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ARQUITETURA ESCOLAR: O ESPAÇO COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM

Iris Freire dos SANTOS1; Ana Carolina DIAS

1
Designer de interiores e graduanda em Arquitetura e Urbanismo.contato@irisfreire.com.br
2
Professora Mestranda em

Resumo
Este artigo tem como foco a construção de uma escola projetada para que seu espaço físico seja ferramenta de
aprendizagem, para maior conforto de seus usuários, professores, alunos e funcionários, e consequentemente uma
substancial melhoria na qualidade do ensino e desenvolvimento humano. O objetivo geral é construir um novo modelo
de escola, e paralelamente demonstrar a influência da arquitetura nos espaços pedagógicos, comparar a eficiência do
ensino praticado num ambiente integralizado e livre com aqueles em ambientes tidos como tradicionais, e demonstrar a
possibilidade de um projeto inovador. Nesta época quando se convive com uma pandemia, deve-se também pensar nas
condições ideais e necessárias para o retorno dos alunos ao modo presencial. O método utilizado foi através de
pesquisas de referências projetuais, estudos comparativos entre várias propostas em diferentes contextos espaço-
temporais. Conclui-se a viabilidade do projeto, alicerçada na necessidade de se pensar em espaços adequados a um real
processo de aprendizagem, com melhor aproveitamento e interação entre todos os atores: arquiteto, contratante,
usuários, alunos e familiares de alunos além de uma atenção ao entorno.

Palavras-Chave: Espaço pedagógico. Escola moderna. Ambiente integralizado.

Abstract
This article focuses on building a school designed for its physical space to be a learning tool, for greater comfort of its
users, teachers, students and employees, and consequently a substantial improvement in the quality of teaching and
human development. The general objective is to build a new school model, and at the same time demonstrate the
influence of architecture in pedagogical spaces, compare the efficiency of teaching practiced in an integrated and free
environment with those in environments considered traditional, and demonstrate the possibility of an innovative project.
At this time when one is living with a pandemic, one must also think about the ideal and necessary conditions for the
return of the students to the classroom mode. The method used was through researches of project references,
comparative studies between several proposals in different space-time contexts. The feasibility of the project is
concluded, based on the need to think in adequate spaces to a real learning process, with better use and interaction
between all actors: architect, contractor, users, students and family of students and an attention to the environment.

Keywords: Pedagogical space, Modern school. Integrated environment.

