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Relacao entre individuo, sociedade e educagao: uma leitura a partir de Norbert Elias Cristiane Pereira Peres ® Mariclei Przylepa® Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, Brasil Resumo artigo objetiva analisar as contribuigées de Norbert Elias no campo social ¢ educacional para a construgio do individuo. Para tanto, toma-se como referéncia fundantes duas de suas elaboragdes teéricas, a saber: O processo civilixador: formagao do estado e civilizagto (1993) € sociedade dos indivt duos (1994). As reflexdes suscitadas, a partir dessas obras, buscam evidenciar a sociedade dos indi- viduos, 0 proceso civilizatério, a produgao da cultura e da educagio. Portanto, as andlises de Elias contribuem significativamente para a compreensio dos contextos sociais ¢ editcacionais na contem- poraneidade, uma vez que explicitam os condicionantes sociocconémicos, histéricos, tecnolégicos € culturais inerentes a vida social em sua totalidade Palavras-chave: Educagio; Individuo; Sociedade Abstract Relationship between individual, society and education: a reading from Norbert Elias The article aims to analyze the contributions of Norbert Elias in the social and educational field to the construction of the individual. For this purpose, two of its theoretical elaborations are taken as reference, namely: The civilizing process: formation of the state and civilization (1995) and The society of individuals (1994). The reflections raised, based on these works, seek to highlight the society of individuals, the civilizing process, the production of culture and education. Therefore, Elias’ analyzes contribute significantly to the understanding of social and educational contexts in contemporary times, since they explain the socioeconomic, historical, technological and cultural conditions inherent to social life in its entirety. Keywords: Education; Individual; Society. Resumen Relacién entre individuo, sociedad y educacién: una lectura de Norbert Elias Elarticulo tiene como objetivo analizar las aportaciones de Norbert Elias en el ambito social y edu- cativo ala construccién del individuo, Para ello, se toman como referencia dos de sus elaboraciones teéricas, a saber: El proceso civilizador: formacién del estado y civilizacién (1993) y La sociedad de los individuos (1994). Las reflexiones planteadas, a partir de estos trabajos, buscan resaltar la so- ciedad de los individuos, el proceso civilizador, la produccién de cultura y Ta educacién, Por tanto, los aniilisis de Elfas contribuyen significativamente a la comprensién de los contextos sociales y ) Y Z c | al Zz ° ° } is is) fa Bi 118 Relacao entre individuo, sociedade e educacdo: uma leitura a partir de Norbert Elias Cristiane Pereira Peres ¢ Marielei Praylepa educativos en la época contempor‘inea, ya que explican las condiciones sociceconémicas, histories, tecnolégicas y culturales inherentes a la vida social en su totalidad Palabras clave: Educacién; Individual: Sociedad. Introdugao A cultura esta no plano intelectual ¢ abstrato, para Elias' (1998), usa-se para legitimar a hegemonia dominante e é uma forma de autoafirmacio social dos abas- tados. J4 a civilizacio est4 no plano pratico ¢ concreto, uma vez que sfo os atos dos individuos singulares agregados uns aos outros que os tornam universal e produzem ou nao a civilizacao. Para Elias (1993), a civilizacao [.] refere-se a uma grande variedade de fatos: a0 nivel da tecnologia, a0 tipo de maneiras, aos desenvolvimentos dos conhecimentos cientificos, as ideias religiosas € aos costumes. Pode-se referir ao tipo de habitagdes ou & maneira como homens e mulheres vivem juntos, & forma de punigio determinada pelo sistema judiciario ou ao modo como séo preparados os alimentos. Rigorosa- mente falando, nada ha que ndo possa ser feito de forma “civilizada’ ou “ine civilizada”. Dai ser sempre dificil sumariar em algumas palavras tudo 0 que pode se descrever como civilizagio (p. 23). Logo, 0 individuo nao pode ser compreendido por um viés simplista, em que € moldado, unicamente, pela sociedade. Ele, também, age e reage em sociedade, con- tribuindo com a construgio social e educacional. Assim, a ago do individuo resulta da “coergio” da sociedade e do proprio individuo em seu processo de individualizacao. Neste sentido, as relagdes sociais stio elaboradas para e pelos homens e visam a aten= der as demandas do momento histérico em que esto inseridos. Nesta diregdo, as duas obras referenciadas neste estudo sao elucidativas, pois, em O processo civilizador: formagio do estado e civilizagio, Elias (1995) analisou o proces- so de civilizacio do individuo, investigando as mudangas nos padrées