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Psicopatologia

O Transtorno do Espectro Autista (TEA)


O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes quadros marcados por perturbações
do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-
se em conjunto ou isoladamente.

 Dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da


imaginação para lidar com jogos simbólicos
 Dificuldade de socialização
 Padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

Spectrum
Recebe o nome de espectro (spectrum), porque envolve situações e apresentações muito
diferentes umas das outras, numa gradação que vai da mais leves à mais grave. Todas, porém,
em menor ou maior grau estão relacionadas, com as dificuldades qualitativas de comunicação e
relacionamento social;
No espectro, o grau de gravidade varia de pessoas um quadro leve, e com e discretas
dificuldades que apresentam independência, adaptação, até aquelas pessoas que total que serão
dependentes para as atividades de vida diária os (AVDs), ao longo de toda a vida.
O QUE ESTÁ DENTRO DO ESPECTRO? Transtorno autista, Síndrome de Asperger,
Transtorno desintegrativo da infância e o Transtorno global do desenvolvimento sem outra
especificação,
Heterogeneidade na apresentação fenotípica do TEA
Os TEAs apresentam uma ampla gama de severidade e prejuízos, sendo frequentemente a causa
de deficiência grave representando um grande problema de saúde pública.
Uma criança com sintomas leves (dificuldades sociais, adaptabilidade minimamente afetada)
pode ou não ter deficiência intelectual, prejuízos verbais, entre outros. A mesma coisa pode
ocorrer para os sintomas mais severos (problemas sociais e de interação e adaptabilidade
severamente afetada)
Prognóstico
O prognóstico do autismo pode variar significativamente de pessoa para pessoa, dependendo da
gravidade dos sintomas e da idade em que o diagnóstico é feito.

Algumas características de um bom prognóstico incluem:

 Diagnóstico precoce e intervenção precoce;


 Nível de inteligência normal ou acima da média;
 Boa linguagem e habilidades de comunicação;
 Ausência de comportamentos agressivos ou auto lesivos;

A partir do DSM-5, o Autismo passa a ser chamado de Transtorno do Espectro do Autismo,


classificado como um dos Transtorno do Neurodesenvolvimento, caracterizado pelas
dificuldades de comunicação e interação social e os comportamentos restritos e repetitivos.
Critérios diagnósticos do DSM-5 – Transtorno do Espectro Autista
O diagnóstico é essencialmente clínico. Baseia-se nos sinais e sintomas e leva em conta os
critérios estabelecidos por DSM–V, pelo CID-1111 e atualmente o CIF;
Deve se Especificar:

● Se o autismo está associado a alguma condição médica ou genética conhecida, ou a um


fator ambiental; associado a outro transtorno do neurodesenvolvimento, mental ou
comportamental;
● Especificar a gravidade atual para Critério A e Critério B: Exigindo apoio muito
substancial, apoio substancial ou exigindo pouco apoio; - ASSIM, PARA SE
ESTABELECER O NÍVEL DE GRAVIDADE É NECESSÁRIO LEVAR EM
CONSIDERAÇÃO OS PREJUÍZOS NA COMUNICAÇÃO VERBAL E OS
PADRÕES DE COMPORTAMENTOS REPETITIVOS E RESTRITOS.
● Especificar se: Com ou sem comprometimento intelectual concomitante, com ou sem
comprometimento da linguagem;
● Os critérios são divididos em A, B, C, D e E com alguns pontos específicos dentro
deles. Vamos ver cada um deles separadamente.

NÍVEIS (GRAVIDADE):

 Nível 3 – socialização muito limitada, sem muita socialização (nem com a família).
Reconhecimento geralmente bom de familiares. Ausência de jogos interativos, mas
imitação possível de alguns gestos (aplausos, aceno de despedida). Autonomia muito
reduzida (para se vestir, alimentar...). Expressão verbal muito pobre. Comunicação
muito limitada.
 Nível 2 – mediana, socialização limitada à família. Reconhecimento da maior parte dos
objetos conhecidos em seu uso funcional. Comunicação ainda limitada, mas algumas
aquisições importantes são possíveis. Sintomas do transtorno são menos marcados que
no nível 3.
 Nível 1 – A criança pode categorizar e comparar, demonstrando pensamento
representativo e lógico. Também pode brincar sozinha ou com um adulto, fazer de conta
e às vezes participar de certas atividades coletivas simples. A linguagem é presente e a
sintaxe correta. Sintomas do autismo muito menos presentes.

