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iberografias Coleeto Ibe Volume 36 “ial: Novas Fontes, Outs Dilgor: Cooper ¢ Lesevahimento Tetra Coord: Rains ‘Aor: Alto Farr Ana Jia Prana Monte: Amon Nia Hypa Adee Mays Rdg Csr Andis Alte Hoos Ceiane Magues de Olver Danis Machado Milan Elen Tanites Poa Colnago: rand Manel Vidi de Sn Fanci Gomes Cadooy ances Js vais Bena ‘arbors de Sous Jana Capel de Carpe Jot Boral dS J Sampo de as Jemio, Lisi Cunha: Maia Amis de Scum eis Maria do Roi Pies Maia Maalena Feet: Matt <é Aenea Pei Rondo Baron Sede; Rasngl Apri de Madces Hesparol Svene de Taos Ribore Moni Thal cde Ole Quito: Vor Main eviso: Ana Margi Proen Ans Sofi Matos timprei: Ancona Era Cap: Aveo Bors 2 pat do Lyne rg de Sos Tavaon Impress e ashame: acpe— Ane Ceo Le 1. fig: jal 2019 Deposto legal a 423100017, ISBN: 978 9727806928 ISBN: 978989 8676207, digo 2941036 Cero de suds Ison us Sod Vigan" 8 5300-758 Guards csigcipe set Ancora Eto Avena Ife Sats, 52— 32 sg 1350-17 Lisboa meoraedioragancoreior pt srmeancoredor pt rmeBecookcomfancntions © Cento de Estos spits o orgie dex, no te eponaileand pls cones format © opines mele expres, ‘Aopio ou mio pl ers do novo acondootogrica a sponded str, @ Interreg |= Espafia - Portugal =" Novas Fronteiras, Outros Didlogos Rui Jacinto. (COOPERACAO E INICIATIVAS LOCAIS DE DESENVOLVIMENTO ‘Municipalismo: gestéo dos recursos pUblicos, controle e qualidade de vida Francisco José Araij O impacto das varié Africa Luséfona Theis de Oliveira Queiioz Questo racial em foco: desafios na producGo legislativa do Brasil ‘Ana Jala Franca Monteiro internas e externas para a democratizagao da Para uma anélise comparativa da dindmica de classe em Portugal e Brasil, no contexto do Neoliberalismo Fronei Gomes Cardoso Avatiagao do potencial turistico do Forte Real Principe da Bei ‘monumento histérico colonial indutor de desenvolvimento local Marta de Alexanchia Perel: Moria Madolena Ferreits um A importancia das organizacées promotoras de empreendimentos econémicos solidérios (OPES): 0 caso da comunidade de catadores de ‘materials reciclévels da Vila Princesa (Porto Velho ~ Rondénia) ‘Moria Madalena Ferreitc: Lcio Cunho Perfil dos docentes que lecionavam no distrito da Guarda nos anes 90 do século xx Fernando Manuel Videita dos Santos DESENVOLVIMENTO RURAL Politicas pGblicas de apoio & agricuttura familiar: 0 caso do Programa de Desenvolvimento Rural Sustentével no Estado de Sao Paulo — Brasil Antonio Nivaldo Hespanhol A poliica de desenvolvimento territorial e os desencontros instituclonais no Vale do Itapecuru/MA +4056 Sampaio de Matto: Junnier, Ronaldo Barros Sadr, Igor Breno Barbosa de Sousa Arranjos insttucionais e polticas piblicas: uma anélise do PNAE nos ‘municipios de Dracena e Regente Feijé, Estado de So Paulo, Brasil Elen Tamires Pectiai Colnago: Rosangela Aporacida de Medeiros Hespanhol Redes agroalimentar ias altemnativos: un madelo altemativo en una realidad diferenciada - Caso de estudio Medellin-Colombia César Andiés Alzate Hoyos 29 55 “7 ” 107 123 133 145 Agricultura urbna e seguranca alimentar no Mur Prudente, Estado de Sao Paulo, Brasi Rosongela Aparecida de Wedetros Hespanhol iplo de Presidente CIDADE E DESENVOLVIMENTO URBANO Metropolizacao, revitalizacdo e genirifca¢ao: realidades urbanas no século XX! Alvaro Feneira A propriedade da terra como um elemento da desigualdade tenitorial nas cidades brasileiras Alete Moysés Rockigues © patriménio como projeto de intervengio urbana: 0 caso do Colégio de Trindade da Universidade de Coimbra: Joana Capela de Campos: @ Vitor