Você está na página 1de 5

PRODUÇÃO TEÓRICA EM ECONOMIA REGIONAL: UMA PROPOSTA DE

SISTEMATIZAÇÃO
Eline Dos Santos
Emerson Gonçalves

I. Introdução

O trabalho de Doutorado de Luiz Ricardo Mattos Teixeira Cavalcante se


trata de uma proposta de sistematização da produção teórica em economia
regional em economia regional e entre outras áreas.

da estruturação (anos 70), interrupção (anos 80) e retomada (anos 2000)


das políticas públicas no eixo Goiânia – Anápolis – Brasília, as principais
cidades dentro do território do Estado de Goiás. O trabalho se propõe, ao
evidenciar a estruturação da região, enfatizar o papel das políticas públicas
implementadas ao longo de sua existência. Através de uma análise teórica, o
autor faz um acompanhamento das novas políticas públicas.

Ao longo de três capítulos, Haddad faz um recorte teórico capaz de


explicar o dinamismo ocorrido na região, aborda o planejamento regional e os
principais problemas apresentados e, por fim, no terceiro capítulo, constata-se
que houve uma interrupção lenta no plano de desenvolvimento estatal para o
Eixo e que somente na atualidade (o trabalho é de 2011) está havendo uma
retomada do planejamento federal.

Por fim, na conclusão, ele alinha as propostas do PAC e considera o


projeto necessário para assegurar a dinâmica socioeconômica do Eixo Goiânia
- Anápolis – Brasília.

II. Desenvolvimento
Antes de tudo, a dissertação nos apresenta o conceito de Região. Ao
mesclar denominações da Geografia, da História e de estudiosos do tema,
conclui-se que

“tanto na Geografia como na Economia, existe uma polêmica acerca do


conceito de região e de uma proposta de viabilização para o
desenvolvimento econômico. O certo mesmo é considerar que para a
maioria dos geógrafos, assim como economistas e sociólogos, estas
definições não possuem conceitos exclusivos e definitivos. Eles são
dinâmicos e dificilmente poderá haver consenso para um conceito único no
que se refere ao paradigma de região.” (HADDAD, 2011, p. 18)

O segundo conceito a ser esclarecido pelo mestrando é o de


Desenvolvimento Regional, o qual não existe uma definição universalmente
aceita sobre.

“Em geral, desenvolvimento econômico deve ser abordado como um


processo de enriquecimento não somente dos países, mas também de sua
população, ou seja, na acumulação de ativos individuais ou públicos, e
também de um crescimento da produção nacional e pela remuneração
recebida pelos que participam da atividade econômica.” (HADDAD, 2011, p.
19)

É importante frisar também que o tema do Desenvolvimento tomou


destaque no Século XX, embora seja uma preocupação antiga das nações,
porém “o objetivo primordial consistia em aumentar o poder econômico e militar
do soberano e não, necessariamente, melhorar as condições de vida do
conjunto da população” (Souza, 1995, p. 13).

Uma vez definidos estes conceitos, o trabalho segue para as Teorias


Clássicas de Localização e Teorias de Desenvolvimento Regional com ênfase
nos fatores de aglomeração. Basicamente, tais modelos procuram determinar o
ponto de maximização da renda da terra em diferentes localizações em
condições de mercado em consideração aos custos de transportes, bem como
as consequências decorrentes da aglomeração industrial.

Em seguida, os significados destrinchados acima se voltam para a


realidade brasileira, onde a questão regional começou a ser discutida nos anos
50, durante o governo de Juscelino Kubitschek.
“Para um país com dimensões continentais como o Brasil, são muitos os
desafios para a compreensão do regionalismo econômico. No mundo, as
mudanças vêm ocorrendo muito rapidamente, a economia está cada vez
mais globalizada. Por tais fatores fica difícil especificar cada região. As
regras acabam sendo ditadas, geralmente por empresas multinacionais, que
submetem as economias locais a um processo crescente de abertura
comercial, obrigando-as a reestruturar seus parques industriais.” (HADDAD,
2011, p. 34)

Apesar da dificuldade, Brasil é um dos melhores exemplos que existem no


mundo de um país que conseguiu construir um processo cheio de êxitos em
seu desenvolvimento industrial, onde, na década de 1980, chegou a ser a 8ª
economia mundial, devido à forte base industrial localizada na região Sudeste.
Contudo, com aumento da industrialização nas cidades e o atraso que
continuava na agricultura na zona rural, a população foi deixando o campo e
passou a lotar as cidades, supervalorizando a urbanização e a industrialização.
Esta é uma herança, da qual o país ainda não está livre e paga altos preços
por isto.

Desta forma, não seria diferente no Eixo estudado: o surgimento das


cidades de Anápolis (1907), Goiânia (1933) e Brasília (1960), embora
relativamente próximas, deu-se sob circunstâncias diferenciadas no espaço e
no tempo.

