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VI Congresso Internacional

Sistemas Agroalimentares Localizados


Os SIAL face às oportunidades e aos desafios do novo contexto global
Brasil

POLÍTICAS DE
SEGURAÇA ALIMETAR E UTRICIOAL: O PROGRAMA DE
AQUISIÇÃO DE ALIMETOS (PAA) E O PROGRAMA ACIOAL DE
ALIMETAÇÃO ESCOLAR (PAE) O TERRITÓRIO ZOA SUL DO RIO
GRADE DO SUL1

Lillian Bastian2
Evander Eloí Krone3
Sergio Schneider4
Marcelo Conterato5
RESUMO
Por Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) compreende-se o direito que todas as pessoas
têm de acessar alimentos em quantidade e qualidade adequadas de maneira a suprir as
necessidades calóricas e nutricionais respeitando a cultura e os hábitos alimentares dos povos.
Além disso, estes alimentos precisam ser produzidos em sistemas que respeitem o ambiente e
sejam sustentáveis. No Brasil, há pelo menos duas políticas que estão ligadas a SAN: o
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE). Conforme isso, o objetivo deste artigo é verificar qual a contribuição do PAA e do
PNAE na criação de processos de superação da insegurança alimentar no Território Zona Sul
do Rio Grande do Sul. Para se chegar aos dados referentes a estas políticas foi acessada uma

1
Este artigo faz parte dos trabalhos de pesquisa e extensão da Célula de Acompanhamento e Informação (CAI)
do Território Zona Sul do Rio Grande do Sul. No âmbito do Edital MDA/SDT/CNPq, n° 5, 2009.
2
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(PGDR/UFRGS). Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
3
Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil.
4
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural e Programa
de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Rio Grande do
Sul, Brasil.
5
Faculdade de Ciências Econômicas e Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
base de dados e foram consultadas as Prefeituras Municipais. Os resultados para o PNAE
indicam que todos os 25 municípios adquirem em alguma medida alimentos da agricultura
familiar e empreendimentos familiares rurais sendo que 16 deles adquirem, com estes
produtores, mais de 30% dos alimentos da merenda escolar. Quanto ao PAA, no ano de 2011
foram beneficiadas aproximadamente 26 mil pessoas de 82 entidades e até setembro de 2012
o número correspondia a 5,5 mil pessoas de 32 instituições. O número de agricultores e
cooperativas/associações que comercializaram alimentos por meio do PAA foi de 836 no ano
de 2011 e 779 de janeiro a setembro de 2012. Conclui-se que ambas as políticas contribuem
para a superação da insegurança alimentar e cooperam para a criação de vínculos mercantis
entre produtores, organizações e consumidores. Entretanto, é necessário repensar a estratégia
de distribuição dos alimentos do PAA uma vez que em todos os municípios do território há
pessoas em extrema pobreza, mas não há a comprovação que todos os municípios são
contemplados com a política de aquisição de alimentos.

Palavras-chave: Segurança Alimentar e Nutricional, Território Zona Sul, Programa de


Aquisição de Alimentos.

1. ITRODUÇÃO

A Segurança Alimentar e Nutricional é entendida com uma situação em que as


pessoas se alimentam de modo suficiente quantitativamente e qualitativamente.
Compreendendo que os alimentos consumidos fazem parte da cultura e por isso respeitam
seus hábitos alimentares. Do mesmo modo que são produzidos através de sistemas de
produção sustentáveis (MALUF, 2007).
Este tema começou a ser discutido nos Estados Unidos da América e na União
Européia na década de 1950. Nos Estados Unidos tinham como foco o aumento da produção
agrícola que consequentemente garantiria preço, pois se objetivava equilibrar a balança entre
oferta e demanda. O quadro de recuperação pós-guerra na União Européia fez com que estes
países traçassem políticas para a auto-suficiência produtiva.
Na América Latina as discussões são mais recentes datando da década de 1980.
Particularmente no Brasil os primeiros documentos alertavam para a necessidade de atender
pessoas que se alimentavam de maneira insuficiente. As políticas surgiram com intensidade a
partir de 2003, quando foi reaberto o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (Consea). Mesmo período em que foram traçadas políticas como o Programa
Fome Zero, que mais tarde viria a integrar o Programa Bolsa Família que está
fundamentalmente baseado na transferência de renda.
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) também data deste período da história
brasileira e tem como objetivo adquirir alimentos da agricultura familiar e distribuir a pessoas
em situação de insegurança alimentar. Além desta, outra política está ligada com a Segurança
Alimentar e Nutricional é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que declara
que é obrigatório oferecer uma refeição ao dia aos estudantes que frequentam a escola. Em
2009, a política de alimentação escolar passou a vigorar com a exigência de que 30% dos
alimentos oferecidos aos estudantes fossem diretamente adquiridos de agricultores familiares
(BRASIL, 2013).
Com a intenção de observar as políticas de superação da insegurança alimentar, o
objetivo do artigo é verificar qual a contribuição do Programa de Aquisição de Alimentos e do
Programa Nacional de Alimentação Escolar na criação de processos de superação da
insegurança alimentar no Território Zona Sul do Rio Grande do Sul. Este território localiza-se
no extremo sul do estado e é composto por 25 municípios que tem como pólo o município de
Pelotas. Nele há uma parcela significativa da população em situação de extrema pobreza.
Para alcançar o objetivo foi consultada uma base de dados disponível no site
eletrônico do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome que disponibiliza
informações por município do PAA ao longo do ano de 2011 e até setembro de 2012.
Sabendo quais são os municípios do TZS foi possível fazer a consulta para o território.
Quanto ao PNAE as informações foram obtidas diretamente nas Prefeituras dos municípios
através de conversas por telefone com os Secretários de Educação ou com profissionais da
Nutrição.
Além desta introdução, compõem este artigo mais quatro partes. A segunda parte é
referente aos fundamentos desta pesquisa relacionados a um resgate histórico do início das
discussões de Segurança Alimentar e Nutricional e onde consta breve referencial teórico sobre
o tema. Ao final dela é exposta a metodologia utilizada para chegar aos dados do PAA e do
PNAE. A terceira seção trás breve resgate histórico do Território Zona Sul do Rio Grande do
Sul e apresenta os resultados das políticas aqui analisadas. Na quarta parte consta uma breve
discussão dos resultados até então alcançados e são apontados alguns desafios. Na última
seção são apontadas algumas considerações finais.