INTRODUÇÃO Educação (FNDE). São decisões ligadas

apenas a dimensões, iluminação, ventilação,
O espaço físico destinado a escolas tem
além de aspectos econômicos, nunca se atendo
se mantido praticamente imutável ao longo dos
à importância do perfil dos usuários. Este
tempos, não tem evoluído, a exemplo de outras
projeto pretende executar um centro
áreas. Os projetos escolares, principalmente os
educacional onde os espaços contribuam de
referentes a escolas públicas, normalmente já
forma positiva com a aprendizagem, tendo
estão pré-fabricados, obedecendo normas
como parâmetro a diferença da qualidade do
governamentais já estipuladas, cabendo aos
ensino quando realizado num ambiente
arquitetos e engenheiros pura e simplesmente
integralizado e livre. Projetar um ambiente
obedecer às normas, códigos de obras e outros
onde a influência da arquitetura seja vista
requisitos de rotina, geralmente estabelecidos
como uma verdadeira ferramenta de ensino e
pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
os arquitetos compreendam a importância do
seu papel nesse contexto. Aos arquitetos cabe
um estudo bastante cuidadoso tendo isso como
foco, pois, sua obra, por se tratar de uma
construção física, nem sempre permite
alterações simples ou a curto prazo, diferente
da pedagogia, por exemplo, que pode ser
modificada, atualizada ou mesmo adequada a
novas exigências dos planos de ensino.
Por essas razões, é conveniente, ou até
mesmo necessária, a participação de uma
equipe multidisciplinar, para elaboração de um
projeto escolar.
Justifica-se isso quando nos deparamos
com declarações como a de Viviane Senna,
psicóloga e gestora do grupo Ayrton Senna que
afirma “(...) a escola ficou parada no tempo,
preparando os alunos para um mundo que não
existe mais” (VIVIANE SENNA, 2015, p.1).
Autores como Rheingantz e Faria
(2004), a respeito desse assunto, destacam a
importância de recursos como a Análise Pós-
Ocupação (APO) e a Análise Ergonômica do
Trabalho (AET). A APO enfoca a análise do
desempenho dos ambientes como suporte para
as atividades humanas, verificando as
necessidades e expectativas dos usuários,
enquanto a AET faz uma análise da atividade
humana no ambiente. Na opinião desses, e de
outros autores, ambas se complementam no
sentido de melhores resultados para a
qualidade do ensino sob a ótica da arquitetura.
Este artigo contempla também uma
especial atenção a um problema surgido em
2020, a pandemia provocada pelo vírus Covid-
19. Conforme orientações dadas pelas
autoridades da área da saúde, a medida de
curto prazo mais efetiva é o distanciamento
social. Por essa razão foi abolida a atividade
escolar presencial, sendo substituída
temporariamente pelo ensino à distância, via
on line. Embora essa modalidade de ensino já
esteja sendo largamente utilizada, obviamente
quando estendida a outros níveis de ensino,
principalmente os fundamentais, causou
grande impacto, obrigando todos a se adaptar a
novas condições, a uma sistemática até então
não utilizada. Este projeto vem de encontro a
essa situação, pois é necessário que já se tenha
em mente o retorno às atividades presenciais,
que certamente terão que seguir novas regras,
ditadas pelos efeitos dessa pandemia.
O objetivo geral deste trabalho é
evidenciar a importância do espaço físico
adequadamente projetado, através de uma
revisão bibliográfica, estudos de caso e análise
de decisões projetuais visando um melhor
aproveitamento e qualidade no ensino.
REVISÃO DE LITERATURA
Vários estudos comprovam a influência
que o ambiente exerce na vida das pessoas.
Grandes empresas têm se dedicado a isso,
alterando seus espaços e estruturas e assim
visando obter maiores e melhores rendimentos
de seus colaboradores. Esse aspecto se torna
ainda mais relevante quando se trata de
escolas, desde o primeiro nível até o estágio
profissional, onde seus atores, alunos e
professores, precisam aproveitar e extrair o
