Internet o torque em


quilograma-força.metro (kgf.m), em que 1 kgf.m corresponde a 9,81 Nm. Se
você tiver torque em kgf.m e quiser convertê-lo em cv, multiplique-o por rpm e
divida-o por 716,2.
Torque (kgf .m) x Velocidade ( RPM )
Potência (Cv) =
716,2

Como se faz um gráfico de potência


Se você plotar potência desenvolvida versus as rotações do motor, consegue
a curva da potência do motor. A curva de potência (cv) típica para um motor
de alto desempenho pode ter a aparência aqui mostrada:

Os passos a seguir dão uma idéia de como funciona um dinamômetro. Imagine o


que aconteceria se ligássemos o motor do carro, colocássemos o câmbio em
ponto-morto e acelerássemos tudo. O motor alcançaria uma rotação tão rápida
que poderia vir a se despedaçar. Como isto deve ser evitado, além de não servir
para nada, podemos, no dinamômetro, aplicar uma carga ao motor com o
acelerador todo aberto e medir que carga ele pode vencer em diferentes rotações.
Podemos ligar o motor, acelerá-lo ao máximo e, com o dinamômetro, manter
a carga no motor, digamos, a 7.000 rpm. Nesse ponto podemos registrar a carga
máxima com a qual o motor pode funcionar nessa rotação. A partir daí podemos
aplicar mais carga, diminuir a rotação do motor para 6.500 rpm e tomar nota da
carga. A seguir poderíamos aplicar a carga adicional necessária para que a
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O que um gráfico como esse salienta é que qualquer motor tem uma potência de
pico, ou seja, uma rotação em que a potência produzida pelo motor é a maior
possível. O motor tem também um torque de pico a uma rpm específica. Muitas
vezes vemos em uma revista ou brochura a expressão: "320 cv a 6500 rpm, 393
Nm de torque a 5000 rpm" (dados do Shelby Series 1 1999). Muitas pessoas
dizem que um certo motor tem "muito torque em baixa", querendo significar que o
torque máximo ocorre a uma rotação razoavelmente baixa, 2 mil a 3 mil rpm.
Também podemos ver com a curva de potência em que ponto ela é máxima.
Quando se tenta obter a maior aceleração possível, procura-se deixar o motor
próximo desse ponto, mostrado na curva. Essa é a razão pela qual muitas vezes
se reduz marcha para retomar velocidade: reduzindo aumentamos a rotação do
motor, que fica mais perto do ponto de maior potência. Quando se quer "pular"
com o carro na abertura de um sinal de trânsito, o que se faz normalmente é
aumentar a rotação do motor até o pico de potência, e depois soltar a embreagem,
de maneira a descarregar a potência máxima nos pneus.

Potência dos carros de alto desempenho

Um carro é tido como de 'alto desempenho' se tem bastante potência em


relação ao seu peso. Isso faz sentido, pois quanto mais pesado, mais potência
será necessária para acelerar o automóvel. Para uma dada quantidade de
potência deseja-se minimizar o peso para maximizar a aceleração.
A tabela seguinte mostra a potência do motor e os pesos para diversos carros de
alto desempenho (e para um de baixo desempenho, para fins comparativos). O
gráfico mostra a potência máxima, o peso do carro, à relação peso-potência (kg
dividido por cv), quantos segundos o carro precisa para acelerar de zero a 96 km/h
e o preço.

F 355

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A potência desenvolvida pelas máquinas pesadas é a mesma dos veículos,
lembrando que a aplicação da potência destina-se ao elevado torque, em EMBREAGEM
detrimento a sua velocidade. Isto é, a velocidade e o torque (força rotacional), são A embreagem destina-se a desligar o motor das rodas motrizes quando se
antagônicos. Ou seja, para grandes forças, teremos baixa velocidade e, para efetua uma mudança de velocidade
grandes velocidades, força diminuta. Assim, temos a potência como sendo: ou quando se arranca. Torna-se
assim possível engatar
F.d d suavemente uma nova
Pot = mas v = ⇒ Pot = F .v engrenagem antes da transmissão
t t voltar a ser ligada, ou quando
Dessa forma, a potência pode ser destinada a dar maior velocidade, como a houver um novo arranque,
Ferrari F355 ou a ser usada para garantir um torque significativo, como em um permitindo que o motor atinja as
trator Caterpillar D11R. rotações suficientes para deslocar
o automóvel.

F 355 O princípio de funcionamento de uma embreagem


Um disco revestido por uma lixa em uma de suas faces, movido por uma
furadeira, representa o volante do motor, conforme a figura.