2. MATERIAL E MÉTODOS

A. Segurança Alimentar e utricional e Políticas Públicas no Brasil


A preocupação com a Segurança Alimentar descende do início do século XX quando
a capacidade de um país em produzir os alimentos necessários para a sobrevivência de sua
população ganha importância na I Guerra Mundial. Neste contexto, a incapacidade de um país
em produzir seus alimentos o colocava em situação vulnerável. Os estoques de alimentos
tornaram-se uma necessidade, pois garantiam o fornecimento de suprimentos até que os
conflitos entre países cessassem. Atualmente os estoques são usados também como prevenção
para momentos em que ocorre diminuição da oferta devido a quebras de produção
ocasionadas pelas intempéries climáticas (BELIK, 2012; MALUF e MENEZES, 2000).
As origens da concepção de segurança alimentar provem do contexto específico dos
Estados Unidos da América (EUA) e da União Européia (EU). Nos EUA com o colapso
econômico de 1929 foram tomadas medidas para o equilíbrio agrícola entre produção e
garantia de preços. A excepcionalidade da II Guerra Mundial fez com que surgissem algumas
leis que tinham como propósito a alimentação e o comercio da produção agrícola. Entretanto,
foi somente na década de 1980 que foi feito uso explícito da noção de segurança alimentar.
Atualmente, nos EUA, se mantém a necessidade de garantir acesso a alimentos para uma vida
digna e saudável através de elevada produção e exportação de alimentos e de um grandioso
programa de ajuda alimentar, o Food Stamp Program (MALUF, 2007).
Na EUA, o contexto que deu origem as políticas relacionadas à segurança alimentar é
o de escassez e recuperação econômica do Pós II Guerra Mundial. Através do Tratado de
Roma (1957) e da Política Agrícola Comum (1967) pretendia-se elevar a produção visando
aumentar o grau de auto-suficiência produtiva, o que veio a acontecer anos mais tarde. Os
subsídios governamentais aos preços dos produtos agrícolas caracterizaram redução da
porcentagem da renda familiar destinada a compra de alimentos (MALUF, 2007).
Na América Latina e Caribe as políticas e ações para introduzir a segurança alimentar
são mais recentes datando da década de 1980 e, de modo geral, abrangem a produção
agroalimentar e o aspecto nutricional. A maioria dos arranjos regionais (MERCOSUL,
CEPAL) não tem objetivos claramente relacionados com a segurança alimentar mesmo tendo
parcelas significativas de sua população em situação de insegurança alimentar. Na última
década, no entanto, houve uma retomada vigorosa do tema. O Brasil, por exemplo, tem
estimulado a criação de ações em outros países devido à construção de ações, programas
inter-setoriais, criação de espaços para a participação sociais e de leis (MALUF, 2007).
No que se refere à boa qualidade dos alimentos para o consumo, relata-se que
praticamente em todos os países adotou-se a concepção de que a inocuidade dos alimentos
estava assegurada com o processamento industrial dos bens primários. Procedimentos que
permitiram a comercialização de alimentos em nível mundial. Este modelo de beneficiamento
de matérias-primas se instalou como padrão mundial, mas é alvo de críticas devido a, por
exemplo, não ter ainda totalmente esclarecido os impactos dos ingredientes artificiais para a
saúde humana, bem como, devido à desvinculação entre a produção e o consumo. Um
movimento contrário ao processamento convencional é o que pressupõe o controle do uso de
agrotóxicos, aditivos químicos e conservantes bem como proporciona círculos de
comercialização que aproximam os produtores dos consumidores (MALUF, 2007).
O pioneiro nos estudos sobre a fome no Brasil foi Josué de Castro que na década de
1940 destacava que a fome era uma manifestação biológica de problemas nas dimensões
social e econômica. Tornou o problema da falta de acesso aos alimentos uma bandeira política
(BELIK, 2012, SACCO DOS ANJOS e CALDAS, 2011). Sob a influência de Josué de
Castro, na década de 1940 foi criado no Brasil a Comissão Nacional de Alimentação (CNA)
que operava com programas como os da merenda escolar e a alimentação ao trabalhador. Em
1976 era criada uma nova institucionalidade, o Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição
que aperfeiçoou os programas da CNA e introduziu outras ações articuladas relacionadas com
gestantes, compra direta do produtor, vigilância sanitária e nutricional dentre outras. Estas
duas políticas ganham destaque com a I Conferência Nacional de Alimentação e Nutrição e a
VIII Conferência Nacional de Saúde que ocorreram em 1986 com participação de governantes
e da sociedade civil que demonstram que o tema passa a constituir-se um elemento de
discussões entre distintos grupos sociais. As discussões destas conferências repercutiram na
Constituição Federal que prevê que a alimentação é um direito de todo o cidadão brasileiro
(BELIK, 2012; MALUF, 2007).
Foi na década de 1980 que o tema da SAN entrou na pauta das políticas públicas com
uma proposta de política de segurança alimentar e nutricional (BELIK, 2012). Outra iniciativa
de destaque ocorreu em 1991 quando o Governo Paralelo6 apresentou uma proposta de
Política Nacional de Segurança Alimentar que veio a tonar-se a principal referência para a
criação do primeiro Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) em 1993. Este
conselho teve como uma de suas principais realizações a I Conferência Nacional de
Segurança Alimentar em 1994. Entretanto, foi extinto no início de 1995 e a SAN voltou a
compor o conjunto de prioridades públicas em 2003 com a reabertura do Consea e com a
criação do Programa Fome Zero (PFZ). O PFZ pretendia atender as famílias em situação de
pobreza extrema fornecendo recursos para adquirirem mantimentos que lhes garantissem se
alimentar três vezes ao dia. Em 2005 houve uma transição do PFZ para o Programa Bolsa
Família (PBF) que unificou vários programas pelos quais eram estabelecidas transferências
para famílias carentes (MALUF, 2007).
O Consea é um instrumento de caráter consultivo que assessora a Presidência da
República com informações e propostas de políticas para o acesso universal aos alimentos.
Integram o Consea representantes do poder público e da sociedade civil sendo que atualmente
são 57 conselheiros. Destes, 38 são representantes da sociedade civil e 19 são ministros de
Estado. Compõem ainda o conselho 28 observadores convidados. Este Conselho acompanha e
propõe no Programa Bolsa Família (PBF), PNAE, PAA e na Vigilância Alimentar e
Nutricional, dentre outros. Em seus princípios consta que a organização da sociedade é
fundamental para conquistas sociais e para a superação da exclusão social (BRASIL, 2013).
Destaca-se que no âmbito do Programa Fome Zero foi criado pela pelo art. 19 da Lei
nº 10.696, de 02 de julho de 2003 o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Que tem
6
Instituto criado pelo Partido dos Trabalhadores e presidido por Luiz Inácio Lula da Silva (MALUF, 2007).
como principal finalidade a compra de alimentos para distribuição a pessoas em situação de
insegurança alimentar e o incentivo a agricultura familiar. A compra dos alimentos da
agricultura familiar dispensa licitação. Os recebedores destes alimentos são pessoas já
atendidas pela rede socioassistencial, por equipamentos públicos de Segurança Alimentar e
Nutricional e por entidades públicas e filantrópicas de ensino (BRASIL, 2013).
O PAA é uma política que contribui de outras formas para o desenvolvimento e
estabilidade do país. Proporciona a formação de estoques públicos, fortalece circuitos locais e
regionais de comercialização, valoriza a biodiversidade por meio da compra diferenciada de
mantimentos de origem orgânica ou agroecológica, estimula hábitos alimentares saudáveis e
estimula a organização de entidades dos agricultores. Os recursos do PAA são provenientes
de dois ministérios: Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e
Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA). As entidades filantrópicas que vem
executando o PAA são os estados e municípios conveniados com o MDS e a Companhia
Nacional de Abastecimento (CONAB) que tem um Termo de Cooperação com o MDS e com
o MDA (BRASIL, 2013).
Atualmente o PAA opera mediante assinatura de Termo de Adesão. Em sistema
informatizado os gestores públicos podem registrar as operações realizadas. Os recursos do
MDS são transferidos diretamente aos agricultores por meio de cartão bancário específico
para o recebimento dos recursos do PAA. A execução do programa acontece por meio de
cinco modalidades: com Compra Direta, Apoio à Formação de Estoques, Compra Direta com
Doação Simultânea, Incentivo à Produção e ao Consumo de Leite e Compra Institucional
(BRASIL, 2013).
Conforme o Decreto n° 7775 de 4 de julho de 2012, A Compra Direta caracteriza-se
pela aquisição de alimentos definidos pelo Grupo Gestor do PAA (GGPAA) para atender
distintas finalidades, tais como: manter preços, atender demandas alimentícias e constituir
estoques públicos. A Formação de Estoques almeja financiar organizações fornecedoras na
constituição de estoques para posterior comercialização ou destinação aos estoques públicos.
Já a Compra Direta com Doação Simultânea constitui-se de compra de alimentos diversos ao
mesmo tempo em que é feita a doação. A modalidade de Incentivo à Produção e ao Consumo
de Leite adquire o leite que passa por um processo de beneficiamento para depois ser
distribuído aos consumidores. E, por último, a Compra Institucional caracteriza-se pela
compra de alimentos pelas organizações da União, estados, distrito federal e municípios para
atender as suas demandas alimentares. Destaca-se que além destas cinco modalidades o
GGPAA pode definir outras (BRASIL, 2013).
As modalidades são custeadas com recursos de distintas fontes. Além disso, conforme
o Quadro 1, há outros aspectos que se diferenciam de uma modalidade para outra.