máximo de suas atividades durante o tempo
que lá permanecem.
Autores como Ittelson, Proshansky,
Rivlin e Winkel (1974) também chegaram a
algumas conclusões, afirmando que as pessoas
são parte integrante do ambiente onde vivem,
quer seja trabalho, moradia ou estudo. As
características pessoais e sociais desse
ambiente mostram a profundidade dessa
interação. Afirmam também que o ambiente
opera abaixo do nível da consciência, portanto
sendo impossível criar consciência total nas
pessoas em relação aos fatores relacionados
aos aspectos ambientais que as envolvem, ou
seja, o ambiente observado não é
necessariamente o ambiente real, pois cada ser
humano tem uma percepção diferente baseado
nos aspectos emocionais individuais. Cada
pessoa associa o valor do ambiente com seu
próprio contexto de simbologia social e
cultural, para criar sua compreensão do espaço
como um todo.
De forma não verbal, o meio físico
impacta diretamente seus ocupantes, de forma
positiva ou negativa sobre seus
comportamentos. Especialmente na escola,
comunica não verbalmente, as intenções e
valores dos professores em relação aos alunos,
uma vez que são aqueles que exercem controle
sobre o espaço (Horne, 1999; Loureiro, 1990).
Portanto é perfeitamente compreensível
reconhecer o ambiente como influenciador no
comportamento humano. No contexto escolar,
o aspecto ambiental, isto é, o ambiente
construído, é fator de relevante importância
para a aprendizagem dos alunos.
Um projeto de escola deve ser elaborado
prevendo espaços para se trabalhar com
determinados métodos. Entretanto esses
métodos são mutáveis, tornam-se obsoletos e
exigem reciclagem, transformações,
atualizações. Nem sempre isso é possível que
aconteça com a mesma facilidade e velocidade
com relação ao espaço construído. Portanto,
conforme afirma Oliveira “a importância de
pensar edifícios que levem em conta a
mutabilidade tão natural nas coisas humanas”
(Oliveira, 1998, p.25).
Kurt Lewin na sua A Teoria de Campo
na Ciência Social (1988) estabeleceu um
conceito físico de “campo de forças” para
explicar os fatores ambientais que influenciam
o comportamento humano, que na sua opinião
não depende nem do passado nem do futuro, e
sim dos acontecimentos atuais e de como a
pessoa os percebe. Esse campo de forças
dinâmico denominou espaço vital, que viria a
ser o ambiente que engloba a pessoa e sua
percepção da realidade próxima. Inclusive
estabeleceu uma equação, C=f(P+A) onde, C é
o comportamento, P é a pessoa e A é o
ambiente, e assim demonstra que a relação
ambiente-pessoa é bidirecional e contínua. A
pessoa é influenciada pelo ambiente, da
mesma forma que influencia o ambiente.
Nesse mesmo século XX houve um
incentivo à democratização no uso do espaço
com a consolidação do Movimento Moderno
em Arquitetura, onde a planta aberta, que
abolia divisões internas e adotava divisórias
leves, passou a ser considerada uma solução
mais adequada a ambientes escolares (Pol &
Morales, 1991; Sommer, 1973).
Quem preconizou que os ambientes
escolares têm que ser projetados para as
crianças de forma a ser o mais familiar
possível, proporcional aos seus diversos
tamanhos, foi Maria Montessori. Nascida em
1870 na Itália, transferiu-se de sua cidade
natal, Chiaravale, para Roma onde se formou
em engenharia e medicina. Aproveitando seus
conhecimentos em psiquiatria passou a se
dedicar à educação de crianças, dando igual
importância ao desenvolvimento interno e
externo, organizados de tal forma a se
complementarem.
A sua linha pedagógica propõe um
espaço adequado com a inserção de móveis e
elementos em conformidade com a idade,
permitindo uma interação entre aluno e espaço
que influencie positivamente o aprendizado, e
as ensine a viver com independência e
autossuficiência, afinal, na sua opinião, era nas
crianças que estava a esperança para a
construção de um mundo melhor.
Estudo feito por Gleici Azambuja Elali
(2003) em Natal/RN, aponta que os alunos