TRANSMISSÃO DE FORÇA E POTÊNCIA

Notoriamente, a transmissão de força e potência a ser transmitida do motor até a


roda ou esteira de máquinas e ou veículos, é efetuada por uma série de conjuntos Se um segundo disco, também revestido com uma lixa em uma de suas
mecânicos, interligados entre si com funções bem definidas. Normalmente esses faces, for posto em contato com o primeiro, este também entrará em
conjuntos em sistemas mais simplificados são: movimento, por atrito, como o primeiro, solidarizando-se. Este é o princípio
 Embreagem; básico do funcionamento das embreagens.
 Transmissão;
 Diferencial / Comando final.

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Embreagem de Diafragma suficientemente grande para evitar qualquer deslizamento (patinagem)
sempre que o motor transmite o torque máximo ao volante.
O desembrear faz-se separar três partes do conjunto da embreagem: o volante do Numa embreagem de molas, o platô é impelido por um certo número de
motor, o disco e o platô, ou placa de pressão da embreagem. O volante do motor molas helicoidais e aloja-se, juntamente com estas, numa tampa de aço
está fixado por meio de parafusos ao virabrequim e roda e é solidário com este; o estampado, fixa ao volante do motor. As molas apóiam nesta tampa e
disco de embreagem encaixa, por meio de estrias, no eixo primário da caixa de exercem pressão sobre ela. Nem o disco da embreagem, nem o platô estão
cambio e, assim, roda com este; o platô da embreagem fixa o disco de encontro ligados rigidamente ao volante do motor, podendo ambos aproximar-se ou
ao volante do motor. afastar-se deste, conforme for acionado pelo pedal, que pode ser mecânico
ou hidráulico.

Na figura acima, mostramos o sistema mecânico. O pedal está ligado à


embreagem através de tirantes, alavancas ou cabos.

Já na figura abaixo, o sistema hidráulico torna mais suave o acionamento da


embreagem. A pressão do óleo, oriunda do movimento do cilindro principal,
aciona o servo cilindro que por sua vez aciona o garfo.

Quando se diminui a pressão do platô (carregando no pedal da embreagem), o


virabrequim e o eixo primário da caixa de cambio passam a ter movimentos
independentes. Quando o motorista soltar o pedal, aqueles se tornam solidários.
Ambas as faces do disco da embreagem, um disco fino de aço de elevada
tenacidade, estão revestidas com um material de fricção (a guarnição da
embreagem). Quando o disco da embreagem está fixado de encontro ao volante
do motor por meio do platô da embreagem, a força de aperto deverá ser
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Princípio de Funcionamento do Diafragma As expressões “embreagem de diafragma” e “embreagem centrífuga” derivam


dos processos segundo os quais a carga é aplicada aos revestimentos de
O diafragma, quando não está acionado, ou seja, desembreado, mantém fricção.
solidário o platô ao disco, isto é, o motor a transmissão. Quando o diafragma está
plano, o mesmo empurra o platô conforme mostra a figura. Embreagem centrífuga
À medida que o conjunto da embreagem roda com o motor, os contrapesos
são impelidos para a periferia pela força centrífuga, o que obriga as pastilhas
da embreagem a exercer uma maior pressão sobre o platô. Quanto mais
elevado for o número de rotações do motor, maior será a força exercida.
O sistema de embreagem centrífuga pode ser utilizado em vez do sistema de
molas ou como suplemento deste. Componentes de uma embreagem de
molas – O platô está montado na tampa que, por seu lado, está fixada por
parafusos ao volante do motor, pelo que estas três peças se movem de forma
conjunta. As molas de encosto, apoiando-se contra a tampa, apertam o disco
entre o platô e o volante. Funcionamento do anel embreado – As molas
mantêm o disco apertado entre o platô e o volante do motor, mas quando a
pressão sobre o pedal, através da placa de impulso, faz com que as pastilhas
puxem para trás o platô.

Quando embreado, o anel de


impulso faz fletir o diafragma,
liberando, desta forma o platô,
ou seja, desacoplando o motor
do eixo que liga a transmissão.

