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ESTRUTURA DA

CONTABILIDADE BRASILEIRA
AULA 5

Prof. Edicreia Andrade dos Santos


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CONVERSA INICIAL
Oi, seja bem-vindo à quinta aula de Estrutura da Contabilidade
Brasileira.

A Contabilidade é uma ciência que tem como objeto de estudo o


patrimônio das entidades, seus fenômenos e variações, e registra os fatos de
natureza econômico-financeira que o afetam, estudando suas consequências
na dinâmica financeira.

Com a finalidade de controlar os fenômenos ocorridos no patrimônio de


uma entidade, a Contabilidade é responsável pelo registro, classificação,
demonstração, análise e interpretação dos fatos nele ocorridos, objetivando
fornecer informações e orientação acerca da sua composição e variações para
tomada de decisões, bem como sobre o resultado econômico decorrente da
gestão da riqueza patrimonial.

Dessa forma, a contabilidade busca a transmissão de informações por


meio das suas demonstrações que expõem a situação dos bens, direitos e
obrigações da entidade, possibilitando a tomada de decisões por seus usuários
(internos ou externos).

Ressalta-se que os usuários internos são os acionistas ou sócios,


administradores, diretores, gerentes e demais pessoas que utilizem, dentro da
empresa, os dados produzidos pela contabilidade. Usualmente se valem de
informações mais aprofundadas e específicas acerca da entidade, de maneira
especial daquelas relativas ao ciclo operacional.

Já os usuários externos são instituições como o Fisco (Receita Federal,


Secretaria de Estado, Município), bancos, fornecedores, clientes e demais
agentes externos que se interessem ou precisem saber sobre a movimentação
do patrimônio da organização (empresa). Concentram suas atenções, de forma
geral, em aspectos mais genéricos, expressos nas demonstrações contábeis.

Diante disso, a presente aula tem como objetivo explanar sobre a


elaboração de demonstrativos contábeis a partir do seu início, com registros

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individuais simplificados, até a elaboração da Demonstração de Resultados e
Balanço Patrimonial.

CONTEXTUALIZANDO
No ambiente que vivemos, com indivíduos interligados e suas ações
ágeis e avançadas, nos encontramos em uma constante necessidade de
informações corretas, tanto em relação a decisões pessoais quanto
profissionais. Estamos constantemente tomando decisões, por exemplo,
quanto às rotinas diárias pessoais, como o que iremos vestir, comer, qual será
nossa profissão, sobre o casamento e a aquisição da casa própria.

Neste contexto, quando se trata de decisões profissionais, a


contabilidade exerce o papel de linguagem dos negócios, não possibilitando
tomadas de decisões profissionais sobre produção, marketing, investimentos,
financiamentos e custos, por exemplo, sem a Contabilidade.

Isto posto, a Contabilidade e suas demonstrações têm como objetivo


fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e
as mudanças na posição financeira da entidade, que sejam úteis a um grande
número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas
(CFC, 2011).

No processo de geração de informação, a Contabilidade propicia o


registro, a síntese, a análise e a interpretação das transações que ocorrem no
patrimônio das pessoas físicas e jurídicas e o resultado deste processo
chegará aos usuários por meio dos relatórios contábeis para que possam estar
cientes da situação de sua empresa e com isso tomar decisões.

Esses relatórios contábeis são preparados pela contabilidade e seguem


normas padronizadas, ou seja, são preparados e apresentados aos usuários
em um modelo preestabelecido pela legislação contábil vigente, facilitando a
análise e comparação.

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Os demonstrativos precisam ser oferecidos aos usuários
periodicamente, podendo ser trimestral, semestral ou anual, conforme a
categoria da empresa e sua legislação ou necessidade dos usuários.

Assim sendo, ressalta-se que o período padrão de divulgação dos


relatórios é de 12 meses, porém, as empresas (Sociedades Anônimas) de
capital aberto disponibilizam, em âmbito nacional, no site da BOVESPA,
relatórios trimestrais, enquanto as instituições financeiras e demais instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, exceto cooperativas de
crédito, precisam publicar seus relatórios semestralmente ao Banco Central do
Brasil.

Tomando como base a contextualização apresentada, nesta aula


veremos como elaborar razonetes, apurar o resultado do exercício, estruturar
um balancete de verificação, e aprenderemos mais a respeito da
Demonstração de Resultados e do Balanço Patrimonial.

Para esta aula, sugere-se a visita nos Demonstrativos contábeis das


empresas Listadas na BM&Bovespa.

Para acessar os Demonstrativos das empresas de Capital Aberto no


Brasil, siga os seguintes passos:

Acesse o site BM&FBOVESPA

(http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/)

Clique em Produtos > Renda Variável > em Ações clique em Saiba


mais > Empresas Listadas;

Digite o nome da empresa;

Clique em Buscar;

Clique em cima do nome da empresa localizada pelo site;

Escolha Relatórios Financeiros;

Indique o ano do relatório;

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Clique em Demonstrações Financeiras Padronizadas;

Escolha qual relatório deseja consultar.

TEMA 1 - RAZONETES
Razonete é uma representação gráfica em forma de “T” utilizada para
apurar os saldos de todas as contas movimentadas pela empresa, por isso
também é chamada de Razão em T ou Razão Simplificada. Os saldos das
contas Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido são transportadas para o balanço
por ocasião de seu levantamento, conforme veremos a seguir.

Trata-se de um instrumento didático para desenvolver o raciocínio


contábil. Através de razonetes são feitos os registros individuais por conta,
dispensando o método de balanços sucessivos. Realiza-se o controle individual
por contas, registrando-se aumentos e diminuições em cada conta
isoladamente, e no final de um período predeterminado, relacionam-se todas
as contas, de forma resumida e ordenada, chegando ao Balanço Patrimonial.

