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Capítulo-1 de Livro Utopia Distopia Heterotopia
Capítulo-1 de Livro Utopia Distopia Heterotopia
Daniele de Sá Alves - MG
Eliane Aparecida Andreoli - SP
Eloiza Gurgel Pires - RJ
Fernanda Monteiro Barreto Camargo - ES
Fernando Bueno Catelan - SP
Isabela Nascimento Frade - RJ
Julia Rocha Pinto - ES
Lucia Lombardi - SP
Mabel Emilce Botelli - RJ
Margarete Sacht Góes - ES
Mirian Celeste Martins - SP
Mônica Cristina Mesquita de Souza - RJ
Myriam Fernandes Pestana Oliveira - ES
Rubens de Souza - SP
Veronica Devens Costa – ES
Essa publicação é decorrente das discussões e experiências promovidas no II EnreFAEB – Sudeste 2020
com apoio da FAEB – Federação de Arte/Educadores do Brasil
SUMÁRIO
PREFÁCIO................................................................................................................... 08
Roberta Pucetti
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 14
Daniele de Sá Alves
CONFERÊNCIA DE ABERTURA
Teatro ou Taetro................................................................................................ 15
Ingrid Koudela
MESAS TEMÁTICAS
O componente curricular arte diante da implementação da BNCC e das
reformas do “novo” ensino médio ................................................................... 28
Mônica Cristina Mesquita de Souza
INSTITUIÇÕES HOMENAGEADAS
A Escolinha de Arte do Brasil no século XXI: história, presença e
caminhos da educação pela arte....................................................................... 73
Patrícia Martins Gonçalves
Instituto Tear 40 anos: No fio das histórias, como no fio da vida, cada um
tece seu tapete..................................................................................................... 77
Denise Mendonça
SUMÁRIO
FÓRUNS TEMÁTICOS
1. BREVES ENSAIOS
2. REFLEXÕES AMPLIADAS
3. DIÁLOGOS POÉTICOS
4. DIÁLOGOS TEÓRICOS
5. RELATOS DE EXPERIÊNCIA
6. CADERNOS DE ARTISTAS
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MESAS TEMÁTICAS
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MESAS TEMÁTICAS
PCNs tinham por finalidade “orientar a formulação das propostas curriculares das diversas
regiões do Brasil, os projetos pedagógicos, as escolas e as ações dos docentes quanto à
elaboração do planejamento didático propriamente dito” (BRASIL, 2006, p.167). Trata-se
de orientações de conteúdos e currículos específicos para cada componente curricular da
Educação Básica.
Os PCNs de Arte ressaltam a importância deste componente curricular e apontam
que a educação nesta área propicia por si só o desenvolvimento do pensamento artístico e
da percepção estética, os quais caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à
experiência humana. Através do estudo da Arte, o aluno desenvolve sua sensibilidade,
percepção e imaginação, “tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e
conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes
culturas” (BRASIL, 1997, p. 19). O documento destaca que o universo da Arte
“caracteriza um tipo particular de conhecimento que o ser humano produz a partir das
perguntas fundamentais que desde sempre se fez com relação ao seu lugar no mundo”
(BRASIL, 1997, p. 26). Essa percepção artística está pautada em signos próprios, na
experiência estética e percepção do mundo, através de sons, gestos e visualidade. Nos
aspectos epistemológicos, os PCNs foram um importante documento que defende a
autonomia da Arte enquanto um campo de conhecimento e sua inserção no currículo.
No tocante aos conteúdos a serem trabalhados especificamente no componente
curricular Arte, os PCNs já determinavam que fosse constituído pelo ensino das Artes
Visuais, da Dança, da Música e do Teatro. O que foi reforçado em 2016, com a aprovação
da Lei 13.278, que regulamentou no § 6o do art. 26 da LDB especificando que as “artes
visuais, a dança, a música e o teatro” são as “linguagens” específicas que constituirão o
componente curricular “Arte” nas escolas.
Apesar da existência dos PCNs como norteadores curriculares, nos últimos anos já
vinha sendo discutida e esboçada a elaboração de um currículo mínimo a nível nacional e
a criação de uma Base Nacional Comum Curricular, como já era previsto na própria Lei
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MESAS TEMÁTICAS
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MESAS TEMÁTICAS
disciplina de outra área de conhecimento, pois o nosso foco aqui é o campo da Arte. Essa
exemplificação é apenas para chamar atenção para a disputa de poder no currículo que se
instaura diante da implementação da BNCC e questionar o fato de a quem interessa
colocar o componente curricular “Arte” de forma genérica como uma subárea dentro da
área de Linguagens nessa reforma de currículo?
Em um texto publicado nos anais do ConFaeb de Fortaleza em 2015, Ana Mae
Barbosa destaca os interesses por trás desta reforma curricular e chama atenção para a luta
contra a desqualificação da Arte ainda na versão preliminar do documento da BNCC, que,
na época, estava em discussão no país. Ela ainda aponta para erros já cometidos no
passado sobre entendimentos equivocados de interdisciplinaridade e de uma proposta de
ensino e formação polivalente em arte; discursos e propostas ultrapassadas as quais
sabemos, por experiência, que na prática não funcionam. Portando, voltar a este tipo de
discussão e tentar implantar este tipo de proposta na atualidade é um retrocesso não apenas
para a arte, mas para a educação como um todo.
E citando Gombrich, Ana Mae também esclarece sobre o que seja realmente
interdisciplinaridade, e aponta o equívoco na estrutura da BNCC que deveria colocar Arte
como uma área específica e não uma “subárea.
