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CAPÍTULO 9 - DA ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA

DAS NORMAS JURÍDICAS EM GERAL

Alguns autores, influenciados por Kelsen, começaram a dizer que a norma jurídica é sempre
redutível a um juízo ou proposição hipotética, na qual tem-se um fato e uma consequência (Se F é,
deve ser C). Entretanto, essa estrutura lógica não é válida para todas as normas, pois existem
normas que nada tem a ver com consequências. Portanto de uma forma geral, a norma jurídica é
uma estrutura proposicional enunciativa de uma forma de organização ou de conduta, que deve ser
seguida de maneira objetiva e obrigatória.

TIPOS PRIMORDIAIS DE NORMA

- A primeira distinção feita é entre normas de organização e normas de conduta. As normas


de organização são aquelas que possuem caráter instrumental e regem o funcionamento e
estrutura dos órgãos, enquanto as normas de conduta regem as ações humanas
propriamente ditas. Sendo as de conduta chamadas de primárias e as de organização,
chamadas de secundária. Norberto Bobbio discorda dessa nomenclatura, uma vez que traz a
ideia de precedência no tempo (cronológica) e preferência de ordem valorativa (axiológica),
por isso prefere usar o termo primeiro e segundo graus.
- Na visão de Kelsen, as primarias eram aquelas que enunciavam sanção, e as secundárias
eram aquelas que fixavam o que deve ou não ser feito.
- Herbert Hart afirma que as primarias se distinguem por se referirem à ação ou criarem uma
obrigação, enquanto as secundarias abrangem três tipos de normas:

De reconhecimento: identificar as normas primarias, possibilitando verificar sua validade.

De modificação: transformação das normas primárias

De julgamento: disciplinam a aplicação das normas primarias.

- Mas essas três normas não representam, se não para Reali, modalidades das normas de
organização.
- O essencial é reconhecer que as normas jurídicas são modelos dinâmicos que se implicam e
se correlacionam, dispondo-se num sistema, no qual umas são subordinantes e outras
subordinadas, umas primarias e ouras secundarias, umas principais e outras subsidiarias ou
complementares.

ESTRUTURA DAS REGRAS JURÍDICAS DE CONDULTA

- Regras de conduta são aquelas que tem como destinatários os indivíduos e se estruturam
segundo o esquema: Se F é, C deve ser.
- O Legislador, ao formular uma norma, prefigura a ocorrência de um fato-tipo (uma classe ou
serie de situações de fato) - Se F é... - E liga a essa classe ou espécie de fato uma dada
consequência, também predeterminada, com as características de objetividade e
obrigatoriedade- ...C deve ser. Portanto a norma de conduta tem a estrutura de um juízo
hipotético, uma vez que abre espaço para o cumprimento ou não de uma determinada
norma- Se não C, SP deve ser (SP= sanção punitiva).

ESTRUTURA TRIVALENTE DA NORMA JURÍDICA

A proposição hipotética é inseparável da base fática e de seus objetivos axiológicos: fato, valor e
forma logica, dando a estrutura lógico-fático-axiológica da norma de direito. Enquanto os adeptos ao
formalismo jurídico dizem que a norma se reduz a proposição de logica (Lógica jurídica analítica),
para Reali, a norma é “o momento de integração de uma classe de fatos segundo uma ordem de
valores” (Lógica jurídica dialética).

Níveis de entendimento acerca do que venha a ser norma de conduta

a) Nível da norma como formulada pela ciência do direito- propósito hipotético

b) Nível da norma como formulada pelo legislador

c) Nível da norma como formulada pelo senso comum.

CAPÍTULO 10 - DA VALIDADE DA NORMA JURÍDICA

DA VALIDADE FORMAL OU VIGÊNCIA

- A validade de uma norma de direito pode ser vista de três aspectos distintos:

Da validade formal ou técnico-jurídica (vigência)

⦁ É uma propriedade que diz respeito à competência dos órgãos e aos processos de produção e
reconhecimento do Direito no plano normativo.

⦁ Para a norma ser válida, ela deve ser estabelecida por órgão competente (Poder Legislativo,
com a sanção do Chefe do executivo).

⦁ A Carta Magna fixa os poderes dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios.

⦁ O Estado goza do poder de “auto constituição”, ou seja, ele elabora sua própria constituição,
muito embora dentro dos limites traçados pela Carta Magna.

⦁ Vigência ou validade formal é a executoriedade compulsória de uma regra de direito, por haver
preenchido os requisitos essenciais à sua feitura ou elaboração.
⦁ São os requisitos: Legitimidade subjetiva-diz respeito ao órgão em si; legitimidade quanto à
matéria sobre que a legislação versa e legitimidade do procedimento.

⦁ OBS: o órgão deve ser competente e deve ter competência para agir dentro dos limites do seu
poder (ratione materiae). E cabe ao interessado suscitar o problema do reconhecimento da validade
da lei.

