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ed Vile ~w¥T+ ©. Paulo, 12(2}: 85-108, novembre de 2000, ’ Racionalidade e tragédia cultural no pensamento de Max Weber RENARDE FREIRE NOBRE “TA raziio]... desempenha o papel do instrumen- t0.de adaptacao e nao do trangillizante, como poderia dar a entender 0 uso que o individuo as vezes faz dela. Sua asticia consiste em fazer dos ‘homens feras dotadas de um poder cada vez ‘mais extenso, endo em estabelecer a identidade do sujeito e do objeto” (Adorno e Horkheimer, 1985, p. 208), “IA visio trégica]... éa concepgao do mundo como sede da aniquilagao absoluta de forcas e valores que necessariamente se contrapéem, inacessivel a qualquer solucdo e inexplicdvel or todo sentido transcendente” (esky, 1996, p. 38). RESUMO: O texto constitul-se numa série de argumentag6es a favor da tase de que hé uma to MOUBHIAMo. Tal relacdo 56 pode ser desvendada numa modernidade que so presenta hegemonizada por um “racionalismo de dominio do mundo”. Procu- rarei ‘SVIGERCRSIAMBIECIORand 0 daratertragico™darcunDraMAomstocdo ste texto transita pela dimensio metassociol6gica ou, se quisermos, filos6fica do pensamento de Max Weber. Nessa, dimensio encon- jue, a0 meu ver, so tram-se pi 0 so daculturaerniquewiviad Tais imagens sioprodutosdassuasconvicgoesTit- ‘ase definem uma Weltanschauung, a qual, por sua vez, confere justficativa ARTIC PALAVRAS-CHAVE: MaxWeber, raclonalidade, modemidade, Stica, Professor do Depar- tamento de Sociolo- gia 6 Antropologia da FAFICH - UFMG Mit CamScanner gescannt E : aos seus MHETERSEEMETOLOID GCOS decisiva, mas indemonstves que afinal correspondia & expe cage jentar P seticoseAvoongio paracien ia ws le, e s te | ial de Weber — €Fa, para e's incor! exponen elnacang de Webe pode" OSErVeda dey, inte ” eferi . re A Hie rosou‘pontosde vista, se preferimos. Aqui Teeter SRR, Be ent30 PO Angulos 9 ioualidgete, tomados dgmedgeombinady.c.,. pomens to ingulsdadgascdinedaracionaldg emplada a ‘Nisa i oy opsoes do assim contemp! ‘wisfendemundolieeberana an, 5 0PSOES. a Sear eguinte mxima: a explicitagto/racionalizagao higgg. twos det ios Sshentdes dles ages humanas confere a evidéncia mais cruafiey gems aso! ‘dos fins ; ns # a cantada dafalta de um sentido para a vida. ‘Veremos, entdo, como pers iso cin weberiana da ttgicidadedaenistencimhumanaestaitMameneyiyg | fC cos aaa vaaotoraserveabOreayeaty sO heomaqaloayg |_| een difteaunnmnétodo"taralerizaamodernidadeeSUbSEreEveUma tice 1 ‘Tudo encontra-se muito articulado: a imagem da. modemnidade, ork dental hegemonizada por forgas racionais sustenta um método de angle “racionalista” e requer uma ética da “responsabilidade”. Duas imagens enip \ se sobrepdem: a da modemnidade cultural como um complexo de esferasde Sages melhor delimitadas e a da vida como um complexo de agGes indefinides * quanto as suas motivagdes ¢ conseqiiéncias titimas. A tragicidade da vida explicita-se quando a racionalidade passa a qualificar um novo modo de vida, Racionalidade e tragédia sero retratadas como as duas grandes facetas de uum destino para o qual Weber queria ser digno. Na modemidade ocidental o homem esta preso a um destino pove ado por forgas que, se porum lado, fornecem-Ihe controles valiosos e favoré- veis & adaptagdo, por outro, autonomizam-se e explicitam a falta de sentido, da vida. O desencantamenté seré o espirito, simultaneamente esclarecidoe inc6modo, apropriado 4 épocaem que a tragicidade da existéncia passaast | teconhecida sob condigées de extrema racionalizagao da vida. O dramaen | tomo da irracionalidade ¢ das inconsisténcias que acompanham as racionalr zagies hist6ricas dio a tonica moderna da tragédia cultural, pois, nfo obstat fundado em forgas racionais inexordveis, trata-se de um destino nao plane do, e, talvez Por isso mesmo, suficientemente exteriorizado e estranho as Propésitos mais pessoais e subjetivos dos homens. Ps ee quea modemidade inaugura aculturac a adguirrumacosciénciainédhach reno anes daracionldo racionalizagio edie = qn conitieo tei, ine ee ceed com orale eos tea dacultura desautorizou a grande iustoo™ vidatem sentido, Aa son mentedesviaram-se do problema: acrenga des eee sentido, Asracionalizagdes denunciam a falta de sentido da vid’ valor pectiva int alids, © Sel conta diss’ ampla —e: como cont modernid. dramaticid Frossard etensionaasénquato diferentes per ss Seligndosa ume enaimentesusenaos. Os omens “iviizads YE | tg. SS emBbrapoucos sion epee Paeelaas almas e hes obriga ase poset Con et conseqinciag, On tuts caPazes de encarar ess realidade em todts | inger thee iano consistirina ress noe” tab grandeza étich do homem tigic® leguaidae ‘esponsabilidade diante das suas escolhas. Seer Mit CamScanner gescannt = ri 'um principio légico, oo rt ‘impuras", os destinos his- — —> posicionam diante de forgas ae So acts, uma vezque oshomense 7 Os fins humaros ett 208 Seuscontles ° Ss atureza perspaeti eS Seto sempreiracionaisHD qu dz respei ti, ; erspectivista,ouseja encore que diz respeito a sua ay, _ dade de distintas pssibitidades. Epressunech oe fetidos auma toa wy Wlaxizado de todos 0s pontos de er \weberiano que nada pode ser st valorizado « ViStEE, ainda, que a afirmagdo de uma pers. ide ao de outras possibilid ial 7 ilidades. Disso decorre, ‘i como experiencia miltiplae agdnica. E por fide racionalista de Weber—na sua acepga0 ia e__ « mpla~ estdintimamente atrelada a imagem bisica da exist ee constituida de vivéncias, em tiltima instancia, irraci ae 5S glands de vivEnees, stancia, irracionaise tragicas. fe et tragic 3 modemidade ocidental permite cae cane aks a eae Ea pa dental 4 compreensdo mais realista dessa 7 Gramaticidade. Ha duas passagens na obra de Weber que auxiliam na discussio: 4 ‘Um componente essencial da ‘racionalizagao” da oe a¢do é a substtuigao da submissao interna a costu- ws _%, me habitual pela adaptagao planejadaa determina- io } das situagdes de interesses” (Weber, 1991, p. 18). s ‘De acordo como sentido que se atribui ao conceito , ‘adaptado’, podemos dizer que no setor da ‘cultura’ & tudo e nada esté adaptado, Poisndo é possve excluir % == davida cultural o conflito ou a luta. E possivel alterar seus meios, seu objetivo e até a orientagdo fundamen- tal e seus protagonistas, mas ndo podemos elimind- los [..] 0 conflito estd sempre presente, eas suas con- segiiéncias so pelo menos tanto mais importantes quanto menos séo percebidas, quanto mais assumem forma de uma passividade indiferente ou cdmoda, deum quimérico autoengano {sic}, ou, inclusiveafor~ ma de uma ‘selegao’” (Weber, 1995a, p. 381). D5 A tragicidade da cultura é. expresso da nfio-adaptago humana, Acon- tece que o tiltimo baluarte da busca pelo sentido da vida foi o préprioracionalismo. Com ahegemonia das ages racionalmente orientadas, superou-se 0s estdgios da ingenuidade emocionale da inocéncia metafisica. O homem desencantado€ aque~ leque se encontra esclarecido pelos avangos da racionalidade. Maso racionalismo Mit CamScanner gescannt ‘menemcomobementen- + 87 [NOBRE, Renarde Fore. Raconaidade 0 Paula, 12(2 85-108, novembre de 2000 cy D> suarda uma fundamentagao, tuna selss20; assim produzido, todo conhesiet cual onset Max Weber. Tempo Socal Rev. Socio Usp « tragésia cot santou a propria crenga iluminista nos poderes es setae mara absoluta (Hegel) ou virtuosa (Ka, jes metaffsicas, foram desmistficados por raj, ‘ ‘elando itracionalidades e inconsistencias, co eo. LSE deste texto € a de que Weber enfoca, tragédia da cultura peta tragicidade da propria lete darecionatiiade' ay veadente, Para o autor 0 fato da tragedia ser em Pry pio, negatio do bso. Feroraconalano-adapttividad, no a dissocta das 2108 izagies da vidy nas antes as pressupae, Ele adotou a postura Cognit de sempre trataro frracional em relago a0 racional, Somente, pelo método racionalistaé poss. vel abordaros cursos das racionalizagoes e, conseduentemente, Perscruaro Sama que os acompana, Pode-s dizer, ento, que aconcepes0 Weberianada avtura como iragédia apresenta uma ironia: embora revele os limites éa ___ Notexto que se segue, pretendo averiguar as pistas da concepyi weberiana da tragédia humana através de dois caminhos: os princpios racionalistas do conhecimento eas racionalizagdes modemas; vale dizer. '6pico metodol6gicoe outro analtico. Como conclusio, fago alguns pon ‘mentos sobre a ética em Weber, procurand: ee fi Ientos sobre aiaem Weber, procurando mostrar como elas confit? igdo trdgica e 0s ditames da razdo. foi tio devastador qu ciaisdarario. Ospropssitost como astitimas das grandes il O método racionalista Héum importante $ penta ieglnt, eee ‘an Moentendient envolvendo a relagdo entre conhest datrapicidade da eoiae ne SO MEl0do e que traztonaa visio webeO* ali Kantano, gent © Postulado elementarformuado por Webet i {he oconhesimentonio deve pretender abarat 0 Inigo s6podecer conc or Ota ressuposigao que o “eal”, em de abordagem ou a arti de up rente pensado “a varejo”, segundo perspectv® Indipl, carter Mido acon a Rae sea.um interesse, Adio S™ exPSSAMum sentido enclea em VEZ Aue as condutas efetivasTa™ 'Voe com o qual se delimitem com precisio a Mit CamScanner gescannt NOBRE, Renarde Freire. Rac lic Pau, 122: 85-108, novembra oe ape 20498 CUlUa no pensamento de Max Weber Tempo Social; Re. Sociol. USP, § % x cn & ag ervem-nos de ori ue “A premissa transcendental de qualguerciéneiadacgl me {ura reside... na circunstancia de sermos homens de ie » cultura, dotados da capacidade e da vontade de assu- = Imirmos uma posigdo consciente em face do mundo ede a __ the conferirmos um sentido” (Weber, 1993, p. 131). a il Partindo| desta Pressuposigdo, ou seja, da¢iltura como um cosmos _ = de significacdes fluidas, Weber erigird uma metodologia cientifica voltada z ara captar os sentidos das ages humanas, ndo de modo substantivo, como Eyam im tipoldgico. A tipificacio é o recurso cognitive que autor sau ‘uitiza para coniomar a realidade das ages como unidades fragmentadas, te Como a idéia de cultura nao recebe, em Weber, umaconceituago aca- si bbada, que se recusa a tematizé-laem si mesma — quer erigida em Histria (Marx) oe ‘ou progresso da razao (Hegel) - a altemativacritica de Weber atodasas perspec thea tivas totalizantes € apropriar-se da‘fdéia de cultu®ecomo um contexto abstrato de tg ~~ agbeserelagGes que demandam um procedimento singular de investigao cienti- igi fica, o qual se direciona para atematizacdo de individualidades histéricas, Portan- ol to, em Weber, o tratamento dado A idéia da cultura, em seu sentido mais amplo, xg! _ MoE tematico e, sim, metodoldgico. Significa dizer ue a pressuposigao geral ‘ob sobre o universo cultural, conforme trecho acima, serve apenas para qualificar it ‘metodologicamente as ciéncias da cultura enquanto compreensivase Voltadas para 2 asignificagdo cultural de configuragdes sécio-histricasespecicas. ae Nestas eigncias, o trago subjetivo doconhecimento tema vercomo at que Weber, baseado em Rickert, denomina de “relagio com valores” | x [Wertheziehung] (cf. Weber, 1995a, p.377). Inevitavelmente o procedimento 6 ——_cognitivo exige a valoragdo dos sentidos. Este é, na investigagio, apenas um Ponto de partida, jé que a divida metodol6gica primordial €a de como conferir \Walidez cientifica’ ‘aos enunciados sobre as agGes ¢ | relagdes humanas, Respost — pela combinagdo entre consisténcia conceitualévidéncia empirica sso se tra- ‘duz:naformulagio weberiana de um método radicalmente racionalista, preocu- ado com a prova,)O que é cientifico ¢ provado. Pois aciéncia ddefendida por Fg, Weberimpoe-se animada pela idsia de que oque o “real temderracionalizado ¢ 6 de alguma maneira, pass{vel de ser demonstrado; da 6ticaepistémica, a forga es doracional esté na evidéncia e na irrefutabilidade. : } Q ‘A racionalizagdo conceitual corresponde o modelo dos tipas ide. 4 ais, pelo qual a realidade € artficialmente depurada das suas inconsisténcias ~Tigics, simplifcada mes sxagera¢ao hipotética, lembran- J 6gicas, simplificada mesmo através de uma exager a itp dosempre que a orientagdo bisica 6 dada pelos valorescom os quais oles os tarelaciona-se. Eo momento da significapd, que se refere “unicame Mit CamScanner gescannt todo Max WOO. Ynys nnn in. CODGL gS = NoBRE, Renard Frere. Raionacad 10982 eutural no pensaren . Paul 22) 85106, noverbo a nueprecede aselego ea constituicSo empirica™ gy, inertia sion rag explicativa, por sua Yez Comesponde gy ssn possbilidad’, pelo qual Busea-S©aVeriguar, com pee ada experiencia” (Weber, 1993, p- 208), “(.)probabildade go 5 eer mentosse deserolassem da forma como efetivament eden Farum, caso as relagdes enunciadas pelo tipo ideal fossem tomadas omy, Mieses Quanto nas ote for essa probabilidade, maior 0 valor expe, ~ fo tipo ideal” (Boudon & Bourricaud, 1993, p. 619). ape i prova de valided derradeira nas ciéncias da cultura de ens, empirico assume a forma de umn célculo de probabilidades. elo método, os sentidos presentes nas Configuragées histéricasq, ‘vem serconstrufdos logicamente como conceituagdes depuradas pelo imper, | tivo da neutralidade axioldgica, A seceita € a edificagao dos conceit, forma dos tipos ideais, Ut im artificio l6gico pelo qual os sexs. || dos das agdes recebem uma si ‘coerente, unfvoca, para serem ins | ridos numa cadeia causal e submetidos a um jutzo de realidade. Na cate causal, os sentidosecebem uma segunda dose, por assim dizer, de raciona. zagio (objetivagio), sendo posicionados um em relago ao outro como meics “eins ou motivos e conseqiiéncias. Os sentidos So, portanto, construidose ~~ manipulados obedecendo os principios ldgicos da univocidade e calcula. dade, Os resultados cientificos so como descobertas criativas'. A significagio ¢ explicacao obtidas contém um grau de anificalidaie ‘ques distancia do “socialmente real”, por mais evidentes que sejam os dis “ie restr que toda oPtidos (Cf. Weber, 1986, p.96). Contra.atradig&o hegeliana, Weber insise 2 peli cence por €8€de qu entre o sentido obtido pelasregras da l6gica eo sentido “eal es mpulanenids ¢ um hiatus irrationalis (Weber, 1993, p. 11). Operando a delimitagio signif iesrumenalizads 3 cativa de uma realidade maltipla e fluid: i SN eine ee iplae fluida, o conhecimento ser sempre um 4 serum iavesi- _simplificaglo. A teia das “conexdes de sentidos) que se obtém pela i ‘mento completamente s i pela invests tonciet pong S02MESMO expressandoeftiva regulardades Sociis, ofazem reakns ‘depende de aspectos _ d¢terminados aspectos e sacrificando outros?, due exapotam gual. . er nhc, acesindraqueiods eae oe seeimentos mols sn como'o "dom", of vemos averi ica explica inighexdipois. Oquede foes emquestioquandoseefetivn rer ea , ide ds fonts precisamenteainpun = ivaocalculo? A causalidade, oumis Fite mocedimenio Cabeascenia do tod Comesta expresso Weber queria dizerque ir ra revelaros resultados. i ( | mminadas condigdes culturas, endo a ‘que devem