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“No que diz respeito a uma “psicologia maior” — uma psicologia que inclua © compo, a mente, a alma oespirito~, Aurobindo tem muito a nos ensinas, este livro, que agora vocé tem nas méos, deixa isso bem claro ede maneira pericita, A. S. Dalal realmente conseguiu apresentar uma selegdo equilibrada dos escritos de Aurobindo sobre a psicologia. Em virtude da sua abordagem clara e representativa, da amplitude dos seus exemplos ¢ da lucides dos comentarios do préprio Dalal, este livro torha-se, sem a menor diivida, a melhor apresentacio da doutrina psicolégica de Aurobindo a que agora ‘temas acesso; ¢ a tendéncia é que venha a se tornar, no futuro, um cléssico no género.” —Ken Wilber Sci Aurobindo Ghose (1872-1950) & conskderado por muitos como o maior filésofo-sabio da India moderne. Recebeu uma educagfio cléssica no Ocidente & sso primeira pre desu caren fezend campanks pla ndependencia da india. Mais tarde, tornou-se uma ds fguras mais veneradas da espirtualidade oriental, A, S. Dalal épsicdlogo cltnico ¢ um dos maiores estudiosos da obra de Aurobindo, ‘Mora em Pondicherry, na india, EDITORA CULTRIX ISBN s5a16-0716: | aS J mi YOIVW VIDOTOOISd YWN (Bio) ered “Sv Introdugao a Doutrina Psicolégica de UMA PSICOLOGIA MAIOR Prefacio de KEN WILBER A. §, Dalal (org.) com | ee ‘Titulo do original: A Greater Prychology: Copytight © 2001 A. S, Dalal "Todos os direitos reseriados. Nenhuma parte deste Livro pode ser ceproduzida ou usada de qual- quer forma ou por qualquer mio, eletnico ou mecanico inclusive fotoepias, ravagoes On ‘stems de armazenamento em banco de dados, sem permisdo por esert,exceto nos casos de trechos euros eftados em resenhus erfices ow artigos de revstas, (pia name eed nea» et, ou lin dota cb, A penis da indon an x qu et ll ei, pba wg - Sosa seroma ieee TS iio ewig pa oBad admin com exlsedade pe EDITORA PENSAMENTO.CULTRIX LTDA. Roa Dr. Mécio Vicente, 368 — 04270-000 — Sto Paulo, SP Rone 272-1399 — Fax: 2724770 E-mail: pnsamento@culrixcom.be hitp:vww persamento-cltrcom.br ‘que se reserva a propriedade literiia desta rad, Sumdrio Preficio de KEN WILBER Prélogo. ssn Introdugio de ARABINDA BASU PARTE I: UMA ANTOLOGIA DOS ESCRITOS DE SRI AUROBINDO Acconsciéncia, a realidade As miltipas fice €o Sean O ser superficial € 0 ser inteior i. t. O inconsciente... O subconsciente.. O ser exterior (superficial). (a) AMente Exterior (Superficial. Mente ¢ Consciéncia.. (Os Planos do Ser Mental A Mente Fisica ‘A Mente Vit A Mente Pensante Manas, Buddhi. A Mente e as Fxperigneias Sensorias. A Mente, uma Consciéncia da Ignorancia Poder de Verdade da Mente. {b) O Ser Vital Exterior (Superficial. {¢) 0 Ser Fisico Exterior (‘Superficial O ser interior; o ser subliminar.. 3. O ser psiquico. Purusha e Prakriti: Alms € natureza 0. 10. Os gunas de Prakriti Os teés modos da natureza... 11. Osi mesmo, o ego ea incividualidade ». 12. O superconsciente: Gradagdes da consciéncia superior. (a) Mente Superior B 7 25 33 40 Ca 51 37 7 37 59 él 2 6 6 68 B " 78 83 B 103 U2 121 138 141 56 | Una psicofogia maior Quanto as partes da nossa natureza que so rejeitadas mas depois voltam, isso depende de onde elas sfo Jangadas fora. Muitas vezes, a rejeigfo segue uma espécie de protocolo, A mente rejeita as suas mentalidades; o vital, as suas vitali- dades; o fisico, as suas “fisicalidades” — ¢ todas essas coisas normalmente vol- tam 20s seus respectivos dominios no Ambito da Natureza geral. Quando isso aconttece, 08 reeitos permanecem, de infio, na eonsciéneia ambiental que nos rodeia, que levamos conosco e pela qual nos cormunieamnos com a Natuteza ex- terior; mas muitas vezes volta a entrar em n6s ~ até sertejitado a um grau tio absoluto, ot langado fora tio longe, par assim dizer, que jé nao pode voltar para 16s, Mas quando as cosas rejeitadas pela mente pensante e vlitiva si fortemen- te apreciadas pela vitalidade, elas suem da mente mas entram no plano vital, n= Je fazem morada e procuram subir de novo, tomar de assaltoa mente e obter, por sedugzio ou 8 forea, a nossa aceitago mental. Quando também ¢ vtalidade su- perior —o coragao ou a dynamis vital maior ~as reeita, elas vefugiam-se na vita- lidade inferior, com sua massa de pequenas correntes de movimiento que cons- tituer a pequencee do nosso cotidiano. Quando também a vtalidade inferior as rejeita, elas descem para a consciéncia fisica e proctiram Fixarse nela pela inér- ci ou pela repeligdio mecdnica. Rejeitadas até mesmo por essa consciéncia fisi- ca, elas entram no subeonsciente e manifestams¢ nos sonhos, na passvidade, 1nos extremes de tamas. O Inconsciente é « tiltimo rediuto da Kgnordcia, Later. Yoga, pp. 358-59 ‘Uma descida ao subeonsciente nfo colaboraria em nada para que conhe- céssemos essa regido, pois nos Caria mergulhar na incoeréncia, no sono, num transe de obtusidade ou num torpor comtatoso, Um exame mental minucios0 pode nos dar indiretamente uma idéia construtiva dessas atividades ocultas; ‘mas é 56 quando entramos no subliminar ou ascendemos ao superconscien- te, € de lf olhamos para baixo e penetramos essas obscuras profundezas, que podemos tomar consciéncia direta e total dos segredos da nossa natureza fi a, vital e mental subconsciente ¢ passar a controlla. Essa consciéncia ¢ e%- se domfnio sio sumamente importantes, pos osubconsciente € o Inconscien- te no processo de tomarse consciente; € 0 esteioe até mesmo a raz das partes infetiores do nosso ser e dos movimentos dessas partes. Sustenta e eforga to- das as coisas que, em nds, aferram-se ao seu estado atual e recusam-se a mt- dar —as mecdnicas recorréncias de pensamentos obtusos, a persisténcia obsti- nada de certos sentimentos, sensagées, impulsos € propensdes, a rigidez descontrolada do nosso cardter. O animal em nés— também o infernal ~ tem sua toca, o seu esconderijo, na densa selva da subconsciéncia, Penetrar nes- sa selva, luminéla e dominé-la, io requisites indispensdveis para a perfeigao de qualquer vida superior, para a translormagao integral da naturcza, The Life Divine, pp. 734-35 6 O ser exterior (superficial) Acconsciéncia exterior € que normalmente se expressa na vida cotidiana. a mentalidade, a vitalidade e a corporalidade exteriores. Nao é muito ligada ao ser interior, exceto mum pequeno ntimero de pessoas~ até que as das coi- sas sejam ligadas no decorrer ca sadhana Letters on Yoga, p. 311 O serexterior é somente umn meio de expressio, nfo & 0 nosso eu verda- deiro. Nao devemas nos identificar com ele, pois 0 que ele expressa € uma personalidade formada pela antiga natureza ignorante, Quando nao nos iden tificarnos com ele, podemos mudé-lo de modo a expressar por meio dele a ver- dadeita personalidade interior da Laz. Letterson Yoga, p. 311 Eles [a mente, a vitalidade e 0 corpo exteriores} sto pequenos, mas nem por isso deixar de ser importantes, em que pese a sua aparente insignificin- cia — pois constituem uma passager necessiria, um meio de transmissio en- tre a alma e o mundo exterior. Letters on Yoga, pp. 311-12 (a) A Mente Exterior (Superficial) Mente e Consciéncia _ em nés, a conscineia parece ser idéntica a Mente; de qualquer modo, a Mente é um fator tio predominante no nosso ser que a investigagiio dos seus movimentos fundamentais € uma prioridade. Na verdade, porém, a Mente 1do constitu todo 0 nosso ser, exstem também em nés uma vida ¢ um cor po, uma subconseiéncia e uma inconsciéneia; existe uma entidade espiritua. ‘euja origem e verdade secretas nos eonduzem tumo a uma consciéncia inte- ior ¢ oculta e daf a uma superconseitneia The Life Divine, p. 494 38 | Uma psicologia moe “Mente”, no sentido comum da palavra, significa indiscriminadamen- te a consei@neia como um todo, pois 0 homem é um ser mental ¢ mentaliza todas as coisas; mas, na terminologia desta yoga, as palavras “mente” e “men- lal” sto usadas para significar especificamente aquela parte da natureza que ‘std ligada a cognigdo e a inteligeneia, as idéias, ds percepgdes mentais ou do pensamento, as reagdes do pensamento perante as coisas, aos movimentos € formagées verdadeiramente mentais, a visdo € & vontade mentaiss, ete. - coi- sas essas que, todas elas, fazem parte da inteligéncia do homer, Letter on Yoga, p. 320 A mente identifica-se, até certo ponto, com os movimentas préprios da vida e do corpo fisicos ¢ anexa esses movimentos A sua mentalidade, de mo- do a fazer-nos parecer que toda consciéneia € necessariamente uma cons- cigncia mental. Mas quando damos um passo para tris, quando separamos a ‘mente ~ enquanto testemunha ~ dessas outras partes do nosso ser, descobri- mos que a vida ¢ 0 corpo ~ até mesmo os aspectos mais fisicos da vida ~ tém ‘uma conseiéncia prépria, uma consciéneia especificamente proporcionada aumser vital e corpéreo mais obscuro, chegando mesmo, no extremo, a uma consciéncia tao elementar quanto a das formas animais primitivas, conseién- cia essa que, ern 6s, é assumida pela mente e, nessa mesma medida, € men- talizada, Essa consciéncia no tem, em seus movimentos independentes, a luminosidade mental de que n6s gostamos; quando ha nela uma parcela de mente, traa-se de uma mente involufda ¢ como que implicita no corpo e na vida fisica; no ha autoconsciéneia organizada, mas somente prinefpios de agao € reagdo, movimento, impulsos € desejos, necessidades, atividades im- postas pela Natureza, fome, instinto, dor, insensibilidade e prazer. Embora sejam inferiores, essas partes do nosso ser tém essa consciéneia obscura limi- tada e automatics... quando