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Embreagem eletrônica Volante de dupla massa
O sistema de acionamento automático da embreagem foi concebido para A massa do volante convencional foi dividida em duas. Uma das partes
proporcionar total conforto ao dirigir, principalmente em condições onde a troca de permanece pertencendo à massa de inércia do motor. A outra, no entanto,
marchas é muito exigida, como nos grandes centros urbanos. passa a integrar a massa de inércia da transmissão.
A embreagem eletrônica é um sistema conjugado ao câmbio manual
convencional, equipado com platô e sem pedal de embreagem. Oferece as
vantagens de conforto da transmissão automática, porém com menor custo de
instalação e manutenção e menor consumo de combustível.
Seu funcionamento se dá por meio de sensores instalados em diversos pontos do
veículo, que transmitem informações para o módulo eletrônico que as analisa e
envia instruções para o atuador, o qual efetua o acionamento da embreagem.
Os sensores são fixados nos seguintes pontos do veiculo e identificam,
respectivamente:
 Alavanca de câmbio, sensor de intenção de troca de marchas.
 Motor, sensor de posição da borboleta da injeção eletrônica.
 Motor, sensor de rotação, para o cálculo do RPM.
 Câmbio, sensor de velocidade, para cálculo da velocidade.
As duas massas são ligadas por um sistema de amortecedor com molas
especiais. Um disco de embreagem sem sistema de amortecedor torcional
permite o acoplamento entre a massa secundaria e a transmissão.
Este volante bi massa permite absorção das vibrações, isola os ruídos,
conforto no engate da transmissão, etc.
Esta solução veio atender à necessidade de diminuição as fontes de ruído,
dos pistões que geram vibrações torcionais, com o processo de detonação
periódico e rotações mais baixas.
Veja a seguir o comparativo da embreagem convencional com a
embreagem com volante de dupla massa

Além do conforto ao dirigir, o sistema ainda oferece:


 Acompanhamentos mais progressivos, com baixo pico de rotação do motor
e desacoplamentos sem ruídos ou oscilações nas trocas de marcha.
 Controle de amortecimento das vibrações causadas por variações de
torque.
 Bom controle e fácil dosagem do torque do veiculo na arrancada.

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A velocidade máxima de um automóvel depende da potência máxima que seu


motor vai desenvolver, estando próximo ao número máximo de rotações do
motor.
As rodas do tipo médio, porém, apenas necessitam girar à velocidade de
1000 RPM, para percorrerem 110 km/h, razão pela qual não podem ser
ligadas diretamente ao motor. Deverá existir, portanto, um sistema que
permita às rodas dar uma rotação completa enquanto o motor efetua quatro, o
que se consegue por meio de uma desmultiplicação, ou redução, no
diferencial. É comum a relação de transmissão de 4:1, entre a velocidade de
rotação do motor e das rodas. Enquanto o automóvel se desloca a uma
velocidade constante numa via plana, esta redução é suficiente. Contudo, se
o automóvel tiver de subir uma encosta, a sua velocidade diminuirá e o motor
começara a falhar.
A seleção de uma velocidade mais baixa (relação mais baixa) permite que o
motor trabalhe a um maior número de rotações em relação às rodas,
multiplicando-se assim o torque (binário motor).

Por outro lado, carros e máquinas necessitam de um sistema de transmissão


TRANSMISSÃO OU CAIXA DE CÂMBIO em função da física do motor. Primeiramente, todo motor possui um limite,
isto é, um valor de RPM máximo, acima do qual não consegue rodar sem
INTRODUÇÃO explodir. Em segundo lugar, você já viu anteriormente como funciona a
A transmissão envolve todos os componentes mecânicos que levam a energia potência do motor, sabe que os motores possuem faixas estreitas de rpm,
proveniente do volante do motor até as rodas motrizes. Apresenta três potência desenvolvida e o torque estão no seu valor máximo. Um motor, por
componentes principais: a embreagem, a caixa de velocidades e o diferencial. A exemplo, pode produzir seu máximo torque a 5.500 rpm. A transmissão
transmissão envolve todos os componentes mecânicos que levam a energia permite que a relação de transmissão entre o motor e as rodas de
proveniente do volante do motor até as rodas motrizes. Apresenta três acionamento mude à medida que a velocidade do veículo aumenta ou
componentes principais: a embreagem (que já estudamos), a caixa de câmbio diminui. Trocam-se as marchas para que o motor mantenha-se abaixo do
ou a transmissão e o diferencial. limite e próximo da faixa de RPM de sua melhor performance.

Existem vários tipos de transmissão ou caixa de câmbio aplicado nos veículos


e máquinas, entretanto, estudaremos as principais que são:

 Transmissão ou Caixa de câmbio manual ou mecânica;


 Transmissão ou Caixa de câmbio automática ou hidráulica;
 Transmissão hidrostática.

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TRANSMISSÃO OU CAIXA DE CÂMBIO MANUAL OU MECÂNICA

É o componente mecânico que faz a ligação entre o sistema de embreagem e o


eixo de transmissão. É a caixa de velocidades ou caixa de câmbio que permite ao
condutor selecionar a melhor relação entre a rotação do motor e a rotação
desejada das rodas para que se tire melhor proveito das capacidades do motor
(sejam elas potência, consumos ou suavidade de condução). As caixas de
velocidade manuais é o condutor responsável por selecionar a relação da caixa,
isto é, passar as marchas em função da velocidade ou torque requerido.

