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Copyright © by Perry Anderson, 1974 “Tino orginal em inglés: Lineages ofthe Absolus State Copyright © da asi brasileira: Editors Brasitense S.A. ‘Nesdurm parte dest publica pole ser gravada, _srnacrnada em sistemas cetronicor, fotocopinda, reproducida por meios mecnieos ou oaros quasar ‘sem autoizagao pvia da eitora ISBN: 85-11-13049-7 Prineira edigfo, 1985 3 digo, 1995 2 emprestio, 2008, Tiadusdo: Suely Basis ~ Apdalie A, e Paulo Henrique Brito ~ Apindice B Revisio:Suly Bastose Marcia Copota ‘Capa: Depo. de arte Brasiense ‘adr Inerasionisde Calaloag Fine (CP) ‘Clara rita do re 3 ras) Antrson, ery inhagens do Estado abst ary Anderson: duo Joo Rober Maris Fito -- Sf Pal Brslease, 200 Tio cgi: Linags ofthe slats state Preinprde el do 1994, Bibtogatin. 30007 1. Desptsmna 2. Depotsmo- Es deeasos I Tilo, nde para catilogo seem 1 Absluin :Chesia pollen 321.6 2. Baad abseil plica 321.6 Row Ai, 22- Toop» CEPT» Sho Pl Ai 22 Tage CERIO -Sio Po -SP Fone (Oxi) 6198-18 al bilevel om br ‘Toomedtorteaianse some Ahvarabastinse aaa Mang, 21 Ita CET So Pao SP Sumario Prelicio Primeira parte EUROPA OCIDENTAL 0 Estado absolutista no Ocidente Case Estado probles de pevoiasto a span e+. ess 58 Prange 7 Inglaterra. Talia... Sucia 1.) Segunda porte EUROPA ORIENTAL © absolutismo no Leste 7 ‘Nobrezae monarquia: a variante oriental Prissia roreehreser 26 Polénia 2» Austria 2 Rissia 38 ‘Casa do iid Bot APENDICES A, O feudatisme japonts «0.00. B. O "modo de producéo asitco™ » Prefacio © propsito deste trabatho & tentar um estudo comparado da nerureza edo desenvolvimeato do Estado absohutsta na Europa. uss caracteristcas gers seus limes, enquantorefieo sobreo pasado foram expostos no prefdco a0 estudo que 0 precede! E preciso agora ‘ereseentar algumas observagies espetfices sobre a elagdo entre a pesquisa empreendida neste volume eo materialismo histénee. Conce- ‘ido como wm estudo marxists do absolutismo, o presente trabalho si- ‘wa-se deliberadamente en. + dois planos diversos do discuso marist, erm geral separados por nina distancia considerdvel Nas tiimas déce as, tomou-se comumn que os hstoriadores marsistas — avtoces de umn {iimpressionante corpo de investgagGes — nem sempre envesvem di- relamente preecupades com os problemas teéricos relativos ds implica bee suscitadns por seus trabalhos. Ao mesmo tempo, os fbsofos mar. sia, que procuraram ehcidar ou resolver as quests tereas bisicas do materialivno histérco, Maeram-no, com lreqitacia, cosideraye- ‘mente afastedos dos resultados expecficos expostos pelos hisoriado res. Agu, fer- uma tentativa de explorar um terreno intermedirio ‘entre aquelasposides. E possivel que sera apenas como exemplonega tive, De todo modo, o objetivo deste extudo & examinar simultanes ‘mente o absolutism europea “em geral”e "em particular" vale diz tam as estruturas “puras” do Estado absolutista, que 0 costituem (0) Paseo Ani Fadi, oats 174 99.79. “S93 | sett, © PERRY ANDERSON geralmente se restrnge # ume época delimitada. Em qualquer dos cx fos, 0 tempo hist6rico no parece apresentar, normalmeate, nenbum problema’ seja nos eudos nacrativos "A moda antiga”, sia nos “mo- eros” esti sociolégios, os aconteelmentes © as institulgies ‘ecem menguhar numa temporalidade mais ov menos cotinua ¢ ho- Imogénea. Embora of historadores esejam naturalmentc cientes de (gue os indices de modanga variam nas dilereates camadas ou stores {da sciedade, 0 ébio a convenitecia mandam, em geral, que a