nos distanciamos dela para examind-la, quando separamos a mente das suas sensagBes, percebemos que ela 6 um modo de consciéncia nervosa, sensitiva e automaticamente dingimica, que opera num grau diferente do da mente; tem as suas reagdes proprias aos contatos e per- ceebe-os por meio de uma faculdade sensitiva prépria; ndo depende em nada, para isso, das percepgdes ¢ reagbes da mente. ‘The Life Divine, pp. 55859 Para os seres humanos que nao se aprofundaram em si mesmos, mente ¢ consciéncia sao sindnimos. E s6 quando passamos a nos conhecer melhor, ‘mediante um crescimento da consciéncia, que podemos perceber ¢ identifi ‘car 03 diversos graus e poderes da consciéncia ~ mental, vital, fisica, psfquica, espiritual. . Letters on Yoga, p. 686 | . | Oseresteror(eupericial) | 59 Os Planos do Ser Mental Dentro da prépria mente existem graus, ¢ cada um deles abarea igual- iente outros graus menores; s0 elevagies sucessivas que podemos, por con- vyeniéncia, chamar de planos esubplanos da consciéncia mental e do sermen- tal, O desenvolvimento do ser mental consiste, em grande medida, em subir essa escada; podemos parar em qualquer degrau, sem deixar de conservar nma independéncia em relagao aos estigios inferiores ¢ o poder de ascender, vex por outra, aos nveis superiores, ou de reagir postivamente as influéncias que dlescem das camadas mais elevadas do nosso ser. Por enquanto, 0 ser humano ainda costuma estabelecerse firmemente no mais baixo subplano da inteli- géncia, que podemos chamar de fisico-mental, pois, para a captagao dos fatos € o.exercicio dos sentidos, depende do eérebro fsico, da mente sensorial f ca e dos drglos fsicos das sentides; o ser humano af é o homem fisico, que atvibui importdncia suprema &s coisas objetivas a vida exterior, cuja existén- cia subjetiva ou interior tem pouca intensidade e, quando existe, permanece fortemente subordinada as exigencias da realidade extcrior. O homem fisico tern uma parte vital, a qual, porém, € composta principalmente das formagbes instintivas e impulsivas menores da consciencia vital que nascem do subcons- ciente acompanhadas por um rol ou um conjunto habitual de sensagdes de- sejos, esperancas, sentimentos ¢ satisfagdes, todos os quais dependem das coi- sas ¢ dos contatos externos ¢ &m por objetos as coisas préticas, imediatamente possiveis € realizdveis, habituais, comuns e medianas. Esse homem term uma parle mental, mas também cla é “arroz-com-feijio", repetitiva, pratiea, obje- tiva;s6 respeita as coisas que pertencem ao dominio da mente na medida em {que sio itis para o sustento, o canforto, 0 uso a satisfagao e a diversio da sua cexisténcia fisicae sensitiva. Isso porque a mente fisica opera sobre a matéria ¢ ‘9 mundo material, sobre 0 corpo e a vida corporea, sobre a experiéncia dos sentidos e de uma mentalidade normal e pritica. As coisas que nao perten- cem a essa ordem, # mente fisica encaixa numa espécie de sobrestrutura rig da que depende da mentalidade sensorial extema. Mesmo entio, encara es- ses contetidos maiores da vida ou como acessérios iteis ou como elementos ‘supérfluos, mas agradaveis, de imaginacao, sentiment ou abstragBes do pen samento; nunca chega a traté-los como realidades interiores. Mesmo que os aceite como realidades, no chega a percebé-los concreta ¢ substancialrmen- tena sua substincia intrinseca, @ qual € mais sutil que a substineiafisica e a sua grosseira concretace — trata-os como uma extensio subjetiva, e portanto ‘menos substancial, da realidade fisica. E inevitavel que a primeira estagao do ser hiumano scja a da Matéria e que ele dé a devida importincia 20s fatos ex- temos e 2 existéncia externa; pois € essa a primeira coisa que a Natureza faz pata defender e sustentar a nossa existéncia, uma coisa na qual ela insiste, 60 | Uma psieologia maior alids, com muita forga: 6 homem fisicoré enfatizado em nds ¢ multiplica-se abundantemente pelo tmindo, sendo a forga que ela usa para conservar a bax se material segura, embora tm pouco inerte, na qual ela pode residir enquan- to prepara etapas superiores de desenvolvimento para o ser humano. Essa for ‘magao mental inferior, porém, néo tem o poder de progredir, ou antes s6 tem o poder de progredir fisicamente, #0 nosso primeiro estado mental, mas o ser ‘mental ndo pode permanecer para sempre nesse cegratn mais baixo da esea- da evolutiva do ser humano. Acima da mente fisica e num grau mais profundo que o das sensagics sicas existe algo que podemos chamar de inteligéncia da mente vital, dinami- ca. O homem vital... é 0 homem do desejo e da sensago, o homem da for- gaeda.acdo, o homem da paixao e da emogao, o individuo cinético; pode da ede fato dé, grande énfase a existencia material; mas, mesmo quando preo- cupa-se muito com a realidade presente, quer tir da vida tudo o que ela po- de dar, exercendo uma forga de realizagio, de extensio vital, de poder vital, dle afirmagiio e expansio da vida, forga essa que € o primeizo fmpeto da Natu reza rumo ao engrandecimento do ser; quando esse impeto vital atinge a sua forma mais intensa, 0 homem toma-se aquele que rompe os inculos, que bus- ca novos horizontes, que perturba o passado eo presente em vista do futuro, ‘Tem ele uma vida mental que freqiientemente permanece escravizada a for- a vital com seus desejos e paixdes, e so estas que ele busca satistazer pela mente; mas, quando se interessa bastante pelas coisas mentais, pode tornar-se ‘aquele aventureiro mental que abre 0 caminho que conduz 2 novas forma- (Bes mentais: € 0 defensor de uma nova idéia, o artista sensivel, 0 dinamico poeta da vida ou o paladino de uma causa. A mente vital & cinética ¢ consti- tui, portanto, uma grande forga de avango da Natureza evolutiva Acima do nivel da mentalidade vital, c num grau ainda maior de intetio- tizagao, existe um plano mental de inteligencia e pensamento puros, para qual as coisas que pertencem ao mundo mental sa0 as realidades mais impor- tantes; aqueles que vivern sob a sua influéncia — 0 filésofo, o pensador, ocien- tista,o intelectual eriador, o homem de idéias, o homem que trabalha com a palavra falada ou escrta, o idealista e o sonhador ~ esto no grau mais alto atingido pelo ser mental na atualidade. Esse homem mental tem a sua parte vital, a parte das paixdes, desejos, ambigdes e esperangas ce todo tipo; tem também a existéncia fisica e sensorial infevior,e estas partes podein &s vezes contraporse ao elemento mental mais nobre e arrasté-o para baixo de modo que, embora seja 2 parte superior do homem, jf ndo chega a predominar e a determinara formacao da sua natureza total; mas isso nfo costurma acontecer com ele quando chega ao set mais alto grau de desenvolvimento, pois que, esse caso, a vitalidade e a existencia fisica so controladas subjugadas pela vontade pensante e pela inteligéncia, © homem mental néo é capaz de trans- _ eer eter (ape) | 6 formar a sua natureza, mas é eapaz de controléla, harmonizé-la e baixar so- bre ela a lei de uma idéia mental, impor-lhe um equiltbrio ou uma influén- cia de sublimagao e refinamento, dando uma grande dose de coeréncia & con- fusio multipessoal, 20s conflitos e a essa colcha de retalhos que constitui 0 nosso ser dividido e semiformado. O homem mental pode ser o observador e o governador da sua mente e da sua vida, pode desenvolvé-las conscientemen- tee tornarse, nessa mesma medida, o criadar desi mesmo. viver na mente e nas coisas da mente, ser uma inteligencia, e no uma vi da e um corpo, é, descontada a espiritualidade, a posigao mais alta que pode- ‘mos ocupar na hierarquia da Natureza. O homem mental, o homem cuja mente e vontade o dominam eo formam, consciente de um ideal e voltado para a sua realizago, o homem de iniclecta superior, o pensador, 0 sibio, & ‘menos cinético e, do ponto de vista imediato, menos eficiente do que o ho- mem vital, que €0 homem das agées e da realizagio vital exterior e ripida; mas 6 io poderoso quanto este tiltimo e até mais poderoso no que diz respei- to. abertura de noves horizontes para raga humana, ¢ € 0 épice normal da constituicao evolutiva da Natureza no plano humano, Esses trés graus de ‘mentalidade, clarose cistintos em si mesmos, mas freqiientemente confusos «e misturados na nossa composigio, so, do ponto de vista da inteligeneia or- dinSria, meros tipos psicol6gicos que por acaso desenvolveramse, e niio ve- mos neles nenhum outro sentido exceto esse; mas a verdade € que eles slo cheios de sentido, pois sto os passos dados pela Natureza no processo de evo- lugio do ser mental rumo A sua antotranscendéneia; e, na medida em que a mente pensante & 0 grat mais ato que ela pode atingir agora, o homer men- tal perfeito €a mais rara ea mais excelsa de suas criaturas humanas normais Pera iralém disso, ela tem de trazer o prinetpio espiritual para dentro da men- tee toro ativo na mente, na vida € 10 corpo. ‘The Life Divine, pp. 717-20 A Mente Fisica A verdadeira mente pensante nilo pertence & realidade fisica, € uma ou- tra faculdade. A mente fisica € a parte da mente que s6 tem por objeto as coi- sas fisicas ~ depend da mente sensorial, vé somente os objetos ¢ ages exter nas, tra suas idéias dos dados fomecidos pelas coisas externas, estabelece a partir delas as suas dedugGes e no conhece nenhuma outra Verdade exceto 38a, até o momento em que é iluminada pela Luz que vern de cima. Letters on Yoga, p. 327 Acmente fitia € aquela que permanece fixa nos objetos e acontecimen- tos fisicas, que s6 € capaz de ver compreender essas coisas ¢ de lidar