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MALHEIRO, Agostinho Marques Perdigão. Consultas Sobre Varias Questões de Direito Civil, Commercial e Penal
MALHEIRO, Agostinho Marques Perdigão. Consultas Sobre Varias Questões de Direito Civil, Commercial e Penal
PATRIMÔNIO
N.o S; ]Y7'·
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CONSUL'rAS
SOBRE
VARIAS QUESTÕES
DE
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B. L. GARNIER-Editor
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CONSTJLTAS
SOBRE
VARIAS QUESTOES
DE
por
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RIO DE JANEIRO
B. L. GARNIER - livreiro-editor
71 Rua do Ouvid or 71
1884
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~ 11-60:5
111m. e Exm. Sra. D. Luiza de Oueiroz Coutinho Mattoso Perdigão
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Não erão as consultas que constituem o presente livro desti-
nadas á luz da publicidade. No frontespi cio do volumoso manus-
cripto , em que forão cuidadosamente registradas, ~ncontrei uma
nota do proprio punho de seu autor , que assim o declarava.
Compl'ehend e-se perfeitamente a razão . A publicação em vida
do Dl'. Perdigão teria se us laivos de pedantesco dogmatismo;
apezar da reconh ecida modestia de se u camcter, não faltaria
quem pensasse em attribuir-l be por es te far,to certa pretenção á
opinião autorisada , que todavia justifi caria o conceito de que
gozava. Tal inconveni ente desappareceu hoj e, que ell e tambem
desappareceu do numero do s vi vos. São pareceres de um aba-
lisado jurisconsulto , versando muitos sobre queslões importan-
tissimas, e quasi todos tratando de assumptos de interesse
diario para os advogados.
Não tendo de ser impressos, e ele ordinario soli citados para
satisfazer a exigencias instantes dos consultantes, esses pareceres
L'eproduzião sem atavio de pbrase, nem omamenta ção de estylo,
a OplDLaO do seu autor. Tambem não bavia disso necessidade;
pbuco se impol'tava o cliente que o pêriodo fosse lamartini ano,
rellecti sse a pbrase scintillações á man eira do Tbeophilo Gau-
tior ou de Paul de Saint Victor: o que elle queria era o remedio
ao seu caso, o I'ecurso ao se u embaraço, a direcção ao se u ne-
gocio, e tudo isso obtinha em uma resposta de poucas linhas,
na qual, se m rodeios nem ambages, era exposta a doutrina appli-
cavol em toda sua pureza e in dicado o melhor cami nho . Assim
m'a entre os romanos a tarefa do jurisconsulto: - sCl'ibendi,
1'esp.ondendi, ca.vendi.
Varias consultas envolvem questões de natureza particularis-
sima. Pensei pOI' isso em supprimil-asi mas, havia o p,'incipio de
direi to que as resolvia , digno d l~ ser considerado. Tambem en-
teud i dever conservar aqueJlas que presentemente, em virlude
de novas disposições legaes, recebem outra solução; perdendo
a actualidade, resta-lhes todavia o valor historico, que habi-
VIII
/
oDr. Agostinho Marques Perdigão Malheiro
ESTUDO mOr::RA PHICO
(*) Pelo lado materno o Dl'. Perdigão era aparentado com o finado
marquez de Valença. Entre seus par!3ntes da parte paterno conta-se
o bispo de Pernambuco,D. João Marques Perdigão tambem fallecido.
(** ) Não só esse, porém numerosos manuscriptos, forão legados
pelo Dl'. Perdigão áquella douta sociedade. Nagazetilha do J ol'nal do
Gorrvmer'cio de 10 de Julho de 1881 encontra-se uma longa relação dos
que entregllei,de ordem de sua viuva, ao digno 10 secretario o Dr. Mo-
reira de Azevedo, quasi todos com relação á Historia do Brasil, e mui-
tos copiados pelo proprio pllnhe do ;conselheire Perdigão de outros
manuscriptos raros.
XI
xv
ass umpto erp que nunca tocava , I'eceiando talvez reabrir, apezal'
do longo tempo decorrido, mal cicatrisada fe l'ida , ou ter de pro-
nunciar-se de sfavoravelmente sobre o procedim ento do seu gl'a-
tuito offensol',
Abandonou , pois, magoado, a cidade de S, Paulo, onde poucos
mezes d(~ poi s de formado exerceu o lugar de bibliotb ecurio da
faculdad e por nomeação do marque" de Monte-Alegre, H.~ tiran
do-se para o H.io de Janeiro, pedio sem dr. tença a sua exo neração,
e auraf{ou a profLssüO de advogado , por ser, escreve el/ e « :t que
mais se conforma va com o seu caracter in dependente e [11l'lhor
futuro aSRegura\'a , uão lbe ass ustand o em tempo algum o tl'a-
balbo, a que es tava acostum allo, e ~ ~ lltind o pa rti culal' ,;atisfa çüo
em superar diffi culdades , "
E de facto ass im era, O seu espil'ito calm o e re(l.ectido, servido
pOl' uma lucida iutelligencia , a que viulla auxilio,r exceJlente me-
moria ; a rigidez de se u:~ principios, se m prejudicar os deveres de
civilidade; o escl'Upulo que imprimia nos menores actos, o tor-
navftO a s~ az apto para o papel de consellleil'o e guia, defensol' de
direitos eOl1culcados, maLltenedor dos sagrados principios el e
justi ça, Nunr.a at.:eitou uma causa de cujo bo m direito náo esti-
vesse pel'l\!itamente convencido , e muitas teve de regeita r pari!
nltO ir de r.ncontl'o ás suas opiniões escr;ptas ou impressas,
Nun ca deu um pal'ecer ageitado ú cons ulta : pCl'cehia o ard il e
ev itava-o caute losamente, Tambem po ucas op iniões lle advogado
el'ão tüo exte nsamente res peitadas co mo a delle, De muitoR pontos
do lmpcrio, c até üe paizes rs trangeil'Os, recelJia propos tas sobre
que,:;túes jmi dicas, ás quaes respondi a com aquella claresa e co n-
cisão em que tanto primava,
No seu escriptori o de advocacia sc exercitárão não poucos
jovc ns bacbul'eis, rccem-sabidos ela academia, ainda incertos
para onde diri gir o voa, presos ao grilhão cllamado anno de pra-
ti ca, press urosos no portico da vida real, e para os quaes as nu-
vells co meçavfw a pCI'J.er aquelles tons roseos do tempo de
estudante , Todo:> co nse rvarão do mestre respeitosa es tim a;
IJe llllum jamai s deixo u de reconhecer as boas li ções recebidas e
os exemplos de severa probidade que lhes offerecia,
Era muito para apreciar o modo como tratava de satisfaz er
as frequentes consultas, que lhe dirigião esses aprendizes do fóro ,
XIX
r
XXI
11 i:;tol'ico, a cujas portas fóra seu autor bater ,apoiado nesse do-
cumento vivo de amor ás letras patrias.
O conselbeiro Diogo Soares da Silva de Bivar que se offereceu
a examinaI-a, apresentou na sessão de 22 de Novembro de 1850
um parecer eivado de apreciações injustas, que forçárão o
DI". Joaquim Caetano da Silva a sabil' em ddesa do seu esti-
mado discipulo de outr'ora, pl'Oduzindo uma erudita refutação na
qual um a um farão desfiados os pontos da arguição do sabia
censor, como elle ironicamente o denominou (*) . Depois de uma
resenba de nomes de escriptores de nota em divel'gencia com as
opiniões do critico, aquelle illustre pbilologo terminou por esta
cxpl'essi va rOI'lDa : « Na collisão de tantos nomes com tamanbo
nome, enleia-se o discernimento. Mas, ondc quer que esteja
o CITO , fica sempre certo que a bistoria patl'ia é ainda pouco sa-
bida , até das uossas summidades littcrarias ; e que merece m scr
galal'Cloados com DenevoJo incentivo aquelles mancebos que, como
o SI'. Dl'. Agostinho Marques Pel'Cligüo ~Ialbeiro, dedicãO a tflo
importante estudo uma intelligencia viçosa. "
Nes:;e lrabalho, fru clo de vcrdes annos, primeiro ensaio em
um gellero que logo abandonou, como be l'. escola de Augustin
Tllierl'y, a que mostrúrll inclinar-se não satisfizesse pela rest ri cçfLo
cio pl'iucipio-.scI"ibitLM' ad nal'randtb1n non aLl ]Jl'obanclwm-todas
as necessidades de seu es pirito , ent:ontra-se a semelite daquellc
:;entimento phih.llltropico, que,medl'ando co m o vai reI' dos anuas,
ergueu o DI'. Perdigão ~Iallleil'o ;) altura do s bcnem eritos do
paiz. O recllo do Hvro é um cloquentc brado de patrioti smo, um
al'lkllte voto em pl'ol da pl'OsperidaLle do BI'<lzii. Não posso fur-
tar-m e ao desejo de tl'lllls';rever as suas enll.lUsiasticas expres-
sões; cllas serviráõ a um tempo pal'll dar ~c s temunbo do amor
patrio, quc in pil'ava a sua juveuil penna, e comprovar o asserto
COllCe l'l1entc á idéa , que já preoccupava o se u cel'c!:Jr'o, da
emancipação dos escravos .
(') Muito tempo depois de se ter desligado do partido cle qLte fóra
um dos ornamentos, o finado con selheiro Zacarias, em cónvel'sa CO H1
o escl'iptol' destas linhas, ex!tltava os singulaTes predicados do conse-
lheiro Euzebio de QLteiroz, r.omo director desse me mo parLido, des-
crevendo com aquella cltracteri sLi ctt vi vacidade, qne na Lribul1a
convertia em brilhanLes movim entos oraLorios, a peri cia do chefe na
xxv
terem resposta imm ediata a consu ltas, que cada qual se queira
a si mesmo fazer sobre questões mais frequentes, e de mais
imIl}ediato inleresse relativamente á importantiRsima e profunda
reforma, por que passa uma das mais dilliceis e complicadas
materias de nossa legislação civil e commercial, qual seja a das
hypothecas ; resposta a mais satisfactori'l que ser possa, acom-
panhada logo da citação de direito , que a comprova, e cujo
desenvolvimento (ás vezes longo) se achará nos artigos da lei
e dos regulamentos referidos a cada proposição. ))
Este systema de [acílitat' a procura de di sposi ções de uma Ini
comp lexa, notando as diversas remi ssões, abria a porla a publi-
cações congeneres. Hoj e não ba lei promulgada, mais ou menos
desenvolvida, que não appareça logo o seu repertorio.
O sentimento, de mãos tladas com a razão, actuavão pt'odi-
giosamente em seu espirito encbendo-o de constantes preoccupa-
ções sobre os remedios conducentes a extirpar o CllnCI'O, que
corroia o Bruzil até a medula, e era a causa mais podet'osa do
seu atrazo moral e social. « Eu via a escravidão,commemorão os
seus apontamentos, com repugnancia e mesmo borrar, persistente
entre povos curistftos e em nossa querida patria. Este sentimento
era expontaneo e despido de qualquer vicio ou defeito; o meu
espírito e coraçfto aspiravão á liberdade e á emancipaçüo. »
Sem duvida, como Seneca, entendia que era um el'l'O pensar
que a escravidão absorvia inteiro o homem, e, pois, convinba,
a bem da mesma àignidade bumana, restituir á creatma a plena
posse das faculdades com que a dotára o Creador (*) .
omnes celestibus exeat. Corpus itaque est, quod domino fortuna tra-
dic1it. Hoc emit, hoc vendit; interior illa pars mancipio dari non
potest. »
3-CONSULTAS
:n. .HY
gl'an(l(' movimenfo intelll'ctual (' mOl'al (lo ~ecu l o XIX, teria avan-
çado oe scc"Illos lia v('rerla da (;i\'i li :;:D~flo; gan ha ria no interior
ex terminando um 111 ai , que a hi storia dcmonstl'a ter sido (>111
todos os tempos e paizes causa de oulros males, de guerra;;
mesmo, causa de degl'uda!,;ão do povo, de depravação cle cos-
tumes, de atrazo na inclustria, 110 desr uvolvill1 l' nto illt\'lIectual
e mOl'al, já não digo Só[J((:' uLc do eSd'<lI'O, mas cio pl'opl'io bomcJI1
livl'e, A mão da ProvidL'llcia pesa soure nó~, a justiça divina
pareo' que se I'crolLa conLl'a Uill lal alteoLado, e pune o cu lpa do
exactameoLc I)pla ralta que in,;i ' ti! efll JI1idlll'!', pl'rmiftillllo qil('
som'a eH!:! totla,; as suaS duras cOII;:e'iU t' II Ciil::i
" ~';elll semcllJunte disposi!,;ão potlel'iil , l'oll'l' nó~, fl'az('!' o~
múos l'(!sulLados e co nq.lli raçúc::i, quo L:IlIlo I' I'c('i~lO espirifos me-
talliros e visiOIl<lrjos, Os que se achüo constituidos em escravidão
rOIlLil lUill'ião uclla , até que pela mOl'te e pelas manurnissõrs
regulares se eSLiuguitise e::ise canc!'o da socil'datle bJ'azileiJ'a,
o que pOl' certo seria obra para 1l111itos anuos, Porém 1to menos
em uma época ce'rla, emuora nflO lHccisn, a L'scrar idüo se arharia
ele Lotio extiucLa ua Lerra da CI'UZ, syll1 lJolo cio Christo, qUI', p~ra
remi]' do peccado o gêliero llUmano, OrlO duvidou tomar a fCJ1"ma
do escmvo, c padecer e morrer da morte desLinada aos escravos,
" Se isto tivesse lugar nos nosso ~ dias, por uma feliz coinci-
dencia regi straria a bi sloria que no reinado ele um D. Pedro II
(de Portugal) abolio-se a escrayiclüo cios iudios no 13ra7.il,e que no
govemo de outro D, Prrlro II (do 13razil) a da l'aça :lftoicana obti-
vem igual victoria,
li As gerações qur nos biio rle suc('ede r lJemdil'ião tão meri-
toria resolução, E a bond:ule tio AILissimo descel'ia, como o 01'-
valbo crendor, sob rr a terra, om ahrasada pelo SUOI' e lagrimas
do escravo; só então a. nossa bella patria sl'I'ia verdadeiramente
feliz (*) , Il
Esse discuI'so produzio grande impl'C'ssão e repercutiu no paiz
inteil'o ; o Con'eio Mercantil o tl'illl SCreVeu em suas columnas, pre-
ce(lclldo-o 11e phr~s('s muito honrosas pal':1 o seu nutol', A' porua
udmiru"a-se a cora~em, o civismo, que o incitára a fallar aos
seus concidadãos a lillguagem da verdade, levando o ferro cm
brnza a uma cbaga patente, mas da qualnillguem curava, romo
Monsi-eUl'
L'hommage de mes sentiments respectueux,
L. A . Chamerozow, sécrétail'e."
•
XXXVI
apezar dos herculcos esforços t!r seu presidcn le. Ao brado ele
alerta que so ltúm entend eu dever accrescentar mais alguma cousa
e não limitar-se a indicar o perigo. Estudar os meios de remo-
veI-o foi então todo seu empenbo.
Ne8se intuito p07. mãos ~l obra, e começou a accumu lilr um
cabedal immenso, formado de toda a sorte de elementos, hi sto-
ricos ,politicos, sociaes e economicos, destinado a fOl'Oecel' a maior
som ma de recursos possivel, afim de babilital' para a solução do
magno problema. Tal foi o plano e assumpto do tl'aiJalho quo veio
a lume em 1866, sob o titulo A Escl'Clvidàu no IJmzit.
" Desde aquelle discurso, observa el le, começúrfio para mim
os maiores desgostos, pois de um lado deparava com a mú von-
tade dos pl'Oprietal'ios e seus sectarios,e de outro com a do proprio
governo.» A influencia desle no seu pensar era tal, que, preten-
dendQ fa7.er urna primeira leitura do dito discurso, interessante
ainda sob o ponto elo vista historil:O perante o Instituto, foi
desse proposito demovido, a pl'etl?xto de que iria _desagradai'
uma vontade augustil. Ainda assim, porúm,conseguio que aqueJla
douta corporação o admillisse a ler a segunda parte da obl'a
inedita, persuadido ser a que mais interesse orferecia aos fio s
sociaes, por se tratai' de indios. " Mas, accrescenta, suspendi por
ver qu'e :í. leitu ra não se prestava a devida attenção. »
Não foi só isso.
Publicada a parte juridica, e vendo que a impressão de toda a
obra importaria em não pequena desp('zu, demasiado onerosa pum
a sua bolsa, versando o trabalb o exclu, ivamente sobre assumpto
de interesse publico,lembrou-se um amigo,funccionario altamente
collocado , de aconselbar-lbe a que requeresse ao governo um
auxilio pecuniario. Elle, porém, reCUEou-sr, declarando que bas-
t~rja lh e. aceilassem, em pagamento da impl'essão feita na typo-
grapbia naci ona l, tantos exemplares da obra completa, quan-
los fossem precisos para in(lemnisaçfio,venclendo-os a administra-
çüo pOl' sua conta c pelo preço que se convencionasse.
Animaclo por rsse nmigo, aprrsrntou o seu I'cquel'imento. Menos
reliz, porém, que oulrOS que se limitavrtO a amanhar compilações
e obtivrrüo os favores solicitados, o autor ela Escravidão 110
Bmzil vio a f;un prrlrnf;ão mal acolhida, não chegando pOl' iss0 o
officioso interrelJ lo)' a submelWl-a a despacho.
IXXVII
•
XXXVIII
Não é, portanto, pam extranlJa l' que, fortem ente dominado por
flssa i~lpressão, a ella filiasse todos os successos, désse vulto
ainda aos de somenos importan cia , e considerando co mo causa
geradora de obstaculos e embaraços tudo quanto não influissc ele
modo acti vo e immediato para a realizaçã.o da idéa, na mesma
desconfian ça envolvesse hom ens e cousas. Assim, não trepitlou
imputar á esquivança o procedimento de quem entendia ,que maior
emp enho devia cabet, na di scussão da ques tão, não mais voltando
ao assumpto , como tuclo lh e fazia e3 pel'ar, depo is de ouvir de sua
propria boca a declaração, que o mom ento propicio para tratar
delI e seria finda a guerra do Paraguay e res tauradas as forças
da nação .
Certamente não era es te o caso de Racin c, a res peito do qual
dizia Luiz XIV, vendo-o occupado co m um projecto de reforma so-
cial e eco nomica: « Porque sabe fazer versos perfeitamente julga
saber tuclo? Porque é granel e poeta qucr ser ministro?)) As com-
pro vadas habilitações do Dl' . Perdigão Mallwiro l'epellifLO o caracter
de amador, que bem podia asse lllar no famo so autor de Athalia, e
haveJ'in. Jlagl'ilnle injustiça em se lue appli cUl' a con hecida l'l!sposta
de Vàltail'e: 111aít're Anclre, (ailes eles J]elTuques (*) . 03 homens,
porém, são os mes mo s em todos os tempos; <l5 m ~s mas p~: i xões
os agitão, o qu e mortifica o espirito em um sec ulo não palie ser
causa de satisfação em outro; em todos as épocas a conslcleração
publica, o apl'eço das pessoas qualificadas for:lQ sempre ambi cio-
nadas por aquelles mesmos a quem meno s ca heria o conhecido
conceito,-todas as virtudes vêm percl el'-s8 110 amo r proprio ,colllo
os rios no mal'.
Comludo, por diminuta que fo sse a clóse que de tal sentimento
se alimentasse a alma de Perdigão :tvIalheiro , não poderia furtar- se
a um certo desvanecimento ao chegar ao cabo,depois de contral'ie-
dades reaes e imaginarias, de se u grande emprendimento. Razão
de so bra para isso lhe assistia . A Escmviclão no Hl'azU, por elle
•
XL
•
XLII
(* ) Essa carta, digna por todos os motivos de especial nota, era con-
cebida nos seg uintes termos:
« G de Novembro de 1867, Bordéos.
(( 111m. Sr. Dr. A. M. Perdigão Malheirc.
" Meu mui to ca ro S1'. DOLltor.- Tinha inlúnçi'ío do eserever a V . S.
logo que chegasse a este porto. Infelizm ente, no mesmo dia ele minba
chegada, cahi gravemente enfermo, e só agora posso escr ever. Entre as
minhas primeiras cartas, seja esta, depois das de fam ilia, para mani-
festar a V. S. a prufLmda impressão que deixou-me a sua obra sobre
a escravidão, cuja leitm'a completa ,sem exceptuar prefacias, notas, e
ind ices) Ih durante a minha viagem de paquete.
« A sua obra, meu doutor, é mais do que um livro: é uma acção
ch risLã. Teuho inveja da sua perseve,'ançll, e da fé qltc o animOll a
começ,u' e levar ao cabo o SOll livro. Tenho inveja Eu pensava e, -
crever aqlü uma memoria; seu livro me dispensa disso, porque é com-
pleto .
« Devo-lhe dizer qLle, á primeira vista. algumas ele Sllas opiniões
slJbre a legislação dos escravos (parLe pr imeira) me parecêrão arris-
cadas, antes opiniões de puihlnLhropo do que doutrinas de jurisco n-
snlLo; mas, reflectillLlo sobre cada uma dellas e sobr e as razões invo-
cadas pelo autor, conclui sempre de a.ccordo com a s ua opinião. Essa
primeira parte é o nusso JJL!)3,tO da escrav idão no Brazil. Podesse e11a
ser meditada por juizes e advogados! O proprio ministerio ela jLlstiça
(se o gJverno é sincero na propaganLla abolicionista) pl'll'que razão não
recommenda esse livro aos juizea e aos LribLlnaes?
« Das outras duas partes não careço faze r o elogio, Cnmprimento-o
pelo trabalho, pela dedicação, pe10 escrupulo, pela cópia de esclareci-
menLos que a sua obra copLém .
« Dou-lhe os mais vivos parabens.
« ELl trouxe dous exemplar es ddla. Um offereci ao Laboulaye, qne
me dizem conhecer o port.nguez; o outro serve de base a uns projecLos
que desejo formular.
XLIII
•
XLIV
(') « Uma prova do onLhllsiasmo com que foi inaug urada esta si-
tuação, dizia o ministro da justiça conselheiro Alencar, na sessão
de 9 de Agosto de 1869, da eiliuberancia de força que eUa tirou da
dedicação de seus am igos, deu na ultima sessão o nobre deputado por
Minas. Este illustre repr esentante, advogado distincto nesta córte,
um talento dos mais a preciados, dnrante \' inLe a l1l10S se manteve
estranlto á politica. na qual elle poderia ter reclc.mado pelo direito
de seus n:erecim entos um a posição superior i notaveis estadistas,
alguns dos quaes nó:> pntntea mos, lhe acena vão co m a consideração
que o esperava na politica i mas clle recusára. Satisfazia-se com os
louros de sua nob re profissão, co m os lomo., de sua carreira littera-
ria, desta carreira, sen hores, ela qual eu cOllfesso que tenho sa udade,
porque a ella elevo as mais vi vas satisfaç ões e algllUs dos momentos
mais felizes ele minha viela . »
E depois de breve interrupção proseguio:
c( Mas, senhores, dizia eu que o nob re r epresenta nte de Minas
vivia tranquillo, ceifando os louros ele sua profissão e as glorias de
seus t rabalhos litterarios, quando soo u a hora da illa ugura ção desta
s ituação.