sociais e como 0s individuos percebem e agem diante das transformacées, modificando seus compor- tamentos e emogées por meio do desenvolvimento do autocontrole. Ja na obra 4 socte- dade dos individuos (1994), abordou a relagio entre a pluralidade de pessoas € a pessoa singular, investigando como os seres humanos individuais unem-se uns aos outros sociélogo Norbert Elias nasceu em Breslau no ano de 1597 ¢ faleceu em Amsterd’ em 1990. For- mado pelas Universidades de Breslau ¢ Heidelberg, lecionou na Universidade de Leicester (1945 1962) e foi professor visitante em universidades da Alemanha, Holanda e Gana (informagdes retira- das da orelha da obra ‘A Sociedade dos Individuos” publicada no ano de 1994) Revista Contempordinea de Educacao, v. 15, n. 34, set/dez. 2020 huip://dx.doi.org/10.20500/ree.v15i34.36615 6 ° » Z 2 ° 1S) ° x] a ey 119 Relacao entre individuo, sociedade e educacdo: uma leitura a partir de Norbert Elias Cristiane Pereira Peres ¢ Marielei Praylepa numa pluralidade, formando a sociedade dos individuos, construida na relagio de in- terdependéncia com o contexto histérico, social, cultural, econémico e educacional. No entanto, somente a partir do século XX, a Sociologia passou a se preo- cupar com 0 individuo na sua singularidade. Os estudos nao mais centralizaram as anilises exclusivamente no grupo, mas passaram a focar também no individuo. Neste contexto, as andlises de Elias (1994, p. 21) foram fundamentais ao salientar que 0 individuo “L...] por nascimento esta inseride num complexe funcional de estrutura bem definida’, e a sociedade sé existe porque ha um expressivo mimero de pessoas, continua a funcionar porque intimeras pessoas, de forma isolada, querem e a fazem. Essa diversidade de pessoas, em organizacées sociais, contribui com a configuragio de diversas e distintas sociedades. Elias referenda suas anélises na Sociologia Configuracional? e concebe a rela- 80 individuo e sociedade para além de qualquer concepgao social totalizadora e indi- vidualista. Vé o individuo em composicao com o grupo, em que na sua singularidade relaciona-se com outros em uma relagao plural, que é a sociedade. Neste sentido, a sociedade so todos os individuos que formam a rede de relagdes. A sociedade ¢ forma- da por interesses oriundes do processo de individualizagao, compondo posteriormente interesses que podem passar a representar grupos. Essas relagdes constroem as figu= rages sociais. Porém, ressalta-se que essa rede é estabelecida e mantida por processos con- flituosos, tendo em vista que “C.J a vida social dos seres humanos é repleta de con- tradigdes, tensdes ¢ explosdes” (ELIAS, 1994, p. 20). O reconhecimento das tensdes cria condigées para que o individuo intervenha nos espagos sociais aos quais per- tence. Os individuos possuem perspectivas distintas do mundo e se relacionam de modos particulares, de acordo com a sociedade na qual esto inseridos, e os modelos sociais de autorregulacio sao passados de geracao para geracao e pelas instituicdes escolares, com rupturas de condutas, permanéncias e transformagdes. Como afirma Magalhaes (2004), Z.] a educagio/instituiggo traduz toda a panéplia de meios, estruturas, agentes, recursos, mas também as marcas socioculturais e civilizacionais que os estados ¢ outras organizagdes mantém em funcionamento para fins de permanéncia e mudanga social (p. 15). + Para Elias (1994), “a relaglo entre os individuos ¢ a sociedade é uma coisa singular. Nao encontra analogia em nenhuma outra esfera da existéncia” (p. 25) Revista Contempordinea de Educacao, v. 15, n. 34, set/dez. 2020 huip://dx.doi.org/10.20500/ree.v15i34.36615 6 ° » Z 2 ° 1S) ° x] a ey 120 Relacio entre individuo, sociedade e educacdo: uma leitura a partir de Norbert Elias Cristiane Pereira Peres ¢ Mariclei Praylepa ‘As distintas perspectivas de se conceber 0 mundo encontram-se enraizadas no sujeito e se materializam, também, no espago educacional. Portanto, torna-se ne~ cessirio compreender o individuo no processo de escolarizagio como um ser social que controla suas emogdes em um processo civilizador, tendo em vista que ja possui conhecimentos vindouros de sua rede de relagdes sociais. Nesta concepsio, a educacao necessita ser “observada” e trabalhada sob o prisma social, coletivo e singular. O aluno é capaz de absorver e apresentar conhecimentos ¢ comportamentos a partir de um processo racional que implica em mudangas para 0 proprio individuo, ante as regras de civilidade adotadas e praticadas por uma pedagogia do controle das mosses e dos comportamentos, constituidas por meio da relagio entre a psicogénese € a sociog nese, Nesse sentido, as priticas escolares podem sim contribuir com o condicionamento dos