CRITÉRIO A

Déficits persistentes na comunicação e interação social em vários contextos como:

● Limitação na reciprocidade emocional e social, com dificuldade para compartilhar


interesses e estabelecer uma conversa - Imaginou-se por muito tempo que as crianças
com TEA seriam incapazes de estabelecer vínculos afetivos. Entretanto, vários estudos
apontam uma certa preferência por figuras de apego (família, por exemplo) a estranhos.
● Limitação nos comportamentos de comunicação não verbal usados para interação
social, variando entre comunicação verbal e não verbal pouco integrada e com
dificuldade no uso de gestos e expressões faciais;
● Limitações em iniciar, manter e entender relacionamentos, com variações na dificuldade
de adaptação do comportamento para se ajustar nas situações sociais, compartilhar
brincadeiras imaginárias e ausência de interesse por pares. - Dificuldade de
comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para
lidar com jogos simbólicos.
SOBRE A COMUNICAÇÃO:

NÃO FALA NADA - SEVERO

FALA PALAVRAS SOLTAS (ECOLALIA) - MODERADO

MONOSSILÁBICO - TEA LEVE

CRITÉRIO B

Padrões repetitivos e restritos de comportamento, atividades ou interesses, conforme


manifestado por pelo menos dois dos seguintes itens, ou por histórico prévio:

Movimentos motores, uso de objetos ou fala repetitiva e estereotipada (estereotipias, alinhar


brinquedos, girar objetos, ecolalias);

Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a padrões e rotinas ritualizadas de


comportamentos verbais ou não verbais (sofrimento extremo em relação a pequenas mudanças,
dificuldade com transições, necessidade de fazer as mesmas coisas todos os dias);

Interesses altamente restritos ou fixos em intensidade, ou foco muito maiores do que os


esperados (forte apego ou preocupação a objetos, interesse preservativo ou excessivo em
assuntos específicos); – Hiperfuncionamento local (hiperfoco) – aspecto crucial da coerência
central fraca (capacidade de lidar com vários estímulos ao mesmo tempo. – Coordenar esses
estímulos e dar sentido a eles). A coerência central é a tendência espontânea que os seres
humanos têm de relacionar os elementos díspares de seu ambiente e interpretá-los em função do
contexto que apresenta, a fim de lhes dar sentido e utilizá-los de forma a orientar sua ação. Está
relacionada com a tendência central fraca – por não conseguir focar em vários estímulos, foca
intensamente em uma única informação, como uma forma de trazer segurança para a criança.

Hiper ou Hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesses incomuns por aspectos sensoriais


do ambiente (indiferença aparente a dor/temperaturas, reação contrária a texturas e sons
específicos, fascinação visual por movimentos ou luzes).

CRITÉRIO C

Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento, porém eles


podem não estar totalmente aparentes até que exista uma demanda social para que essas
habilidades sejam exercidas, ou podem ficar mascarados por possíveis estratégias de
aprendizado ao longo da vida.

CRITÉRIO D

Esses sintomas causam prejuízos clínicos significativos no funcionamento social, profissional e


pessoal ou em outras áreas importantes da pessoa.

CRITÉRIO E

Esses distúrbios não são bem explicados por deficiência cognitiva e intelectual ou pelo atraso
global do desenvolvimento.

SOBRE O DIAGNÓSTICO:
● Clínico;
● Considera o comprometimento e o histórico do paciente
● Depende de treinamento e prática do avaliador;
● Não é recomendado fazer diagnóstico com 1- 8 meses- não tem como ver a questão de
linguagem. É possível observar alguns sintomas, mas ainda sim, é recomendado fazer
depois dos 5 anos.
○ Sinais de alerta:
■ 2 meses: -
■ 4 meses: -
■ 6 meses: não tem sorrisos e expressões alegres;
■ 9 meses: não responde às tentativas de interação feita pelos outros
quando estes sorriem fazem caretas ou sons e não busca interação
emitindo sons, caretas e sorrisos;
■ 12 meses: não balbucia ou se expressa como bebê, não responde ao seu
nome quando chamado, não aponta para coisas no intuito de
compartilhar atenção, não segue com olhar gesto que outros lhe fazem.
■ 15 meses: não fala palavras que não seja mama, papa, nome de
membros da família;
■ 18 meses: não fala palavras (que não seja ecolalia), não expressa o que
quer, utiliza-se da mão do outro para apontar o que quer;
■ 24 meses: não fala frase com duas palavras que não sejam repetição;
■ 36 meses: -
● Os sintomas costumam estar presentes antes dos 3 anos, sendo possível fazer o
diagnóstico por volta dos 1 - 8 meses - mas não é recomendado.
● Autismo precoce: os sintomas aparecem antes dos 12 meses.
● Regressão: Perda de habilidades após desenvolvimento típico (adquiridas) - a criança
passa a ter comportamentos diferentes. Ela falava e de repente parou de falar.
● Regressão: perda de habilidades após desenvolvimento atípico - a criança balbuciava e
do nada parou de falar.
● Importância do diagnóstico precoce: quanto antes o tratamento for iniciado, melhores
são os resultados em termos de desenvolvimento cognitivo, linguagem e habilidades
sociais.

