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SUMÁRIO

ANATOMIA DO CORAÇÃO
1. Introdução...................................................................... 3
2. Fluxo sanguíneo através do coração................... 8
3. Átrio direito.................................................................... 9
4. Ventrículo direito.......................................................12
5. Átrio esquerdo...........................................................15
6. Ventrículo esquerdo.................................................16
7. Valvas do tronco pulmonar e da aorta..............20
8. Vasculatura do coração..........................................22
9. Complexo estimulante do coração.....................27

ANATOMIA DA AORTA
1. Aorta..............................................................................32

Referências bibliográficas .........................................37


ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 3

ANATOMIA DO de sucção, compressão e expulsão


(ventrículo). Tem o tamanho um pou-
CORAÇÃO co maior do que uma mão fechada.
As câmaras bilaterais (portanto, os
1. INTRODUÇÃO circuitos sistêmicos de alta pressão e
pulmonar de baixa pressão) são sepa-
O sistema circulatório transporta lí- radas por um septo cardíaco formado
quido por todo o corpo; é formado principalmente por tecido muscular,
pelo coração, pelos vasos sanguíne- mas parcialmente membranáceo.
os e vasos linfáticos. O coração e os
vasos sanguíneos formam a rede de O coração está localizado no tórax. A
transporte de sangue. Por intermédio cavidade torácica por sua vez pode
desse sistema, o coração bombeia ser dividida em três partes. Duas ca-
sangue ao longo da vasta rede de va- vidades pleurais (onde estão os pul-
sos sanguíneos do corpo. mões) e um mediastino (que está
entre as cavidades pleurais). O me-
O coração é uma bomba dupla de diastino pode ainda ser superior (re-
sucção e pressão, que impulsiona o gião acima do pericárdio, presente da
sangue pela dupla alça infinita forma- vértebra T1 à T4) e inferior (região
da pelos circuitos pulmonar e sistê- logo abaixo do início do pericárdio,
mico. As câmaras direitas do coração presente da vértebra T5 até o mús-
servem ao primeiro e as câmaras es- culo diafragma). O mediastino inferior
querdas, ao segundo. ainda pode ser subdividido em três
O coração tem o formato de uma pirâ- partes. Anterior (que contém o timo),
mide inclinada, com o ápice em dire- médio (que contém o coração) e pos-
ção anteroinferior e para a esquerda, terior (que contém o esôfago e aorta
e a base oposta ao ápice (posterior). torácica).
Cada lado do coração tem uma câma-
ra de recepção (átrio) e uma câmara
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Ângulo esternal Primeira costela

Mediastino
superior

Mediastino anterior
Mediastino
inferior

Mediastino médio
Mediastino
posterior

Diafragma

Figura 1. Localização anatômica do coração. Fonte: Netter Interativo. 2004.

CONCEITO! Com isso, podemos então tecido fribrosseroso por possuir duas
definir que o coração anatomicamen-
te se encontra no mediastino médio da
porções: o pericárdio fibroso (exter-
cavidade torácica, voltado de trás para no), que possui apenas uma camada,
diante, para a esquerda e para baixo. e o seroso (interno) que possui duas.
Como correlações anatômicas temos,
que o coração está superior ao músculo As duas camadas do pericárdio se-
diafragma, medialmente aos pulmões, roso são separadas pela cavidade
posterior ao osso esterno, anterior ao pericárdica, na qual se encontra um
esôfago e inferior à veia cava superior.
líquido lubrificante que faz parte do
sistema hidrostático cardíaco que di-
O pericárdio é um tecido em forma minui o atrito do coração com os teci-
de saco que envolve todo o coração e dos adjacentes.
as raízes dos seus vasos (artéria aor-
ta, veia cava superior, veia cava infe-
rior, tronco pulmonar e veias pulmo-
nares). O pericárdio é considerado um
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ENDOCÁRDIO PERICÁRDIO VISCERAL


(EPICÁRDIO)
PERICÁRDIO PARIETAL
MIOCÁRDIO
CAMADA FIBROSA

Figura 2. Camadas do coração

O coração pode ser dividido em três o endocárdio e o pericárdio. Ele é


camadas. O endocárdio, miocárdio e muito visível no septo interventri-
epicárdio. cular, além de possuírem células
especializadas nos ventrículos; es-
• Endocárdio: é uma lâmina fina
sas células, dispostas em orienta-
presente em toda a superfície in-
ção perpendicular ao tecido de re-
terna do órgão e suas valvas po-
vestimento, aumentam a força de
dendo ser granular ou liso (granu-
contração.
lar quando contém trabéculas e
liso quando não as tem). • Epicárdio: faz parte na verdade do
próprio pericárdio, sendo apresen-
• Miocárdio: é a parte muscular
tado como a lâmina visceral do pe-
da parede do órgão e está entre
ricárdio seroso.
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CAMADAS DO CORAÇÃO

Acometimento
Camadas do coração

Endocárdio (interna)

Miocárdio
Pericárdio fibroso

Pericárdio (externa) Pericárdio fibroso

Pericárdio fibroso Espaço pericárdico

Pericárdio fibroso

O esqueleto fibroso do coração é


um arcabouço de tecido fibroso que SE LIGA! Uma outra importante fun-
forma os anéis fibrosos das valvas e ção está no potencial de ação, como o
esqueleto fibroso não tem condutância
o trígonos fibrosos esquerdo e direi-
elétrica, ele funciona como um isolante.
to, que estão entre a valva da aorta e Esse papel isolante impede que o im-
valva mitral, e valva da aorta e valva pulso elétrico dos átrios chegue até o
tricúspide respectivamente. É nesse ventrículo antes de passar pelo nódulo
atrioventricular.
esqueleto que as fibras musculares
cardíacas se fixam.
O esqueleto fibroso tem sua impor-
tância, pois mantém os óstios das val-
vas sempre abertos, impedindo que
ocorra uma distensão pelo aumento
da pressão dentro do órgão. Forne-
ce também uma inserção fixa para as
válvulas das valvas.
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Figura 3. Esqueleto fibroso do coração