individuos, tornando-os civilizados na cultura inerente 4 classe dominante, j4 que: [J em primeiro lugar, o trabalho de classificagio e de delimitagao que pro- duz as configuragées intelectuais miiltiplas, através das quais a realidade contraditoriamente construida pelos diferentes grupos; seguidamente, as priticas que visam fazer reconhecer uma identidade social, exibir uma ma~ neira prépria de estar no mundo, significar simbolicamente um estatuto € uma posigio: por fim, as formas institucionalizadas objectivadas gragas as quais uns «representantes» (instincias colectivas ou pessoas singulares) ‘marcam de forma visivel e perpetuada a existéncia do grupo, da classe ou da comunidade (CHARTIER, 2002, p. 23) Cabe, entao, d escola romper com os padrées sociais e culturais eurocéntricos que sio inculcados nos individuos como modelos a serem seguidos. Para tanto, neces- sitam construir discussées que permitem a emancipagao dos sujeitos, ou seja, a cons- trugao de conhecimentos que os levem a perceber as contradigées sociais inerentes ao contexto vivenciado, para que, dessa forma, sejam capazes de intervir nesses padrées. As percepgées sociais, nesse sentido, ~.c] nto sto de forma alguma discwrsos neutros: preduzem estratégias ¢ pré- ticas (sociais, escolares, politicas) que tendem a impor uma autoridade a custa de outros, por elas menosprezados, a legitimar um projeto reformador ou a justificar, para os préprios individuos, as suas escolhas € condutas (CHAR- TIER, 2002, p. 17) A partir das contribuigdes de Elias, ¢ possivel analisar ¢ compreender a in terdependéncia entre individuo, sociedade e educagio, construida e mantida pelas ne- cessidades individuais, como também pelas exigéncias sociais. Isso porque uma das condigdes basilares da existéncia humana é a presenca simultanea de diversas pessoas inte: elacionadas, e a historicidade de cada individuo ao longo do seu crescimento, até chegar a vida adulta, a vida em sociedade € em grupos sociais Revista Contempordinea de Educacao, v. 15, n. 34, set/dez. 2020 huip://dx.doi.org/10.20500/ree.v15i34.36615 6 ° » Z 2 ° 1S) ° x] a ey 121 Relacdo entre indivsduo,soiedadee educacto: uma leturaa partir de Norbert Elias Cristiane Perera Peres e Mariclei Preylepa Nas consideragées, a seguir, busca-se um maior aprofindamento da andlise da relacto entre individuo e sociedade, com énfase no individuo, na sua individualizagaio social, a partir das relacées firmadas também nos espagos educacionais que permeiam um processo de autorregulasto e autocontrole individual A construgao do individuo na sociedade A sociclogia tradicional possuia como centro de anélise 0 grupo. Somente apés o século XX, 0 individuo passou a ser considerado na sua singularidade, a partir de anélises processuais e relacionais. Os aportes epistemolégicos de Elias contribui- ram com 0 rompimento de uma anélise dicotémica entre individuo e sociedade. O individuo passou a ser visto, ao mesmo tempo, em uma perspectiva individual e social. Na concepsio de Elias (1993; 1994), 0 préprio termo indivéduo recebe uma cono- tagdo de entidade auténoma, considerando suas diferencas e singularidades. Para o autor, as singularidades do individu compéem a rede de relagées, a qual é construida mediante a origem do individuo, a autorregulacio social ¢ o autocontrole. Adverte que nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsdes ¢ emogdes do individuo. Acrescenta que controle social ¢ imposto por normas de condutas que geram limitagées e medos aos individuos. Como exemple, no processo civilizador, a internalizacao da vergonha um mecanismo eficaz de autocontrole das finges emocionais e corporais dos individuos. Assim, a educagiio precisa ser emancipadora e nao limitadora nas construgées individuais e coletivas dos individuos, uma vez que ensinar é “[...]] criar possibilidades para a produgio e construgao do conhecimento” (FREIRE, 2015, p. 24). Elias (1993) apresenta que no processo de civilidade ocorre uma alteraco no equilibrio entre o controle externo € o autocontrole, favorecendo o autocontrole. O processo civilizador proporciona mudangas, a longo prazo, na conduta e nos sentimentos humanos e, as- sim, o homem “educado” tornar-se-ia capaz de controlar seus impulsos, suas paixdes a convivéncia em sociedade é facilitada. Logo, a individualidade 6 pode ser analisada e compreendida quando se observa também as relagdes sociais, pois é identificada ¢ afirmada quando o individu passa a ter um controle sobre si, Assim, para Elias (1994), 0 individuo sempre vai existir na relagao com 0 outro, e as relagdes sao particulares e distintas de acordo com a sociedade na qual 0 individuo encontra-se inserido. O autor ainda apresenta que “[...] cada pessoa parte de uma posistio inica em sua rede de relagdes e atravessa uma histéria singular até chegar & morte” (p. 27). Revista Contempordinea de Educacao, v. 15, n. 34, set/dez. 2020 huip://dx.doi.org/10.20500/ree.v15i34.36615 5 ° ~ Z & vA ° 1S) ° x] i] = 122 Relacdo entre indivsduo,soiedadee educacto: uma leturaa partir de Norbert Elias Cristiane Perera Peres e Mariclei Preylepa Nesse sentido, o “[...] modo como os individuos se portam é determinado por suas relagdes passadas ou presentes com outras pessoas” (p. 26). Nesse processo, 0 in- dividuo passa pela individualizacao e desenvolve o controle sobre si, assimilando e/ou rejeitando padrées determinados pela sociedade. Ainda que pertenga ao mesmo grupo, cada individuo possui uma relagfo tinica com o grupo, construindo a sua historia de forma singular, por meio do fazer e desfazer relagdes com outras pessoas. Assim, faz-se necessério que as estratégias de escolarizagtio contribuam com a construgio histérica, social, cultural e étnica dos individuos, permitindo-os que possuam autonomia para se autorregularem ante as imposigdes normativas sociais, culturais, politicas, religiosas ¢ econémicas, construindo afirmando, assim, a sua identidade. Segundo Halll (1997), a identidade ‘Jemerge, nto tanto de um centro interior, de um “eu verdadeiro e tinico”, mas do didlogo entre os conceitos definigdes que sto representados para nés pelos discursos de uma cultura ¢ pelo nosso descjo (consciente ou in consciente) de responder aos apelos feitos por estes significados, de sermos interpelados por eles, de assumirmos as posigées de sujeito construfdas para nés por alguns dos discursos (p. 8), Deste modo, as exigéncias das relagdes externas ¢ os interesses individuais fa zem com que 0 individuo assimile e/ou rejeite determinados signos que farfio com que ele se sinta pertencente ao meio no qual est inserido. Como pode, também, atribuir ou- tros significados aos signos assimilados, construindo, dessa forma, outros simbolos com 08 quais se identifica. Assim, passando a desenvolver um autocontrole das suas emogdes € ages em relacio ao controle imposto pelo social. Nesse caminhar, a educagio possibi- lita a compreensiio e a apreensao da vida individual e da vida social, permitindo, dessa forma, novas descobertas e aprendizados no processo de autorregulagao do ser social. Sabendo que a cultura é dindmica, a identidade é afirmada com base nas refe- réncias culturais presentes em um processo dinémico, no qual o individuo passa por momentos de assimilagtio, aquisigio e negagtio de outros simbolos culturais. Como afirma Candau (2008, p. 51), “C.J certamente cada cultura tem stias raizes, mas estas raizes sfo histéricas e dinamicas”. Evidencia-se, segundo Elias (1993), que 0 processo civilizador € composto por dois momentos: as mudangas individuais, ocorridas na concepgao do individuo, eas mudaneas sociais, que se configuram no desenvolver dos monopélios, tendo em vista que a civilizagio no é nem racional nem irracional. Ela é posta e mantida em movimento pela dinémica auténoma de uma rede de relacionamentos por mudangas Revista Contemporanea de Educacéo, v. 15, n. 34, set/dez. 2020 huip://dx.doi.org/10.20500/ree.v15i34.36615 6 ° » Z 2 ° 1S) ° x] a ey 123 Relacio entre indivi, socedadee educocde: uma etura a partir de Norbert Elias Cristiane Perera Peres ¢ Marcle: Preylepe especificas na maneira como as pessoas se veem obrigadas a conviver. As redes sto es tabelecidas e mantidas em diferentes contextos sociais, culturais e econémicos, sendo de interesse do individuo e/ou do grupo. Portanto, torna-se importante compreender que, para que o individuo chegue ao controle sobre si, ele precisa vivenciar as coagdes externas, as quais condicionam modelos de comportamentos e emosdes, desenvolvendo em um processo de internali- zagio sua singularidade e identidade. Assim, “T...J a individualidade que o ser humano acaba por desenvolver nao depende apenas de sua constituigso natural, mas de todo processo de individualizagtio” (ELIAS, 1994, p. 28), de uma relacdo dialética da reali- dade vivenciada e dos interesses envolvidos socialmente. Neste contexto, o desenvolvimento humano perpassa pelo contato com wma rede de pessoas que existiam antes dele para uma rede que ele ajuda a formar por meio da racio- nalidade e do autocontrole do préprio individu, frente a autocoergao do grupo que sfio mo- dificadas no decorrer do tempo e espago. Ainda nesse caminho, conforme Hall (1996, p. 21), devemos “[...] pensar na identidade como uma ‘produgao’, algo que nunca esta completo, que é sempre processual ¢ sempre constituido no quadro, e nao fora, da representagio ©... Na concepgao de Elias (1998), a