Modalidade Fonte dos Recursos Limites Executor Forma de acesso


Compra Direta MDS/MDA R$ 8 mil CONAB Individual, cooperativa e
associação
Formação de MDS/MDA R$ 8 mil CONAB Cooperativa e asociação
Estoque
Compra Direta MDS R$ 4,5 mil CONAB, Individual, cooperativa e
(Individual)
com Doação R$ 4,8 mil estados e
(Cooperativa/ass
Simultânea ociação) municípios associação
Incentivo à MDS R$ 4 mil ao Estados do Individual, cooperativa e
Produção e ao Nordeste e
Consumo de Norte de
Leite semestre Minas Gerais associação
Compra Recursos do R$ 8 mil O próprio Cooperativa e asociação
Institucional Proponente proponente

Figura 1 – Modalidades do PAA.


Fonte: Ministério de Desenvolvimento Social, MDS, 2013.

Além do PAA destaca-se outra política relacionada diretamente com a Segurança


Alimentar e Nutricional que é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que tem
como objetivos:
contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem,
o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, por
meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que
cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo (BRASIL, 2009a,
p. 1).
O PNAE teve uma inovação em 2009 com a Lei nº 11.947 que estabelece que
no mínimo 30% da merenda escolar deve ser obtida da agricultura familiar, do empreendedor
familiar rural e/ou de suas organizações. Priorizando assentados da reforma agrária,
comunidades indígenas e quilombolas. Dispensa-se a vinculação com processo licitatório
desde que os preços pagos estejam de acordo com o mercado local. Sempre que possível as
aquisições devem ser de agricultores familiares e de empreendedores familiares rurais que se
localizam no mesmo ente federativo em que se localiza a escola. Caso a oferta de alimentos
não supra as quantidades necessárias poderão ser obtidos alimentos da região, território rural,
estado ou país, respeitando esta ordem (BRASIL, 2009b). O valor máximo de recursos que
um agricultor ou empreendedor pode receber por Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) é
de R$ 20 mil (BRASIL, 2012a).
As reações ao problema da falta de acesso aos alimentos que se manifestaram em
nível público e privado e repercutiram nas distintas políticas de SAN como o PBF, PAA e o
PNAE provocaram uma retomada nas pesquisas científicas. Um dos principais pesquisadores
brasileiros é Renato Maluf segundo o qual a SAN “é um objetivo de ações e políticas públicas
subordinado a dois princípios que são o direito humano à alimentação adequada e saudável e a
soberania alimentar” (MALUF, 2007, p. 19).
O enfoque da SAN (a) busca ampliar o acesso aos alimentos, ao mesmo tempo em
que questiona o padrão de consumo alimentar, (b) sugere formas mais equitativas e
sustentáveis de produzir e comercializar os alimentos e (c) requalifica as ações
dirigidas para os grupos populacionais vulneráveis ou com requisitos alimentares
específicos (MALUF, 2007, p. 24).
Neste sentido, Maluf e Menezes (2000), ressaltam que embora a fome e a desnutrição
sejam a manifestação mais extrema de insegurança alimentar existem outros aspectos que
precisam ser observados para contemplar melhores condições de alimentação. Um deles
refere-se à qualidade dos alimentos e a sua sanidade. É um direito de todos terem acesso a
alimentos livres de componentes químicos e a alimentação balanceada. Aspectos que
pressupõem a necessidade de se atentar para a qualidade dos alimentos que são oferecidos a
quem tem fome, pois não se trata somente de oferecer alimentos em quantidade suficientes,
mas é necessário que estejam em boas condições para o consumo (MALUF, 2007). Outro se
relaciona com o respeito aos hábitos alimentares culturais que são passados de pais para filhos
e que também tem sua origem no contexto social e natural. Não menos importante que os
demais aspectos esta a sustentabilidade dos sistemas produtivos a serem traçados de maneira a
atender as necessidades alimentares atuais sem comprometer as futuras. Percebe-se então que
o problema relacionado à falta de acesso a alimentos não será solucionado com ações de viés
setorial, pois este é um problema que para ser equacionado de maneira sustentável precisa
articular aspectos sociais, econômicos, produtivos, ambientais e nutricionais.
Conforme Maluf e Menezes (2000) há a necessidade de a SAN ser introduzida como
uma estratégia de desenvolvimento focada, partindo do pressuposto de que nos processos de
desenvolvimento: (i) a segurança alimentar é um direito, (ii) o sistema alimentar (produzir,
distribuir e consumir) desempenha um papel central na economia, cultura e sociedade dos
países e (iii) as questões relacionas a alimentação são objeto de mobilizações sociais para a
qual são destinadas políticas públicas. Importante salientar que nesta concepção de
desenvolvimento as políticas têm caráter multisetorial. Neste sentido, para a política de SAN
ser efetivada demandará uma dinâmica de negociação contínua entre sociedade civil e poder
público bem como entre os estados, municípios e o país e suas instituições e organizações.
Segundo Maluf e Menezes (2000), existem alguns princípios que gerem a segurança
alimentar: (i) segurança alimentar e nutricional dependem uma da outra para que ambas sejam
atendidas, (ii) poder público e sociedade civil tem papéis a cumprir para assegurar a segurança
alimentar e nutricional e (iii) a segurança alimentar tem prioridade diante de outras medidas
como as econômicas e políticas por que comprometem o direito à vida.
Segundo Maluf (2007), os princípios da SAN revelam a necessidade de o
abastecimento alimentar ter sua direção retomada pelo Estado. Que precisa atuar de maneira a
contemplar as exigências para a SAN, tais como: promover a intersetorialidade das políticas
de SAN, ampliar o acesso aos alimentos de qualidade aos segmentos mais desfavorecidos,
originar meios de produção sustentáveis e equitativos, assegurar a soberania alimentar e a
participação da sociedade civil na formulação, acompanhamento e monitoramento das
políticas de SAN.
Contemplando todos os aspectos relacionados à Segurança Alimentar e
Nutricional, Maluf e Menezes (2000, p. 4) propõem a seguinte concepção:
Segurança Alimentar e Nutricional é a garantia do direito de todos ao acesso a
alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, com base
em práticas alimentares saudáveis e respeitando as características culturais de cada
povo, manifestadas no ato de se alimentar. Esta condição não pode comprometer o
acesso a outras necessidades essenciais, nem sequer o sistema alimentar futuro,
devendo se realizar em bases sustentáveis.
É importante esclarecer que existem distintas expressões e compreensões da
fome. A fome aguda é momentânea e é saciada pela pessoa que a sente através de seus
próprios meios. Já a fome crônica acontece quando a alimentação diária do indivíduo não lhe
garante energia suficiente para manter seu organismo e prejudica o desempenho das
atividades cotidianas. A desnutrição ou subnutrição caracterizam-se pela presença de doenças
infecciosas causadas por uma alimentação inadequada ou aporte alimentar insuficiente em
termos energéticos e nutritivos (MONTEIRO, 2003).
O enfoque da vulnerabilidade à fome ou de exposição à insegurança alimentar
e nutricional descreve situações de risco através de indicadores indiretos, como o nível de
renda, faixa etária, grupos étnicos e enfatiza possíveis causas dessa condição. Em contraste, os
indicadores diretos são voltados ao estado nutricional dos indivíduos num dado momento
(MALUF, 2007).
A mais recente pesquisa sobre Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil que
ocorreu no ano de 2009 aconteceu através da coleta de dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD). A PNAD utiliza a classificação da Escala Brasileira de
Insegurança Alimentar (EBIA) que foi desenvolvida por pesquisadores brasileiros a partir de
estudos realizados na Universidade de Cornell (EUA) e almeja averiguar a capacidade de
acesso aos alimentos pelas famílias em termos quantitativos e qualitativos (MALUF, 2007).
Na EBIA, para se determinar o grau de insegurança alimentar leva-se em consideração
os três meses anteriores a aplicação da pesquisa. Uma situação domiciliar em que há
Segurança Alimentar e Nutricional é aquela em que os moradores tiveram acesso aos
alimentos em quantidade e qualidade suficiente e não se encontravam em eminência de sofrer
restrições em um futuro próximo. O grau de insegurança alimentar leve era identificado
quando havia alguma preocupação ou incerteza na obtenção de alimentos no futuro. O grau de
insegurança alimentar moderado caracterizava-se quando adultos haviam convivido com
alguma restrição quantitativa de alimentos no período de referência para a pesquisa. Já a
insegurança alimentar grave era identificada nos casos em que adultos e crianças haviam
sofrido uma ruptura nos padrões de alimentação ou quando havia fome (IBGE, 2010).
Os dados da EBIA demonstraram que 65,6 milhões de pessoas apresentavam
alguma restrição alimentícia ou alguma preocupação relacionada à falta de rendimentos no
futuro para obter alimentos. Apesar de este número ser elevado a pesquisa sobre Segurança
Alimentar e Nutricional do PNAD comprova uma redução na proporção de pessoas em
insegurança alimentar. No medida em que se observa que em 2004, 34% da população
brasileira estava sob alguma condição de insegurança alimentar e que em 2009 foi registrado
que 30% da população se encontrava nesta condição. Esta pesquisa demonstrou que a
insegurança alimentar se manifesta mais intensamente nas regiões Nordeste e Norte, em
domicílios com rendimento per capita abaixo de meio salário mínimo, entre pretos e pardos
onde residiam menores de 18 anos e para aqueles que tinham menos de um ano de estudo
(IBGE, 2010).
Segundo Sacco dos Anjos e Caldas (2011), a fome ainda atinge o meio rural de forma
mais intensa do que o urbano. Uma realidade surpreendente uma vez que o Brasil é um dos
maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. Schneider e Gazolla (2005)
ressaltam que a produção para o autoconsumo7 da família que vive no meio rural gera uma
situação de autonomia que protege a família em momentos de instabilidade. A atividade do
autoconsumo torna-se um meio da família obter segurança alimentar por que por meio dela
são obtidos alimentos frescos e saudáveis produzidos sem a utilização de agrotóxicos,
fertilizantes e demais produtos químicos. Segundo os autores, as famílias que produzem
quantidades mais significativas de alimentos para o seu autoconsumo são as mesmas que
apresentam renda agrícola mais elevada. E por ter demonstrado esta importância, concluem
que na agricultura familiar o autoconsumo é a base onde deve se assentar o processo de
reprodução social e alimentar.
Com a modernização e intensificação das técnicas empregadas para a produção de
commodities ocorreu um processo de comercialização dos bens destinados ao autoconsumo.
Para fazer frente aos custos mais elevados causados pela modernização da agricultura e sua
mercantilização dos processos produtivos, alguns agricultores alteram sua lógica de
reprodução. Com o objetivo de comercializar alimentos antes destinados ao autoconsumo,
aumentam as áreas das pequenas lavouras, podendo ocorrer de, ao se observar um único
produto, a quantidade de terras utilizadas com os cultivos destinados à venda superarem a