serimputados ade sata iit ‘glo no estudo dos ferentes campos ‘ealidde. Como pros tletual para que as escolhas ines “ive asescolhas sejam feitas realisticamente tres ildades de 6xito, Alexplicagao racional Donsidemascocssconteneume ncias dacultura—particularmente asociole? -condigSes motivacionais (“conexdescausss onfiguracdo histérica em exam. CO” vimento” | qUese orienta, ; i (Wiebe, 1999, 148) | POr expectativas de : d aa eee i ir ‘Que determinados meios sero mais: dos por um agente qualquer. Este 60 prin Previsibilidade a sua grande contribu | estt ~ Mit CamScanner gescannt oe Pe ae NOBRE,Renarde Freie. Rcionatdado | Fa 1228108, oven do ig "92 tao prsanen dx Web Tempo Soy Sociol USP, ) de racionalidade mais coerente, is modo mais “puro” i ara focomachonen Pt eoaKiraconl,queconigu ‘demos, neste ponto, formular duas roposigdes a respeito do tctligam: i) o modo de reflexio racionalista 10 do principio de Fb ESF roa sua escolha intelectual quan- i ia, indubitavelmente, encontra- foafins™, 3 3 g z q Ss 3 3 8 5 5 g = 3 = z s 8 g We g a H iE nais” (referentes a fins e a valores) sio as tn dizer que o agente se orienta “pelo sentido nalidade consciente*; elas apresentam os sentidos mais evidenteseinequivo- ‘Cos, particularmente se a racionalidade diz respeito aos meios e as. ages sio examinadas pelas suas. conseqiiéncias (cf. Weber, 1991, P. 16). Desse enten- dimento, decorre toda estratégia metodolégica adotada, por Weber para otra- | tamento da problemitica dos sentidos: “Em virtude de sua compreensibilidade evidente e sua inequivocabilidade — ligada 4 racionalidade -, @ construgdo de uma agao orientada pelo fim de maneira estritamente racional serve, nesses casos, a Sociologia como tipo (‘tipo ideal’). Permite compre- ender a agao real, influenciada por irracionalidades de toda espécie (afetos, erros), como ‘desvio’ do de- | senrolar a ser esperado no caso de um comporta- mento puramente racional” (Weber, 1991, p. 5). | Porrazbes estratégias, Weber trata a “ago real” como “desvio”,faC& 5 1 embremos. ‘que Weber 4s “irracionalidades” que a permeiam e que foram excluidas do seu modelo parte da premissa de | tpificado. As irracionalidades so indiretamente abordadas, mora estraté- 0s omens de i ia racionalista ndo implique a"“crenga em uma predomindncia efetiva do ra~ aca sss ages de | —>cional sobre a vida’ (Weber, 1991, p. 5). Para efeito compreensivo, algo s6 wm. er ode ser dito irracional de um ponto de vista racional, Comisso, aproxima-seo 55 Contant ce > eitendimento do cardtertrgico da cultura subjacente escolhametodolgica wlan alt Weberiana, Contra‘a realidade, o método pressupde, via idealizaglo,sentidos de. mean modo (ave logicamente dstntos, Noplano real registram-seespecificidades, masniocomo mente tradi. individualidades puras. Da mesma forma, ainterpretagdo das “conexGes de sen nl A i fs PS ldoscomorelagao de “causa “fet” coresponde so esabaac inns ciate oe “fronteiras” gi inhas de ago que, de fato, si das". tada “pelo sentido" eee eteeate i asposturassubstacialsa determinista, (Weber, 1991, p. 15). ” Mit CamScanner gescannt jr, Raonahad NoBRE, Renarde Freie. Raion seber Tempo Dea, rv. 30064 oda aura perso USA. 010 avi, 122) 85-108, nove 0 “Dal Weber preferir a nogto de “afinidade tletive" a0 de “crane fear” 92 igmo nateoria social, Weber estas iereatidade cultural como um cengie 4 i autor partir de uma pressyy tives, Coma considerando toda as formas gulares slavamente integradas por senige ai Entiio, esclarece que Compaitados en apd compreensvel das arte pela Ssetotogla, cao contrario, es es [a0 invés Societe com “indivtduos”| nada mais sag se srrdesenvovimentose concatenagdes de agdes er agrcasde pessoas indviduais, pois SO estas sig madras conpreenstveis parands de ages orien. tadas por um sentido” (Weber, 1991,p.9). Pela posturant-substancialista, todas a formagbes soci se, dirvto Aexisteneia enquanto probabilidades de que os agentes ajam confonre nu determinada orienta de sentido. Como tais, elas S20, rigor, represen faere ni fates soiais (como define opositivismo durkheimiano). Masai fingao é apenas esquemtica, porque, em Weber, o funcionamento est paray esprito como aagio para o sentido; se nao fosse uma idealizaco, 0 “ato sei natural; se ndo fosse processual, a “representagao” seria mera abstragio. ‘Weber exclui a possibilidade de pensar os sentidos como obj dades imanentes as formagées sociais. Com a fundamentacao subjetivistada realidade cultural, ele estérealgando a intencionalidade das ages. Eissoé de ‘suma importincia. Se por um ladd as intencionalidades avalizaram historic mente um modelo de agio consciente e calculista, por outro, elas fazem com dame a atadas pelo autor como problemas de de tural (airracionalidade das otis} ber oc para S¥Aicoa reniesia enfrentamento (a responsabilidade ica), Como parse so miso modenate uanto& criti = giode veer oem eT smo, cla envolve principalmente ar contdonesta posta epitemion geo as ciencias da cultura Oequv i rs €a suposigao da existéncia de causas geraise ‘Aocriticar 0 substancial do atodos aqueles que cone factualidades ob (Wahlverwandischapy 8°54 : iain eta nosioque, py a idéia das afinidades ele ito” le acredit ee if efeito Emtec a i 7 iti TOs S0CoRnitivo do ae ee ia Mit CamScanner gescannt — PR ctetsoteus, a SENET EEE dct prams conn: prova disso & que podemos, dependendo do in termos, projetando o efeito para o campo da caus “hegar o cardter materalista ou idcalista para oso Sse de abordagem, inverter os %; 60 que Weber quis dizer no tgh | nega 0 lista ou 'estuido sobre a elagto entre ‘ES capialismo Protestantism simplesmente porjueas mativy sspodemserp | a aera avo do Vor quevaidrsgiopnnaccononiens doque Pint Teligido, sem contar outros possvels pontos de | Te erred Omoviiento das caualidadesCinlipoeconnie, ~zodemispan dele damoscontanasun generlidad;annior siden cxplenioa | depende, pois, de uma boa adequagio (relativizagto) ead, | Ao afastar-se do substancialismo edo determinismo Weber nfo cat I ‘no extremo oposto do voluntatismo, Optando pelo estudo das snificagiio das | __sgbesseleacredita que somenteestas podem ser expicadas,nanenosetto.O ty “sentido” do ser no pode ser investigndo “por los medios dela razsn’, sero abordado de modo mais subjetivo, pelo “‘carisma de una iluminacién” com o : qual se dotam misticos e religiosos (cf. Weber, 1992, p. 555). sujeito encon- z trae sempre subentendido no sentido da sua agi, pressuposto em nogies como a \dividuo” ou “agente”. De qualquer forma, eles6 pode ser considerado pelo 2 conhecimento racional como um ser que produz ages significativas, cujos mo- tivos ¢ efeitos sdo passiveis de reconstrugtio. Apenas buscando a reconstnu- < ¢fio interna’ do ‘porqué” da ‘motivacdo” & que a interpretagao ters‘por obje- La toum ser”, eniio apenas 0 acontecimento (cf. Weber, 1993, p.51).O homem sé ‘a tem valor a partir dos seus valores; alguns deles tio profundos que nfo podem te serracionalmente investigados. E claro que hé realidades extemas, sejam elas = naturais ou culturais; mas nao é a partir delas que se compreende o homem, 20 sim relacionando o sentido (subjetivo) das suas agdes com tas realidades,con- co siderando-se as condiges culturais como cadeias de ages significativas, por- ry tanto também alicergadas em motivagdes. Face &oposigao postulada por Knies entre “agao livre” e “ago natural”, Weber pontuou que : aaa a maioria das vewes nose percebe que a oposi- é do é outra, ou seja, a oposigao entre a ago huna- na que persegue um fim, por um lado, eas condigaes Z para esta acéo, isto é, 05 condicionamenios dados a pela natureza e pelas respectivas comes his- i iticas” (Weber, 1993, .33). / a dans rvada dé de"agto natural” porqu,paraefetos g Siew ta tendo um caréterpessoal” ouum 1 | Seeomreensio toda pio posed nim oadestoacondlon] é “livre arbftrio”. Uma afronta direta ao determin 40 perspectivismo. Oa 7 re edavia,ohomem livre” pan propa fina her ; tealizé-los, por conta exatamente da forga dos ig perineum etal 7 ‘onal das “condigdes” como meios permite um c doco tame racona’ Hs onsbdade) sempre limita. O significado ae usin de fickle ono wuerer”,e simim sentido tipificado. ; ee a pre as decorséncias das ag0es 65) 9 Aignorancia sobre as razées tiltimas € sobre ' * ponde pelo drama da existéncia. 