com 62 | Una psicolngia maior clas segundo a natureza pe6pria de eada uma, mas que tem muita dificulda- de de receber as forgas superiores, Abandonada a si mesma, tende a nifo acre- ditar na existéncia de coisas suprafisicas, 2s quais nao conhece ditetamente ¢ das quais ndo vé sinal algum; mesmo quandg tem experigncias espiituais, es- quece-as rapidamente, perde tanto a impressio que teve quanto o resultado desta, ¢ tem dificuldade para cret. Letters on Yoge, pp. 347-48 A natureza da mente fisica é a de continuar repetindo um movimento que [6 aconteceu, por mais que acontega de nao obter com isso beneficio algum. E isso que chamamos de mente mecfinica — é forte na infaincia porque na crianga a mente pensante ainda nfo se desenvolveu, ¢ 0 fmbito dos inte- resses infantis € muito estreito. Depois disso, torna-se uma corrente subtertf- nea que afeta as atividades mentais. Letters on Yoga, p. 329 AMenie Vital Existe uma parte da natureza que chamei de mente vital; a fungao des- sa mente nfo é a de pensar e raciocinar, de perceber, pesareinvestigar as coi- sas ou atribuirlhes valor, pois essassio as fungdes da mente pensante propria- mente dita, buddhi — a fungio da mente vital é a de planejar, sonhar ou imaginar as possibilidades de ago. Ela formula coisas para o futuro, que a vontade pode entao tentar realizar se as oportunidades e circunstincias 0 fa- vorecerem; pode até mesmo trabalhar para tornélas favordveis. Nos homens de agio, essa faculdade é proeminente e 6 a senhora da natureza; os grandes homens de agio sempre a tém em polpuda medida, Mas mesmo quea pessoa nfo seja um homem de agdo ou realizago, ou mesmo que as citeunstincias no sejam favordveis ea pessoa 36 possa dedicar-se-a coisas pequenas e cotidia- nas, essa ment vital existe, Age entio dentro de um efrculo pequen; ou se- io, quando precisa de alguma sensagdo de grandeza, o que costuma fazer & planejar no vazio, ciente de que nao pode realizar 0s seus plans; ou seniio imaginar grandes feitos,hist6rias e aventuras nas quais a propria pessoa faz 0 papel de herdi ou de criadora. Letters on Yoga, pp. 33435 A mente vital é aquela parte do ser vital que const6i, faz plans, imagi= na, dispoe as coisas e 0s pensamentos de acordo com os impulses vitas, dese- ja, tem vontade de poder ou possuir, vontade de agit, ¢ tem emogdes, reagSes vitais e egéicas da natureza. Deve-se distingui-la da mente racional, que pla neja e dispde as coisas de acordo com os ditames da mente pensante propria- esis inanteniiniak Oseresterior (euporicial) | 63 mente dita, de acordo com a razao discriminativa ou de acordo com a intui- ‘cio mental direta de um juizo, A mente vital no poe 0 pensarmento a serv G0 da razio, mas do impeto e do poder vitais; quando pede a participagto do icinetnio, ust-o para justificar os ditames desse fmpeto e desse poder ¢ im- poe esses ditames 2 rao, em vez de governar, por meio de uma vontade dis- criminativa, a ago das forgas vitas. Letters on Yoga, p. 342 AMonte Pensante Mas, por trés da mente dindmicae vital, existe ainda outra mentalidade anais clara e mais reflexiva, capaz de nfo se deixar envelver totalmente pela ‘ida; 2s seus prOprios alhos, ela toma sobre sia vida ¢ 0 corpo a fim de cons- titut, por meio de relegSesativas de energia, a imagem do que ela mesma per- cebe nia vontade e no pensamento. Fela a fonte do pensador puro que habit ta dentzo de nés; é cla que conhece a mentalidade em si mesma € nao vé 0 ‘mundo como uma fungio da vida ¢ do corpo, mas da mente; 6 ela" que, quan do.a contemplamos, 3s vezes confundimo-la com 0 Espirito puro, assim co- mo confundimosa mente dindmica com a alma. Hssa mente superior € capaz de perceber as outs almas como outras formas do seu puro si mesmo, ¢ de lidar com elas como tais; € capaz de percebélas pelo puro cantato mental, ‘ndo 36 pelos contatos vita e nervosos € pelos indicios fisicos; conccbe tam- bem uma imagem mental da unidade, e, em sua atividade e sua vontade, & capaz de criar e postuir de maneira mais direta ~ nfo 96 indiretamente, como na vida fisica comum -, nio sé em sua prépria vida, mas também em outras. Mas nem mesmo essa mentalidade pura escapa do erro original da mente, pois ainda € 0 eu mental isolado que ela constitu como o juiz, a testemunha 0 centro do universo, e 86 por intermédio dele procura atingir o seu eu su- perior e a sua realidade; todos 08 outros sfo “outros” que se agrupam ao seu redor; quando quer ser live, ela ter de afastarse da vida e da mente a fim de desaparecer na unidade verdadeira, sso porque nela ainda existe o véu, cria- do pela Avidya [Ignordncia), entre agio mental ea supramental;€ uma irma- gem da Verdade, e nfo a Verdade em si mesma, que chega até ela ‘The Life Divine, pp. 169-70 ‘A mente humana pensante sempre vé muitos lados em todas as coisas ¢ decide de acordo com as suas tendéneias, preferéncias,idéias habituais ou al- gama razio que ao intelecto se apresente como a melhor. $6 atinge a verda- 1, O see mental, twanomaya purusha 64 | Ura priclogia maior de verdadeira quando ¢ iluminada pela luz de uma outra ecisa ~ quando 0 to- ‘que do ente psfquico ou da intuigdo a leva a ver ou sentir Letters on Yoga, p. 1247 Manas, Buddhi ‘ Eu mesmo, via de regra, no uso esses termos [Manas, ete.]~ eles sio a frascologia psicolégica da yoga antiga. Letters on Yous, p. 331 s termos Manas, ete, 0 termos da psicologia ordinéria aplicados 2 consciéncia superficial. Na nossa yoga, adotamos uma classificagao diferente —baseada na experiéncia yogue direta. Existem duas coisas que corsesponde- iam 20 movimento de Manas ~ uma parte da mente fisica que se comunica com a vitalidade fisica, Ela recebe as impressGes dos sentidos fisicos e trans- mites 20 Buddhi ~ ou seja, a alguma parte da Mente Pensante. Recebe 0 reflexo de Buddhi e transmite idéia e vontade aos 6rgios de sensagio e agao. ‘Tudo isso € indispensvel para a ago comum da consciéneia, Porém,nacons- ciéncia ordindria, todas as coisas se misturam ¢ nao existe uma ordem nem re- ‘yas claras. Na yoga, a pessoa toma consciéneia das diversas partes ¢ das suas aces corretas sob a regéncia da Consciéncia superior... “Letlers on Yoga, p. 330 emos de deixar clara a dstinelo, ignorada na fala comura, entre mans, a mente, e buddhi, o discemimento da inteligencia ea vontade iluminada, Ma- nas é @ mente sensorial. A mentalidade inicial do homem niio é, em absoh- to, uina coisa ligada a razdo e vontade; uma mentalidade animal, fisica ou sensorial, que consti6i toda a sua estrutura a partir das impressdes recebidas do mundo exterior pela consciencia incorporada que responde aos estfmulos exteriores dessas experiéncias. O Buddhi sé entra em cena como uma facul- dade secundaria que, no decorrer da evolugao, chegou ao grau mais impor- tante, sem porém deixar de depender do instrumento inferior que utiliza; pa- ra funcionar, depende da mente sensorial, ¢, no seu Ambito mais elevado, faz ‘que pode a partir de uma penosa, complexa e hesitante extenséo do conhe- cimento e da agio da base fisica ou sensorial. O tipo ordindrio da mente hu- mana é uma mentalidade fisica ou sensorial seri-iluminada, “The Synthesis of Yoga, p. 636 Podemos dlstinguir trés gradagbes su.cessivas da atividade dessa inteligen- cia, Primeito, existe uma compreensio perceptiva inferior que simplesmente simile, registra e entende as comunicagdes da mente sensotal, da meméria, do coragio e da mentalidade sensual, e reage a elas. Cria por meio delas uma O ser anterior cuperficil) | 65 mente pensante clerentar que no vai além dos dados proporcionadas por es- sas coisas, mas, pelo contrério, deixa se amoldar por eles ¢ tepete-os incessan- temente no cffculo habitual de pensamento ¢ vontade por eles sugerido; ou entio segue ~ com uma obediente subservigncia da razo as sugesties da vida — qualquer nova determinagao que seja oferecida & sua percepgfo € concep- ao. Além desse entendimento elementar, que todos nés usamos em extensis- sima medida, existe um poder de escolha e controle exercido pela inteligéncia por meio da razao eda forga de vontade, que tem por objetivo a tentativa de ‘chegar a uma ordenagao plausel, sficiente ¢ extivel do conhecimento ¢ da vonlade, voltada para os fins de uma concepgdo intelectual da vida, ‘Apesar do seu carster mais intelecttal, esa razdo secundatia ou interme diétia 6, na verdade, pragmética quanto & sua intengdo. Cria uma espécie de ‘strutura ou regra intelectual & qual procura amoldara vida interior exterior de modo a submeté-la a um certo domfnio ¢ facultar assim a realizaglo de ‘uma vontade racional. 