O coração externo é comumente • Face pulmonar (esquerda): For-


dividido em ápice, base e mais três mada principalmente pelo ventrí-
faces: esternocostal, diafragmática e culo esquerdo, ela causa a impres-
pulmonar. A base está constituída dos são cardíaca do pulmão esquerdo.
átrios direito e esquerdo. As veias ca-
• Face pulmonar (direita): Formada
vas superior e inferior e as veias pul-
principalmente pelo átrio direito.
monares penetram no coração pela
base. É também a porção posterior • Face diafragmática (inferior): É
do coração em posição anatômica. O formada principalmente pelo ven-
ápice é contralateral a base e é fre- trículo esquerdo e parcialmente
quentemente arredondada, formada pelo ventrículo direito e repousa,
pela parte ínfero-lateral do ventrículo principalmente, sobre o centro ten-
esquerdo e é onde ocorre o batimento díneo do diafragma.
apical (pulsação máxima do coração).
• Face esternocostal (anterior): A
face esternocostal é formada prin-
cipalmente pelo ventrículo direito.
Nele também se encontram o cone
arterial (ou infundíbulo) que se tor-
nará o tronco pulmonar.
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Figura 4. Coração - Base e face diafragmática. Fonte: Netter Interativo. 2004.

O coração possui ainda quatro mar- margem a parte ascendente da


gens: direita, inferior, superior e aorta e o tronco pulmonar e a veia
esquerda. cava superior entra pelo seu lado
direito.
• Margem direita: é uma margem
ligeiramente convexa, formada • Margem esquerda: quase vertical,
pelo átrio direito e se estende en- é formada pelo ventrículo esquer-
tre a veia cava superior e veia cava do e parte da aurícula esquerda.
inferior.
• Margem inferior: quase horizon- 2. FLUXO SANGUÍNEO
tal, formada pelo ventrículo direito ATRAVÉS DO CORAÇÃO
e parte do ventrículo esquerdo.
O fluxo sanguíneo através do coração
• Margem superior: formada pelos é bastante lógico. Ele acontece com o
átrios, aurículas direita e esquer- ciclo cardíaco, que consiste em con-
da anteriormente. Saem dessa trações e relaxamentos periódicos do
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miocárdio atrial e ventricular (tecido O ciclo cardíaco é controlado involun-


muscular cardíaco). A contração do tariamente por um plexo autonômico
miocárdio é chamada de sístole, en- nervoso chamado de plexo cardíaco.
quanto o seu relaxamento é chamado
de diástole. Note que sempre que os SE LIGA! São duas circulações aconte-
átrios se contraem, os ventrículos se cendo em paralelo: a pulmonar, que vai
relaxam, e vice-versa. oxigenar o sangue, e a sistêmica, que
vai levar sangue para o organismo.
Vamos traduzir em palavras o fluxo
cardíaco do coração:
• O átrio direito recebe sangue de- 3. ÁTRIO DIREITO
soxigenado das veias cavas supe- O átrio direito forma a margem direita
rior e inferior e do seio coronário do coração e recebe sangue venoso
• O átrio direito contrai, empurrando da veia cava superior (VCS), veia cava
sangue através da valva atrioven- inferior (VCI) e seio coronário. A aurí-
tricular direita até o ventrículo di- cula direita, que tem formato de uma
reito. O ventrículo então se contrai, orelha, é uma bolsa muscular cônica
passando o sangue para o tronco que se projeta do átrio direito como
pulmonar através da valva pulmo- uma câmara adicional, aumenta a
nar, até que o sangue chegue aos capacidade do átrio e se superpõe à
pulmões. parte ascendente da aorta.
O interior do átrio direito apresenta:
• Nos pulmões o sangue é oxigenado
e em seguida se move de volta ao • Uma parte posterior lisa, com pa-
coração, entrando no átrio esquer- redes finas (o seio das veias ca-
do através das veias pulmonares. vas), onde se abrem as veias cavas
(VCS e VCI) e o seio coronário, que
• O átrio esquerdo se contrai e em-
trazem sangue pouco oxigenado
purra o sangue para o ventrículo
para o coração.
esquerdo através da valva atrio-
ventricular esquerda. • Uma parede anterior muscular, ru-
gosa, que é formada pelos múscu-
• O ventrículo esquerdo empurra o
los pectíneos.
sangue oxigenado através da val-
va aórtica para a aorta, a partir da • Um óstio AV direito, através do
qual o sangue é distribuído para qual o átrio direito transfere para o
todo o corpo. ventrículo direito o sangue pouco
oxigenado que recebeu.
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 10

Figura 5. Átrio direito aberto: vista lateral direita. Fonte: Netter Interativo. 2004.

As partes lisa e áspera da parede atrial O triângulo de Koch é uma área


são separadas externamente por um triangular da parede septal. Usual-
sulco vertical superficial, o sulco ter- mente a parte septal do nodo atrio-
minal, e internamente por uma crista ventricular se localiza nesta região,
vertical, denominada crista terminal. assim como a porção inicial do feixe
A VCS se abre na parte superior do de His. É uma região delimitada pelo
átrio direito no nível da 3ª cartilagem óstio do seio coronário, o tendão da
costal direita. A VCI se abre na parte veia cava inferior (ou tendão de Toda-
inferior do átrio direito quase alinhada ro) e a inserção da válvula septal da
com a VCS, no nível aproximado da valva tricúspide.
5ª cartilagem costal.
O óstio do seio coronário, um tron-
co venoso curto que recebe a maioria
das veias cardíacas, situa-se entre o
óstio AV direito e o óstio da VCI.
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Figura 6. Triângulo de Koch. Fonte: Netter Interativo. 2004.