aprendizagem dos autocontroles chama-se de “razao’, “consciéncia’, “ego” e “superego”, e a consequente moderagao dos impulsos e emogdes mais animalescas. Logo, a civilizagao do individuo em sua juventude nao é um processo indolor, ri cicatrizes. Nesse proceso, o individuo passa mas sempre deix por controles de civilizagao externos e internos, desencadeando, assim, conflitos em ambito singular e plural. Isso porque o processo civilizador “[...] se constitui, entio, numa mudanga na conduta e nos sentimentos humanos, através da implantacao de regras comportamentais” (ELIAS, 2011, p. 193-4). Essa construgio dos controles emocionais e comportamentais esté conexa sociedade da qual o individuo faz parte, o que iré também determinar suas afirmacées e negacdes. Assim, a formagio do individuo civilizado depende do estagio do processo civilizador do qual determinada sociedade faz parte, nas vivéncias das trocas estrutu- rais, que, de acordo com Elias (1994), é resultante de um processo de interdependéncia operante durante séculos, do individuo com outros, e de outros com 0 individuo. Isso ocorre pois “~...] a necessidade de se destacar caminha de maos dadas com a neces- sidade de fazer parte” (p. 124), logo, assim como ha a necessidade da individualidade, existe também a interdependéncia entre os individuos de um mesmo grupo. Revista Contemporanea de Educacéo, v. 15, n. 34, set/dez. 2020 huip://dx.doi.org/10.20500/ree.v15i34.36615 6 ° » Z 2 ° 1S) ° x] a ey 124 Relacao entre individuo, sociedade e educacdo: uma leitura a partir de Norbert Elias Cristiane Pereira Peres ¢ Marielei Praylepa Esse processo de inter-relag&o foi exemplificado por Elias (1994) tendo como base a rede de tecido, em que os diversos fios isolados se unem uns aos ou- tros. Porém, nem a totalidade da rede nem a forma tomada por cada um de seus fios podem ser compreendidas em termos de um tinico fio, ou mesmo de todos eles separadamente considerados. A rede s6 € compreendida quando eles se unem, em sua relag&o reciproca. Em suma, concorda-se com Castells (2008) que as transformagdes ocorridas nos contextos econdmico, social, politico, cultural e ambiental, na contemporaneidade, interferem, diretamente, na maneira de se conceber e materializar a ciéncia, o conhe- cimento, as instituigdes sociais € os individuos. Em relagao 4 apreensio do individuo, neste contexto social, as assertivas de Castells (2008) corroboram com Elias ao considerarem o individuo enquanto Ser so- cial e, mais, ao afirmarem que as construgées identitarias, as formas de organizacio social, as relagdes individuais e coletivas, o pensar € 0 agir como sujeito © como grupo social interferem na globalizagao. O contexto global € desafiado pelas expressoes de identidade coletiva, pela singularidade cultural e pelo controle que as pessoas pos- suem de suas vidas e ambientes. Salienta-se, ainda, que, na visao eliasiana, quando a sociedade é civilizada e educada (autocoersiio), as punigdes sfio menos necessirias. No entanto, a civilizagio deve ser resultado da acto dos sujeitos, em um processo continuo de construgao e reconstrug’o e nao de imposigio social. Na sequéncia, passar-se-4 a refletir sobre as contribuigées de Elias para o campo educacional. A educagio sob a ética eliasiana As pesquisas de Elias sto formulagdes teéricas analiticas propositivas de um “olhar” sobre as relagdes sociais, a partir do individuo, de suas emogdes € do seu po- der de autocontrole. O autor lege a cultura como elemento de hegemonia, do qual a sociedade racional langa mao para prosseguir seu processo civilizador e dominador: Para Elias (1994), O conceito de Kultur reflete a consciéncia de si mesma de uma nago que teve de buscar e constituir incessante e novamente suas fronteiras, tanto no sen tido politico como espiritual, e repetidas vezes perguntar a si mesma “Qual é, realmente, nossa identidade?” A orientagio do conceito alemio de cultura, com sua tendéncia & demarcagio ¢ énfase em diferencas, € no seu detalha- mento, entre grupos, corresponde a este processo histérico (p. 23). Revista Contempordinea de Educacao, v. 15, n. 34, set/dez. 2020 huip://dx.doi.org/10.20500/ree.v15i34.36615 6 ° » Z 2 ° 1S) ° x] a ey 125 Relacio entre individuo, sociedade e educacdo: uma leitura a partir de Norbert Elias Cristiane Pereira Peres ¢ Mariclei Praylepa ‘A afirmagao da identidade do individuo perpassa pelo processo dinamico da cultura, no qual as pessoas e as relacées sociais so intimeras e diversas, contribuindo para o autoconhecimento e reconhecimento étnico e cultural. Nessa perspectiva, cabe aescola contribuir com conhecimentos que levem o individuo a vivenciar 0 processo de reflexfio sobre si, sobre o outro e 0 grupo, construindo