demonstram a necessidade de uma troca mais
ativa com o meio natural, areia, árvores,
grama, água, porém, os adultos, sejam pais ou
professores, as condicionam a um controle
severo. Árvores que não soltem folhas, areia
sem micróbios, não subir em árvores para
evitar possíveis tombos, e outros mais. Tudo
isso acaba se refletindo na projeção e
organização do ambiente escolar, que deveria
ser voltado exclusivamente para as
necessidades educacionais, e acaba sendo
controlado e decidido apenas pelos atores
externos.
Um trabalho importante nesse sentido
vem sendo desenvolvido pelo Grupo
Ambiente-Educação (GAE), vinculado ao
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura,
da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(PROARQ/FAU/UFRJ), que promove a
aproximação entre áreas de conhecimento
como arquitetura, psicologia e educação
ambiental, e vem analisando as relações entre
o espaço físico, o projeto pedagógico e o
desenvolvimento integral da criança, além da
adequação ao meio ambiente. Para isso o
grupo se utiliza da ferramenta Avaliação Pós-
Ocupação (APO), a qual enfoca a análise do
desempenho dos ambientes como suporte para
as atividades humanas, ou seja a integração
entre ambiente físico e práticas educacionais.
Considerando que o espaço tem conotações
pedagógicas, social, histórico e cultural, que o
espaço é ecológico e deve ser inclusivo,
adotam a releitura e a ressignificação das
técnicas e instrumentos clássicos de uma APO.
A Avaliação Pós-Ocupação é um
processo para avaliação de ambientes após
algum tempo de sua construção e ocupação,
com foco nos valores, necessidades e
expectativas de seus usuários. Essas análises
servirão para propor recomendações e
diretrizes para futuros projetos semelhantes,
gerando assim um importante banco de dados.
Entretanto, a eficiência intrínseca da
APO tradicional deve ser relativizada em favor
da reflexão sobre a própria experiência da
observação. Segundo Rheingantz (2004) deve
haver uma abordagem, denominada
Abordagem Experiencial, que incorpore a
APO às dimensões espontâneas e reflexivas, Fonte: Bosch (2017).
considerando as emoções e sentimentos Elaboração: Fernando Braga Silva
inerentes à interação entre ambiente e seus
usuários.
Figura 2 – Setorização Pavimento 1º.
ESTUDOS DE CASO
O estudo comparativo com instituições
já em funcionamento, contemplou duas escolas
que unem os conceitos de arquitetura, design e
aprendizagem: a Escola Vittra Telefonplan,
localizada na cidade de Estocolmo – Suécia, e
a Escola Lumiar, localizada em São Paulo/SP.
A escola Vittra Telefonplan propõe uma
didática para eliminar os métodos
convencionais de ensino, visando desenvolver Fonte: Bosch (2017).
e potencializar as habilidades de seus alunos
Elaboração: Fernando Braga Silva
por meio da liberdade de pensamento e
expressão.
Portanto, a arquiteta Rosan Bosh Outra instituição objeto de estudo
projetou uma escola com poucas divisões comparativo foi a Escola Lumiar, localizada
espaciais e uma boa dose de design. Isso gerou em São Paulo – SP. Fundada em 2003 pelo
não apenas espaços de estudo, mas também empresário Ricardo Semler, foi considerada a
espaços com propósito e significado, cujos primeira escola democrática no Brasil, hoje
conceitos pretende-se serem aplicados neste com 10 unidades distribuídas pelo Brasil,
projeto. Tudo isso está embasado em EUA, Inglaterra e Holanda.
princípios pedagógicos, defendidos por Ante
Runnquist, diretor de pesquisa de Figura 3 – Fachada
desenvolvimento dessa escola, que afirma: “a
escola precisa ser como a vida. Não faz o
menor sentido a criança ser bem sucedida na
escola e não ser na vida”.
Ao invés de utilizar modelos padrão de
escola, criaram-se diversos espaços abertos e
interligados entre si, conhecidos como zonas
pedagógicas, conforme figuras 1 e 2 abaixo,
cujas propostas pretende-se serem aplicadas no
Fonte: Lumiar (2019)
projeto objeto deste estudo.