4 Tomo Socal Nov Godel. Ur, 8, Mit CamScanner gescannt sen donaxweer TeMPDSOEAERSASocy yy SY By ssa caro pense dodo ot [NOBRE, Renard Freie, Raion! Paula 122 65-108, over de 200 i snsiva weberi; iologia comprect veberiana ey mia jetvamente sda ido sci per valorativo impregnado em gg as sim 0 car com que cada esfera de aon ®% e vada a UEingengere Atase subjeti ri sana consideragio do sen! penistencin dil io forays i formagaescuturais objetivadass 0 : Come ers 8 HB (SE ool” (ete Sa a i 10 | N . a uma Ere imo de irracionalidade ou calcu ealiberdade humana na Os processos efetivos (regul Soagirt Wee 1993 as passveis de um entendimeno : ‘ecionaliag to go [Erkldrung] depende de uma interpretaydo[Deung mas cujaexplens i [estén fundamento da existéncia, onde os), fo re ona azerem escolhas, que em sitima instanciasi a, mens: oA "Arbitrérias porque as vontades humana no obedece, homens no podem prever tadas as consequéncias dos Seus aos. Como px, Marx, o homem faza historia sem te 1 ciéncia das forgas em jogo. (0 peso da irracionalidade ~ somat6ria do “querer” coma ‘ig. nordncia” humanas ~ é que responde pelo caréter trégico da cultura. Pan, obter um conhecimento que contorne 0 arbitrério Weber edifica um méic. do voltado para investigagao do que se efetivou, onde o “querer” aparece racionalizado como a¢ao consciente ¢ a “ignorancia”, como célculo de conseqléncias, Daf o primado metodolégico da “agdo racional referentea fins”. Procedendo com clareza ¢ fidelidade As regras da experitncia,a ciéncia poderia fazer-nos mais conscientes e menos ignorantes sobreas- suntos pontuais (ef. Weber, 1982b, p. 178). Amodernidade ocidental : Noitem: anterior procurei demonstrar como o entendimento webe- Fiano da idéia da tragédia passa pela andlise da problemiética da racionalida, ‘que se fez principalmente através de considenacd, 6g In Consideragdes de ordem metodolégica E ocorreram, em vérios pontos, ot de vida em que, por assim dizer, ar: Pretendo aprofundar esse ponto da ‘acionalidade “faz hist6ria”. Neste it! discussio, partindo de duas hipsteses') |}, Para além de a partindo de duas hip modemidadeceidenal oo SU8G0eS 8S quais dedica suas ands? | mao paradigma raionafias 22 oe Weber o destino que he inspiraelest*_ | \ do homem ocidentgy et ®)SoMmente no cemedas experénciasmadens | “D aticalidade pela obj ene © M*Bicidade da vida id revelar-se em | Aprimeira hind sodesencantamento que as ‘acompanh. 4 um pensador modem nay se ir@Zoavelmente indicada acima, Were |S “> _bém porque neta se referee Pome eStUdoU a sua J, masta | hy Modernidade the qn "°10U para edifice Poe a A 7 todo seupengn 2 de imagem-rope gts 40 seu racionalist ‘ - Pensammento, Dela tanto ae oid ue se fez pan de il \ T=tiTOu tematicas quanto derivou pre Mit CamScanner gescannt AEE EPEC oe Rasatoe Pas #2 6108 nove do hd "0 Ur cesanaa Max % & PSHE Rid sca i sig@es. Endo seria forgado completarm a _modemidade ocidental fornece condigdeenean Palavras com aidéia de qu ( 0 racic i licas mais fa ci | (Hrenmcicrene nea iy ta(ouconforme expectativas) qualifica uma insiinen ne ij e burocracia, em especial), uma legaidadeodircto nena apis : Duma le (o moderno, em especial) ¢ le uma personalidade (atica da responsabilidads), Em todos en nee & | {agente erienta-seide modo cgnsequente}eomo lambém denne? 7 - O grau mais elevado das racionalizagdesculturais- auc ele wo niu como um “racionalismo de dom{nio do mundo” Instango : {bgicacognitiva mais formalizada eoocrerne lastreia o.uso de uma Aoconceber o modemo ocidente cor i ; : lente como demarcado racionalizagdo formais e instrumentai Por processos tle E imentais em esferasessenciais daexisénciae, 20 ‘mesmo tempo, postular que todo cientista soci ralparaclaboragao dos conceitos, Weber euclenns oe eee a cultural influenciavaa sua metodologiaoquantoarefenciacontental its ae de ciéncin Fara interigar realidad econhecimento, vale. sedo principio da “ago racional com relagao afins”, fazendo 17 feramentametodot6gica. Essacombinagiolevaauimslgiane “sartece |} onal éa mais compreensfvel; o mundo moderno é maisracionalizado; logo, 0 | mundomodernoé mais compreensivel” (Nobre, 1999, p. 105). Dentro de uma historicidade, as condutas préticas e 0 pensamento légico vem reforgar um mesmo racionalismo 0 racionalismo “conseqiiente” ou de “dominio do mun- do”, Alids, um arranjo bastante coerente com o sentimento maior jé expresso ‘por Weber de que um intelectual do seu tempo devia colocar-se altura da épo- a, o que se revela na forte intercessfo entre a imagem que o autor tinha do seu destino ocidental modemno e os meandros da sua escolha profissional. ‘Acima de tudo Weber quis ser fiel a sua época. Ele abracou acausa doracionalismo como estratégia metodol6gica e, de certa forma, como pres- ctigdo ética — destacando a exigéncia da responsabilidade ~ ao reconhecer 0 quanto os procedimentos racionais tornaram-se dominantes como cinciae | administragdo e, como tais, superiores. E foi visando um projeto maior de \efinigdo da significagao cultural da sua época que Weber cireunscreveu os seus estudos aos processos de racionalizagZ0* | Epreciso averiguar a relagdo que efetivamente Weber postulaentre racionalidade e modemidade. Ele qualificaa modemidade como endo, prortiria mas ndo exclusivamente, um contexto de experiéncias fortemente orientadas \,Potagées racionais baseadas em regras (aspect formal) ordenadoras dos jogos | 7 de interesses (aspecto instrumental). Estes dois aspectos estiio. are | modelo da “ago racional referent a fins”, como qual Weber conibre sentido tipico das condutas do homem ocidental smoderor ion cle ~p%pstatvas parauma ago conseiente. Eceto gh quest tratou de refletir sobre diferentes modos de socloual Ea Seis étaa inca forma de proceder em respeit 20 “plralismo Te eradas Asescolhasculturais’. Mas € igualmente coreto que a5 om tipicamente racionais a politica, aeconomit, co! Tempe Socal Rov Bodo. USP, 6 » Habermas j€ procurou enfatizar 0 papel nu- clear ~ as vezes com certo exagero - que a racionalidade formal- } instrumental ocupa na andlise weberiana da ‘modernidade, associ- ando tal predomfnio a fnoya imagem demun- | do e orientaglo de conduta fornecidas pelo protestantismo aseético (Habermas, 1987, p. 285-316). 