Estrofe 75 - diz que Lionardo é um soldado com boa
presenga, talentoso, corajoso, tivera muitos desgostos de
amor mas nunca tinha perdido a esperanc¢a de ser feliz.
Estrofe 76 - Lionardo anda atras de uma ninfa Efire, que se
mostrava mais esquiva do que as outras. Cansado de andar
a tras dela pede-lhe para nao fugir mais porque ja lhe
entregou a alma e nao fica bem aquela crueldade em
alguém tao formoso.
Estrofe 77 - Lionardo argumenta que todas as ninfas
acabam por se cansar de fugir e render-se a quem as
persegue. Pede-lhe ainda para nao acreditar na sua ma sorte
ao amor pois é tudo mentira.
Estrofe 78 - Lionardo continua dizendo que mesmo que Efire
pare de lhe fugir algo surgira para impedir que ele lhe toque:
Para tal usa o verso de Petrarca: "Entre a espiga e a mao
levanta-se sempre um muro" (quando parece
que o que se deseja esta prestes a ser alcangado,
surge sempre um obstaculo intransponivel).
Estrofe 79 - Lionardo continua a pedir a ninfa para nao lhe
fugir pois so assim terminara a sua ma sorte ("ventura").
Estrofe 80 - Lionardo ausa a ninfa de lhe levar 0 coragdo ea
alma, carregada de ma sorte, e de nao sentir remorsos.Estrofe 81 - Lionardo continuara a segui-la na esperanga de
que com 0 seu rosto lindo Ihe possa mudar a sorte. Continua
dizendo que se ela parar de fugir tera como recompensa o
seu amor.
Estrofe 82 - A ninfa acabou por se render aos queixumes
apaixonados de Lionardo e parou de fugir. "Volvendo o rosto,
ja sereno e santo, / Toda banhada em riso e alegria, / Cair se
deixa aos pés do vencedor, / Que todo se desfaz em puro
amor."
Estrofe 83 - Acabam por se entregar ao amor "famintos
beijos’, "mimoso choro’, "afagos tao suaves’ e "risinhos
alegres'".
Estrofe 84 - Agora que cada ninfa encontrara o seu amado,
enfeitam-nos com grinaldas "De louro e de ouro e flores
abundantes.". De maos dadas e com palavras solenes "Se
prometem eterna companhia, / Em vida e morte, de honra e
alegria."2. Lionardo é um dos tripulantes da armada de Vasco da
Gama. Embora fosse um soldado cheio de qualidades — bem
apresentado, talentoso e corajoso —, nao tinha sorte aos
amores, facto que é evidenciado ao longo do episodio pela
repeticdo da palavra “ventura” (est. 76, v. 1; est. 77, v. 5; est.
78, v. 3; est. 79, v. 6; est. 80, v. 8) com sentido de “ma sorte”.
3.1. Efire mostrava-se mais esquiva do que as outras ninfas,
obrigando Lionardo a correr durante mais tempo atras dela,
o que confirma a ma sorte do marinheiro.
4.1. Ao dirigir-se a Efire nestes termos - “O fermosura
indigna de aspereza’ (est. 76, v. 6) -, Lionardo procura
chegar ao coragao da ninfa, dando inicio ao seu “discurso”
de persuasao.
4.2. A ordem é a seguinte:
c. (est. 76, vw. 7-8);
e. (est. 77, w. 4-8);
a. (est. 79, vw. 1-2);
d. (est. 79, wv. 3-8);
f. (est. 80, wv. 1-2);
b. (est. 80, vv. 3-8).
4.3. O que ainda faz correr Lionardo é a esperanga de que a
sua sorte mude. Ele acredita que a propria Efire, com 0 seu
poder, Ihe pode mudar “a triste e dura estrela”, apaixonando-
se por ele.4.4. Com as suas doces palavras e os seus lamentos
enamorados, Lionardo consegue, por fim, que a ninfa se
renda e se deixe cair a seus pés.
5.1. A estancia 83 6 um hino a sensualidade: “famintos
beijos”, “mimoso choro”, “afagos tao suaves”, “ira honesta”,
“risinhos alegres” fazem parte das relagdes amorosas entre
os navegadores e as ninfas.
5.2. Eum meio de que 0 Poeta se serve para imortalizar os
seus herdis. Aqueles que tinham partido como herdis sao
elevados acima dos outros homens, divinizados através do
contacto com as ninfas.
Recorde-se o que diz Vénus, na estancia 42, deste Canto IX:
“Quero que haja no reino Neptunino,
Onde eu nasci, progénie forte e bela;
E tome exemplo o mundo vil, malino,
Que contra tua poténcia se revela,
Por que entendam que muro adamantino
Nem triste hypocresia val contra ela.
Mal havera na terra quem se guarde,
Se teu fogo imortal nas aguas arde.”
Vénus concebeu esta ilha para que ali nascesse uma
“progénie forte e bela” e para que o “mundo vil, malino’,
caracterizado pela “triste hypocresia’, que tenta separar os
amantes por um muro intransponivel como o diamante
(“muro adamantino’), soubesse que nada resiste a forga do
Amor.