6 essa razao que da ao nosso ser intelectual normal nossos padrdes éticos eestéticos, nossas estraturas de opinido ¢ as normas que cestabelecemos para 0 pensamento e a vontade. F altamente desenvolvida & ccupa o lugar de honra em todas os homens dotades ce win grau minimamen- te desenvolvide de compreensio. Mas além dela existe uma razo, uma ago suprema do Buddhi, que busca desinteressadamente a verdade pura € 0 co- nhecimento correo; busca descobrira Verdade verdadeira por trés da vida, das coisas e do nosso ser aparente, e sujeitar sua vontade a lei dessa Verdade. Pou- cos homens, se & que os hi, sfo capazes de usar com pureza essa razo supe- rior, mas a tentativa de fazé-lo é a mais elevada capacidade do instrumento in- terno, o antahkarana, ‘The Syethess of Yoga, pp. 624-25 AMente e as Experiéncias Sensoriais 4 idéia que temos da ago sensorial € regida pelos limites da mente fisica, de modo que chegamos a conclusio de que, nela, o elemento fundamental é 2 impressio deixada por um objeto extemo sobre o 6g fisico da visto, da audigdo, do olfato, do tato e do paladar, e que a fungio da mente, a qual na atualidade é 0 érgio central da nossa conscigueia, é somente a de receber as impressdes fisicas ¢ suas tradugdes nervosas ¢, assim, tomar consciéncia inte- ligente do objeto... temos de compreender em primeito lugar que a mente é 0 tinico sentido verdadeito, mesmo no processo fisico: sua dependéncia enn relagio as impressdes fsicas é 0 resultado dos condicionatnentos da evolu ‘material, mas nfo € nada de fundamental nem de indispensivel. A mente & ceapaz de uma visio que independe do olho fisico, de uma audigao que inde pende dos ouvidos fisicos, ¢ assim por diante no que se refere a cada vim dos (66 | Unt psicologia maior . sentidos. I capaz, além disso, de uma consciéncia que opera a partir de algo {que poderiamos chamar de impressBes mentais, de coisas que nif so trans tmitidas nem sequer indicadas pelos érgios fisicos a mente € receptiva a re- Jagées, acontecimentos, até mesmo formas e forgas em ago, de cuja existén- cia os 6rgios fsicos no poderiam jamais ter a menor idia. Ent, quando tomamos ciénecia desses poderes superiores, catalogamos a mente como osex- to sentido; a verdade, porém, & que ela € 0 tinieo drgla sensorial verdadero; ‘os demais no sio outra coisa sendo instrumentos exteriores seeuncldrios, que cla usa por convenincia; por outro lado, em vistude da dependéncia dela em relagdo a eles, eles impuseram-lhe limitagdes e tomaram-se os seus veicules Linicos e exclusives. ‘The Synthesis of Yoga, p. 833 ‘Manas, a mente sensorial, depend, no contexto da consciencia ordind- +a, das 6rgos sensoriais Fisicos para ter conhecimento ¢ dos 6rgos corporais para agie sobre os objetos dos sentidos. A aso superficial e exterior dos senti- thos é de carter fisico e nervoso, ¢& fcil pensar que 0s sentidos resultam tini- ta e exclusivamente da agdo dos nervos; nos antigos livros, eles sfo Bs vezes chamados de pranas, atividades vitais ou nervosas. Nao obstante, 0 elemento cessencial deles ndo é a excitagdo netvosa, mas a consciéncia, a agdo de Chit- ta que faz uso dos contatos nervosos e dos 6rgios que servern de veiculo 2 ¢s- tev ltimos. Manas, a mente sensorial, é 2 atividade ~ nascida da conscitncia beisica — que constitui o ndcleo essencial de tudo aquilo a que damos o nome de sentidos, A visio, a audigdo, 0 paladar, o olfato e 0 tato sip, na realidade, propriedades da niente, nfo do corpo; mas a mente fisica que usamos de or- bindtio limita-se a traduzir em linguagem sensorial todos os contatos exterio- ree que recebe por meio do sistema nervoso ¢ ds 6xgios feos “The Synthesis of Yoga, p. 623 _embora a rege dite que, quando queremos tomar consciencia do mundo ex- emo, tenhamos de fazé-lo indiretamente por meio des Grgios dos sentidos, ¢ 46 possamos reconhecer aquela parte da verdade das coisas ¢ dos homens que thor étransmitida pelos sentidos ~ nfo obstante ese fato, essa regra nto € outra coisa sendo a expresso da regularidade de um hébito predominante. 1 posst- vel mentee serlhe-ia natural, se pudesse ser convencida alibertarse da su- jeigao voluntéria A materia tomar conhecimento diteto dos abjetos dos sen- tidos sem o auntlio dos 6rgios sensoriais. isso que acontece nos experimentos feitos com a hipnose e 0s demais fendmenos psicol6gicosafins. Como a nossa conseiéncia em estado de vighia & determinads elimitada pelo equiltbrio en- tre mente e matéria claborado pela vida em sua evolugao, esse conhiecimento direto € ordinariamente impossvel; para realizarse, a mente desperta tem de | | | | O ser exterior (wapefcial) | 6 serlangada num estado de sono, que liberta a mente verdadeira ou subliminar, Entéo, a mente pode manifestar-se como aquilo que ela é verdadeiramente, 0 sentido Gnico ¢ auto-suficient, fica live para fazer valer sobre 0s objetossen- soriaisa staatividade pura esoberans, no mais dependente e maculada. Além disso, ssa extensdo das faculdades nommais no ¢ impossvel de realizarse no estado de vigfia, é s6 mais difiil —como saber todos aqueles que foram lon- ge osuficiente em certos caminhos de experimentagio psicolégica. ‘Aagio soberana da mente sensorial pode ser posta a servigo do desenvol- -vimento de outros sentidos, além dos cinco que usamos normalmente. E possi- vel, por exemplo, desenvolver 0 poder de avaliar com precisio, sein o uso de meios fisicos, 0 peso de tm abjeto que seguramos nas milos. Neste caso, a sen- sagio de contato e de pressiio € usada somente como ponto de pattida, assim co- ‘mo os dados das experiéneias sensoriais sfo usados pela razio pura. Na verda- de, ndo € 0 sentido do tato que di & mente a medida do peso; a mente encontra co valor correto por meio da sua prépria percepgao independente e s6 usa o tato para estabelecer uma relagdo com o objeto. Como acontece com a razao pura, assim ocorre coma mente sensorial: as experiéncias dos sentidos podem seruse- das como um prinefpio a partir do qual ela adquire um conhecimento que na- da tem que ver com os érgiios sensoriais, e muitas vezes contradiz a evidencia, sensivel. Além disso, a extensio das faculdades nao se limita as coisas exteriores e superfciais. Depois que entramos, pelos sentidos, em relaco com um objeto extetior qualquer, é possvel usar Manas para adquirir conhecimento dos con- tetidos do objeto — para perceber, por exemplo, os pensamentos e sentimentos das outras pessoas sem recorrer a uma andlise das suas palavras, gestos, ages ou expressbes faciais. O conhecimento assim adquirido muitas vezes chega a con- tradizer esses daclos, que so sempre parciais e quase sempre eriganadores. Por fim, pelo uso dos sentidas interiors — ou sea, dos sentidos considerados em si ‘mesmos, em sus atividade puramente mental ou sutil, distinta da atividade fis cca, que é uma redugio da atividade total dos sentidos que se opera em vista da vida exterior -, podemos ter acesio a experiéncias sensotiais, de aparéncias ¢ imagens de coisas que nio pertencem ao ambiente material em que vivemnos. ‘Temos de admitira existéncia dessas extens6es ou prolongamentos das faculds- des sensoriais — posto que recebidas com hesitagdo ¢ incredulidade pela mente fisica, uma vex que so anormais em relagHo 20 esquuema habitual da nossa vi- da ordinéria, séo dificeis de por em ago e ainda mais dificeis de sistematizar de ‘modo a tornar-se um conjunto de instrumentos ordenados ¢ passives de con- trole -, visto que elas constituem o resultado infalivel de qualquer tentativa de ampliar o campo da nossa consciéncia superficialmente ativa, quer por meio de uma espécie de esforgo auteddtca etalvez desordenado, quer mediante uma prética cientifica e perfeitamente calcula, “The Life Divine, p. 63.64 68 | Una prieologia maior ‘A Mente, uma Conseiéncia da Ignordncia _. a experiénecia me ensinou que existe algo além da Mente; a Mente ndo ¢, ‘reste mundo, a tiltima palavra do Espirito. A Mente & uma consei@neia da ig- nordncia, esuas percepgdes sao sempre falsas, ou mistas, ou imperfeitas ~ mes ‘mo quando sio verdadeitas, no passam de um reflexo parcial da Verdades nfo constituem o proprio corpo da Verdade Letters on Yoga, p. 52 No comego, o homem vive identificado & mente fisca, que percebe as coisas concretis,fisicas ¢ objetivas, aceita-as como falos incontestveis ¢ dé a fesses fatos o valor de verdades evidentes por si mesinas; tudo aquilo que nto é conereto, nem fisico, nem objetivo, ela considera irreal ou pelo menos ndo- realizado, As coisas s6 podem ser aeeitas como inteiramente reais quando cconseguem realizarse aqui, realizarse como fatos fisicos, tomar-se objetivas, ‘Também o seu proprio ser, essa mente considera como um fato objetivo, cuja realidade é garantida pela sua existéncia num corpo visfvel e sensivel; todas as ‘otras coisas e seres subjetives ela s6 aceita com base nies tipo de “prova", ou seja, na medida em que possam tornar-se objetos da consei@neia externa & possam assim ser aceitos por aquela parte da azo que elabora os dados for necidos por essa consciéncia e toma-os como a tinica base segura do conheci- mento. A ciéncia fisica € uma gigantesca ampliagao dese mesmo tipo de ‘mentalidade: corrige os erras dos sentidos e vai além das primeiras imitagdes ‘da mente sensorial, descobrindo meios pelos quais 0s fatos ¢ objetos que ndo do captéveis pelos 6refos dos sentidos podem sec trazidos para o campo da objetividade; mas tern sempre 0 mesmo critério de realidade, identificada & existéncia fisica objetiva; para cla, a prova de que algo real & 0 fato de poder ser verificado pela razao positiva € por indicias objetivos. ; ‘Mas o homem também tem twa mente vital, una mentalidade vital que é um instrumento do seu desejo; ela nfo se satisfaz com as coisas que jd ‘existem, pois seu campo préprio sioas possbilidades de exsténcia; tem a pai- xio das novidades e sempre busca ampliat os limites das experiéncias para sa- tisfazer os desejos, para set gozo, para afirmar 0 ego ou aumentar 0 seu cara- po de lucro ¢ poder, Hla deseja, goza e possui as coisas existentes, mas esté sempre a procura de possibilidades irrealizadas, tem a vontade ardorosa de coneretizé-las, possublas ¢ gozi-las igualmente. Nao se satisfaz somente com 0 fisico, o objetivo, mas busca uma satisfagiio e um prazer subjetivos, imagi- nativos, puramente emotivos. Nao fosse por este fator, a mente fisiea do ho- ‘mem, enlregue asi mesma, evé-lo-ia a viver como um animal, acsitando avi- da fisica como o resumo