De maneira detalhada, descreve-se que para cada conta do Balanço


Patrimonial abre-se um razonete e nele se realiza as movimentações.

Na parte superior, coloca-se o título da conta que será movimentada.


Assim como o Balanço Patrimonial, o razonete tem dois lados: de um lado
registram-se os aumentos e do outro as diminuições, sendo definido pela
natureza da conta – Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido (contas patrimoniais ou
integrais), Receitas e Despesas (contas de resultado ou diferenciais) – qual
lado deverá ser utilizado para aumentos ou diminuições. A diferença aritmética
entre a soma da coluna débito e a coluna crédito é denominada saldo. Caso o
valor da soma débito for superior ao valor do crédito, teremos saldo devedor;
caso contrário, credor.

As contas do Ativo representam bens e direitos da empresa, encontram-


se discriminadas no lado esquerdo do Balanço Patrimonial e são classificadas
em ordem decrescente do grau de liquidez dos elementos patrimoniais que

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representam, ou seja, de acordo com a rapidez com que podem ser
convertidas em dinheiro (ordem de liquidar as dívidas, de pagar os
compromissos).

Os itens de maior liquidez aparecem no começo do Ativo, já os de menor


liquidez aparecem em último lugar. Essas contas, por convenção, são
consideradas de natureza devedora ou positiva.

Assim, qualquer lançamento a débito aumenta o saldo das contas do


Ativo; e a crédito, diminui, conforme diagrama a seguir.

Contas do Ativo
(natureza devedora)

DÉBITO CRÉDITO

Aumento Diminuição

No Ativo existem algumas contas de natureza credora, que são as


contas redutoras do Ativo, tais como: Depreciação Acumulada, Provisão para
Devedores Duvidosos, Amortização Acumulada. Nesses casos, o procedimento
é o inverso.

Contas Redutoras do Ativo


(natureza credora)

DÉBITO CRÉDITO

Diminuição Aumento

Já as contas do Passivo, que se encontram discriminadas no lado direito


do Balanço Patrimonial e são classificadas segundo a ordem decrescente de
exigibilidade, isto é, aquelas contas que serão liquidadas mais rapidamente
(curto prazo) aparecem no topo da coluna do Passivo, e as que serão pagas
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em um prazo maior (longo prazo) aparecem mais para o final; representam
assim as obrigações da empresa, por isso são de natureza credora. O
lançamento a débito diminui o saldo do Passivo e a crédito aumenta.

Contas do Passivo
(natureza credora)

DÉBITO CRÉDITO

Diminuição Aumento

No Passivo também constam contas redutoras, de natureza devedora,


Juros a Transcorrer de Financiamentos e Empréstimos, e outros. Nesse caso,
o lançamento a débito aumenta o saldo e a crédito diminui.

Contas Redutoras do
Passivo (natureza
devedora)

DÉBITO CRÉDITO

Aumento Diminuição

Ao tratar-se do Patrimônio Líquido (PL), (que faz parte do Passivo),


também do lado direito do Balanço Patrimonial, as contas são originadas de
recursos próprios, como investimentos feitos pelos proprietários (dinheiro
aplicado) para abertura da empresa, por reserva de lucros, prejuízos ou lucros
acumulados, bem como doações, contribuições, ágio na emissão de ações,
dentre outros.

Contas do PL são de natureza credora, portanto, o saldo das contas de


lançamentos a crédito aumenta e lançamentos a débito resultam em
diminuições.

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Contas do Patrimônio
Líquido (natureza credora)

DÉBITO CRÉDITO

Diminuição Aumento

Também são incluídas no Patrimônio Líquido contas de natureza


devedora, em que os saldos aumentam em lançamentos a débito e diminuem
em lançamentos a crédito. São exemplos as contas de Prejuízo do Exercício,
Prejuízos Acumulados, Ações em Tesouraria, deságio na venda de ações.

Contas Redutoras do
Patrimônio Líquido
(natureza devedora)

DÉBITO CRÉDITO

Aumento Diminuição

Nas contas de resultado, a natureza da Receita é decorrente da venda


de mercadorias, aumentando o Ativo (bens e direitos) por meio de dinheiro ou
duplicatas a receber, gerando um acréscimo do valor do Ativo e do Patrimônio
Líquido, a contrapartida desse aumento no Ativo e Patrimônio Líquido é
denominada Receita de Venda de Mercadorias, cuja natureza é credora.

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Portanto, os lançamentos são realizados da seguinte forma:

Receitas

DÉBITO CRÉDITO

Diminuição Aumento

As Despesas são consideradas de natureza devedora, pois provocarão


uma redução do Ativo ou um aumento das obrigações a pagar, refletindo no
Patrimônio Líquido como redução da situação líquida da entidade. Então os
lançamentos a débito irão aumentar o saldo e lançamentos a crédito o
diminuirão.

Despesas

DÉBITO CRÉDITO

Aumento Diminuição

Sintetizando...

Nas contas do Ativo, os aumentos serão lançados no lado esquerdo do


razonete e as diminuições serão lançadas no lado direito. Quando se trata de
contas do Passivo e Patrimônio Líquido, estas encontram-se no lado direito do
Balanço Patrimonial, então todos os aumentos serão lançados no lado direito
do razonete e as diminuições no lado esquerdo. Deve-se atentar para as
contas redutoras, tanto do Ativo quanto do Passivo e Patrimônio Líquido, que
terão o processo contrário nos lados do razonete. A explicação é visualizada
conforme a figura a seguir:

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Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial

Passivo e Passivo e
Ativo PL Ativo PL

Contas do Passivo e
Contas do Ativo PL

Aumenta Diminui Diminui Aumenta


++ - - +
+ +

Fonte: Marion (2006).