forma de uma obra implique oa obedesa a um monisia cronolgien. Vale dizer, seus materias #0 tratados como se compartthassem umn ponte de partida comm e um mesmo ponto de chegeda, abarcades or Um nic espago de tempo, Nesc estado, nto hi tal meio emporal Uniforme: pois os tempor dos absolutismos mais importantes da Eu- ‘upa _- ovental on ackdental — foram, preciamente, caracterizados por una enorme diversidade,consttuiva ele mesma de sua natureza Fespectiv, enquanio sistema estatas. © absoutismo espanol sofreu fsua primeira grande derros em fins do sfeuio XVI, nos Paises Bal om, 0 absolutiomo inglés fi derrubado em meados do steulo XVI; ‘abeolutinmo francés Durow até o final do sfeuio XVII; @ asolntismo frvsiano sabreviveu até um periodo avangado do século XIX; 0 abso: {atiamo russo 56 fi derrubado no século XX. As amplas diuncées na (Saag desees grandes estuturascorrespondem inevitarlmenteapr0- tnd distingBes em sua composite cevolugo. Uma vez que 0 obieto capecfico deste estida 60 expecto global do absolutismo europea, nto bbb temporaldade nie capaz de abarci-lo. A histria do absolutisno ton miltpiose sebrepostos pontos de partida epontos nas dispares ¢ ‘scalonades. A sua anidade subjacente€ real e profunda, mas io € a {Geum cortinum linear. A complexa dura do absoltismo europe, om soar miltiplas rupturas ¢ delocamentos de regio para reEil0, ‘elermina neste extudo a apresentagio do material hstrico. Assim ‘mites todoo cco de proceato ¢acontecimentos que asseguraram 0 triunfo do modo de produto capitalista na Europa, apés 0 inicio da epoca mouerna. As peinelrse revologoes burRuesas ccorreram muito ‘Inter das times metamorfoes do absolutism, de umn ponto de ‘ronologien. Contudo, dentro dos propésites deste trabalho, fieam ‘atogoricamsente em seguida is Sitinas e serio consideradas num e- {do subsequente, Assit, fendmeuos to fondamentais one a acurnt- faglo primitva do capital, #eclosto da Reforma rligiosa, «formacio des nagdes, a expansto do imperialism ultramarino e o advento da {ndustralizagio — que se inserem adequadamente dentro do ambito formal dos "periodor” aqui tratades, como contemparinens de varias {ses do abscltismo na Europa —~ nfo slo discutidos ov explorados. ‘Assuas datas sho as mesma: os seus tempos so diferentes. A hist ‘desconhocidae desconcertante das succusivasrvolugBes burguesas 080 ‘os ocupa aqui: 0 prevente ensaio confna-se &uatureza ¢ ao desenvol- mento dos Estados absolutisias, ao seus antecedents e adversicios politicos. Dois estudes uiteriores sro dedicados expecificamente& ex: deia das grandes revolugtes burguesis, da revota dos Plses Buixos & ‘uifiagto da Alemana,eRestrutura dos Estados eaptalisas conten pporineos que, ap6s um jongo process de evolu, resltaram final- mente delas. Algumas das implicagtes tebricase polices das discus: ses do presete volume sb tomardo forma plena nessis continuagDes. ‘Uma iltima palara 6 talver nooessiria sabre a excalha do Ertado ‘como tema central de reflexdo, Hoje, quando a “histo a partir de ‘baix tornou-se senba reconhecida tarto em circulos maryistas come ‘ulo-marxists eproduziu jé importantes beneficos para a nossa com preensto do passado, & apesar de tudo necessirio relembrar ura dos. axiomas bésicos do materialismo histrico: que a Iuta secular ene as slates reaalv-ze em dltima intinela no aWvel police da sociedad — ‘eno no nivel econdimico ou cultural, Em outras palarra, & & cons. tru ea dertruigto dos Estados que sola as modificapes béseas nas relagtes de produgdo, enquanto