de todas as suas possbilidades, vivendo e movendo-se dentro da ordem preestabelecida pela Natureza, sem nada querer além dela 4 Ozer exterior (npr) | 6 ‘Mas essa mente vital, essa inquieta vontade de viver, entra em cena com suas exigencias ¢ perturba a satisfagio inerte ou rotineira que vive atrelada aos gri- Ihdes da concretude; aumenta cada vez mais o desejo, cia una insatistagho, uma inquietagio, uma ansia por algo mais do que a vida parece capaz de dar: traz consigo uma enorme ampliagao do campo da realidade fisien mediante a alualizagio de noxsas possibilidades ainda nio realizadas, mas acarreta tam- bem a exigencia constante por algo mais, a busca de novos mundos a serem conquistados, um incessante “deixar para trés” das circunstincias e do estado atual da pessoa. Vindo somarse a esse fator de inquietacao e incerteza, entra ‘em cena uma mente pensanite que investiga todas as coisas, questiona todas as coisas, consti e destr6iafirmagses, estrutura sistemas inteiros de certezas que so, ao fim e ao cabo, todos rejeitados como incertos, afirma e questiona os dados fornecidos pelos sentidos, segue as conclusbes da razio mas depois re- jeitaas e chega a conclusdes total on parcialmente diferentes, e continua nes- se processo indefinidamente, se nio ad infinitum. E essa a histéria do pensa- mento e do esforgo do ser humano, um constante romper de limites que ndo leva a lugar algum:; permanece ele na mesma espiral, uma espiral maior, tal ve2, inas eujas curvas seguem sempre @ mesma diregdo ¢ a mesma inclinagio. ‘Amente da humanidade, sempre em busca, sempre ativa, ndo atinge jamais, uma realidade firmemente estabelecida, quer se trate da realidade dos objet- vos da vida, quer mesmo da realidade das certezas e conviegdes ~ um Tunda- mento ou uma construglo firme da sva idéia de existencia, . “The Life Divine, pp. 413-15 ‘AMente, em sua esséncia, é uma consciéncia que mede, impée limites, recorta as formas das cosas a partic de uri todo incivisivel e conserve-as como se cada uma delas fosse uma entidade singular e isolada. Mesmo com aque- las coitas que sto evidentemente partes e fragées de outras, a mente estabele- ce essa fiogo que é a sua comum moeda de troea: considera-as como coisas ‘com as quais ela pode lidar separadamente, e ndo meros aspectos de um todo maior. Isso porque, mesmo quando sabe que essas coisas, consideradas em si, ‘no so nada, é obrigada a lidar com clas como se fossem coisas em si mes- ‘mas; caso contritio, nfo poderia submeté-las A sua atividade caracterstica. B ssa caracteistca essencial da Mente que condiciona a operagio de todas as suas faculdades, quais sejam a concep¢io, a percepgio, a sensacio ¢ os cami- hos do pensamento criativo. Ela concebe, percebe e sent as coisas como se fossem rigidamente destacadas de uma grande massa, um pano de fundo, € ‘emprega-as como unidades fixas da matéria que lhe foi dada para ser objeto de posse ou de criagio. Os objetos dessas faculdades ativas ¢ receptivas, por tanto, sio “todos” que fazem parte de um toda maior, ¢ esses todes subordina- dos dividennse eles mestuos em partes menores que também sio tratadas co- 0 | Uma psicologia maior ino todos em vista de determinados fins. A Mente consegue cividir, multipli- tar, somat, subteait, mas no consegue ir além dos limites dessa matemética Quando vai além e procura conceber um todo verdadkiro, perdese no meio de um elemento que lhe é estranho; sai do chi firme onde pisa ¢ langa-se no ceme da intangivel, no abismo do infnito, onde jé nfo pole pereeber, nem tconeeber, em sentir, nem usar seus objetos para fins de eriagao ¢ gozo. ‘The Lije Divine, pp. 162-63 ‘A devore desenvolve-se a partir da semente na qual ji estava contida, ea semente nasce da érvore; uma lei fixa, uth processo invarigvel rege a perma- wréneia dessa forma de manifestagdo que chamamos de drvore. A mente olha para esc fendmeno — onaseimento, a vida ea reprodugio de wma érvore —e Ponsidera-o como uma coisa em siza partir dessa idéia, estuda-,classifica-o e ‘explica.o, Explica a drvore pela semente © a semeiite pela drvore; proclama ‘uma lei da Natureza, Porém, com isso, no explicou nada; 96 analisou e regi ‘rou o processo de um mistério, Mesmo que ela venha a perceber a existencia de uma seereta forga consciente ¢ considere-a como a alma, o ser verdadeiro ddessa forma, e mesmo que considere todo o restante como operacdes estabe- Jecidas e manifestagdes dessa forca, tende ainda a achac que a forma tem urna existincia separada,regida por suas pr6prias leis naturaise procesos de desen- volvimento. No animal e no homem, com sua ‘mentalidade consciente, essa tendéncia separativa da Mente leva-a a verse também como uma existéncia isolada, um sujeito consciente, ea ver as outras formas como abjetos separa dos dessa mentalidade. Hssa stil disposigio das coisas, necessria para a vida fe fundamento de toda prtica, €aceita pela mente como um fato consuma- do, e das nasce todo 0 erro do ego. ‘The Life Divine, p. 138, ‘Aimente nio consegue identificar-se com 0 Absoluto nem mesmo quan do, por um esforgo do intelecto, chega a conceber essa iia, mas 96 conse- gue desaparecer rele numa espécie de destaaio ou extingio: 36 pode fer uma tspécie de pressentimento, de vislumbre, de certs absolutos que a ideia men- tal acaba por comprinnir numa figura elativa. Nao consegue compreender 0 universal, e 86 chega a formar uma concepgio dele mediante uma extensio da nocd de “individual” ou una combinagio de coisas aparentemente sepa- radag; assim, ou 0 vé como uma vagal extensio infinita, indeterminada ou se- mideterminada, ou o reduz. figura de um esquema externo. O ser ea agio indivistveis do universal, que sfo a sua verdade verdadeira, escapam & apreen- s0 da mente, pois esta, considerandlo como unidades as divisdes por ela mes- ‘ma operadas, concebe-o analiticamente; €, combinando esas mesmas unida- des, concebe-o sinteticamente; mas 6 absolutamente ineapaz de captar a ser etn peri | 7 unidade essencial e hasear nela as suas concepgdes, embora consign ter uma certa nogdo desta ede algumas dassuas conseqdéncias. Do mesmo modo, na caper de conhecer de modo verdadeiro e completo nem mean o objeto inva eaparentementeseparad, pois procede de mesma manera, me elinpteturia enlists peri, dan chenpemnentes eds propriedades, a mediar te um processo de combinago que Ihe permite construt um esquema exter no da coise, 0 qual, porém, resume-se 8 sua figura externa. Pode captar umn vislumbre da verdade fntima ¢ essencisl do objeto, mas ndo € capaz de viver constantemente mergullads na liz desse conhecimento essenciale rabalhar de dentro para fra sobre orestante da exiténcia, de modo queas cicunstan- dsenteroes manifest esensigicado ir, qu soo resultados inevitveis,a expresso, a forma e a agi daquele “algo” espi ont avelicede mesa ets ae ae ea ‘The Synthesis of Yoga, pp. 758-59 Amente age por meio de representagdes e construe, rag ¢ reunio dos dados por ela construidos. Pode elaborar alan tica e atsibuirlhe® valor de um todo; mas, quando sai em busca da realidade das coisas, acaba por refugir-se em abstragdes — nfo tem a visio concreta, a experiéncia, 0 contato direto obtidos pelo mistico e pelo aspirante espiitual Para conhecer direta ou verdadeiramente o Si Mesmo ¢ a Realidade, ela tem de ficac em silencio refletirem alguma medida au dessas coisas, ou ent ir além de si mesma e transformarse;e iso s6 pode acontecer quando wma Luz superior desce sobre ela ou quando ela mesma sobe; quando cla absorve ou se deixa absorver por uma Liz superior da existénci Letters on Yoga, p. 245 A mente nao passa de uma forma preparatéria da nossa consciéncia. f; ‘um instrumento de andlise e sintese, mas nao de conhecimento essencial. Sua fungao 6a de recotar pedacos daguele Ago desconhecido e dar o nome de todo” a exsas medidas e delimitagBes do Todo; & também a de analisar esse todo reduziloa partes, que so ento vistas por ela como objetos mentaisse- pacados. So s6 as partes ¢ acidentes que a Mente consegue enxergar de ma- neitadefinida e, a seu modo, conhecet. A tnica idéia definida que ela tem do “Todo € a de uma montagem de diversas partes ou uma totalidade de proprie- dads ¢acidentes. Do Todo enquanto no 6 feito de partes, propriedades eacl- dentes, ou ndo é visto como parte de um todo maior, ela s6 tem uma vaga per- pete, & 08 quando ale d atllsdo « radunide b medida do som chem separado, uma totaldade dentro de uma totaldade maior, ue a Mente pode dizer para si iesma; “Agora conhego ist.” E na verdade noo conhece. Go- nhece somente a andlise que fez do objeto e a idéia que formou dele a pati 72 | Ua psicologie maior de uma sfatese das partes e propriedades separadas que contemplou. Nesse ponto seu poder esta fungi enracterstice atingem o limite; para podermos obter um conhiecimento maior, um conhecimento mais profundo mais real —um conhetimento, bem entendido, e no ym sentifnento intenso mas in- forme que manifesta-se as vezes em certas partes profundas, mas nio-inteli- gentes, da nossa mentalidade -, a Mente tem de dar lugar a uma outra cons Ciencia, Esta, transcendendo a Mente, atenderd por fim aos seus anseios, ou senfo, depois de deixé-la para trés, inverters e retifieard suas operagdes: 0 Api- ce do conhecimento mental € somente um trampolim a partir do qual esse salto pode ser dado. A missao suprema da Mente € a de treinar a nossa cons- cigncia obscura, recémsaida da tenebrosa pristo da Matéria; €a de laminar seus instintos cegos, suas intuigdes aleatSrias, suas percepgies