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POLÍTICAS DE
SEGURAÇA ALIMETAR E UTRICIOAL: O PROGRAMA DE
AQUISIÇÃO DE ALIMETOS (PAA) E O PROGRAMA ACIOAL DE
ALIMETAÇÃO ESCOLAR (PAE) O TERRITÓRIO ZOA SUL DO RIO
GRADE DO SUL1
Lillian Bastian2
Evander Eloí Krone3
Sergio Schneider4
Marcelo Conterato5
RESUMO
Por Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) compreende-se o direito que todas as pessoas
têm de acessar alimentos em quantidade e qualidade adequadas de maneira a suprir as
necessidades calóricas e nutricionais respeitando a cultura e os hábitos alimentares dos povos.
Além disso, estes alimentos precisam ser produzidos em sistemas que respeitem o ambiente e
sejam sustentáveis. No Brasil, há pelo menos duas políticas que estão ligadas a SAN: o
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE). Conforme isso, o objetivo deste artigo é verificar qual a contribuição do PAA e do
PNAE na criação de processos de superação da insegurança alimentar no Território Zona Sul
do Rio Grande do Sul. Para se chegar aos dados referentes a estas políticas foi acessada uma
1
Este artigo faz parte dos trabalhos de pesquisa e extensão da Célula de Acompanhamento e Informação (CAI)
do Território Zona Sul do Rio Grande do Sul. No âmbito do Edital MDA/SDT/CNPq, n° 5, 2009.
2
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(PGDR/UFRGS). Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
3
Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil.
4
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural e Programa
de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Rio Grande do
Sul, Brasil.
5
Faculdade de Ciências Econômicas e Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
base de dados e foram consultadas as Prefeituras Municipais. Os resultados para o PNAE
indicam que todos os 25 municípios adquirem em alguma medida alimentos da agricultura
familiar e empreendimentos familiares rurais sendo que 16 deles adquirem, com estes
produtores, mais de 30% dos alimentos da merenda escolar. Quanto ao PAA, no ano de 2011
foram beneficiadas aproximadamente 26 mil pessoas de 82 entidades e até setembro de 2012
o número correspondia a 5,5 mil pessoas de 32 instituições. O número de agricultores e
cooperativas/associações que comercializaram alimentos por meio do PAA foi de 836 no ano
de 2011 e 779 de janeiro a setembro de 2012. Conclui-se que ambas as políticas contribuem
para a superação da insegurança alimentar e cooperam para a criação de vínculos mercantis
entre produtores, organizações e consumidores. Entretanto, é necessário repensar a estratégia
de distribuição dos alimentos do PAA uma vez que em todos os municípios do território há
pessoas em extrema pobreza, mas não há a comprovação que todos os municípios são
contemplados com a política de aquisição de alimentos.
1. ITRODUÇÃO
2. MATERIAL E MÉTODOS
7
É uma “atividade típica das unidades de produção que garante a suficiência alimentar dos membros das
famílias das unidades de produção e a reprodução social” (SCHNEIDER e GAZOLLA, 2005, p. 33).
porção de terras para o autoprovisionamento. Os recursos advindos da venda podem ser
usados pela família para adquirir demais alimentos ou bens.
Outra situação acontece quando os agricultores percebendo rendimentos monetários
altos com o cultivo de commodities passam a cultivar nas áreas destinadas aos produtos do
autoconsumo, como o aipim, o feijão, o arroz, o amendoim, os produtos mercantilizados
como a soja e o fumo.
Entretanto, o processo que causou a introdução da unidade produtiva nas relações
mercantis nem sempre indica que houve o abandono da produção para o autoconsumo. A
vulnerabilização da produção para autoconsumo pode ser entendida observando-se distintos
fatores, tais como: tamanho da propriedade e o seu relevo, situações distintas de adesão ao
pacote tecnológico e tipos de cultivos desenvolvidos (SCHNEIDER e GAZOLLA, 2005).
Segundo Maluf e Menezes (2000), a inexistência de condições adequadas a produção para
autoprovisionamento ou a cessão dos espaços de terra destinados ao autoconsumo para os
cultivos de commodities são a principal causa da insuficiência alimentar no meio rural. A
integração avícola, por exemplo, não permite que a família tenha em sua propriedade outras
criações de aves, como as galinhas “caipiras”, para evitar que estas transmitam alguma doença
às aves confinadas. Ocasionando que as famílias deixem de produzir dois produtos para o
autoconsumo: ovos e carne.