95 Mit CamScanner gescannt 3, ponarde Fel. c yore © -Bssesestudos [sobre religio), postanto, nio pretendem set anflises completas de culturas, mesmo que reves. Pelo con- trio, eles procuram destacer proposita- damente em cada cultura aqueles as- pectos nos quais di- feria e difere da ci- Vilizacio ocidental Orientam-se, pois, definitvamente para 0 problemas que pa- ecem importantes para a compreensio da cultura ocidenta, deste ponto de vista (Weber, 1997, p. 12), ‘Assim como no tema. tiza a eultura, Weber também do o fez com 4 raconalizagdo, nem Seque para historcing. Ja como uma unidade de condutas. igaae 0 ewe edlonalae ro dO sr formagses soctats (stad buracrijey odirito) sto ropreseni ata ,odirelo mode) Co uncle y cad capital ormais instruments OH), decoy sen-soem pr aonal ferent fis 4 modelo da “ago ret enormes diferengas & om particular do prin, [A deste grander dad NTE HET jy Autonoma os, porque nels of agentes se Orentam piggy tpleamente ai racional das chances © cOnseqUuencias dn aividgy ye isc ci agentes manipulam mcios (normas, dinheiro, conceltos, ein) todas elas 0s lados, im todas elas melas generalizads jy, particulares. Ao “aspecto formal egry, tecnicamente adequados, com 0 que, Fixam regrasracionais; ao “aspecto instrumental” Bae pondeg iMleresse de maximizar resultados conforme o cdlculo di vossibilidades. Sobre a comp. hago entre regras¢ interesses, Weber considera que “Todo agir em sociedade é, naturalmente, a expres- dio de uma constelagdo de interesses dos participan- tes que se dirige a orientagdo do agir, quer se trate do agiralheio ou do agir proprio, de acordo comos seus proprios regulamentos e dle acordo com nenhum ‘outro regulamento e, por causa disso, percebe-se sem- pre a presenga das mais diversas constelagdes de interesses dos participantes” (Weber, 1995a, p.332). Uma efetiva tecnificagdo das organizagdes sociais 6 a base detodo © formalismo no mundo modemo’, o qual, por sua vez, envolve duastaracte risticas elementares: i) impessoalidade, que implica o controle da incidéncia de fatores pessoais e afetivos sobre os procedimentos através da refertacias meios mais neutros, abstratos ¢ regulares, adequados ds condutas ¢ reflexdes sine ira et studio; i) especializago, que implica a requisigao de um corpo sets emis eis scm ccbemancics pa menos cesses aos leigo? formalismose A x \gdlo de situagdes de interesses. Eo “agir emo" midade ocidental — produz-se como col com vistas ao cAlculo dos resulta hnaram-seestratégicos para objetivos ponde o raciocfnio conforme me! ciedade” —conduta tipica da moder tos impessoais e especificos, r Semo. [ao das relagoes [{eseamen te i m completamente aversas a uma significagl0™" aiden Mit CamScanner gescannt Legal, com o qual acentuou a essen apeamminnncaiee vida moderna” (Weber, 1997, py, de produsio, como num determinado ¢ entada por regras formais” (Weber, 199 A dominagio racional. camente apropriada a0 “racionali lista da racionai nalidade ‘a forca mais significatnn ee a bi a a dominagdo moderna carcteriea-se pea obedient fee impessoais, tem 0 prdprio “senhor lepal” p-42).Comoextremo oposin doce ns sobortnado (cf. Weber, 1991, daautoridade social. O Estado modemo, come ane fazese aributo porta mais a tradi¢o aristocritica, slo daburoeracia, nfo com- ___ Weber interessou-se, particularmente, pelo condicionamento das re- fre erenteaomodelo buroeritice. A burocracia, omo mode ecricamene superior de administracdo, estende os seus bragos até 0 poder politico, aeco- nomia de mercado e as instituiges sociais em geral. Em todas elas he regras legitimas, contratadas, orientando condutas racionalizadas, Diferentemente das legalidades extracotidiana (carisma) ou substantiva (ética), baseadas em apegos emocionais ou habituais, a legitimidade social moderna funda-se na obediéncia e observancia consciente de regras estatuidas, Contudo, a tematica weberiana do desencantamento nos leva para ‘uma outra faceta do “‘racionalismo de dominio do mundo” que nfo a da domi- na¢do racional-legal e a sua razao formalista. E a faceta do politefsmo dos valores. Com a racionalizagio das esferas de ago, descortinar-se-8, num s6 lance, o cardter miltiplo e agénico da vida cultural. Os ins\valores) mos- {ram-se diversos como também excludentes quando levados as suas uiltimas Conseqiiéncias, No aspecto formal)as esferas de ago tipicamente racionais harmonizam-se num tipo de dominagao; no aspecto substantivo, todas elas, racionais e “ndo racionais”, distanciam-se enquanto fins aut6nomos. E bom ressaltar que a radical separagio das esferass6 pode se refer aos ea restltimos, com isso, a tensio potencial entre as agbes ipicas nfo impede que seestabe , efetivas afinidades. . ee cial cconstituem-se esferas- religiosa, eco- ; Lae i ica — que, assim—quer de forma mica, politica, intelectual, erica artistica— que assin Sein! *xpressiva, valorativa ou formal’?-, ganham autonoma rspectivas, a0 nal daautonomia cultural faz-e como uma adicalizagio seve ee tnafirmarem fins que —uma vez: Se at conto a expectativa de Woemacrenga emum sentido dnico para a culuraver nt erenciame Umentendimento Idgico entre os diferentes fins. Os v raha miso Seestranham: 0 “verdadeiro” nio é mais 0 “certo” ¢ 0 "18 0 Socal Rov. Socok. USPS, * No por acato Weber recorre em suas obras A “méquina” sua “mecisiea” par met forizar aspectos da vida moderna, como © diteto (ef. Weber, 1999, p. 101), a bu: tocracia (ef, Weber, 1982¢, p. 249; 1995, B. 348) € 0 proprio modo de vida (cf. Weber, 1997, p. 131), A estas duas caracte- ristcas vincula-se 0 Brocesso histérico de ‘Concentra dos mei- 5 de producto e ad- ministragdo no fimbi to das principas or- ganizagSes sociais (a {brica, a empresa burocrtica, 0 exére- to, et), AS esferas do erstico € do anstic, embora pouco trbalhadss por ‘Weber, demonstram que 8 modernidade no apenas 0 aprisio- namento formal das agBes mas também a liberagio de iraciona- lidaes, sobremaneira 10 dmbito privado, * Embora aja impor. tantes acordos que iio se encontram for- rmalmente regulamen- {ados, mas que funci- fonam tacitamente com base em regras empfricas, como o caso da “troca de di- sero” (Weber, 195a, p. 332) 7 Mit CamScanner gescannt "Como iusagdes des. QUE Oracionalismo formal imo nee ‘st modaiades ae mico imprime a vida tem um carter mecénicoe prag” Facionalizago pode-se) f citar as esferas eréti- | a, intelectual e juri- | Cliente das for i oi reas Naturals ¢ ¢ Pale TG 70 revembro de 200. oan roma nunca é to radical quanto postula o modelo de ang, . Bailes fal moderidade do ocidentea distingdo entre as esferas deat” c 7 ee eircao aparecers como o sintoma cultural emp fico deum destino caracterizado por rocessos de ricionlizaSSes ined, uns aos outros. Acuradamente Cohn nos fears que fara reves 8Facion, lizago opera sobremancira no nfvel “interno” de canes ern NFO no niyg, “externo” das relagdes entre clas; por est timo é que podemos verify as afinidades c tensdes (cf. Weber, 1995b, p. 14). As autonomias so cop, quistadas via racionalizagdes especificas, com destaque Para aquelas que assumem tragos formas, Definindo aracionalizagio como “o process que confere significado a diferenciagio de linhas de ago, antes “mesclados indistintos”, Cohn verd o desencantamento como uma depuracio e separ. ¢i0 de significados (of. Weber, 1995b, p. 17). O desencantamento é oes. S, dodeespfrito do homem de alma “parcelada”. ; Parece-me que uma abordagem mais precisa da imagem webetiang do ocidente desencantado releva os dois vetores do fendmeno ja destacados-o politefsmo dos fins ¢ o formalismd racional. Isso porque os valores. Superio. ves sio desacreditados tanto'pela fragmentaco dos fins quanto pelo dominig de uma racionalizagdo de tipo formal em esferas estratégicas. Num caso, versificagao, no outro, regulamentagao dos fins; num caso, novos valores sig sublimados, no outro, a ingeréncia dos Valores é negada pelas regras; num caso, afirma-se 0 sem sentido da vida, no outro, afirma-se 0 sentido racional do dominio do mundo; num caso, vé-se o homem parcelado, no outro, oho- mem adaptado; num caso, afronta-se a metafisica, no outro, a ética, Emam. bos 0s casos, 0s valores supetiores foram expulsos, por perspectivas especti- case funcionais, espectivamente. Autonomizados, os valores se auto-sus- tem; formalizados, cles prescindem de qualquer justficagio ética. O dese. “>, Cantamento € a desilusdo quanto & unidade e & essencialidade da vida, Referido ao formalismo, pelo qual os fins tomam-se mais munda- me. manipuldveis,o desencantamento dos valores superiores € uma ruptu- lems. Fico on seta’ Os valores extramundanos sio recusados pelo calcul, |. 