Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
(DECI)
Materiais de Construção II

AULA 5

Capítulo Aula 5 (Teórica/Prática)


II – Aços para Construção  Introdução
— Ensaios sobre os aços:
1) Ensaio de Tracção;
2) Ensaio de Dobragem.
 Designação dos aços

Introdução

Para a construção, as propriedades que interessam considerar aos metais são várias, concretamente, a aparência,
densidade, dilatação e condutibilidade térmica, condutibilidade eléctrica, resistência à tracção, resistência ao
choque, dureza, fadiga, corrosão e durabilidade.

No entanto, para designar o aço para betões, recorre-se comummente a resistência à tracção a partir dos
ensaios de tracção e dobragem.

— Ensaio de Tracção

Quando se submete uma barra à tracção axial, aparecem tensões internas. A tensão de tracção é obtida
dividindo-se a força aplicada pela área da secção transversal da barra. Essa tensão determina uma deformação
notada pelo aumento do comprimento da barra denominada extensão ou alongamento.

P Força aplicada [KN]


Tensão é dada por:  
A Área da secção transversal [m 2 ]

L - L0
Extensão é dada por:   100 [%] ,
L0
Onde: L0 é a base de medida marcada no corpo-de-prova ou o comprimento inicial da barra;
L é a distância entre as marcas, após a rotura e uma vez reajustadas as duas partes da barra rompida da
melhor maneira possível ou o comprimento final da barra.

O alongamento determina uma redução da secção transversal variável ao longo do comprimento. A secção que
sofre maior redução será também a que terá maior tensão, o que determinará ainda maior diminuição da secção
naquele local. Formar-se-á um fenómeno denominado estricção e a zona de menor área será a secção estricta
(Fig. 1).

S - S0
Estricção é dada por: S   100 [%] ,
S0
Onde: S0 é a secção inicial da barra e S é a secção estricta.

A relação entre a tensão aplicada e a deformação resultante pode ser acompanhada pelo diagrama tensão-
extensão que é representado por um sistema de coordenadas com as deformações no eixo das abcissas e
respectivas tensões no das ordenadas. Os valores para a construção deste diagrama são obtidos submetendo o

Materiais de Construção II – Aula 5 (Designação dos Aços) 1


material ao ensaio de tracção, sendo a deformação medida com o auxílio de um aparelho denominado
extensômetro, acoplado à máquina de ensaio.

As propriedades mecânicas dependem da composição química, processo de laminação e tratamento


térmico do aço. Outros factores podem influenciar, tais como: técnica de ensaio, temperatura, geometria do
corpo de prova, etc. Portanto, verificou-se que os aços apresentam dois tipos de diagramas.

Os aços naturais (laminados a quente ou macios) apresentam um diagrama com a forma seguinte:

Dentro de certos limites (fase elástica), ao tracionar-se uma peça, a sua deformação segue a “Lei de Hooke”, ou
seja, é proporcional ao esforço aplicado (Fig. 2). A proporcionalidade pode ser observada no trecho rectilíneo
do diagrama tensão-extnsão e a constante de proporcionalidade é denominado módulo de elasticidade ou
módulo de deformação longitudinal.

Materiais de Construção II – Aula 5 (Designação dos Aços) 2


Ultrapassando o limite de proporcionalidade, tem lugar a fase plástica, na qual ocorrem deformações crescentes
sem variação de tensão (patamar de escoamento ou cedência). O valor constante da tensão, nessa fase, é
chamado limite de escoamento do aço.

Após o escoamento, ainda na fase plástica, a estrutura interna do aço se rearranja e o material passa pelo
encruamento, em que se verifica novamente a variação da tensão com a deformação, porém não-linearmente.
O valor máximo da tensão é chamado de limite de resistência do aço.

O limite de escoamento de um material é calculado dividindo-se a carga máxima que ele suporta, antes de
escoar, pela área da secção transversal inicial do corpo de prova. Em materiais como os aços, o limite de
escoamento é bem definido, pois a determinada tensão aplicada o material escoa, isto é, ocorre deformação
plástica sem haver praticamente aumento da tensão.

O limite de resistência de um material é calculado dividindo-se a carga máxima que ele suporta, antes da
ruptura, pela área da secção transversal inicial do corpo de prova. Este limite, como os demais, é expresso em
unidade de tensão (kgf/cm2 ou kN/cm2 ou MPa).

Observa-se que o limite de resistência é calculado em relação à área inicial, o que é particularmente importante
para os materiais dúcteis, uma vez que estes sofrem uma redução de área quando solicitados pela carga máxima.
Embora, a tensão verdadeira que solicita o material seja calculada considerando-se a área real, a tensão tal como
foi definida anteriormente é mais importante para o engenheiro, pois os projectos devem ser feitos com base
nas dimensões inicias.