SINTOMAS E TRANSTORNOS PSICOPATOLÓGICOS:

● Automutilação TDAH
● Transtorno Oposicional Desafiante
● Ansiedade e Depressão (especial na passagem à adolescência)
● Alimentares: consomem número restrito de alimentos
● Sono irregular e breve
● Sensibilidade a sons, toque

IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO INFORMAL: é ver que tem mais ali do que a criança
demonstra superficialmente. É ver além do sintoma. Iceberg - anda na ponta dos pés (topo) -
existe uma defesa sensorial por trás disso (parte do Iceberg que não vemos)
MARCADORES NEUROLÓGICOS AUTISMO:

1. Cerebelo:
2. Amigdala e hipocampo: manejo das emoções e da memória - o TEA tem essa questão
da dificuldade de se expressar emocionalmente.
3. Neurônios espelho: nosso cérebro tem um conjunto de células nervosas chamadas
neurônios- espelho, nomeadas justamente pela capacidade de “refletir” as ações que
percebemos. Elas são ativadas quando alguém realiza uma atividade ou, também,
quando observa a mesma atividade. Os neurônios- espelho, quando ativados pela
observação de uma ação, permitem que o significado dessa ação seja compreendido
automaticamente, pois a inferimos, sendo importante para a cognição social. Ex:
quando vemos alguém bocejando, temos a ativação dos neurônios que refletem o que
vemos e nos levam a bocejar também. Também estão por trás da nossa capacidade de
sentir na pele o que acontece com os demais. Tendemos a ficar tristes quando alguém
está triste. Indivíduos com TEA têm dificuldade de imitar os outros e se colocar no
lugar dos outros.
4. Neurotransmissores
5. Neurônios GABA
6. Poda neural: perda e ganho - o autista pode ter dificuldade de restaurar aquilo que foi
perdido.

A SÍNDROME DE ASPERGER
Manifesta-se desde a primeira infância por perturbações graves no das interações sociais e um
comportamento bastante restritivo e de natureza repetitiva.

SÍNDROME DE RETT: caracteriza-se por um processo de desintegração; diversas


perturbações graves – alterações significativas das relações sociais, perda parcial ou completa
da linguagem, do uso normal das mãos e desaceleração do crescimento craniano.

Síndrome de Rett Clássica:

● Maioria mulheres;
● Meninos: cariótipo 47, XXY;
● Achados neurológicos: o Um desenvolvimento aparentemente normal até 6 meses; o
Desaceleração do PC a partir de 3 meses; o Regressão da linguagem; o Estereotipias de
mãos; o Choro inconsolável; o Autismo; o Apnéia ou hiperpnéia; o Ataxia, apraxia,
tremor; o Convulsões.
● Estimativa – 1 /1 0 mil pessoas
● Acompanhada de crises de epilepsia, dificuldade de mastigar, salivação excessiva, falta
de controle esfincteriano.
● Primeiros sinais aos 6 meses – 1 a 3 anos (espasmos – deficiência intelectual grave
Após 1 0 anos os sintomas motores se estabilizam – voltando a se agravar na idade
adulta

A etiologia do autismo: ainda é pouco compreendida e parece ser multifatorial, envolvendo


interações complexas entre fatores genéticos e ambientais. Embora não haja uma única
causa conhecida para o autismo, alguns dos principais fatores de risco incluem:

1. Genética: há uma forte evidência de que a genética desempenha um papel importante no


autismo. Estudos sugerem que muitos genes podem estar envolvidos, incluindo aqueles
que regulam o desenvolvimento do cérebro e a comunicação entre as células cerebrais.
2. Fatores ambientais: alguns estudos também sugerem que fatores ambientais, como
exposição a substâncias químicas tóxicas, infecções, complicações durante a gravidez
ou parto, podem aumentar o risco de autismo.
3. Anormalidades cerebrais: o autismo também pode estar associado a anormalidades
cerebrais, como diferenças no tamanho ou volume de certas áreas do cérebro, bem
como na conectividade entre as diferentes áreas

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