7
É uma “atividade típica das unidades de produção que garante a suficiência alimentar dos membros das
famílias das unidades de produção e a reprodução social” (SCHNEIDER e GAZOLLA, 2005, p. 33).
porção de terras para o autoprovisionamento. Os recursos advindos da venda podem ser
usados pela família para adquirir demais alimentos ou bens.
Outra situação acontece quando os agricultores percebendo rendimentos monetários
altos com o cultivo de commodities passam a cultivar nas áreas destinadas aos produtos do
autoconsumo, como o aipim, o feijão, o arroz, o amendoim, os produtos mercantilizados
como a soja e o fumo.
Entretanto, o processo que causou a introdução da unidade produtiva nas relações
mercantis nem sempre indica que houve o abandono da produção para o autoconsumo. A
vulnerabilização da produção para autoconsumo pode ser entendida observando-se distintos
fatores, tais como: tamanho da propriedade e o seu relevo, situações distintas de adesão ao
pacote tecnológico e tipos de cultivos desenvolvidos (SCHNEIDER e GAZOLLA, 2005).
Segundo Maluf e Menezes (2000), a inexistência de condições adequadas a produção para
autoprovisionamento ou a cessão dos espaços de terra destinados ao autoconsumo para os
cultivos de commodities são a principal causa da insuficiência alimentar no meio rural. A
integração avícola, por exemplo, não permite que a família tenha em sua propriedade outras
criações de aves, como as galinhas “caipiras”, para evitar que estas transmitam alguma doença
às aves confinadas. Ocasionando que as famílias deixem de produzir dois produtos para o
autoconsumo: ovos e carne.
Em situações como estas os agricultores passam a comprar alimentos nos mercados
locais, de feirantes ou de outros agricultores. Pagando o mesmo preço de consumidores
citadinos e, na maioria dos casos, consumindo alimentos de menor qualidade por que são
produzidos utilizando-se de agrotóxicos e fertilizantes.
Segundo Maluf (2007), a agricultura familiar apresenta pelo menos dois benefícios
para o desenvolvimento. O primeiro se refere a ocupar, de modo equitativo, a terra gerando
emprego e renda e o segundo é o de oferecer alimentos diversificados e de qualidade. É
necessário ressaltar que apesar deste potencial a ser explorado pelo Estado há famílias rurais
vivendo em áreas desprivilegiadas para o cultivo agrícola, distantes de centros urbanos, sem
acesso suficiente aos meios de produção e ao crédito que precisam ser inseridas nas políticas
de SAN. Destaca-se a importância da distribuição de terras de maneira igualitária. Em alguns
países foi verificada relação entre a distribuição de terras e aumento da Segurança Alimentar e
Nutricional. Isto se baseia na informação de que nos países em que ocorreu a reforma agrária
a condição alimentar e nutricional é melhor do que nos países que não passaram por processos
de distribuição de terras e/ou que tiveram este processo interrompido (MALUF e MENEZES,
2000).

B. Metodologia da Pesquisa

Como ficou exposto na introdução deste artigo, o objetivo é expor como o PAA e o
PNAE contribuem para a superação da insegurança alimentar no TZS. Este território é
composto por 25 municípios e, portanto, por questões de inviabilidade de tempo esta pesquisa
baseia-se basicamente em dados secundários.
Há uma base de dados do PAA denominada PAA Data na qual constam os contratos
do programa por município para o TZS para os anos de 2011 e até o mês de setembro de
2012. A partir daí foi possível identificar os agricultores e as entidades beneficiários e o
montante de recursos financeiros. A partir do PAA Data descobriu-se que os contratos do
PAA que ocorrem no território são nas modalidades que utilizam a CONAB como executora.
Não há registros do PAA Municipal e Estadual e nem de contratos com outro executor.
Com relação ao número de beneficiários é necessário fazer uma ressalva, pois os
dados apresentados são referentes aos contratos financiados pelo MDS e MDA, entretanto não
foi encontrado na base de dados consultada o número de beneficiários e as entidades para o
MDA. Nas informações sobre este ministério não constam, como é apontado para o MDS, o
número de pessoas e as organizações que foram favorecidas. Talvez por que as compras
realizadas tenham sido destinadas a estoques públicos ou mesmo por que o MDA tem
objetivo de atender os agricultores familiares e o MDS tem justamente a finalidade de atender
famílias e pessoas em situação social vulnerável. Considerando esta ausência de
esclarecimentos sobre a destinação dos alimentos adquiridos com recursos do MDA, acredita-
se que o número de beneficiários que constam na seção que segue é maior do apresentado.
Já o PNAE não possui uma base de dados em que conste se os municípios do TZS
adquirem ou não de agricultores e empreendedores rurais familiares os 30% de alimentos
destinados à merenda escolar. Portanto, para fazer este levantamento de dados foram feitas
ligações para as Secretarias de Educação dos municípios e os profissionais destas informaram
qual era a situação. Deste modo, os dados referentes ao PNAE são primários, entretanto são
mais escassos e restringem-se exclusivamente a afirmação ou negação da compra de 30% da
merenda escolar diretamente de agricultores familiares.
Embora os dados sejam majoritariamente secundários e os referentes ao PNAE
primários, mas abrangendo uma variável, isso não impede que fique expresso através deles à
construção de processos no TZS para a superação da insegurança alimentar.
Demais informações utilizadas para a construção deste artigo foram consultadas em
livros, artigos, revistas e bases de dados além do PAA Data e encontram-se referenciadas no
final do mesmo.