subsstirem as classes. Uma “histria a parts de cima” — do intrincado mocanismo da dominagho de classe “'eurge, portant, como nfo menos exencial que uina “histria a partir de baieo": na verdade, sem aquela este éltima torna-s enfim “unilateral (embora do melhor ado). Marx esereveu na sua maturidade: “A liberdade consise ma conversto do Estado de Srgto sobreposto A sccedade em Grgio completamente subordinads a ela, ¢ também hoje as formas do Estado slo mais lives ou menos lives na medida em ue ‘estrnjam a ‘liberdade’ do Estado. Um sSculodecorrio, a abate o Estado permanece ainda como uma das metas do socalsmo revol ionirlo. Maso supremo significado atribuido ao seu desaparecimento final testemanha todo o peso de sua presenca anterior na histéra. O absolutismo. primeio sistema de Estado internacional no mundo mo- ‘derno, io esgotou de forma alguma os segredos ou lgbes que tem a revelar-nos. A finalidade deste trabalho € apresentar uma contribuigho paraa discusio de alguns dels. Seus eros, interpretagiesincoretas, ‘misses, solecitmos ¢ Hues podem com seguranga ser confiados & ‘erica do debate caletivo. PRIMEIRA PARTE Europa ocidental O Estado absolutista no Ocidente A longa crise da economia ede socedade eutopéias durante 05 stcalos XIV e XV marcou as difculdades eos limites do modo de pro- ‘dueHo feudal no Glo perlodo da Wdade Média Qual foo resultado politico final dus convulsbes continents dessa 6poca? No curso do 5é- clo XVI, o Estado absoutista emergiu no Ocidente. As menarquias ‘centralizades da Franga, Inglaterra e Espanha representavar wa ‘uptura decsivacom a soberanis piramidal e parcelada das formagSer ovis medievss, com seus sistemas de propriedade e de vasalagem. ‘Accontrovérsi sobre a natureza hstrica destas monarquias tem per- Fiside desde que Engol, numa mfxima famosa, declarou-as produto de urn equiitrio de classe entre a antiga nobreza feudal ea nova bur tesla urbana: "Excoprionalmente,contudo, hé periodos em que a5 classes em Inia se equilibram (Gieichgewickt halten), de tal modo, que ‘poder de Estado, pretenso mediador,adquire momentaneamente urn ‘cert gr de antonomia em relario elas. Assim aconteceu com a mo: ‘argula absoluta dor séculor XVII € XVII, que manteveo equiibrio (gereneinander balencert) ente @ nobreze ¢a classe dos burgucses"? ‘Asmtiplas ualifcastes desta passagem indican um certo malestar 2 es de igen on ni Po on he ee tea ‘doc es aoe tea ‘conceitual por parte de Engels. Mas um exame cuidadoso das sucess: as formulagde, tanto de Marx como de Engels, revela que uma con ‘xpeo sitar do absolutsmo fol, com felt, um tema felativamente ‘onsistenteem sua obra. Engels repedu a mesma tese bisica em outra parte, de ferme mais categéric, obserando que "a condigto isica da Yetha monarquia absoiuta” era “um equifbrio(Gleichgewicht) entre & ‘ristocraciafundifri e a burguesia™” Na verdade, a clasificapto do absolutisme como um meeanismo de equiloro politico entre a nobreza ‘quanto tl. Tal deizamento 6 evidente sobretudo no préprio Man? ‘festo Comunista, onde 0 papel politico da burguesia “no periodo das ‘manufaturas” écaracterizado, de um 6 fBlego, como “contrapeso (Ge _gengowich) da oobreca, na monarauia semifeudal ou na absolut pe- fra angular (Hauprgrundlage) das grandes monarquias em geral”! A ‘sugestva transigto de “contrapeso” para “pedra angular” tem eeo em ‘outros textos. Enges podia referirse & epoca do abselutsmo como a [dade em que "a nobteza fendal foi levada © compreender que o pe odo da sua dominasto politica e social chegara ao fin!”