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Agrupamento De Escolas Dr.

Ginestal Machado
Disciplina: História A
Professora: Cristina Nunes
Turma: 11ºJ

A implantação do Liberalismo em Portugal

Trabalho realizado por:


Ana Souza nº3, Madalena André nº12, Mariana Feliciano nº16,
Escola Dr. Ginestal Machado A implantação do Liberalismo em Portugal História A, 11º Ano

Índice

4.1 Antecedentes e conjuntura ......................................................................................................... 3


4.1 A revolução de 1820.................................................................................................................... 5
4.1 As dificuldades de implantação da ordem liberal ....................................................................... 6
4.2.2 Precariedade da legislação vintista de caráter socioeconómico ............................................... 8
4.2.3 A desagregação do império Atlântico ...................................................................................... 9
4.2.4 Constituição de 1822 e a Carta Constitucional de 1826 .......................................................... 10
Carta Constitucional de 1826: ..................................................................................................... 11
4.3 O novo ordenamento político e socioeconómico (1834-1851) .................................................. 12
4.3.1. A importância da legislação de Mouzinho da Silveira ........................................................... 12
4.3.2. A importância dos projetos setembristas e cabralistas ......................................................... 13
Conclusão ....................................................................................................................................... 17
Reflexões Autocríticas .................................................................................................................... 18
Bibliografia ..................................................................................................................................... 19

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4.1 Antecedentes e conjuntura


No início do século XIX, Portugal encontrava-se no meio das duas
maiores potencias da Europa: França e a Inglaterra, cuja rivalidade veio
a piorar quando Napoleão Bonaparte como forma de derrotar a
Inglaterra decretou a 21 de novembro de 1806, o Bloqueio Continental
que decretava que todos os países do continente europeu fechassem
os seus portos de comercio e navegação britânicos, para obter a
capitulação da potência rival, pela via do isolamento económico. Porém, Portugal tinha uma aliança
com a Inglaterra, então ele procurou manter uma situação de neutralidade nesse conflito, o que se
tornou progressivamente insustentável, em consequência da forte pressão exercida pelos franceses
para que Portugal cortasse relações com a Inglaterra. Mediante a hesitação de Portugal a pressão
dos franceses, Napoleão Bonaparte, ordenou a invasão do reino de Portugal que ocorreu entre 1807
e 1811, em três invasões.

A primeira invasão foi comandada pelo General Junot que chegou a Lisboa
a 30 de novembro de 1807. A família real prevendo a invasão Francesa e
visando proteger a realeza e soberania nacional partiram para o Brasil,
transferindo a sede da monarquia para a sua colônia da América do Sul.
No reino ficava um conselho de regência, presidido pelo marques de
Abrantes, que permaneceu em funções entre 30 de novembro de 1807 e 1
de fevereiro de 1808, quando foi extinto por Junot ao assumir a liderança
do conselho do Governo. Napoleão decretou a extinção da Casa Real de
Bragança, pelo que os atos públicos passavam a ser assinados em nome da sua majestade o
imperador dos franceses. Foi decidido que parte do exército português fosse incorporado no
exército francês a fim de evitar revoltas, e um pesado imposto foi imposto ao reino, o que gerou
profundo descontentamento. Neste contexto, em resposta ao avanço francês, a Inglaterra, que
pretendia assegurar uma posição estratégica no Atlântico, e defender os seus interesses comerciais,
ocupou a ilha da Madeira, entre 1807 e 1814. No mesmo ano, 1807, a Inglaterra decidiu ajudar
Portugal na luta contra as tropas francesas. Assim, Sir Arthur Wellington, futuro Duque de
Wellington, desembarcou no reino do contingente inglês que, com algumas tropas portuguesas,
enfrentou os franceses derrotados nas batalhas de Roliça e Vimeiro. Depois de Derrotados, os
franceses foram obrigados a deixar Portugal, após a assinatura da paz, pela Convenção de Sintra, em
1808. Consequentemente, o Conselho de Regência retomou as suas funções, deixando a organização
da defesa contra um possível ataque francês sob o comando do General inglês William Beresford
(1768-1854).

Em fevereiro de 1809, iniciou-se a segunda invasão francesa, liderada


pelo marechal Soult. A população em fuga tentou atravessar o Douro
em direção a Gaia, utilizando a antiga Ponte das Barcas, que, segundo
alguns historiadores, cedeu devido ao excesso de peso, causando a
morte de muitos habitantes, num evento que ficou conhecido como
Desastre da Ponte das Barcas. Mas em maio, as tropas luso-inglesas
forçaram a retirada das tropas francesas. Em consequência desta
invasão, entre 10 e 11 de setembro de 1810, por iniciativa do comando inglês, foram detidas várias
personalidades que defendiam os ideais da Revolução Francesa, ligadas à Maçonaria, acusadas de

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colaborar com a França. Estes presos foram enviados para os Açores, onde permaneceram até 1814.
Este episódio ficou conhecido como Setembrizada.

Em julho de 1810, durante a terceira invasão, as tropas francesas lideradas pelo marechal Massena
enfrentaram as tropas anglo-portuguesas no Buçaco, onde foram derrotadas. Os franceses não
conseguiram ultrapassar as linhas de Torres Vedras (sistema de três linhas de fortificação defensiva
na cidade de Lisboa), pelo que iniciaram a sua retirada em março de 1811 e, novamente derrotados
pelas tropas anglo-portuguesas na Redinha, deixaram Portugal definitivamente. As invasões
francesas trouxeram destruição ao reino, saques de tropas e perda de vidas humanas, afetando a
agricultura, o comércio e a indústria. Este clima de devastação fez-se sentir particularmente a norte
do Tejo. Além disso, além da ação generalizada das tropas francesas, agregou-se a política de "terra
arrasada" praticada por ambos os exércitos, o que acentuou a destruição. Com o fim das invasões
francesas, a paz voltou ao reino.