(C O partido co nservado r, Sllbindo ao poder, chamou a postos todos
os seus l!lembros, e o nobre elepltlado, que modestamente se conside-
rou <:omo soldado da r eserv a, aC lldio ao reclamo, e trou xe á situação o
apo io muito prestimoso de um bello carader, de um nome illllstraclo
o úe um ta lento robustecido por est udos soliJos (,mútos apoiados) J)
(Vide .dnna.es l'm'Z , 186:J, tomo 4, pag.5a.)
')
XLV
•
(
XLVI
•
XLYIIl
tempo ele acudil'mos a uma classC' que nos eleve morreor toda a
consideraçftO )) Este genoroso procl'dimc nto foi, no entretanto,
contl'ariado 110 immecliato r e~ullndo que o spu autor prete ndia
daquella sorte alcanç::tr. Por inexpf'riencia elos DPgocios pa1'la-
menta l'cs apl'esent(lI'a sob a fól'(na de addili\'o o ~ue cOlls lituia
propriamellt.e matcria de emond;l. Mais 1al'[I I" quando quiz
acndir, já não ora tempo . Tratando-se oa discu são lla re-
clacçflo do orçamen to, lÜO cabia a emenda, que na sessüo dl'
3 de Agosto rllo formubra, com o fim de augmental' as I'(':;pec-
tiyas verbas (lo mesmo orçamento na proporção da elevação 003
vencimentos.
Concol'l'eu pro\'aYelmenle para essa so luçrlo a antoriol' deda-
raçflo do minisll'o da faz onda , na :,PSSrLO ele 21'· de Julho , " f[ur,
embora n:1o fo::<sc infenso ao projeclo, por consider::tçúes de 01'-
dem economica, so ria ele voto contl'al'io á sua arlopçüo no se-
nado, cspc l'ando que a magi st.ralul'a se resignasse aos sacl'iAcios
que o estado do paiz exigia ele toelos os cidaclüo )) (",).
•
LIV
•
LVI
•
t.vI1!
•
LX
(*) Vide Ann'tes Pa,'l., tomo VI, 1869, pago30. Ao projecLo vindo
do senado havia o cvnselheiro Alencar apr esentado na sessão de
2 de Outubro uma emenda substitutiva, que foi approvadlt na ses-
são de 13 do mesmo Dlez e no fundo constitue huje lei do Imperio
sob u, 268,1 de 23 de Olltubro de 1875.
dle se absteria de coadjuvar a todas as medidas iodirectas
que tendessem a facilitar e apressar a Holução desse dif'ficil pro-
blema, sendo licito fazel-o aquelIes que se julgassem habilitados
e com a fOl'ça nccessaria para o resolverem de uma mOlneirOl
mais prompta;c mais direito tinhrtO os representantes da nação do
que o poder executivo (*) .
A essa Ressão nrLO se achou presente o Dl'. Perdigão MalLu:- iro,
que teria tomado parte no debate para emittir algum as ohser-
vações, como declarou na de 23 do mesmo meE, no discurso em
que fundamentou os seus projectos sobre o elemento servil, (le-
sempenhando -s :~ do compromisso tomado no anno anterior, e ao
qual precedentcmente me refui . São de tal im~ortancia as idéa,;
que nessa occasião expendeu, conslitucm esses projeclos o
transumpto de tantos aODOS de estudos, trabalhos e medilações,
illuminão com ama tão brilhante laz o recondito da alma do
pbilosopbo e cio patriota, que, digna como rppulo as palaVI'us
então profel'idas elos bronzes da histol'ia, a rpproducção na sua
integra elo discurso do deputado mineiro não é enão um com-
plemento indispensavel deste estudo.
Depois ele alludir ao projecto sobre venda de escravos em
leilão, em cuja discussão interviera, compromeltendo-se nessa
occasião a apl'esentar trabalho de lavra pl'opria sobre a magna
questão, o ol'ador pI'oseguio nos seguintes temlOS :
(( Compromeltido assim, c VEndo cu que a camam deseja fa-
zer alguma cousa, enteneli que el'a meu eleveI' rigoroso, quer
como homem, quer como brazileil'o, quer como membl'o desta
casa, concorrer com alguns t!'abalhos modestos para tão gran-
dioso fim.
" As minbas icléas são publicas, e eu o disse positilramente
na sessfto do anno passado, são moderadas. Abolicionista de
cabeça e ele coração, não desejo todavia a emancipação preci-
pitada e irreflectida, como bem ponderou o nobrl' presidente do
conselho; mas enlre o stattL qttO e esse extremo ba um abysmo :
é preciso atravessai-o, e para isso pruci'lo é que tomemos pl'O-
videncias que gradualmente, como por urna escada, nos condu-
zão aquellc fim (apoiados).
(
LXllI
(
LXV
Proiecto n . 2
« A assembléa geral resolve:
« Art. 1.0 Nas vendas judiciaes, qu er por execuções. quer por ou-
tros motivos, bem como nos in ventarios. sejão quaes forem os herdei-
ros,o escravo. que por si ou por outrem. exhibir á vista o pr ~ ço àe sua
à valiação, tem direito :1 alforria; O juiz lh e passará o respectivo ti tulo
livre de quaesquer direitos e emobm entos
a Se fl\r do evento. de hells de Jefuntos e ausentes, ou vagos, e não
houver arrematante . o juiz dará a alforria gratuita .
• § 1.' O lapso de tempo para a abertura das propostas SArá o dos
prégões. segundo 11. lei commum r espectiva. derogado nesta parte
o art 10 da Lei n.16\):) de 1" de Setembro de l P6Q.
li No caso de privilegio de integridade. n lapso será o dos immoveis,
.endo, p' rém. as propostas cl1 mprehensivas d"s mesml1s imm veis •
• Si 2.' O disposto no art 2' da r eferida lei é extensivo a qualquer
aeto de alienação (·u transmissão de escrR vos.
« Art. 2.' Aquelle' que r esgatar algum escravo tem o direito de in-
demnisar-se, querendo, pel,' s serviços do mesmo por tempo não c xc~
dente de cineo ann ns, eomtanto qu e o declare logo e seja clausula
expressa da alforria.
(( As questões entre o bemfeitor e o ben eftc iado,1l com terceiro. rela·
tivas 11. direitos e obrigações derivadas dl1 determinad o. neste a rtigo,
lerão resolv idas de plano e pela verdade sabida. obsp.nadas a s leis
sobre locação de serviços no que forem appli ca ve is . O gwp. rno f'xpe-
dirá regulamentos. podendo cominar prisão até tres mezes I multa
ate 20010011.
( Art. 3.' Fica livre o escravo.
(I Si 1.0 Salvo ao senhor o direito á indemnisação :
O senhor.
« § 2.' Sem indemnisação .
a 1.' Que de consentimento ou sciencia do senhor se casar com
peBsoa livre.
li 2.- Que Cór a.bandonado pelo senhor por cnfermo ou invalido.
impedil-a ou prejudicaI-a.
(( SI -1. 0 Não viráõ á collação, nem seu valor, os filhos das escravas
doadas, nascidos antes do fallecimento do doador, libertados pelo
donatario.
« SI 5.· O usofructuario pó de libertar os filhos das escravas em
usofructo. Bem obrigação d~ indemnisar_
« Esta disposição é extensi \Ta ao caso de fallecimento e outros de
propriedade limitâda ou resoluvel.
« Si 6. 0 São validas as alforrias conferidas ainda no excesso da
terça, sem direito á reclamação do. herdeiros necessarios, e prefe-
rem ás outras disposições do testador.
LXVIII
Projecto 71. 3
(( A assem bléa geral resol ve :
« Art. 1.0 No Brazi l todos nascem li vres e iu ~e l1 l1os.
a ~ 1.0 O filho de mulher escra"a lue nascer depe,is,Ja pl'e~e[lte lei
servirá gratuitaml'nte ao senhor da ru ã i até a idade de uczo it" annús,
em compensação da criação, tratamento, ed ucação e alim JlItos.
« No caso de usofructo, fid ei-comm is30 e selllel hantes. re[Juta·se
senhor para o eff<lito desta lei o llSofrc.l ctlla rin, o fidllciario e OutroS,
emquanto durar o usofructo ou o direito d"s mesmos.
« § :!.o Os direitos e ob ri gações referidas passarã" ao cnnjuge sobre·
vivente, e em falta aos herd eiros Oll sucr:essll r es do senhor, se fór
de estabelecimento agricola aquelle a quem este ctluuer, salvo sem-
pre o disposto no § 4.·
" § 3. 0 Querendo, porém, r emir·se da obrigação poderá faz él· o por
si ou por outrem.
c( A indemnisação será correspondente ou ao tempo decorrido da
criação e educação, ou ao tempo de serviço que ainrla faltar. como fól'
mais fav orav el á r emissão ; mas nunca superior á metade do valllr
de um escravo em id enticas clI lldições.
" Está e ntendido que os casos em que por direKO se confere aos
escravos a liberdade, com indern nisa,.:ào ou sem ella, são extensivos á
remissão de, serviç)s de que trata a presente l ei.
c( § .1. 0 Sendo menor deze ete annos acotnpanhal'á a mãi, se esta
P"ojecto n, 4
(C A assembléa geral resolve ~
« Art. 1.0 O governo fica antorisado a conceder alf ,rria gratuita aos
escravos da nAção, rlando-Ihes o destino que entender mais conve-
niente; pC iderá mesmo estabelecêl-os em terras do Estado ou devo-
lutas.
« A's alforrias. quer gratuitas, quer a titulo oneroso, são lives de
'luaesqller dirr>iros, emolumentos ou despezas.
~ Art. 2.0 A's ,.. rdens I'egulal'es e demais corporações religiosas e de
mão-mnrta é absolutamen'e prohibido adquirir c possuir escravos.
sob pena de ficarem logo livres .
« Si Unico De accordo com o governo. os escravos que actualmente
possuem seriio libertadoR, e terão o destino que fór julgado mais util.
« A indemnisação consistirá, Olt em serviços dos mesmos, gratui-
tamente. por tcmp' não excedente de cinco annos, ou em uma somma
pecuniaria até o maximo de 4000 por cabeça, paga em apolicas da
divida publicq, ao par, que o governo fica autorisado a emitLir para
este fim. Estas apolices, como patrimonio das ordens e corporações,
serão inalienaveis.
" Art. 3. 0 Revogão- e as disposições em contrario. "
IVi,ie A nnali.~ PI"/.?'l. 1870. sessão dA. 2~ de Ma.io, tomo lo, pa.g. 58 a61)}'
•
LXX
(,) Vide Ann. Pa1"l, 1871), tomo 2. pago 1 if>. No a rt. 18 da Lei
do orçamento n . 176·1 de 23 de Jnnho de 1871) se crnsignárfif) disposi-
ções sobre a con versão dos predios rusticos e urbanns, terrenos e
escravos, que as ordens religiusas possuem em apolices da d ivida pu,
l>lica, no prazo de dpz an uos, depende ndo e modo pratico de eU'e-
ctuar-se a conv9rsão do regulamentos que o governo expedisso ,
UXIX
•
LXXXIV
clm Imlzi leir'o, com aquella magnanim idade que llie far. tamanba
lronra, e só a posteridade, dilatando-se através dos seculos a
fama de suas virtudes, saberá devidamente aqui latar, tem aco-
lbido nos consellros da corôa não poucos que uma desenfreada
paixão partidaria levál'a a enunciar-se com menos deferencia,
quer em re lação á sua mesma personalidade quer a de membros
dr. sua fam ilia.
Não haveria, portanto, razão sufficiente para uma excepção,
que Dão se justifica á primeir'a vista; o que tanto vale como du-
vidat, de sua exidtencia. A.s qualidades pessoaes que fazião 1'e-
commenclavel o nome do DI'. Perdigão, as suas opiniões monar-
chicas errLO assás notorias . e já dissemos, COIL.O advogado, da
casa imperial preslava com dedicaçfLO e ílelo serviços ao Impe-
rador e ~t sua família, extremes de todo o interesse.
Quando, porém, uma dessas singulares ab(!rrações da von-
tade soberana désse origem ao facto. a mesma bistoria poli-
lica das nações modem as abi estaria, par'a prova de quanto as
condições üspeciaes do momento deterll1inão uma solução, que
muitas vezes as aOllulla. Assim na França da restauraçfLO O m i-
nisterio Villete teve de aceitar o visconde deCbateaubriancl na
pasta de estrangeiros em substituição ao duque de Montmo-
rency, como o unico capaz de sel'yir de laço natul'al entre
a rracção rnonarcbicll. ela opposição e o gabinete, não obstante
a indisposição de Luiz XVIII, que jámais lhe pel'doára os seus
vehementes ataqueR contra Decazes, e de cuja memoria nunca se
V<lr'r'úrão aqueHas tremendas expressões - es cO?Tegou-lhe o pe no
sangue - cioso além disso como autor da Viagem a Coblentz rio
autor' do ltinerario de Pcwiz a Jel'usalem (-*) .
Tamuem são Lonbecidos os esforços que no paiz clas~ico do
constitucionalismo empregou o gmndc Piu em 1804 para conse-
guil' que:: Jor'ge JII !>e compenetrasse do seu plnno de reunir' pam
o serviço do Estado todos os grandes talenlos do Reino-Unido, e
vencesse a repugoancia em lldmittir o nome de Fox, for-
çando-o por isso a orgaui~ar o govel'Qo com os destroços do fraco
gabinete de Adclington. O papel de Fox. nessa conjunctura, diz
1000cl J\Iacaulay, foi admil'ilvel; conjurou nos amigos que pOílesseill
)
XCVI
Não cabe nos limites deste modesto traball:lO, des tinado a pel'-
pet.ual' os serviços de um ben"merito da pateia, o histOl'ico do
que foi a dissidencia e de suas lutas com o governo. Pam ta-
manha empreza fallecem-nos as forças; outros mais capazes a
tentarMo Resta-nos somente aco mpanbar os movimentos daquelle
conspicuo cidadão na campanlla empenhada contm o mini sterio,
em que foi um dos mais denodados combatentes, quando pal'ccia
talhado para ser um dos mais valiosos sustentaculo . Assim pen-
savflO muitos, e pOl' vezes da tribuna lh 'o manifestárão, dando
lugal' a que elle se defendesse , co mo não tardaremos a vêl'.
Começou o tiroteio na sessão de 10 de Junbo. Sob pl'etex'Lo de
que o governo havia de ter es tudos feitos para habilitar-se a apre-
sentaI' a proposta, elte fundamentou em bl'eve discUI'SO um reque-
rim ento pedindo copia dos trabalbos elo conselho de Estado,
pareceres e opiniões dos pl'esidentes de pl'ovincia, omcios, e infol'-
mações dos age ntes diplomaticos e co nsulares do Imperio, sobl'e
o assumpto.
Confessou que, apCílat' lIe algulls es ludos, ainda precisa\ra me-
ditaI' sobre a materia, tão co mplexa, com plicada e difficil lhe pa-
recia; mas deciarava;i ca mara es tar co m animo inteil'amente des-
prevenido e calmo, não se ndo levado pOI' sentimentalismo nem
enthusiasmo. Que a simples apresentação da proposta já tinha
abalado a sociedade em seus fu ndamentos, a propl'iedade agl'i-
cola acb.ava-se es tremecida e os lavradores ameaçados, não so na
sua propriedade, mas ainda em sua segurança .
Saltio-Ib.e ao encontro o ministro da agl'icultura, conselb.eiro
Tb.eodol'o Machado, não para Oppól'-se ~l passagem do requel'i-
mento , mas pal'a contestar 1I0u vesse falta de madureza em apre-
sentaI' o gOVCl'110 o proj ecto sobl'e o elemento sCl'vil , qu es tão que
desde que f0m no antel'iol' tl'azida ao seio da camal'a a nenhum
brazileiro podia seI' indUIerente. Que os terl'Ol'es manifestados pelo
deputado mineil'q erão chimericos e em todo o caso exagerados,
,sendo elle o menos competente para levantar a poss ibilidad e
de taes terl'ol'es , pois apl'esentár'a como solução prudente a liber-
dade do ventre e a in ge nuidade dos nascituros, além de outras
medidas mais accentuadas que as da proposta.
Sustentou o I'equerim ento o DI' . Andrade Figueira, additando-o;
e, com aquelJe vigor de logica que já naquelle tempo o fazia I'es-
XCVII
ppitaveJ como um dos mais temiveis dial ec ticos, fez vêl' que, longe
de podeI' enx.ergar-se incompetencia na exigencia dos esclart'ci-
mentos prt'lendidos pOI' seu autor, havia pelo contrario a maiol'
competencia, pois fôl'a elle quem mais do que ninguem empl'e-
hcnr1êra estudos especiaes a respeito da questão: era portanto o
mais competente para apreciar a extensão desses estudos, assim
como para accusal' a falta de dados; era exactamente aquelle
qu e mais compulsál'a o docum6ntos e pôde sondar o abysmo
das incertezas da questão e a falta completa de esclarecimentos,
o mais competente para exigil-ns, para indicar os que se fazião
precisos, assim como o mais competente para saber quaes os es-
tudos feitOs.
Não decorrérão muitos dias desse mesmo mez , e pedia licença
o relator da commissão especial, monsenhor Pinto de Campos pum
lêr o resper.tivo parecer,que,seja quem fosse o seu autol', um hos-
pede illu tre, (*) como se disse no tempo , com a collaboração dos
membros da comlllissão, ou sem ella, representa um documento
de incontcstavel valol' , não sabendo o que mais se de\"a admi-
raI' nelle, a nuidez e clegancia do estylo, ou a elevação das id éas,
prendendo-s (~ a variadas considl'rações sociaes e economicas.
Ocioso se toma di7.er que o nome do DI'. Perdigão Malbeil'o fóra
neJle honrosamente rem emorado , tanto pelo discUl'so proferido
no Instituto dos advogados, como peja sua obra A Escravidão no
Bmzil, classi (lcada de excellente (**).
Nova escul'amuça se travou antes de empenhada a batnlba
campal pretendendo o deputado Ferreim Vianna, na sessão de 10
de Julho, fosse preferido pal'a a di scussão o projecto da co mmis-
são especial, olI"I'ecido na spssão do anno anterior, o que moti-
vou um discurso do presidente do conselho visconde do Rio
Branco, oppondo-se.
(") Este hospede illn :;tre era o finado conselheiro José Feliciano de
Castilho a quem a ~ letras tanto devem como eximio cultor, que
dellas sempre fóra, e muito se distinguira na imprensa j ornalística
defend endo o visconde do Rio Branco, sob o pseudonymo EpllIminon-
das, a proposito do conveuio de 2) de Fevereiro, e mais tarde a po-
litica do gabinete de 7 de Março sob o de Gincirz,natus.
(") Vide Annaes Pa,rl ., sessão de 30 de Junho de 1871, tomo 20 ,
png. 227.
7-CONSULTAS
XCVIII
porém simultanea,
" Crcio scr esta unia idéa a que int'elir.menle tenho visto em
algumas dessas repr6sentações de fazendeiros prestar-se adbesão ;
mas, Ll0 meu entendei', esses fazendeiros não medem o alcanr.e
de semelhante providencia (apoiados), A cmancipação deferida
ou a pl'azo equivale ti emancipação immediata (apoiados) , Assim
o tem sido em todas as colon ias onde se tentou este systemíl ,
Nunca o esr.ravo esperou o PI'ólZO que se marcou (apoiadosJ,salvo
se o prazo róI' tão curto, de "eis mezes ou um anno, qne eIle
possa resignar-se a esperar, 'abe-se quanto é sotTrrgo peja
liberdade, "
Fazendo exclusão desses dous "y"temas, entendia o ol'lldor 4uc
se devia repellil' qualqucl' outro que admittísse medidas adianta-
tadas, directafl e exngeradas, violentas, um concurso ele tantas
Jll'ovidcncias, que dessell1 ou pndessem daI' em I'esu ltado os mes-
mos, senão maiol'es males, e em isso o que l'eceiava da accu-
mulação de prov idencias ex.aradas na proposta do governo, Na
sua opinião a actuaJidade só podia admiUir o terceiro systema :
emancipaf'õ'o successiva ou gradual, 4ue se prestava a tantas solu-
ções quantas podião !:ler as di versas combmações, segundo os di·
versos elementos,
" E' preciso, t!i~i:ie, allender ás cÍl'cumslancias financeiras,
cconomicas e políticas do paiz, da lavoura, do commercio, da in-
CIX
•
CXTJ
além da data da lei ; que o que elle desejava era quc pa ss as~ e mo s
da escl'avidão pal'a a libel'dadc, mas pelos meios que ('m tempo
aprese ntaria, abandonando a idéa de servidão, porque descobria
nelJa muitos inconv,enielltes, preferindo o i:>ystema ou combinação
pela qual antes dé vinte annos provavelmente , senão com certeza,
ter-sc-!lia extinguido a escravidfto no Bray.il , sem que todavia
!laja servidflO, que nfto é senfto a mes ma escravidfto disfarçada,
embora temporaria, sem o ri sco da becatombe dos innoce ntes ,
sem onerar os cofres publ icos com desp ezas indefinida s, se m
gravar o nossu futuro, sem caminhnr peJo desconb ecido e para
o desconbecido , emfim sem o perigo da grave ques tfto dos di-
reitos politicos daquelles servos,
O final desse impol'tante discurso) que occupou durante largas
hOl'as a attenção da camara, e foi ouvido co m o respeito e cor, si-
deração qu,~ infundia o caracter do Ol'adOl', merece ndo ao ter-
minal' feli citações indistinctamente ele seus collegas, foi aillda um
brado em favor da classe oppl'imiJa, pela qual crão seus fervo-
rosos votos e so li citos cuidados:
" Senhores, eu linha a principio pedido a vossa benevolencia,
cu vai-a agl'ad eço. .
" i\Iostl'l,i bem que respe ito todas as co nl'icçúes, ainda mesmo
dllquelles que podcl'iüo se i' tax~dos rle incoherentes com mais
fundam en to do que eu. Reclamo , portanto, reciprocidade .
( Respeito ás convicções; tolerancia mes mo para os escl'U-
puJos. Tudo o exige e acollselba: as convenirncias, a bumani-
dad e, a caridade, a \Jropria rcligiüo.
" A r.aninra deve attenc\l'r que es ta questão nlIccta profun-
damrnte a consciencia dos legi sladores , de cada um de nós,
mais do que muitas outras, em cuja votnção sc póde sem pre-
juizo ceder ou afrouxar um pouco; e affecta mais particulal'mente
a consciencia dos executol'CS, que não serüo os juizes ncm os
officiaes de justiça, mas prill ci palmente os senhores, aquelles
com quem os l'scravos se têm de acbal', que süo os Sf'U S nutUl'aes
protectorl's e c\ efen sOl'cs
" Se a reforma assim se fiz er, entendo que ej\a poderá pro-
duzir os seus ben effcios ; se fará sem abalo e será pl'oficua ;
selW;:\o consultados devidamente todas as convcniencias c inte-
CxIlt
complete. pn lui montrant lps lacun r s et les dan gers de la loi, la diffi·
culté de l'appliquer, en parLkulier pour ce qui touche la protectinn
nes affranch is. N OllS lui avons enfin dema nd á la permission de conti-
nuer à. sollilliter, par de:;' appels réité res à l'opinion, la cessation de
l'lw rribl e ini quité de la se rvitude.
