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Exercicio Leitura 3anos Uem 2021
Exercicio Leitura 3anos Uem 2021
Tiros de fuzil, bombas de gás, ameaças. Indígenas da terra Yanomami, um imenso território no coração da
Amazônia, passaram o último mês sob ataque de garimpeiros. Desde 10 de maio, quando sete embarcações abriram
fogo contra dezenas de indígenas sentados à beira do rio Uraricoera, nenhuma semana se passou sem que novas
ameaças fossem registradas. A mais recente foi em 17 de junho, quando garimpeiros afundaram uma canoa com
crianças a bordo, que precisaram nadar para se salvar do ataque.
Informações coletadas pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG), dão
conta de 43 pontos de garimpo ativos no rio Uraricoera, que nasce perto da fronteira com a Venezuela e chega quase
até Boa Vista, capital de Roraima, tendo a aldeia de Palimiú como uma espécie de centro geográfico. A comunidade se
transformou no epicentro da guerra com o garimpo ilegal depois que seus habitantes decidiram interceptar a rota
fluvial de abastecimento dos acampamentos.
Agora, dados do Amazônia Minada, projeto do InfoAmazonia que monitora requerimentos de mineração em
áreas protegidas da Amazônia, revelam uma outra camada desse conflito. A Terra Indígena (TI) Yanomami, um vasto
território de quase 10 milhões de hectares divididos entre Amazonas e Roraima, é a terra indígena brasileira com maior
área formalmente requisitada para mineração. São cerca de 3,3 milhões de hectares (34,3% da área total da TI)
requeridos para extração mineral em 500 pedidos registrados na Agência Nacional de Mineração (ANM) − uma
extensão territorial maior do que a Bélgica (3 mi ha) ou que o estado de Alagoas (2,7 mi ha) em disputa com
mineradores. Quase um terço de todos esses pedidos registrados buscam por ouro. [...]
São solicitações que não podem prosperar porque ainda não há no Brasil uma lei que autorize a exploração
mineral em terras indígenas. Apesar disso, elas permanecem intocadas, na expectativa de uma mudança legislativa,
que cresceu com a chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto em 2019.
“O presidente já falou que iria lutar pela liberação da mineração nos territórios demarcados. Ele também apoia
o garimpo, por isso que os garimpeiros têm avião, combustível, maquinários, armas muito pesadas”, critica Dário
Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, que representa publicamente a etnia em
ações judiciais ou no contato direto com órgãos públicos, por exemplo. [...]
Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2021-06-22/mineracao-e-garimpo-disputam- area- maior- do- que- a- belgica- dentro- da- terra-
indigena-yanomami.html. Acesso em 13/10/2021.