Após as invasões, permaneceram vários motivos de insatisfação entre os portugueses. A


manutenção da presença inglesa em Portugal fez do reino um protetorado inglês desde 1808, pois
Beresford, que havia adquirido o posto de generalíssimo, tinha plenos poderes no exército o que, na
prática, significava o controle do país. Beresford tinha ido ao Rio de Janeiro para solicitar poderes
mais amplos e sua ação começou a se sobrepor à da própria regência. Começou a exercer forte
repressão contra aqueles que conspiravam, ou que se organizavam em sociedades secretas, contra a
regência ou para retirá-la do poder. Beresford foi nomeado marechal-general do exército português

A ausência da família real desagradou aos portugueses, pois D. João VI,


rei aclamado em 1816 no Brasil, não deu sinais de querer regressar e
restabelecer a sede do governo em Lisboa, o que acentuou o
descontentamento na medida em que Portugal, na ausência do rei e
da corte, assumiu o status de colônia e o Brasil de metrópole. A corte
portuguesa no Rio de Janeiro tornou-se cada vez mais brasileira, pois, desde sua chegada, o ainda
príncipe regente, depois rei, pôs em prática uma série de medidas que favoreceram a autonomia do
Brasil. Desta forma, já em 1808, abriu os portos brasileiros e assinou o Tratado de 1810, que
claramente beneficiou a Inglaterra, provocando uma forte queda nas receitas alfandegárias de
Portugal, e autorizou a instalação de manufaturas no Brasil. Prejudicando os interesses da burguesia,
especialmente em Lisboa e no Porto. Este conjunto de medidas pôs, na prática, fim à exclusividade
colonial, situação reforçada em 1815 com a elevação do Brasil à categoria de reino, com a
designação de "Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves".

O ambiente político, social e económico em Portugal estava a piorar e a submissão ao poder inglês
parecia inalterável. No entanto, os ideais liberais acabaram por se espalhar em Portugal, devido à
presença dos exércitos polacos, como acontecera em outras regiões da Europa, ou veiculados pela
imprensa e panfletos, apesar da censura. Foi neste contexto que o general Gomes Freire de
Andrade, defensor dos ideais liberais, empreendeu em Lisboa uma conspiração em 1817 com vista a
expulsar os ingleses do reino e, ao mesmo tempo, promover a salvação da independência do país.
Essa conspiração foi descoberta pelos ingleses e Gomes Freire de Andrade e outros oficiais foram
condenados à morte. A repressão desta conspiração não deixou de alimentar a ideia de uma
insurreição contra a subjugação a que o reino estava submetido, e este desejo dos “Mártires da
Pátria” de 1817 acabou por tomar expressão no ano de 1820.

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4.1 A revolução de 1820


A conjuntura marcada pelos problemas decorrentes das invasões francesas
convergiu com fatores como o descontentamento relativamente a ação
prepotente de Beresford, a ineficácia da regência e a ausência do rei no
Brasil, para além da situação econômica e do descontentamento social que
se fazia sentir em Portugal e que, em conjunto, desencadearam o processo
revolucionário português de 1820.

O espírito conspiratório e revolucionário intensificou-se a partir de 1818, com a formação do


Sinédrio, associação secreta constituída maioritariamente por juristas ligados à Maçonaria, entre os
quais Manuel Fernandes Tomás, José Ferreira Borges e José da Silva Carvalho. Desde o início,
procuraram recrutar chefes militares para a sua causa, como António da Silveira Pinto da Fonseca,
Sebastião Drago Valente de Brito Cabreira e Bernardo Correia de Castro e Sepúlveda. Assim,
estavam reunidas as condições favoráveis para a eclosão do pronunciamento militar no Porto, em 24
de agosto de 1820. Este último contou com o apoio das guarnições militares do Minho, Trás-os-
Montes e Beira, e triunfou, pois não encontrou resistência, pois aproveitou o facto de Beresford ter
ido de novo ao Brasil. Temendo o efeito de contágio que o triunfo do liberalismo na Espanha, em
janeiro de 1820, poderia provocar em Portugal, Beresford fora ao Brasil pedir mais poderes a D. João
VI.

Fruto do pronunciamento militar no Porto, desencadeou-se a revolução liberal de 1820. Os


insurgentes formaram uma Junta Provisória do Governo Supremo do Reino, presidida por António
da Silveira Pinto da Fonseca, que, à partida, exigiu uma nova governação do país, a convocação de
Cortes e a elaboração de uma Constituição. No entanto, era importante salientar que a mudança
revolucionária não atacou as partes estáveis da monarquia: a dinastia de Bragança representada por
D. João VI, religião e costumes tradicionais, propriedade individual e cargos e ofícios exercidos. A
notícia do pronunciamento militar do Porto chegou a Lisboa dois dias depois, mas a regência tentou
resistir. No entanto, uma segunda insurreição militar, em 15 de setembro de 1820, na capital, levou
à destituição dos governadores e à constituição de um Governo Provisório.

A 28 de setembro, a Junta do Porto e o Governo Provisório de Lisboa


reuniram-se e formaram a Junta Provisória do Governo Supremo do
Reino, presidida por Freire de Andrade (irmão do general Gomes Freire
de Andrade, morto na conspiração de 1817) cujo da Fonseca era Manuel
Fernandes Tomás. José Ferreira Borges e o vice-presidente António da
Silveira Pinto José da Silva Carvalho, ilustres membros do Sinédrio, como já referimos. A Junta
Provisória manteve a ordem, orientou a política externa e preparou as eleições para os Tribunais
Constituintes que ocorreram em dezembro de 1820. A revolução de 1820 foi vitoriosa e foi aceita
sem muita resistência, inclusive na Madeira e nos Açores, bem como nas colônias na África, no
Oriente e no Brasil.