O septo interatrial que separa os átrios


tem uma depressão oval, do tamanho SE LIGA! O forame oval é um orifício
da impressão digital de um polegar, que comunica o lado direito com o lado
esquerdo do coração. Durante a gesta-
a fossa oval, que é um remanescente
ção, é essa comunicação que possibilita
do forame oval e sua valva no feto. O que o feto receba o sangue oxigenado
sangue da veia cava superior (VCS) da mãe para se desenvolver, uma vez
é direcionado para o óstio atrioven- que seus pulmões ainda não funcionam.
tricular direito, enquanto o sangue da Logo após o nascimento, há o fecha-
mento natural do forame oval. No entan-
veia cava inferior (VCI) é direcionado
to, em uma minoria de pessoas esse fe-
para a fossa oval, como era antes do chamento natural não ocorre e o forame
nascimento. oval continua aberto, ou seja, patente,
ao longo da vida.
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 12

4. VENTRÍCULO DIREITO câmara da parede lisa do cone arte-


rial, ou parte de saída. A parte de en-
O ventrículo direito forma grande par-
trada do ventrículo recebe sangue do
te da face esternocostal do coração,
átrio direito através do óstio AV direito
uma pequena parte da face diafrag-
(tricúspide), localizado posteriormen-
mática e quase toda a margem infe-
te ao corpo do esterno no nível do 4º
rior do coração.
e 5º espaços intercostais. O óstio AV
Afila-se superiormente e forma um direito é circundado por um dos anéis
cone arterial chamado infundíbulo, fibrosos do esqueleto fibroso do cora-
que conduz ao tronco pulmonar. No ção. O anel fibroso mantém o calibre
ventrículo direito existem elevações do óstio constante (suficientemente
musculares irregulares, as trabéculas grande para permitir a passagem das
cárneas, em sua face interna. Uma pontas de três dedos), resistindo à di-
crista muscular espessa, a crista su- latação que poderia resultar da pas-
praventricular, separa a parede mus- sagem de sangue através dele com
cular rugosa na parte de entrada da pressões variadas.

Figura 7. Ventrículo direito aberto: vista anterior. Fonte: Netter interativo. 2004.
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A valva atrioventricular direita (tricús- bases das válvulas estão fixadas ao


pide) protege o óstio AV direito. As anel fibroso ao redor do óstio.

Figura 8. Valva atrioventricular direita (tricúspide). Fonte: Netter interativo. 2004.


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Como o anel fibroso mantém o ca-


libre do óstio, as válvulas fixadas se SE LIGA: O aparelho valvar consiste
tocam da mesma forma a cada bati- de: um anel fibroso (ânulo fibroso) em
torno do óstio atrioventricular; da valva
mento cardíaco. As cordas tendíneas
(constituída de várias válvulas ou cús-
fixam-se às margens livres e às su- pides - cada cúspide se insere no anel
perfícies ventriculares das válvulas fibroso que constitui o óstio); as cordas
anterior, posterior e septal, de forma tendíneas, que ligam as válvulas aos
músculos papilares (como os tendões li-
semelhante à fixação das cordas em gam o musculo ao osso) e os músculos
um paraquedas. As cordas tendíne- papilares.
as originam-se dos ápices dos mús-
culos papilares, que são projeções
musculares cônicas com bases fixa-
das à parede ventricular. Os múscu-
los papilares começam a se contrair
antes da contração do ventrículo di-
reito, tensionando as cordas tendíne-
as e aproximando as válvulas. Como
as cordas estão fixadas a faces adja-
centes de duas válvulas, elas evitam
Figura 9. Aparelho Valvar. Fonte: Portal Lucas
a separação das válvulas e sua in- Nicolau.
versão quando é aplicada tensão às
cordas tendíneas e mantida durante
toda a contração ventricular (sístole) Três músculos papilares no ventrículo
– isto é, impede o prolapso (entrada direito correspondem às válvulas da
no átrio direito) das válvulas da valva valva atrioventricular direita:
atrioventricular direita quando a pres- • O músculo papilar anterior, o
são ventricular aumenta. Assim, a re- maior e mais proeminente, origi-
gurgitação (fluxo retrógrado) de san- na-se da parede anterior do ven-
gue do ventrículo direito para o átrio trículo direito; suas cordas tendíne-
direito durante a sístole ventricular é as se fixam nas válvulas anterior e
impedida pelas válvulas. posterior da valva atrioventricular
direita.
• O músculo papilar posterior,
menor do que o músculo anterior,
pode ter várias partes; origina-se
da parede inferior do ventrículo di-
reito, e suas cordas tendíneas se
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 15

fixam nas válvulas posterior e sep- auricular que é sulcado pelos múscu-
tal da valva atrioventricular direita. los pectinados e que era o átrio es-
querdo primitivo.
• O músculo papilar septal origi-
na-se do septo interventricular e A aurícula esquerda muscular, de for-
suas cordas tendíneas se fixam às mato tubular e sua parede trabecula-
válvulas anterior e septal da valva da com músculos pectíneos, forma a
atrioventricular direita. parte superior da margem esquerda
do coração e cavalga a raiz do tronco
O septo interventricular (SIV), com-
pulmonar. Uma depressão semilunar
posto por duas partes, a muscular e
no septo interatrial indica o assoalho
a membranácea, é uma divisória oblí-
da fossa oval; a crista adjacente é a
qua forte entre os ventrículos direito e
valva do forame oval.
esquerdo, formando parte das pare-
des de cada um.
A trabécula septomarginal (banda O interior do átrio esquerdo apresenta:
moderadora) é um feixe muscular • Uma parte maior com paredes li-
curvo que atravessa o ventrículo direi- sas e uma aurícula muscular me-
to da parte inferior do SIV até a base nor, contendo músculos pectíneos.
do músculo papilar anterior. Essa tra-
bécula é importante porque conduz • Quatro veias pulmonares (duas su-
parte do ramo direito do fascículo AV, periores e duas inferiores) que en-
uma parte do complexo estimulante tram em sua parede posterior lisa.
do coração até o músculo papilar an- • Uma parede ligeiramente mais es-
terior. Este “atalho” através da câmara pessa do que a do átrio direito.
parece reduzir o tempo de condução,
permitindo a contração coordenada • Um septo interatrial que se inclina
do músculo papilar anterior. posteriormente e para a direita
• Um óstio atrioventricular esquerdo
através do qual o átrio esquerdo
5. ÁTRIO ESQUERDO
transfere o sangue rico em oxigê-
O átrio esquerdo forma a maior par- nio que recebe das veias pulmona-
te da base do coração. Os pares de res para o ventrículo esquerdo.
veias pulmonares direita e esquerda,
avalvulares, entram no átrio de pare-
des finas. Possui uma porção de pa-
redes lisas a partir da incorporação
do desenvolvimento de uma porção
das veias pulmonares e um apêndice
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 16

Figura 10. Átrio e ventrículo esquerdo. Fonte: Netter interativo. 2004.