Em um ensaio de compressão, sem a ocorrência de flambagem (dobra ou encurvadura), obtém-se um diagrama


tensão-deformação similar ao do ensaio de tracção, porém com tensões sempre crescentes após o escoamento;
ocorre um aumento da área da secção transversal, sem que seja atingida a ruptura propriamente dita.

Durante o alongamento da barra, há uma contracção lateral (é a estricção), e não têm nenhum efeito no
diagrama tensão-extensão imediatamente após o limite de escoamento, porém deste ponto em diante a
diminuição da área afecta de maneira apreciável o cálculo da tensão na barra (Fig. 1).

O patamar de escoamento costuma apresentar uma tensão de escoamento máxima seguida de uma tensão de
escoamento mínima. Genericamente, refere-se à tensão superior como tensão de escoamento à qual
corresponde a deformação (εy).

Resumidamente, os parâmetros a determinar no ensaio de tracção são:

1) Tensão limite de proporcionalidade.


É o valor da tensão correspondente ao final da recta de proporcionalidade.

2) Módulo de elasticidade ou módulo de Young (E).


É a razão entre tensões e deformações (σ = E . ε), conhecida como “Lei de Hooke”; corresponde ao
coeficiente angular da recta de proporcionalidade. Para o aço seu valor é dado em cerca de 2,05x105 MPa, na
zona elástica.

3) Módulo de elasticidade transversal (G).


É a razão entre as deformações transversais e as tensões cisalhantes na zona de proporcionalidade. Pode ser
determinada através da equação:
E
G ,
2(1   )
Onde: admite-se μ para o aço com valor situando-se entre 0,25 e 0,33 na zona elástica.

4) Tensão limite de escoamento ou de cedência (σe).


É a tensão máxima verificada no patamar no patamar de escoamento ou a convencional à 0,2% da
deformação.
Fy Força limite de escoamento [KN]
e  
A Área da secção transversal incial [m 2 ]

Materiais de Construção II – Aula 5 (Designação dos Aços) 3


5) Tensão de ruptura ou Limite de Resistência (σr).
É o valor máximo da tensão que se obtém na peça. Corresponde ao ápice da curva tensão-extensão.

FRe Força limite de resistênci a [KN]


r  
A Área da secção transversal incial [m 2 ]

6) Resistência à fadiga.
É definida como a tensão para o qual o aço rompe depois de repetidas aplicações de carga, está relacionada
com o número de ciclos de carga e com a amplitude da variação das cargas.

Os aços tratados (laminados a frio ou duros) não apresentam patamar de escoamento. A tensão de escoamento é
obtida com a intersecção de uma recta traçada paralela ao trecho do gráfico a partir de um ponto nos eixos das
abcissas correspondente a uma deformação de n%, com o próprio gráfico tensão-deformação, de acordo com
o gráfico seguinte:

O valor n adoptado normalmente é de 0,2% para os aços, e entre 0,1 e 0,55 para os outros metais e representa
o limite de elasticidade, até o qual as deformações não são permanentes.

O limite de escoamento é a constante física mais importante no cálculo das estruturas de aço. Deve-se impedir
que essa tensão seja atingida nas secções transversais das barras, como forma de limitar a sua deformação.

— Ensaio de Dobragem

Há dois tipos de ensaios de dobragem: a dobragem simples e a dobragem alternada.

O ensaio de dobragem simples, também muito importante não tem relação com a fadiga. Só tem por finalidade
verificar a capacidade do metal em ser dobrado até um determinado ângulo sem fissurar nem romper. Nesse
ensaio o metal é dobrado em torno de um pino cilíndrico de diâmetro dado até ficarem paralelas as duas pontas
(da barra ou chapa), é a dobragem a 180o.

No ensaio de dobragem alternada, não normalizado, a amostra, sujeita a um torno, é levada a dobragens
alternadas num ângulo de 90o para acada lado até haver fissuração ou ruptura. A máquina de ensaios deve
aplicar esforços progressivamente, sem golpes, e permitir regular a velocidade de aplicação.

Materiais de Construção II – Aula 5 (Designação dos Aços) 4


Designação dos Aços

Os aços são designados a partir de uma letra “A” (maiúscula), acompanhada do valor característico da tensão
de cedência ou tensão limite convencional de proporcionalidade à 0,2% e ainda, a esta letra e algarismo,
seguem-se ainda as letras “N” ou “E” conforme se trata de um aço natural ou tratado e “L” e “R” caso o aço
seja liso ou rugoso (Tab. 1).

Materiais de Construção II – Aula 5 (Designação dos Aços) 5

Você também pode gostar