Em janeiro de 1821, as então designadas Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes iniciaram


suas funções, criando uma nova regência. Esta nova regência foi responsável pelo governo do reino
até que D. João VI voltasse do Brasil. Esperava-se que o monarca, que só soubera da revolução em
outubro de 1820, não se opusesse ao movimento, a fim de facilitar seu reconhecimento
internacional, pois o principal temor era o de uma nova intervenção dos britânicos com vistas ao
restabelecimento do poder. legitimação da monarquia nos moldes tradicionais, comprometendo o
movimento de 1820. Embora, inicialmente, não se manifestasse diante dos acontecimentos, D. João
VI acabou decidindo retornar ao reino, deixando no Brasil, como regente, o infante D. Pedro.

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4.1 As dificuldades de implantação da ordem


liberal
A implantação do liberalismo em Portugal, desde 1820 até à sua
vitória definitiva em 1834, foi um processo marcado pela resistência
absolutista, cujos apoiantes procuravam restaurar a velha ordem.
Seguiram-se vários golpes contrarrevolucionários com vista a
eliminar as tendências liberais vitoriosas em 1820.

Entre 24 de agosto de 1820 e abril de 1823, a principal tarefa foi a elaboração de uma Constituição
que legitimasse o regime político da monarquia constitucional, estabelecesse a soberania nacional e
consagrar os direitos e liberdades individuais. Assim, foi nesse período que se constituiu uma das
correntes ideológicas do liberalismo: o vintismo, que marcou o panorama político do liberalismo
português e defendeu os ideais da revolução de 1820 e da Constituição de 1822, também conhecida
como Constituição Vintista, cujas fundações foram aprovadas em março de 1821. A Constituição foi
aprovada em 30 de setembro de 1822 e será analisada mais adiante.

D. João VI jurou fidelidade às bases da Constituição de 1822 a 3 de


julho de 1821, após retornar do Brasil, aceitando os princípios
aprovados pelos Tribunais. Pelo contrário, a sua mulher, D. Carlota
Joaquina, não prestou juramento, tendo desde então assumido,
juntamente com o filho mais novo, D. Miguel (1802-1866), um papel
de oposição ao liberalismo. apoiando as tentativas
contrarrevolucionárias de natureza absolutista. Foi a partir do ano de 1823 que ocorreram os golpes
antiliberais.

A primeira tentativa contrarrevolucionária ocorreu em 23 de fevereiro de 1823, em Vila Real,


quando o 2º Conde de Amarante proclamou viva ao rei absoluto e "morra" à Constituição. No
entanto, esta insurreição foi rapidamente reprimida pelos liberais. Em março de 1823, sob o
comando do Infante D. Miguel, ocorreu o segundo golpe contrarrevolucionário, em Vila Franca, D.
Miguel proclamou a restauração do absolutismo que pôs fim ao vintismo, a primeira experiência
liberal em Portugal. No entanto, face a este golpe, D. João VI procurou uma solução de
compromisso duvidosa, e prometeu, por um lado, uma Constituição mais moderada, mas, por outro,
dissolveu as Cortes, suspendendo a Constituição de 1822.

A partir de Vila-Francada, prevaleceu um regime absolutista moderado que, mesmo assim, não
agradou aos absolutistas. Em 30 de abril de 1824, desencadeou-se outro golpe, a Abrilada, liderada
por D. Miguel e apoiada por sua mãe, D. Carlota Joaquina. A Abrilada criou um clima de terror, com
inúmeras prisões de liberais, a ponto de isolar, em seu palácio, o monarca que se refugiou em um
navio inglês, de onde ordenou a libertação de presos políticos e a prisão dos envolvidos, retirando D.
Miguel que comandava as tropas e impondo o seu exílio em Viena.

Em março de 1826, D. João VI faleceu em Lisboa, e a Infanta D. Isabel Maria (1801-1876) foi
nomeada regente, que reconheceu seu irmão, D. Pedro (1798-1834), como rei de Portugal, com o
título de D. Pedro IV. No entanto, D. Pedro, que era Imperador do Brasil, que se tornou
independente em 1822, não podia ser simultaneamente Rei de Portugal. Num esforço de
conciliação política, em 29 de abril de 1826, concedeu uma nova lei constitucional, denominada
Carta Constitucional, que será analisada nas páginas seguintes, e abdicou da Coroa portuguesa em

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favor de sua filha, então com sete anos, D. Maria da Glória. Deve casar-se com o tio, D. Miguel, que
deve jurar o Foral de 1826, concedido por D. Pedro, assumindo o cargo de regente, enquanto D.
Maria não atingisse a maioridade. De Viena, D. Miguel regressou a Portugal em 1828, depois de
jurar fidelidade. No entanto, D. Miguel não respeitou os compromissos e, em março, procedeu à
dissolução das Cortes. Em maio de 1828, convocou as Cortes à moda antiga, ou seja, por ordens
com o objetivo de aclamá-lo Rei de Portugal. Como reação, os liberais realizaram um levante militar
no Porto, que foi violentamente reprimido, fazendo com que os liberais fugissem para o exterior.
Durante seis anos estabeleceu-se no reino um governo absolutista liderado por D. Miguel, marcado
por perseguições, prisões e execuções. Houve uma guerra civil entre absolutistas e liberais que
durou até 1834.