Anápolis foi, desde seu surgimento, um ponto logístico que atrai a


instalação de vários empreendimentos no seu território. A cidade, atualmente, é
considerada como uma das mais importantes para investimentos, da Região
Centro-Oeste.

Goiânia, criada para ser a nova capital do Estado de Goiás, foi planejada
para abrigar 50 mil habitantes. Sua população não apresentava sinais
relevantes de que cresceria de forma considerável, que levasse a grandes
preocupações quanto à elaboração de propostas de políticas públicas. Porém,
em 2010 já possuía mais de 1.200.000 pessoas.

Brasília, assim como Goiânia, foi uma cidade planejada – para ser capital
do Brasil. Apesar de não ter pretensão de se tornar metrópole, acredita-se que,
ao trazer Brasília para o interior do país, a intenção era alavancar o
desenvolvimento e povoar a grande área livre do Planalto Central Brasileiro.
“No que tange especialmente ao Planalto Central brasileiro, as iniciativas
dos
governantes federais, podem ser sintetizados na melhoria do transporte e
na
infraestrutura. Ainda pela construção de Goiânia e nos anos 70, Goiás foi
também contemplado pelo I PND (1970 a 1974) e pelo II PND (1975 a
1979). Brasília é um caso à parte. Considerada a meta síntese do Plano de
Metas do Governo JK, a cidade expandiu nas décadas seguintes em razão
da forte migração, criando entornos, dentro e fora do Distrito Federal. Todo
esse planejamento contribuiu para a formação de um eixo (...)” (HADDAD,
2011, p. 62)

Assim, no planejamento federal, foi atribuída à Região Centro-Oeste a


função de produzir alimentos e matérias primas integradas às atividades
industriais, voltadas para o consumo interno e também para a exportação. Na
tentativa de acelerar o desenvolvimento do Centro-Oeste, em 1967, durante o
Governo Costa e Silva, foi criada a Superintendência do Desenvolvimento do
Centro-Oeste – Sudeco – órgão responsável por planejar e gerir as políticas a
serem implantadas na região. A intenção era elevar o PIB local de 3,7% para
5% do PIB nacional.

Contudo, na década de 80, durante a transição do regime militar ao


regime civil no Brasil, houve uma profunda deterioração econômica e social do
país:

“Os anos posteriores à derrocada do regime militar foram marcados por


forte
desmonte e interrupção do planejamento público. O que se viu no Brasil, foi
cada vez mais, a ausência do Governo Federal em determinados setores,
principalmente em ações do estado nas questões estruturais.
Coincidentemente com a abertura econômica e o processo de globalização,
alguns autores denunciaram que a nação brasileira estava fragmentando-
se.” (HADDAD, 2011, p. 76)

A crise não deixou espaço para retomada do planejamento do Estado. O


tradicional modelo de desenvolvimento nacional estava esgotado e não se
conseguia gerar um novo. Assim se deu a interrupção das políticas públicas.

Após isso, o país viveu um processo de neoliberalização (redução do


Estado na economia) e instabilidade monetária. Após o governo de Fernando
Henrique Cardoso, que conseguiu controlar a inflação com o Plano Real, a
estabilidade devolvida tornou possível retornar os olhos para o
desenvolvimento do Eixo.
Foram criadas os ENIDs: Eixos Nacionais de Integração e
Desenvolvimento, cujos objetivos eram propiciar o desenvolvimento social e
econômico, a integração nacional e internacional, o aumento da
competitividade, reduzindo as desigualdades econômicas e sociais. Dentro do
Centro-Oeste, foram planejados dois eixos: Oeste e Araguaia-Tocantins. No
entanto, o previsto neste planejamento, não se concretizou, trazendo de volta o
foco para o Eixo Goiânia – Anápolis – Brasília.

“As cidades de Goiânia, Anápolis e Brasília mantêm um giro sincronizado. A


partir de políticas públicas implementadas pelo Governo Federal, adquiriram
conjuntamente, velocidade, porém sem controle, das políticas públicas de
sua
criação, posto que não tiveram continuidade. Atualmente o setor público
almeja interferir com maior potência na busca de crescimento econômico e
de maiores ganhos sociais. Em outros termos, tenta novamente impulsionar
o Eixo, através do PAC, que será abordado no próximo tópico. Por esta
razão, a analogia de Eixo tem sentido para análise desse território.”
(HADDAD, 2011, p. 101).

III. Conclusão

O Objetivo da dissertação era mostra que as políticas públicas são


imprescindíveis para o dinamismo socioeconômico do Planalto Central
brasileiro e a tese foi comprovada com sucesso. Ainda, mostrou que a
retomada do planejamento federal com o PAC é necessária e importante para
a implantação da infraestrutura, o que possibilitará o desenvolvimento do Eixo.

IV. Referências Bibliográficas

HADDAD, Marcos B. Eixo Goiânia – Anápolis – Brasília: Estruturação,


interrupção e retomada das políticas públicas. 2011. Tese (Mestrado) - Curso de
Ciências Econômicas, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2011.

Você também pode gostar