« S. M. l'Empereur nou~ a r eç U$ avec une grande bonte; il nous a
(li t 'Ine l'é mnndpa tion était I'Clluv re de son pays et non la sienne, que
l'opinion était unanime, et tout le monde dans toutes les classes et
dans tons les pa rtis acquis à I . ref ·rm e chrétienne qn'il était beureux
de favoriser. TI a trouvé nos nbservlltions fondées et nous a fort en·
couragés à persevérer dans notre tàche, nous faisant espérel' qu'avec
tous les ménagemens cOl1venables la compléte libération des esclaves
ne se ferait pas ,rop attendre.
« J'ai voulu vous co,nmuniquel' ces bonn es paroles d'ul1 souverain,
qui nous a tous charmés p>lr l'intelligence autant que par la cordia-
lite . Il a dans le Brésil. da ns les homm es politiques, dans tous les
babita ns, une c ,nfial1ce que nous aimons à partager.
« Recevez, monsieur, l'assurance de ma sincére considération.
(C Augustin Cochin, membre de l'Institut,
préfet de Versailles.
cc J'e8pêre que V,JUS avez reçu la Revue lies D eux Mo ndes du l or Dé-
cembre (chez Garuier), ou. j'a i an~lygé la loi et les renseign emens que
je ti ens de vous. Je vous prie bien instamment de m'envoyer tous
les documens de quelque importance SUl' cette grande question . Vous
pourriez les remettre à mon emi M. de Vorges, à la legation de
France j allez le voir de ma parto 11
CXVI
lifi carei.
" Quanto á fal sa opinião, dil"ei que a opinião formou-se desde
logo rlesfavoravelmente. Esta IÍ a verdade, embora desagl'Urlavel
de omir-se.
" O SR. rl.:wn.WE FrGDE!. A.- Mas n1í.o é falsa opinião: é
uma opinião muito verdadeil'u, muito bonesta e muito nacional.
" O SR. PERDIG.4.0 i\IALIIEIRO. - E nós boj p., cedendo a essa
verdadeil'U opinião e não falsa (apoiados), não fazemos mai s do
qu e pres ta i' uma bomenage m á verdadc, á justiça, e dil'ei
mcs mo a um procedimento mai s decente e regular .
" O SR. ANDRADE FIGCEIRA.-Apoiado .
" O SH. PERDIGÃO MALI-IErRO.- I'. pres idente, com eslas
poucas palavl'as tenbo procUl'ado lavl'Ur o meu prolesto, ao
mesmo tempo que fundamcntal' a declaração do meu voto a
l'espllito do orçamento cm di scussão; nada mais di rei. " (.1IlâlO
bem, 1ntbilo bem.) (*)
Foi o scu canto de cysne.
A sessão legislaüva encenou-s e dabi a quatro dias, e estaya
c5cripto no livro do destino quc elIe não mais vo ltaria a illllSll'aJ'
aquella tribuna com o verbo de seu esclal'ecido patrioti smo. Cada
um cios discursos que pro rel'io,e de quc demos resumida noticia ,
aflm de se poder bem aquilataI' o papel que reprcsentou como
membro do parlamento bl'Uzileiro, os certam ens em que se empe-
nhou, os se rviços que prestou, att 'stão de moelo notavel o seu
amor ao estudo e singulaJ' dcdicação pela causa publica. O ho-
al'es, não te ndo nunca segundo confessava feito Um vel'30, llo que
ao guzo de uma doce e tl'UnquilJa liberdade, pouco autes de eu-
cerrada, as cumaras hav ia reaJisado o seu sonho dou rado adqui-
riudo uma grande ch,lcara nos arredores da cidade. Ahi entre-
tinha -se nos Jazeres, que lhe deix.ava a advocacia do banco do
Braz il , á qual se dedicára exclusivamente, com o estudo de sua
pl'edilecção, a l~:;tl'OllOmia, (4 JJaixamlo da contemplação do infi-
nito em face da grandeza e omnipotencia do Cl'eador, distribuia
diligentes cuidados pelas tenrlls e mimosas plantas do seu jardim,
em cujo amanho e ornamentação passava hOl'as inteiras.
Esse periodo, porém, foi de mui CUl"ta duração; como uma
pausa na sua existencia. Con trariedades , que em Outl'O tempo
facilmente tolel'Uria, mortiBclÍrão-no a ponto de fazer tran sp or-
tar de novo sua residencia para a cidade . Póde, entretanto, con-
siderar-se a sua estada [lO campo a principio uma época relati va-
mente relir. . Sem contl'::lDgimento elltreg itra-se a occupaçõcs, que
lbe deleita vão a alma, preencheudo as necess idade:; dc uma orga-
nisação, que não conhecia o dl'SCallSO e parecia uavcl' adoptado
u divisa de Vespasiano: LaboTemus . Mas a quietação, quc de
ordinario na natureza precede as grandes crises, encolltra o seu
simite no viver do hom ern. Os dcsgostos da politica aggl'avados
com a traição, que vimos de narI'ar, furão outras tantas uuvens,
que se accumulárão len tamellte sobre a sua cabcça até entL'echo-
Cat'-SC e desfec har o raio.
Não tardou muito.
No meiado do anno ele 1879 fo i acommettido de um ataque
cerebral que o coUocou dUl'anle muitos dias clllrc a vida e li
morte. Tl'iumpbúl'úo os cuidadus c/Of> facultativos e 03 dcsvelos
da carinhosa esposa, mas o estygma da fatal moleslia lá fi-
cára impl'esso no organismo; minando-o lentamentc devia r,on-
duzit' fatalmente pum completo alliquiJamento.
Nunca mai8 logrou inteira saude. () se u andar tornou-sc menos
firme, o::; oluos perdGrüo o pl'iSliuo brilbo, as feições erüo as
de um valetudinurio. Escrevia t:Oll1 c1ifficuldade e, qUl1si impos-
sibilitado para trahalho aturado , Consel'vava-se atTas tado de todo
o movimento , não mostrando interessc pOI' cousa alguma. (-~)
(*) Resolvêra por isso deixar o luga r de advogado ela casa imperial,
CXLII
De V. Ex.
pois nomeado procurador dos mesmos feitos; lugar, que occupou por
espaço de quinze annos. Foi então que sobre este offieio escreveu
o Alam~al (lue corre impresso, e é tão apreciado no fôl'o brazileiro.
Depois de ter sido nomeado advogado do conselho de Estado, passou
a servir tambem como advogado da casa imperial pelo fallecimenLo
do Dl'. Caetano Alberto Soares.
Como presidente do Instituto dos Advogados da cõrte, tornou-se
memoravel o seu discurso na sessão do dia 7 de Setembro de 1863,
em que tão brilhantemente desenvolveu a these sobre a abolição da
escravidão no Brazil. Tanto o dominavão as idéas abolicionistas, que
foi forrando e libertando todos os seus escravos (doze) e crias, q Lle
lhe tocaram por herança; e concorreu poderosamente pa ·.'\ a liber-
dade e alforria de varios escravos pertencentes a paren; s seus e
estranhos.
Eleito deputado á assembléa geral legislativa pela sua provincia
natal para a sessão de 1871, manifestou-se em opposição ao minis-
terio Rio Branco, e nos Annaes do Pal'lamento achão-:ie gravados
os luminosos discursos, que proferio como membro da dissidencia.
Eleito de novo para a sessão de l R77, foi indigitado por summi·,
dades do seu partido para dirigir uma das pastas, ao y,ue formal-
mente recusou-se, contentando-se com dar o seu decidido apoio ao
gabinete Caxias. Anteriormente nos ministerios Zacharias e Itabo-
rahy recusára o cargo de director do contencioso, e de presidente de
provincia, preferindo sempre a sua vida ele advogado e de cultor
assiduo do estudo. Para comprovar o seu merecimento litterario e
scientifico ahi estão as suas variadas obras. que correm impressas,
e a nomeação de membro do Instituto Historico e Geographico do
Brazil.
O cargo que por ultimo exerceu com a sua profissão foi o de
advogado do Banco do Brazil, quando em 1879 foi acommettido de
um insulto apopletico, que to mou-se o principio dos seus solfri-
mentos physicos.
Se sua Exma. viuva nos merece por todos os titulos os nossos
mais siuceros pezames, tributamos tambem as maiores condolencias
á causa da emancipação, porque acaba de perder um dos seus mais
fervorosos campeões .
O sahimenio do corpo Leti lugar hoje, ás dnco hol'!ls da tarde, da
rua de Matacavallos (Riachutllo) n. 72 para o cemiterio de S, João
Baptista.
II
IH
Suj eitar essa misera geração nova a servil' gratuita e for~lI.dam e nte
ao senhor de suas milis até a idade de vinte e um annos \Sl l o,
art. O) equivale li. e>cravidão ele facto, 011 antes á ser'vidiZo. assim
Cl'eada pela propria lei, como outr'ora se dispõz quanto a indios nas
cartas régias de 13 de Maio, 5 de Novembro e <! ele Deze mbro ele 1808
e de 10 ele Abril el e 1809, sendo necessario que tal servidão fosse
extincta, qua nto a preterito, pela lei de 27 de Outl1bro de 1831
art , i:l o
Se, em 1~67, lembrei esse dostino foi pOl']ue, desejando ,ór
ac~Ha a idêa ca plttl. buscava tamb em no int er'~se um movei
para esse fim; aos meus sentimentos e iMas nessa época nno ora
tão repugI1!tnte o expediente. Porém desde logo indiqu ei eX f,'res sa-
mente opinião desfavo!'ayel li. sua manutenção (Vide parto 3a
pag. 2cJ8 e ~29).
Com o progresso da idéa abolicionista e 110VOS es tudos r epug na-
va·me agora semelhante alvitrc; e fo i eRia uma elas idóas que Cl1
proflwllamelüe modifiqltei, razão por que, j{L em 1870, em 11m dos
pl'ojectos que tive a telllOraria lem brall ça de submett('r oi. dcliberaçiio
dfL camara, e CLtjf.L inscripção era: No Brns'Íl todos rta,sceln h'V1'rs
e i .'gerLUOS, eLt ha\'ia r eduz ido o prazo do sprvi,o ti. idade de dl'zoito
annos, por mais favoravel.
~(' em 1b'71 formul ei no meu citado discllrso (l principio da li ber-
tação inllnediata ela gera{:ão nova e m toda a sua Rimplicidac1e, de-
clarando que n est(,f; t ermos votaria por Illle com prazer, as razões são
claras, e (.'u as dei logo, accresc, ' nf a nd o que tlest'arte prorluziriA.
elle gra nd es resultados .
Nem á vistA. de Il"ssa legislaç'io orpbA.nologicn. havia necessidad e
daquella providencia: perquanto, s~g und o ella, CJuem cria um mOllor
até .ete annos de idatl e pótle utili "ar-se elos se us serviços aLé a
idade de quatorzo annos, e até a de c1ezeseis anuos se lllO dá a
instl'llCção primaria (Ord.,liv .10 , tH, 88, Si 12; Ali'. elo 24 do Outubro
de I '11, SI 70); disposiç,ões muito mais hL1manitarias, civi lisadoras
e co ngnum_tes com a dignidade humana, do que a consignada
no Si 0, art, 10 da l ei de 28 de Setembro de lt!7 1.
E sta determina0ão da nova l ei é uma transacção iniqua, immornl,
odiusissima, com o principio da escravidão, quo, qual vampiro, n ão
quor deixal' a victima se não depois de exh a usta !
Nem se diga que a l ei citada, § 20, art. 1°, faculta al'em issão
desses serviços.
Em primeiro lugar, contesto ao legislador o direito ele d ispôr de
servi ços de pessoa livre a favor de algLlOm contra a vontade de quem
os deve preslar, e mais ainda gratuitamente. E' nisto que consiste
de facto a Ilscravidão, ou a servidao de direito, serviço forçado e
grlltui to.
Em seg undo lugar, a remissão facultada é illusoria; porquanto, se
o senhor não chega r a accórdo, tem ella de ser arb i trada, como abi
expressamente se declara. em P)'OpO)'ÇaO do tempo qL,e falt'''·, de
sorte que quanto mais tempo restar elo ser viç0 tanto mais dillicil
será o r esgate 1 pode ndo não excede r o valor ele um escravo em
identicas condições ! quer dizer: a escravidão disfarçada sob essa
prest'lção ele serviços, ou a ntes sob a fórl11n da servidão, embora
tempo raria, não deixa essa misera gente senão em ultimo extremo 1
E' hlllnanitario e ci vili sndor para essa geração nova?
E que civilisação será a da llo~sa proxill1a e futura sociedade
brasileira com taes elementos?
Por oLlÍro lado, que elirei do registro especial de baptismo re pec-
t ivo, e ainda mais ela matricula especial dos filho" de mulher es-
cra va, que a lei diz de conelição livre, exigidos pelo art . ti", §§ 40
e 50 ela mesma l ei, e co uforme os reglllanentos expedidos? lVIatl'Í-
cuI a de escravos comp relle nde-se . Porém matricllla de livres? as-
semelha-se ou participa da natureza daquella olltra.
Taes r egistr os são os titulos cClllprobatorios da obrigação claquel-
les ser vi!.'os, da ser vidão ass im i nstituida, como ·o utr'ora displ1zerão,
q uanto a indios, os já mencionados al varás de 180.:3 e l tl09. São o
registro public:J perpetllO dessa nova classe introdl1zida e Cl'eada
pela nova lei. E serão, em futuro não muito remoto, a prova vi va
da origem africana, e sooretl1do escrava, das familias que hão ele
necessariamente provir desses troncos, q llando em vista elos precoll-
' ceitos, embora inj ustos da sociechtde, se devera evitar .
Aquella claus ul a ele prestação fl)reada e gratuita de serviços até
vin te e L1m annos ele idade por parte dessa gel'ação nova, idéa capi-
tal no § l0, a rt. 10, constituindo-os verdadeira e realml:)I1te servos,
importa até certo ponto idéa de P)'op l'iedxde : tal se manifesta cla-
ramente nos §§ 50 e 7°, art. lo, c §§ lo e <1°, art. 20; idéa que
transluz, tambem quanto a libertos, no art. ;;0, § unico . Transfe-
rem-se por contrato; transfer em-se por s Llccessão; as sociedades,
'lJXXY
IV
QlUteS t êm s ido j 'L, a ce rtos res peito~, as consequencias, sohretndo
pelo modo como foi a (IUes tão d irig ida e tratada, quer no parlamento,
que r na imprensa, os fac los yfio demonstrando E mais cnnco rre a
erra da crença em que estão quasi em geral os escravos el e qu e a lei
os li be rtou a LOdos. e os senhores são os que se opp6om !
A fuga de escravos torn a-se mnis fr eq uente, tanto cio se ryiço ur-
bano co mo do rural: é a debandada que se desn nyolve .
~O s quilombos multiplicão-se e rcfor ção-se, com tOl10s os seus
conhecidos inco nvenientes e perigos.
Dahi a perseg uic;ão aos fllgidos e aqu ilom bados, os ca.,tigos, etc.
A insubo rdinação nos escravos é cada vez mais pronunciada .
Dahi mais cautnla do s se nllOres contra elles .
Os assassinatos de senhores (home ns o mulh eres" feitores , adtrl i-
ni strad ores, crescem de modo assustador. Dab i os processos contra
os escravos segundo a lei especial de 1::< 35, ca tigos e outras provi-
dencias de segurança.
Os levantes, ig Llalm ente, mesmo nesta cór te.
As in surreições e tentativas dellas, sob retudo nos estabeleci-
mentos agr icolas, fa zem-se se ntir com symptomas aterradores, em
"urias proYincias do sul e do norte do Imperio. Dahi a acção da
autoridade e e!:t forç a, are. iste ncÜl. de escravos e morte de algLtJ1s,
os processos r es pectivos .
P enas para elles são mOl·te e a,ço ~(tes .
OLXXVIl
Ei~ o que dos periodicos tem constado, além dos factos que não
são dados ú. publicidade _
Se mal para os senhores, para a segurança individual, para t1.
ord em publica e interesses eco no micos, maior IDal pltra essa gente
e raça desgraçada.
::;ão pOl- a cmais facei s de comprehender as perniciosissimas co nse-
q Llencias üe taes factos, contagiosos por sua natureza e identidade
de causa, e o perigo sempre maior c mais imminente .
Era bastante a C;.Lusa natLlral de tudo isso- a, escra,vida;o. Não
h avia necessidade de aggraval-a, como imprudentemen te se fez .
Contra os proprios 'innocentes tem sido denunciado o procedimento
desluunano de alguns, sendo preciso que a autoridade intcl'\'enha
com lOllvavel empenho em seu favor, e punição do culpado.
P or outro lado:
Qne execução se tem dado á lei ?
Apenas fLlncciona a roda dos in,nocentes, e algLUllHs outras de
menor yalor,
Porém, pam se conhecer se a lei é boa, faz- se indispensavcl que
fun ccionem todas as s uas clisposições, todo o seu mecanismo _
Porque não expede o gOY~l"IlO os regLúamentos de que está a
mesnm dependente ? Diz-se que se achão em esiudo, , . E ha mais
de um anno que a lei foi promulgada !
Eu já o havia pl'ediLo na camal a : o governo o;; uão expediria . Se
a r espeito de alguns qualifiquei de prudente e accl"taüa li rcsolll ~ã o,
de OLüros não disse nem direi o mesmo.
A mais importante disposição a favor da libertação dos escravos
acluaes, isto é, o r esgate pelo fund o de emaucipação, eslá se adiando
talvez indefinidamente. com grave injustiç.•t c incon venienciá .
Apenas em algumas provincias, como já antes da lei se fazia, tem
lugar liber tações por con la dos cofr es provinciaes; mas isto mesmo
em numero pOLlCO avuHado .
Em virtude da mesma lei, porém, nenhuma se tem dado; não foi
ainda expeclido o r egLú amento: nesta parte a lei não está em ex e-
- . CLlção .
E o governo não duvidou recusar, por esle fundam enlo, a pro-
posta da companhia B,'a,silia,n L a,nd cf: Jlining para libertação dos
escravos á mesma hypothecados pela companhia 1'hc N aciona,l
B ,.a,s ilian llIilling Associatio n, communicando-o á dita companhia,
por intermec1io da legação brasileira em Lonch'es, na data de 12 de
Julho de 1::;72 (Dia,"io Otficia,l de I ::;).
Quo impressão no estrangeiro quanto á semelhante execução J Pôde
dar lugar il mesma censura que se faz á H espanha em r elação ás
suas possessões, de pl'omessas falla,:;es.
Os miseros escravos actuaes podem ler quasi perdida a esporançu.
~e os 8enhoreo os não libertarem por humanidade , como generosn
mente vão faz endo, só a morte os libertará.
12-cONSUL'l'AS
CLXXVl1I
CÔl'll', 1872.
CONSULTAS
SOBRE
Abono, pagamento
Pedro abonou a Paulo até i :OOOS em uma
casa de commercio para compra de fazendas. Paulo
comprou no valor de 3:0008 e deu por conta
1.:500$, tendo passado da divida um só titulo.
Pergunta-se: Deve-se reputar exonerado o
fiador?
Resposta
o pagamento deve-se presumir feito por conLa da divida
mais onerosa (Cod., art., 433 § 2°), tanto mais quanLo não
se deve tornar mais pesada a sorte do fiador pelo facto
abusivo de haverem ' excedido a quantia do abono; do
excesso elle não é garan te, e para liberal-o já o devedor
fez pagamento mais que sufficiente. Demais, é principio de
direiLo que ninguem se locuplete á custa édhei:l> e que
se deve antes evitar o prejuizo de alguem do que causar
damno a terceiro.
Junho, 1859.
1
2 CONSULTAS SOBRE
Acção d'alma
Resposta
Resposta
Resposta
E' opinativo se a acção de força velha l\ nova tem lugar
quanto a servidões e cousas incorporeas, ou se unicamente
quanto a moveis e immoveis(VideLobão, Inlerdictos Posses-
so?'ios; Corrêa Telles, Dout. das A cçães).
Desde que seja o objecto susceptível de posse, os reme-
dios possessorios deve .n ser, em regra, applicaveis sem
distincção ; 'e portanto a manutenção, restitui ção, etc., desa-
tendidas as subtilezas dos romanos proscriptas pelo nosso
direito.
Agosto, 1867.
Acção de sonegados
Qual o prejuízo resultante para os credores não
admittidos ao passivo dos inventarios?
Têm direito de propôr acção de sonegados con-
tra o inventariante?
Resposta
Os credores são estranhos ao inventario i e não sendo
ahi attendidos, ou não o querendo seL', têm direito ás suas
acções em juizo competente.
Não lhes cabe acção de sonegados propriamente dita,que
é privativa dos herdeiros e inventariante entre si (Vide
Corrêa Telles, § i35; Coelho da Rocha, § 4,96; Cons. das
Leis, art. i if)5. Em contrario Pereira de Carvalho, Proc.
Orph., nota 66). t")
Maio, 1870.
(*) A doutrina deste parecer no meu entender é de rigor juri-
dico . No entretanto,o Tribunal da Relação da côrte decidio que
o credor, que figura como parte interessada em autos de in-
ventario, p6de ser admittido a appellar da sentença que julga
o mesmo incidente \Vide o Di7'eito tomo 3· de 18'14, pag o577,
aggravo de petição n. 3624 entre José Maria Alves da Silva e
o DI'. João Francisco Diogo. ) A. C.
8 CONSULTAS SOBRE
Resposta
Advocacia; impedimento
Póde exercer a profissão de advogado um indi-
viduo no lugar onde o unico tabellião de notas e do
judicial é seu proprio pai?
Resposta
E' a regra que ninguem possa advogar ou procurar pe-
rante juiz que seja seu pai ou irmão (Ord.liv. t, tit. 48,
§ ult.; Port. de 29 de Setembro de 18M».
A razão desta disposição procede tambem, no meu en-
tender, para que não possa advogar ou pmcurar perante
escrivão que seja seu pai ou irmão, e vice-versa.
Embora, pois, seja no logar advogado, não póde como
tal funccionar em autos e processos em que seu proprio
pai seja o escrivão ou tabellião, porque a proximidade do
parentesco torna suspeito o official e ha impedimento.
Não devendo, porém,o afficiaI deixar a cada passo de exer-
eel' o seu officio por tal impedimento, por isso que em pri-
meiro lugar está o serviço publico, a consequencia é que
deve eeder o interesse p;.rticular ; e portanto é o advogado
quem deve abster-se dé ahi procural' em actos em que te-
nha de intervir o oflicial e emquanto durar o impeuimento.
Junho i8õ8. ("~'.)
n O Decreto n. 6836 de 9 de Fevereiro de 1.878 declarou que
não havia incompatibilidade entre o promotor publico e o juiz
municipal, tio por affinidade do promotor; ainda quando este
podesse ser considerado procurador, o § '29 da Ord. restringe
a incompatibilid5.de ao juiz e procurador que estiverem entro si
na razão de pai, filho, irmão ou cunhado.
CONSULTAS SOBRE
Advogado ; injurias
Póde-se considerar injuriosa e passiveis de pena
as expressões que o advogado empregar em defesa
dOE direitos de seu consLituiIJte ?
Resposta
Advogado ; pronuncia
 pronuuci~
importa para o advogado a suspen-
são da a.dvocacia ?
