Diante da Pandemia de COVID-19, toda a estrutura da sociedade se viu obrigada
a mudar a postura diante daquilo que era vivido como o normal. De uma hora para outra, lojas e restaurantes; igrejas e grupos comunitários; postos e farmácias; parques e casas noturnas – assim como outras esferas da vida pública – tiveram que se adaptar a um “novo normal”. Também o contexto educacional, valendo-se da tecnologia disponível, obrigou-se a encontrar novas alternativas para o ensino. No entanto, observa-se que o aproveitamento por parte dos estudantes não é o mesmo que no ensino presencial por contra da falta de metodologia dos professores, dificuldade de concentração e interação entre a turma e, talvez, até mesmo, dificuldades na conexão com a internet. As aulas que a maioria das instituições ministram neste tempo de pandemia não podem ser comparadas com o processo de educação à distância, uma vez que o ensino EAD exige uma metodologia diferenciada das aulas presenciais. A plataforma utilizada, geralmente, para as aulas online é a Meet, uma ferramenta do grupo Google, que promete uma “sala de aula virtual”; outras, ainda, mesclam o uso com outras ferramentas para a elaboração de atividades que proporcionam uma maior interação entre os estudantes e o professor. O problema é quando o docente insiste em manter a mesma metodologia arcaica utilizada nas aulas presenciais, geralmente marcadas por uma “leitura corrida” que não proporciona a concentração e o aprendizado dos alunos, uma vez que, no ambiente virtual, é muito fácil a distração. Os pedagogos insistem que, para um melhor aproveitamento das aulas, é necessário que os docentes observem a compreensão dos conteúdos por parte dos alunos. Mas como acompanhar os discentes de perto por uma tela de computador? Infelizmente, tal dificuldade é difícil de ser superada, uma vez que não há um contato – diretamente – visual, tampouco o contato físico... Certamente, há ainda os casos dos alunos que têm a consciência de que não conseguiram dominar algum conteúdo mas, por medo de interromper a aula ao abrir o microfone, se acanham e deixam as dúvidas passarem sem que fossem sanadas. Como se não bastasse, de acordo com a última pesquisa do instituto TIC Educação, cerca de quarenta por cento dos alunos de escola pública no Brasil não tem acesso à internet. Como terão acesso às aulas remotas? Não terão! Isso só aumenta a desigualdade do acesso à educação, direito assegurado pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Ademais, é necessário lembrar que a qualidade da internet, para aqueles que possuem acesso, geralmente não é suficiente para comportar as videoconferências. Dado o exposto, conclui-se que as aulas remotas, como são aplicadas, são de pouco aproveitamento por parte dos estudantes, e é necessário que sejam revistas as metodologias utilizadas em tais aulas para que favoreçam uma melhor interação entre os alunos entre si e com o professor. Além disso, é urgente encontrar uma alternativa que atenda aqueles que não possuem acesso à internet para que possam participar das aulas e terem garantido o seu direito à educação.