Princípio de Funcionamento
As ilustrações a seguir demonstram o seu princípio de funcionamento.

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Saímos do exemplo didático ilustrativo para exemplos mais reais. Vejamos a Um automóvel de pequenas dimensões com câmbio de 4 velocidades
seguir uma caixa de câmbio de 4 velocidades avante e uma a ré e sua relação de necessita de uma redução, em primeira marcha de velocidade, de 3,5:1 e, de
transmissão em cada marcha. 2:1 em segunda marcha, 1,4:1 em terceira marcha e 1:1 em Quarta marcha,
ou conhecida como prise.

Se estas relações forem multiplicadas por 4:1, isto é, pela relação de


transmissão entre a engrenagem do eixo do motor e as rodas devido as
reduções do diferencial, temos então resultantes entre as rotações do motor e
as das rodas motrizes, respectivamente de, 14:1, 8:1, 5,6:1 e 4:1.
O mesmo automóvel, se for equipado com um motor mais potente, não
necessitará de uma primeira velocidade tão baixa, pelo que as reduções da
caixa de cambio poderão ser reguladas para 2,8:1, 1,8:1, 1,3:1 e 1:1. Quanto
mais próximas forem as reduções numa caixa de cambio, mais fácil e
rapidamente entrarão as mudanças. Por outro lado, um motor mais potente
poderá estar concebido de modo a permitir uma condução mais fácil, evitando
que se tenha de mudar com freqüência as mudanças. Esse efeito pode ser
conseguido com uma caixa de 3 marchas, entretanto, já obsoleto.

Como se processa a mudança de marchas


Numa caixa de câmbio mudanças em que as engrenagens se encontram
permanentemente engatadas, estas não podem estar todas fixas aos seus
eixos pois, nesse caso, não seria possível o movimento.
Normalmente, todas as engrenagens de um eixo estão fixas a este, podendo
as engrenagens dos outros eixos girarem à volta do seu próprio eixo até que
se selecione uma redução na transmissão. Então, uma das engrenagens,
torna-se solidária com o eixo, passando a transmitir a energia mecânica. A
fixação das engrenagens a um eixo processa-se por meio de
sincronizadores estriados existentes neste último. Neste processo, cada
sincronizador gira com o eixo podendo, contudo, deslizar ao longo deste para
fixar as engrenagens, entre as quais está montado, ou permanecer solto,
permitindo que as engrenagens girem livremente.

A relação de transmissão ou redução mínima numa caixa de cambio deverá elevar


o torque o suficiente para que um automóvel, com a carga máxima, possa Vejamos como atuam os sincronizadores na ilustração a seguir:
arrancar numa subida íngreme.

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O sincronizador tem normalmente uma série de dentes em cada face, de modo a


poder engatar com as engrenagens dispostas de cada um dos seus lados. Num
ponto intermédio o sincronizador não engata com nenhuma das duas rodas
dentadas, desta forma, estas podem girar livremente sem transmissão do
movimento. Numa caixa de câmbio de prise direta existe ainda uma união de
dentes móvel para ligar o eixo primário e o eixo secundário e permitir a
transmissão direta do movimento às rodas, quando em prise.

Veja melhor os detalhes dessa descrição da ação dos sincronizadores, na


ilustração a seguir:

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Numa transmissão mecânica de 4 marchas avante e uma a ré, observa-se a
relação de transmissão ocorrendo em cada marcha pelo diâmetro das rodas
dentadas engrenadas, conforme mostra as ilustrações a seguir:

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Transmissão CVT
Vejamos algumas transmissões:
Continuosly variable transmission ou transmissão continuamente
variável trabalha com correias e polias ou correntes.
O principio é simples embora ocorram pequenas variações entre os sistemas
utilizados pelas diferentes montadoras. Os componentes básicos são duas
polias cônicas ligadas por uma correia em V, em alguns modelos utiliza-se
uma corrente metálica de elos de placa (corrente de dente). Estas polias são
bipartidas e suas metades se afastam ou se aproximam de acordo com a
necessidade. Com esse movimento, elas aumentam ou diminuem o diâmetro
de atuação da correia e alteram a relação de transmissão de uma polia em
relação à outra. Isto significa, na pratica alongar ou encurtar as marchas em
infinitas combinações, respeitando é claro o intervalo entre os diâmetros
mínimo e máximo do conjunto. Assim, conforme o motor do veiculo vai sendo
acelerado, num sistema hidráulico comanda simultaneamente a largura
adequada das duas polias, ajustando instantaneamente a relação de
transmissão para a solicitação do momento.