6. VENTRÍCULO O VE contém apenas dois músculos


ESQUERDO papilares, anterior e posterior, que
se ligam aos dois folhetos da válvula
O ventrículo esquerdo forma o ápice
atrioventricular esquerda (ou mitral)
do coração, quase toda sua face es-
por meio das cordas tendíneas.
querda (pulmonar) e margem esquer-
da e a maior parte da face diafragmá- A valva atrioventricular esquerda
tica. Como a pressão arterial é muito (mitral ou bicúspide) tem duas vál-
maior na circulação sistêmica do que vulas, anterior e posterior. A valva
na circulação pulmonar, o ventrículo atrioventricular esquerda está locali-
esquerdo (VE) trabalha mais do que zada posteriormente ao esterno, no
o ventrículo direito (VD). Consequen- nível da 4a cartilagem costal. Cada
temente, o VE tem quase o dobro da uma de suas válvulas recebe cor-
espessura do VD. Suas paredes são das tendíneas de mais de um mús-
revestidas por trabéculas cárneas culo papilar. Esses músculos e suas
que são mais finas e mais numerosas cordas sustentam a valva atrioven-
do que as do ventrículo direito. tricular esquerda, permitindo que as
válvulas resistam à pressão gerada
durante contrações (bombeamento)
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 17

do ventrículo esquerdo. As cordas perpendiculares durante sua passa-


tendíneas tornam-se tensas logo an- gem pelo ventrículo que, juntas, re-
tes e durante a sístole, impedindo que sultam em mudança de direção de
as válvulas sejam empurradas para 180°. Essa inversão de fluxo ocorre
o átrio esquerdo. A corrente sanguí- ao redor da válvula anterior da valva
nea sofre duas mudanças de trajeto atrioventricular esquerda.

Figura 11. Valva atrioventricular esquerda (mitral). Fonte: Netter Interativo. 2004.

A valva da aorta, situada entre o ven- se origina no seio aórtico direito, en-
trículo esquerdo e a parte ascendente quanto a artéria coronária esquerda
da aorta, é posicionada obliquamen- se origina no seio aórtico esquerdo.
te. Está localizada posteriormente ao
lado esquerdo, do esterno, no nível do
3º espaço intercostal.
Existem dilatações na parede da aor-
ta abaixo de cada cúspide: os seios
da aorta. A artéria coronária direita
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 18

VENTRÍCULO DIREITO VENTRÍCULO ESQUERDO

Uma valva tricúspide Uma valva bicúspide

Uma face septal trabeculada Uma face septal lisa

Uma crista supraventricular Nenhuma crista

Presença do infundíbulo Ausência do infundíbulo

Duas câmaras Hipertrofia muscular

Tabela 1. Diferenças entre os ventrículos


ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 19

CONFIGURAÇÃO ANATÔMICA INTERNA DO CORAÇÃO

Tendão de Todaro

Mm. pectíneos

Triângulo de Koch

Fossa oval

Óstio da veia cava superior


Mm. pectíneos
AD AE
Óstio e válvula da veia cava inferior
Óstios das veias pulmonares

Óstio e válvula do seio coronário

Cordas tendíneas Cordas tendíneas

Trabéculas cárneas Trabéculas cárneas


Crista, ponte e mm. papilares VD VE
Crista, ponte e mm. papilares
anterior, posterior e septal, anterior e posterior
trabécula septomarginal

Válvulas semilunares
Válvulas semilunares
Direita, esquerda e posterior
Direita, esquerda e anterior

Crista supraventricular
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 20

7. VALVAS DO TRONCO o relaxamento do ventrículo (diástole),


PULMONAR E DA AORTA a retração elástica da parede do tron-
co pulmonar ou da aorta força o san-
gue de volta para o coração. No en-
As três válvulas semilunares da valva tanto, as válvulas fecham-se com um
do tronco pulmonar (anterior, direita e estalido, quando há inversão do fluxo
esquerda), como as válvulas semilu- sanguíneo. Elas se aproximam para
nares da valva da aorta (posterior, di- fechar por completo o óstio, susten-
reita e esquerda), são côncavas ao se- tando umas às outras quando suas
rem observadas de cima. As válvulas bases se tocam e evitando o retorno
semilunares não têm cordas tendíne- de qualquer quantidade significativa
as para sustentá-las. Têm área menor de sangue para o ventrículo.
do que as válvulas das valvas AV, e a
A margem de cada válvula é mais es-
força exercida sobre elas é menor que
pessa na região de contato, formando
a metade da força exercida sobre as
a lúnula; o ápice da margem livre an-
válvulas das valvas atrioventriculares
gulada é ainda mais espesso, forman-
direita e esquerda.
do o nódulo. Imediatamente superior
a cada válvula semilunar, as paredes
VALVAS SEMILUNARES das origens do tronco pulmonar e da
aorta são ligeiramente dilatadas, for-
mando um seio. Os seios da aorta e
Válvula semilunar direita do tronco pulmonar são os espaços
Valva
Válvula semilunar esquerda na origem do tronco pulmonar e da
Pulmonar
parte ascendente da aorta entre a
Válvula semilunar anterior
parede dilatada do vaso e cada válvu-
la semilunar. O sangue presente nos
seios e a dilatação da parede impe-
Válvula semilunar direita dem a adesão das válvulas à parede
Valva do vaso, o que poderia impedir o fe-
aórtica Válvula semilunar esquerda
chamento. A abertura da artéria coro-
Válvula semilunar posterior nária direita é no seio da aorta direito
e a abertura da artéria coronária es-
querda é no seio da aorta esquerdo.
Nenhuma artéria origina-se do seio
As válvulas projetam-se para a arté- da aorta posterior (não coronário).
ria, mas são pressionadas em direção
(e não contra) às suas paredes quan-
do o sangue deixa o ventrículo. Após
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 21

Figura 12. Vista superior da valva aórtica

Figura 13. Valvas do coração na diástole. Fonte: Netter Interativo. 2001.


ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 22

Figura 14. Valvas do coração na sístole. Fonte: Netter Interativo. 2001.

8. VASCULATURA DO IRRIGAÇÃO ARTERIAL DO


CORAÇÃO CORAÇÃO
As artérias coronárias e as veias car- As artérias coronárias direita e es-
díacas são as responsáveis pela vas- querda, são originadas dos seios da
culatura do coração. O endocárdio e aorta correspondentes e irrigam o
parte do tecido subendocárdico rece- miocárdio e o epicárdio, seguindo por
bem nutrientes e oxigênio por difusão lados opostos ao tronco pulmonar.
ou microvascularização diretamente A artéria coronária direita (ACD)
das câmaras cardíacas. Os vasos san- após se originar do seio da aorta di-
guíneos percorrem a superfície do co- reito, segue para o lado direito do
ração abaixo do epicárdio e parte de- tronco pulmonar, vai até o sulco co-
les estão entranhados no miocárdio. ronário e depois segue em direção ao
ápice, sem alcança-lo. Nesse trajeto,
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 23

origina, geralmente, o ramo do nó si- originado pelo ramo IV, que segue na
noatrial (SA) ascendente (irriga o nó face anterior do coração.
sinoatrial) e o ramo marginal direito O ramo circunflexo, acompanha o sul-
(irriga margem direita do coração). A co coronário pela margem esquerda
ACD vai ainda para a esquerda após do coração e vai até a face posterior,
emitir o ramo marginal direito e conti- terminando no sulco coronário antes
nua no sulco coronário até a face pos- de chegar até a cruz do coração.
terior do coração. Na parte anterior da
cruz do coração, onde há junção dos A ACD costuma irrigar os nós SA e
septos interatrial e interventricular, a AV, o miocárdio da parede externa do
ACD origina o ramo do nó atrioven- ventrículo direito (exceto sua face an-
tricular (irriga o nó AV). Outra ramo terior), a face diafragmática do ventrí-
proveniente da ACD é o ramo in- culo esquerdo e o terço posterior do
terventricular posterior, que passa septo interventricular.
pelo sulco interventricular posterior Em geral, a ACE supre os dois terços
em direção ao ápice e envia os ramos anteriores do SIV (inclusive o feixe AV
interventriculares septais, que perfu- de tecido conectivo), a parede ante-
ram o septo IV. rior do ventrículo direito e a parede
A artéria coronária esquerda (ACE) externa do ventrículo esquerdo (ex-
se origina do seio da aorta esquerdo, ceto sua face diafragmática).
passa pela aurícula esquerda e lado O domínio da vasculatura arterial co-
esquerdo do tronco pulmonar e segue ronariana é definida pela artéria que
para o sulco coronário. Cerca de 40% origina o ramo interventricular pos-
das pessoas vai ter o ramo circunfle- terior, sendo que a coronária direita
xo da ACE originando o ramo do nó mais comumente desempenha este
SA, que ascende até a face posterior papel (67% dos casos).
do átrio esquerdo e vai até o nó SA. Os leitos capilares do miocárdio dre-
No sulco coronário, a ACE divide-se nam principalmente para o átrio direi-
em dois ramos: ramo interventricu- to por intermédio de veias que desá-
lar anterior (ou descendente ante- guam no seio coronário. No entanto,
rior esquerda - DAE) e o ramo cir- as veias também podem entrar di-
cunflexo. O ramo IV anterior segue retamente nas câmaras através das
pelo sulco IV e vai até o ápice do cora- veias cardíacas mínimas. Nenhuma
ção, faz a volta na margem inferior do das duas vias tem válvulas.
coração e depois se anastomosa com
o ramo IV posterior da ACD. Algumas
pessoas ainda têm o ramo lateral
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 24

Figura 15. Artérias coronárias e veias do coração – Face diafragmática (inferior). Fonte: Netter Interativo. 2004.

Figura 16. Artérias coronárias e veias do coração – Face esternocostal (anterior). Fonte: Netter Interativo. 2004.
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ARTÉRIA CORONÁRIA ESQUERDA ARTÉRIA CORONÁRIA DIREITA

Átrio esquerdo Átrio direito

A maior parte do ventrículo esquerdo A maior parte do ventrículo direito

Parte do ventrículo direito Superfície diafragmática do ventrículo esquerdo

Septo interventricular Parte dos septos interatrial e interventricular

Nó SA (40% das pessoas) Nó SA (60% das pessoas)

Nó AV

Tabela 2. Irrigação das artérias coronárias

SE LIGA: Algumas pessoas desenvol-


vem a capacidade de desenvolver uma
circulação colateral. Geralmente os ra-
mos das artérias coronarianas são termi-
nais funcionais, ou seja, irrigam regiões
do miocárdio que não têm anastomoses
suficientes com outros grandes ramos
para manter um tecido, caso ocorra uma
oclusão. Porém, podemos observar que
na maioria das pessoas, pode haver o
desenvolvimento de anastomoses en-
tre os ramos das artérias subepicárdicas
ou miocárdicas e entre elas e os vasos
torácicos.