seu autocontrole diante de suas concepgdes e daquelas que lhe sao impostas pelas instituigdes com mecanismos de civilizacio, como a escola. Ainda, remetendo-se & configuracao, ‘Umma vez que as pessoas so mais ou menos dependentes entre si, inicial- mente por aco da natureza e mais tarde através da aprendizagem social, da educagio, socializagio © necessidades reciprocas socialmente geradas, elas existem, poderia nos arriscar a dizer, apenas como pluralidade, apenas como configuragées (ELIAS, 2011, p. 249) Ressalta-se que, a partir dos aportes teéricos do autor, possivel compreen- der a escola enquanto um espago social civilizador que trabalha e repassa valores padrdes socialmente aceitos e elegidos como ideal para o individuo. Neste sentido, acredita-se que a escola, muitas vezes, nega e reprime compor- tamentos e valores que se apresentam diferentes dos exigidos socialmente. Inculea no individuo, mediante referenciais civilizatérios, condutas a serem seguidas e reprodu- zidas no meio social, estabelecendo controles sociais e autocontroles pessoais. Logo, a escola contemporanea necessita construir uma educagio (de)colonial, atendendo a toda a diversidade dos individuos por meio de um ensino intercultural, rompende com os discursos eurocéntricos. Para Fleuri (2002): [Ja perspectiva intercultural implica uma compreensio complexa de cdu- cago, que busca — para além das estratégias pedagégicas ¢ mesmo das rela- des interpessoais imediatas — entender e promover lenta e prolongadamente a formagio de contextos relacionais e coletivos de elaborage de significados que orientam a vida das pessoas (p. 11). Por meio do ensino intercultural, a escola passou a (re}conhecer € valorizar su- jeitos e culturas que até entio tinham sido negados por um ensino colonialista, apresen- tando uma formagao errdnea e equivocada da sociedade brasileira. Dessa forma, o ensino precisa abordar discussdes que trabalhem o “[...7 discurso histérico como uma represen tagdo e uma explicagio adequada da realidade que aconteceu” (CHARTIER, 2011, p. 25). Assim sendo, defende-se que a inculcagio social na contemporaneidade, em sua grande maioria, objetiva a preparacio de um novo modelo de homem que justifica “T.. Revista Contempordinea de Educacao, v. 15, n. 34, set/dez. 2020 huip://dx.doi.org/10.20500/ree.v15i34.36615 5 ° ~ Z & vA ° 1S) ° x] i] = 126 Relacdo entre indivsduo,soiedadee educacto: uma leturaa partir de Norbert Elias Cristiane Perera Peres e Mariclei Preylepa ideologicamente o receituério de desenvolvimento via globalizagtio proposto pelo con- texto liberal [...]” (ZANARDINI, 2006, p. 75) busca adaptar as instituigdes de ensino “[.] a0s objetivos econémicos ¢ politico-ideolégicos do projeto societério da burguesia mundial para a periferia do capitalismo nessa nova etapa do capitalismo monopolista” (SI- QUEIRA, NEVES, 2006, p. 81). Nesse proceso de escolarizagtlo, mantém um condicio- namento que quer civilizar o individuo por meio de condutas, comportamentos ¢ normas sociais pré-estabelecidas por tn determinado grupo social que “socializa” sua cultura “genuinamente legitima” em detrimento da cultura da grande maioria dos individuos. No entanto, os pressupostos teéricos de Elias contribuem para repensar esta modelagem da conduta humana ao propor entender a educag&o a partir da perspectiva do individuo, do Ser que possui seus conflitos, contradigdes, medos, antagonismos, aprendizados ea partir de suas concepgdes compreende e age na sociedade. Para Elias, a educaco nao € técnica, mas, sim, social. Se a escola forma valores, entAo, seria fungao social dela construir valores humanos, solidarios, justos e dignos que visassem a enal- tecer © a emancipar o Ser € nao a subordiné-lo & cultura ilegitima do capital humano Corrobora-se com Freire (1987) que a educagio € um ato politico. Por isso, deve contribuir para a emancipasto humana e social ¢ nunca servir para modelar a concepsio € a conduta em beneficio da negasao da realidade social vivida pelos Seres, individuos sociais, visto que [ad 08 atos de muitos individuos distintos, especialmente numa sociedade tio complexa quanto a nossa, precisam vincular-se ininterruptamente, formando ongas cadeias de atos, para que as agdes de cada individuo cumpram suas fina~ lidades. Assim, cada pessoa singular esta realmente presa; est presa por viver em permanente dependéncia funcional de outras (ELIAS, 1994, p. 25) Nesse sentido, a educacio é “[...] uma prética social que atua na configura cao da existéncia humana individual e grupal, para realizar nos sujeitos humanos as J” (LIBANEO, 1998, p. 22). Logo, deve atender & caracteristicas de ‘ser humano’ diversidade étnica e cultural dos discentes, contribuindo