TEMA 2 - APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


Apurar o Resultado do Exercício consiste em verificar, por meio das
Contas de Resultado – Receitas e Despesas – se a movimentação do
patrimônio da empresa apresentou lucro ou prejuízo durante o exercício social.

A cada exercício social, normalmente um ano, a empresa deve apurar o


resultado dos seus negócios. A apuração do resultado do exercício trata-se de
uma etapa contábil que tem por objetivo determinar o saldo de um período.
Inicia-se o processo de confrontação de receita com as despesas: se a receita
foi maior que a despesa, a empresa obteve lucro; caso a receita tenha sido
menor que a despesa, houve prejuízo.

De maneira geral, por meio da apuração do resultado pode-se verificar


se o maior objetivo da empresa foi atingido, ou seja, se os benefícios obtidos
foram maiores que os sacrifícios realizados.

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Fazem parte da apuração do resultado do exercício somente as contas
de resultado, que são as de receitas e despesas, pois o saldo entre elas
representa a situação econômica após um exercício social. Receitas são as
contas que correspondem, em geral, a vendas de mercadorias ou prestação de
serviços, refletindo-se no balanço com a entrada de dinheiro (à vista) ou com
um direito a receber (a prazo).

Despesas representam o consumo pela empresa de bens e serviços,


sendo todo o sacrifício e esforço da empresa para obter receita, que se reflete
no balanço da empresa com a redução de suas disponibilidades (à vista) ou
com um aumento de suas obrigações (a prazo). Como exemplos, temos Venda
de Mercadorias, Custo da Mercadoria Vendida, Despesa com Vendas e
Despesa Administrativa.

Para apuração do resultado do exercício, após ter elaborado os


Razonetes, separa-se as contas de resultado das patrimoniais, que serão
excluídas do processo. Posteriormente abre-se uma conta transitória chamada
“Apuração do Resultado do Exercício”, que abreviadamente chama-se de ARE.

Em seu razonete será realizado o confronto “receita versus despesa”,


sendo que em seu lado direito vai o saldo de Receita e em seu lado esquerdo
vai o saldo de Despesa. O confronto desses dados dará o resultado do
exercício.

Para encerrar as contas de resultado, é necessário efetuarmos


lançamentos em contrapartida para igualar a zero. As contas de despesa são
zeradas ao se creditar idêntico valor, em contrapartida será debitar a conta
ARE. Para encerrar a conta receita, basta debitar valor idêntico nesta e creditar
ARE em contrapartida, conforme a seguir.

a) Encerramento de uma conta de despesa:

D – Resultado do Exercício

C – Conta de Despesa R$ XXX,XX

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b) Encerramento de uma conta de receita:

D – Conta de Receita

C – Resultado do Exercício R$ XXX,XX

Exemplo de encerramento:

Têm-se as seguintes contas de resultado da Companhia Chocolate Meio


Amargo:

Desp. Salários Desp. Vendas Receitas

15.000 8.000 35.000

Encerram-se essas contas igualando-se o saldo a zero:

Desp. Salários Receitas

15.000 15.000 35.000 35.000

ARE

15.000 35.000

8.000

Desp. Vendas

8.000 8.000

Fonte: Adaptado de Marion (2006).

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Se o total da receita for maior que o total de despesa, haverá lucro; se o
total da receita for menor que a despesa, haverá prejuízo. No exemplo
apresentado, a Companhia Chocolate Meio Amargo teve receitas de R$
35.000,00 e despesas de R$ 23.000,00, obtendo lucro de R$ 12.000,00.

O critério para a transferência do saldo da conta de Resultado do


Exercício para a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados é o mesmo que
adotamos para as transferências dos saldos das contas de Receitas e
Despesas. Portanto, como a conta Resultado do Exercício possui saldo credor,
precisa-se debitá-la para que seja zerada, e em contrapartida, creditaremos a
conta Lucros ou Prejuízos Acumulados.

Com o encerramento das contas de receita e despesa, todas as contas


de resultado ficam com saldo zero para o início do próximo período contábil,
começando-se a acumular receita e despesa do próximo período até o final do
período em que novamente serão encerradas as contas de resultado,
apurando-se o lucro ou prejuízo.

Nesta apuração são desconsiderados os cálculos e as contabilizações


do Lucro Bruto, da Provisão para pagamento da Contribuição Social e do
Imposto de Renda, da distribuição de Lucro, além de outros procedimentos que
são comuns no momento da apuração da Demonstração do Resultado do
Exercício.

Assim como os lançamentos que ocorreram durante todo o exercício


social, os lançamentos da Apuração do Resultado do Exercício serão
escriturados nos livros Diário e Razão. Posteriormente, também serão
transcritos no livro Diário, o Balanço Patrimonial e a Demonstração do
Resultado do Exercício.

Passos para uma boa apuração:

Elaborar um Balancete de Verificação composto por contas cujos saldos


serão extraídos do livro razão ou dos razonetes.

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Transferir os saldos das Contas de Despesas para a conta transitória
Resultado do Exercício.

Transferir os saldos das Contas de Receitas para a conta transitória


Resultado do Exercício.

Apurar no livro razão ou no razonete o saldo da Conta Resultado do


Exercício, que receberá, a seu débito, os saldos das Contas de Despesas e, a
seu crédito, os saldos das Contas de Receitas. Logo, se o saldo desta conta for
devedor, o Resultado do Exercício resultará em prejuízo; se o saldo for credor,
em lucro.