SAIBA MAIS:
A angina do peito é a dor originada do coração. Ela pode ser caracterizada como uma dor
em aperto, no fundo do tórax, constritiva e transitória, que pode durar de 15 segundos a 15
minutos, de intensidade moderada. Essa dor muitas vezes é resultante do estreitamento das
artérias coronárias. Ocorre uma diminuição do fluxo sanguíneo coronariano, com redução da
oferta de oxigênio para as células musculares estriadas cardíacas. O metabolismo anaeróbio
dos miócitos leva ao acúmulo de ácido lático, que ativa os receptores álgicos do músculo.
Atividades que podem levar ao aumento da atividade cardíaca são: exercício físico vigoroso,
exposição súbita ao frio e estresse.
A angina é aliviada ao repouso, cerca de 1 a 2 minutos. Pode ser administrada nitrogliceri-
na sublingual, que dilata as coronárias e aumenta o fluxo sanguíneo local, reduzindo então
sintomas.
No infarto, a dor é bem maior que a angina e ela não desaparece ao repouso.
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 26

DRENAGEM VENOSA DO CIRCULAÇÃO DO CORAÇÃO


CORAÇÃO.
A drenagem venosa do coração é go-
ramos atriais
vernada primariamente pelo seio co- A.
ronário, com auxílio secundário das coronária r. marginal direito
direita
veias cardíacas anteriores, que en- r. interventricular posterior
tram diretamente no átrio direito, e
das veias cardíacas menores, que se
abrem diretamente no interior das câ-
r. interventricular anterior
maras cardíacas. A.
O seio coronário cursa transversal- coronária r. circunflexo
esquerda
mente ao longo da superfície poste- ramos atriais
rior do coração, no sulco coronário, e é
r. marginal esquerdo
uma veia particularmente larga, uma
vez que recebe sangue da: veia cardí- r. interventricular
aca maior, veia cardíaca média, veias
cardíacas menores, veia marginal es-
querda, veias ventriculares posterio-
v. cardíaca magna
res esquerdas.
Seio
As veias cardíacas maiores cursam r. interventricular
coronário
superiormente no sulco interventricu- v. interventricular posterior
lar anterior, e entram o seio coronário
v. cardíaca parva
pelo lado esquerdo. A veia cardíaca
média, também conhecida como veia
interventricular posterior, também
drena para o seio coronário, entretan-
to entra pelo lado oposto após cursar
no sulco interventricular posterior.
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 27

rítmicos e por feixes de músculo car-


SE LIGA! : Doença arterial coronária é díaco modificado que conduzem os
um dos muitos termos, incluindo doença impulsos. O resultado é a contração
cardíaca isquêmica e doença cardíaca
coordenada dos átrios e ventrículos.
aterosclerótica, usado para descrever o
estreitamento das paredes internas das
artérias que suprem o coração.
CONCEITO! O complexo estimulante
Essa condição é muito grave, e pode se do coração gera e transmite os impulsos
mostrar fatal, uma vez que é o principal que produzem as contrações coordena-
tipo de doença cardíaca e a causa mais das do ciclo cardíaco.
frequente de infarto do miocárdio.
O sintoma mais óbvio da estenose da ar-
téria coronária é angina, ou dor no tórax, O complexo estimulante consiste em
na região do coração, que está situado
atrás da margem esquerda do esterno.
tecido nodal, que inicia os batimentos
cardíacos e coordena contrações das
Fatores de risco para a aquisição desta
condição incluem: hipertensão, hiperco- quatro câmaras, e fibras condutoras
lesterolemia, tabagismo, hiperglicemia, muito especializadas para conduzi-
fatores hemostáticos, genética, altos ní- -los rapidamente para as diferentes
veis de lipoproteína, sedentarismo, eti-
lismo, estresse, baixos níveis dietéticos
áreas do coração. A seguir, os im-
de antioxidantes, obesidade, baixos ní- pulsos são propagados pelas células
veis de hemoglobinas, idade avançada. musculares estriadas cardíacas, de
Um diagnóstico positivo é obtido através modo que haja contração simultânea
de vários exames cardiológicos, incluin- das paredes das câmaras.
do um teste ergométrico, eletrocardio-
grama, ecocardiograma, para mencionar
alguns. SE LIGA! O coração tem dois tipos de
Medidas preventivas incluem uma dieta células, as células miocárdicas, tam-
balanceada, associada a exercícios físi- bém denominadas células funcionais,
cos regulares. que quando estimuladas eletricamente
são capazes de se contrair, e as células
O tratamento para os que já sofrem da
marcapasso, responsáveis pela gera-
doença inclui vários medicamentos e
ção e condução dos estímulos elétricos.
algumas vezes envolve intervenções
Os tecidos especializados que geram e
cirúrgicas.
conduzem impulsos elétricos através do
coração, são o nó sinoatrial (nó SA), nó
atrioventricular (nó AV), feixe de His e
9. COMPLEXO fibras de Purkinje.
ESTIMULANTE DO
CORAÇÃO
O complexo estimulante do coração
é formado por nós intrínsecos espe-
cializados geradores de estímulos
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 28

Fascículo
Atrioventricular
(Feixe de His)

Nó Sinoatrial
Ramo direito


atrioventricular

Ramos
subendocárdicos
(Fibras de
Purkinje)
Figura 17. Complexo estimulante do coração. Fonte: Netter Interaivo. 2004.

O nó SA está localizado na parede são muito permeáveis ao sódio, que


posterior do átrio direito, onde a veia passa para o interior das fibras, fa-
cava chega ao coração. O nó AV está zendo com que o potencial da mem-
na porção inferior do septo interatrial. brana em repouso passe para o valor
O feixe de His está no topo do septo positivo até atingir seu limiar transfor-
interventricular, esse feixe se divide mando em potencial de ação.
no interior da parede dos ventrículos O sinal de contração do nó SA pro-
denominando-se fibras de Purkinje, paga-se miogenicamente (através
causando a contração simultânea dos da musculatura) de ambos os átrios.
ventrículos. Centésimos de segundos depois, o
A regulação da ritmicidade do cora- impulso atinge o nó AV, que retarda
ção ocorre no nó SA ou marca pas- o impulso para que os átrios forcem a
so do coração, emitindo um impulso passagem de sangue para os ventrí-
aproximadamente 70 vezes por mi- culos. O nó AV então distribui o sinal
nuto. Esta ritmicidade ocorre porque para os ventrículos através do fascí-
as membranas das fibras do nó SA culo AV.
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 29

Na junção das partes membranácea muscular profundamente ao endocár-


e muscular do septo interventricu- dio e depois se ramificam em ramos
lar (SIV), o fascículo AV divide-se em subendocárdicos (Fibras de Purkin-
ramos direito e esquerdo. Esses ra- je), que se estendem até as paredes
mos prosseguem de cada lado do SIV dos respectivos ventrículos.