? Marx, por ‘eu lado, afirmou repetidamente que as estruturas administrativas dos ‘vor Estados absoutistas eram um insirumentotipicamente bargues, “Sob 2 monerquia absoluta", escreveu, “a buroeraca era apenas o melo de preparar 0 dominio de classe da burguesia." Em outa pas+ ‘ager, Marx declaravai "0 poder do Estado eontrallzado, com os Seus ‘ris onipresentes:exército permanente, policia,burocraca,clero € rmagistratura — Gnglos forjados segundo o plano de uma divisBo do trabalho sstemstiea e erdrquica — tem a sua origem nos tempos dt rmonarquia absoluta, quando servu A sociedade da classe média nas- ‘cents, como arma poderosa aas sus lutas conira o feudaismo"* "Tals refiexdes sobre o absolutsmo eram todas mels ou menos ‘casuals alusivas: uma teorzagdo diveta das novas monarquias centr Tiadas que emergiram na Europa rerascontista nunca fi efetuads por (2 "Zar Wohmenpage’ em Wesker 1p. 28 (@ MreEngets Steed Work. Worst p46. (5 "ines Vesta es radi a shore de Dwr ‘ce Wark, ep 38-AGomnan "polten¢eaphctamete sochee ese vent, XO) Aprimera mutate “The ight Bram of Lots Bonaparte” Scorsese de "he Cv Wat ln Pane’, em Sted tan 8 ‘nennum dos fundadores do matrialismo histireo, A sua importincia cxata foi deirada ao jizo das geragesposteriores. Com eeito, of Nis: toriadores marnstas debatem até hoje o problems da natureza social do absolutism. A sua solucdocorreta 6, na verdade, vial para a com- preensio da pastagem do feudalsmo para o capitalism a Europ, ¢ dos sistemas politicos que a dilerenciarama, Ar monarguias absokitas {ntroduziar os exéritos regulars, uma buroceacia permanente, 0 sis tema tibatério nacional, a eodificagdo do direito« ot primérdiae de jum mereado uniieado. Todas esas caracersticas paresem ser emi- ‘emlementeeapitalistas. Uma vez que elas coinsidem com 0 destpa recimento da servdao, uma institvigio nuclear do primitive modo de producto feudal na Europe, ss describes do absolutism por Marx ¢ Engels como um sistema de Estado correspondente a um equllrio centrea burguesiae a nobreza —ou iesmo a uma dominagie dieta do capital —, sempre pareceram plausives. No entamio, um estado mais narguias absoutstas — combinagSes exétias e hibridas cuja “moder ‘idade” superficial tral freqUentemente um srcalsmo sublertineo. Este ‘ago aparece claramente a partir de uma anise das inovagses inst tuclonals que anunelaram e earacterizaram 0 Seu aparecimento: exér- cito, Brecraca, tributaglo, comércioe diplomaca, Vale consideriles sumarlamente nesta ordem. Teme salientado muitas veres que ¢ Es- tad absoltista fio pioncio do exértoprofissional, que, com a revo: gto militar introduzida em fins do sécolo XVI e no século XVI por Mauieio de Orange, Gustavo Adolfo ¢ Wallenstein (ceinamento’ da infataris de litha pelos holundeses; salva de eavalara e sistema de pelotio, pelos suecos; comando vertical unitirio, pelos tcheeos), xes- ‘ev enormemeate em velume?” Os excites de Felipe IT montavam 4 ‘cerca de 60 mil homens, enquanto cem anos mas tarde of de Lats XIV ftingiar 300 mil. Tadavia, tanto a forma como a fungBo destas tropas Givergiam imensamente daquelas que depois se tornariam caracteri- teas do Estado burguts modermo, Nao eram, normalmente, uma fre nacional formada por recrutas, mas uma massa heterogtnea na qual os rmereentrios estrangelos descmpenhavam um papel copstante ¢ een Ural, Tais mercendrioseram em geral reerutados nas reas exteriores a0 perimetro das novas monarguis contralzadas, com freqdéncia reget ‘montanhosts especializadae em fornecé-lo: or ulgos foram os ur: ‘thas® da primeia fase da Europa moderna. Os exteits francés, ho- lands, espanho, austriaco ou inglés incllam sudbies, albaneses, ut 0s. ilandeses,valiquios, tureas, hingaros ou itlianos? Com cer lead, a mais Obviarazdo para o fondmeno mercenito fol a natural ‘Stet ade en evan ond Sot pp. 88- Sea ae“ en eer sean ee aie Pet set on ae a as tt nn ip rr i ea aay piety gener more, art Sein thn hoe eee es ree do deo". Vora ma reeusa da pobreza em armar of sus prprios camponeses ean scala. “E pratcamente impose tenar todos o5 stdite de uta comunidade nas artes Ja guerra 9 mesmo tempo mantles abode tess leis e aos magistados",confidencava Jean Bodin. “Pica tal ve principal razdo pole qual Francisco dissolves, em 1534, os te Fesinents, cule um com 6 i oidador de infacaria, que eara seu reinado."" Er contrparida, pods conta com as topas mer ‘endras,ignorantes da prépriatngua de populasto lca, para esr {21a robelite social, Os Landsnechin slemtes ccuparazre dos le "antes campoorss de 1549 no East Angin, na Inglaterra, guano ‘ areaburersitalianos asseguaram iquidarto da revolia rural ‘Wiest Country os Guardes Sulgs judaram a repemir ot goerieiros dolnaisecamisardos de 1662 ¢ 1702, na Frangs. A. tmpornc vital dos mercenio,feada ver mais vise no final da dade Média, 4o Pats de Gales & Polini, ato fi apenas um expedient tmporico oabsohutiomo, na aurora da sua exstfocia: lao marci aa sua propria extinto, no Ocidente No inal do sécole XVII, mee wpoe a Inedvedo do rerstamento beigatrio nos princpais pes da Eo- *0ps, af dois expos de um dado exteto “nacional” pod secon por desoldadesce estangira contratada® O exemple do abil Drusiano, que no mesme tempo conideva¢raplavaefetivs fore de sus ionteias,strans de leides ou deenvolvimeto, Serve para lem Bravnos de que nfo hava necesariameste uma dstngdo nition nei Simultaneamente,enteanto, # fanySo destas novs ¢ vases aglomerastes de sldados era também vsvelmente distnia daquela ‘dr oturorexrcitor capitalise. Nho ae disp até hoe Je uma teria mares das vardveds fangs socas da guerra nos diferentes mode ‘de produgho, Nio & ese luger pata aprofundar o assuato. No em. tants, pods defender que a guera era posivelmenteo mais acional ‘ ripdo modo de expanst da extaplo de exceente a sane Je ‘alguer clase dominant sabofeudliamo. A produtiidade agricola, ‘om vimos, ao fol de forma lgume extagoada durante + lade Mési: com tampouco fio value de comer. Mas xnbor eer ‘ram Dasiaevagarosamente ara os senhores, em comparago com cs sbilose macgos"endimentos”propicados plas conguistas or ‘ors, entreasquas as invades normandas da Inglaterra da Sci, (20 es Bodin, Leyte Lrr dela Ripe, Pain 579.609. (25 Water bors Comper for poe, Noa arg ph LINHIAGENS DO ESTADO ARSOLUTITA a 4 captura de Népoles pelos angerinos ou « conquista castethana da. “Andaluza constiuiriam apenas os exemplos mais espetaculares. E logico, portanto, que a defingto social de classe dominante feudal {ove militar. A raclonalidade exontmica da guerra nume tal formasio socal 6 espetfica ela € uma maximizacto da iqueza cuo papel nfo se pode comparar ao que desempenba nas formes desenvolidas do modo ‘e produgdo subseqtente, dominada polo ritmo bisic da acurmulaglo de capital e pela “‘ransformasio constante ¢ universal" (Mara) dos undamentos econbancos de todas as formagies sociais. A nobreza era ‘uma clase de proprietirios de terra cua profisio era a guerra: a sua ‘ocagto socal no era um aeréscima exterior