Resposta
Parece-me que a pronuncia não importa para o advo-
gado a suspensão do exercicio dessa sua profissão, porque
ella não é emprego publico, e ~im uma profissão como a
do medico, embora se exijão certas condições para a exer-
cer,e não supponho portanto sujeita quer ao art. i55, § 2
do Cod, do Proc., quer ao art. 8, § 2 da Consto e art.
293 do Reg. de 3i de Janeiro de -1854.
Julho, 1854..
Advogar
Póde o supplente do juiz municipal intervir
como advogado em alguma causa em que haja
despachado como juiz?
Resposta
Que os juizes não podem advogar é cerlo, pelo disposto
na Ord., liy.3, tit. 28, § '2; Cod. Crim., art. i29, § 3 ;
Officio de 28 de Agosto de 184.3.
Mas os supplentes podem fazêl-o, com tanto que não des-
pachem ou julguem como juizes nas causas em que forem
advogados; porquanto, embora não seja incompathel com
a advocacia o exercicio interino do cargo de juiz, todavia
subsiste a regra de não poder, por um lado, aconselhar e
advogar por quem perante elle litigue (cit. Ord. e Cod.), e
por outro lado julgar na propria causa (Ord., liv. 3,
tit. 24.).
Parece-me, portanto, que o supplente póde advogar a
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 19
Resposta
Quanto a Pedro (africano livre), desde que não requereu
sua emancipação facultada pelo Dec. de 28 de Dezembro
de 18~3, parece ter continuado a servir como tal e nos
termos anteriores, conforme as Instrucções de 29 de Outu-
bro de '1834 e '19 de Novembro de 1835 e assim permane-
cido até 18n9, sujeito o arrematante ou concessionario ao
salario então determinado.
Quanto aos filhos,resta provar que, sendo de Pedro,foram
de muliler livre ou de africana livre; neste caso são livres
por nascimento. Se tambem africanos livres até doze annos
de idade, o serviço é pela criação e educação (lnstr. cito
de 1836), se já nascidos no Bl'asil ; podia quem os criou
servir-se delles gratui tamente até a idade de quatorze
annos (Ord., liv.I, tit. 88, § 12).
Se, porém, são filhos de escrava do concessionario, erão
escravos do "enhor da mãi ; e a declaração por este feita
de serem livres importa sua alforl'ia, que só vigorará
desde 18~9, data do seu fallecimento e effectividade da
verba testamentaria, que assim dispõe.
Ao 2. O herdeiro instituido pelo testador, que pessoal-
0
Aggravo commercial
Em que tempo deve ser interposto o aggravo
commercial?
Resposta
Deve ser interposto mesmo em férias dentro do prazo
legal, embora se lhe não dê andamento senão depois de
férias, salvo os 'casos exceptuados no Reg. n. 737 de 1850,
art. 729. e Dec. de 1.8;)3, art. 3, (Vide decisão do presidente
do Tribunal do Commercio da côrte em 28 de Abril de 1.86;)
na acção decendial autor DI'. João Cardoso de Menezes, e
réo Rodolpbo Wursten, juizo do commercio da primeira
vara escrivão Leite).
Abril, 186;).
Aggravo ; embargos
Aguas; aqueductos
Póde o proprietario de uma nascente desviar as
aguas que correm por terrenos de diversos?
Resposta ·
Aguas; lavoura
Resposta
Ao V O director é competente para proceder á demar-
cação dentro dos limites das aldêa~ (art. 2 do § H,e art. 3
0
Alforria; filhos
manumis.)
O marido tinha o usufructo ou os serviços durante a
sua vida, o que não prejudica a liberdade c'Jllferida (L. i ",
Cod. comm.serv. manumis.) usufl'ucto e serviços que se es-
tinguirão com a sua morte nos termos de Direito.
Nem o mariJo podia em tal caso revogar a liberdade,
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 3i
liv. 4°, tit. 67, § 4° (Cans. das Leis Civ . Bras., nl)ta ao
art. 768; Lei de 24 ele Setembro ele 1864.., art. 6°).
Aquella fórma não é prohibida; não ha lei em contrario.
E até o Cod. Civ. Fr., art. 2089, a faculta.
A generalidade da nossa Lei de 24 de Outubro de 1832,
que deixa ás partes a mais ampla liberdade de convenção
quanto aos juros, protege semelhante accôrdo, pouco im-
portando as considerações moraes e outras alheias ao
direito e mesmo disposição diversa de outras legislações.
Setembro, i 87[J..
Resposta
Resposta
Se o contrato de arrendamento, de que se lratn, é an-
terior á Lei n. i 237 de 24 de Setembro de i864 e seu Reg.
n. 3453 de 26 de Abril de i865, está o comprador do pre-
dio obrigado a mantêl-o, visto a clausula de sujeição do
mesmo ao arrendamento (Ord., liv. 4°, til. gO).
Mas, se é posterior, vigorando já o novo regimen, e
constando da exposição que o comprador não se obrigou
por qualquer fórma a mantel-o, nem se dá qualquer out.ra
das excepções consignadas na cil. Ord., liv. 4 til. 9"
0
,
Resposta
O arrendamento com tempo cerLo não se extingue pelo
morte dos conLratantes ; passa aos herdeiros (Cans. das le·i s
r;ivis, art. 652 e nota).
°
Mas o comprador elo predio arrendado, e porlanto arre-
matante, nio é obrigado a manter o arrendamento, ficando
salva ao arrendatario a indemnisação a haver do proprie-
tario (Ord., liv. 4., tit. 9 ; Pereira e Souza, Prac. Civ.,
nota 861.).
Se o predio, porém, foi especialmente obrigado ao ar-
rendamento, o comprador é a este sujeito por passar para
elle o predio gravado com essa hypotheca, nos termos da
cit. Ord.,. o que todavia não é extensivo i arremalação em
execução de sentença, porque esta extingue os onus vo-
luntarios (cit. Pereira e Souza, § 632 e nota) .
.\. arrematação de que se trata na proposta não é deste
genero, e apenas equivalente á venda no juizo do inventario
para cumprimento ele disposição do proprietario testador.
E, pois, entendo obrigado o comprador, visto ser o contrato
de arrendamento anterior á novissima reforma hypothe-
caria e seu regulamento, que, não podendo ter effeito
retroaclivo, não o prejudicão, e haver nelle ficado especial-
mente obrigado o predio. Se fôra posterior, outra seria a
decisão por se achar implicitamente alterada nesta parte
a cit. Ord., liv. 4., tit. 9, pelo actual systema (Vide Canso
cit., nota ao art. 656, § 3).
Abril, i872.
Pergunta-se
Fallecendo O locador, podem os herdeiros elevar
o preço, apezar da clausula? Em qualquer tempo
ou quando se tiver de renovar o arrendamento?
Resposta
Se pela não estipulação de tempo de cll1l'ação parece ser
perpetuo o arrendamento, embora em regra passe esle
para os herdeiros (Ord., liv. 4, til. MS, § 3), isto se deve
en tender, a meu ver, quando é por tempo certo e deter-
minado (arg. da L. 19, § 8, da Dig. loco cond. Rein. Recit.,
§ 924 a \)26, n. 6), termos em que, não sendo elles obri-
gados a renoval-o, podem exigir novo preço, ou mesmo
despejar o arrendatal'io, findos que sejão os seis mezes da
ultima renovação do antecessor (Ord., liv. 4, tit. D4).
Julho, 1806.
nhorio?
Resposta
Arrendamento; rescisão
. Al'I'endado um predio e a.rruinando-se elle, quer
o dono fazer concertos.
Póde-se por e~se motivo rescindir o arrend a-
mento 7
Resposta
Entendo que tratando-se ele simples concertos ou reparos,
não ha lugar a rescisão do arrendamento (Ord., liv. 4,
tit. 2l! ; Cod. Civ. Fr., art. '1724.).
Janeiro, 1862.
Arribada; indemnisação
Arribando um navio por força maior ao porto da
sahida, ou a ou tI'O mais distante do que o seu des-
tino, isto é, sem nada ter avançado da viagem, tem
o capitão direito a ser pago dessa viagem?
Resposta
Resposta
O art. H3 do Regul. n. 737 de f850 dispõe que, se o
ré!) quizer chamar á autoria aquel le de quem houve
a cousa, o requeira na audiencia . em que fôr proposta a
acção.
Mas não impõe lkna alguma nem lIlesll)o a de nullidade.
Conseguintemente se o chamado á autoria não reclama
por tal se não ter praticado, a nullidade que porventura
dahi proviesse ficaria suppl'ida (Reg. cit. arl. 65).
Ainda quando fosse ella alguma das referidas nos
arts. 672 a 673, comparecendo o chamado á autoria e
acei tando teria havido a ratificação do processo (art. 674.).
Demais, havendo menores, poderião estes prevalecer-se
do beneficio rle restituição (art. 679).
Março, '1874..
Autos; reforma
•
VARIAS QUE~TÕES DE DIREITO
Resposta
O bispo é por via de regra apenas procurador e admi-
nistrador dos bens da mitra, sem faculdade para alienaI-os,
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO
Resposta
Tudo deve seI' competentemente avaliauo ao tempo do
fallecimento ; porque só então se tem de averiguar a real
importancia dos bens para os effeitos de direito (arg. da
OreI., liv. 4, tit. 96 e 97 ; liv. 1, tit 88, etc).
As bemfeitorias necessarias, isto é, para conservação dos
predios e bens, é o marido obrigado a fazêl-as. As ufeis,
isto é, que augmentão de modo permanente o valor dos
bens, póde fazêl-as querendo.
Mas, tendo o direito de pedir o pagamento, pelo que
ellas valerem, é necessario que, ao menos quanto ás ul-
timas a mulher haja consentido expressarllente, e que sejão
de importancia attendivel, o que todavia é contestado
(Vide Borges Carneiro; Dir. Civ., liv lO, tit. li), § Ú4,
n. 22 a 34).
Novembro, l860.
Bens vinculados
F., ultimo administrador de um vinculo de que
está de posse, póde fallecer; e, fallecendo elle, os
vinculos passão a seus successores como vinculados
e estão sujeitos ás dividas contrabidas pelo ultimo
administrador, IJU os ditos bens adquirem a natureza
de allodiaes e estão sujeitos a todas as divid3s do
mesmo administrador?
Resposta
Resposta
Resposta
•
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 63
- Resposta
..
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO
Resposta
Se se efiectuar o casamento sem a devida licença do
juiz, elle é no entretanto valido,se estiver conforme ás leis
canonicas, porque outras são as solemnidades substanciaes
do matrimonio no ecclesiastico.
Mas quanto aos bens : se não houver induzimento de
alguem, o orphão não poderá receber os bens até que
tenha vinte annos de idade; e, se houver, o seductor e o
tutor (se este bouver tambem induzido) poderão ser obri-
gados ás penas da lei civil (Ord.,liv. 1, tit. 88 §§ 19,20 e 2 '1).
Além disto póde-se \:Jntender sujeito o tutor e qualquer
outro ás penas do art. 247 elo Cod. Crim., se ti ver con-
corrido directamente para se celebrar o casamento sem
que a pessoa se mORtre habilitada na fórma das leis (art. 5°).
As penas ci vis, porém, têm cahido em desuso pela dif-
ficuldade de se provar a seducção e de ser o casamento
inferior ao que devêra ser.
Se, não obstante a falta de licença, o juiz mandar entre-
gar os bens, o orphão pagará a multa ou imposto de
1/2 % do seu valor. (Lei de 30 de Novembro de 184..1,
Tab., § 40).
Agosto, 1860.
VAlHAS QUESTÕES DE DII\EITO 67
Resposta
O orpbão ou orphã, posto que tenha tutor ou curador,
emquanto menor, depende de licença do respectivo juiz
para que possa casar, sob pena de lhe não mandar elJe
fazer entrega dos bens até completar vinte annos de idade
(Ord., liv. 1, tit. 88 §§, 19 e 27; Aviso n. 70 de 1846, de
~ de Agosto de 1868 e 16 de Outubro de i869).
O tutor ou curador que induzir a casar sem tal licença,
fica sujeito a pagar ao orphão uma i ndemnisação (§ 21),
além da responsabilidade criminal, se dabi houver tirado
algum proveito com detrimento do orpbão. (Cod. Crim.,
a.rt. 147; Cons; das Leis Civ. Bms. art. -lO!}.)
Tambem o tel'ceiro que induzil-o a fazer casamento des-
igual fica sujeito á indemnisação (§ 20).
Se de facto o casamento se effectuar, validamante ·se-
gundo as leis da igreja, sendo entre catholicos (ou segundo
a Lei de i8M e seu Reg. de t863, sendo acatbolico5),
subsiste e11e.
68 CONSULTAS SOBRE
Resposta
Collação
Marido e mulher fizerão ambos doação a uma
filha, qne se casou. FalIeceu elIe; conferio-se metade
no invent.ario. Falleceu depois a filha, e posterior-
mente a neta unica. Deve-se conferir a outra me-
tade? Como ~
Resposta
A obrigação de conferir é certa (Ord., liv. 4., Lit. 97).
Quanto ao modo, parece-me que ou se deve tratar de
76 CONSULTAS SOBRE
2.° Entendo que deve ser avaliada agora visto que existe
a pardinha doada e a doação não foi para casamento (Cit.
Ord., § 4 in fine e § ifS).
3. o Me parece que não; porque os herdeiros insti tuidos
na terça não são herdeiros necessarios, que tenhão direito
á legitima, caso em que poderião exigir que fosse eUa
preenchida, mesmo annullando por inofliciosas as doações
(Coelho da Rocha, Dir. Civ., § 353) : se isso pretenderem
taes herdeiros, a doação degeneraria em um contrato one-
roso, com prejuizo injustificavel do donatario, contra a in-
ten~ão e acto do doador.
4. o Porque a doação foi feita para sahil' da terça não
tem de vir á coUação nos termos em que se acha concebida;
deve ser computada na terça, nos termos da Ord. cit., § 3,
20 e 21 combinados, não obstando a disposição testamen-
taria que equivaleria a uma revogação parcial da doação
já feita sem essa declaração ou condição, e que me parece
não se poder reputar mortis causa e revogavel a arbitrio,
o qual não é permittido fazer sem causa justa (Ord., liv. 5,
tit. 63).
Se, porém, essas doações feitas excedem á terça e le-
sam as legitimas, podem-se dizer inofficiosas,e então pode-
rião os herdeiros necessarios pedir que as suas legitimas
fossem completadas, observando-se os principios legaes
(Coelho da Rocha, Dir. Civ., § 353; Corrêa Telles, Acç.,
§ tU e nota 290 e 291) C'").
Eis o meu parecer.
Agosto, 1854.
Resposta
i. o O escrivão da collecLoria que, abusando da confiança
e boa fé do collecLor ,apropriou-se de dinheiros arrecadados,
usando do arLificio de organisar balancetes falsos, cujos
saldos a entregar não são exactos, e sim inferiores aos
verdadeiros, e dest'arte prejudicou o mesmo collector na
importancia do alcance verificado e devido á sua fraudu-
lenta subtracção, commeLteu o crime de estellionato (Cod.
Crim., art. 264., § 4, e art. 21 da Lei n. 23:3 de 20 de Se-
tembro de '187 i).
2.0 Desde que, logo no summario da culpa, fique bem
demonstrado o procedimento criminoso do escrivão exclu-
sivamente, e que o collector, apezar de ter assignado os ba-
lancetes não concorreria para isso de fórma alguma, e antes
fôra victima da fraude e abuso de confiança daquelle, não
póde ser envolvido com o escrivão no processo criminal.
Sem dolo ·ou má ré não hacrime (Cod . Com., art. 3). Mesmo
pronuncia não póde haver sem prova de delicto, e ao me-
nos indicios vehementes de quem seja o delinquente
(Cod. do Proc. Crim., art. H5).
Se o extravio se tivesse dado com sciencia do collector
teria este commettido o crime de peculato (Cod. Crim.
art. i 70; Dec. de 5 de Dezembro de i849, art. 6) .
80 CONSULTAS SOBRE
Resposta
Parece-me que os boticarios não se devem reputar com-
merciantes; porque a sua profissão tem por fim principal
e immediato a sauele publica antes que exercer o commer-
cio, embora eltes o façam com esperança de algum lucro
ou interesses; são antes agentes indispensaveis, auxiliares
VARIAS QUESTÕE~ DE DIREITO 8i
Da exposição conclue-se.
I. o Que foi feita a IJartilha da casa e terras;
2: Que ficou em commum e&sa propriedade ;
3.0 Que a parte pertencente a Paulo foi por este
arrendada a Pedro nos termos do respectivo con-
trato;
4. o Que Pedro comprou o rincão das Pitan-
guell'as ;
5. o Que antes de findar o prazo tratou Pedro de
promover a divisão das terras;
6. o Que no entanto Paulo mandou fazer obras
6
82 CONSULTAS SOBRE
Parece-me portanto :
1. o Que bem podia Pedro embargar taes obras quer se
repute de preferencia pertencer-lhe já o mencionado rincão ,
visto seu titulo e ocrupação) in pari causa possesso?' poliO?'
habere debet L. 2-';, \)ig. de reg. jur.) qller mesmo em sim-
ples qualidade de condomi no, destle que taes obras são
novas e prej udiciaes (Corrêa Tenes, Doul1'. das Acç _,
nota 449 in re com muni nemo dominoru m jure (!L cere
quicquam invicto altero potest. L. 28, Dig. Com. div.).
O direito que porventura tivesse Paulo, em virtude de
seu contrato de arrendamen\o ou de outro titulo, não o
autorisava a fazêl-as de seu proprio arbítrio e sem que
primeiro se houvesse legalmente empossado, desembara-
çado as terras da occupação de Pedro.
2. Que pelo contrato de arrendamento a casa e a man-
0
Conciliação; procurador
Póde-se admittir conciliação por meio de procu-
dor? Em que caso ? Quando deve o autor compa-
recer por si ?
Resposta
O art. 5, § i ' da Lei de 15 de Outubro de i827 ainda se
reputa em vi gor para se não ad:nil.tir (salvo o caso do
art. 3 da Disp. pr·ov.) pt'Ocllradores senão por legitimo im-
pedimento d:.ts partes, com poderes illimitados e especiaes.
Se o réo não com parecer e deixa ir á revelia não ha
conciliação, tem-se admiltido o autor por procurador,
mesmo quando se não prove impedimento para compareci-
mento pessoal deste (tal é a praxe). Mas se elle comparece,
e recl ama o comparecimento pessoal do autor, está no seu
direito; deve o autor ir ou m:.tndar eXC\lsa legitima para
ser ad mittido por procuradoI' C') ·
Agosto, i86·L
(') O A viso de 1.9 de Julho de i865 declarou, que o art.5, § 1 da
L ei de 15 .te Outubro de 1827 cad uco u desde que a disposição
88 CONSULTAS SOBRE
Concordata; rehabilitação
Resposta
liv. 1', tit. 62, § 37 ; tit. 88, § 49: Consolo das Leis Ci1J.
Bras., arl. 30i), bem que se tenha pretendido introduzir
a obrigação de preslal-as em geral annualmenle (Vide Mello
Freire, Dir. Oiv., liv. 2, tit. H, § 16,combatido por Lobão,
notas a Mello cit., § 16,n. 7).
°
Póde, no entanto, juiz de orphãos exigil-as em qual-
quer tempo se houver juSl.ificado . motivo para isto; e,
finda que seja a tutela, devem ser logo prestadas (Ord.
cit ., tit. 88, § 49 e 150 ; Lobão cit., Pereira de Carvalho.
Proc. Orph., § 'I 15't· e nota 298; Cons. cit ., art. 302).
Esta doutrina me parece não alterada pelo que se dis-
põe no Reg . das correições de 2 de Outubro de 18151,
art. 32, § 2; porquanto, referindo-se e remettendo-se
ao § 29 da Ord., liv. '1, tiL 62, nesta não se diz que o
prazo seja a Q,?'bit'rio do juiz, e sim o da lei.
Novembro, i874.
Resposta
Ao V Legitimados pelo subsequen te matrimonio os fi-
lhos. illegiti mos, são hlvidos por legitimos (Ord. liv.2°,
til. 3 '5, § i<Z;Mello Freire Dir . Civ . liv 2°, tit. 5, § -16, nola
in fine ). E, portanto, concorrem com estes na herança
paterna (Comment. á Lei de 2 de Setembro de i 867, capo 3,
questão 22; Consul. das Leis Civ . Braz. e notas aos
arts . 215 e 962).
Ao. 2.° O contrato ante-nupcial é irrevogavel depois de
con trahido o matrimonio (C. da Rocha, Dir. Oiv., § i56; C.
TelIes, ]tlan. do Tab. , § 151, Oonsol. cit., nota ao art . 88) ,
o que não impede as disposições de ultima vontade por um
dos conjuges em beeeficio de ontro, e sobretudo pelo ma-
rido em favor da mulher, quer se tenha assim estipulado
(Ord . Liv. 4, tit. 46 pr., e Lei ele 17 de Agosto ue 1761 ,§ 8),
quer pelas regras de direito sobre a liberd1de de testar.
Se o regimen dotal foi institui do principalmente em
maior vantagem e garantia da mulher; se alguns entendem
que o regimen pacticio pócle ser transformado no da com-
munhão, mesmo na constancia do m:1trimonio (vide Lobão
a Mello li v. 2, til. tO, § 4., e seguin tes); se as circumstan-
cias podem autorisar e levar o marido a melhor aquinholt'
'sua mulher; se a communhão pó de coexistir com aquelle
outro regimen mixto; e até substituil-o em varios casos
(resolução do regimen pratico no da communhão), pare-
ce-me que, comquanto melllor fosse contemplar direcla-
mente a mu lher como lega laria ou herdeira, salvo o seu
dote, quanto em direito é permittido, nJo era nem é ve-
dado ao marido contemplar por outra fórma a mulher,
dando-lhe a meiação em substitui ção do dote por acto de
ultima vontade.
Restaria, porém, a esta a opção, visto ser em seu favor,
entre o dote ou o contrato com os seus privilegios, e
a meiação ou communhão sem elles.
Ao 3.° Só por justa causa póde o pai desherdar o filho
VARIAS QUESTÕES DE DIItEITO 97
Credor
Pedro dev ia a Lu iz certa quantia. ; fallecendo Pedro e
procedendo-se ao invenLario, habilitárão-se os credores
justificando suas dividas, e na partilha forão contemplados
separando-se bens para pagamento delles. Luiz, porém,
nat.1a fez durante o processo do inventario; mas, findo
e11e, accionou a viuva e herdeiros, contra os quaes obteve
sentença, com a qual se conformárão todos os interessados,
excepto um, que interpôz recursos, dos quaes decahio defi
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 101
Pergunta-se
Resposta
Resposta
Desherdação
Resposta
Desherdação ; prostituição
Póde o pai desherdal' a filha adultera e que se
entrega á prostituição?
Resllosta
Parece-me que o adnlterio da filha e sua posterior pros-
titnição oio são jusla causa de desherdação, porque inte-
ressa isso exclusivamente ao marido; nJo póde ser apresen-
tado por outros e não se acha comprehendido nus da Ord"
liv. 4, til. 88, e direito vigente.
São inampliaveis as causas de desherdação.
Setembro, i864..
Divorcio
1.· Ql1aes são os motivos legaes para se intentar
e conseguir o divorcio perpetuo?
2.° Qual a maneira de provar os motivos, e pe-
rante que autoridade se intenta essa acção?
_.