Figura 1 – Setorização Térreo. Sua missão é criar uma nova forma de

educação que permita uma educação de forma
integral e autônoma, reproduzindo a vivência
do mundo real. Não há salas convencionais e
sim, ambientes integrados que despertam a
criatividade e o desenvolvimento da criança. A
fachada (Figura 3) é toda envolta em brises,
para impedir a incidência direta dos raios
solares, porém sem perder a luz natural que é
de extrema importância.
Cada sala tem um tema, de acordo com a
idade, e nada convencional, com uma estrutura
e setorização diferente, a fim de atender a
proposta de aprendizagem (Figura 4).
FIGURA 4 – Sala de Aprendizagem
Fonte: Lumiar (2019)
Nessa escola o ambiente de recreação
também foi projetado para transmitir liberdade
e para que a criança possa utilizar o espaço
conforme o seu desejo, além de compartilhar
conhecimentos e experiências, uma vez que o
ambiente induz a esse tipo de atitude de
colaboração e experimentação. Estas propostas
também serão aplicadas neste projeto.
MATERIAIS E MÉTODOS ou ASPECTOS
METODOLÓGICOS
Para a execução deste projeto foram
realizadas pesquisas bibliográficas a respeito
de arquitetura e espaço escolar, e a educação
como um todo. Realizaram-se estudos de caso,
comparando as várias propostas, em diferentes
contextos espaço-temporais. Foi levada em
consideração a colocação de autores já
mencionados anteriormente, a exemplo de
Maria Montessori.
O estudo comparativo com instituições
já em funcionamento, contemplou a Escola
Vittra Telefonplan, localizada na cidade de
Estocolmo – Suécia, e a Escola Lumiar,
localizada na cidade São Paulo-SP.
Foram analisadas as propostas didáticas
dessas duas escolas, observadas
detalhadamente suas referências projetuais,
onde os respectivos projetos arquitetônicos
privilegiaram as finalidades a que se
propunham, ou seja, a educação e qualidade no
processo de desenvolvimento e aprendizagem
dos alunos.
Observou-se que foi dada especial
atenção às condições do entorno,
acessibilidade, iluminação e todo um
mobiliário prático e ergonômico, que também
servirão de modelo para o projeto objeto deste
estudo.
A Escola Lumiar não possui salas
convencionais, possui apenas ambientes
integrados, além de uma fachada toda
projetada para impedir incidência direta de
raios solares, porém sem perda de luz natural.
Um ambiente de recreação também foi
projetado para transmitir liberdade e estimular
a criatividade.
Todas essas informações foram
catalogadas como referências para este projeto.
Foi dada atenção para a utilização de
salas interativas (Figura 5), em lugar das
tradicionais salas frontais (Figura 6), com
alunos meramente enfileirados, tendo um
professor e material expositivo colocado à
frente.
Figura 5: Sala Modelo do Projeto
Proposto
Fonte: Nova Escola. 2018.
Ilustração por Lucas Magalhães.
Adaptação da Autora.
Figura 6: Sala Modelo Tradicional