11£0 Ou pritico. Uma intensa matematizagdo vem selar 0 caréter formalista J. i da vida moderma, como atesta o uso generalizado — e aparentemente J “ty irrefredvel — de célculos estatisticos na Orientacdo ¢ justificagdo de agées. ty, apa es sree institucionais. Nas relagdes praticas e na investigagao cientifica, ocorea Ys, racionalizagao dos fins, que sfo feitos co Pot isso, eticamente incompreensivel A “possessi i po: © da cultura racional”&4 compulsio ao controle ot | ulturais, wi 7 “falta de mente. | sentido” da i + vate Poe em evidéncia a “falta \ Monee assim, da propria vida A ai io das agGes em varios Mit CamScanner gescannt a #h SE ‘= PSR SH. e Tome et ay i eee taco Ne ay 08 noe ae zou. Tudo que aciéneiaeo mere: onde os agentes operam com mi parafins préticos e calculaveis, Aoconferir racionalidade uma signi ' conheceu a sua superioridade eae edt te eeeitenics Wiese, pode-se aplicars racionalizagdes a nosio de desenvolvimerts ea. wee 10995a,p. 391). Aracionalidade €apresentada comoummode donno gods ges edos procedimentosparaumsonee eae os oe do luxo delas. Assim sio a burocracia eo direito modemo: provessos de > fermalizago das ages apicados aformagdessociais bastante diveraifeadas, como 0 Estado modero e 0 ‘mercado; sdo realidades desencantadas da: forga das emogdes ¢ dos valores que estereotipavam (mitico) e moralizavam __, (tmetafisica) as agdes humanas, substitufdas por constelagées de interesses conscientemente coordenados através de regras. A superioridade da racionalidade de tipo formal est em facultar um controle mais ‘eficaz das varidveis situacionais envoltas no agir humano. Sobre a relagio entre tultiplicidade e racionalidade, hd uma passagem expressiva: “Quanto mais numerosos ediversos, de acordo com as possibilidades constitutivas, sejam estes circulos em relagdo aos quais o individuo orienta racional- ‘mente a agéo, tanto mais avancada seré a ‘diferen- ciagdo social racional’, e quanto mais assume o ca- rdter de uma associagao, tanto maior seré a ‘orga- nizagdo social racional’” (Weber, 1995a, p. 339). Adicionando formalismo ao instrumentalismo dos interesses, ce nério hegeménico do modo de vida modemo é ode uma competigdo pacifica ceregulada. Quando Weber considera o homem como um agente mais consci- ente ele estd nos dizendo que o estar consciente € sobremaneira oestado de 4ueim se orienta pela racionalidade referida a fins. A politica ¢ a economia modemas, assim como outras reas, exigem uma postura consciente ¢ regular. Tndubitavelmente a mais famosa iustragdo do aspecto ético do de- sencantamentorefere-s ao estudo weberian dela enreprotestantio 5 £capitalismo, quando podemos verificar todas as variantes até aqui trabalha- 2 tescotnpetots rec eatisno de dominio do mun * sobre a problemética dos sentidos, Pelo estudo Weber procurou compreender o fatode os homens Teputados “bons”, os “ascetas mundanos”, “que aproveitaram com éxito as oportunidades divinas”, serem “o sGbrio self macle man da classe média”. Interessante como ele capta o resultado da afinidade eletiva entre religido ¢ Lae enero cl “xito” material, que pode, entio, Capitalismo: tingir de “bom” o homem de “éxito” mat ‘ado tocam € profanado, posto serem esferas 108 extremamente formalizados e voltados Vv de tragéia ‘Saurl0Peneamenis Max Web Tempo Si Re Sol USP. "Considero que forma- lism e éica se opsem {adicalmente do pri sma restito da sign ‘aglo formal dos con- celts, sem entrar aqui ‘0 mento se €possivel fu nio localizar, na andlise weberiana do ‘mundo modemo, ele- ‘mentos indicadores de “formalisms éticos’ ‘como 0s indicios, por cexemplo, de posturas estamentais dentro da ‘burocraciaracional Acredito que os espa ‘508 abertos para cul- tivo de experiéncias misticas e irracionais so de suma impor ‘Wacia para o ene ‘mento da cultura mo- ‘derma, mas escapa aos propésitos deste tex- to abordélos. Mit CamScanner gescannt ox ob Tompo Boal i By cnr aT / wosne erate re Racal 0 © RRR EF te nebo de rtavelmente um “eleit Surge 0 Upicg fy, wutocontrole ativo”, Quanta sentir-se mais confo a a ery ee eetadohewsinrel iosamente“vocacionado” com g tin io és, no sentido opostoda vel “arstocraci”eyay eaurspsientosos" ou se, 0“tscetismo mundano uma virtude ane seer inafeinalne ocabanjament, Fol maue ocaptalismo acy ‘alimentando-se de uma ética que Pregavaa conten, ie se no seu infcio: . prazeres (ef. Weber, 1997, p. 117). 2 Mas a ética da vocaglo aseética no propiciou apenas uy "" uma estrutura econdmica baseada, tipo de 7 ty hhomem; ela também “just , ‘ Macipe, BIA gl alizagio: “A Gnfase no significado aseético de uma vocasi0fixa pope, Whee ica pa divisto do trabalho” (Weber i ma justificagdo éica para a moderna div in >. II7), Ser vocacionadoé terumespiio“parcclad’ enquantoum yo alista”. A especializagio 6 a marca decisiva das relagdes econdmicas, SS nas. A novidad2 analtia trazida por Weber € valorizagio de um moj, ee tico na génese das relages do moderno capitalismo, Py Mas, entre os motivose as decorréncias...sabemos que dtcapm. | >) testante eo espirito do capitalism termina com palavras pungentes que nen ciam a decadéncia étcado “ascetismo mundano” frente & autonomizaso sia, gada da ica ccond mica captalisa, Osindividuos devem decidi-ecompe, pecialsta nfo mais porum “dever” mas por “pressio econdmica”.Asreacn con6micas racionalizadas nio precisam mais de uma justificago tiara impoem agora o seu dominio pr6prio. O caréter pritico da vocagao fae sobre ocariterético, o qual assume entio tragos fantasmagéricos”,ndo mais efetivos (ef, Weber, 1997p. 131). rigor, o trabalho nfo é mais uma vag, asuma condigdo, Do ponto de vista da ética tradicional isso é absolutaments “iracional’, porque é um tipo de vida “em que o homem existe em razio eset “ negécio, ao invés de se dar o contrévio” (Weber, 1997, p. 46)! O que viriaa ser denominado “eclipse darazio" é oadventodeum ss modo de jis descredenciacada vez mais os principios como guias da, lade das regras ¢ pelo oportunismo dos interes. ado serd uma das “vitimas” do processo de des- ‘midade da pré-modernidade capitalist. Essa pe tae lho cotidiano corresponde a uma das facets me arate damodemnidade ocidental, juntamente coma in sentido absolute associada ao “plitefsmo dos valor Contudo, se inegavelment Salis, eae. etl: dade modem; “melodia ¢ ‘ne 0 formalismo dao “tom” da sociab ie m © a0 “racion; zis Complexaerevela um subjetivismoinee™ a : minio do mundo” een através deuma enorme confab indo”. E que o dominio s6 s U , ida racionali = pale funcionament «ow Facionalizada e a ‘Confianga” em suas “regras" valorize. O apego aog nalidade depende vel de uma disposigao psiquica TECUISOS racionais é ecient “nota especificamente racion® Mit CamScanner gescannt Py Raclonatigade o | NOBRE, Renard Fore, at, 12285108, novambre do 209, 44 ano persaneio de Max Weber Tempo Sela Re Sco! USP 8 4 . a ° h face a0 “selvagem’ pe ablidade moceans "eber,1995,p . 