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A RELIGIÃO NO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO - Textos para A Aula
A RELIGIÃO NO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO - Textos para A Aula
A Bíblia Hebraica, por fim, apresenta uma visão distinta em relação ao templo
como habitação dos deuses. O relato da criação nos dá informações suficientes para
considerar que o cosmos foi criado para ser o próprio templo e habitação de Deus, e
o lugar em que o ser humano desfruta de comunhão com ele. Se em Gênesis 1 temos
a criação do espaço sagrado, em Gênesis 2 temos a ação do ser humano como
sacerdote-cultivador desse templo-jardim, uma representação do grande templo
cósmico divino. Novamente, esse conceito nos leva diretamente a uma peculiaridade
de Yahweh, como foi expresso por Paulo em sua pregação no Areópago de Atenas:
“O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não
habita em templos feitos por mãos de homens; tampouco é servido por mãos de
homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a
todos a vida, e a respiração, e todas as coisas” (Atos 17:24-25, ACF).
TEXTO 2 - Os ídolos
Como, então, os antigos habitantes do Antigo Oriente Próximo tinham a certeza
de que os templos eram, de fato, habitados pelos deuses? Essa presença divina era
assegurada pela imagem dessa divindade — o ídolo — na câmara interior do templo
ou santuário.
A produção de ídolos, dentro da cosmovisão do AOP, não era vista como algo
humano, mas como atividade conduzida diretamente pelos deuses, semelhante ao
conceito cristão de inspiração das Escrituras. Ao término de todo o processo de
fabricação do ídolo, o ritual mais importante realizado era o ritual de “lava-boca” do
ídolo. Ao lavar a boca da imagem, os deuses poderiam comer e beber as oferendas
e cheirar os incensos queimados em seu louvor. Após essa etapa, o ídolo era
finalmente colocado na parte mais importante do templo; palavras declaratórias eram
proferidas e, finalmente, o ídolo poderia ser adorado por todos.
A principal crítica apontada contra a prática da idolatria veio dos profetas Isaías
e Jeremias (cf. Isaías 44:9-20 e Jeremias 10:2-16). De acordo com os profetas, era
um completo absurdo em termos lógicos tributar algo de divino às imagens que são
feitas por mãos humanas. Em outras palavras: se é produto humano, não pode ser
divino. “Eles criticavam a ideia de uma verdadeira deidade estar presente dentro de
uma imagem feita por humanos.”
Por que conhecer o contexto do Antigo Oriente Próximo para compreender
melhor o texto da Bíblia Hebraica? Uma das regras mais básicas da exegese bíblica
é nunca impor ao texto aquilo que achamos ser correto. A nossa tarefa é a exegese
e não a eisegese. Isso implica dizer que conhecer não somente o texto sagrado em
si, mas também todo o caldo cultural que fez parte dos autores originais e dos
primeiros leitores, é fundamental para compreendermos hoje, depois de milênios,
como esses textos foram escritos, e compreender qual era a mensagem original, a
forma primeira, da revelação divina.