mas uma fun intia- seca de sua posigto econBmica. © meio normal da competicto inter- capitalist Seconémico, e sua esrutura¢ipicamenteadiiva: ambas as partes rivals podem expandirs e prosperar — embora de forms desi- fal — ao longo de uma nica confrontaglo, porque a produto de ‘mercadorias manufaturadas 6intrinsecameste iimitada. O meio tipico a ivalidadeinterfeudal, ao cootrario, era militar ea sua esrutara era ‘sempre, poteacialmente, do conflito de soma-zero do campo de buta- Tha, através do qual perdiam-se ou so conquistavam quanddades fizas de terra. Porque a terra € um monop6lio natural: no pose se indie nidamenteestendida, apenas rediviida, © objeto expleto da domi naglo da nobreza era o teritirio, independentemente dx populagio (que o hebitava. A terra como tal, nfo a Ungua, defina or perimetros natarais de seu poder. A clase dominante feudal era, portanto, essen cialmente mével nam sentido em que uma classe dominante capitalist ‘nunca o seria. © préprio capital & par excellence internacionalmente rmével, permitinds, dese modo, 20s seus detentores fixarem-se num plano nacional: a terra € nacionaimente imével, eos nobresinkazn que ‘ajar para tomar posse dela. Assim, um determinado barcnato ou wna periodo moderne nical. Tas formagies eram, naturalmente, uma ‘combinasio de diferentes modes de produgio 306 a dominancia — em ‘eclnio — de um dels: o fendalismo. Todas as estruturas do Estado absolutstarevelam, portant, a influéncia 2 distncia da nova econo mia, em agho no quadro de um sistema mais antigo: prolileravam 25, “capitaizagbes" hibridas de formas Teudals, euja propria perversio das insdtugbes futuras (exéreito, buroeraci, diplomacia, comécio) ‘onsttuia uma apropriagio de objetos sociais passados para repro \doziloe. [No entanto, as premonigies de uma novs ordem social af coat das nto eram uma false promessa, A burguesia no Ocidente tera forte © bastante para delxar # sus marca indstinta no Estado, sab o abso- Intismo. Com efit, 0 paradoxo apareate do absolutismo na Europa ‘cidental era que cle representava fundamestalmente um aparelho pra a proteo da proptiedade e dos privléios aisocriticos, em> hora, ab mesmo tempo, os meios através dos quals ta proto ers ‘romorida pudestem simultaneamente assegurar os interesses bisieos as classes mercands © manufstureicas emergentes O Fstado absolu- tists centrallzo cresenteinente o poder polities e eforgou-a por erie ‘Sstemas juridioos mis uniformes: as eampanhas de Richelle contra ‘oF redutor huguenctes na Franga foram exemplos tpicas. Aboli um. rane nimero de barreieasinternas a0 coméreio e patrociow tarifas fxternas conta os concorrentesestrangeiros as medidas de Pombal n0 Portugal uminista constituem un drstico exemplo. Properconou a0 capital usrdrio inestiments lncratvs, ainda que arrseados, nas fi « PERRY ANDERSON angus piblicas: os banqueiros de Augsburgo, no séeulo XVI, € 9 oli- _garcas genoveses, no steulo XVIT, puderam fazer fortunas com os seus cempréstimes ao Estado espanhol. Mobilizou a propriedade cural por melo do confico das teras elesistess:disolugto dos mostelros, na Inglaterra. Propicion rendimentos em sinecuras b burocraca: a pau ‘ewe, na Frange, estabeleceu a posse estivel dlas. Patrocinou em- preendimentoscoloniaise compankias de comércio: co mar Branco, 8 Antilha, 8 bala de Hudson, & Luisiana. Em outras palarras, cumpri ‘eras fungées parciis na aewmulagdo primitive necessria wo tivnfo ‘ulterior do préprio modo capitalist de produglo. As raades que the ‘permitram