SISTEMA DE CONDUÇÃO

Feixe de His

Fascículo Ramo direito


Nó SA Nó AV Feixe de His
AV
Ramo esquerdo rr. subendocárdicos

CONCEITO: A geração e a condução de do sistema nervoso para atender às


impulsos podem ser resumidas da se-
guinte forma:
demandas ou poupar energia.
• O nó SA inicia um impulso que é ra- O nó sinoatrial (SA), gerador de im-
pidamente conduzido para as fibras pulsos, e o nó atrioventricular (AV),
musculares cardíacas nos átrios, cau- transmissor, geralmente são irrigados
sando sua contração.
por ramos dos nós da ACD. O fascí-
• O impulso propaga-se por condução
culo atrioventricular e seus ramos são
miogênica, que transmite rapidamen-
te o impulso do nó SA para o nó AV. irrigados principalmente por ramos
• O sinal é distribuído do nó AV atra- septais da ACE.
vés do fascículo AV e seus ramos (os A oclusão de qualquer artéria coroná-
ramos direito e esquerdo), que se-
guem de cada lado do SIV e suprem
ria subsequente infarto do nó ou do
os ramos subendocárdicos para os tecido condutor pode exigir a inserção
músculos papilares e as paredes dos de um marcapasso cardíaco artificial.
ventrículos.

A frequência de geração e a velocida-


de de condução são aumentadas pela
parte simpática e inibidas pela parte
parassimpática da divisão autônoma
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 30

podem ser registrados pelo eletrocar-


SE LIGA! O marcapasso consiste em diograma. Onda P é a despolarização
um gerador de pulso ou bateria, um fio das fibras atriais do nó SA, o comple-
(derivação) e um eletrodo. Os marca-
xo QRS é a despolarização dos ven-
passos produzem impulsos elétricos
que iniciam contrações ventriculares em trículos e a onda T é a repolarização
uma frequência predeterminada. dos ventrículos, iniciando assim um
novo ciclo cardíaco

O efeito da divisão autônoma do sis- Sobre a inervação do coração, refe-


tema nervoso sobre as artérias coro- re-se à rede de nervos responsáveis
nárias é paradoxal. O controle da ati- pelo funcionamento do coração. O
vidade cardíaca é feito pelo sistema coração é inervado por fibras simpáti-
nervoso simpático e parassimpático, cas e parassimpáticas do ramo auto-
que inervam de forma abundante o nômico do sistema nervoso periférico.
coração, além de fibras aferentes vis- A rede de nervos que irriga o coração
cerais que conduzem fibras reflexas recebe contribuições dos nervos vago
e nociceptivas provenientes do cora- direito e esquerdo, além de contribui-
ção. A estimulação simpática causa ções do tronco simpático. Estes são
vasodilatação e a estimulação paras- responsáveis por influenciar a frequ-
simpática, vasoconstrição. ência cardíaca, o débito cardíaco e as
Os impulsos elétricos que passam forças de contração do coração.
pelo complexo estimulante do coração

Plexo cardíaco É uma rede de nervos, incluindo os sistemas simpático e parassimpático

As fibras parassimpáticas são originadas do nervo vago e são  responsá-


Inervação parassimpática veis por reduzir a frequência cardíaca, reduzir a força das contrações cardí-
acas e dilatar os vasos coronários

As fibras simpáticas têm origem na coluna celular intermediolateral da


medula torácica, entre T1 e T5, antes de se fundir ao tronco simpático  e
Inervação Simpática
são responsáveis por aumentar a frequência cardíaca, aumentar a força de
contratilidade cardíaca e promover a constrição dos vasos coronários

Tabela 3. Inervação do coração


ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 31

A estimulação simpática é responsá-


vel por: SE LIGA! Dor referida cardíaca

• Aumentar dinâmica e funcionali- O coração é insensível ao toque, secção,


frio e calor, porém, a isquemia e o acú-
dade do coração através do au- mulo de produtos metabólicos estimu-
mento da frequência cardíaca, da lam as terminações nervosas no miocár-
condução do impulso, da força da dio. As fibras álgicas aferentes seguem
em direção central nos ramos cervicais
contratilidade e do fluxo sanguíneo
intermediários e inferiores e nos ramos
pelos vasos coronários. cardíacos torácicos do tronco simpáti-
co. Os axônios dos neurônios sensitivos
• Aumentar a frequência de despo- primários entram nos segmentos medu-
larização das células marca-passo lares de T1 a T4 ou T5, principalmente
e a condução atrioventricular. do lado esquerdo. Quando um estímulo
nocivo originário do coração é percebi-
A estimulação parassimpática é res- do como dor originada em uma parte
ponsável por: do corpo, como o membro superior es-
querdo, esse fenômeno é denominado
• Diminuir a dinâmica do coração dor referida cardíaca. Essa dor referi-
através da diminuição da frequên- da visceral vai ser transmitida por fibras
viscerais aferentes que acompanham
cia cardíaca, redução da força de as fibras simpáticas e geralmente são
contração e constrição das artérias referidas em estruturas somáticas ou
coronárias, para poupar energia áreas em que o membro tenha fibras
em períodos de maior demanda. com corpos celulares no mesmo gân-
glio vertebral e processos centrais que
• As fibras parassimpáticas liberam entrem na medula através das mesmas
raízes posteriores. A angina por exem-
acetilcolina que se liga aos recep-
plo é percebida como uma dor irradiada
tores muscarínicos resultando em das regiões subesternal e peitoral es-
redução da frequência de despo- querda, além do ombro esquerdo e face
larização das células marcapasso medial do membro superior esquerdo.
Essa região é inervada pelo nervo cutâ-
e a condução atrioventricular além neo medial do braço. Tal nervo tem seus
de diminuição da contração atrial. segmentos da medula espinhal (T1-T3)
comuns às terminações viscerais afe-
rentes para as artérias coronárias. Além
SE LIGA! Lesões aos grandes nervos disso, esses neurônios podem fazer si-
que formam o plexo cardíaco podem napses e conduzir impulsos para neurô-
causar doenças compensatórias. Por nios do lado direito de áreas compará-
exemplo, como os ramos do nervo vago veis da medula. Assim, a dor de origem
estão diretamente relacionados à iner- cardíaca, que embora geralmente seja à
vação autonômica do coração, em caso esquerda, também pode se manifestar
de lesão nesta topografia o coração per- no lado direito, em ambos os lados ou
derá sua capacidade de auto-regulação, até no dorso.
resultando em um aumento da frequên-
cia cardíaca (taquicardia). A mesma lógi-
ca se aplica ao sistema simpático.
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 32