com a construgio de (re) co- nhecimento, valorizacao e respeito a toda a diversidade dos individuos. Para Elias (1994), a construgao do individuo e/ou aluno enquanto ser cog- noscente ocorre, preponderantemente, na dinamica do processo social vivenciado nos grupos soci is, dentre eles, destaca-se a escola. Sendo assim, defende-se que 0 espaco escolar pode e deve ser um lécus fecundo para a problematizagio e a apreensio do real vivido pelos individuos, contribuindo com a sua formagio enquanto Ser individual, e posteriormente, em sua relagiio com o outro € o grupo. Revista Contempordinea de Educacao, v. 15, n. 34, set/dez. 2020 huip://dx.doi.org/10.20500/ree.v15i34.36615 12 6 ° » Z 2 ° 1S) ° x] a ey Relacdo entre indivsduo,soiedadee educacto: uma leturaa partir de Norbert Elias Cristiane Perera Peres e Mariclei Preylepa No entanto, salienta-se que, para consolidar a escola como esse lécus, 0 papel do educador torna-se prerrogativa findante, bem como sua relag&o dialégica’ com os educandos e com mundo social, uma vez que, nas palavras de Freire (1987, p. 63), “C7 ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se edueam entre si, mediatizados pelo mundo”. Portanto, destaca-se a relevincia no ato educativo, do exercicio da pritica pro blematizadora para o distanciamento, a reflextio ¢ a compreenstio do contexto social que nos é apresentado por meio da cultura, da politica, da midia e dos grupos sociais. que Por vezes é titi, para compreender melhor as questdes da actualidade, afastar- mo-nos delas em pensamento para depois, lentamente, a elas regressarmos, Compreendémo-las, entio, melhor. Pois quem se embrenha apenas nas questdes do momento, quem nunca olha para além delas, é praticamente cego (p. 13). O préprio Elias (1991) suscita tal exercicio ao afirma © autor, também, encaminha para este exercicio ao investigar a sociogénese do Estado e denunciar que © monopélio da cultura dominante privilegia uma minoria rica que faz valer © seu status de modelo social a ser aceito, legitimado e seguido pela maioria desprovida. Nesta diregao, ele sugere a reflexfio entre a mudanga na estrutura da sociedade e a mudanga na estrutura do comportamento, tendo em vista que os proces- sos histéricos vividos pela sociedade nao so naturais, muito pelo contrario, sio sociais e culturais. Por isso, nossos habitos e costumes sao resultados de uma cultura elitista, multavel que nos é imposta ao longo des séculos sob o viés do natural (ELIAS, 1994) Nesta mesma perspectiva, 0 autor propde para a compressto da civilizagio contemporfnea a leitura nas estrelinhas da origem dos padrées, das regras e dos hé- bitos sociais, ou seja, a humanidade necessitaria se questionar (problematizar): De onde veio? Por que seguir esses ¢ nfo outros? A quem eles beneficiam? Essas e outras problematizagées contribuiriam de forma significativa para elucidar o dominio civili- zatério de uma classe sobre a outra e, talvez, assim, ocorresse a emancipagto humana Neste processo de emancipagio humana, reitera-se o papel social da educasio, pois a leitura critica de mundo sugerida por Elias consubstancia-se na problemati- zacio e na interdisciplinaridade entre a psicogénese, a sociogénese e a tecnogénese, elementos constitutives da humanidade social que podem ser compreendidos e traba- Ihados na e pela escola. + Freire (1987) ressalta o didlogo como “o encontro entre os homens mediatizados pelo mundo para pro- nuncid-lo’. Desenvolve uma pedagogia baseada no processo cle conscientizagzo critica da realidade (p. 93) Revista Contempordinea de Educacao, v. 15, n. 34, set/dez. 2020 huip://dx.doi.org/10.20500/ree.v15i34.36615 6 ° » Z 2 ° 1S) ° x] a ey 128 Relacio entre indivi, socedadee educocde: uma etura a partir de Norbert Elias Cristiane Perera Peres ¢ Marcle: Preylepe Reitera-se, ainda, que nas anélises de Elias, as complexidades nas relagdes sociais sio decorrentes da diversidade de individuos e sociedades, com emogées, con- dutas, padrdes, modelos ¢ anseios distintos, que se relacionam em diferentes espagos € contextos culturais. Nesse contexto social diversificado e dinamico, os processos civi- lizadores nao sao estiticos ¢ lineares, sto constituidos no decorrer do tempo mediante as conexdes que vao sendo firmadas entre individuos e sociedade. Assim, frente a este processo dintimico, os mecanismos de controle de condutas dos individuos sofrem transformacées e conflitos ao longo do tempo, de acordo com a individualizacio dos sujeitos e com a sociedade a qual pertence, Nesse viés, é por meio das assimilagées, re- Jjeigdes € novas construgées simbélicas que o individuo afirma a sua identidade. Assim, Ta] a meméria € a identidade exercem grande ligagio, sendo