347-348). Na visio at siglo. Hé efetivamente “condigdes” racionaig: eee as também dispo- ~ C acionais, egras que se impem como we ey (0 “racionalismo de domi > nio do mundo” exige, poi ri cna xige, pois, um esprit, Pod » gnacomaidéia de: desenvolvimento nose 2g vida". Ummodo de vida, para Weber, nuneaGescolhide cee ity iso.arigo ele 6 sem sentidacestiosobosigno dora eee PO ‘ langle tZo sob o signo do acaso, erguidos por vonta- a desqu lena consciéncia do que se encontra sob ealé; Ps no tém ocontrole do fluxo incessante das aga eS | mocontr is ages. Se os homens criam forgas Me | culturais 3s quais eles sio obrigados ase submeterem, ocardtercriativo d: iy tencia humana é vital no pensamento weberiano,tlver re salina | Diggins, “Ele [Weber] se preocupou com os individuos. esa con | Se , vistos por uma lente obscura’ (Diggins, 1999, p89). Como produtores de mo- vm | dos de vida significativos, os homens revelam a aleatoriedade de suas condutas: se, | __ offito de terem que conferir sentido as aes demonstra que no hi sentidos | extra-humanos. Ha, sim, uma dose de arbitrariedade tanto nos sentidos que ad- r quiremas agbes quanto no decurso destas. O que permaneoeincompreendido e q imprevisivel Weber chama de “sentido tiltimo” (cf. Weber, 1991, p. 404). Por be | azar ou sorte, a competi¢ao de interesses € a luta de idéias no podem ser plena- tis mente reguladas. A irracionalidade ronda o passado eo presente do racionalismo fo, modemo: como 0 destino nio intencionado e sem sentido que €. ate ‘Weber reforcou os limites do racional quando reconheceu, na con- a digo de cientista, que ele era obrigado a pressupor sentidos que nao podiam | ser sustentados logicamente (cf. Weber, 1982b, p. 171). Como significagées m so racionalizagGes, pode-se dizer que, qual o destino em relago a0 acaso, 0 io racional encontra-se sob o signo do irracional. AsracionalizagSes tém alcan- s < cese fundamentagdes que escapam & l6gica. Essa serd a condigio fundamen- | lal para que, no parecer weberiano, a cultura assuma um cardtertrigico. A <, tagédia weberiana nfo deixa de ser, pois, atragédia da propria racionalidade, > cujos avangos servem tanto para demarcar um sentido hegem6nico quanto a para descortinar a falta de sentido do curso da vida. A questio da ragédia s6 D se oma compreensivel pela problemitica dos sentidos. : 5 De aaineae racionalidadec o"tr§gicoSet- up seriade entre p Sobre a relagdo entre modernidade, <5 tido da vida”, Diggins é provocativo com a seguinte afirmagac en svaenn cpl 7 |“ mente, Weber via a sociedade como ee ee icocaido entendinnto webe- rf mento cada ve riano da relaglo ent paneer iy j voli" Diggins, 1999, p. 29-30). Ha“estruturas de oe a | retinas" e uma “confianga na tecnologia” que “Yornam ireleyanies” 30% aren Ticos ou ages de grandeza ética,restando politica, porser“‘intrinsecamen- —quéncia mais do que | tetrdgica’sdesmascarar a “ilusfo” do controle sobre © f b destino. Gosto de da intenglo. 101 Mit CamScanner gescannt pansamento de sa gp 9 sonaidade orageia cota ° NOBRE, Renard Freie. Rt auio, 12(2) 85-108, navembro de 2000. >) a“neutralidade”, 0 da pol ™ Diggins talvez tenha razio ao sugerir que “Weber véna poltica, © senso de luta entre © ideal nascido do es- Prto e 0 real produ- zido por estruturas materializadas pela mente racional dora, oconflito mesmo no seio do qual a tra- édia pera. seu renas- cimento” (Diggins, 1999, p. 113), : primeiro, 0 “r das nesse enfoque: Pt ”" comporta organizagdo e regularidade); sep," neutro( % ni Weber depositava as maiores esperanoasqg® Cionalisma gy la. algumas idéias minio do mundo’ c : Sentido formal, eticamet a P 1 ja qui 4 ra ae de vivenciarem orientagoes ais passions ideal des homens capi jagao entre o “edi” politico eopoltico repr f a i nai la, mas s¢ oe ul : x eon Ju por Weber aquela que ainda poderia nos forever grandes, ‘considerada por famente profana. Se odeménio da ciénciaay : fin * re elas, ua épocndefntivamente PTT, ee incomoda pensar 0s processos de raion Lio antes, opondo, pois, raion, Frees Pe osse como uma espécie de grande consenso| operaciong, raat damn de regras, eorias ¢tecnologias, 0 “racionalisnyg Gominio do mundo efeiva uma contengdo severa de Forgas que apy tempo alentavam as ages € 08 conflitos humanos: as emogdes eas tices. 4 tragédia pré-moderna estava associada & imprevisibilidade eincoernciy as: aque estariaassociada a tragédia moderna"? A meu ver, ndoapera : ‘Além dos fantasmas da imprevsiog da incoeréncia que ainda cercam os homens modernos, estes tém ainda que lidar com o problema da “falta de sentido”, Semelhante a Nietzsche, Weer associa a tragicidade da cultura moderna a questo do niilismo. Paraele,as racionalizagées sio as protagonistas da tragédia moderna porque fazem dt ciltura um mosaico de fins independentes, imponderdveis e inconciliéves,0 Paradoxo da racionalizagdo modema é que ela no pode resolver os mpasses ‘ue cria com os seus préprios meios (cf. Souza, 1997, p. 11-12). A despeito do quanto apaziguam os. ‘espiritos das diividas advindss das crengas miticas ou metafisicas, para tornar ‘as a¢des humanas mais coor- denadas; '€ previsiveis, asracionalizagdes modernas afirmam o “sem sentido” da vida pela diversificagio dos: Valores e dinamizagao das técnicas (forgados mmeios),colocando os grandes homens na Obrigagao de se posicionaremest dignificarem no interior de um mundo desencantado, Por ‘um lado} vidator 5 Paieae ee PoF outro; ela tornou-se mais banal, A existéncianio ee continuados Poe Ser “cansativa” Movida pelo feone civilizada” é a antitese da t i eae pemado Be A tradicZo (cf. Weber, 1982b, p. 166). As esferas Ho . Fenife ee? 208¢ afirmarem racionalmente fagm=* Ce . emieretees nce a ética na modemidade Ofato deavig Gatéter trégico. Nao sem oon nS aberta ds significagdes sustenta oS ngurasioracional expres ot SOmente quando as ages ganba U2 Vern &tonao seucartr feng v8 QUEa Vida cultural cc weet, ql? “Emde dele pode entio hemem oma 7 Mit CamScanner gescannt ae PRS STB, | RE, Renarde Fre. Racional No ida rgd co Paul, 122): 85-108, novembre de 200. 