Só os Açores não reconheceram o governo miguelista e a ilha Terceira tornou-se ponto de encontro
de exilados que organizavam a resistência ao absolutismo. Na sequência do golpe absolutista de D.
Miguel, a 11 de agosto de 1829, ao largo da ilha Terceira, travou-se a batalha da Praia da Vitória
entre forças miguelistas e liberais, da qual saíram vitoriosos os liberais. Em Angra, a partir de 1830,
foi organizada a sede da regência liberal. Em 1832, D. Pedro chegou aos Açores, depois de ter
abdicado do trono do Brasil em favor do filho, passando a liderar a causa liberal, reunindo apoios e
voluntários em várias ilhas dos Açores para integrar a expedição, constituída por uma esquadra de
cerca de 7.500 homens, que levaram tropas liberais em direção ao reino, para retomar o trono
usurpado

Em julho de 1832, ocorreu o desembarque do Mindelo, ocorreu sem resistência das tropas
miguelistas, e os liberais entraram na cidade do Porto. No entanto, após uma reorganização das
tropas monarquistas, fiéis a D. Miguel, os liberais foram cercados pelos absolutistas, entre julho de
1832 e agosto de 1833, no que ficou conhecido como o cerco do Porto

Na guerra civil, as forças liberais foram reforçadas com o apoio da Inglaterra e da França e, por isso,
a guerra sofreu uma reversão em 1833 quando uma frota liberal desembarcou no Algarve e, apoiada
pela esquadra comandada pelo inglês Napier, derrotou a frota miguelista. A 24 de julho de 1833, os
liberais tomaram Lisboa, entretanto abandonada pelo governo de D. Miguel. O cerco ao Porto foi
levantado e as tropas miguelistas seguiram para sul, em direção a Lisboa, mas foram derrotadas nas
batalhas de Almoster (fevereiro de 1834) e Asseiceira (maio de 1834) A guerra civil em Portugal
chegou ao fim. A 26 de Maio de 1834 foi assinada a Convenção de Évora-Monte, segundo a qual D.
Miguel foi forçado ao exílio, sob a promessa de nunca mais regressar a Portugal. Triunfa então o
liberalismo que se instaurava definitivamente em Portugal.

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4.2.2 Precariedade da legislação vintista de caráter socioeconómico


Uma das primeiras tarefas da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino foi eleger as Cortes
Constituintes que tinham como função elaborar uma Constituição que consagrasse um novo regime
de monarquia constitucional, metendo fim ao absolutismo e às estruturas do Antigo Regime.

Para responder à necessidade de derrubar as estruturas económicas e sociais antigas, as Cortes


Constituintes assumiram também um papel legislativo, com isto, aprovaram legislação com vista a
abolir os direitos feudais e alguns dos traços do Antigo Regime.

Deste modo, fizeram aprovar um conjunto de medidas económicas e sociais:

• No domínio agrícola, votaram uma “lei de cereais” que protegia a produção dos grandes
latifundiários, com o objetivo de aumentar os preços, a fim de que proporciona maiores
lucros, proibindo a importação quer de cereais, quer de farinhas ou azeite, entre outros;
• Extinção de algumas obrigações estabelecidas nos forais, colocando fim a portagens, a
peagens e a costumagens, para pôr em prática a livre circulação de produtos, numa evidente
tentativa de criar um mercado interno;
• Abolição de vários direitos feudais (jeiras, banalidades, relego, coutadas e coudelarias);
• A propriedade vinculada, pertencente às famílias nobres, foi reduzida, ficando apenas em
vigor os grandes morgados;
• Extinção da dízima à Igreja e de parte das rendas eclesiásticas que seriam aplicadas na
amortização da dívida pública;
• Restrição da admissão de noviços e de noviças aos mosteiros;
• Extinção dos mosteiros considerados desnecessários;
• Redução da sisa para metade e limitada aos bens de raiz;
• Nacionalização dos bens da Coroa e fixação de dotações ao rei e à família real;
• Definição dos ordenados dos ministros, com abolição da propriedade vitalícia e hereditária
dos ofícios;
• Criação do Banco de Lisboa.

Foram também consignadas algumas liberdades fundamentais:

• Extinção da Inquisição;
• Liberdade de consciência em matéria religiosa;
• Liberdade de imprensa, até em assuntos de natureza religiosa.

Esta legislação vintista assumiu-se de um caráter precário na medida em que, muitas destas medidas
não chegarem a ter aplicação prática, pois não foram regulamentadas, assumindo-se como
intenções, ou foram suspensas pela reação absolutistas. Algumas destas medidas legislativas serão
retomadas e realizadas depois de 1834.

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4.2.3 A desagregação do império Atlântico


Depois da revolução de 1820, as relações entre Portugal e o Brasil tornaram-se tema de amplo
debate. Em 1808, a fixação da família real no Brasil, por conseguinte das invasões francesas, e a
adoção de várias medidas permitiram a autonomia económica da colónia, criando infraestruturas
que fomentaram esta autonomia. Em 1805, a elevação do Brasil à categoria de reino atribuiu-lhe um
estatuto político que dava território e aos seus habilitantes uma maior independência.

Às cortes portuguesas, cabia encontrar uma solução que, por um lado, equilibrasse os interesses de
ambos os reinos e definisse o estatuto político do Brasil. A ação do Soberano Congresso acabou por
extremar as posições e causar profundas oposições, de forma a que não encontrou soluções
conciliatórias. Foi com isto que alguns deputados começaram a aventar a hipótese de separação de
Portugal e Brasil.

A defesa feita nas Cortes de uma Constituição adaptada para o Brasil significava a diferença de
direitos entre portugueses e brasileiros o que não foi bem recebido, tendo D. Pedro, que,
entretanto, assumira a regência no Brasil, em nome do rei D. João VI, sido obrigado a jurar as bases
da Constituição. Até este momento não havia por parte dos brasileiros qualquer oposição
relacionada a Portugal, nem face às Cortes Constituintes.