Transferir o saldo da Conta Resultado do Exercício para a Conta


Patrimonial Lucros ou Prejuízos Acumulados.

Levantar o Balanço Patrimonial.

Transcrever o Balanço Patrimonial no livro Diário.

Sintetizando...

A Apuração do Resultado do Exercício é o processo de confrontação de


receita com as despesas utilizando uma conta transitória chamada Apuração
do Resultado do Exercício – ARE, que tem por objetivo determinar o saldo de
um período. Se a receita foi maior que a despesa, a empresa obteve lucro,
caso a receita tenha sido menor que a despesa, houve prejuízo no período.

TEMA 3 - ESTRUTURA DO BALANCETE DE VERIFICAÇÃO


O Balancete de Verificação é um demonstrativo contábil que evidencia
a relação de contas extraídas do livro Razão (ou de razonetes), com seus
saldos devedores ou credores. A forma de registro dos fatos administrativos da
empresa pode ser escriturada por dois métodos: Partidas Simples e Partidas
Dobradas.

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O Método das Partidas Simples consiste no registro de operações
específicas envolvendo o controle de um só elemento, sem a preocupação de
controlar elementos patrimoniais ou de se evidenciar o lucro ou o prejuízo
decorrente das respectivas transações. Os livros Caixa e Contas-Correntes são
escriturados com base neste método, pois neles interessa o controle de apenas
um elemento. Interessa saber o quanto entrou, saiu e restou em dinheiro em
determinado período, não controlando o que foi adquirido, pago, recebido ou
mesmo os elementos que originaram as importâncias recebidas; no livro
Contas-Correntes, interessa controlar apenas os Direitos ou as Obrigações da
empresa, independentemente das contrapartidas, sejam elas em decorrência
de compras, vendas, empréstimos ou outros.

Este método é deficiente e incompleto, pois não permite o controle


global do patrimônio. As entidades que utilizam apenas esse método de
registro normalmente são aquelas que não visam lucro. O Método das Partidas
Dobradas é de uso universal e consiste na premissa de que não há devedor
sem que haja credor e não há credor sem que haja devedor, sendo que a cada
débito corresponde um crédito de igual valor. O lançamento baseado neste
método é feito em ordem cronológica de dia, mês e ano e deve ter os seguintes
elementos essenciais:

Local e data da ocorrência do fato;

Conta a ser debitada;

Conta a ser creditada;

Histórico;

Valor.

Os livros Diário e Razão são escriturados pelo Método das Partidas


Dobradas. No Diário, os registros são efetuados por meio de lançamentos que,
com seus cinco elementos essenciais, caracterizam o princípio fundamental do
Método das Partidas Dobradas; no Razão, o controle individualizado de cada
conta, cuja origem está registrada no Diário, faz com que o mesmo valor

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lançado a débito de uma ou mais contas seja lançado a crédito de uma ou mais
contas, conforme estejam debitadas ou creditadas no Diário.

O Balancete de Verificação tem como base o método das partidas


dobradas, o que significa que para qualquer operação há um débito e um
crédito de igual valor ou um débito (ou mais débitos) de valor idêntico a um
crédito (ou mais créditos), não deixando possibilidades para débitos sem
créditos correspondentes, sendo que a soma dos débitos sempre será igual à
soma dos créditos. Também fica evidente que o total dos saldos das contas
devedoras sempre será igual ao total das contas credoras.

Este demonstrativo funciona como uma conciliação que tem como


finalidade verificar se os lançamentos contábeis realizados no período estão
corretos. Pode ser realizado de acordo com a periodicidade pretendida pelos
contabilistas e gestores, considerando que, quanto menor for o período de
abrangência do balancete, mais eficiente será a contabilidade.

Os bancos, por exemplo, levantam balancetes diários, em razão da


grande quantidade de lançamentos, não passando erros de um dia para o
outro, enquanto a maioria das empresas verifica sua contabilidade em
balancetes mensais. Apenas não são indicados balancetes anuais, por ser
inviável ter que pesquisar a contabilidade do ano todo em caso de constatação
de erros.

Conforme a necessidade da empresa, o balancete pode ser elaborado


de forma simples (com duas colunas), ou com diversas colunas. Quanto mais
colunas existirem, maior será a quantidade de dados oferecida ao usuário do
balancete.

O balancete de duas colunas pode ser apresentado da seguinte forma:

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Saldos
Contas
Devedores Credores

xxxxx R$ R$

Totais

Fonte: Fávero, et. al.(2006).

O balancete de seis colunas apresenta os saldos do balancete anterior,


os movimentos de débitos e créditos do período em análise e os saldos atuais:

Movimento do
Saldos Anteriores Saldos Atuais
Contas Período

Devedores Credores Débito Crédito Devedores Credores

Totais

A seguir, para melhor visualização, é exposto o Balancete de Verificação


da Companhia Gama.

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O balancete não serve apenas para detectar erros de lançamentos
contábeis, sendo também um importante instrumento contábil para tomada de
decisões.

Ao apresentar o balancete separando-se as contas patrimoniais e de


resultado em grupos distintos num mesmo relatório, contribui para visualizar
com maior facilidade, conforme o exemplo a seguir.

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Fonte: Adaptado de Marion (2006).

Embora este instrumento seja de muita utilidade, ele não permite


detectar toda a amplitude de erros que possam existir nos lançamentos
contábeis. Apesar dos totais do balancete ser idênticos, não significa que os
lançamentos estão corretos, então o balancete não evidencia o débito (ou
crédito) em conta errada. Também não evidenciará a inversão de lançamentos,
de débito no lugar de crédito e de crédito por débito, simultaneamente.