a primeira © elemento constituinte do sentimento de identidade, e que essa identidade € um elo com a histéria passada e com a memsria do grupo, onde a identidade é fortalecida através da meméria, sendo que esta diltima mantém a coestio do grupo (LE GOFF, 1992, p. 16), Nesse viés, para Elias (1994), s6 pode existir uma vida comunitéria mais livre de perturbacées € tensdes se todos os individuos dentro dela usufrufrem de satisfacio suficiente. Além disso, s6 pode haver uma existéncia individual mais satisfatoria se a estrutura social pertinente for mais justa ¢ igualitaria Os conflitos aumentam & medida que a desigualdade social e econémica tam- bém aumenta. Quanto mais desigual for uma sociedade, mais acentuados serio os conflitos ¢ os controles sociais, tendo em vista que, no processo de individualizasao, 0 individuo vai desenvolvendo o autocontrole das suas emog3es ¢ comportamentos diante dos padrdes sociais que ja sto estabelecidos desde o nascimento. Portanto, se por um lado os padres sociais desiguais jé se encontram estabe- lecidos pela hegemonia da cultura dominante, por outro lado ocorre a mudanga do Ser individuo em sua singularidade, bem como por meio da convivéncia com outro. Esta convivéncia é construida e experienciada no contexto escolar. Assim, entende-se que a educagto possui um papel fundante para emancipay os individuos na apreensao do real que os cercam e, desta forma, instrumenté-los na busca da equidade social. Algumas consideragdes Sem a pretensio de ser exaustivo nas reflexdes acerca das contribuigées te6ri- cas de Norbert Elias, este artigo abordou o processo de individualizaco do individuo Revista Contempordinea de Educacao, v. 15, n. 34, set/dez. 2020 huip://dx.doi.org/10.20500/ree.v15i34.36615 5 ° ~ Z & vA ° 1S) ° x] i] = 129 Relacio entre indivi, socedadee educocde: uma etura a partir de Norbert Elias Cristiane Perera Peres ¢ Marcle: Preylepe na configuracto social ante o processo civilizador e a relacgto de interdependéncia entre os individuos ¢ 0 grupo, mediante as relagdes sociais ¢ educacionais. Por meio da teoria eliasiana, é possivel compreender que a civilizagio desen- volveu e desenvolve uma rede que delineia a configuragto das relagées humanas, me~ diada pelo controle de condutas do individuo. Os estudos também contribuem para a compreensto dos comportamentos e emocdes dos individuos desenvolvidos na rede de relagdes que é constituida por interesses individuais ¢ do grupo. Ressalta-se que 0 aporte tedrico de Elias colabora, de forma significativa, com a reflexto acerca do processo de escolarizagio dos individuos € os condi- cionantes de seus comportamentos para a manutengilo do status quo. Clarificou 0 poder hegeménico da cultura dominante e do jogo simbélico para sua legitima- co e manutengao. Evidenciou, ainda, o processo civilizatério enquanto processo historico, materializado pela dimensto social ¢ cultural, e desmistificou o viés naturalizador e “neutro” dos valores e costumes perpassados ao longo dos séculos para a humanidade Em sintese, a apreensio da teoria eliasiana possibilita aos individuos a com- preensio de si, enquanto Ser individual e social. Ademais, proporciona um “olhar” para a cultura como artefato social, dinamico e passivel de mudanca, ao observar a so- ciedade como processo histérico condicionado e mantido pela cultura do grupo hege- ménico. Busca, por meio da educago, a civilizagto do individuo nao por modelamento de comportamentos ¢ atitudes referendadas socialmente pela elite dominante, mas por processos emancipatérios sociais que suscitem a construgao do sujeito individual e social capaz de se compreender e compreender a sociedade, além de agir criticamente no contexto em que vive Defende-se que uma sociedade sera realmente civilizada quando todos os individuos usufruirem de todos os bens e servigos sociais produzidos pela hu- manidade e, ainda, quando a justisa social for prerrogativa da condigao e da vida humana em sociedade. Referéncias CANDAU, V. M. Direitos humanos, educacio e interculturalidade: as tensdes en- tre igualdade e diferenga. 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E-mail: cristiapereira@hotmail.com Mariclei Przylepa Doutoranda em Educagio no Programa de Pés-Graduacao (PPGedu), pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Professora coordenadora efetiva na Rede Municipal de Educastiode Dourados-MS. Membre do grupo de pesquisa Estado, Politica © Gestio da Educasio (GEPGE/UFGD). E-mail: maprzylepal9@gmail.com Revista Contempordinea de Educacao, v. 15, n. 34, set/dez. 2020 http://dx.doi.org/10.20500/ree.v15i34.36615 ) Y Z c | al Zz ° 1S) } is is) fa Bi 132

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