As Cortes obrigaram o rei D. João VI a regressar ao reino, a governar a partir de Portugal e


procuraram enfraquecer a regência de D. Pedro. Assim, exigiram o seu regresso à Europa o que
desencadeou protestos, que declaravam a recusa da obediência à exigência feita pelas Cortes.
Reuniu-se em torno de D. Pedro um movimento defensor da autonomia. A divisão entre o Brasil e as
Cortes salientou-se ainda mais quando estas exigiram a extinção dos tribunais criados quando
ocorreu a transferência da corte para o Brasil e defenderam a submissão das tropas estacionadas no
Brasil a Portugal. Estas medidas colocavam em causa o estatuto de reino obtido desde 1815.

D. Pedro não cumpriu a exigência das Cortes, mas permaneceu no Brasil e


em junho de 1822 convocou a reunião de Cortes no Brasil. Prosseguia
assim, com Lisboa e com a possibilidade de encontrar uma solução de
conciliação que satisfizesse os portugueses e os brasileiros. O processo de
desagregação do Império Atlântico resultou quando, após ter tomado
conhecimento que as Cortes, em Lisboa, condenavam a sua atitude, D.
Pedro declarou a independência do Brasil, a 7 de setembro de 1822. D.
Pedro tornou-se imperador do Brasil, estabelecendo assim a separação entre Portugal e a antiga
colónia.

Apesar da declaração de D. Pedro, era necessário o reconhecimento por parte de Portugal e a nível
internacional. Portugal reconheceu a independência do Brasil em 1825.

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4.2.4 Constituição de 1822 e a Carta Constitucional de 1826


A Constituição de 1822:

A 23 de setembro de 1822 foi aprovada a primeira Constituição portuguesa, realizada pelas Cortes
Constituintes, eleitas em 1821. No dia 1 de outubro de 1822, o texto constitucional foi jurado por D.
João VI e a 11 de outubro, a Constituição foi jurada por todo o reino. O juramento à Constituição era
obrigatório para todos os homens maiores de 25 anos por pena de expulsão e perda de cidadania.

O texto constitucional português era influenciado pela Constituição de Cádis de 1812 e pela
Constituição francesa de 1795. Ao longo dos trabalhos e dos debates, o direito de voto, a questão do
veto suspensivo do rei, a inexistência de uma Câmara Alta que representasse a nobreza, e a não
consignação ao clero e à nobreza de poderes mais amplos foram motivos de discórdia entre os
deputados das Cortes Constituintes.

A Constituição de 1822 dedicava o regime político da monarquia constitucional, a forma de exercício


do poder, a divisão dos poderes e respetivas competências, o conceito de cidadania e o exército do
voto bem como os direitos e os deveres dos portugueses.

Linhas definidoras da Constituição vintista:

• A monarquia constitucional, hereditária cuja legitimidade baseava-se na Casa de Bragança;


• O reconhecimento dos direitos individuais tais como a liberdade, incluindo em matéria
religiosa e de ensino, e a propriedade;
• O princípio da soberania da nação segundo o qual era o povo que escolhia os seus
representantes;
• O princípio da separação dos poderes: o poder legislativo era das Cortes; o poder executivo
estava nas mãos do rei e dos ministros por eles nomeados; o poder judicial era responsável
pelos juízes;
• O reconhecimento dos poderes do rei, obtinha direto de veto suspensivo, ou seja, podia
devolver às Cortes uma lei com a qual não concordasse, devendo expor as razões da sua
discordância. O rei não podia impedir a eleição de deputados só podia assistir às Cortes nas
sessões de abertura e de encerramento, estava incapaz de as dissolver e não podia impor
impostos;
• A adoção do sistema unicameral;
• O sufrágio era direito e universal masculino, extensivo a todos os homens maiores de 25
anos que soubessem ler e escrever;
• O reconhecimento da religião católica como a religião da nação portuguesa.

A Constituição portuguesa esteve em vigor entre outubro de 1822 e junho de 1823 tendo ainda
abrangido em 1836. Foi considerada progressista e radical para a época.

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Carta Constitucional de 1826:


A Carta Constitucional foi autorizada a partir do Brasil pelo rei D. Pedro IV, depois da morte de D.
João VI, seu pai. O novo texto constitucional surgiu como uma tentativa de conciliar liberais e
realistas e foi inspirado na Constituição Brasileira de 1824 e na Carta Constitucional Francesa de
1814.

Caraterísticas da Carta Constitucional:

• Definiu o governo de Portugal como monárquico, hereditário e


representativo;
• Reconheceu a separação dos três poderes políticos, daí que o poder
legislativo cabia às Cortes, poder executivo era da competência do rei e do
governo e o poder judicial era dos juízes;
• Inseriu o poder moderador. Nas mãos do rei, o poder moderador atribuía-
lhe a supremacia sobre todos os outros poderes, de modo a que podia
nomear os pares, convocar as Cortes, dissolver a Câmara dos Deputados,
nomear e demitir os ministros, suspender os magistrados, adquirir
amnistias;
• Atribuiu ao rei o direito de veto absoluto sobre as decisões das Cortes;
• Consagrou a composição bicameral das Cortes, assim passava a existir duas
câmaras: a dos Deputados, eleitos, e a dos Pares, hereditária e vitalícia, de
nomeação régia;
• Definiu o voto censitário, de modo que apenas os que possuíam um rendimento anual no
valor de cem mil réis tinham direito de voto, elaborando a diferença entre os cidadãos ativos
e os cidadãos passivos;
• Determinou a dupla soberania entre o rei e a nação, tirando o princípio da soberania
nacional;
• Reconheceu um Conselho de Estado, cujos membros eram nomeados pelo rei;
• Reconheceu os direitos do individuo, tais como o direito à liberdade, segurança individual e
propriedade, a igualdade de todos perante a lei e a instrução primária gratuita para todos.

