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Direito Constitucional

TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO

1. O constitucionalismo em perspectiva histórica


1.1 O mundo anterior às constituições

Um protótipo do arranjo constitucional como é conhecido hoje ocorreu em 1215 com


a Magna Charta Libertatum:

Nos Estados absolutistas o poder política prevalecia em relação ao Direito:

1.2 Revoluções Constitucionalistas

O movimento constitucionalista é fortemente demarcado por três processos


revolucionários, cujas características você pode acompanhar abaixo:
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a) Revolução Inglesa
I. 1688/1689
II. Revolução conservadora porque não houve ruptura na ordem social. O que
ocorreu, em verdade, foi um pacto social que legitimou uma monarquia
constitucionalista, preservando os interesses de diferentes classes sociais;
III.Bill of Rights: trata-se do documento de referência deste período, que institui
a gênese do Estado de Direito;
IV. Parlamentarismo: como forma de controle das atividades do Monarca,
o Poder Legislativo se estabeleceu como grande controlador e fiscal da atividade do
poder político;
V. Rule of Law: é um princípio que reconhece o controle da política pela Lei. É a
premissa definidora do Estado de Direito;
VI. John Locke: é a principal fonte de inspiração teórica deste processo
revolucionário. Como principal obra sua tem-se o II Tratado do Governo Civil.

b) Revolução Americana
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I. Constituição escrita: apesar de também seguir a tradição de Common Law, os


Estados Unidos foram um dos primeiros Estados a terem a constituição escrita. A Bill
of Rights, apesar de ser importante, não era formalmente apontada como Constituição
para o Reino Unido.
II. Federalismo: a forma de Estado que legitima a coexistência de diferentes
governos (Estadual e Federal, inicialmente) se formaliza constitucionalmente com os
Estados Unidos, convertendo as Treze Colônias em Estados da União americana.
III. Tripartição de poderes: aos poucos o poder judiciário ganha a sua
independência e possibilidade de controle dos atos dos demais.
IV. Controle de Constitucionalidade: o controle difuso se estabelece de
forma primeira no sistema constitucional dos EUA a partir do caso Marbury v. Madison
em 1803.

c) Revolução Francesa

I. Nação: quando se pensa o conceito de nação, pretende-se contemplar os três


estados da sociedade francesa à época, Clero, Nobreza e Povo. A nação, portanto,
correspondente à totalidade dos franceses, torna-se fonte de legitimidade de poder
político.
II. Constitucionalismo como ruptura: a revolução francesa foi a mais sangrenta
das três. Como um dos seus principais legados, tem-se o poder constituinte originário
como poder de ruptura, capaz de reorganizar uma ordem social a partir de uma nova
Constituição.
III. Definição de Constituição: A Declaração Universal de Direitos do
Homem e do Cidadão de 1789, em seu art. 16, apresenta a referência para a definição
do que é Constituição, como sendo o documento que estabelece a separação de
poderes e a declaração de direitos.
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Essas três revoluções demarcam a base e os fundamentos do constitucionalismo. No


entanto, após a II Guerra Mundial, houve o desenvolvimento de uma nova perspectiva
à Constituição.

1.3 As Constituições Sociais

a) A Constituição Mexicana

Forte ênfase da democratização dos meios de produção e exaltação ao trabalho

b) A Constituição de Weimar

Ênfase social-democrática

• Art. 145 A escolaridade é obrigatória para todos. Ela é realizada


fundamentalmente, pela escola popular e pelo menos oito anos letivos e pela
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anexa escola complementar até os dezoito anos completos. O ensino e o


material didático, na escola popular e na escola complementar, são gratuitos.

• Art. 151 – A ordenação da vida econômica deve obedecer aos princípios da


justiça, com o fim de assegurar a todos uma existência conforme à dignidade
humana. Dentro desses limites, é garantida a liberdade econômica dos
indivíduos.

• Art. 153 A propriedade é garantida pela Constituição. Seu conteúdo e seus


limites resultam das disposições legais (...) A propriedade obriga. Seu uso deve,
ademais, servir ao bem comum.

1.4 Declaração Universal dos Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 marca o surgimento de


mais uma dimensão dos direitos humanos e afirma um processo de
internacionalização. A partir dessa mudança, não é apenas o cidadão, conceito que
pressupõe determinado vínculo de uma pessoa com o Estado, mas a pessoa humana
que se torna detentora de dignidade e titular dos direitos humanos.

d) Lei Fundamental de Bonn

Dignidade inviolável: após as várias atrocidades das quais o direito e os


estudiosos de direito se tornaram cúmplices no período de ascensão do Nazismo,
a Alemanha Ocidental, ao se reconstruir dos escombros da II Guerra Mundial
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reconheceu, constitucionalmente, que o Estado não pode violar a dignidade


humana. Também esta constituição demarca um movimento historicamente
importante que consiste em uma nova proposta de compreensão do
constitucionalismo: o neoconstitucionalismo.

1.5 Neoconstitucionalismo

Um dos marcos importantes do direito posterior à II Guerra Mundial é o advento do


neoconstitucionalismo, que consiste em uma nova compreensão do direito
constitucional no sentido de ambicionar mais do que a simples declaração de direitos
e divisão de poderes. A partir desta referência, tendo a dignidade humana como
grande axioma do direito, desenvolve-se uma concepção de direito que se
compromete à efetivação dos direitos fundamentais. Por lidar com a concretização de
direitos, o Poder Judiciário alcança destaque, tanto pelo fenômeno da judicialização
como do ativismo judicial.

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