TEMA 4 - ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS


Legalmente apresentada como Demonstração do Resultado e
comumente chamada como Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
ou do Período, foi instituída pelo artigo 187 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro
de 1976 (Lei das Sociedades por Ações) e tem como objetivo fornecer o

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Resultado do Exercício, bem como elencar quais os elementos que a
compõem, por isso apresenta ordenadamente as receitas e despesas da
empresa no período do Exercício Social, geralmente correspondente ao ano
civil.

Atualmente, a DRE passou por atualizações evidenciadas pelo


Pronunciamento Técnico CPC 26/2011, e assim esta demonstração deve, no
mínimo, incluir as seguintes rubricas:

(a) receitas;

(aa) ganhos e perdas decorrentes de baixa de ativos financeiros


mensurados pelo custo amortizado;

(b) custos de financiamento;

(c) parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio


do método da equivalência patrimonial;

(d) tributos sobre o lucro;

(e) em atendimento à legislação societária brasileira vigente, a


demonstração do resultado deve incluir ainda as seguintes rubricas:

(i) custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos;

(ii) lucro bruto;

(iii) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e


receitas operacionais;

(iv) resultado antes das receitas e despesas financeiras;

(v) resultado antes dos tributos sobre o lucro;

(vi) resultado líquido do período.

A DRE apresenta como finalidades:

Informar seus usuários sobre o resultado das operações;

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Demonstrar perante as instituições financeiras a rentabilidade das
empresas para atender aos financiamentos solicitados;

Mostrar aos investidores as reais condições de viabilidade econômico-


financeira;

E para que os próprios administradores meçam sua eficiência e


necessidade de alterar a política de negócios da empresa, como alteração de
preços, aumento de produção, expansão da propaganda, dentre outros.

A demonstração é disposta na vertical, de forma dedutiva, ou seja, das


receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado: lucro
ou prejuízo. Os valores a serem diminuídos serão indicados entre parênteses.

Fonte: autor

Quando as contas de Receitas e Despesas são encerradas ao final do


exercício, ocorre a transferência do saldo da DRE para Lucros ou Prejuízos
Acumulados. Esse confronto entre receitas e despesas provoca variações na
estrutura do Patrimônio Líquido, afetando diretamente a grandeza patrimonial
de uma empresa, conforme o esquema exposto a seguir:

BALANÇO PATRIMONIAL
DRE
Ativo Passivo

1. Ativo Circulante 1. Passivo Circulante (+) Receitas


(Capital Circulante ou de 2. Passivo não
Circulante (-)
Giro) (Capital de Terceiros) Despesas/Custos

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(=) Lucro ou
2. Ativo não Circulante 3. Patrimônio Líquido Prejuízo
(Capital não Circulante) (Capital Próprio) (aumenta / diminui
PL)

Fonte: autor

As Contas de Resultados são as que representam as variações


patrimoniais e dividem-se em Contas de Despesas e Contas de Receitas:

As Despesas caracterizam-se pelo consumo de bens e utilização de


serviços, objetivando a obtenção de Receita. Exemplos: energia elétrica
consumida, materiais de limpeza, materiais de expediente, a utilização de
serviços telefônicos.

As Receitas são decorrentes da venda de bens e da prestação de


serviços. Exemplos: vendas de mercadorias, descontos obtidos, serviços
prestados, recebimento de aluguéis, recebimento de juros.

Existem Contas de Resultados que podem aparecer tanto no grupo das


Despesas quanto no grupo das Receitas. É o caso dos Aluguéis, dos Juros e
dos Descontos, que são diferenciados por seus adjetivos empregados.
Exemplos:

A Conta Descontos Concedidos é Despesa.

A Conta Descontos Obtidos é Receita.

Veja a seguir um exemplo de DRE:

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Fonte: Renato Aulas Particulares (2014).

Conforme o exemplo, podemos observar a situação ocorrida no período


de 2013 desta empresa, apresentando vendas de R$ 3.450.000,00, quanto
teve de despesas e onde foram gastos estes valores descontados, obtendo um
lucro líquido de R$ 266.630,00.

Graficamente, a estrutura geral da Demonstração do Resultado do


Exercício fica assim distribuída:

Fonte: autor

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A seguir é exposto um modelo de estrutura completa para DRE
conforme CPC 26:

Estrutura para DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO


NOME DA EMPRESA:
CNPJ:
Encerrado em: ______________
Valores expressos em (indicar a unidade monetária, R$, Milhares de R$, ...)
Demonstração do Resultado Valor

RECEITA BRUTA

(-) Deduções da Receita Bruta

- Cancelamento/Devoluções de Vendas

- IPI s/ Faturamento

- ICMS s/ Vendas

- PIS s/ Vendas

- COFINS s/ Vendas

- Abatimento s/ Vendas

- Descontos s/ Vendas

(=) RECEITA LÍQUIDA

(-) Custo dos Produtos Vendidos (CPV)

(-) Custo das Mercadorias Vendidas (CMV)

(-) Custo dos Serviços Prestados (CSP)

(= ) LUCRO/PREJUÍZO BRUTO

(-) Despesas de Vendas

- Salários dos Vendedores

- Comissões s/ Vendas

- Encargos Sociais setor de Vendas

- Despesas com Viagens Vendedores

- Fretes s/ Vendas

- Despesas com propaganda

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- Devedores Duvidosos/Provisão para CLD