vagas, até tor néla capaz de receber essa luz maior e empreender essa ascensio maior. A Mente é uma passagem, nao um fim, ‘The Life Divine, pp. 12728 quando a mente se desenvolve na vida, o primeiro aspecto sew que passa a fancionar é uma mentalidadle envolvida com a'ag3o, com as necessidades © preocupagées vitas efisicas, com os impulsos, desejos, sensagdes e emogdes; ‘uma mentalidade que nao consegue distanciar-se dessas coisas para observé-las e conhect-ls, li na mente humana que surge a primeira esperanga de entendi- mento, de descoberta, de livre eompreensto, nela, parecemas estar chegando’& postibilidade de conhecer a nés mesmos e ao mundo, Mas a verdade € que a nossa mente, de comego, 56 & capaz. de observar os fatos e processos; quanto 30 nals, tem de fazer dedugdes e induct, tem de elaborar hipéteses, tem der tiocinar e especular. Para descobrir o segredo da Coniciéncia, teria de conhe- cet a si mesma e determinar a realidade do préprio ser ¢ do pr6prio processo; mas assim como na vida animal a nova Consciéncia est envolvida nas ages © movimentos vitais, assim também no set humano a consciéncia mental perma- nece envolvida no seu proprio tarbilldo de pensarmentos, numa atividade que prossegue sem interupgao e no decorser da qual as tendéncias e condigbes dos pt6prios raciociniose especulagées so seterminados e moldados pelo tempe- famento da pessoa, pela parcalidade mental, pela formagio passada, pea linha- gem energttica, plas preferéncis, pelas esoolhas que ela nataralmente faz ~ trio somos n6s que determinamos livemente 0 nosso pensamento de acordo com a verdade das cosas, 6a nossa natureza que o determina em n6s. Podesnos, ‘com efeit, tomar uma cert distancia e observat as operagbes da Energia men tal em n6s; mas 96 0 que vemos € o seu processo, ¢ nfo fonte original das nos- sas determinagées mentais, Podemos construir teorias e hipéteses sobre o pro- ccesso da Mente, mas. o véu permanece langado sobre o segredo intimo do nosso ser, da nossa consciéncia, da nossa natureza total Oerestron(eupeetal) | 73 I 56 quando abragamos o processo yogue de aquietar a mente que s¢ tor- ina possvel uma medida maior de auto-observago. Primeiro descobrimos que fa mente € uina substincia sutl, uma determinacio geral ~ ou indetermina- gio genérica— que é langada, pelas operagdes da energia mental, em formas Ou determinagées patticulares dela mesma, em pensamentos, concepedes, percepeSes, sentimentos mentais,aividades da vontade e reagdes do sent Inento; mas que, quando a energia se aquieta, pode viver quer num torpor inerte, quer no siléncio imével e na paz da sua prépria existéncia, Vemos a se- gir que as determinag@es da nossa mente no procedem em absoluto dela mesma, pois as ondas ¢ correntes de energia mental entram nela a partir de fora; ow entram jf formadas ou nela tomam forma de acordo com as determi- nnagbes de uma Mente universal ou de outras mentes, eso aceitas por nds co- ‘mo 1ossas proprias idéigs, Percebernos também a existéncia ern nés de uma ‘mente oculta ou subliminar, da qual nascem os pensamentos, percepctes, sentimentos mentais e impulsos da vontade; pereebemos, além disso, planos superiotes da conseiéncia a partir dos quais uma enexgia mental superior ope- tam nés ou por nosso intermédio. Descobrimos, por fim, que aquilo que ob- serva todo esse processo é um ser mental que dé sustentagao 2 substincia 8 cenergia da mente; sem essa presenga, que as sustenta e sanciona, elas jamais poderiam existir ou operar. The Life Divine, pp. 307-08 0 Poder de Verdade da Mente ‘A mente também tem um poder de verdad; sua eémara de pensamen- to abrese nido s6 a Avidya, mas também & Vidya; e, embora 0 seu ponto de pattida seja a Ignordneia eno seu camninhar cla passe pela vas tortas do erro, sua meta ndo deixa de ser o Conhecimento. Existe nela o impulso de busear ‘a verdade, um poder — posto que secuclirio ¢ limitado - de encontrar € eviar a verdade. Mesmo que s6 nos possa mostrar imagens, representagBes ou ex pressies abstratas da verdade, essas coisas nfo deixam de ser, a seu modo, re- flexos ou formas da verdade, ¢ as realidades das quais elas sio formas conti- ‘nuam presentes, em sua verdade mais concreta, num nivel mais profundo ou ‘ais elevado do poder da nossa consciéncia, ‘The Life Divine, p. 496 Asimperfeigdese limitagGes evidentes da mente no atual estigio da sua evolugio neste mundo so encaradas pot nés como aspectos da stia propria natureza; mas a verdade 6 que of limites aos quais ela ainda esté sujeita so “apenas teinporitias, determinados pela medida do seu avango evolutivo ain- da incompleto. A deficigncia de métodos e meios que a caracteriza é uma de- 14.| Une pricolegia mation corréncia da sua falta de maturidade, nao algo intrinseco constituigao do seu ser stas realizagées, posto que jf sejam extraordinarias em vista das condigdes limitativas em que vive o ser mental ~ arcastado para baixo pelo corpo terre- no que lhe serve de instrumento -, so muito menores, no maiores, das que The sero possfveis mum futuro iluminado. Isso porque a mente ndo é, por sua prépria natureza, uma inventora de enros e uma mae de mentiras;niio ¢ ine trinsecamente atrelada & falsidade nem amarrada aos seus préprios enganos; iio 6 — como parece ser no presente em virtude das limitagGes humanas ~ es- se ser que leva a vida aos trancos e barrancos. F, na origem, um principio de Juz, um instrumento manifestado pela Supermente; embora tena sido posta para funcionar dentro de certos limites e tenha sido até mesmo programada para ria limites, esses limites so linhas Tuminasas que circunserevem uma operagio especial sio fonteiras vohuntias, dotadas de uma finalidade espe- cifca, fronteiras que estio a servigo de um finito que ineessantemente se am- plia sob o olhar do infinito. ‘The Supramental Manifestation and Other Writings, . 53, (b) O Ser Vital Exterior (Superficial) Entio, a vida revela-se como essencialmente id€ntice em tudo, desde 0 ‘tomo até o homem. O tomo contém o material subconsciente eo movimen- to do ser, os quais sio mudados em consciéneia no animal, sendo a vida vege- tativa um estigio intermedisrio na evolugao. A vida é, na realidade, uma ope- racdo universal da Foroa da Conscincia que age subconscientemente na Matéria c sobre a Materia; éa operagio que cria, conserva, destr6i e recria as formas ou corpos e busca ~ por meio das vicissitudes das forgas nervosas, ou seja, das correntes de intercdmbio de energias estimulantes ~busca, dizfamos, despertar nesses corpos a sensaciio consciente. Nessa operagao existemn tr8ses- tigios: 0 mais baixo é aquele em que a vibragio encontrase ainda adormeci- dana Matéria, subeonseiente a tal ponto que parece mecfinica; 0 intermedis- rio €aquele em que se torna capaz de reagBes submentais, mas que esbarzarm naquilo que chamamos de consciéncia; 0 mais alto € aquele em que a vida de- serwolve a mentalidade consciente sob a forma de uma sensagio mentalmen- te perceptivel que, nessa transigZo, tomase a base do desenvolvimento da mente sensorial e da inteligeneia. E no estigio intermedidtio que captamos a distingao entre a ideia de Vida e as de Matéria ¢ Mente, mas na realidade ela Ea mesma em todos os estigios 6 sempre o termo médio entre a Mente e a Matéria, sendo um componente'da tiltima e um instinto da primeira, . The Life Divine, p. 186 serene eapicial) | 75 ‘Oser vital tem quatro partes ~ primeiro, a vitalidade mental, que dé ex- pressio mental por meio de pensamento, fal, ele. s emocBes, deseos, pa xdes, sensagies ¢ outros movimentos do ser vital; a vitalidade emocional, que Gasede de diversos sentimentos, como 0 amor, a alegra, osofimento, 0 6dio cs demais; a vilalidade central, que € sede dos anseios e reagiies vitais mais fortes, como, por exemplo, a ambicao, 0 orgulho, o medo, o amor fama, os apegos ¢ aversbes, 0s déseos e paixdes de varias espécies e muitas outras ene gs vitas; c, por timo, a vitalidade inferior, que se ocupa dos pequenos de- sejos ¢ sentimentos que acabam por consituit boa parte da nossa vida cotidia- nna, como, por exemplo, o desejo de comer, 0 desejo sexual, os pequenos gostos e desgostos, a vaidade, os desentendimentos, o gosto de ser elogiado ¢ 0 desgosto de ser vityperada, os pequenos descjos de todo tipo ~ ¢ um sem- inimeto de outras coisas. As seces respectivas dessasvitalidades slo: (1) a re- gio que vai da garganta ao coracio; (2) 0 coragzo (ele é um centro duplo: a parte da frente pertence & vitalidade emocional e a de tas, ao ser psiquico); (3) do coragio ao umbigo; (4) abaixo do umbigo. Letters on Yoga, p. 334 Naquela classificagaio em que a mente nio se identifica puira ¢ simples- mente coma inteligéncia que pensa, percebe e decide, as emogdes podem ser contadas como uma parte da mente, 0 vital no mental. Segundo outra classt- ficagdo, as emogbes sfio a parte mais mentalizada da natureza vital. No pri- meiro caso, a expressio “vitalidade superior” designa somente aquele movi- mento maior da forga vital consciente, aquele movimento de criaglo, de poder e de conquista, de doar, dar de sie recolher coisas do mundo a fim de ter mais recursos de ago ¢ de exercicio de poder; aquele movimento que se langa nos movimentos mais arnplos da vida e reage aos objetos mais nobres da Natureza, Na segunda classificagao, o ser emocional oeupa o dpice da hie- rarquia da natureza vital e, junto com essa natureza & qual acabamos de nos teferir, consttui a vtalidade superior. Contrapoe-se a eles a vitalidade infe- rior, que abarca os movimentos