Murtinho Programa de Educagdo e Mediaco Intercultural em Museus (PEMIM) : formacio de educadores para a consttvicao de uma comunicacao inclusive Daniela Mochade Win Sivilene de Borros Ribero Moccis; Maria do Resério Pinheiro: @ Maria Améia ce Souza Reis As redes das agéncias de difusdo artistico ~ culturals internacionais ¢ 0 mercado cultural global: um enfoque Ibero-americano Ciistiane Marques de Oiveira Acmergéncia de uma metrépole no univers das exposicées itinerantes: © caso de Fortaleza José Borzacchiello da Siva 159 7 195 207 223 237 251 A politica de desenvolvimento territorial e os desenconiros institucionais no Vale do Itapecuru/MA José Sampaio de Mattos Junior Coordenador do Programa de Pés-Graduagao em Desenvolvimento Socicespacial e Regional (PPDSR) da Universidade Estadual de Moranhéio [UEMA) Ronaldo Barros Sodré Discente do Programa de P6s-Graduagdo em Geografia da Universidade Federal do Para (UFPA) Igor Breno Barbosa de Sousa Discente do Programa de P6s-Graduagde em Desenvolvimento Socioespacial @ Regional (PPDSR) do Universidade Estadual do Maranhao (UEMA) Introdugéo O processo de afastamento que levou a deposicio do Partido dos Trabalhadores (PT) no Brasil, crouxe consigo um governo de agenda neoliberal, que na gangorra de buscar a recuperagio da economia (queda da inflagio, redusio da taxa de jutos, equilfbrio das con- 1as puiblicas),relegou direitos e politicas piblicas conquistadas pelos movimentos socias. © cenatio politico aps 2013, levou a vitéria da direita nas eleigées de 2018, indicando a. um desmonte ainda maior das estruturas de apoio & agricultura familiar tais como: recriminagio aos movimentos sociais, aos povos populacées tradicionais ¢ a protesio de recursos da biodiversidade, ‘Ainda que scjam reconhecidas a importancia ea transformagées proporcionadas pelas politicas de desenvolvimento territorial no Brasil nos diltimos treze anos, cabe também uma reflexio sobre a forma como os programas e projetos foram pensados e executados, fhavendo em muitos casos um longo distanciamento entre esses dois processos. ‘A particde 2010, analisamosas politicas de desenvolvimento territorial no Territério Vale do Itapecuru”, onde apontamos criticas & condugéo ¢ a auséncia de didlogo de instituigées Loclizado na Mesorregito Norte do Maranhio, conforme uma érea de 8.932,20 Km? composts por dea municipios: Anajatuba, Cantanhede, lapecuru Mirim, Matées do Norte, Miranda do Nore, Nina Rodrigues, Pirapemas, Presidente Vargas, Santa Rica e Vargem Grande. 124 saves civise de diferentes esferas governamentais (Mattos Jinior & Costa, 2016; Mattos Jinior, Sodré & Maciel, 2017; Mattos Junior, Sousa & Mendes, 2017). Neste texto, refleti- ‘mos sobre o que poderemos denominar de encontros, desencontros ¢ descontinuidades Institucionais e seus impactos sobre os projetos produtivos dentro do Territério Vale do Ikapecuru, Para tanto, realizamos uma revisio bibliogréfica dos resultados obtidos a partir dos nossos projetos de pesquisas. Aagricultura familiar e as politicas de desenvolvimento territorial (O desenvolvimento da agricultura familiar em termos mundiais esté relacionado a for- mulagéo das politicas pitblicas de acordo com as especificidades e singularidades de cada nagio. Compreender a agricultura nos possibilita relacionar as transformagoes histéricas geognificas de uma atividade com préticas e instrumentos milenares, assim, categorizar ou mesmo homogeneizar a agricultura torna-se uma tarefa excludente de diversas variantes, pois, as formas de agricultura variam de uma localidade a outra e de