desempenhar este pape "dval”residem na natureza espe cifica do capita! mercantil ou manutaturero: ja que nenhum dels as- sentava na produgio de massa caructristca da inddsria mecanizada propriameste dit, nlo exigiam, por si, uma ruptura radical com a ‘ordem agriria feudal que ainda englobava a ample maioria da popu lapho (o futuro mereado de trabalho e de conswine do capitalism in desta). Em outros termos, podiam dasenvalver-se dentro dos lites ‘etabelecidos no quadro do feudaismo rearganizado. O que do quer Sizer que ofaziam em toda parte: em conjunturss especitias,confitos pallics, religisos ou econémicos podiam converterse em explosbes rerolucionérias contra o absolutismo, apés um certo periodo de matu raglo, Entelanto, sempre havia um campo de compatibldade poten lal, esta fase, entre a naturerae o programa do Estado absolutstae as operaghes do capital mercantile manufaturciro. Na competigfo in- Temnacional entre as virias nobrezas, que produaia o estado de guorra endémico daquela épeca, 0 volume do setor de mereadorias no seo de ‘eda patriménio “nacional” era sompre de importincia ets para & sua fora militar e politica reativa. Toda monarquia tthe interes, portanto, em concentra tesouros e em incentivaro comérco sob a su Prdpria bandera, na luta contra os seus vais. Da, o carder “progres “sta” que as historadoressubseqKentes tants vezes coneriam As po- Incas ofciais do absolutism. A centralizagto econdimica, o protein: nism e a expansto ultramarina engrandeceram o Estado feudal t i, ao mesmo tompo que beneficaram a burgustia emergente, Expa tram os rendimentos tributives de um, fornecendo oportnidades ‘omercias 8 outra. As méximas cirevlaes do mercantibsmo, precla ‘madas plo Estado absolutisa, deram expresso elogente a esta coin- ‘éncla prorsdrs de inereses. Com bastante prepriedade, fol o di ‘que de Choiseu! quem declarou, nas dtimas décadas do ancien régime no Ocidente: “Da armada dependem as colias, des eolBnias 0 co 1méreio, do comérco a capacidade de um Estado manterexérits mu tars, expands popu etorar posses as mas vise els empress Nocntanto, como o indica acadéacia final de “gloriosas ees", ® cardte irredutvelmente feudal do absolutismo permanecia Era un Estado fundamentado na supremacia socal da aristocraciae confinado sos imperativos da propriedade fundisria. A nobrera podia confar @ poder & monarquiae permitiro enrquecimento da burgusia: as mas- 48 estariam ainda A sua mersé. Nunca ocorses nenhuma derrogsco “polltien”éa alasse nobre no Estado absolutsta. © seu eadter feudal sacabava constantemeate por fusirar ov falsilicar as suas promessas 20 capital. Os Fuggers acabaram por ser arruinados peas bancarrota dos ‘Habsburg; os nobresingleses se apropriaram da maior pare das ter ‘ut dos mosteros: Lols IV desteuly ox benelicis da obra de Richeien 0 revogar 0 Edito de Nantes; os mercadores de Londres foram esp0- liedos pelo proeto Cockayne; Portugal reverie ao sistema Methien apés a morte de Pombal eos especuladores parsienses foram defra ‘ados pela lei Exécito, bucceraca, diplomacia e dinastia continaa ram a serum complero feudal forialecido que goverava 0 canjunto da rmiquina de Estado e guiava os seus destinos. O dominio do Estado sbsolutisa era o da nobreza feudal, na 6poca de trasigdo para 0 capi ‘alismo. O seu fim assinalara a crise do poder de sua clase: 0 advento das revolugbes bunguesas ea emergeneia do Estado capitalist. {4 Cink px Oa rb. Th ic of Na Sore. Cd.

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