mais mesquinkos de agao ¢ desejo ¢ chega até A vilalidacle fisica, onde sustenta a vida dasatividades mais externas e de todas as sensagBes, formes, desejose satisfagdes fsicas. O termo “inferior” nao deve ser tomado em sentido pejorativo; refere-se somente & posi¢do ocupada por €s- savvitalidade na hierarquia dos planos. Pois, embota essa parte da natureza ten- da a set muito obscura ¢ cheia de perversbes nos setes terrestres ~ a luxciria, todas as espécies de cobica, a vaidade, as pequenias ambigdes, os ressentimen- tos mesquinhos, a inveja e 0 citime so 0s seus estados habituais ~, ela tem, tio obstante, um outro lado que fiz dela uma indispensével mediadora entre 0 ser interior e a vida exterior. Letters on Yoga, pp. 338-39 26 | Uina psiologia maior Avitalidade... € um aglomerado de desejos, impulsos, forgas, emogdes, sensagdes, buscas de satisfagio vital, de posse e de gozo;sio essas as suas Fun bes ¢ asta natureza, Ela aqucla parte de nés qlte busea a vida e 0s seus mo- vimentos por amor deles mesmos, que nao larga deles mesmo que cles the deem mais dor do que prazer; é capaz até de regalar-se com as ligrimas ¢ com fo softimento ¢ aceité-los como parte do drama da vida Letters on You, p. 323 A parte nervosa do ser é uma segiio da natureza vital - 6 a vitalidade fisi- ca, a forga vital que se liga intimamente is reagdes, desejes, necessidades sensagées do corpo. A vitalidade propriamente dita é a forga vital que age so- bre a sua pr6pria natureza, os impulsos, as emogbes, os sentimentos, os dese- jos, as ambigGes, etc, que im como centro mais elevado aquilo que podemos chamar de coragio emocional (existe também um coragdo interior, que € a sede do sentimento e da sensibilidade psfquica, superior, das emogSes ou an- seios ¢ impulsos intuitivos da alma). A nossa parte vital ¢ evidentemente ne- cessiiria para a perfeigao do nosso ser, mas s6 se torna um instrumento verda- deiro quando seus sentimentos e tendéncias sio purificados pelo toque da psique e sto assumidos e governados pela luz ¢ pelo pores expiritus Letters on Yog, p. 345, «= ohomem € capaz de estabelecer um controle sobre a sua vitalidade, e po- de ser considerado um homem na medida em que o faz ~ porque a mente pensante é uma entidade uma consciéncia mais iluminada do que a vitali- dade e deve, portanto, domind/ts;e, se a vontade mental for forte, pode domi- néla. Mas esse dominio é precério e incompleto e s6 pode ser conservado ‘usta de uma férrea disciplina, Pois, embora 2 mente seja mais iuminada, a cle é mais préximna da terra, mais intenss, mais veemente, mais capaz diretamente 0 corpo, Existe também uma mente vital que vive de imaginagio, de pensamentos de desejo, de vontade de agire gozar os préprios impulsos; esta € capaz de tomar conta da prdpria razao e transformé-la numa auxiliat, que a justifica e Ihe fornece toda sorte de desculpas. Exste também 1 pura e simples forga do Desejo no homem, que € 0 principal sustento da vi- talidade e ¢ forte 0 suficiente para obscurecer por completo a rarfo, tornan- o-a nas palavras do Gita, “como um barco em dguas tempestuosa’. Latters on Yoge, p. 323 ‘A maioria das pessoas vive no ser vital. Isso significa que elas vivem em seus desejos, sensagdes, sentimentos emocionais € imaginagBes, e € sob esse ponto de vista que véem, vivem e julgam todas as coisas. Ea vitalidade que as move; a mente é uma serva da vitalidade, € nao sua senhora. Também na © serenerioreuperficiel) | 77 roga hd muita gente que pratica a sadhana com essa atitude, ¢ sua pritca € hela de visses, formagGes e experincasvitas de todo tipo; nao existe nela, porém, uma ordem ou uma clareza mental, €essas pessoas ndo sober além da mente. E uma estrita minoria de seres humanos que vivem na mente ou no ser psfquico, ou que tentam viver no plano espiritual. Letters on Yoga, p. 1297 Quanto a idéia de que a sadhana faz, surgit coisas desse tipo, 0s tinicos elementos de verdade que ela contém sio os seguintes: ue, em primeira I gn, exstem no homem coma inuitas cosas das quais cleo term conscién- ia, pois a vitalidade esconde-as da mente ¢ atende aos anscios delas sem. que ‘a mente pereeba qual é a forca motriz dessa agaio — assim, coisas que sao fei- tas soba alegagao de altrufsmo, flantropia ee., sto em grande medida deter- ‘minadas pelo ego, que se esconde por tris dessa justficativas; na yoga, a mo- tivacdo secreta tem de ser tirada de trés do véu, posta a nu e eliminada, Em segundo lugar, algunas coisas sto reprimidas na vida cotidiana e permane- ccem adormecidas na natureza, contidas mas ndo eliminadas'; podem surgit ha consciéneia a qualquer hora ou podem manifestarse sob diversas formas netvosas ou em outros distirbios da mente, da vitalidade ou do corpo, sem aque a sua verdadeira causa fique evidente. Esse fato foi “descoberto” ha pou- co tempo por psicblogos europeus ¢ foi muito alardeado, até mesmo exagera- do por uma nova ciéncia chamada psicandlise. Também neste caso, na sadha- na, € preciso tomar consciéncia desses impulsos reprimidos e elimind-los ~ pode-se até dizer “faé-los subir", mas iso ndo significa que eles tém de che- gar’ acto; tem somente de ser postos diante da consciéncia para ser langadlos fora do ser. Letters on Yogo, pp. 1297-98 Isso [a busca do prazer] nto é uma atitude da vitalidade como um todo, sas somente da vitalidade fisic, da parte animal do ser humano. f claro que ssa parte niio pode set convencida por nenhum tipo de racioeinio mental. Essa é a atitude natural da maioria dos homens perante a vida, sempre, po- rém, recoberta com um verniz de moraismo e idealismo convencionais, nu- ima espécie de concessio a mente evitalidade superior, Em alguns, essa par- te do ser € contida ¢ subordinada a0 objetivo da mente ou da vitalidade superior, éforgada a permanecer numa posigdo subordinada de modo que a mente possa dedicar-se insistentemente a atividades mentais, a um idealismo qualquer ou a grandes ambigdes poltticas © pessoais (Lénin, Hitler, Stalin, T"Aeiferenga enties contengao e wna jeg interior cesencial éa mesma diferen- aque existe entre o autocontrole moral «a purfcagto esprit" ~ Sx Aucobindo (Org.) 78 | Una pricologia maior Mussolini). O asceta ¢ o puritano tentam, pelo contrétio, suprimi-la em sua ‘maior parte ou totalmente. Na nossa yoga, 0 prinetpio é 0 de que todas as par- tes do ser humana tém de tomarse instramentos do Espftto; as partes ligadas a0 gozo provam o Ananda nas coisas, € nio © gosto animalesco da superticie, Mas o Ananda nao vird ou, se viet, ndo permanecers, enquanto ess parte nlio se converter ¢ continuarinsistinda em obter a satisfagao a seu modo. Latters on Yoge, p. 1294 Muita gente nfo busca a felicidade e nao cré ser ela o verdadeiro objetivo da vida. Fa vitalidade fisica que busca a felicidad; a vitalidade superior esta sempre disposta a sacrificd-la a fim de satistazer as suas paixces, buscar o poder, 4a ambigdo, a fama ou qualquer outro motivo. Se voc® disser que isso se leve 3 Felicidade que acompanha o poder, a fama, ee., digo-lhe mais uma vez que is- so nem sempre é verdade, O poder pode dar muitas coisas, mes geralmente nfo i felicidade, uma vez que, por sua pr6ptia natureza, 6 diffil de obter, conser- vare exercer— € claro que estou falando do poder no sentido comum da pala- ‘ra. Ha homens que sabem que jamais aleangardo a fama nesta vida, mas traba- tham na esperanca de ficarem farnosos depois da morte, Hd outros que sabemn aque a satisfagio de suas paixées poder dar-Jhes tudo, menos felicidade — sofri- mento, tortuta, desticéo =, mas nem por iso deixam de seguir seus impulsos Como a vitalidade superior, a mente também niio €atrelada a busca da felici- dade. Pode buscar a Verdade ou a vitoria de uma causa. A redugio de todas as, coisas a uma corrente tinica de hedonisma parece-me uma psicologia extrema- mente precéria, Nem a Natureza, nem o grande Espirito que est nas coisas, io tao limitados e unidimensionais. Letters on Yoga, p. 1295 (6) O Ser Fisico Exterior (Superficial) o funcionamento fisiolégico do corpo & um dos determinantes das ages psi- colégicas da mente, pois 0 corpo nao mera Matéria inconsciente: € a estru- tura de uma Energia secretamente consciente que nele tomon forma. Nele ‘mesmo, 6 ocultamente consciente; ao mesmo tempo, € 0 vetculo de expresso de uma Consciéneia evidente que surgin e torou-se autoconsciente na nossa substincia energéticafisica, O funcionamento do compo é um mecanistno ou um instrumento necessério para os movimentos desse Habitante mental; € 86 quando 0 instrumento corpéreo entra em movimento que o Ser Consciente que nele surge e evolui pode transmitir suas formagdes mentais e volitivas ¢ fa- zer delas uma manifestagdo fisica de si mesmo na Matéria. A capacicade © 0s processos do instrumento modificam em ceria medida as formagdes mentais | | | | ini ci lich O serestrior(oyperficad) | 79 quando estas passam da figura mental para a expresso fisiea; seu funciona. mento é necessirio e exerce a sia influeneia para que essa expresso poss rea- lizarse. O instrumento corpéreo pode até, em certos casos, dorminar aquele que o tsa; pode também, pela forca do habito, sugerir ou criar reagdes invo- Tuntirias da consciéncia que nele habita, antes que a Mente ou a Vontade ope- antes possam fazer alguma coisa. Tudo isso €possivel porque o corpo tem ina ‘consciéncia “subconseiente” que Ihe ¢ propria e que determina em alguma medida a expresso do nosso ser. Quando olliamios 6 paca o instrumento exte- rior, podemos até chegar & conclusio de