9 Cura no pensamento do ‘Mex Wier. Tempo Socal Rev. Sociol USP, 8. limites 1gicos da prépria agfo humana, Cay plenamente racionais,a vida teria de pela sua indefinigdo e provém das in Shomem singulariza hist6rias sem nunca Mesmonamodemidade racionalizada, “Vivemos como os antigos, dando havia sido, -desencan ménios, destino e certamente ndoa bre esses deusesesuas lutas” léncias, a racionaliday \consisténci: ‘Ser senhor absoluto do seu destino, \de esclarece sobre os ‘© as escolhas humanas fossem. a fe e& posto da mecfneacla éigica Atay tecnica pereita, Masa le da existéncia respon- ias nas ages com que 0 quando 0 seu mundo aine fe ntado de seus deuses ¢ ‘de- apenas vivemos num sentido diferente...O ‘ciéncia’ predomina so- " (Weber, 1982, p. 175). Naanélise weberiana da modemidadeocidental, o trgico relacio- na-se com 0 cardter perspectivista e agdnico d das racionalizagdes. A vida modema mostra ges de sentido, uma vez melhor significadas la vida realgado pela progressio se trigica porque as configura- (attonomizadas), apresentam- se indispostas entre sie apenas circunstancialmenteintegradas. O homem, no a razao, 6 a medid: la da tragédia da existéncia. A razio € mesmo a sua desmedida, se a considerarmos na sua significado mé- xima: 0 controle consciente das agdes. Inexiste, porém arazio pura, mas tio somente racionalidades que, por serem parciais elimitadas, expGem 0 quanto carregam de desrazdio. O que hé de singular —e irdnico—nos tempos moder- rosé que a tragédia apareceré nos “bastidores” da razio como uma espécie de demincia que esta faz de si mesma. E 0 caréter desrazoado ndo vaza como autocritica, mas como tragédia, como o que nao é dado a “prova”. Se até aqui procurei mostrar como o exame weberiano do racionalismo formal e das racionalizagGes culturais ¢ fecundo para caracteri- ~ zarmos a tragicidade da vida, a experiénci implica, contudo, uma cognigao mas, sim, w ais intima dessa condigo ni ma ética. Embora a discussio ite éi indi abordagem mais extrapole os propésitos deste texto, é imprescindivel numa: ‘completa do tema da tragédia em Weber. Por isso, algumas palavras sobre cla. Asracionalizagdes colocam para o homem uma problematic ética sin- gular: ele estard sempre diante da alternativa | ago ou por algum “valor intrinseco” a ela Cf. Weber, 1992, tensdo inerente as ages racionais reforga aidéia da rac nénimo de estranhamento ¢ néo s6 de acomodagiio, de orientar-se pelo “éxito” da p.542).Ea jonalizago como si © que caracteriza a modemnidade como trégica e ordindria, a um s6 tempo. Face ao desafio dos homens em. ‘4ética também € levada a se racionalizar, Ac da razio, que fragmenta o espfrito humano em: Tinea ética é individualizada e ganha a conot: de uma tomada de posigaio mais consciente sot . i ck itdria, : > Noocidente tradicional a ética era sm questi ica principal passa do mais as crengas ~ que 0s individuos {or de uma convicedo. Nos tempos se referir aos compromissos ~ € 7 idarem com os “poderes da razio”, ompanhando as diferenciagdes distintas “legalidades”, aexpe- ago de uma responsabilidad, reas condigdes das escolhas. baseada em crengas, tendo.o Mit CamScanner gescannt NOBRE, lear oe, Racal 0 cic modo Max WODeT YEMPY owen, me. , ural no pensar we . pee = 2 dade. a, 12(2) 85-108, noverbo Soc ~ ir do grau de esclareciment fis Oat dade no pode “ as vivencias, we vem através das s8 VEN ia do pelesrecrosdaazio oF wma maior reflexividade, Umbomen ‘ E No “consciéneia espiritual > el éaquele cla Or ron icc do mundo”. Diggins: 1999.0. 230) = realidad per fo enfaticoem distingtir gg wcnerspi-, do plano to, sem deste expusa,con a ee clonalizagbes histrieas€0“racionalismo de domi racinalidade i esafo tico em diresto A idSia de uma persona rane cls consegtient quanto a0s SeUS aS. As fora ue liberaramg, Tamers para o dominio do mundo requerem vrtudes Profanas A req, icidade & experiencia tragica, Vj fs ane sed aestedesaio con a conrecia emsuasescoiie’ serio os pone ae otamentoapontodeengrandecerem ossentdospes fs suportaremo dsencantmentoapontodeengrandeceem se i I ‘mundo “humano, demasiado humano”. M0 mais de. ‘i purado do ocdentepotencializaos homens para darem um passofreneny if naar *quimérico auto-engano” ou “passividade” inconseqiente, mas y p isso depended capacidade dos homens aealentarem suas caussafien desse esclarecimento. Como nunca, a experiéncia ética tem que lidarcomg; >” recursos da razdo. Talvez este seja o grande trunfo deste tiltimo. o A tensio entre as éicas da responsabilidade e da conviogioten J como a op¢:io preferencial de Weber pela primeira sdo claramente expresss a emrelagio ao campo da politica. Embora nas paginas finais da conferéncia si “Apolitca como vocagio” Weber tenha dito que o politico “genuino” éuma il combinacio das dus étcas (cf. Weber, 1982a,p. 151), €inegivelaénfaseno vi imperative daresponsabilidade.O problema maior esténofato que aque sy {que se prope uma “étca dos fins kimos no pode resitir sob airracionaliade neutra, apenas faz. uma opedo pela andlise l6gica das agbes, através da substi- iuigo de “jufzos” por “idéias” de valor. Enquanto derivado dem NTT isso ético, oprinefpio da neutralidade axiol6gica nfo se enconir! egret” garantido. Servindo ao “auto-esclarecimento econhecimento de ne in ae +5 relacionados”, o cientista segue uma “vocaga0” destituda SB neuen Vigente em tempos ndio muito distantes. As ee ae Sis upe: as com uma viglnci coast dng a cient, Weber soais na investigagdo. Ao justifiear com modéstia 8 tanto servia ao racionalismoquantoodesmistifieavas a tora a Tndependentemente do modo.comose esto sc ornate singulardade étiea da experiencia trégica mum mundo 250 Mit CamScanner gescannt —— i yd Ma Webs TMP SHE Rr So acura no pensamen f NOBRE,Fenarde Foe. Racinaldade oag6 {Pau 285108, novembre de 2000 econsciéncia, qual individualidade e conscigneis, quatidage jana deuma personaidade responsig © da vida pica, as relages comin, iadas. O puritanismo ja hay. 8 rotinas racionais € 0 grau de indi iaterora na wc aexpulso dos valores sperioresd si > fundadas em sere Lae jndividualizararelago com atranscena tum golpe na i i raldade passou a fixar-se no mundo, negavame 8 ‘ages, cuja sacralidade pass A ant ae ae mmunitiri e fraterno. A medida que se impe a supremacia Prat sa mundanos sobre os interesses de Salvago, aresponsabilidadeg, individuo inclina-se para uma. relagdo com forgas uparriomanasy 0 m ico weberan herd olga asetico do puritanismo, conferindo-the og. i lo anti-religioso radical. eee a erecta raion 6desafiado a.m evolve solitérioereffexivo com as condigdes de vida, ciente das suas implcassesy ago. Mas, para que ele assuma eticamente a tragicidade da vida, én adicionar vntade as expefiéncias. Nao hé responsabilidade sem intencionaide a étca da responsabilidade requer um querer consciente, uma paixioo et, uma conviegdo mais auto-referida S6assimum homem écapaz de devise Postura mediana, superficial, imediata e resignada que o formalism ca ragmatismo da vidaconvidam, Weber inha uma visto elitizada,Naatdesg, desencantamento, pouos tm a ousadia de imprimir sua Vontade nas ges aye to de fazerem escolhas para além de se: -adaptarem. Uma personalidad Se integr, no pelas condigdes dada, e sim pelos compromissos assumidos. final, porque Weber enobrecia © homem que, ciente das suai em que esté envolvido, era capaz de viver suas ages como ‘escolhas? Porque Somente assim ele, atendendo as “exigéncias do momento”, seiacapazde nis > {ato as “itimas conseqiéncias”, portando-se responsavelmente diante dls, Somenteassim confer dgnidade,profundidade ecriticidade 2s sus expen Ancias. Weber disse que, se formos competentes em nossa enpresa yo Inos forearindividuo, ou pelo menos podemos ajudé-lo, aprestarastnes 119) eae significado timo de sua propria conduta’ (Weber, 1980p 79). Embora seja uma recomendago aos intelectuais, a mensagem faz.tefetn- ois 0 desafiode qualquer homem modemo: reconhecer-seem suas ensolin, oom wm sentie particular 29 que faz, pois s6 um espirito esclarecido, “cadca dodo reeoMeildves entre os valores, écapaz de merguara sees deduces timasem vitude das quaisaalma, escolhe o seu destino Ohne tm homem diante das suas agées est longed "s elas. Naverdade, o homem deve compromeiets# * até onde a sua consciéne! pode vislumbré- Mit CamScanner gescannt , Prada Fe. Raconadad agha, Ci ee ao novo a ‘lr parsanco de Max Wetec Tengo Soc es Sect. USF, 8 mo seresdestinados elimitados dante de

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