uma época para a ‘outra (Mazoyer; Roudart, 2010). Estabelecer as praticas agricolas historicamente é também, ressaltar a importancia da produg2o de alimentos e os resultados direcionados 20 ambito da seguranca alimentar. Desde as préticas milenares das produgies de arroz na China, além das atividades pré- ximas a grandes rios tais como: 0 Rio Nilo, Tigres e Eufiates; so exemplos mundiais histéricos, mas que a pritica agricola estd intimamence ligada ao sistema agrério e suas formas de desenvolvimento. E nesta perspectiva que esta cadeia de resultados promove, dentro da percep¢io agrs- ria, o desenvolvimento desigual ¢ contraditério. Ou seja, destacar a sobrevaléncia de certos estabelecimentos através da aquisicéo de novos meios de producio no sentido de progres- sio mais répida em comparagio aos outros ¢ 0s que nao progridem tendem a conviver com a regressio (Mazoyer; Roudart, 2010). f nesta configuragao comparativa de progressio € regressio que se estabelece a crise de um sistema agrétio. No Brasil, a questio da produgio de alimentos est fortemente relacionada a uma complexa questio ageétia, sem a qual nao se pode entender a formagéo social ¢ tertito- rial do pais. Historicamente 0 quadro fundidrio desigual se perpetua por meio de novas estruturas orquestradas pelas mesmas maos. A produgio agricola de commodities no pais std em continuo crescimento, voltada principalmente a atender 0 mercado externo, Essa estrucura é apresentada pelos dados das Organizagées das Nagoes Unidas por meio da Food and Agriculture Organization (FAO) Grifico 01: tong Use - 1961-2016 PLEEEELILISGI EG SS © beat © bra Asgicultura land Other land Bg? Gelfco 0: Area deca arcu no Bras de 1961 2016 (Fort: FAO, 2018) Este processo de modernizasio técnica da indistria€ caractesieado “por um lado Producéo utilizados pela agriculeura, ‘mos industriais(fertlizantes, agricaltura © de ineegragio com a pela mudanca na base téenica de meios de ‘aterializada na presenga crescente de insu- defensivos, corretivos do solo, sementes melhoradas ¢ combustiveis liquides etc.), e de méquinas industriais (cratores, ‘mencos, equipamentos de itigacio etc). De outro lado, frau vatiével entre a producio primatia de alimentos ¢ famos industri (leaginasos, moinhos,indstis de cana c deo, papel ¢ pape fo, Fumo, eéxi, bebidas et)” (Delgado, 2005, p. 58). colhedetas,imple- entre uma integragdo de smatérias-primas © virios A parcit desta prettogativa de uma suposta moderni izagao do campo brasileiro, esta ria apenas uma medida que justiicasse a insergao do apitalismo no campo, onde per- 05 ideais desenvolvimentistas de um Partir de incentivos fiscais os grandes nfo podemos isola este fto na histria do Brasil, uma vez que ‘manurengio da concentragio fundiétia faz parte de contextos hist6ricos no O desenvolvimento de uma agricultura captalista naquele perfodo sob forte inlugncia Ainanceira do setor péblico, mediante um Estado intervencionista, proporcionou os deba- ‘cs acerca da exigéncia de direitos por patte dos pequenos produtores impulsionados pelas *invindicagoes dos movimentossocss. Tl fto este, apenas se conseguiri nos mold de pais. 125 ows periodo da redemocratizacio, com o fim do regime militar, mas de suma importincia destacarmos que as atuagées do Estado desenvolvimentista iniciaram as primeiras discus shes de ideias e/ou projetos neolil ‘A importincia de entendermos a atuagio do Estado capitalista nos possbilitarefletr- mos as formulacoes das politicas de planejamento direcionadas &agricultura. Os entrepas- ses de uma abordagem regional influente nestas