O cariz conservador da Carta Constitucional agradou aos setores mais conservadores e moderados,
particularmente à nobreza que via reconhecidas as suas regalias, bem como à burguesia que não se
reviam no radicalismo vintista.

Este texto constitucional esteve em vigor entre 31 de julho e 3 de maio de 1828. A sua validade teve
algumas interrupções e adaptações e o seu texto foi modificado pontualmente com alguns atos
adicionais.

A Carta Constitucional foi o diploma legal que durante mais tempo vigorou em Portugal. Encarnou
um liberalismo moderado, o cartismo, de matriz conservadora, segundo o qual o rei permanecia a
ser considerado o chefe supremo da nação.

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4.3 O novo ordenamento político e socioeconómico (1834-1851)


Em 1934 houve uma derrota das tropas realistas afetas a D. Miguel e defensores dos princípios e
valores do Antigo Regime.

Alexandre herculano afirmou que estava em marcha um novo ciclo político marcado pelas ideias
liberais. A vitória do liberalismo não trouxe paz entre a política e governativa. Assim houve divisão
dos liberais entre vintistas e cartistas (Defensores da carta constitucional de 1926).

A vida política nos anos 1834 e 1851 foi marcada pela divisão entre a ala progressista e uma ala
conservadora, foi estas duas tendências políticas que se verificaram as lutas pelo o poder que
impediram de consensos estáveis. Em 1834 e 1851 houve cerca de 5 tentativas de golpes de Estado,
motins, pronunciamentos militares e ainda duas guerras (e 1837 e em 1847). Esta estabilidade
política levou a que, três textos constituintes, de tipo cartista ou vintista, conforme tendência no
poder.

Foi durante este período que se criou um corpo legislativo que visava a modernização do país, não
deixou de constituir um importante legado da monarquia constitucional portuguesa e do liberalismo
portuguesa.

4.3.1. A importância da legislação de Mouzinho da Silveira

Umas das figuras da reforma legislativa do liberalismo português foi Mouzinho da Silveira (1780-
1840), redigiu medidas para pôr fim à ordem social e económica do Antigo Regime. As convicções
liberais de Mouzinho e a defesa do interesse público levaram-no a produzir um conjunto de
diplomas legais que garantiam a liberdade e a propriedade, numa clara tentativa de reforma. Essa
ação legislativa pautou-se pela tomada das seguintes medidas:

✓ Aboliu as dízimas;
✓ Aboliu os vínculos;
✓ Aboliu as sisas sobre as transações;
✓ Aboliu os forais;
✓ Procedeu à eliminação de portagens e outras barreiras à circulação no reino;
✓ Extinguiu os bens da coroa;
✓ Extinguiu a lei mental;

Entre muitos mais...

Mouzinho da Silveira, procurou desenvolver uma economia política assente nos princípios liberais e
capitalistas.

Os princípios da liberdade individual, Mouzinho procurou garantir o direito à propriedade, porque


defendia que sem a terra livre e vão se invoca a liberdade política e ainda considerava que ao abolir
a dízima estava a garantir que o Estado não era privado de rendimentos a que tinha direito.

A reorganização administrativa e jurídica promovida pelas reformas liberais, tinha em vista em


modernização do país e inspirava-se. Assim os principais setores da vida do reino no plano político,
social, económico, judicial e administrativo.

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Escola Dr. Ginestal Machado A implantação do Liberalismo em Portugal História A, 11º Ano

A legislação de Mouzinho foi complementada com outras iniciativas legislativas que contribuíram
para transformara sociedade portuguesa. Neste âmbito, destaca-se

− A publicação do código comercial, de José Ferreira Borges (1786-1838)


− A abolição das corporações de ofícios mecânicos (1834)
− A extinção das ordens religiosas em 1834 e consequentemente secularização e venda dos
bens eclesiásticos

O sucesso da reforma não foi sempre conseguido e não se generalizou a todos os setores. Nas
vendas dos bens nacionais, acabaram por não concretizar porque que o número de proprietário não
aumentou como era esperado.

A reforma de Mouzinho assumiu-se como fundamental português no panorama legislativo


português, na primeira metade do século XIX e assim manifestou-se a partir de 1820. (Doc.2
pág.114).

4.3.2. A importância dos projetos setembristas e cabralistas


Entre 1836 e 1851, continuou a ser instável na política opondo vintistas e cartistas, pois acabou por
existir 2 projetos políticos diferenciados, que se sucederam o setembrismo, entre 1836 3 1842, a
revolução ocorrida em setembro de 1836 o defensor foi Passos Manuel.

E o cabralismo, de 1842 a 1851 é ligado ao projeto cartista liderado por António Bernardo da Costa
Cabral.

O Setembrismo:

Os dois anos que se seguiram à instauração definitiva do liberalismo em Portugal, em 1838, foram
dominados por governos cartistas, pois as reformas cartistas tinham favorecido a alta burguesia.
Assim o povo continuava a viver com dificuldades, a economia permanecia atrasada e dependente
financeiramente do exterior.

Nas eleições de 1836, assistiu-se à vitória dos deputados adeptos do vintismo. Em Lisboa, a 9 de
setembro de 1836, foram recebidos pela população e juntou-se os guardas nacionais (Do. 3 pág.116)
com vivas à constituição de 1822. A revolta, de base popular e com o apoio dos militares, forçou o
afastamento dos cartistas do poder. Este movimento mobilizou com o apoio da burguesia industrial
urbana e dos pequenos e médios comerciantes.