Em situações como estas os agricultores passam a comprar alimentos nos mercados
locais, de feirantes ou de outros agricultores. Pagando o mesmo preço de consumidores
citadinos e, na maioria dos casos, consumindo alimentos de menor qualidade por que são
produzidos utilizando-se de agrotóxicos e fertilizantes.
Segundo Maluf (2007), a agricultura familiar apresenta pelo menos dois benefícios
para o desenvolvimento. O primeiro se refere a ocupar, de modo equitativo, a terra gerando
emprego e renda e o segundo é o de oferecer alimentos diversificados e de qualidade. É
necessário ressaltar que apesar deste potencial a ser explorado pelo Estado há famílias rurais
vivendo em áreas desprivilegiadas para o cultivo agrícola, distantes de centros urbanos, sem
acesso suficiente aos meios de produção e ao crédito que precisam ser inseridas nas políticas
de SAN. Destaca-se a importância da distribuição de terras de maneira igualitária. Em alguns
países foi verificada relação entre a distribuição de terras e aumento da Segurança Alimentar e
Nutricional. Isto se baseia na informação de que nos países em que ocorreu a reforma agrária
a condição alimentar e nutricional é melhor do que nos países que não passaram por processos
de distribuição de terras e/ou que tiveram este processo interrompido (MALUF e MENEZES,
2000).
B. Metodologia da Pesquisa
Como ficou exposto na introdução deste artigo, o objetivo é expor como o PAA e o
PNAE contribuem para a superação da insegurança alimentar no TZS. Este território é
composto por 25 municípios e, portanto, por questões de inviabilidade de tempo esta pesquisa
baseia-se basicamente em dados secundários.
Há uma base de dados do PAA denominada PAA Data na qual constam os contratos
do programa por município para o TZS para os anos de 2011 e até o mês de setembro de
2012. A partir daí foi possível identificar os agricultores e as entidades beneficiários e o
montante de recursos financeiros. A partir do PAA Data descobriu-se que os contratos do
PAA que ocorrem no território são nas modalidades que utilizam a CONAB como executora.
Não há registros do PAA Municipal e Estadual e nem de contratos com outro executor.
Com relação ao número de beneficiários é necessário fazer uma ressalva, pois os
dados apresentados são referentes aos contratos financiados pelo MDS e MDA, entretanto não
foi encontrado na base de dados consultada o número de beneficiários e as entidades para o
MDA. Nas informações sobre este ministério não constam, como é apontado para o MDS, o
número de pessoas e as organizações que foram favorecidas. Talvez por que as compras
realizadas tenham sido destinadas a estoques públicos ou mesmo por que o MDA tem
objetivo de atender os agricultores familiares e o MDS tem justamente a finalidade de atender
famílias e pessoas em situação social vulnerável. Considerando esta ausência de
esclarecimentos sobre a destinação dos alimentos adquiridos com recursos do MDA, acredita-
se que o número de beneficiários que constam na seção que segue é maior do apresentado.
Já o PNAE não possui uma base de dados em que conste se os municípios do TZS
adquirem ou não de agricultores e empreendedores rurais familiares os 30% de alimentos
destinados à merenda escolar. Portanto, para fazer este levantamento de dados foram feitas
ligações para as Secretarias de Educação dos municípios e os profissionais destas informaram
qual era a situação. Deste modo, os dados referentes ao PNAE são primários, entretanto são
mais escassos e restringem-se exclusivamente a afirmação ou negação da compra de 30% da
merenda escolar diretamente de agricultores familiares.
Embora os dados sejam majoritariamente secundários e os referentes ao PNAE
primários, mas abrangendo uma variável, isso não impede que fique expresso através deles à
construção de processos no TZS para a superação da insegurança alimentar.
Demais informações utilizadas para a construção deste artigo foram consultadas em
livros, artigos, revistas e bases de dados além do PAA Data e encontram-se referenciadas no
final do mesmo.
4. DISCUSSÃO
5. COSIDERAÇÕES FIAIS
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GRISA, Catia. As políticas públicas para a agricultura familiar no Brasil: um ensaio a partir
da abordagem cognitiva. Desenvolvimento em Debate, Rio de Janeiro, v.1, n. 2, jan-abr. e
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http://desenvolvimentoemdebate.ie.ufrj.br/pdf/dd_catia.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2013.
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Acesso em: 20 fev. 2013.
SACCO DOS ANJOS, Flávio; CALDAS, Nádia V. Estado, segurança alimentar e políticas
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Viçosa, v. 1, n. 2, jul.-dez. 2011.