politicas nos faz observar as disparidades regionais acentuadas por estes planejamentos datados a partir do fim da década de 1940. Embora, a categoria territério apareca atualmente nas politicas de desenvolvimento rural, esta nio abdica rotalmente das priticas de governos anteriores. Assim, este desenvolvimento territorial esté calcificado, conforme Leite (2006) na “atratividade do territério”, onde se destacou as potencialidaces, especificidades e singu- laridades a partir de uma escala local e consequentemente, visando a atragéo do grande capital. De acordo com Mattos Jtinior, Sodré & Maciel (2017) as politicas piblicas vol- tadas a promoséo do desenvolvimento territorial da agricultura familiar no Brasil datam de tempos recentes, mais precisamente da segunda metade da década de 1990, quando se aagrava uma conjuntura de censoes sociais no campo ¢ é criado um conjunto de Programas com 0 objetivo de minimizar os conflitos sociais. No ambiro destas mudancas estrucurais nas estratégias de formulayées de politicas pelo Estado, 0 PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTUBA FAMILIAR (PRONAF) um desses programas que surge enquanto estratégia direcionada a0 pequeno agricultor, tendo em vista que, os grandes proprietirios e detentores do agronegécio conseguem se ‘manter © aumentar a sua produtividade a partir de seus pacotes tecnoligicos subsidiados Embora, a criagéo do PRONAF tenha se revelado no Brasil, apenas como uma medida de compensagéo para atender a agricultura familiar em conjunto com outra politica compen- satétia de implantagio de assentamentos rurais denominado de Plano Nacional de Reforma Agritia, Na verdade, o PRONAF apenas apaziguou as discusses da concentragio fundidtia com esta democratizagio fnfima de acesso & terra, ou seja, o problema estrutural agrétio de concentracio jamais fora enfrentado ¢ sempre se manteve postergado (Mesquita, 2011). E importante destacarmos que nesta reflexio néo desmerecemos a aplicabilidade do PRONAE tendo em vista que a criagdo deste programa impulsionow a produgio de 70% dos alimentos, ocupando 749% da mao de obra no campo e & responsével por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do pais, a partir dos dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Embora, nao tratamos neste texto as conflitualidades entre 0 agronegécio © agricultura familiar, € importante ponderar que os privilégios mantidos pelo Estado Neoliberal, na década de 1990, direcionados 20 capital produtivolespeculativo® resulta na Ors, devas process de pz eepecliio no ambiente capital € descr tabén a espligfo do sgyicukor fami pois confome Harvey (2016) o abl sxia produidenolocal de produ apenasum fo primidva, ou sa, so os ea exposigio desleal da agriculeura familiar perante & concorréncia interna ¢ externa, princi- palmente pela politica de valorizacéo do cambio do Mercosul (Mesquita, 2011). O montante de recursos dos Plano Safta destinados a agricultura empresatial ea agri- cultura familiar, conforme pode ser observado no Grifico 02, mostra uma historica sele- tividade do Estado por um modelo de desenvolvimento rural pautado na lucratividade, resguardando ao Brasil a posisso de pais agroexportador. Recursos do Plano Satra (2001-2019) MIO EEEEEEEE ss Ae Anrcutura Comercial a Apcltre Familiar Gio 02, Recursos do Plano Safa em Bilhses (RS) (2001 ~2019) (Fonte: Mapa, 2018.) ‘Ainda de acordo com as informagées do Grifico 02, desde 2016 ha uma estagnagio dos recursos destinados a agricultura familiar por meio do plano safra. Enquanto agticultura empresarial apresentou