A revolução de setembro de 1836 iniciou o projeto político, que tinha como objetivo revogar a carta
de 1826, repor a constituição de 1822 e os princípios do vintismo, ficou conhecido isto como

o Setembrismo.

O novo poder, pôs em vigor a constituição de 1822, foi desde logo confortados com tentativas de
restauração da carta. Entre outos eventos causadores de instabilidade, destacou-se o primeiro golpe
contrarrevolucionário, conhecido por Belenzada, que ocorreu em novembro de 1836. O golpe
pretendia restaurar a carta Constitucional encabeçado pela própria rainha D. Maria II, com o apoio
dos cartistas e dos ingleses, o golpe não teve impacto esperado, depois chegou-se a um
compromisso que passava pela aprovação de uma nova constituição que devia conciliar a tendência
vintista e cartista.

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Escola Dr. Ginestal Machado A implantação do Liberalismo em Portugal História A, 11º Ano

Foram reunidas as cortes constituintes a partir de janeiro de 1837. As tendências mais moderadas da
revolução setembrista ganharam influência e promulgou-se a nova constituição de 1838 que vigorou
até fevereiro de 1842 (Dc.5 PÁG 117).

Na constituição de 1838, influenciada pela constituição espanhola de 1837 e pela constituição belga
de 1831, nos princípios de que a soberania reside na nação e na divisão tripartida de poderes, assim
desapareceu o poder moderador do rei. D Maria II passava a deter apenas o poder executivo,
juntamente com os ministros para nomear e demitir o governo, ampliava os poderes régios face ao
que acontecia na constituição de 1822. A influência da carta constitucional de 1826 traduziu-se na
criação de um parlamento com duas câmaras, as deputadas que é eleita por três anos e a adoção
dos votos censitário Porém na câmara dos Senadores, estes tinham mandatos temporários, o que
retirou à nobreza o seu direito natural hereditário de representação. O poder judicial era exercido
pelos os juízes e jurados.

A sua ação governativa e a sua obra legislativa ficaram marcada por importantes reformas que
acabaram por persistir e ultrapassar a própria vigência do setembrismo:

A reforma educativa- Passos Manuel. Em1836, reestruturou ao nível nacional., os vários graus de
ensino, centralizou a administração escolar e promoveu a instalação dos liceus em Portugal (doc. 6 e
7 da pág. 119). No âmbito das reformas do ensino promovidas no período setembrista destacaram-
se ainda a criação de Escolas Politécnicas, a criação dos conservatórios de Artes e Ofícios de Lisboa e
do Porto, a reforma do ensino das Academias de Belas Artes de Lisboa e do Porto, a reestruturação
das Escolas Médico-Cirúrgicas, a criação da Escola do Exército e a regulamentação da instrução
primária. Criou ainda o conservatório Geral da Arte Dramática de Lisboa. Esta reforma acabou por
lançar os bases do ensino primário e secundário contemporâneos.

No domínio económico: Tinha o intuito de proteger os interesses da pequena e média burguesia e


diminuir a dependência do reino face a Inglaterra e mais importante, conseguir o aumento das
receitas alfandegárias. Neste sentido, adotou-se a pauta aduaneira de janeiro de 1837 que
aumentou os direitos alfandegários. Além do mais, promoveu-se a proteção da indústria, dando-se
os primeiros passos para a mecanização.

Em 1838 realizou-se a primeira Exposição Industrial Portuguesa. Assistiu-se ainda à criação de


associações empresárias do comércio e da indústria.

No domínio administrativo: o código Administrativo de 1836 permitiu uma reforma marcada


essencialmente pela redução do número de concelhos, dividindo-se o país em Distritos, Concelhos e
Freguesias.

No domínio financeiro: O governo setembrista procurou reduzir a despesa pública através do


recurso á diminuição dos vencimentos do funcionalismo.

O cabralismo:

Os últimos tempos do setembrismo, entre 1839 e 1842, foram marcados pelas rivalidades entre
tendências do liberalismo e pelo avanço das forças conservadoras, preparou-se tudo para a
restauração da carta constitucional foi derrubado a 27 de janeiro de 1842, pelo golpe do então
ministro da Justiça António Bernardo da Costa Cabral (1803-1889), que proclamou a restauração da
carta constitucional e aboliu a constituição de 1838.

Terminava o ciclo político vintista que havia guiado os destinados do reino desde 1836.

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Com Costa Cabral, inicia-se a nova governação: O Cabralismo. Este regime tem como objetivo da
restauração económico, que traz ao poder os conservadores cartistas ligados ao grande comércio e à
finança. Formou-se um novo governo em que a presidência e a guerra ficavam nas mãos de Duque e
o Ministério do Reino passava a caber a Costa Cabral (Doc. 9 pág. 121)

O poder político estava claramente entregue a Costa Cabral. O exercício do poder por Costa Cabral
foi marcado pelo controlo das Cortes e das eleições e por autoritarismo que cedo criou
descontentamento contra a classe dominante.

Politicamente de acordo com os princípios cartistas, o cabralismo defendeu a prevalência do poder


do rei sobre os demais poderes do Estado.

Costa Cabral procurou o fomento do país, especialmente no campo das obras públicas, no
lançamento de projetos de estradas, domínio d administração, do fomento industrial, ao nível da
economia e das finanças, com o intuito de reforçar o poder administrativo e centralizador do Estado.
O período entre 1842 e 1851 ficou marcado por medidas de carácter modernizador nos domínios da
administração, da economia e das finanças, entre as quais se destacaram:

- Ao nível administrativo: procurou reforçar o carácter centralizador do Estado. O código


Administrativo de 1842 significou a centralização administrativa.
- Ao nível económico: a criação do Banco de Portugal em novembro de 1846, com função de
banco comercial e de banco emissor. Surgiu da fusão de banco de Lisboa e da companhia
confiança nacional, uma sociedade de investigação especializada no financiamento da dívida
pública. O tratado de comércio assinado com a Inglaterra, em 1842, continha disposições
aduaneiras protecionistas mais favoráveis ao reino.
- Destacou-se a publicação das chamadas “leis da saúde” que proibiam os enterramentos nas
igrejas.