3. OS PROGRAMAS PAA E PAE O TERRITÓRIO ZOA SUL

Iniciaremos a apresentação dos resultados com uma caracterização do Território Zona


Sul. Este território está localizado no extremo sul do estado do Rio Grande do Sul (Figura 1) e
teve sua colonização iniciada em 1732 quando foram distribuídas sesmarias de
aproximadamente 13.000 hectares com objetivo de produção econômica e defesa do território
que, naquele período, era luso-português. Durante um século houve disputas entre espanhóis e
portugueses pelo pertencimento das terras onde se encontra hoje o território. A definição das
fronteiras se estabilizou com a Guerra Cisplatina (1828) e com a Revolta dos Farrapos (1835)
(FIALHO, 2005; PTDRS, 2009).
Nas estâncias surgiu a produção pecuária e de charque que tinha como principal mão-
de-obra a de negros escravos. A estrutura produtiva era lucrativa para os estancieiros que cada
vez mais ricos passaram a residir nas principais cidades (Pelotas e Rio Grande) e deixavam
suas propriedades sob responsabilidade dos capatazes. Os afrodescendentes que fugiram das
estâncias formaram quilombos e atualmente existem no TZS 43 comunidades reconhecidas
pela Fundação Palmares e outras 25 estão em processo de reconhecimento (PTDRS, 2009).
Figura 2 – Municípios que compõem o Território Zona Sul do Estado do RS/Brasil
Fonte: Brasil, 2012.

Os agricultores familiares constituíram-se no TZS a partir de 1824 com as imigrações