(-) Despesas Financeiras

- Despesas Bancárias

- Descontos Financeiros Concedidos

- Juros Pagos

- Variação Cambial

(+) Receitas Financeiras

- Descontos Financeiros Obtidos

- Juros Recebidos

- Variação Cambial

(-) Despesas Administrativas

- Salários da Administração

- Encargos Sociais da Administração

- Material de Expediente

- Despesas Diversas

- Despesas IPTU

- Despesas de Viagens

- Despesas com Água, Luz, Telefone

(-) Outras Despesas Operacionais

- Mercadorias Danificadas

- Perdas em Estoque

(+) Outras Receitas Operacionais

- Recuperação de Créditos Incobráveis

(=) LUCRO/PREJUÍZO OPERACIONAL LÍQUIDO

(-) Outras Despesas Não-Operacionais

- Resultado Negativo Equivalência Patrimonial

- Perdas de Capital

(+) Outras Receitas Não-Operacionais

- Resultado Positivo Equivalência Patrimonial

- Ganhos de Capital

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(=) LUCRO ANTES DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E DO IR

(-) Contribuição Social sobre o Lucro

(-) Provisão para o IR

(=) LUCRO DO EXERCÍCIO APÓS CSL E IR

(-) Participações

- Debêntures

- Empregados

- Administradores

- Partes Beneficiárias

(=) LUCRO/PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

Fonte: autor

Na sequência segue um modelo de Demonstração do Resultado da


companhia de capital aberto Natura Cosméticos S.A. listada na Bolsa de
valores – BM & FBovespa.

01/01/2015 01/01/2014 01/01/2013

Conta Descrição à à à

31/12/2015 31/12/2014 31/12/2013

Receita de Venda de Bens e/ou


3.01 7.899.002 7.408.422 7.010.311
Serviços

Custo dos Bens e/ou Serviços


3.02 -2.415.990 -2.250.120 -2.111.120
Vendidos

3.03 Resultado Bruto 5.483.012 5.158.302 4.899.191

3.04 Despesas/Receitas Operacionais -4.226.243 -3.793.630 -3.483.195

3.04.01 Despesas com Vendas -2.998.825 -2.680.091 -2.449.437

3.04.02 Despesas Gerais e Administrativas -1.293.208 -1.133.346 -1.042.617

3.04.02.01
Despesas Gerais e Administrativas -1.293.208 -1.133.346 -1.042.617

3.04.02.02
Remuneração dos administradores

26
3.04.02.03 Participação dos colab. e adm. no
lucro

Perdas pela Não Recuperabilidade


3.04.03
de Ativos

3.04.04 Outras Receitas Operacionais 65.790 19.807 8.859

3.04.05 Outras Despesas Operacionais

Resultado de Equivalência
3.04.06
Patrimonial

Resultado Antes do Resultado


3.05 1.256.769 1.364.672 1.415.996
Financeiro e dos Tributos

3.06 Resultado Financeiro -381.399 -268.279 -158.250

3.06.01 Receitas Financeiras 1.927.228 703.805 364.222

3.06.02 Despesas Financeiras -2.308.627 -972.084 -522.472

Resultado Antes dos Tributos sobre


3.07 875.370 1.096.393 1.257.746
o Lucro

Imposto de Renda e Contribuição


3.08 -352.638 -355.172 -409.940
Social sobre o Lucro

3.08.01 Corrente

3.08.02 Diferido

Resultado Líquido das Operações


3.09 522.732 741.221 847.806
Continuadas

Resultado Líquido de Operações


3.10
Descontinuadas

Lucro/Prejuízo Líquido das


3.10.01
Operações Descontinuadas

Ganhos/Perdas Líquidas sobre


3.10.02 Ativos de Operações
Descontinuadas

Lucro/Prejuízo Consolidado do
3.11 522.732 741.221 847.806
Período

Atribuído a Sócios da Empresa


3.11.01 513.513 732.818 842.608
Controladora

Atribuído a Sócios Não


3.11.02 9.219 8.403 5.198
Controladores

3.99 Lucro por Ação - (Reais / Ação)

3.99.01 Lucro Básico por Ação

3.99.01.01
ON 1,19340 1,70640 1,96180

27
3.99.02 Lucro Diluído por Ação

3.99.02.01
ON 1,19280 1,70570 1,95860

Fonte: http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/listados-a-vista-e-
derivativos/renda-variavel/empresas-listadas.htm

Para você aprender diferentes demonstrações de resultados das


companhias de capital aberto, entre no site da Bovespa conforme caminho
apresentado no início deste material e compare as diferentes contas.

Sintetizando

A Demonstração do Resultado do Exercício tem como finalidade


demonstrar a formação do resultado do exercício (lucro ou prejuízo), pela
confrontação entre as receitas realizadas e as despesas incorridas no decorrer
do exercício social. Partirá da receita de vendas da empresa para mostrar
quanto, afinal, sobrou após um determinado período, assim fornecendo ao
investidor uma ideia da qualidade do lucro obtido pela empresa analisada.

TEMA 5 - ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL


O Balanço Patrimonial é uma demonstração contábil instituída pelo
artigo 178 da Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por
Ações), e tem como finalidade evidenciar a situação patrimonial e financeira de
uma entidade. Por meio dele também é possível identificar qual política a
empresa adota para obtenção e aplicação de recursos.

A expressão balanço vem de equilíbrio: Ativo = Passivo + Patrimônio


Líquido, ou então da igualdade: Aplicações = Origens. Parte-se da ideia de
uma balança com dois pratos que sempre se encontra a igualdade. E o termo
patrimonial origina-se do Patrimônio da empresa, composto por bens, direitos e
obrigações. Juntando as duas expressões, forma-se o Balanço Patrimonial,

28
significando o equilíbrio do patrimônio, a igualdade patrimonial (MARION,
2006).