no plano de 2016/2017 perda de 5 bilh6es em relagio 20 ano anterior, © primei ddos a agricultura empresarial sio muitos superiores a agricultura familias, no plano de 2018/2019 esses niimeros sio mais de 6 vezes superiores. decréscimo na série histérica. Contudo, os recursos destina- A agricultura familiar escd em conexio a0 desenvolvimento rural as dindmicas ter ritoriais mediante as politicas piblicas. Para tanto, mencionar a década de 1990 como parte importante do processo de remodelacio de estratégias do Estado e concomitante- mente a isto, 0 debate académico em tomo da agricultura familiar ¢ 0 desenvolvimento rural (Favareto, 2010). Com isto, 0 cere das discussbes do Estado em prol da agricultura Je voda a rama dh epollagie, ou sj, apenas uxent a aproprigo €a acumulacio de grande parcels da riquesa omum sea de “pesba” pivadas (Entdades legs) efou © Exado. Asim, refletir a pari deta configuacso capital nos fa eiterar que exte modo de espoliaio&orgindro do sistema capitaliva diane de sua acurmlasso Drimiha, ou sj, io os tabahidore de aluguel esses meio de trabalho en: epitl (Marx, 1984) familiar csté voltado a partir da identificagéo das dinimicas terrivoriais como parte fun- damental da perspectiva da agricultura familiar, bem como a formulagio de programas ausiliares da politica de desenvolvimento territorial Reflexes sobre a conitibuicdo das politicas desenvolvimento territorial no Vale do Itapecuru Como mencionado anceriormente, a partir das décadas de 1980 ¢ 1990 ¢ mais preci- samente em 1996, o PRONAF, foi a principal fonte de crédito de acesso aos recursos por parte dos pequenos agricultores se tornando em um dos instrumentos para institucionali- zag6es das politicas puiblicas voltadas para o campo. No caso da pesquisa realizada, verificou-se que varios fatores contribuiram para desen- contros na politica social voltada para 0 campo e descontinuidades de programas. Nesse sentido, estudar ¢ analisar qual setia o papel da Politica de Desenvolvimento Territorial no processo de articulagéo de programas e de ag6es que tivessem como objetivo principal a reverséo do quadro da pobreza rural, passou a ser 0 nosso principal objetivo. E o territério escolhido para a pesquisa foi o Vale do Itapecuru constituido por um mosaico formado por dez, municipios que historicamente pertencem & divisio geogrifica do Estado, localizada na Mesorregiéo Norte, possuindo 54 assentamentos rurais, 5557 familias assentadas em uma drea de 135.273 hectares aproximadamente, com oito projetos produtivos construi- dos entre os anos de 2007 e 2010 como Abatedouro de caprinos, casa do Mel, fibrica de sabonetes, fabrica de gelo, centro de referéncia da agricultura familiar, centro de comer- cializagio, centro de inclusio digital ¢ outros que foram implantados. E com a escolha do territério foram também surgindo os questionamentos na medida em que levou-se em consideragio 0s programas ¢ agées a partir de 2003, verificando-se que os projetos produtivos foram resultados das discuss6es sobre politica de desenvolvimento territorial incorporadas pelas agées da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT). Toda essa conjuntura reforgou ainda mais 2 busca pela compreensio da realidade, procurando observar que a correlacio de forca entre 0s movimentos sociais ¢ instituigdes puiblicas que repercutiram significativamente nas éreas alvo contribuiu para nao efetivagio de programas c politicas piblicas que atingissem seus objetivos de forma planejada. Ou seja, 0 peso na aprovagéo dos projetos pensadas passava pela forga dos secretirios