A nível financeiro, o cabralismo foi marcado por uma atividade fortemente especulativa, ligada aos
privilégios concedidos pelo o governo a companhias criadas em troca de empréstimos e
adiantamentos ao Estado. Neste sentido, criaram-se a companhia de tabacos, sabão, pólvoras,
companhia confiança nacional, companhia de estradas do Minho que negociavam e especulavam
sobre os contratos que lhes eram atribuídos pelo o Estado. Destes negócios perdiam-se capitais que
não eram efetivamente investidos em atividades produtivas (doc. 19 pág. 124). Era o Estado que
através dos impostos, alimentava a alta finança, e as leis fiscais, publicadas a partir de 1845.

O despotismo de Costa Cabral causou oposição que se traduziu em insurreições que assumiram
contornos de guerra civil. A revolta que ocorreu em Torres Novas, em 1844, que visava o regresso
dos setembristas ao poder, na medida em que o regime estava não só dividido internamente como
enfraquecido pela elevada dívida pública e pelo défice orçamental (do. 12 pág. 124). Assim o reino
voltou à guerra civil.

Entre abril e maio de 1846, ocorreu aquela que ficou conhecida como a revolta da Maria da Fonte,
um levantamento popular que contou com participação de muitas mulheres.

Na origem da revolta da Maria da Fonte esteve o lançamento de impostos e o imposto sobre as


estradas, bem como o cadastro das propriedades, a arrecadação dos impostos num organismo
central e distante e ainda as leis da saúde (docs 13 e 14, pág.125).

A revolta da Maria da Fonte não teve uma liderança clara nem um programa político definido. Foi
um movimento onde confluíram diversas fações: absolutistas e antigos miguelistas radicais,
esquerdistas, moderados e até cartistas insatisfeitos com os métodos de governação de Costa Cabral

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e com a corrupção. Defendia-se o retorno a antiga ordem municipal descentralizada e condenava-se


carácter centralizador implementado pelo governo cabralista. O governo reagiu com o envio de
tropas para as zonas sublevadas. Como bem esperavam, os resultados não foram os esperados, o
governo foi forçado a demitir-se e no final de abril, Costa Cabral exilou-se em Espanha.

Em maio de 1846, duque de Palmela, D. Pedro de Sousa Holstein, foi encarregue de constituir um
novo governo que não agradou e houve sucessivas remodelações, o executivo acabou por ser
demitido.

O duque de Saldanha, João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun, convidado a formar novo governo,
que assumiu contornos de golpe, o que provocou o desagrado por parte dos revoltosos que tinham
acalmado com o afastamento dos Cabrais. Formou-se no Porto, em oposições ao governo de Lisboa,
a junta Provisional do Supremo Governo do Reino. Formaram-se assim Juntas governativas de
revoltosos. Retomava-se a guerra civil, que ficou conhecida por Patuleia. A resistência dos revoltosos
prolongou-se por oito meses, entre outubro de 1846 e junho de 1847 (docs. 15 a 17 pág.127).

A sublevação só terminou em junho de 1847 com recursos ao auxílio dos ingleses que intervieram a
pedido do duque de Saldanha e ao abrigo da Santa Aliança. Os revoltosos da Patuleia rederam-se em
31 de maio de 1847 e impediu-se a abdicação de D. Maria II. A paz assinou-se a 30 de junho de 1847,
na Convenção do Gramido. A paz trouxe de volta ao poder Costa Cabral. Em 1849, o poder foi
exercido de forma mais moderada, isso não significou a pacificação das várias fações políticas. O
duque de Saldanha passou a liderar a oposição a Costa Cabral e em 1849, intentou um novo golpe
abrindo caminho para a nova fase da afirmação do liberalismo em Portugal- A Regeneração.

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Conclusão

A diferença entre a carta constitucional e uma constituição, é que uma Carta Constitucional
é uma Constituição outorgada por um governante, sem ser votada por uma assembleia
representativa da nação e uma constituição é a lei fundamental que regula os direitos e
garantias dos cidadãos e define a organização política de um Estado.

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Reflexões Autocríticas

Ana Souza- Os meus pontos positivos nessa parte do trabalho foi ter conseguido colocar todas
as informações importantes no trabalho, ter conseguido desenvolver a minha capacidade de
pesquisa e de autonomia. Os meus pontos negativos foi não ter usando outro campo de
pesquisa a não ser o livro. Considerando todos os pontos citados a cima, a nota que acho que
mereço é: 13
Madalena André- Eu acho que tive bem na parte da Constituição de 1822 e na Carta
Constitucional porque foi onde me “encachei” bem e sabia bem esta matéria. Os pontos em
que estive mal foram, na “Precariedade da legislação vintista de caráter socioeconómico” e
na “A desagregação do império Atlântico” pois foi onde senti mais dificuldades. Então com
esta reflexão eu acho que a minha nota deveria ser um 11.
Mariana Feliciano- Eu acho que tive bem na parte na importância dos projetos setembristas e
cabralistas porque foi onde sabia mais coisas e assim foi muito mais rápido de trabalha. Os pontos
em que estive mal foram na importância da legislação de Mouzinho da Silveira, porque acho que
faltou algumas coisas que não sei se são importantes. Concluindo assim, com a minha reflexão no
trabalho daria 12.

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Bibliografia
✓ Manual – Linhas da História 11, Parte 2

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