ANATOMIA DA AORTA

1. AORTA
A aorta surge no nível do anel valvar
aórtico e termina na bifurcação aórti-
ca, aproximadamente no nível da ci-
catriz umbilical (nível de L4). A aorta
tem quatro divisões principais: aor-
ta ascendente, arco aórtico, aorta
torácica descendente e aorta ab-
Figura 18. Áreas de dor referida cardíaca. Fon-
dominal (Figura 19 e 20).
te: MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a
clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, • Aorta ascendente: Encontra-se
2014. quase inteiramente dentro do saco
pericárdico. Por ser uma estrutura
intrapericárdica, ela se situa infe-
riormente ao plano transverso do
tórax, sendo considerada como
parte do conteúdo do mediasti-
no médio (parte do mediastino
inferior).
Os folhetos da valva aórtica estão
relacionados a três seios; as arté-
rias coronárias direita e esquerda
surgem dos seios aórticos direi-
to e esquerdo, respectivamente,
sendo seus únicos ramos (Figura
21). A aorta ascendente encontra-
-se posterior e à direita da artéria
pulmonar.

• Arco aórtico: Percorre sobre a ar-


téria pulmonar direita e o brônquio
esquerdo. De sua porção superior,
são emitidas o tronco braquioce-
fálico, a artéria carótida comum
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 33

esquerda e artéria subclávia es- esquerda da coluna vertebral e


querda, nessa ordem. fica adjacente à veia cava inferior.
Os principais ramos laterais (retro-
O ligamento arterial representa
peritoneais) incluem as artérias
o remanescente fibrótico obstru-
renais, adrenais, lombar direi-
ído do canal arterial fetal (artéria
ta e esquerda e frênica inferior.
ductal), que une a artéria pulmonar
As artérias gonadais surgem um
proximal esquerda à superfície in-
pouco mais anteriormente, mas
ferior do arco aórtico.
permanecem retroperitoneais. Os
• Aorta torácica descendente: ramos intraperitoneais surgem
Guarda relação com a superfície anteriormente e incluem o tronco
anterior esquerda da coluna ver- celíaco (com seus ramos gástrico,
tebral e fica adjacente ao esôfago esplênico e hepático esquerdo) e
e ao átrio esquerdo. Seus ramos as artérias mesentéricas supe-
posterolaterais são as artérias in- rior e inferior. Os ramos aórticos
tercostais bilaterais e os ramos distais incluem as artérias ilíacas
anteriores incluem as artérias comuns direita e esquerda e uma
brônquica, esofágica, mediasti- pequena artéria sacral média.
nal, pericárdica e frênica supe-
rior. As artérias brônquicas, mais
comumente duas esquerdas
e uma direita, irrigam as pare-
des brônquicas e as paredes
dos vasos arteriais e venosos
pulmonares. Raramente, as ar-
térias brônquicas podem surgir
de artérias intercostais ou sub-
clávia ou, raramente, de uma
artéria coronária.
Termina (com a mudança de
nome para parte abdominal da
aorta) anteriormente à margem
inferior da vértebra T12 e en-
tra no abdome através do hiato
aórtico no diafragma.
• Aorta Abdominal: Percorre
ao longo da superfície anterior
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 34

A. carótida comum esquerda

Tronco braquiocefálico
A. subclávia

Arco da aorta

Artérias intercostais

Artéria bronquial
inferior e ramo
esofágico

Ramos esofágicos
Porção torácica da
aorta

Tronco celíaco

Parte abdominal da
aorta

Figura 19. Aorta torácica. Fonte: Netter interativo. 2004.


ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 35

Artérias frênicas inferiores


Tronco celíaco

Artéria suprarrenal média


Artéria renal esquerda

Artéria mesentérica
superior
Artéria testicular
esquerda
Parte abdominal da aorta

Artéria mesentérica inferior

Artérias ilíacas comuns

Artéria ilíaca externa esquerda

Artéria ilíaca interna direita

Figura 20. Aorta abdominal. Fonte: Netter interativo. 2004.

Seios da aorta

Óstio da artéria coronária


esquerda

Óstio da artéria coronária


direita

Figura 21. Óstios das artérias coronárias. Fonte: Netter interativo. 2004.
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 36

A. CARÓTIDA
A. SUBCLÁVIA D A. MES. SUPERIOR
COMUM D

A. MES. INFERIOR
A. CARÓTIDA T. BRAQUIOCEFÁLICO
A. SUBCLÁVIA E LIG. ARTERIAL
COMUM E

AA. RENAIS

ARCO DA AORTA
AA. SUPRARRENAIS

ACD AA. GONADAIS


PARTE ASCENDENTE
AORTA ABDOMINAL
DA AORTA AORTA

ACE TRONCO CELÍACO

A. HEP. COMUM
AORTA TORÁCICA
DESCENDENTE A. ESPLÊNICA

AA. INTERCOSTAIS A. GÁSTRICA E

A. ILÍACA COMUM
AA. BRÔNQUICAS

A. ILÍACA COMUM D
AA. ESOFÁGICAS
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 37

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2014.
NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana: 6. Ed. Philadelphia: Elsevier, 2014.
Murphy JG, Lloyd MA. Mayo Clinic Cardiology: Concise Textbook. 4th ed. New York: Mayo
Clinic Scientific Press and Oxford University Press, 2013.
ANATOMIA DO CORAÇÃO E AORTA 38

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