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MESAS TEMÁTICAS
Neste sentido conforme apontado pela professora Ana Mae, a BNCC tem um erro
estrutural que é o fato do componente curricular Arte constar como se fosse uma
“subárea” dentro de “Linguagens”, o que pode dar margem para interpretação equivocada
de polivalência em Arte, o qual vai contra as habilitações e formações para atuar na área e
as legislações, inclusive contra o Parecer CEB 022/2005 do MEC, que designa “Arte,
como uma área de conhecimento com base na formação específica plena em uma das
linguagens: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro”. (BRASIL, 2005, p. 1). Arte é uma
área, a habilitação para atuar como professores de Arte são quatro licenciaturas diferentes
e cada um destes campos possui formações específicas.
Mas, na estrutura da BNCC, aparece apenas o componente curricular “Arte”,
quando, na verdade, o campo da Arte deveria ter quatro disciplinas diferentes, sendo elas
Artes Visuais, Dança, Música e Teatro.
Portanto, Arte deveria ser uma área com quatro subáreas, ou até cinco, se incluirmos
o Audiovisual, uma vez que também temos licenciaturas específicas em Cinema e
Audiovisual.
Mas além desta questão, diante da aprovação do documento da BNCC, outro ponto
até mais grave é um possível entendimento equivocado de que as disciplinas irão se diluir
e que o ensino na educação básica será por “áreas”. Por isso para evitar entendimentos
mais equivocados ainda, deve ser esclarecido na implementação da BNCC, que em
momento algum o documento propõe o fim dos componentes curriculares e um ensino por
“áreas” ou a apropriação indevida de competências e conteúdos e saberes de outras áreas.
O próprio documento no texto da BNCC ressalta que:
“A organização por áreas, como bem aponta o Parecer CNE/CP nº 11/2009, “não
exclui necessariamente as disciplinas, com suas especificidades e saberes próprios
historicamente construídos, mas, sim, implica o fortalecimento das relações entre
elas e a sua contextualização para apreensão e intervenção na realidade, requerendo
trabalho conjugado e cooperativo dos seus professores no planejamento e na
execução dos planos de ensino” (BRASIL, 2009; ênfases adicionadas). (BRASIL,
2018, p. 32)
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MESAS TEMÁTICAS
Cabe salientar, portanto, que mesmo sendo colocados na BNCC juntos, dentro de
uma “área” chamada “Linguagens”, e apesar dos possíveis diálogos e possibilidades de
trabalhos interdisciplinares, os componentes curriculares de Letras (Línguas e suas
Literaturas), de Arte e de Educação Física são autônomos, e na verdade são campos de
conhecimento e profissionais diferentes, com formações distintas.
Esse problema estrutural da BNCC relativo ao componente curricular de Arte vai
contra a legislação e fere a isonomia, pois, de certa forma, privilegia alguns componentes
curriculares em detrimento de outros. No campo das Letras (Línguas e suas Literaturas),
por exemplo, temos formações diferentes como Português, Inglês ou Espanhol e “suas
Literaturas” e cada uma delas aparecem como disciplinas diferentes na BNCC, pois
entende-se que possuem formações diferentes. Fazendo uma analogia, seria o mesmo que
achar que na área de Letras os componentes curriculares de Língua Portuguesa, Inglês e
Espanhol deveriam ser uma disciplina única ministrada pelo mesmo professor. Por quê a
área de Letras tem um tipo de tratamento e a de Arte outro?
Todos estes apontamentos são para chamar atenção e para refletir sobre a falta de
isonomia de tratamento entre os componentes curriculares, onde privilegia-se
determinados conteúdos em detrimento de outros. E, ainda, alertar para os vários
equívocos estruturais e epistemológicos da BNCC, os quais devem ser corrigidos para
evitar erros durante a sua implantação, com interpretações mais equivocadas ainda,
principalmente relativas à reforma curricular proposta para o “novo” Ensino Médio.
No tocante ao Ensino Médio, a LDB define no seu art. 35, que este é a “etapa final
da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: .... “IV - a
compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina”. (BRASIL, 1996, p. 8).
Especificamente sobre o ensino da Arte, na reforma do Ensino Médio e na implantação da
BNCC, o Parecer CNE/CP Nº: 15/2018, que instituiu a Base Nacional Comum
Curricular do Ensino Médio (BNCC-EM) e trouxe orientações aos sistemas de ensino e às
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Referências
BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. Políticas Públicas para o Ensino da Arte no Brasil: O
Perde e Ganha das Lutas. Anais do Confaeb 2015. Disponível em: <
https://faeb.com.br/confaeb/anais-confaeb-2015/>. Acesso em: 14 de maio de 2021.
BRASIL. Classificação Internacional Normalizada da Educação Adaptada para Cursos de
Graduação e Sequenciais de Formação Específica (Cine Brasil), Brasília, 2018. Disponível em:
https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/cine-brasil
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BRASIL MEC, Ministério da Educação. Parecer CNE/CP Nº: 15/2018. Brasília: MEC, 2018.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2018-pdf/103561-pcp015-18/file.
Acesso em 20 de maio. 2021.
BRASIL MEC, Ministério da Educação. Resolução 04 de 17 de dezembro de 2018. Institui a
Base Nacional Comum Curricular na Etapa do Ensino Médio (BNCC-EM). Brasília: MEC,
2018. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2018-pdf/104101-rcp004-18/file.
Acesso em 20 de maio. 2021.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Ed. Objetiva,
2003
UNESCO INSTITUTE FOR STATISTICS. International Standard Classification of Education
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Disponível em http://uis.unesco.org/sites/default/files/documents/international-standard-
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em: http://www.ilo.org/public/spanish/bureau/stat/isco/index.htm. Acesso em: 14 de maio. 2021
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