de açorianos, alemães, pomeranos, italianos e franceses, principalmente, que recebiam
pequenas porções de terras para produção de gêneros alimentícios e para a ocupação e defesa
do território. Mais recentemente, na década de 1980 surgem os primeiros assentamentos nos
municípios de Candiota, Hulha Negra, Herval, Pinheiro Machado, Pedras Altas, Piratini e
Canguçu (PTDRS, 2009).
Quanto ao ambiente natural, cabe ressaltar que o Território Zona Sul se encontra
dentro de três regiões geomorfológicas distintas, o Escudo Sul-Rio-Grandense
(predominante), a Depressão Central e a Planície Costeira. Tais conformações conferem ao
território uma diversidade em termos de paisagem, oriundas dos diferentes tipos de solo e
formações de relevo (PTDRS, 2009).
A trajetória histórica da Zona Sul e os recursos naturais que existem neste território
levaram a constituição de quatro categorias sociais: a primeira delas são os grandes
proprietários remanescentes das sesmarias, que atualmente formam estâncias de produção
pecuária ou realizam o cultivo de soja e arroz irrigado, quando suas terras estão em áreas de
várzea. A segunda categoria, quantitativamente a mais importante, é formada por três
subgrupos, embora todos eles sejam unidades familiares. Os agricultores familiares, que se
instalaram mediante processos de colonização com imigrantes, os pecuaristas familiares, que
ocupam a região conhecida como Escudo Sul-riograndense, os assentados dos programas de
reforma agrária. A terceira categoria é formada pelos núcleos de remanescentes de
quilombolas. O quarto grupo é formado pelos pescadores artesanais, que se situam em toda a
região costeira da Laguna dos Patos e da Lagoa Mirim (PTDRS, 2009).
Em termos de cultura agronômica se destacam no território a produção de arroz, soja,
milho, batata inglesa e o fumo, sendo que a primeira e a segunda são majoritariamente
articuladas pelas propriedades patronais com mais de 100 hectares que respondem por 12% do
total dos estabelecimentos e ocupam 77,6% da área agrícola. O milho, a batata inglesa e o
fumo têm predominância nas propriedades familiares, menores que 100 hectares que ocupam
22,4% da área agrícola. O fumo pela sua lucratividade aliada a pouca extensão de terra, tem se
tornado uma atividade de relevante expressão, dado que cerca de 12.000 famílias das 32.500
propriedades familiares, segundo os dados apurados pelo PTDRS (2009), dependem deste
cultivo.
Tão importante como a produção agrícola destaca-se também a produção pecuária e a
produção pesqueira. A produção pecuária de gado de corte notabilizou neste território,
contudo nas últimas décadas vem crescendo de importância a produção leiteira nas
propriedades familiares. A produção pesqueira no Território Rural da Zona Sul destaca-se não
só por seus volumes produtivos, 40% do total capturado ao ano no Rio Grande do Sul, mas
também pela sua importância social. A atividade pesqueira congrega cerca de seis mil
famílias de pescadores profissionais artesanais que vivem exclusivamente da atividade, sendo
que esta quantidade representa entre 70 a 80% dos pescadores do RS (PTDRS, 2009).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2010 a
população correspondia a 864.343 habitantes distribuídos em 25 municípios. No que se refere
à dinâmica populacional, observa-se considerável concentração em dois municípios, quais
sejam, Pelotas e Rio Grande. Ambos concentram 60,8% da população do território. Pelotas
possui 328.275 habitantes, e Rio Grande 197.228 habitantes (Tabela 1).
Uma porcentagem de 10% da população vive em 14 municípios com menos de 10.000
habitantes. Estes municípios ocupam uma área de 10.931km² dos 38.067km² do território, o
que corresponde em números percentuais a 29% do espaço total do TZS. A densidade
demográfica nestes municípios é de 7,56 pessoas por quilômetro quadrado. Enquanto que em
Pelotas e Rio Grande que tem área referente a 12% do território a densidade é de 119
(PTDRS, 2009). Isso mostra que uma porcentagem significativa do TZS tem uma demografia
rarefeita.
Com relação ao nível de escolaridade das pessoas com 10 anos ou mais se destaca que
a grande maioria dos municípios tem mais de 90% de alfabetizados. Em Chuí é o município
que tem maior proporção de letrados (98,2%). Em comparação, São José do Norte tem apenas
84% de sua população com capacidade de ler e escrever. Em números absolutos isso significa
que 4.080 pessoas deste município são iletradas. Em Pelotas o número de pessoas nesta
condição é de 12.802 que corresponde a 3,9% do total de habitantes.
Outra situação que chama atenção é a ausência de energia elétrica em domicílios de
todos os municípios do TZS. Ao total são 1.731 moradias sem luz. Com maiores dificuldades
para ser implementada está a estruturação da coleta do lixo. São 33.861 domicílios sem o
recolhimento de resíduos de suas residências.
Mais relevante para esta pesquisa é a informação sobre o rendimento mensal da