DA VALIDADE SOCIAL (EFICÁCIA OU EFETIVIDADE)

⦁ A eficácia diz respeito ao cumprimento efetivo do Direito por parte de uma sociedade, ao
“reconhecimento” do Direito pela comunidade, no plano social.

⦁ Há Leis que chocam com a tradição de um povo e que não correspondem aos seus valores
primordiais. Isto não obstante, valem, isto é, vigem. Quando isso ocorre, as regras funcionam como
compulsórias, possuindo, dessa forma, validade formal, mas não eficácia espontânea no seio da
comunidade. Entretanto, os tribunais continuam seguindo as regras, ao menos que comprove que lei
invocada caiu em desuso.

⦁ Há também, regras costumeiras, que são aquelas que primeiro adquirem eficácia socialmente,
e depois é reconhecida pela validade formal.

DA REALIDADE ÉTICA (FUNDAMENTO)

⦁ O fundamento é o valor ou fim objetivado pela regra de direito.

⦁ Estrutura tridimensional do direito: vigência=norma; eficácia=fato e fundamento=valor.

•Validade diz respeito a qualidade de uma norma cuja produção se fez de acordo com a
competência de um determinado órgão para tratar daquela matéria e segundo um determinado
procedimento previsto em lei.

•Existência da norma: -Formal Validade(vigor)

Vigência

-Social- eficácia social

-Ética- fundamento(valor)

OBS: eficácia jurídica é a aptidão da norma para produção de efeito. Vigência=45 para entrar em
vigor (Art 2,caput da LINDB)- Vigência é a qualidade da norma que diz respeito ao tempo que ela
atua.

CAPÍTULO 11- CLASSIFICAÇÃO DAS REGRAS JURÍDICAS

- Quanto ao território:
1- Regras Jurídicas de Direito Interno
o A validade se reporta ao Estado;
o Podem ser distinguidas em regras federais (União), estaduais (Estados) e municipais
(Municípios);
o Há uma hierarquia de normas que deve ser obedecida, mas ela é apenas em termos
teóricos, na prática esse escalonamento somente prevalece quando houver possibilidade de
concorrência entre as diferentes esferas de ação.
o Conceito de “Normas constitucionais”: estão expressas no texto da constituição mesma, mas
também aquelas que decorrem desses textos por força intrínseca, como princípios implícitos
de estruturação da instituição estatal.

2- Regras Jurídicas de Direito Externo


o Para terem eficácia no território nacional, dependem da soberania do Estado Brasileiro,
podendo ou não coincidir com o nosso ordenamento.

- Quanto às fontes de direito:


1- Normas legais
o É a expressão de um dever ser de organização ou de conduta, pode ela resultar de distintos
processos, como o legislativo, o jurisdicional, o costumeiro e o negocial.

2- Consuetudinárias
o São baseados nos costumes e práticas da sociedade;
o Só pode ser concebido a norma consuetudinária que se acorde com a lei ou que a complete,
sendo inadmissíveis as contra legem.
o Há a possível revogação das normas legais pelo desuso.

3- Jurisprudenciais
o Jurisprudência é o conjunto de decisões de vários juízes

4- Doutrinarias/científicas

Doutrina não é considerado por Reale como uma fonte do Direito, uma vez que é mais teórico, se
tratando de textos de autores e juristas, e não textos aplicáveis as realidades fáticas dos
acontecimentos sociais.

5- Regras negociais
o São os contratos, no qual os contratantes são livres para estabelecer as normas que vão
reger os princípios de reciprocidade e relação entre os contratantes e os contratados.
o É importante ressaltar que devem obedecer a uma lei, que apenas delimita, de forma
branda, os limites que o contrato não pode ultrapassar, além de ele também responder aos
termos constitucionais.
- Quanto a Equidade e tipos de justiça:
1- Para Aristóteles a equidade é a justiça do caso concreto, enquanto adaptada, “ajustada” à
particularidade de cada fato ocorrente. E a justiça é a medida abstrata, suscetível de
aplicação a todas as hipóteses a que se refere, a equidade já é a justiça no seu dinâmico
ajustamento ao caso.
2- Equidade é a “régua de Lesbos”, pois é flexível, que não mede apenas aquilo que é normal,
mas, também, as variações e curvaturas inevitáveis de experiencia humana.
3- Justiça comutativa: obedece à igualdade ou proporção própria das trocas nos escambos
mercantis, por exemplo, você transfere um objeto e recebe o preço que ele vale.
4- Justiça Social: direitos e deveres dos homens para com a coletividade.
5- Justiça distributiva: ela tem o caráter de proporção geométrica, pois o Estado não dá a todos
igualmente, como nas trocas, mas dá a cada um segundo o seu mérito.

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