Fonte: Nova Escola. 2018.
Ilustração por Lucas Magalhães
Outro aspecto metodológico considerado
para a execução deste projeto foi uma pesquisa
quantitativa de escolas em Franca. Foi também
executado um mapa de localização do lote,
uma análise topográfica e estudo de acessos,
um mapa do entorno do lote e também um
estudo solar, tudo de acordo com as Diretrizes
Arquitetônicas para construção de Escolas
Públicas, conforme o Plano Nacional da
Educação (PNE), aliada ao programa de
necessidades.
O estudo de setorização foi realizado
observando-se os Parâmetros Básicos de Infra-
estrutura do MEC (PBI, 2006), e entre outros,
alguns dos aspectos contemplados foram a
acessibilidade, cujo PBI determina:
Acessibilidade universal –
garantia de que o ambiente
construído seja o menos
restritivo possível,
incluindo espaços
dimensionados de acordo
com os preceitos de
acessibilidade universal,
considerando acessos a
salas, área de serviço,
cozinha, banheiros, áreas de
brincar interna e externa,
dentre outros
espaços, de acordo com as
normas brasileiras e os
decretos em vigor: (PBI –
MEC.2006.p.16)
Outros parâmetros considerados foram,
um maior aproveitamento da luz natural,
gerando assim uma economia energética, e
reportando ao método Montessori, criar
espaços que atendam as crianças da forma
como o mundo é percebido por elas (PBI –
MEC, 2006).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A escolha do tema para este artigo
mostra que a arquitetura escolar realmente é
uma importante ferramenta no processo de
aprendizagem. A literatura consultada
comprovou através da opinião dos vários
autores a validade da proposta. A adequação
do espaço físico quando bem projetado acaba
por proporcionar experiências, que produzem
uma vivência prática cotidiana mais profunda
em diversos aspectos, inclusive no modo de
pensar mais colaborativo, auxiliando o
desenvolvimento do conhecimento teórico e
também empírico.
Estudiosos do assunto como Rheingantz,
Ittelson e outros, Lewin, Montessori, que
foram consultados para embasar o projeto,
mostram em suas obras que acabam por se
complementar em torno de uma mesma
opinião.
Este é um projeto viável, importante, e
que certamente proporciona excelentes
resultados visando a melhoria na qualidade do
ensino, colocando em evidência uma outra
ótica nos métodos didáticos. Um projeto que
acrescenta aos princípios pedagógicos
tradicionais uma importante ferramenta, a
participação do meio ambiente no ensino
desde sua construção arquitetônica, passando
pelo seu entorno, acessibilidade, condições
básicas como ventilação, iluminação, e
chegando até mesmo a um mobiliário
adequado, ergonômico, disposto de forma
eficiente.
Para isso foi executado um mapa de
localização do lote, uma análise topográfica e
estudo de acessos, um mapa do entorno do lote
e também um estudo solar (conforme
ilustrações abaixo), tudo de acordo com as
Diretrizes Arquitetônicas para construção de
Escolas Públicas, conforme o Plano Nacional
da Educação (PNE), aliada ao programa de
necessidades.
Figura 7 – Mapa de localização de lote
 Fonte: Google Maps (2019).
Elaboração: da Autora.
Figura 8 – Análise topográfica e estudo de
acesso.
Fonte: Google Maps (2020).
Elaboração: da autora
Figura 9 – Mapa do entorno do lote
Fonte: Google Earth (2020).
Elaboração e Fotos: da autora.
Figura 10 - Estudo Solar
Fonte: Google Maps (2020).
Elaboração: da autora
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi elaborado a partir de
uma proposta para a melhoria na qualidade do
ensino, contando com a efetiva participação da
arquitetura no que concerne ao espaço físico e
meio ambiente.
Foram consultados vários autores os
quais, através de suas várias obras, mostraram
que são unânimes quanto a esse aspecto.
Kurt Lewin com a sua Teoria de Campo
na Ciência Social; Ittelson e outros, quando
afirmam que as pessoas são parte integrante do
ambiente onde vivem, seja moradia, estudo ou
trabalho; Rheingantz e Faria que destacam a
importância da Análise Pós-Ocupação (APO) e
a Análise Ergonômica do Trabalho (AET); e
Maria Montessori com sua preocupação em
proporcionar aos alunos um ambiente o mais
familiar possível e proporcional aos seus
diversos tamanhos, e muitos outros.
Uma comparação com escolas que já
dispõem desses recursos, a Escola Vittra
Telefonplan, na Suécia, e a Escola Lumiar,
localizada em São Paulo, confirmou a hipótese
de que o projeto arquitetônico influi positiva e
diretamente na qualidade do ensino.
Desde o início deste ano de 2020 o
mundo se vê obrigado a conviver com uma
terrível pandemia, o COVID-19 causado pelo
vírus coronavirus. Esse mal atingiu em escalas
variadas a todos os setores, e em especial a
educação. Aulas presenciais foram suspensas
e, para se evitar maiores perdas no ensino,
adotou-se em regime de urgência o sistema on
line. Os trabalhos em busca da cura e também
de um tratamento preventivo através de uma
vacina eficiente têm sido exaustivos, porém, a
exemplo de situações semelhantes no passado,
espera-se alcançar resultados dramaticamente
positivos dentro de um tempo, o mais breve
possível. Esta é mais uma forte razão, embora
tenha surgido repentina e acidentalmente, para
reforçar a necessidade e utilidade de um
projeto como o desenvolvido neste trabalho,
onde está focado uma forma de distanciamento
social, porém sem qualquer perda nas
interações e na qualidade do aprendizado.
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política educacional: os programas na atual
administração do Estado, São Paulo: Autor.
Este trabalho tem a finalidade de levar
avante o projeto nele contido, e servir de base
e estímulo para que profissionais da
arquitetura, em conjunto com profissionais da
pedagogia, continuem trabalhando para uma
sensível melhoria na qualidade de ensino,
contemplando o espaço físico como
ferramenta de aprendizagem, em nossa cidade
e que também se estenda a outras regiões do
país.
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