que é 0 corpo que determina a men- te, mas essa 6 uma verdade menor; a Verdade maior € que a mente determina 0 corpo. Sob esse ponto de vista, uma Verdade ainda mais profunda tornase cconcebivel: uma entidade espiritual, que animaa substincia que avela, é 0 de- terminante original da mente e do corpo. Por outro lado, considerando-se esse mesmo processo segundo a ordem inversa ~0 processo pelo qual a mente po- de transmitir ao corpo suas idéias e comandos, pode formi-lo para ser o instru- mento de novas agdes, pode imprimir nele a tal ponto as suas exigencias ou or- dlens habituais que o instinto fisico passa a cumprilas aulomaticamente, ‘mesmo sem uma ordem consciente; processo em cnjas modalidades mais in- comiins, mas ignalmente bem documentadas, a mente, numa medida extraor- dlindria ¢ praticamente ilimitada, pode aprender a determinar as reagdes do corpo até chegar a sobrepujar a sua Tet normal ou as suas costumeiras condi- ‘bes de agio— sob o pont de vista da ordem inversa desse proceso, diziamos, ‘estes e outros aspectos da relagio entre esses dois elementos do nosso ser, que de outm maneita ficariam sem explicago, tornam-se facilmente compreenst- ‘eis: pois €a consciéncia seereta que habita na Matéria viva que tem 0 poder de receber as determinagdes da sua companheira maior; é ela que, oculta in- volufda no corpo, percebe ou sente as exigéncias que lhe so feitas e obedece sncia evidente ou evolufda que exerce seu dominio sobre 0 corpo. ‘The Life Divine, pp. 305.06 Boa parte da conseiéneia corpérea € subconsciente; consciéncia corps rea e subconsciente so duas coisas intimamente ligedas. ‘© corpo eo plano fisico ndo sfo exatamente a mesma coisa. A conscién- cia corpOrea € 56 uma parte da consciéncia fisica integral Letters on Yo, p. 145 [Os defeitos da consciéneia fisica:] Sio muitos ~ mas os principals sio a obscuridade, a inéicia, tamas, uma aceitagdo passiva do jogo das forgas mes, ineapacidade de mudar, o apego0s habitos, a falta de plasticidade, 0 esque- timento, a perda das experiéncias ou conhecimentos adquiridos, a falta de vontade de accitar a Luz ou segui-la, a incapacidade (devida a tamas, ou aos fo | Uma pricologia maior apegos, ou & passvidacle diante da forga do habito) de fazer 0 que ela mesma admite ser o Correto ¢ 0 Melhor. Letters on Yoga, p. 1434 Na natureza fisica terrena existe, além das dificuldades individuais, uma dificuldade geral. A natureza fisca é lenta, inerte ¢ pouco disposta 3 maudan- «a; tende a imobilidade e a demorar muito para fazer um pequeno progresso Mesmo a mais forte vontade vital, mental ou até psiquica tem difieuldade pax ra vencer essa inércia. Para fazé-lo, é necessdrio levar constantemente para baixo a consciéncia, a forga e a luz do alto. It necessario, portanto, que a von- tade ¢ a aspiragio 4 essas coisas e 8 mudanga sejam muito fortes; a vontade tem de ser estivel e paciente e no pode cansar-se nem mesmo com o méxi- mo da resisténcia da natureza fisica. Letters on Yoga, p. 1434 A obtusidade e a dispersio sio os dois aspectos da resistencia que o pl no fisico opée & paz e ao poder concentrado. Correspondem a inércia ¢ a ati- vidade caética da Natureza fisica, Aqueles aspectos dela que levaram alguns cientistas a dizer que tudo decorre do acaso e que nas coisas niio hd certeza smas apenas probabilidade. Letters on Yoga, p. 1436 No scr fisico, © poder das impressbes passadas € muito grande, pois foi pelo processo de repetig&o das impressées que a consciéncia foi levada a ma- nifestar-se na matéria ~além disso, a consciéncia reage de maneira habitual a essas impressbes, constituindo aquila que os psicdlogos, segunda penso, cha- ‘mariam de comportamento. De acordo com uma determinada escola, a cons- ciéneia consiste nisso € em nada mais — mas eis af o habito costumeiro de to- ‘mar tim pequeno pedaco da Natureza ¢ amplié-lo na expectativa de explicé-la inteira a pair dele. Letters on Yop, p. 144 Aconsciéneiafisia, ou ao menosas partes mais exteriorizadas dela, so... inertes por natureza — obedecem as foreas que esto habituadas a obedecer € iio agem por inieiativa pr6pria. Quando a influéncia da inéreiafisica € forte, ‘ou quando a pessoa desce para essa parte da consciéncia, a mente sente que, ‘como na Natureza material, a ago da vontade é impossivel. A mente e @ na~ tureza vital, pelo conteitio,sio amicfssimas da vontade e da iniciativa, de mo do que, quando a pessoa esté identificada com a mente ou com a vitalidade, ‘ou age sob a influencia delas, a vontade esté sempre disposta 2 ago, Lewes on Yoga, pp. 144142 Oser exterior superficial) | 81 Na medida em que [o habito de viver identificado & consciéneia fisica) pode ser discernido a partir de sinais exteriores, € urn estado de passividade fundamental no qual a pessoa 6 e faz o que as forgas do plano fisico levam-na a sere fazer. Quando a pestoa vive na mente, existe uma inteligéncia ¢ uma vontade mentais ativas que procuram controlar ¢ moldar a agio, os aconteci- ‘mentos, a vida e tudo o mais. Quando a pessoa se identifica com a vitalidade, 6 cheia de uma energia, um entusiasmo, uma paixio e uma forga que podem tender para 0 bem ou para o mal, mas so sempre muito vives Leters on You, p. 1433, A natureza fisica existe pela repeticio constante das mesmas coisas ~ a constante apresentagio de diferentes formas dela mesma. Essa recorréncia obstinada faz parte dessa natureza quando ela esté em atividade; caso contra rio, ela permanece numa inércia entompecida. Quando quereinos, portanto, livrat-nos dos velhos movimentos da natureza fisica, a resistencia que ela opoe baseia-se nessa recorréncia obstinada. & preciso perseverar muito na rejeigao" para vencé-los. A Natureza fisica e a Natureza como um todo tém dois aspectos ~o in- dividval ¢0 universal. A Natureza universal envia coisas de todo tipo para den- tro da pessoa ~ mas a natureza fisica individual guarda algumas e rejeita ou- tras, dando as primeiras uma forma pessoal. Pode-se dizer, portanto, que essas coisas estdo dentro dela, ou que vieram de fora, ou que ela mesma as criou, pois délhes uma forma especial; podese dizer também que vieram de fora e permanecem fora. Mas quando a pessoa quer se livrar dela, a primeira coisa que faz é langar para fora, para a Natureza eircundante, tudo 0 que esta den- tro~a partir de Id, a Natureza universal tenta fazer essas coisas entrar de no- +o, ov procura substituflas por coisas novas mas semelhantes. Fela rejeigao constante, a recorréncia por fim perde sua forga e a individuo tornase livre e ccapaz de inserir no ser fisico a conscitncia superior e os movimentos desta. Letters on Yogs, pp. 13435 Classificagao “Temos de nos lembrar que, ao mesmo tempo que esta clasificagio € in- Aispensivel para o autoconhecimento psicol6gico, para a disciplina e para a Pratica, o melhor é nao deixi-ta rigida demais nem transformd-la numa for ‘mula, Isso porque as coisa se interpenetram, e a visi sintética dessas facul- dades é to necessdria quanto a analitica. A mente, por exemplo, est em tox 3Ves ‘anola2, p. 77. (Org) 82 | Uma pricologia maior da parte. Tecnicamente, a mente fisica situa-se abaixo da vitalidade; nao obs- tante, é um prolongamento da mente propriamente dita e € inclusive capaz de agir, dentro da sua prépria esfera, em contato direto com a inteligéncia ‘mental superior, Existe também uma mente obscura do corpo, das pr6prias células, moléculas e corpiisculos. Letters o Yoga, pp. 339-40 ari cso 7 O ser interior, o ser subliminar Distingao entre 0 Subliminare o Subconseiente «»“oubliminar” 6 um termo geral que se usa para designar todas as partes do ser que no se encontram na superficie do estado de vigiia. O termo “sub- consciente” costuma ser usado no mesmo sentido pelos psicélogos europeus, pois estes desconhecem a diferenga entre um e outro. Quanto a mim, quan- do uso essa palavta [subconsciente], refiro-me sempre ao que est abaixo da consciéneia fisica ordinéria, nfo ao que esté por trés dela. Nesse sentido, os se- res interiores ~ mental, vital, fisico, psiquico — nao so subconscientes, mas padem ser charhiados subliminares. Latiers on Yogo, p. 354 © verdadeiro subconsciente € ma consciéneia inferior e diminutla, préxima do Inconsciente; osubliminar é uma consciéncia maior do que a nos- saexisténcia superficial. Ambos, porém, pertencem ao mundo interior do nos- so ser, do qual a nossa superficie nfo tem conseiéneia; por isso, na concepgio na fala do vulgo, ambos sio postos dentro do mesmo saco. The Life Divine, p.223n, De ordinario, quando falamos de uma existéncia subconsciente, inclui- ‘mos nessa designagio tudo o que nfo esti na superficie do estado de vigtia, Mas 0 todo, ou pelo menos a maior parte do ser interior ou subliminar ndo pode de maneiza alguma ser chamado por esse nome; pois, quando dizemos “subconsciente”, pensames imediatamente numa obscura inconsciéncia ou semniconsciéneia, ou entio numa consciéneia submersa, de certa maneira in- ferior e menor do que a nossa consciéncia desperta ou, no minimo, menos ca- paz de controlar a si mesma, Mas, quando entramos dentro de nés, constata- mos que em alguma parte do nosso ser subliminar ~ nifo nele todo, bem entendido, pois também ele possui regides obscuras e ignorantes—existe uma consciéncia muito maior, mais laminosa, mais eapaz de dominar asi mesma © 3s cojsas do que a conscigncia desperta do ser superficial, que permanece ativa enquanto estamos acordadog; essa consciéncia maior é 0 nosso ser inte-

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