- _ .. - _ . _ - . _ - - - _ . - - - - - - -- -
ciaes dos Tribunaes estrangflil'os é rp.g"ulada pelo Dec. n. 6982
de 27 de Julho de 1818, referendado pel? distin cto ~onselheiro
Lafayette Rodrigues Pereira. Vide tambem o Decrflto n. 7777
de 27 de Julho de 1880.
A. C.
122 CONSULTAS SOBRE
Dilorcio
Póde validamente determinar-se divorcio perpe-
tuo ou temporario por escriptura publica, ou mesmo
por conciliação no juizo de paz 1
Resposta
Não; a separação dos conjuges para todos os etreitos le-
gaes só póde ser delerminada por sentença em juizlI com-
petente, nem sobre tal objerto é-lhes licito transigir em
tal sentido, quer extra-judicialmente, quer mesmo no juizo
conciliatorio (Av. de 6 de Abril de 1850), ou em outro
qualquer. A isso se oppõe todos os principios da igreja e
as leis. Tal convenção seria um absurdo e uma anar-
chia.
VAIUAS Qm~STÕgS DF. DIREIT(J
§ 1.6; liv. 4°, tit. to, § 9°; Pareira e Souza, ProG. Civ.,
nota 786).
Todavia podeuia o autor requerer a providencia daOrd.,
liv. 3°, tit. 3i, pr., isto é, o deposito da co usa demandada
até a decisão da demanda.
Novembro, 4870.
Doação; collação
A doação feita a um filho deve ser trazida por
inteiro á collação se elle quer entrar á herança, ou
só na metade?
Resposta
Sendo os bens communs deve ser deduzida por inteiro,
se a doação foi feita só pelo pai ou mãi, e apenas na me-
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO l29
sentença?
Qual o recurso legal para reparar a nullidade ?
Resposta
Apezar da insinuação, entendo nuUa a doação; porque a
escriptura é ahi da substancia do contrato, e não póde
ser supprida ainda por confissão da parte (Ord., liv. 4.,
tit. 1.9 ; Dec. n. 737 de 1.850, art. 1.59).
A propria sentença de insinuação é nulla por não dever
ter sido proferida sem que se juntasse a escriptura. O meio
legal e seguro de remediar é fazer a escriptura de doação
e ratificar a insinuação.
Ratificada esta, se fôr no mesmo processo e sem alte-
ração de bens ou de seu valor, parece-me que não ha lugar
a pagar de novo os direitos á fazenda por já o terem sido.
Se, porém, forem exigidos e pagar de novo, póde a parte
requerer a restituição dos que anteriormente pagára, por-
que a nullidade é intuitiva e de pleno direito.
Fevereiro, 1.870.
Resposta
E' a regra que não se entregão documentos juntos a
autos, emquanto pendentes, salvo quando os autos são de
acções meramente preparatorias, e os documentos originaes
com que se deve instruir a acção principal.
Dos autos findos, sim, e tão sómente quando são neces-
sarios para instaurar-se qualquer acção (Av. n. 6i de 6
de Março e n. 85 de 2 de Abril de i84.9).
O remedio é pedir certidão; porque,extrahida competen-
temente do original, prova, em regra, como este (Pereira e
Souza, Prac. Civ. , § 215, n. 2, e nota 4.60). E caso tenha
duvida, suppre-se pelo exame no original (cit. Souza,
nota 4.66 in fine).
Aquena prohibição me parece ainda mais procedente se
pender appellação, por não poder o juiz innovar causa
alguma no processo e serem indispensaveis no juizo su-
perior.
Junho, 1858.
Resposta
Ao L° Pelo seu dote a mulher tem hypotheca legal nos
bens do marido, quer pela legislação anterior (Lei de 20 de
Junho de 1774, § 40), quer pela actual (Lei ll. 1237
de {864, art. 2°, § 10; art. 3°, S 10 e 11 : art. 9: Reg.
ll. 3í4{ de i865, arl. 118 e {23), e vale contra terceiros,
..
i36 CONSULTAS SOBRE
ainda que não seja registraàa (Lei eit. de '18M, art. 9°; Reg.
eit., art. 123), sendo de notaI' que as anteriores á execução
da lei nem ao registro offieial são sujeitas (Reg. eit.,
art. 319), e valem como valião antes della (Reg.,
art. 317). '
Assim , pois, os bens posteriormente adquiridos pelo ma-
rido estão comprehendidos e sujeitos á referida hypotheca
legal da mulher. O vendedor, embora credor do preço, é
apenas hypothecario convencian:1l se estipulou hypotheca a
seu favor, visto a Lei cito de iSn, art. :3°, que lhe não clá
hypotheca legal. ConseguintemenLe, se o marido não tem
outros bens por onde a mulher se pague senão esses com-
prados e ainda não pagos, terá ella de pagar-se por elies
como credora de hypotheca legal peln dole, dado o caso de
fallencia ou insolvabilidade, como então se daria (Reg.,
art. 250, § 5°). preferindo ao credor do preço se (como se
verifica) o seu privilegio é ante?'ior, manLido pela dita lei e
seu Reg., e ainda que fosse sujeito ao regimen actual (Lei,
art. 2°, -§ 9° elO; Reg., art. '115), prioridade primada
pela data de casamento destle a qu::tl existe a hypothe~a
(Lei, art. 2°, § 9; art. 30, § 10; art. 9", 2' parte: Reg.
cit., art. H6, § 1°).
Ao 2.° Em regra, o termo ou prazo convencionado para
cumprimento de uma obl'igação aproveita aos herdeil'Os
que sllccedem nos direitos e obrigações. Ma , assim como
em vida elo devedor se lhe pó de exigir, por excepção, o
pagamento antes do vencimento, assim t:tmbem, e por
maioria ele raz5:o, se elle vem a fallecer. Desde q:le, por-
tanto, se dê a fallenda ou insolvabiliclade, ou se falte a
algmn dos pagamentos (da divida hypothecaria) , ou os
bens hypothe[;ados soffrãn deteri oração, póde o credor de-
mandar, reputando-se por este fim e [lor taes motivos ven-
cida a obrigação (Cod. Civ. Fr., art 1188; Pothier, Obrig o
n. 234., 235; Lei cit. de '1864, art. 128, 130, ~UiO, § 50
e6 0
).
VAIUAS QUESTÕES DE DIREITO 137
Resposta
O casamento importa a emancipação do filho, do orphão
e do menor, segundo a Ord., Iiv. 1", tit. 88, §§ 6, ~9, 28
e outros, ficando elle, portanto, isento do patrio poder da
tutela e da curatella (Vide Pereira de Carvalho, Proc.
Orph., § 124 e nota, § 164 a 172 e notas). E, pois, entra
logo no gozo dos seus direitos civis, salvas as restric-
çõos que as leis civeis e commerciaes tem estatuido quanto
a certos actos, para os quaes exige certa idade, ou dis-
pensa della, ou licença, para ser havido por maior e
no gozo pleno de todos os seus direitos, e salva tambem
a resLituição quando fôr leso, como tudo se vê e depre-
hende das cit. Ord. da do liv. 3, tit. 42 e outras,e do
Cod. de Com. Em termos taes, parece-me:
I.' Que já não é o juiz de orphãos o competente para
o inventario, excepto se o menor casar sem sua licença e
tem menos de vinte annos, visto o direito que tem o mesmo
juiz de lhe negar a entrega dos bens, segundo a Ord.,
liv. i', til. 88, §§ 19 e 28.
2.' Que, se o casamento se dissolve antes dos vinte annos,
não recahe elle em minoridade. A opinião em contrario
de B. Carneiro, liv. I', § 258, n. ~6,é combatida por outros
civilistas (V. Lobão, Notas a Mello, liv. 2', tit. H, § 6,
n.3).
Julho, 1867.
Pergunta-se
i. o E' verdadeira a pratica refflrida pelo autor
do Advogado do Povo, e tem a acção de nunciação
de nova obra applicação ás derrubad as ?
2: No caso negativo, qual o meio de impedir-se
o estrago do terreno por meio das derrubadas, visto
que não é sufficiente a notificação para não fazer
bem feitorias, sob pena de perdêl-as, porquanto as
derrubadas, longe de serem bemfeitorias, são ver-
dadeiros prejuizos e méra devastação quando a.ban-
donada::. e não plantadas a tempo?
3. ° No caso apresentado, como se purga o atten-
tado, não sendo possivel reviver as matas? Dever-
se-ha considerar o attentado perpetuo para o fim
de não poder mais o réo ser ouvido em sua defesa
na ca.usa principal, que póde ser continuada pelo
autor?
Resposta
Ao LO Que a nunciação se applique tambem aos predios
e servidões rusticas, e não sómente ás urbanas, é doutrina
fundada (Lobão, Interdict., § i26 e seguintes, t3/i e 435 ;
Corrêa Telles, Acç., nota 459; Coelho da Rocha, Dir. Civ.,
§ 60;)). E por isso é sustentavel a üpinião ou pratica refe-
riJa, tanto mais quanto pOl' esse meio se trata de obviar
a um damno em relação ao proprietario que reivindica o
terreno (cit. Corrêa Telles, nota 4.4.6).
Ao 2.° Quando assim se não pensasse, haveria o meio
do inlercUcto prohibitori'J, comminando-se pena (cit. C.
Telles, § 200 e seguintes), acompanhando-a logo (se quizer)
de protestQ pelos prejuizos.
EIl todo o caSú, restaria sempre a acção ordinaria para
VAfHAS QUESTÕES DE DIREITO
Embargos
A acção decendiaria por letra de cambio ou de
terra se podem oppõr só os embargos de que trata a
art 250 do Reg.n. 737 de 25 de Novembro de 1850?
Resposta
Fevereiro, 1874.
Resposta
Resposta
cial?
3. o Qual o processo a observar para fazêl-a
effectiva?
4. o O que succede no caso de insol vabilidade do
devedor ?
5.° Qual o recurso que cabe da decisã,J de juiz
municipal, sendo a causa superior a 500aOOO?
Resposta
Resposta
Resposta
Resposta
Em vista da consulta, o aceitante das letras acha-se
realrríen te [allido por ter suspendido os seus pagamentos e
não poder pagar integralmente as di"irJas, attenta a offerla
de 40 0/0 pelo mesmo feita.
Tem-se admittido que, ainda em taes circumstancias,
póde verificar-se accordo en tre o devedor e seus credores
desde que estes convenbão por unanimidade, evitando a
abertura da fallencia (Vide processo Soutinbo e Acc. de 22
de Maio de i868 ; Dr. Orlando, Cod. do Com., nota 1327).
Mas, para que se dê novação e consequente exoneração
dos co-obrigados solidariamente, quaes sejão os respoDsa-
veis nas letras, o sacador e acei tante (Cod., art. !~22), se-
tia necessario que se veriGcassem as condições legaes de
tal exoneração (Cod., art. 26] e 438).
O simples accordo entre o portador eo aceitante (fallido)
de receber aquelle do mesmo é\ceitante parte da divida,
reservando-se todavia expressamente os seus direitos con-
tra os outros responsaveis, e designadamente con tra o sa-
cado!', parece-me que não importa a exoneração destes
senão em concurrente quantia (Arg. dos arts. 391 e 892,
Cod. Com.; Cod. Ci\'o Fr., art. 1285; Gougel et Merger,
Dir. ci t. yide cancM·dat. Remise).
Em Inglaterra os credores conservão os seus direi tos con-
tra a co-obrigação, salvo se têm expressamente renunciado
a elles (Vide Colfano Drad Camme?'cial, pago 539).
Não são, porém, fóra de toda a duvida estas soluções
entre nós.
Para aquell es que entendem prohibido e nullo, em nosso
direito, esse accordo por equi valer a uma concordata ami-
gavel ou extra-judicial (ex-vi do art. 848, Cad. e Dec.
n. 2481 de H\59), só haveria o meio da abertura da ial-
lencia e seu proseguimento até a concordata.
Para aquelles que, igualmente entendem que, por ser
amigavel, póde importar novação e desoneração por não
VARIAS QUESTÕES DE DIRElTO i73
Resposta
Consta dos au tos:
Que, fallecendo P., forão arrecadados para a massa uns
terrenos e bemfeitorias pelo mesmo abi feitas ; que
oppôz-se B. a esta arrecadação e intentada venJa, quanto
aos terrenos sómente, com o fundamento ele lhe pertence-
rem por compra feita a J., disputando-a por embargos de
terceiro;
Que , rer.ebidos estes e discutidos, lhe for ão afin al des-
prezados por sentença, co nfirmada (embora não unanime-
mente) pela Relação em dous acco rdãos.
Assim que, penso do modo seguinte:
Que, não se tratando de algnm dos actos especiflcados
no art. 8"27, Cod. Com.,mas sim de algum dos apontados na
generalidade do art. 828, não era por meio da arrecada-
ção e summaria:nente, que elie se devêra declarar nuHo
e insubsistente por commettido em fraude da massa fallida;
devêra propôr-se co ntra esse terceiro acção ordinari a, como
i74 CONSULTAS SOBRE
Resposta
Resposta
Fallencia ; herdeiros
Fallencia ; suspeição
Em o processo de fallencia póde haver sus-
peição?
Resposta
Entendo que sim, excepto talvez na parte da instruc-
vão por ser ao mesmo tempo fO'l'mação de culpa, caso em
que o juiz não póde ser dado de suspeito (art. 66 do Cod.
do Proc. e 24,3 do Reg. de 3t de Janeiro de 184,2), e
apenas deve declarar-se tal, se ha motivo legal para isso
(art. 61, Cod. do Peoc., e 24,7 do Reg. ciL).
Dezembro, 1854,.
VARIAS Qt:ESTÕES DE DIlmI'rO i83
Fiança
QLlaes são as obrigações do fiador?
A fiança innovada por alguma declaração poste-
rior obriga o fiador?
Não sendo o fiador principal pagador, como se
limi ta a sua obrigação?
Pagando o fiador pelo devedor, de qLle direitos fica
investido?
Resposta
O abonador ou fiador está responsavel pela importancia
total, pois assim se deve entender o seu abono sem reslric~
186 CONSULTAS SOB!\E
ção (Ord., liv. 4°,tit. 59,§ 4°); e fica subrogado nos direitos
do credor o fiador que pagou pelo devedor (Corrêa Te11es,
-Dig. Port., § 886 e notas; em contrario, outros exigem
exp1'essa cessão do credor, como seja Mello Freire, Dir.
Civ.,liv. 4°, til. 3°, § 28).
Se, porém, ha alguma declaração escripta, por onde
conste que se alterou a obrigação p1'incipal, a menos que
não seja simples espera ao devedor, então caducou a fiança
por ler havido novação de contrato, excepto si o fiador
conveio ou consentio (Lei i" e 18, Dig. de novai. Coelho
da Rocha cit., § 887).
Mas, não se havendo elle obrigado como lJ1'incipal pa-
gador, não pó de ser demandado, condemnado e executado,
e por isso obrigado a pagar, senão depois de demandado,
condemnado e executado o devedor p1'incipal, porq uanto
só depois de excutidos os bens deste se póde obrigar o
fiador a pagar o restante ou o total, na fórma da
cito Ord., pro
Ainda neste caso é preciso demandar o fiador (Ord.,
liv. 4°, til. 59; liv. 3°, tit. 37, § 2°, in fine; arg. da Ord.,
liv. 3°, tit. 92, in fine).
Tendo o fiador pago pelo devedor, tem acção contra
este, para ser reembolsado de tudo quanto por elle pagou,
com · seus juros e custas, além da acção propria para in-
demnisação de perdas e interesses (Coelho da Rocha cit.,
§ 884).
Maio, 1852.
Fiança
Pedro passou um credito a Paulo, o qual foi abo:.
nado por dous fiadores; o segundo fiador pagou a
Paulo por não o ter feito no vencimento o devedor
Pedro. Mas, indo sobre este para ser embolsado, não
VARIAS QUESTÕES DE D[REITO f87
Fiança; co·fiadores
Resposta
Desde que o devedor, reconhecendo-se tal, passe ao
credor o titulo (credito), e é este valido em direito, subsiste
a obrigação, a qual por sua morte passa aos seus her-
deiros e viuva conforme a lei. - Os juros estipulados con-
tinuão a favor do credor; a morte do devedor não os
interrompe.
Estas soluções assentão em principios inconcussos e ge-
ralmente sabidos.
Quanto á fiança prestada por alguem em garantia da
divida, é valida, ainda que o fosse ignorando o devedor
(L . 30, Dig. de fidei.; Cod. Civ. Fr., art. 20i4; Cod. Civ.
Port., art. 82i ; Pothier., Ob?'ig. n. 366 e 40 l1-) .
E ao':fiador, mesmo em taes condições, compete direito e
acção contra o afiançado. se por elle pagar, ou pelo prin-
cipio de subrogação ou do negotio?'um gestorum (Cod.
Civ. Pr., art. 2014 combinado com i372 e 2029; Cod. Civ.
Port., art. 838 ; Pathier. cito n. 430).
(Vide Lobão a Mello Freire; Dir. Civ., liv. 3°, tiL 7°, § 18
in fine).
Alguns entendem que o direito passa aos herdeiros do
fidei-commissario (C. da Rocha, Dir. Civ., § 719, fundado
na L. 4i, § 12, Dig. de legal. 3").
No legado condicional tem-se entendido, ao inverso dos
contratos, que não ha. acquisição do mesmo antes do im-
plemento da condição (Lei 4·' e DA, Dig., quando d'ies leg.),
e portanto, se o lrgatario fallece antes desse implemento
nada transmitle a seus herdeiros (Pothier, Ob1'ig.)
lia, porém, quem entenda que se transmitte por haver
alle adquirido como nos contratos (Mello, liv. 3", tlt. 5°,
§ 32, tit. 6°, § 13; Cod . da Pruss., art. i61, i62, 485).
/.'
Outros fazem distincr,ões. Se a intenção do testador era
que a acquisição depmdesse da condição,não se transmitte;
que apenas suspendesse, transmitte-se (Cod. Civ. Fr.,
art. i040, 101.. { ).
Por outro lado, quando o fidei-commisso é improprio,
isto é, quando o fiduciario, póde'dispôr, e sómente tem de
passar ao fidei-commis!'ario o que 1'estar, o direito do fidei-
commissario é todo event'Ua.l, simples expectativa (spcs.),
como se vê da Lei 54, Dig. ad. S. C. Treb., modificada
pela Nov. 108. Póde o fiduciario gastar tudo, sem reserva
alguma por nosso direi to, segundo a regra geral dessas
disposições, visto como a reserva ahi importa da 4' Treb.,
e tambem a da 4.' Fal., nunca foi aceita e praticada entre
nós. (Pegas, ás Ord., tomo 1..° ; Mello, liv. 3°, tit. 7°, § 2i
e 22).
Ora, a disposição de que se trata-instituição de eo quod
supersit -conforme a jurispl'udencia da França, onde sendo
aliás prohibidas as substituições (Cod. Civ., art. 896), inclu-
sive as fidei-commissarias, todavia não se estende isto
á disposição referida (Vide Rogl'OU ao Cod. Civ.) , importa
realmente uma instituição condicional. Conseguintemente,
tal direito não se póde dizer .adquirido e transmissível.
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 1.93
Resposta
Filiação natural
A lei de 2 de Setembro de f847 é applicavel
aos filhos nascidos anteriormente?
Resposta
E' minha opinião que não; porque a lei não tem effeito
retroactivo, e assim não póde, quer directa, quer indi-
1'ectamente, fazer perder direitos já adquiridos. Os filhos
naturaes snccessiveis tinham o seu direito já adquirido
nos termos, da Ord., liv. 4°, tit. 92.
E assim se tem julgado em varias causas, de que men-
ciono as seguintes:
L° O juizo de orphãos da côrte, eSCrJyao Vianna,
A. Claudio Antunes Benedicto, tutor da menor Joanna,
e R. José Antunes de Azevedo, curador á heI'ança do finado
João de Carvalho da Cunha e Silva, e o Dl'. procurador dos
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 499
(.) Neste o pai era tallecido desde de Jan eiro de 1847 e por
isso antes da lei.
200 CONSULTAS SOBRE
Pergunta-se
nesposta
Ao i." Se o filho é natural, isto é, havido de pai e mãi
que não tivessem impedimento para casar, é minha opi-
nião que o reconhecimento em baptismo é prova legal,
nos termos expostos, por tel' forca de escriptura publica
(Ord., liv. 3°, tit. 25, § DO; liv. DO, tit 38, § [.(.0; Mello Freire,
Di?'. Civ., liv. 4°, tit. -18, § DO; Lei de 2 de Setembro
de i847).
E em tal caso é nulla a institui ção, embora não o
seja o testamento, por se colligir que sabia ter filho suc-
cessivel (arg. da Ord., liv. 4°, til. 8!, § iO).
Para aquelles, porém, que seguem strictamente a letra
da Lei de 2 d~ Setembro de i847, não bastando o reconhe-
202 CONSULTAS SOBRE
Fretes
Resposta
Em causa executiva por fretes, AA. Guilherme da Sil-
veira e Silva & C., RR. Netto & Irmão, 3" embargante
Rocha Pinto & Lopes, nesta côrte, i854, pelo juizo de di-
reito da 3' vara, escrivão França foi decidido pela affir-
mativa.
E com efIeito os arts. i {7, i 18, 527 e 626 do Cod. do
Com. bem claramente o estabelecem, pondo só mente a res-
tl'icção de haverem passado a dominio de terceiro os gene-
I'OS da carga. O contrario destruiria o privilegio dos fretes,
privilegio fundado em justiça, e no favor á navegação e
ao commercio.
Novembro, 1854.
Habilitação; prova
E' essencial para habilitação a prova docu-
mental?
Resposta
A falta da prova documental não prejudica o direito que
possam terF.eF.,porque e11 só é essencial hoje para a prova
'de fili ação natural paterna,segundo a Lei de 2 de Setembro
de 1847. Deve sim, essa circumstancia influir para que se
exija plena prova de testemunhas, etc., e maior cautela em
julgaI-os habilitados para herdarem.
Agosto, 1854.
Pergunta-se :
Resposta
Pergunta-se:
Resposta
Resposta
O arrendamento da casa em questJo, por sete annos,
com a clausula hypothecaria, foi fei to em Fevereiro
de 1867, tendo o arrendat1.rio pago adianta.do o aluguel de
cinco annos; o titulo fo i lançado logo no registro, não no
livro da inscripção especial, mas no da t?'ansc7'ipção de
On'l-LS reaes. Por outro laLio, a divida com hypotheca espe-
desde a data da inscripção (Lei cit., art. 9°, pr.; Reg. 31153
de 1865, art i {7 a 123), e trata-se de hypotheca conven-
cional (Lei cit )
Não aproveita ao arrendatario o erro de se registrar no
livro da tmnscripção dos onus Toaes : a nullidade póde ser
invocada pelos terceiros (R.eg., art. 237, 280).
Nem se póde pretender que um registro dispense ou
supra o outro; o contrario dispõe o Reg . cit., art. 229.
Houve erro, porque, segundo o systema da actuallegis-
lação hypothecaria, o arrendamento, ainda com obrigação
especial do predio ao mesmo, não importa onus real, visto
como não se acha elle comprehendido entre os taxativa-
mente designados no art. 6° da cito Lei de {864, e cito Reg.,
art. 261-
Entendo, pois, que, nos termos expostos, nem o arrema-
tante nem o adj udicatario estão obri gados ao di to arrenda-
menta: são terceiros, e trata-se de execução por divida
°
hypothecaria ; onus seria pessoal, e não se transmitLe ao
comprarlor ou Sllcces~or (Lei de '18611, art. 6°, §§ '1 0, 2° e 3°).