A estrutura é constituída de duas colunas: a coluna do lado esquerdo


(Ativo) e a coluna do lado direito (Passivo e Patrimônio Líquido), conforme
esquema a seguir:

Balanço Patrimonial

PASSIVO

ATIVO (Obrigações com Terceiros)

(Bens e Direitos)

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

(Capital Próprio)

Fonte: elaboração própria

As contas são classificadas segundo os elementos do patrimônio que as


registrem e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da
situação financeira da companhia.

No Ativo, as contas são dispostas em ordem decrescente de grau de


liquidez dos elementos nelas registrados, elencadas nos seguintes grupos:

Ativo Circulante;

Ativo Não Circulante, composto por Ativo Realizável a Longo Prazo,


Investimentos, Imobilizado e Intangível.

No Passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:

Passivo Circulante;

Passivo Não Circulante;

29
Patrimônio Líquido, dividido em Capital Social, Reservas de Capital,
Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e
Prejuízos Acumulados.

As contas do ATIVO serão classificadas da seguinte forma:

Ativo Circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do


exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do
exercício seguinte;

Ativo Realizável a Longo Prazo: os direitos realizáveis após o término do


exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou
empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou
participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na
exploração do objeto da companhia;

Investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os


direitos de qualquer natureza, não classificáveis no Ativo Circulante, e que não
se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa;

Imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos


destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou
exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que
transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens;

Intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos


destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade,
inclusive o fundo de comércio adquirido.

As contas do PASSIVO serão classificadas do seguinte modo:

Passivo circulante: as obrigações da companhia, inclusive


financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante, que
vencerem no exercício seguinte;

Passivo não circulante: as obrigações que tiverem vencimento superior


ao encerramento do próximo exercício social.

30
As contas do PATRIMÔNIO LÍQUIDO serão classificadas como:

Capital Social: a conta discriminará o montante subscrito e, por dedução,


a parcela ainda não realizada (Capital a Integralizar).

Reservas de Capital:

A contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e


a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a
importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de
conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias;

O produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;

O resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não


capitalizado.

Ajustes de Avaliação Patrimonial: registram os valores das


contrapartidas de aumentos ou diminuições de valores atribuídos a elementos
do ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo, enquanto
não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de
competência.

Reservas de Lucros: as contas constituídas pela apropriação de lucros


da companhia (Legal, Estatutárias, Contingências, Retenção de Lucros,
Reserva de Incentivos Fiscais, Lucros a realizar).

Ações em Tesouraria: conta redutora do patrimônio líquido, que registra


o montante de recursos aplicados na aquisição de ações da própria
companhia.

Deste modo, o balanço patrimonial deve apresentar, respeitada a


legislação, as seguintes contas conforme o CPC 26/2011.

(a) caixa e equivalentes de caixa;

(b) clientes e outros recebíveis;

(c) estoques;

31
(d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”, “b” e “g”);

(e) total de ativos classificados como disponíveis para venda e ativos à


disposição para venda;

(f) ativos biológicos;

(g) investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial;

(h) propriedades para investimento;

(i) imobilizado;

(j) intangível;

(k) contas a pagar comerciais e outras;

(l) provisões;

(m) obrigações financeiras (exceto as referidas nas alíneas “k” e “l”);

(n) obrigações e ativos relativos à tributação corrente;

(o) impostos diferidos ativos e passivos;

(p) obrigações associadas a ativos à disposição para venda;

(q) participação de não controladores apresentada de forma destacada


dentro do patrimônio líquido;

(r) capital integralizado e reservas e outras contas atribuíveis aos


proprietários da entidade.
Lembrando sempre que estas contas variam de empresa para empresa
conforme seu porte.

Para entender melhor as informações sobre balanço patrimonial,


você precisa conhecer os seguintes conceitos:

Curto prazo: todos os bens e direitos realizáveis em moeda ou


passíveis de conversão e as obrigações com vencimento até o término do
exercício social (ano) seguinte. Contudo, há casos que a entidade possa ter o

32
ciclo operacional com duração maior do que o período de 12 meses, e assim a
classificação como curto ou longo prazo será realizada por base o prazo desse
ciclo.

Longo prazo: todos os bens e direitos realizáveis em moeda ou


passíveis de conversão e as obrigações com vencimento após o término do
exercício social (ano) seguinte.

Grau de liquidez: no balanço, por exemplo, as contas de ativo são


registradas de acordo com o grau de liquidez, o maior ou menor prazo no qual
os Bens e os Direitos podem ser transformados em dinheiro.

Nível de exigibilidade: no balanço, por exemplo, as contas de passivo


são registradas de acordo com o seu nível de exigibilidade que se refere ao
maior ou menor prazo existente para que as Obrigações sejam pagas. As
contas que deverão ser pagas mais rapidamente (curto prazo) têm um maior
nível de exigibilidade do que as contas que serão liquidadas (pagas) em um
prazo maior (longo prazo).

Realizável: representa tudo o que se pode mudar, converter,


transformar em disponibilidade (dinheiro), sendo uma expressão usada no
Ativo.

Sintetizando...

O balanço patrimonial é estruturado de acordo com os elementos


patrimoniais da entidade. É dividido em duas colunas, sendo a do lado direito
composta por Passivo e Patrimônio Líquido, que representam as origens dos
recursos da empresa, e a do lado esquerdo representa o Ativo, que são as
aplicações dos recursos.