parti- cipantes como representantes formais do poder piblico no colegiado territorial e dessa forma o pensamento setorial ainda se sobressai na aprovacio das estruturas, Essa nova configurasio e forma de discutir as politicas voltada para o campo, que foi utilizada para sistematizar todas as ages em torno das demandas pensadas no na escala ‘municipal, mas com um novo formato propondo adequagées das politicas federais, aper- feigoando mecanismos de participagio e controle social, neste caso, o colegiado cerritorial, ‘como novo arranjo institucional, parecia ter um papel fundamental na avaliagéo dos pro- jetos que deveriam surgir para corrigit rumos equivocados e apontar novos cami hos para 6 processos produtives por meio do monitoramento ¢ gestio dos programas de descn- volvimento rural sustencivel. Porém, constatamas que o tempo para a consolidacio das exapas de todo esse processo foram minimas. Dois anos de discusséo para a concepgio dos projetos sem atentar para o processo de gesto desses empreendimentos levou a equivocos na fase de concluséo ¢ possibilidades de organizaao das entidades para o planejamento das atividades e para o real funcionamento do projeto. importante ressaltar que analisar a Politica de Desenvolvimento territorial, no Vale do Irapecuru, foi fundamental para se conhecer as estratégias utilizadas na Politica Territorial, 10s projetas produtivos pensados e as discuss6es oriundas das demandas dos movimentos sociais, E foi relevance para verificar as coeréncias instiucionais que se articularam para a implantacéo das propostas tanto de cunho produtivo como social. entificamos que as articulagoes tedricas comeraram, na pritica, a apresentar alguns pontos de estrangulamento que contribufram para o endividamento das familias em rela- fo a0 PRONAR Nesse sentido, ficou claro 0 nosso problema da pesquisa que passava pelas discusses, sobre encontros ¢ articulagées dos setores piiblicos dentro do colegiado territorial para definigio dos projetos pensados. Percebemos que as atividades pensadas na esfera local, nada mais eram que estrutu- ras produtivas que tinham como objetivo uma articulagio setorial. As discussées sobre politicas publicas, territério, politica de desenvolvimento territorial que dariam suporte técnico ¢ politico para o fortalecimento da agricultura familiar ¢ consolidacio da Politica Nacional de Reforma Agriria, néo amadureceram o suficiente para termos a possibilidade de mudangas significativas nos indicadores sociais. De 2003 a 2015, sio menos de 20 anos, tempo insuficiente para se reverter quadros de pobreza em ambientes historicamente dominados pela oligarquia agréria. ‘As desarticulagées ¢ os desencontros marcam as propostas ¢ os projetos produtivos no territ6rio Vale do Ttapecuru, No entanto, ao longo do tempo as articulagées entre os movi- mentos sociais foram importantes para a continuidade das discussdes, principalmente, no ‘que tange as politicas soci cia a0 processo de desmonte que extinguiu as estruturas de apoio & agricultura familiar. es as politicas de seguranga alimentar como forma de resistén- g Consideracées finais Refletic acerca das politicas de desenvolvimento territorial e seus direcionamentos para a agricultura nos fez permitir apontar 0 quao as politicas piblicas esto alinhadas as vontades € desejos do Estado capitalista £ fato que o planejamento é um instrumento do Estado, mas © tora suscetvel 3 Logica do capital este que o subvert para sua (e)produséo. Partindo desta premissa, entio, 0 que compreendemos a partir de nossas pesquisas sobre “encontros, desencontros e descontinuidades”? A palavra “encontro” foi utilizada para evidenciar a forte presenga dos movimentos ‘nos eventos promovides pelo colegiado o que propiciou uma relagéo mais coesa dentro do territ6rio Vale do Itapecuru. Awalmente, mesmo sem o funcionamento dos projeros com 2 desarticulagéo insvitucional na escala federal, as pessoas, que faziam parte do colegiado territorial, continuam se comunicando e discutindo problemas das suas comunidades. O terme “desencontro” foi utilizado para demonstrar como nas diversas escalas insti- tucionais houve sobreposigéo de atividades que tinkam o mesmo objetivo, néo havendo tuma interlocusio com o municipio, Pensar a escala do projeto produtivo, a ser concempla- do com recurso pliblico sem realmente dimensionar com o territétio pode ser considerado tum desenconero institucional. A utilizagéo do termo “descontinuidades" serviu para evidenciar as fases em que os projetos se encontravam no desenrolar da pesquisa. Temos projetos com a infraestrutura conclude sem funcionamento € 0 caso do Centro de Referéncia da Agricultura Familiar no municipio de Itapecuru e temos projetos néo concluidos na sua infraestrutura, esse é © caso do abatedouro de caprinos no municipio de Cantanhede. Todos com intimeros problemas que estao relacionados a falta de liberacio de recursos piiblicos como também 8 discussao sobre a gestéo dos empreendimentos. Referéncias Delgado, Guilherme Costs. A Questéo Agricia no Brasil 1950-2003. In: Jaccoud, L. (Org). Questo sociale politias soiais no Brasil contemporines. Brasilia: Ipea, 2005. p. 51-90. Favareto, Arison, Tendéncias contemporincas dos estudos e politicas sobre o desenvolvimento territorial. In: Ailson Favareto (Brasfia) Poitcas de desenvolvimento territorial rural no Brasil avangos edesafos. Brasilia: Tica, 2010, Cap. 1. p. 15-41. (Desenvolvimento Rural Sustentivl) Mars, Karl. A assim Chamada Acumulacdo Primitiva. In: Marx Karl. O Capital: critica da economia politica, Sto Paulo: Abril Cultural, 1984, Cap. 24. p, 263-294. ‘Mattos Junior, José, Sampaio de; Costa, Ariane Sousa. Os avanor e desefios na propota de desenvol- tvimento tertorial no vale do Hapecura-MA, Revista Brasileira de Desenvolvimento Regional. Y.4, p. 165-179, 2016. » José Sampaio de; Sodre, Ronaldo Barros; Maciel, Samuel de Jesus Oliveira. Avticulagde devar- siculapbes da politicas piblicas para agriculura familiar no vale do Ikapecura ~ MA e seus reflexos em dreas de asentamentosruras, ln: Rui Jacinto. (Org.). Outras Fronteiras, Novas Geografis: intercimbios ¢ didlogos teritoriais. 1ed. Guarda: Ancora Editor. V. 32, p. 301-308, 2017. lazoyer, Marcel; Roudart, Laurence. Histéria das agrcultuaas no mundo: do neolitico 2 ctise con- temporinea, Brasilia: Unesp, 2010. 568 p. Tradugéo de Ckiudia F. Flluh. fendes, Ksica Neves: Sousa, Igor Breno Barbosa de; Mattos Junior, José Sampaio de. Uma andlie ado Programa de Aquisicio de Alimentos (PAA) no assentamento Galo Cantanhede no municipio de Cantanbede, Inc VIM Simnp6sio Internacional De Geografia Agréia E Ix Simpésio Nacional De Goografia Agrétia, 8, 2017, Curitiba. Anais... Curitiba: Ufpr, 2017. p. 1 — 19. Dispontvel em: -. Acesso em: 8 jan, 2019. ‘Mesquita, Benjamin Alvino de. O Desenvolvimento Desigual Da Agricultura: dinamica do agrone- sgécio ¢ da agriculcura familiar. Sao Luis: Edufima, 2011. 110 p. iniscéio da Agricultura, Pecutia e Abastecimento (MAPA). Plano Agricola e Pecuirio, Disponivel em: harp: vwwagricultura.gowbr/. Acesso em 05 de deazmbro de 2018,

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