Ao 3.° Que o uso e a habitação (uso de casa) são cansas
diversas de a?'rendamento; constituem o que, com o uso-
f1'ucto, se denominava se1'vidãfJ pessoal (Mello, fli?'. Oiv.,
liv. 3°, tit. ia, §§ to e 9°.) Sobre elles dispunha o direito ro-
mano, e se vê explicado nas Inst. Just. lI, 5 de 'l.tStt et hab,
§§ 1" a 5° (V. Lobão a Mello cit. C. da Rocha, Dú,. Civ.,
§ 62:2, 623; B. Carneiro, Di?'. Civ. liv. 5°, § 1!6, 117;
Ortolan ás Inst.l1.tst. cit).
Se?'vidão, gr.ava o predio em proveito de uma pessoa
(servidão pessoal), como grava a servidão de um predio a
outro predio (servidão predial), ou simplesmente se1'vi,ião
segundo a Lei cit ode 1864., art, 6°, § 1°).
O arrendamento é méra locação, com tempo on sem
e11e.
() uso e a habitação, de que trata o art. 6° da nossa Lei
de 1834., não se devem, pois, tomar na excepção vulga'r, e
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 219
Resposta
Presumindo tratar-se de bypotheca sujeita ao regimen
da Lei de 1861, e Reg. de 1865, respondo:
Ao LOQue OR embargos de que se trata parece-me antes
artigos de opposição, termos em que serião absolutamente
inadmissiveis na acção decendial ex vi do ar!.. 320 do Reg.
n. 737 de 1850, applicavel segundo o disposto na citada
Lei, art. 14, e Reg. cit., art. 282 e 284.
Ainda reputados de assistente, não serião attcndiveis,
visto como, quando mesmo se entendesse comprel1endido o
caso na prollibição da Ord., liv. 4°, til. 12, o direito dos
descendentes, provenien te desta lei, só se verifica par ?n01'te
do ascendente, conforme a opinião da maioria, dos civilistas
(Silva á Ord. cit.; Lobão a Mello, l lv. 2°, til. 4.°, § 14,
n. 15, nota; B. Carneiro, liv. 1°, tit. 20, § 182, n. Ui;
Cans. das Leis Civ. 8mz., nota ao art. 584).
Ao 2.° Se fossem recebidos taes embargos, não poderiã o
deixar de sêl-o sem condemnação, e só para dar lugar á
mais ampla discussão, tomando a fórma ordinaria.
Ao 3.° A Ord., liv. 4", til. 12, affecta de nullidade a
venda e a troca desigual. Mr1.s não prohibe nem annulla em
absoluto qualq uer outro contrato entre pai e filho sem
consentimento dos outros filhos, excepto se em fraude
daquella disposição.
Se, pois, a divida é verdadeira, ella é valida, e póde ter
lugar, para seu pagamento, a venda judicial ou necces-
saria (B. Carneiro cito n. 11 e 12; Lobão cito n. 1.3;
Canso cit., nota au art. õ83), e conseguintemente a hy-
potheca, que não é venda propriamente dita, mas simples
separação ou antecipada nomeação de bens, embora com
efiei lO de seq uella e preferencia.
Ao 4,.0 Tambem o foreiro não póde vender os bens afo-
rados sem consentimento do senhorio (Ord., Iiv. 49 , til. 38);
e não obstante, a Lei hypothecaria de 1864, art. 20, § 10,
222 CONSULTAS SOBRE
•
Hypotheca; excussão; integridade
contra o fiador?
6.° Como devem ser admittid05 os embargos '{
7.° Podem os outros credores disputil,l' prefe-
rencias, tendo sido annullada a execução movida
pelos menores contra o tntor fallecido ?
8.° Não tendo terceiro titulo legitimo, póde exe-
cutar sentença?
Resposta
Resposta
Resposta
Resposta
Hypotheca ; preferencia
Hypotheca; registro
o imposto de 5°/01
que a tabella. aunexa ao Reg.
de 31 de Março de 1874 sujeita as co:,porações de
mão-morta pela acqlJisição de immoyeis é appli-
caveI á Santa Casa de Misericordia da corte ~
Resposta
Pal'ece-me não ser applicavel á Misericordia da CÔl'te o
disposto em o n. 6 da tabella annexa ao Decl'. n. 5581,
de 3i de Março de iS47; em vista da Lei n. 460 de
30 de Agosto de 1847, porquanto o imposto especial ahi
indicado é em substituição do que anteriormente se co-
brava da licença a corpol'ações de mão morta para adqui-
rirem e possuil'em bens de raiz, segundo o § 32 da kl.bella
annexa á Lei de 30 ue Novembro de iSlH e ahi mesmo
1
Ha, portanto, ahi constitui do uso frn cto vitali cio por
acto entre vivos (doação) a bem de uns, e a nua pro rie-
dade a outros. Deveria, pois, ter-se pago antes da escrip-
tura, para ser nella in ~erto o respectivo conhecimento
(Reg. n. 4.2, 55 de t7 rle Abril de 1869, art. 16), o im-
posto do usofructo vitalicio e o da nua propriedade) (Reg.
cit., art. 7u ; regras 5" e 6' , art. t6).
Assim, que parece-me:
Quanto ao primeiro quesito, que a viuva do irmão uso-
fructuario nada tem que paga r: ena é meeira no usofrncto
conjunctamente com seu marido , por virtude da doação;
. e della já foi p~ go o imposto rrspectivo (2 °/0 conforme a
tabella do cit. Reg. de i 86Ç)) .
Quanto ao 2° e 3°: Que os filhos devem acrora pagar o
imposto correspondente ao seu usofructo, porque se veri-
fica terem sobrevivido ao pai, e na razão de 2 0/. por serem
sobrinhos filh os de irmão do doador (Reg. cito art. :l ,
n. e Tab. art. :17) : ma não o sello proporcional (Reg. ele
9 de Ahril de 1870, art. 10, n. 1°). AOrd. em Aviso
n. -136 de 28!le Maio de 18M, explicada pelo Av. n. 289
de 12 de Outuhro de 1870 não tem appl icilção ao caso.
Não se trata de fidei-commisso, nem de acto de ultima
vontade.
Ao 4: As respostas sopra. resolvem a questão deste. Se
não foi pago o imposto devido , é preciso pagai-o. Se algum
foi indevidament.e pago , ha direito á respectiva reclama-
ção (Reg. cit. de 1869).
Novembro 1873.
Imposto; retroactividade
Qual o modo de proceder para pagamento do
imposto de transmissão causa mortis? Deve-se ter
em vista a morte do testador, a época do inven-
tario ou a da partilha?
Resposta
Nenhuma lei tem effeito retroactivo.
O direito ao imposto do legado ou herança é firmado
pela época do fallecimento, em que se abre a successão,
e em que portanto é elle adquirido, como se acba resolvido
no Av. n. 26 de i6 de Fevereiro de i848.
Semelhantemente, desde a drtta das resper,tivas trans-
ações (por ser desde ella adquirido), o imposLo de lnns-
missão das mesmas-,como se lê em varias ordens. Vide Ord.
n. 34, de 1849, n. i3!) de i8iH, Av. n. 7t de i8fi3; Av. de
14 de Dezembro de 186 I (Diario Otficial de i3 de
Janeiro de i870) ; (Av. de 21 de Janeiro de i861 (J01'nal
de ti de Março); Ord. de i2 de Janeiro de 187i in fine
(Diario Otficial de i8), que consagra a doutrina em
principio geral.
Assim, parece-me que o imposto devido é de 5"10, vi-
gente ao tempo do fallecimento de que se trata, e não o
de iDo/o posterior.
A época do inveutario e partilha nada tem com isto.
Outubro, i873.
Imposto; subrogação
Resposta
deve ter o escri vão, do mesmo modo que não poderia ser
juiz na causa a parte, seu advogado ou curador anterior.
Outubro, 1856.
Injuria
Um individuo intenta contra outro um processo
por crime de injllria por havêl-o este chamado de
ladrão. Provado que o sujeito tem esta qualidade,
desapparece a criminalidade ?
Reposta
Injuria
Dirigindo-se a um juiz injurias ou calumnias em
petição ou autos, é preciso que se realize a condi-
ção da distribuição por mais de quinze pessoas
para se dizer crime e haver punição?
2M CONSULTAS SOnE
Resposta
Entendo que não, em face dos arts 230 e ~37 do Cod.
Penal, combinado com os arts. 233 e 238. E assim se deci-
dio em causa de Pereira Duarte, condemnado ha annos no
jury da côrte por calumnias em uma petição ao presi-
dente da Relação.
Agosto, t853.
Insinuação
Em uma escriptura ante-nupcial dotou-se a.
noi va com todos os seus bens e ao noivo com a
quantia de 1.0:000~. Quae.s os bens que devem
ser insinuados?
Dentro de que prazo deve S"l' requerida a insi-
nuação?
i7
2;)8 CONSULTAS SOBRE
Resposta
Deve ser insinuado unicamente o dote feito pela noiva
ao noivo futuro marido, porque só nesses W:OOO~ de
que ahi se falla ha verdadeira doação, que deve ser insi-
nuada, nos termos da Ord. liv, 4.°, tit. 62 ; Alv. de 16 de
Setembro de t814.; Lei de 25 de Janeiro de 1775; Acç.
de 2'1 de Julho ele 1797 e Lei de 22 de Setembro de 1828,
Quanto ao mais, nada ha que deva ser insinuado por se
tratar sómente de pacto an te nupcial em que apropria
noiva se dota a si mesma com os seus proprios bens, e por
isso não os recebe por doação de pessoa alguma (C. Telles,
jltIanual do Tabellião, § 135).
As leis não sujeitão á insinuação senão :. doação pro-
priamente tal, isto é, apenas aquillo que contém rigorosa
liberalidade (C, da Rocha, Di?'. Civ, Port., § 578), o
que se não dá na presente escriptura quanto á noiva que
se dotou a si mesma com os seus bens, e só quanto ao
noi vo a quem ella dotou desde logo com a quantia de
iO:OOO~ , . e embora suj eita ás condições que ahi se es-
tipulárão : o contrario é suppôr possivel que alguem se
faça doação a si mesmo, o que é absurdo, quando neste
caso a noiva nem de seus pais, nem de es tl'anhos~ nem
do marido, recebell doação de qualquer natureza que fosse
PQra ser insinuada, e com essa escriptL1ra unicamente quiz
ex.cluir ela communhiIo matri mon ial os seus bens e consti-
tuil-os dolaes com toLlos os privilegios que as leis lhes ou-
torgão, entre os quaes é o de ser irrevog3.\'cl depois de
contrahido o matrimooio o pacto anle nupcial (C . Telles
cit., § '151 ), privilegio que desal-lpareceria se prevalecesse
a contraria opinião pOI' não serem validas as doações sem
insinuação senão até a taxa legal. t
Resposta
Resp osta
judicada a disposição (Mello, liv. 3°, tit. 7°, § 12; Dir. li11 .)
Isto, posto, é conseqllente que sejão os herdeiros desse
remanescente aCJuelles Olhos referidos. Tanto mais, quanto
o pai manteve esse testamento, e por isso a instituição,
até sua morte; não mudou de vontade, e taes filhos lhe
sobrevivêrão.
Como, porém , tudo depende de inter'pTet,ação da
verba, remontando á intenção e vontade do testador (o que
é sempre difficil), póde dar-se di vergencia de opi uiões.
Outubro, 1868.
InventarÍJnte; arrendamentos
Inventariante ; prisão
Como póde ser considerado o inventari ante em
relação aos bens do espolio sob sua administração'
Resposta
Como o inventari an le é reputado um depositario judi-
cial, entendo que póde ser demandado com a pena de pri-
são nesta qualidade, lTluito pl'incipalmen te se é testa-
menteiro (Ord., liv. 4.°, tit. 62, § '19).
E assim já foi julgado na Relação desta côrte por Acc.
de 28 de Agosto de 1851).
Todavia, sendo ao herdeiro, pód e suscitar-se duvida em
face da Ord., liv. 4°, tit. 96, § 1.4 ; duvida que me parece
não proceder se ha sentença ordenando o sequestro dos
bens da herança que estiverem em se u poder (arg. da Ord.,
liv. 3°, tit. 86, §§ 13 e 18, e da Lei de ':W de Junho
de 17n).
Outubro, 1859.
Resposta
Resposta
Juiz; impedimente
Quando a Relação revisora tem de julgar uma
causa, em a qual foi juiz um cunhado do desembar-
gador dessa Relação, póde este ser juiz?
Resposta
Resposta
Juros; prova
Porque modo se prova a estipulação de juros'
E' essencial que o escripto seja assignado pelo de-
vedor? Não havendo taxa designada, qual a que
deve regular?
Resposta
A prova da. estipulação de juros deve ser feita por es-
criptura publica ou particular, sem que em caso algum
seja admissivel a simples prova testemunhal (Lei de 24 de
Outubro de i532, art. 2°).
Pouco importa que o escripto seja assignado pelo
devedor ou sómente escripto por elle (Cons. das Leis
Civ., nota ao art. 362). O escripto particular reco-
nhecido pelos meios legaes é prova legitima (Pereira e
Souza, Proc Civ ., nota 470). Quando não possa por si só
e desde logo fazer prova, póde todavia servir de começo
della, completando-se por todo genero de outras; a
lei só exclue a prova que constar s6mente de testemunhas
(Vide Cons. cit., Pereira e Souza cit.).
Se ha simples estipulação de juros sem quantitativo ou
tempo, entende~se que são os da lei (6°/0), e só pela móra
(Cod. Com., art. 26/), 2' parte, extensiva ao civel; Com.
cit.).
Setembro, iS70.
T AlUAS QUESTÕES DI lmlEITO 287
Legado; hypotheca
Qual o direito que tem o legatario de quantia
certa sobre o espolio do testador em face da legis-
lação anterior á reforma bypothecaria de 24 de
Setembro de 1864? E perante esta e legislação pos-
terior ?
Resposta
O legatario de certa quantia em dinheiro é credor com
hypotbeca legal simples, se a successão foi aberta antes da
execução da Lei de 1864. e Reg. de 1865 (hyp.); e esse
direito lhe está salvo, mas nos termos do art. 317 do
mesmo Reg.
Se foi posterior, não ha tal hypotheca em face do art. a'
da Lei. Nem tão pouco onu! real em vista do art. 6', Bem
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 2SQ
entendido que em relação aos immoveis hypothecados.
-Quanto aos mDveis, immoveis não hypothecados, e sobre a
dos hypothecados, vide art. 5', § 2° da mesma Lei).
Se o legatario não foi parte no inventario, a partilha não
o póde prej udicar : póde demandar o herdeiro (C. Telles,
Acç., § 1.60).
Todavia, se ao inventariante ou testamenteiro forão lan-
çados bens e valores sufficientes, e o legatario não foi pago
por negligencia sua, entendo que não póde mais demandar
os herdeiros, que receberão livres os seus quinhões -dor-
mientibus non succurrit jus.
Abril, 1.868.
Resposta
Legitimação ; adopção
1." São admittidos pela legislação patria as es-
cripturas de perfilhação ou filiação adoptiva 1
2: Podem eUas considerar-se validas e meio se-
guro de se adquirir direito á herança, quando não
haja herdeiros necessarios ?
3." Qual a legislação patria que ellas têm para
base? Não estão abolidas na pratica?
Resposta
Ao i. o A legitimação judiCial ou por carta ainda está
29~ CONSULTAS SOBRE
Resposta
Liberdade
Fallecendo Pedro, sua viuva, antes de proceder
o inventario, libertou uma escrava do casal, com a
condição de a servir durante a vida. Depois de li-
berta assim, teve esta filhos. Um herdeiro quer
que entrem para o monte e sejão avaliados nãô só
essa liberta, como os filhos.
Pergunta-se
Deverá isso ter lugar?
Resposta
Entendo que só deve entrar o valor da escrava liberta;
porque os filhos nascidos posteriormente á concessão são
livres, visto que essa condição é personalíssima e não
abrange os filhos, tanto, que essa liberdade agora só póde
ser revogada por ingratidão ou falta de cumprimento da
condição, unicamente pela doadora, nos termos da Ord.,
liv. 4,0, tit. 63. E nem se póde dizer que ella ainda não era
exclusivamente de sua pl'opriedade para poder libertaI-a;
porque deve-se entender que, fazendo-o, tomou-a á sua
meiação, quando não pela regra geral de direito, ao me-
nos pelo favor á liberdade, na fórma da Ord., liv. 4,',
til. H § 4,., e outras leis.
Novembro, i85~.
298 CONSULTAS SOBRE
Liberdade
Maria, sendo casada, falleceu com lestamen to,
em qlle deixou a seu marido alguns escravos para
o servirem por tempo de dez annos, findos os quaes
ficarião elles livres. O marido, que tambem era tes-
tamenteiro, falleceu antes de se findarem os dez
annos, e deixou ;\ seu herde iro e testamenteiro os
serviços daquelles escravos pelo tempo que restava.
Pergunta-se
Póde o herd eiro do marido de Maria compellir
os escravos a prestar-lhe os serviços na fó('m~
do testamento delle, ou ficál'ão elles livres desde a
morte do mesmo, embora não se houvesse com-
pletado os dez an nos de serviços?
Resposta
Parece-me que não póde o herdeiro em questão obrigar
os escravos (ou antes libertos) a prestar-lhe os serviços,
de que se trata, porquanto o marido de Maria não tinha
senão os seviços ou usofrur.to,o qual, findou pela sua morte
(1', Dig., quemad. usuf. amitt.; Cod. da Prussia,art. 176 ;
Cod. Civ. fr., art. 6i7; Mello Freire, Dú' , Civ., liv. 3°,
tit. i3, § 6° ; Coelho da Rocha, Di?" Ci?)., § 620; C. Tel-
les, Dig. Port., liv. 3°, art. 569), pouco importanto, por-
tanto, que ainda não se houvessem completado dez annos
de serviços determinados por Maria, por isso que seme-
lhante disposição sempre se deve entender sob a condição
natural de por tanto ou mais tempo viver o usofructuario.
Quando mesmo assim não fosse, o favor á liberdade o
deveria autorisar, sendo esse um dos casos em que com
todo o fundamento teria justa applicação o principio con-
VARIAS QUESTÕES DE DlRElTO 299
sagrado na Ord., liv. 4,0, tit. H, § 4,0, (em favor da liber-
dade SclO muitas causas outorgadas cont1'a as reg1'as gemes) ,
e em outras muitas leis.
Accresce que a intenção da. testadora Maria foi favore-
cer a esses escravos, mas ao mesmo tempo a seu marido,
e sómenle a clle, deixando-lhe os serviços dos mesmos por
dez annos, e nunca que por morte delle passassem os liber-
tos a servir a mais pessoa alguma.
Entendo, por conseguinte, nuHa a dispos·ção do marido
no seu testamento, e que os escravos são libertos plena e
perfeitamente desde que falleceu, não podendo por isso
ser constrangidos a prestar serviços a pessoa alguma.
Agosto, t853.
Liberdade de imprensa
Relativamente ao processo por abmo dell a vi gora
(*) Hoj e é di s posição expressa de lei , que não ha ID !l.is revo-
gação de liberd ade por ingratidão, t en do sido d erog ada a orde-
nação citada pela lei de 28 de Set embro de 1881, art . 4, § 19.
A. C.
URIAS QUESTÕES DE DIREITO 301
Liberdade; escravidão
Um escravo residente em paiz estrangeiro pó de
entrar no Imperio, e ser não só conservado em es-
cravidão, mas até mandado entregar a seu senhor
pelas justiças do Imperio ?
Resposta
Civ., liv. 3°, tiL i3, § 4°) , e a Ord., liv. i tit. 88, § 6",
O
,
Libertos ; avaliação
F., por morte de sua mulher tendo feito inven-
tario e posto de posse a seus filhos do que lhes to-
308 CONSULTAS SOBRE
Resposta
Desde que o bilhete de loteria foi comprado com di-
nheiro do pai, que no mesmo declarou pertencer o bilhete
tambem ao filho, por quem o mandou comp rar, é natu-
ral entender-se que lhe quiz dar metade do seu premio,
o que no entanto não cumpri0, fazendo seu todo elle. Em
termos taes, é meu parecer que, não passando isso de
uma promessa, obrigação imperfeita, não ha direito de
exigir, tanto mais quanto aquelle acto foi de méra liberali-
dade, não levada a effeito.
Se, porém, fosse diversamente entendido, e no inventa-
rio do pai, ora fallecido, se contemplasse em favor desse
filho a importancia da metade daquelle premio, devêra
ser esta levada á coUação, verdadeira ou ficta, por have-
rem outros filhos co-herdeir03, e não existir insinuação
que a resguarde pela terça do pai no excesso da legitima
do mesmo filho (Ord., liv. 4.', tit. 97; Ass. de 21. de Ju-
lho de 097), salvo até a quanrt~ de 360;fJJ, taxa legal
dentro da qual é valida sem aquella formalidade a doação
feita por varão (Ord., liv. 4.0, tit. 62; em Alv. de 1.6 de
Setembro de HSU, ; Av. cit.).
Julho, 1873.
Mandato; registro
Medição ; conciliação
Resposta
Sim, salvo as excepções do art. 6 da Disp. Provo E as-
0
lhe fica sempre salva (liv. 4.·, tit. 13 da Ord.; Corl'êa Tel-
les, .A cç., nota 841) .
.Ao 4." Parece-me que em conformidade das leis ante-
riores; porquanto, não se achando esta no dominio dos
primeiro~ sesmeiros, não está sujeita á revalidação, e não
compete a medição aos juizes commissarios, e sim aos
juizes municipaes, se quizerem obter os actuaes proprie-
tarios novos titulos (art. 27, 34, § i , e art. 62 do Reg. de
30 de Janeiro de 1. 854 para execução da Lei fi. 501. de
i8 de Setembro de 1850).
Maio, 1854.
Dlenor ; ordenado
Resposta
. Ao i. ° O adm inistrador do morgado não é verda-
deiro senhor dos bens; tem apenas uma propriedade li-
mitada, e é equiparado a um usofructuario embora com
alguns direitos mais latos (Mello Freire, Di1'. Oiv., liv. 3°,
tiL 9°; Lobão, Morg.; C. da Rocha, Dir. úiv., § 51.6
a 523). Conseguintemente: 1.°, faz seus os fructos natu-
raes, civis, obrigado, porém, a conservar com os rendi-
mentos e os proprios fructos, e ainda á sua propria custa,
as cousas do vinculo; 2°, os filhos das escravas pertencem
ao vinculo (arg. do § 37, I nst. de 1'm'. div.); 3' , responde
ao successor pelo damno proveniente de dolo ou culpa;
4.0, tem direito (ou os seus herdeiros) á indemnisação
das bemfeitorias feitas á sua custa, que augmentárão o
valor do vinculo.
Ao ~ . o As crias dos animaes pertencem ao administra-
dor, substituindo com as mesmas as cabeças que mor-
rerem (Iiv. 68, § 10 e 2°; Dig. de USar?',). Os filhos das
escravas pertencem \. ao vlncu
. Io, como se d'1sse.
O administrador só responde por dolo ou culpa (V. Lo-
bão, Morg.)
Novembro, 1.869.
Morgados ; partilha
Como se podem reputar vinculados bens forenses?