população, pois é um indicador indireto do número de pessoas em situação de insegurança
alimentar. Santana da Boa Vista tem 15,26% da população em extrema pobreza, ou seja, tem
renda per capita mensal inferior a R$ 70,00. Neste município são 1.257 pessoas que recebem
até esta quantia, em Canguçu e Pelotas, o número é de 5.416 e 10.603, respectivamente. Se
somarmos o número de pessoas em extrema pobreza em todos os municípios chegaremos a
um total de 38.452 pessoas para o TZS. Este é o público das políticas sociais, dentre elas as de
SAN que tem como instrumentos o PNAE e o PAA.
Quanto ao PNAE, dos 25 municípios do TZS, 16 já adquirem da agricultura familiar e
empreendimentos familiares rurais pelo menos 30% dos alimentos destinados à merenda
escolar. Os demais municípios: Herval, Jaguarão, Pelotas, Rio Grande, Santana da Boa Vista,
Candiota, Capão do Leão, Chuí e Cristal declararam que adquirem quantidade inferior aos
30% de alimentos da merenda escolar diretamente do rural.
O Território Zona Sul em números
Municípios População Taxa de Total de Domicílios Domicílios % da
total alfabetização domicílios sem sem coleta população
das pessoas energia de lixo em
acima de 10 elétrica extrema
anos pobreza
Aceguá 4.394 94,2 1.397 12 751 5,28
Amaral
Ferrador 6.353 88,8 2.094 39 1.191 6,41
Arroio do Padre 2.730 95,4 708 1 377 7,73
Arroio Grande 18.470 92,5 6.494 21 713 4,61
Candiota 8.771 95 2.827 23 687 8,51
Canguçu 53.259 91,5 17.565 132 9.355 10,17
Capão do Leão 24.298 93,1 7.831 42 240 4,62
Cerrito 6.402 88,9 2.250 15 958 8,51
Chuí 5.917 98,2 1.955 21 73 5,39
Cristal 7.280 91,3 2.346 49 317 3,83
Herval 6.753 92,8 2.586 26 802 11,95
Hulha Negra 6.043 92,1 1.926 15 878 12,3
Jaguarão 27.931 93,8 10.017 44 501 3,76
Morro Redondo 6.227 91,6 2.302 8 643 4,71
Pedras Altas 2.212 91 758 6 452 14,1
Pedro Osório 7.811 92 2.836 9 140 7,6
Pelotas 328.275 96,1 113.951 522 2.845 3,23
Pinheiro
Machado 12.780 90,9 4.725 46 920 7,5
Piratini 19.841 90,4 7.236 56 2.591 8,75
Rio Grande 197.228 95,6 66.606 254 860 2,81
Santana da Boa
Vista 8.242 87,1 2.953 48 1.339 15,26
Santa Vitória
do Palmar 30.990 94,1 11.230 86 860 5,02
São José do
Norte 25.503 84 8.795 108 1.864 5,59
São Lourenço
do Sul 43.111 95,3 13.375 141 4.174 2,75
Turuçu 3.522 94,1 1.074 7 330 7,35
TZS 864.343 - 295.837 1.731 33.861 -
Tabela 1: O Território Zona Sul em números
Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA/IBGE, 2010) e Secretaria de
Avaliação e Gestão da Informação (SAGI/MDS, 2012).
Os municípios que tiveram maior proporção de agricultores comercializando seus
produtos por meio do PAA foram: Canguçu, Pelotas, São Lourenço do Sul e Hulha Negra
com 20%, 19%, 15% e 11% respectivamente, aglutinando 65% do total de agricultores
fornecedores (Tabela 2).
Número de beneficiários e agricultores fornecedores do PAA no Território Zona Sul
Municípios Janeiro a Dezembro de 2011 Janeiro a Setembro de 2012
Beneficiários Agricultores Beneficiários Agricultores
Aceguá 62 7 - 6
Amarral Ferrador - 1 - 26
Arroio do Padre 10 22
Arroio Grande - - 2193 8
Candiota 1234 71 - 10
Canguçu 110 80 - 234
Capão do Leão 2 - 14
Cerrito - 8 - 47
Chuí - -
Cristal - - 7
Herval - 2 - 4
Hulha Negra - 98 - 75
Jaguarão - - 3
Morro Redondo - 42 - 52
Pedras Altas 543 - 3
Pedro Osório - - -
Pelotas 13468 206 - 93
Pinheiro Machado 318 - - 18
Piratini - 47 - 45
Rio Grande - 1 - 16
Santa Vitória do Palmar 4818 71 - 1
Santana da Boa Vista - - - 4
São José do Norte 100 -
São Lourenço do Sul 6291 168 3245 74
Turuçu - 2 - 5
Território Zona Sul 26944 816 5438 767

Tabela 2: Número de beneficiários e agricultores fornecedores do PAA no Território Zona Sul


Fonte: PAA Data. SAGI/MDS, 2012b.

Conforme a base de dados PAA Data, em 2011 no território foram beneficiadas


através do PAA aproximadamente 27 mil pessoas de 82 entidades e até setembro de 2012 o
número correspondia a 5,5 mil pessoas de 32 instituições. Ainda no território, o número de
agricultores e cooperativas/associações que comercializaram alimentos por meio do PAA foi
de 836 no ano de 2011 e 779 de janeiro a setembro de 2012.
Dentre os anos de 2011 e 2012, foram beneficiados 32.382 pessoas pelo PAA. Deste
total, 42% localizavam-se em Pelotas, 29% em São Lourenço do Sul e 15% em Santa Vitória
do Palmar. Deste modo, estes municípios concentraram 86% dos beneficiários do PAA para o
TZS. O número de entidades que receberam alimentos no ano de 2011 e 2012 é de 82 e 32,
respectivamente, totalizando 114 instituições favorecidas. Ressalta-se que há municípios que
não tiveram contratos com agricultores e nem mesmo beneficiários, são eles Pedro Osório e
Chuí. Alguns municípios tiveram somente agricultores fornecedores.
Os recursos destinados para o TZS entre 2011 e 2012 no âmbito do PAA para compra
de alimentos totalizaram R$ 9.731.997,39. Cada um dos 1.583 agricultores e empreendedores
rurais fornecedores receberam em média R$ 6.147,81.