A transmissão continuamente variável (CVT), imaginada por Leonardo da


Vinci há mais de 500 anos, vem sendo usada em substituição às caixas
automáticas de engrenagens planetárias, ou seja, as tradicionais, em alguns
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automóveis. Desde que a primeira patente de CVT toroidal foi registrada, em
1886, a tecnologia foi refinada e aprimorada. Hoje em dia, diversos fabricantes de
carros, incluindo a General Motors, Audi e Nissan (no Brasil, a Honda, com o Fit)
estão produzindo modelos equipados com CVTs.

Princípio de funcionamento
Baseia-se pelo princípio de atrito, onde polias bi-partida são aproximadas ou
afastadas, conforme se deseja maior ou menor velocidade a ser transmitida.

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as caixas têm contato com correias de borracha de alta densidade, as quais
podem patinar e afrouxar, reduzindo assim sua eficiência.
A introdução de novos materiais faz com que as CVTs sejam ainda mais
confiáveis e eficientes. Um dos maiores avanços é a criação e
desenvolvimento de correias metálicas para unir as polias. Essas correias
flexíveis são compostas de diversas (algo entre nove ou doze) bandas de aço,
que mantêm juntas finas e resistentes peçam de metal em forma de laço.

Quando uma polia aumenta o seu raio, a outra o diminui para manter a correia
tensionada. Quando as duas polias mudam seus raios entre elas, criam um As correias de metal não patinam e são altamente duráveis, possibilitando às
número infinito de relações de marchas da mais baixa até a mais alta e qualquer CVTs adequação a motores de mais torque. Elas também são mais
uma entre elas. Por exemplo, quando o passo de raio é menor na polia condutora silenciosas do que as CVTs de correias de borracha.
e maior na polia conduzida, a rotação da polia conduzida diminui, tendo como
resultado uma "marcha" mais baixa (curta). Quando o raio de distância é maior na EXERCÍCIOS
polia condutora e menor na polia conduzida, a velocidade de rotação da polia
conduzida aumenta, tendo como resultado uma "marcha" mais alta (longa). Assim 1. Como o Eng. James Watt estabeleceu a sua unidade de potência?
dizendo, em teoria, uma CVT tem um número infinito de "marchas" que podem ser
utilizadas a qualquer momento, em qualquer motor ou velocidade. 2. O motor de um veículo foi levado a um dinamômetro de carga e apresentou
A simplicidade e a inexistência de degraus entre marchas das CVTs fazem delas o os seguintes resultados:
câmbio ideal para uma gama de máquinas e dispositivos, não apenas carros. As • Torque ⇒ τ = 6,855 kgf .m
CVTs têm sido usadas há anos em máquinas-ferramenta e furadeiras de • Velocidade ⇒ v = 7000 rpm
bancada. Também são utilizadas em diversos veículos, incluindo tratores, Baseado nos dados podemos afirmar que potência desenvolvida pelo motor é
snowmobiles (veículos para neve com esteiras) e scooters. Em todos esses casos, de:

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a) 100 cv b) 67 cv c) 40 cv d) 27 cv e) Não é possível determinar.

3. O que são e onde são aplicadas as embreagens?

4. Qual a grande vantagem da embreagem com acionamento hidráulico em


relação ao acionamento mecânico?

5. Quais as grandes vantagens de se ter uma transmissão que tenha volante de


massa dupla?

6. A transmissão de veículos é composta pelo trio, respectivamente:


a) embreagem, diferencial e rodas
b) diferencial, eixo cardã e transmissão
c) embreagem, transmissão e diferencial
d) transmissão, embreagem e eixo cardã
e) somente pela junta universal homocinética

7. Uma Ferrari pode ter a mesma potência de um trator? Justifique sua resposta.

8. Um veículo possui a seguinte relação de transmissão em sua caixa de câmbio:


1ª - 2,8:1, 2ª - 1,8:1, 3ª - 1,3:1 e 4ª - 1:1
Sabendo que a redução do diferencial é de 4:1, podemos afirmar que a máxima
redução total e mínima até a roda é de, respectivamente:

a)11,2:1 e 4:1 b) 9,2:1 e 2:1 c) 5,5:1 e 1:1 d) 4,8:1 e 1:1

9. Relacione as colunas:

(1) Transmissão CVT ( ) Responsável pelo engrenamento


(2) Embreagem com volante de massa dupla ( ) Minimizam ruídos oriundos dos
(3)Sincronizadores pistões.
( ) Moderno sistema de transmissão
que utiliza polias e correias.

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