O morgado irregular, ainda sob a apparencia de
fidei-commisso, é valido pelas nossas leis?
No caso contrario, sendo nulla a verba em que o
testador o deixou, como se deve proceder á par~
tilba?
Res~osta
Resposta
Examinei attentamente os pape ~ s relat.ivos ;l qnesUio de
sucr.essão em bens do espoli o do finado C. J. P. da S., de
que trata uma verba elo seu test.amento, disputada a
successores do filho nella contemplado pelos succes~ores
de outro Alho, e sobre a qual se tem proferido, quer Da
primeira, quer na segunLlil instancia. decisões oppostas e
vacillantes.
E' manifesto, que por essa verba instituio ilf[uelle testa-
dor um vinculo na pessoa de sen filllo ahi nomeado, e
como bens vinculados sempre forão Ilavidos desde 18H),
em que falleceu o mesmo testador.
Para ser regular com') morgado deverião ter-se preen-
chido as condições da Lei de 3 de Agosto ele i 770, o que
não consta.
Se irJ'egula?', seria nullo c prohibido na fórma da refe-
rida lei. Ainda assim valeri,l a institnição emquanto re-
gular, havendo-se por não escriptas as clausulas e con-
dições reprovalla,s, frivolas e exoticas (Lei cit., §§ 9°, 24, e
2;) j Lobão, M01'g., capo 90, § }10 e lO; C. da Rocha,
Vir . Civ., § 003), mantida a instituição no que fosse
substancial (Lei cit., § 2i».
Se tal instituição ClU rlisposiçii o testél,mentêl,ri a se nã:o
tivesse verificado em vinculo, se deveria haver por não es-
cripta, passando os bens corno allod iaes e ab inteslado aos
herdeiros do testador ou ao herdeim insti tuido, a quem
accrescerião, na fórma da Lei de 29 de Maio de 1837.
Nesta hypothese, dev~rião os de que se trata ser partilha-
dos entre os descendentes dos dous irmãos qlle os disputão,
na fórma geral da succe5são.
Parece, porém, não ser este o caso; pelo menos não
ha elementos para se dizer, que aquelle vinculo não se ve-
rificou, presumindo-se até o contrario em vista do facto
confessado.
Ora a lei de 6 de Outubro de t83v abolia os morgados e
'-
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 323
e vinctüos familiares, quaesquer que existissem, regulares
ou não, ele direito ou de facto, isto é, absolutamente e sem
excepção, e oruenou que os bens passassem aos herdeiros
do ultimo administrador, segundo as leis da successão ab
intestado.
E' fóra de duvida que, segundo estas leis, o filho natu-
ral é herdeiro legitimo (Ord., liv. 4°, til. 92 ; Lei de 2 de
Setembro de 1847), c portant.o os successores do mesmo.
Desde que, [allece n ~ o aquelle em '1863, estava reconhe-
cido o fi lho na fór:na da ci t. Lei de 18't 7, é claro que aos
seus Sllccessores pertencem taes bens, como representantes
de seu pai e sobrevivenles ao <l Yô.
Não é razão ele decidir em contrario o § 25 da cito Lei
de .J 770 : -1 0, porque este § 2?J não el ispõe o que se pensa,
e sim, que valh5:o as instituições (s cilicet morgados e vincll-
los) no que tem ele substanciaes emquan to forem legaes
e permittidos, sendo , porém,nullas as clausnlas , condições,
e modos irregulares e contrarios ã mesma lei: refere-se,
pois, exclus ivamente ao objecto especial que ella tratoll
de regularisar em vista da extrema confusão introduziell
em tal materia e dos ::tbusos commettidos; 2°, porque
essa fórma de successão disposta na verba test::tmentari a,
quando valicla, só subsistiria no caso de manter-se o vin-
culo, e jamais se deveria transrormar em uma subslitni-
ç~o fidei-commissari::t de um ~ó ou d~ mais grãos, como se
entendesse valido por nosso direi lO nesl a especie de dispo-
sição: seria desvirtuCl.r compl\)tamelJte a disposição e a
lei a tal respeito j 3°, porque, sendo assim, a nova Lei
de 6 de Outubro de 183;') implicitamente annullon essas
successões oos vinculos, haven do-se, portanto, como não
escriplas taes vocações; apenas manteve os administrado-
res existentes ao tempo de sua promnlgação, e di ~ poz,
sem excepção alguma, que, por morte destes, passem os
bens aos seHS successo?'es conforme as leis geraes da suc-
CONSULTAS SOBRE
Mutuo mercantil
Resposta
Partilha
Por morte de Pedro, seus filhos, todos maiores,
concordárão em que parte dos bens se distribuísse
e repartisse logo, mas que outra parte conti-
nuasse pro indiviso. Entre os beos partilhados logo
se comprehendêrão escravas que têm tido filhos.
Querem elles agora partir os bens todos
Pergunta-se
LO Podem fazer a partilha amigavelmente? E
deve subsistir aquella primeira partilha ?
2.° Seodo valida aquella partilha parcial, devem
comtado partir-se as crias?
Resposta
Ao 1.° Se são de maior idade todos os herdeiros, bem o
podem fazer, quer por escriptura publica, quer por escripto
particular em que todos conco rdem e assignem, e julgado
por sentença, nos termos da Ord., liv. 4°, til. 96, § 18, de-
vendo valer a primeira par tilha parci·al como provisoria que
foi (C. Telles, D'ig. P01't., vol. 2°, art . H40), porquanto a
partilha amigavel tem lugar entre maiores, e pócle ser
feita por qualquer dessas fármas (cit. C. Telles, voI. 2°,
art. 1139; Coelho da Rocha, Dir. Civ., § 487).
Áo 2. ° Não deve entrar nessa partIlha senão aquillo que
pertence á herança, isto é, os bens della e aquillo que
tiver sido comprado para ficar em commum, e nunca o
patrimonio particular de cada um, por não se dever re-
33~ CONSULTAS SOBRE
Resposta
Ao LO Se (como parece) os bens sociaes são partiveis, e
todavia um dos socios fica com todo o activo e passivo,
comprehendidos os immoveis, escravos, etc., da.ndo aos
outros em dinheiro o seu quinhão, ha ahi verdadeira com-
pra e venda, de que é devido o respectivo imposto de
transmissão (artigos das sizas, capo 6°, § 4°; Reg. n. 43;)5
de 17 de Abril de 186(,), art. 3° e art. 4.°, § 7°).
E deve recabir sobre os immoveis e escravos, nos ter-
mos do art. 9°, Reg . cit., dando-se-Ibes valor disti neto.
O dos escravos pertence á renda provincial, e para esta
deve ser arrecadado, se a escriptura fôr passada fóra da
côrte.
Ao 2. ° O imposto é devido e pago por inteiro pelo ac-
quirente (Reg. cit., art. 8°), mas só da parte que o socio
assim adquirir.
Do que lhe pertencer como socio nada paga a titulo de
transmissão.
Da escriptura de dissolução é devido o seIlo proporcio-
nal (Reg. de 9 de Abril de 1. 870, art. 1. e to).
0
Janeiro, 1.874.
Resposta
Ao LO A acção foi proposta contra todos os interessados
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 337
Resposta
Que seja permittido fazerem-se entre pais e filhos parti-
.l~laS em ,vida, com as reservas e cautelas necessarias, é
,-do~trina e_ nsinada pelos civilistas e praticada. PÓ de-se ver,
por brevidade, Lobão', Obrigo Recipr., § 3i2 a 320;
, Feita, pois, a partilha, entregues os filhos dos seus
_quinhões ou legitimas, e salva a mãi (no caso) sómente a
.~uã. te,rça, ficou-lhe esta' inteiramente livre. E póde dispôr
da mesma em favor de quem quizer (arg. do Cod., Iiv. 4 0
,
l ..
Resposta
As questões aventadas são extremamente melindrosas.
E sobre ellas têm os nossos praxistas e civilistas discorrido
longamente. Em resumo, entendo:
1. ° Que essas partilhas de pais para filhos, em vida dos
mesmos pais, têm sido toleradas, comtanto que o pai faça
reserva para evltar a nullidade proveniente da. doação om-
nium bonornm.
2.' Que o pacto successorio, quando renunciativo, tem-se
entendido admissivel ex-vi da Ord., liv.4°, til. 70, § 4°,
independente mesmo do juramento por ser mera forma-
lidade.
3." Que, ainda em taes circumstancias, alguns entendem
sal vo sempre aos filhos e herdeiros necessarios o direito
a pedir a legitima, que não póde ser gravada, sobretudo não
sendo vivos ao tempo da abertura da successão aquelles
mesmos, que intervierão nas partilhas e conyenções.
Março, 1864.
Resposta
Resposta
Imp., art. 179, § 30), quer pelo proprio Cod. Civ. Port.
(art. 8 quer já pelo direito romano (L. 7., cod. de .leg.),
0
),
Resposta
Penhor de escravos
Póde o escravo ser dado em penhor, tanto no ci-
vel como no comm erci al '?
O que deve fazer quando forem dados em pe-
nhor, pertencendo a estabelecimentos agricolas?
Como se admitte no caso de hypotheca ?
Resposta
haja (Cod: Com., art. 275, 278, 877 § 3", 883 e outros;
Reg. n. 737 de 1.850, art. 28t e seguintes).
Mas, em concurso com outros credores, póde ser prefe-
rido por alguns que tenhão melhor graduação, quer no
caso de fallencia do devedor commerciante, quer no de
insolvabilidade do devedor civil (Cod., art. 874. a 892 ;
Reg. cit., art. 6t8 a 638).
Junho, t860.
Pensão; insinuação
Pergunta-se
Resposta
Prescripção
Resposta
Resposta
Processo commercial
E' permtticla em materia commercial a acção de
juramento d'alma depois do Heg. n. 737 de 25
de No vembro de 1850?
Resposta
Entendo que não é admissi vel j porque o Reg. ci tado,
enumeranJo as acçôes commerciaes, o1'dinll/"ias, sum-
ma1'ias, especiaes e executivas, não faz della meIlção, e por
isso a excluio.
Póde a parte usar neste caso ou da summaria, ou lIe
outra que prefira, sendo competente.
Agosto, 1853.
362 CONSULTAS SOBRE
Resposta
Foi questão que se suscit'üU, e sobre que diversas forão
as opiniões.
Entendo, para mim, que deve recorrer á acção 01'di-
naria; porque é questão que só jttdicialmente deve ser
decidida, e com pleno conhecimento de causa.
A pL1rase a 1'equ(JI'imenlo de quctlque1' dos socias não dá
direito a pedil-o por simples requerimento, e apenas indica
que só os socios o podem requerer, e não estranhos.
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 363
Processo criminal
Comparecendo o réo em JUIZO e confessando o
crime (quando é da alçada ) segue-se logo a sentença,
independente de inquirição de testemunhas e mais
fórmulas do processo?
Resposta
Não; devem ser sempre inquiridas as testemunhas, já
por ser fórmula essencial, já porque o réo póde ler teste-
munhas e defesa a prodnzir, e porque tudo isso é necessa-
rio para prova de cil'cumstancias qne aggl'avem, attel1uem,
ou justifiquem o delicto.
Março, t8M.
Processo policial
No processo policial (art. 205 e seguintes do
Cod. do Proc. Crim. ) para julgamento de infracção
de posturas, etc., apresentando-se um a só teste-
munha, é isto motivo de ll!1llidade ?
Resposta
Sendo motivo de nullidade o não se observarem as for-
malidades substanciaes do processo, é fóra de duvida que
o haver-se apresentado no processo por infracção de pos-
turas uma só e uoica testemunha para comprovar a ac-
cusação é motivo sufficiente e legi timo para ser elle
reputado e julgado nullo, pois que violou· se abertamente
o art. t40 do Cod. do Proc. Crim., modificado pelo art. 48
da Lei de 3 de Dezembro de t841, e o art. 266 do Reg.
de 3-1 de Janeiro de 1842, que fixão o minimo do numero
de testemunhas que se devem inquirir para a formação
366 CONSULTAS SOBRE
Resposta
Março, i870.
Resposta
Ao LO E' licito ao executado (e á sua mulher, descen-
dentes e ascendente.) remir todos ou alguns dos bens pe-
nhorados, comtanto que o faça até ti. assignatura elo au to
de arrematação ou publicação da sentença de adj udicação
(Reg. n. 737 de 'l8~0, art. 546). Assim fel ta., a remissão é
valida, entregue ou depositado o preço respectivo; resga-
tados os bens e substituídos pelo dinheiro.
Os embargos oppostos a uma apprehensão de bens de-
vem ser tratados summariamente com dilação ele dez dias,
quer sejão de terceiro, quer não (Cod. Com., til. unico,
art. 22; Reg. n. 737 de i8~0, art. 329, 324, ~99, 743 e
outros) .
Julho, 1.874.
378 CO NSULTAS SOBRE
Resposta
Rifa; siza
Seguro; indemnisação
Sã.o os praticos e pilotos em todo o caso respon-
saveis pelo sinistl'O que sobrevier á embarcação que
dirigirem?
Resposta
Resposta
ReSilO5ta
E' devido o seBo proporcional dos diversos contratos
que se contenhão em um outro em face do Reg. do sello
de 1870, e disposições identicas ou paralIelas anteriores.
Assim que, se, vendido o predio a credito, ficar elle hy-
pothecado, embora haja isenção de sello quanto á compra,
por pagar impo.3Lo de transmissão, é devido sello quanto á
hypotheca.
Mas não se paga duas vezes a respectiva importancia,
uma da divida e outra da hypotheca; seria duplicata.
Tal seria a solução, se fôra pago o seno na mesma es-
criptura. Fez-se, porém, por ella a hypotheca em garantia
388 CONSULTAS SOBRE
Resposta
Parece fóra de duvida que deve prevalecer a decisão da
Relação da Bahia, que annullou a sentença, por ser poste-
rior á do Maranhão, segundo a regra geral de direilo-
postljriora derogant priora.
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 389
Nem pareça que tal decisão é contraria á do Maranhão
para se dizer nuHa e insubsistente, segundo a Ord., liv. 3°,
tit. 75; porquanto, para que assim fosse, era indispensavel
que se verificasse no caso a existencia simultanea da
identidade de causa, causa e pessoa, como é certo em di-
reito. Ora, esta identidade não se dá ; porque os embargos
oppostos á segunda penhora contêm materia nova, como
reconheceu o Supremo Tribunal de Justiça quando pela
segunda vez concedeu a revista, e implicitamente tambem
a Relação revisora da Bahia. Não se póde portanto ex-
cepcionar com a materia de caso julgado.
Agosto, 1861.
Resposta
Sesmaria; desapropriação
Tem o senhor de uma sesmaria obrigação de
ceder gratuitamente o terreno necessario para uma
estrada?
Resposta
Se na concessão da sesmaria foi imposta a obrigação de
ceder gratuitamente o Lerreno necessario para esLradas,
não ha direito a pedir inà.emni sação. Aliás só por desa-
propriação na fórma das leis.
Abril, 1863.
Resposta
Resposta
Ao L o A encorporação da capitania nos pmprios da
corôa parece-me que não podia prejudicar direitos adqui- .
ridos legitimamente; importou apenas a exlincção de do-
natarios particulares. A corôa recebeu, portanto, de novo
as lerras com as modificações legitimas ahi feitas. E' o que
se deduz mesmo da Pt'Ov. de 1> de Dezembro de 161>3, pela
qual se não reputão bens da corôa as sesmarias, ainda
lançadas no livro dos proprios, e de varias leis onde se
manda resalvar sempre o d:reilo de prejuizo de terceiros.
Ao 2. As terras em questão é minha opinião que são
0
Resposta
O Cod. do Com. Braz., art. 338, exige, para publicidade
' do distrate da sociedade, não só que elte seja registrado
no Trib. do Com., mas tambem que seja publicado nos
periodicos, e em falta destes por annuncios affixados nos
lugares publicos, sob pena de não obrigar a terceiros.
Não basta, portanto, o registro, que póde ser ignorado:
é indispensavel aquelle outro acto, que importa realmente
maior publicidade, tanto assim que o art. 3<H só libera o
socio que se retira depois de devidamente publicada a
dissolução: devidamente publicada e nos termos do
art. 338, e não simplesmente registrada.
Disposição identica existe em França e em outras na-
ções ; e em França assim se tem entendido, como ensinão
Pardessus, Bédarride, e outros. Nem aproveita ao socio
que se retira algum indicio ou conjectura de que esses ter-
ceiros não ignorão a separação, salvo se elles expressa-
mente convêm ou fazem alguma novação com os socios
continuadores, porque então approvão a desoneração desse
que se retira e, liberão, o que podem fazer por ser direito
de que se podem prevalecer ou desistir (art. 363), bem
entendido, porém, que isto só respeitaria, aquelles que as-
'sim procedessem; e portanto, em relação aos outros cre-
dores posteriores á dissolução e mesmo anteriores, a falta
de publicação importa a continuação da responsabilidade
do socio, como se ella não tivesse sido effectuada.
A 2' parte do art. 34.3, Cod., não se póde entender se-
não devidamente publicada a dissolução; porque é fundado
na presumpção legal de sciencia da parte dos eredores que
o Cod. permitie que o procedimento ulterior dos credores
importe o mesmo effeito, que se expressamente houvessem
approvado a resalva dada ao socio,que se retira.
Conseguintemente, indicios não aproveitão a este contra
os credores; tanto mais quanto, podendo um socio ser
tambem credor da sociedade (Cod. e art. 34.9), sendo elle
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO
Sociedade em commandita
Pelo nosso direito podem os fundos postos em
commandita, na sociedade conhecida sob este nome,
ser divididos em acções nominativas, ou ao por-
tador, sem licença do governo?
Resposta
E' minha opinião que esses fundos não podem ser divi-
didos em acções :
1.0 Porque o Cod. do Com. Braz. nem nos arts. 3li
a 314, nem em qualquer outro, o autorisa.
2. ° Porque, segundo o art. 31 i, a sociedade é de pessoas
e não de capitaes sómente.
3. ° Porque ha ahi obrigações, como as dos arts. 3-13
e 314, que se não poderião verificar, admittida a contraria
doutrif.la.
4.° Porque, se assim ella participaria da natureza das
companhias ou sociedades anonymas, e seria facil desse
modo disfarçar em commandita uma verdadeira compa,-
nhia, onde a garantia da autorisação do governo, que no
art. 295 se exige para esta.
5.° Porque, embora codigos estranhos o autorisem, to-
davia o nosso não o fez expressamente, e nem se póde
subentender, visto que não é isso da essencia dessa socie-
406 CONSULTAS SOBRE
Sociedade mercantil
L° Achando-se estipulado, em um contrato de
sociedade, que no caso de liquidação, seria esta
feita pelos socios alternadamente, sem todavia se
determinar o modo, que ficaria dependente de ajuste
posterior, é valida semelhante convenção? - E,
caso se recuse um dos socios, qua.l o maio de o cons-
tranger?
2. o Nos casos do art. 333 <.lo Cod. Com. Bras.
deve o socio entrar tambem com a somma retirada,
ou só com os lucros?
Resposta
Resposta
Entendo que ° soeio commandi I al'io póde ser liqui-
dante (Cod., art. 344). Dissolvida a sociedade e posta em
liquidação, cessão as transa~ções, cessa o negocio, cessa a
gerencia propriamente dita, e só se trata de ultimar os ne-
gocios pendentes (Cod., art. 335 in fine) e de liquidar os
os ultimados (art. cit.), procedendo-se a balanço, etc.,
(art. 345 e seguintes). V. Gourget et Merger, Dict. de Droit
Com., v. societé en commandile; Bédarride, Dir. Gom.,
n. 251,
Se o commanditario toma a si o activo e passivo, des-
VARIAS QUESTÕES DE DlREITO 41.3
Resposta
accôrdo dos intl'l ressauos, parece-me que não lhe podem ser
reclamados para a massa Mas os mesmos que houve sem
tal accôrdo não eslão no mesmo caso, embora não se trate
da massa fallida; porque administr'ador de bens alheios,
manda tario , gerente, não podia fazer seus bens confiados
a sua administração, liquidação e venda, como se deduz
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO U9
Resposta
Resposta
Resposta
Concordo com o parecer do conselheiro Nabuco de
Araujo, addicionando apenas as seguintes reflexões :
Ao fSo quesito. Na hypothese proposta, se as posses fo-
rem posteriores á arrematação em hasta publica da sesm:1.-
ria sequestrada aos jesuitas, entendo que só se potlerão
gara nlir pelos princi pios geraes da prescri pção acqni-
sitiva ; porque essa sesmari a tem por aq uelle ti tulo one-
roso passado a domínio particular ,caso em qne as questões
devem ser resolvidas segundo o di reito civil em suas leis
geraes, e não pelas disposições especiaes ás sesmarias e
terras devolutas, posses de occupação primarIa, etc.
Ao 6° quesito. E do preside nte, suspensivamente, para
o governo (Dec. n. 1318 de 1.8fSq., ar t. fS2) .
Ao!i° que, ito. So ndo a medição feita segundo as re-
gras geraes de direito, os rumos são os que forem demons-
trados pelas posses ; porq ue estas elevem ser respeitadas,
visto como a medição tem por fim principal a separação
das propriedades que estão em commum e a uesignação
de seus limites. Está bem entendido, quando não constão
dos titulos.
Ao t2° quesito. Tendo em allenção a observação fi nal a
este quesito, esses individuos são posseiros de marinb.as, e
devem requerer aforamento ue suas respectivas marinhas,
sendo de notar que o que accresc paI' aHuvi ão é tambem
do dominio do estado (Av. n. 4.2 de ·18fS2 e n. 379 de i8 ~5.
N. B. O parecer do conselheiro Nabuco de Araujo foi
o seguinte:
Ao (.o Os herdeiros ou cessionarios do arrematante das
terras em questão devem, para a medição, apresentar o
titulo respecti vo, isto é, o seu titulo legi timo de acquisição,
o qual para os herdeiros é o formal de partilhas, e para
os cessionarios a escriptura de venda, doação ou lIutra
qualquer que transfira domínio \arl. :W e 62 do Dec. 131.8
de i8fS4).
VARIAS QUESTÕES DE DlUITO 439
de limite á se.smaria.
Sendo a foz primitiva o ponto ele partida da sesmaria, a
mudança della não prejudica aos sesmeiros nem a se us
successeres.
Ao lO. Não é mister que em cada dia se abra nova au-
diencia, senão novo termo em continuação dos antece-
dentes, como se pratica nas demarcações.
Ao ii. Os rumos ou ventos, que devem servir de norte,
são os constantes dos titulos que forem apresentados; e,
na falta, dos que for·em ajustados, seg undo as prescripções
do Av. n. 9~ de 8 de Maio de 185/1-,
Ao i2. Os donos dos predios devem leg itimar a posse
do terreno em que edificárão, segundo ficou resolvido na
consulta quinta.
Setembro, i859.
Resposta
por isso á cam:lra (Ord., liv. 4,0, tit. 38 pr.; e cito Dec.,
art. 2° e 5°) .
Mas nada obsta a que o foreiro no contrato com o sub-
foreiro estipule laudemio para si, além do que compete ao
senhorio (Coelho da Rocha, Dir. Civ., § 56:1).
Se o laudemio não foi pago á camara, tem esta o direito
de exigil-o do vendedor, ou mesmo do comprador, se este
se obrigou de qualquer modo (cit. Coelho da Rocha, § 553).
ficando salvo a este o direito de ir rehaver do emphyteuta
o laudemio por este recebido, se pelo contrato não tinha
tambem direito a elIe.