4. DISCUSSÃO

As informações acima apresentadas referentes ao PAA e o PNAE tem potencial de


demonstrar como o TZS está adotando políticas para a superação da insegurança alimentar.
Ao se observar o PAA nota-se uma discrepância em relação ao PNAE onde todos os
municípios demonstraram estar em processo de compra dos alimentos da agricultura familiar
e a maioria havia alcançado a meta dos 30%.
Para o PAA verificou-se que existem municípios que não tiveram nem um contrato
com os agricultores e nem beneficiários. Talvez isso ocorra devido a ausência de profissionais
nos municípios vinculados diretamente com a política de aquisição de alimentos. Situação
diferente da observada na política da merenda escolar que além de ter uma secretaria
responsável pela educação têm profissionais como os nutricionistas que intermediam os níveis
federal e municipal, e normalmente são os indicados para organizar a compra dos alimentos e
o repasse para as escolas. A ausência de profissionais ligados ao PAA nos municípios
dificulta a chegada de informações sobre o programa e a articulação dos interessados.
Notou-se que para o PAA houve relativa concentração de beneficiários e agricultores
em cinco municípios. Interessante notar que, com exceção de Hulha Negra, estes estão entre
os municípios mais populosos do TZS, na companhia de Rio Grande. Neles vivem 461.678
pessoas o que corresponde a 53% da população do território. Outra informação relevante é
que Canguçu, no qual estão 20% dos agricultores fornecedores do PAA, há um grande
número de estabelecimentos rurais, são aproximadamente 11.000 dos quais 3.027 tem até 10
hectares. Já São José do Norte e Pelotas tem 1740 e 1.152 estabelecimentos, respectivamente
(PTDRS, 2009).
Observa-se que todos os municípios possuem pessoas em extrema pobreza,
entretanto nota-se que são somente 10 deles que tem beneficiários do PAA financiados pelo
MDS. Os 15 municípios não contemplados podem estar recebendo mantimentos por meio do
PAA custeado pelo MDA. Ademais, estas pessoas com renda igual ou inferior a R$ 70,00
podem estar produzindo seu próprio alimento por meio do autoconsumo. E ainda podemos
considerar que as políticas de SAN chegam a todos os municípios por meio do PNAE.
Entretanto, estas ressalvas não asseguram que todos os municípios do TZS estejam
sendo contemplados com as políticas de SAN e, portanto, não garantem que estas pessoas em
situação de extrema pobreza estejam recebendo alimentos diretamente. A política de
alimentação escolar beneficia quem é estudante e a parcela que não é educando não está
incluída como favorecida. Nem todas as pessoas em extrema pobreza têm acesso à terras para
produzir um autoprovisionamento. Além disso, não há garantia que os municípios estejam
recebendo o PAA financiado pelo MDA, uma vez que os alimentos são destinados a entidades
beneficentes e não diretamente aos indivíduos.
No caso do PAA, acredita-se que os processos de superação de insegurança alimentar
poderiam ser ampliados com uma estratégia de repasse de alimentos que abrangesse as
pessoas em insegurança alimentar que não estão inseridas nas instituições de assistência
social. Entretanto, a duração destes repasses precisa estar vinculada a outras estratégias com
objetivo de criar formas de viver que oportunizem as pessoas saírem da situação de
insegurança alimentar sem dependerem de repasses governamentais.

5. COSIDERAÇÕES FIAIS

Os programas PAA e PNAE são alternativas para os agricultores comercializarem


seus produtos e ao mesmo tempo proporcionam aumento da Segurança Alimentar e
Nutricional para a população que tem dificuldades para acessar alimentos. Além disso,
intensificam o uso de princípios e técnicas mais sustentáveis e a ação articulada dos
agricultores.
Estas duas políticas também proporcionam a população beneficiaria a possibilidade de
consumir alimentos naturais, menos industrializados e isentos ou com menor proporção de
aditivos químicos. O que confere hábitos mais saudáveis que podem vir a levar a diminuição
da obesidade entre as camadas mais pobres. Bem como possibilita que os alimentos cheguem
aos consumidores através de uma cadeia mais curta e justa.
A principal contribuição do PAA e PNAE para intensificar processos de superação da
insegurança alimentar no TZS é articular agricultores e empreendedores rurais familiares e
suas organizações com prefeituras municipais e instituições que atendem pessoas em situação
de vulnerabilidade alimentar. Interações que poderão perpetuar mesmo que os incentivos
governamentais venham a findar.
Um ponto que poderia ser explorado a partir do que foi exposto aqui é verificar se os
alimentos que estão sendo oferecidos respeitam os hábitos culturais e a soberania alimentar
das diferentes categoriais sociais do TZS. Outro seria averiguar se há prioridade para
aquisição de alimentos produzidos com técnicas que não agridem o ambiente e
comercializados de modo justo, assim contribuindo para sistemas produtivos sustentáveis.
Destaca-se, o duplo papel do PAA como uma estratégia que supera com mais
brilhantismo a política de transferência de recursos, fundamentada no Bolsa Família. É uma
ação que contribui para a solução de dois problemas, as situações de insegurança alimentar e
as dificuldades de comercialização dos produtos da agricultura familiar aliada ao preço justo.
Segundo Grisa (2010, p.23), o PAA é uma política que “articula subvenção ao consumo com
o apoio a agricultura familiar”.
Entretanto, as políticas sociais precisam evoluir de seu caráter assistencial. Apesar de
se ter consciência de que para solucionar o problema da fome no Brasil são necessárias ações
articuladas e interssetoriais, atualmente as políticas de SAN são focadas na transferência de
alimentos e renda e, portanto, são de cunho assistencialista e compensatório. Para que
superem esta característica precisam tornar-se estruturais no sentido de que questionem os
determinantes das situações de carência e apóiem e impulsionem as famílias para superar esta
condição (MALUF, 2007)

REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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