Mas é preciso não confundir laudemio, com o premio,
luvas, joia, etc., pela sub-emphyteuse simples.
Ao 4.° Apezar dessa declaração, tenho por valido o sub-
aforamento; porque se não havia o dorninio pleno, havia
o dominio util, que legitima o contrato.
O direito a haver seria da camara e não do sub-emphy-
teuta.
Março, :181>1>.
Resposta
Em vista da exposição, é manifesto:
Que o testador, nomeando testamenteiros successivos,
indicou a preferencia que dava na ordem da nomeação;
que o legado, pelo mesmo deixado ao testamenteiro que
aceitasse a Lestamentaria, é premio ou em remuneração do
seu trabalho.
Conseguintemente parece-me:
Lo Que haver o segundo aceitado o encargo por estar
ausente na occasião o primeiro, não tira a este a sua pre-
ferencia ; se comparecer, póde assumir a testamentaria.
452 CONSULTAS SOBRE
Resposta
Ao i. ° A falta de assignatura da testemun ha no auto de
approvação importa nulliLlade desta (Ord ., li v. 4.°, ti t. 80,
§ 1° in fine; Ass. de -l7 de Agosto de 1811, e 10 de Junho
de -1817) : é substancial.
Ao 2.° Mas , se a testemunha tiver assignado, havendo,
porém, en'o rio nome, entendo que isto não induz nulli-
dade, restando provar-se a identidade da pessoa desde
que se levante eoo testação.
Toda a prova é admissivel, sendo de maior valia o de-
poimento das outras instrumentarias, do oflicial qne fez
a approvação, por serem preseociaes.
Ao 3.0 Do auto da approvação devem constar todas as
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 453
Testamento; assígnatnra
Respo sta
Ao LU Enteudo roto e caduco o testamento em questão;
porquanto, se os filhos natul'aes de Pedro são successiveis,
nos termos da Orei., liv. 4°, til. 92 pr., elles são chamados
;L herança de 'eu pai de tal modo, que esle não póde c1ispôr
senão da terça, sendo para isso reputados herdeiros neces-
sarios e como se forão de legitimo mal rimonio (Coelho da
Rocha, Di/'. Oi'v. P01't., § 34(7), aos ql1aes são inteiramente
igualados a pOllto de conjunctamente com este succederem
a Eeus pais (cit. Ord.), tanto mais quanto no caso vertente
se dá o reconhecimento dos mesmO:-i em acto solemne de
bapLismo, com expressa dedaraç50 feita pelo pai de que
elles seri.io seus herdeiI'OS, o que denota manifesta mu-
dança de vOlltade.
Mesmo qu:tnclo tJl reco nhecimento não houvesse, proce-
deria êl doutrina ex-vi da cito Ord., combinada com a do
liv. 4°, tit. 82, § 5°, cabenclo aos filhos provar por qual-
quer genero de provas a sua fili ação natural, visto como
são nascidos anteriormente á Lei de 2 de Setembro de i847,
que não póde ter effeito retroactivo, segunuo já tem sido
Mi6 CONSULTAS SOBRE
Testamento; cumprimento
Pódc-se cumprir o testamento que apparecer
aberto?
n Sobre esta pl'or:osta vide Jornal do Comme?'cio de 14 e 23
de Setembro, e 2 de Outubro de 1853.
VARIAS QUESTÕES DE DIREITO 457
Qual o remedio para val id:ll-o?
Resposta
Testamento; reducção
Achando-se arrecadada como jacente uma he-
rança, a reducção do testamento relativo a ella é
perante o juizo Ja provedoria?
Resposta
Em causa de reducção de testamento , AA. D. Jesuina
Guilhermina de JrS l1S e outros, RR. os herdei ('os incertos
e ausentes de D. Delfina Rosa de Jesus, o curador á
á herança jacente desta ultima e o procurador dos fei tos,
18M, juizo de direito da 3' vara civel desta côrte, escrivão
Coelho, apezar de vir o procurador dos feitos com a incom-
petencia do juizo, fundado no Av. de 24 de Fevereiro
de 18~8, o juiz julgou-se competente por não haver lei
que o determine, sendo que compete ella ás justiças ordi-
narias sem distincção.
Com effeito a cloutrina daquelle Aviso de 24 de Feve-
reiro de 1.848 é destituida de fundamento juridico e legal.
A lei dá aquella atlribuição aos juizes do civel, ou mu-
462 CONSULTAS SOBRE
Tutela; remoção
Póde um individuo que é distribuidor, partidor
e contador do juizo, ser curador e tutor do orphão ?
30
466 CONSULTAS SOBRE
Resposta
Entendo que sim, porque é apenas excusa (Ord., liv l~o ,
tit. 104 ,' § i Pereira de Carvalho, P 1'O C. Orph., § i32
O
;
e nota 258).
Dezembro, 1853.
Pergunta-se
1.° Quem é senhor da parte pertencente a Anto-
nio: sua mãi ou os irmãos '?
2, o José e Maria poderáõ vender ou hypothecar
a dita casa, viva ainda a mãi?
3: Fallecendo qualquer destes antes da mãi, é
valiosa a venda ou hypotheca '?
Resposta
Suppondo, attenta a dubiedade da proposta, que a usu-
fructuaria é só mente a mãi, e que os filhos são os legata-
rios definitivos da ~asa, direi: duas grandes questões de
direito se prendem ao assumpto de que se trata, a saber:
o chamado di?'eilo de acc?'esce?', e a iransmissão do legado
condicional. Os escriptores e legislações dividem-se em
ambas ellas. E, pois, a solução aos quesitos não é absoluta-
mente livre da duvida .
Ao LO Tendo Antonio sobrevivido ao testador, adquiri0
direito á sua quota do legado na casa, embora dependente
do fallecimento da mãi instituida usufructuaria por sua
vida; direito que passou aos sellS herdeiros (Mello Freire,
Di?', Civ., liv, 3°, tit . 6°, § t3; C. da Rocha, §,700 e nota).
Se sua mãi é sua herdeira, a ella foi transmittida a sua
quota na casa por herança do filho,
Para aquelles, porém, que seguirem o direito romano na
Lei lJ: a e õ·, Dig. quando dedegat., e fizerem applicação do
direito de accresce?' entre os legaLarios, terá essa quota de
caber aos irmãos sobreviventes José e Maria, se sobrevi-
verem á usufrul\tuaria, ou aquelle que lhe sobreviver.
Ao 2° e 3.° José e Maria têm apenas por ora um direito
eventual (spes debitum iri), do qual podem dispôr, sujeito
todavia á solução definitiva dependente da condição refe-
rida, que todavia importa as difticuldades acima indicadas.
Março, i864..
468 CONSULTAS SOBRE
Resposta
Resposta
Usofructo ; substituição
Resposta
Dispõz o testador da sua terça (por ter filhos), deixan-
do-a em usofmcto vitalicio á sua mulber; por morte
desta, passarão livres os bens respectivos a seus filhos e
filhas (do casál), ou netos se houver; e não sobrevivendo a
mulher, filhos, filhas ou neto algum, aos sobrinhos e so-
brinhas do testador em partes iguaes.
Portanto:
Se não sobreviver a estes algum, então irá aos sobrinhos.
Nesta segunda parte ha substituição compendiosa (Ord.,
liv. 4°, tlt, 87); a qual comprehende a fidei-commissaria
(Vide Consolo das Leis Civ. Braz ., nota ao art. 1052).
Novembro, '1875.
Venda mercantil
Qual o direito que tem o vendedor, quando i
venda é a credito e foi entregue a mercadoria?
Resposta
Vereadores e JUIzes
Resposta
'J. o A este ponto parece que S3 póde responder: que an-
tigamente existião entre vereadores e juizes as mesmas
difIerenças que ainda hoje.
O vereador era um membro de uma corporação, que
tinha a seu cargo principalmente a boa administração ma-
terial de sua municipalidade, debaixo do grande ponto de
vista do bem-estar dos cidadãos e habitantes. Para este fim
dava a lei á essa corporação (camara) muitas e preciosas
attribuiÇÕ6s que se vêm referidas especialmente na Ord.,
VAIUAS QUESTÕES DE DI1\EIT8 477
leis.
Ainda hoje o vereador substitue a certos juizes, não pela
qualidade da idade, mas sim pela da maior votação, nos
casos determinados em lei (Lei de 3 de Dezembro de i8H,
art. 19 e outros).
Assim estão respondidas as questões.
185L
VARIAS QUESTÕES DE DIl\EITO 479
Vintena; viuvo
Resposta
A' vintena só tem direito o testamenteiro que não é her-
deiro ou legatario (Dec. n. 1.4·05 de 18M). Entendo, pois,
que a mulher ou o marido, meeiros, não tem a elta direito
em razão da sua qualidade de cabeça de casal, e obrigação
de fazer inventario, dar partilhas, etc.
Junho, i868.
Resposta
A Ord., liv. 4·, tit. 105, prohibindo a vi uva quinqua-
genaria, que casa, tendo filhos, dispôr das duas terças
partes dos bens que possue ao tempo que concertou de
se casar,e dos que posteriormente ao casamento lhe venhão
por qualquer titulo dos descendentes ou ascendentes,
deixa-lhe todavia livre: i a terça desses mesmos bens,
O
,
•
480 CONSULTAS SOBRE
tit 17, § 158; Oonsol. das L eis Oiv. Bmz., f:'" t (I, 165
e notas).
·Assim que:
As duas partes dos bens a que se refere a cit: Ord.,
liv. I!', tit. 105, valhão mais ou valhão menos, pertencem
aos descendentes que sebreviverem á mulher e, Ja falta
delles, aos outros herdeiros da mesma ab intestado.
Nessas o marido nada absolutamente póde pretender.
Quanto aos accrescidos, sujeitos ao regimen commum,
deve-se proceder como nos casos geraes.
De sorte que, na hypothese, tem o marido metade na-
quella terça e metade nos adquiridos.
E aos hel'deiros da mulher cabe, além das duas terças
(livres) mais a metade dos adquiridos existentes no espolio,
ou os dous terços se ella dispôz da terça em testamento.
Agosto, 1874.
FIM
INDIOE
PAGS.
DEDICATORIA, V
PREFACIO , , Vil
O DR. GOSTINHO MARQUES PERDIGÃO MALHEIRO, Estudo
biographico , IX
r
A
Abono , pagamento 1
AcÇão d'alma 2
Acção d'alma, falsidade, rescisão 2
Acção decendial, embargos, discussão, recursos, compe-
tencia . 4
Acção de forç , boI/. fé , 5
Acção de força : objecto , 5
Acção hypothecaria, hypothecas anteriores á lei 6
Acção litigiosa, veuda 6
AcÇão de Ronegadoi;! . '1
Accionistas, commisso, credorf's 8
Accionistas, commi so, recurso 8
Ad,;url icnção, abatim ento, depositario, férias, indem-
nisação . . 9
Adjudicação, imposto, nullidade . 11.
Adjudicação de terras, ditferenças, bemfe itorias 12
Advocacia, imp ed imento 13
Advogado, autos, pI'ovidencia contra elle 14
Advogado, honoml'ios, acção 15
Advogado, injurias 17
Advogado, pronuncia . , 18
Advogar .• 18
Advogar, procurar em juizo, juiz de paz, delegado, sub-
delegado. 19
Aforamento de terrenos á camara, logradouros. • 20
Aforamento, pensão, nullidade , camara municipal da
cÔrte, commisso 21
Africanos livres, filhos, sala rios 2t
Aggravo commerci'al . 23
Aggmvo, comp etencia das R elações e dosjuizes de direito 23
Aggravo, embargos. 24
Aggravo, provimento, appellação, conflicto, civel. 25
, 'i
•
•
JT INDICE
T ... as.
Agua!l, aqu eductos 2fi
AguRa, lavoura 2'1
A~uas, servidão, prescripçí'í.o, acção 27
Alrlêas d e indios, m ediçií.o, jurisdil:ção do juiz do s 01'-
phãos •
Alforria, escravos dos espolios . '\'
28
~iJ
Alforria, filhos. 3~
Alforria forçada, competencia, processo . 31
Alforria, peculio do escravo 32
Antichres e, em qu e t.ermos . 33
Anti chrese, I'f~g i s tro s , t e rce iros ;H
Arma prohibida, crim e por uso de ll a . 3fi
A n ematação anoullada, cons equ en cias , p ro cesso , nulJi-
da cl (~s , comp pn sação, pr p.s crip ção es pecia l, cess no de
c
PAGS.
Caducidade de legado, herança, ficleicommisso, uso-
fmcto, alienação, substituição, inventario 59
Calumnia e injuria por escriptoB particulares ou não im-
presso 61
Calumnia, injuria, acção crime, fiança, habeas-eO?·pus. 63
Calum nia, prova do facto na formação da culpa 64
Carta ele consciencia, supprimento 65
Casa, locacão, sublocacão 65
Casa::nent~ de menores·, penas. 66
Casamentos de orphãos, licença, tutor, recursos, remoção
destes. 61
Causa decidida em gráo de revista soberanamente jul-
gada, embargos na execução, acção rescisoria . 10
Cessão de credilo, responsabilidade de facto, de direito. 72
Ci rurgião da guarda nacional, alfere~-ci rurg-ião, cobrança
execut iva, pharmacia, licença, homreopathia. 72
Clausula depositaria, transacção . 75
Collação . 75
Collação, avaliaçi'ío, herdeiro instituido, doação 76
CoUação de escravos, preço, doação. 78
Collector, escrivão, alcance, crime, fiador, subrognção 7!J
Commerciante, boticario, fallencia 80
Communhão de bens, embal'!~o de obra pelo condo-
mino, >tr rendam ento, troca, acção . 81
Companhias, directores, empreiteiros, obras, manda-
tarios, actos prohibidos. 83
Comp ra em comm um , sociedade agricola, reclamação de
tercei 1'0, lesão . 84
Concessão para trilhos, camaras mllnicipaEls, terceiros. 85
Conciliação, competencia de escrivão e officiaes, quando
suspeito o juiz. 86
Conciliação, procurador 87
Conciliação, inspecção do juiz de paz, nullidade ratifi-
caveI ou não. . 88
Concordata, annullação, Cl·editos. 88
Concordata, novação, bypotheca . 90
Concordata rehabilitação . 91
Concordata, segunda fallenCla, credor 92
Conta corrente, credito, presc!'ipção. !l2
•
IV INDlCE
P . GS.
PA GS.
Doação cai mortis, testemunhas. 128
Doação, collaçao . . 128
Doação maLerna, segundas nupcias. 129
Doação por escripto particular, insinuação, direitos
delta . 129
Doação, ,-,ollação dos filhos das escravas, tElstamento. 130
Doação, terça, collação . 132
Docum entos, entrega delles . 1.32
Dominio util, avaliacão. 133
Dominio util, presc;ipçãO acquisitiva .. 134
Dote, hypotheca, preferencia, vencimento antecipado 135
Dote, prililegios da mulher, caução de acções desta. 137
Dl'og'uista, matricula, restricções . 138
E
Emancipação de menores, casamento, dissolução deste,
in ventaria, juizo . 138
Embargo em derrubadas, attenLado, perpetuo ou pur-
gavel. 139
Embargo, penhora, hypotheca, acquisições, registros,
t ercpiro 141
Embargos :1.43
Empreitada, camara municipal 145
Empreitadas, obras, indemnisação. 146
Escravo, indemnisação pelo senhor, liberdade lli6
Escravo, serviços condicionaes de libertos, indemnisação
por terceiro, acções, competencia, crime. 14'7
Escravos, condominio, liberdade, peculio, serviços: ma- •
tricula 148
Escravos em fidei-commisso, filhos . tli9
Escriptura antenupcial, regimen mixto, questõe5, im-
posto. t50
Evicção, autoria, execução, embarg-os de terceiro, acções Üi2
Exame de livros, exhibição,tradncção, processo crime. 153
Excepções em causas summarias, competencia, nulli-
dades. 15li
Execução commcrcial, penhora . 15'7
Execução commercial, remissão pelo executado ou por
t erceiro, etreitos, processo . 1.57
Execução dc sentença pendente revista , fiança, oulro
l'em edio . 159
•
VI IND1CE
PAGS .
Execução, fiança, embargos, deposito, levantam' :ltO, dJ-
versas p e n h o \ " l l s . 160
Execução, fructos, liquidação . 161
Execução, preferencia, deposito, concurso, recursos. 162
Execução. remissão de bens, effeitos. {63
Execução sobre dividas, como fazer ~ .
Exercicio de medicina, infracção . Liü
F
Fallenci3 167
Fallencia, art. 860, Cod. Crim. (meios ordinarios), com·
petencia do juizo. 168
Fallencia, abertura, segunda accusação, prescripção . 169
Fallencia, ac~ão rescisoria, recursos. 170
Fallencia, accol"lJo, novação, exoneração de co-ohrigados
concordatas. 171
Fallencia, actos nullos, acção, recurso, acção rescisoria 173
Fallrncia, concorrlata. novação. 174
Fallencia, credito de dominio, commissario. 176
Fallrncia, curador, porcentagem 177
Fallencia de banqueiros em 1864 . 177
Fall encia, h erdeiros. 179
Fall encia, penhor, d eposito, classificação 180
Fallencia, sonegação :le bens, novo processo crime 182
Fallencia, suspeição. 182
Fallido, mulher, dividas 183
Falsidade, seus elementos, ante-data por official publico 184
'iador, empregado fiscal . . . . . . . . . . 185
FIança . 185
~~. ~
Fiança, co-fiadores 188
Fiança, hypotheca, contl'ato entre pai e filhos. 188
F iança sem sciencia do devedor, obrigações, acções 190
Fideicommisso, direitos, transmissão por morte, Cod .
Civ. Porto i 91
Filiação illegitima, ausencia do marido, sllccessão 193
Filiação natural, testamento, reconhecimento. 195
Filiação natural . 198
Filiação natmal, renuncia, impostos. 199
Filiação natural, validade de testamento, declaração de
escriptura, averiguações policiaes. 200
lNDWE Vll
PAGS.
Filhos i1'hi: itimos, patrio poder, poder materno. 202
Foreiro, commisso, bemfeitorias . 203
Fretes . 204
G
Gerer Je, directoria, crime, competencia, exoneragão 20:1
H
Habeas-corpus, competencia, prisão preventiva, com-
petencia . 206
Habilitação, prova 207
Heranga arrecadada, habilitações, r evista, reclamações,
cO'T'petencia. 207
Herança de filhos para ascend entes, llsofructo . 209
Herança, fidei-commisso, carta de consciencia, arreca-
dação. 210
Herança, filho natural, partilha. :Óll
Herança, reivindicação, sequ ella . 212
HonorarioR medicos, pl'escripção ; 213
Hypotheca, antichrese, consig na ção de rendimentos,
i uros, taxa. 213
Hypotheca, annullação, outros credores, questões 214
Hypotheca, arrendamento, onus real, uso, habitação,
registro, responsabilidade, indemnisaçõ es. 216
Hypotheca, concurso, apellação, fiança 211:1
Hypotheca de pais para filhos, acçõ es, processo, exe-
cução, embargos. 220
Hypotheca, eífeitos validade . 222
Hypotheca em partihas, rendimentos. 223
Hypotheca, excussão, intp.gridane . 224
Hypotheca, excussão, privilegio de integridade, cscra-
vos, :mtichrese . 226
Hypotheca, execllção, arrematagão ou obl'ig-ação de ren-
dimento, preferencia, antichrese, processo. 228
Hypothecrt, ex ecução, t el'cr iro, rtrrematat;ões, annulla-
ção de execução, qu estõ es. 22\:1
Hypotheca, garantia, responsabilidade, limite desta,
processo, questão . 232
Hypotheca judicial, garantia, concurso. 234
Hypotheca legal, curadores, curatellados, competenci a,
venda, validade, rendimentos. 235
VIII lNDlCE
PA&S.
PAGS.
J
Juiz de direito, fôro competente, inquerito pelo juiz
municipal a seu respeito . 275
Juiz de orphãos, suspeição, adjunto, recurso, validade. 2,6
Juiz, impedimento . 2i8
Juiz impedimento, suspeição, parentesco entre afillJado
e padrinho. 278
Juiz supplentc, vereador, suspeição, nullidade 2·79
Juizo arbitral forçado, intimação de comprJmisso, pe-
nas, férias . 280
Juizo arbitral no commcrcial, questões varias. 281
Juizo de ausentes, emolumentos . 28·1,
Juizo de orphãos, adjuntos em caso el " suspeição 285
Juizo de paz, aggravo . 285
Juros, prova . 286
L
, liS o
PA S
Testamenteiros, premio, legado 4:)1
Testamento, approvação, nullidade 452
Testamento, assignatura ..... . ,451
Test~mento, cumprimento 45 '
Testamento, fidei-commisso, insti,t uição de h erdelro IJ.
cargo de t erceiro . 457
Testam ento , herdeiro necessarió. fallecido àntes do teso
tadol', legados e herança, direito de accrescer,p1..:·t 1 a 41)9
Testamento, pala.vras essenciaes . 460
Testamento, red ucção . r 461
Testamento, solemnidades substal1ciaes, irregularidades 462
Testamento, subtl'acção ou perda . M3
Thesoureiro, hypotheca legal, "credito de dominio 464
Tutela de padrasto, fiança. 465
Tutela, remoção. . 465
U I
f
.
)
.1
INDlCE Xl
PAGS.'
Part~lha vida, pactos succ~ssorios_
<, __ ., • 338
Partilha, le~ --, enorme e enormissima, acção, rescisão,
juizo competente, partes . 339
Part!lha, lesão, reclamação. 340
Partillla, rescisão della. l esão, etreitos, emenda 341
Pater, . -lade, negação, questão de estado, Cod. Giv. Po rt.,
r etroacti virlade _ 342
Peculio de escravos, alforria forçada. questões 3M
Penhor, ar,ções, entradas, commisso _ 346
Penhor rie escravos. 348
Penhor, privilegio, concurso, devedor 349
Penhor, titulo, acções _ 350
Pensão, insinuação. 35l
Perfilhação de filhos illegilimos, em·ltos, successão, le-
gado á conculJina, separação dos conjuges, t estal11ento
acbado aberto. 351
Pertenr,e em letl'as, doação, insinuação, 353
Pessoa miseravel, soldada, crime civil ou militar, indemni-
sa\ião á fazenda 355
Preposto, cOllllllerciar, nullidade 356
Pl'escri pção 357
Prescripção criminal, desmembração terl'itorial 358
Privilegio, hypotheca, difl'erellça, credito por preço de
venda, preferellcias • 358
Privilegio, navio, penhol', 361
Prucesso COl1lInercial 361
Processo comwercial, detenção pessoa l, embargos 362
Processo commercial, dissolução de sociedade 362
Processo commereial, fallencia a requerimento do credor,
recursos, 3G3
Proces~o, crime, accumulação 364
Processo cri millal . 365
Processo pol i cia I , 365
Pronuncia, exercicio de emprego _ 366
Proounr,iu, is r oção de eriminali1ade 367
Pronuor,ia, novo summario, COl'recção, sentença, intima-
ção, recurso , 367
Pronuncia, nullidad e, re,'ursos . 370
Protestantes, casamento. effe ito!', divorcio 37G
Prova por escriptura publica (intelligencia do Alv. de 30
de Outubro de 1798) _ 37t
XII I 'DICE
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