TROCANDO IDEIAS
Para aprofundar os conhecimentos sobre os demonstrativos conforme a
Lei das Sociedades por Ações, acesse a legislação a seguir:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm

33
Para acompanhar discussões e novidades práticas sobre os
demonstrativos, recomendamos os seguintes artigos:

http://demonstracoescontabeis.blogspot.com.br/

http://capitalsocial.cnt.br/demonstracoes-contabeis-importancia-quem-
usa-e-para-que-usar/

NA PRÁTICA
(Adaptado de Marion, 2006)

A Cia Santo Forte apresentou, ao final de um ano, os seguintes saldos:

Caixa 3.600.000

Duplicatas a Receber 4.400.000

Estoque 8.000.000

Material de Escritório 1.000.000

Prédio 20.000.000

Fornecedores 2.000.000

Contas a Pagar 1.600.000

Capital 20.000.000

Lucros Acumulados 5.200.000

Depreciação Acumulada 1.600.000

Custo da Mercadoria Vendida (CMV) 24.000.000

Despesa Administrativa 2.000.000

Despesa de Vendas 3.700.000

Despesas Financeiras 500.000

Receita do Exercício 36.800.000

TOTAL 134.400.000

Após elaborar o Balancete de Verificação, você deverá fazer os ajustes


conforme as seguintes informações:

 Havia no final do período (31.12.X1), um saldo de $ 400.000 de


material de escritório em estoque;
34
 A base da depreciação de prédios é 4% ao ano;
 A empresa não contabilizou a Despesa de Salários do pessoal
administrativo do mês de dezembro de X1, que será paga (Salários a Pagar) até
o dia 10.01.X2, no total de $ 600.000.

CONTA Débito Crédito

Caixa 3.600.000 -

Duplicatas a Receber 4.400.000 -

Estoque 8.000.000 -

Material de Escritório 1.000.000 -

Prédio 20.000.000 -

Fornecedores - 2.000.000

Contas a Pagar - 1.600.000

Capital - 20.000.000

Lucros Acumulados - 5.200.000

Depreciação Acumulada - 1.600.000

Custo da Mercadoria Vendida (CMV) 24.000.000 -

Despesa Administrativa 2.000.000 -

Despesa de Vendas 3.700.000 -

Despesas Financeiras 500.000 -

Receita do Exercício - 36.800.000

TOTAL 67.200.000 67.200.000

Faça um novo Balancete de Verificação após os ajustes e, em seguida,


encerre as Contas de Resultado (Receita e Despesa), contabilizando o
resultado e estruturando a Demonstração do Resultado do Exercício e o
Balanço Patrimonial.

Confira a resolução do exercício no material online.

SÍNTESE
Como todas as áreas do conhecimento, a Contabilidade se desenvolveu
ao buscar responder as necessidades da sociedade e possui como objetivo

35
gerar informações para o controle e tomada de decisões. Pode-se imaginar,
num primeiro momento, que gerar informações a partir de dados obtidos no
âmbito de determinada empresa é um processo simples, porém, as
características dos mais variados usuários, aliadas aos diferentes propósitos
que a informação é direcionada, tornam a geração de informações um
processo delicado.

A presente aula objetivou explanar sobre a elaboração de


demonstrativos contábeis a partir do seu início, com lançamentos em
razonetes, apurando o resultado do exercício em uma conta transitória
denominada ARE para o zeramento das contas de resultado, elaboração do
balancete de verificação para conciliação a fim de verificar se os lançamentos
contábeis realizados no período estão corretos e estruturação da
Demonstração de Resultados e do Balanço Patrimonial.

A Demonstração do Resultado do Exercício tem como finalidade


demonstrar a formação do resultado do exercício (lucro ou prejuízo) através da
confrontação das receitas realizadas e as despesas incorridas no decorrer do
exercício social. Parte-se da receita de vendas da empresa para mostrar o
quanto sobrou após o encerramento do período, assim fornecendo ao
investidor o lucro obtido pela empresa analisada.

O balanço patrimonial é uma das demonstrações mais importantes


expressas pela contabilidade, sendo dividida em ativos e passivos circulantes e
não circulantes, como grupos de contas separados por ordem de liquidez para
o Ativo e por ordem de exigibilidade para o Passivo. Sua elaboração deve
seguir as normas e princípios vigentes para melhor auxiliar seus usuários.

A Contabilidade apresenta como limitações:

A retratação de informações passadas;

A não inclusão de informações não financeiras;

Para que um elemento seja reconhecido, ele precisa ser mensurável


monetariamente, não permitindo que a contabilidade apresente o valor de

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mercado da empresa, pois aspectos como ponto comercial, valor da marca,
imagem, carteira de clientes, entre outros intangíveis, são difíceis de serem
mensurados e normalmente não são registrados.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei no 6.404, de 15 de Dezembro de 1976 – Lei das
Sociedades por Ações. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 15
de abril de 2016.

CAMPOS, Mônica. Apuração do Resultado do Exercício. 2011.


Disponível em:
<http://contabilizandocomamonica.blogspot.com.br/2011/02/apuracao-do-
resultado-do-exercicio.html>. Acesso em: 16 de abril de 2016.

CFC. Conselho Federal de Contabilidade, 2011. Pronunciamento


Técnico Contábil - 2010. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-
content/uploads/2013/01/Pronumciamentos_tecnicos_2010.pdf>. Acesso em:
16 de abril de 2016.

CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis.


Disponível em:
http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2003.
pdf.

FAVERO, Hamilton Luiz; LONARDONI, Mário; SOUZA, Clóvis de;


TAKAKURA, Massakazu. Contabilidade: Teoria e Prática. 4 ed. São Paulo:
Atlas, 2006.

GITMAN, Lawrence; MADURA, Jeff. Administração Financeira: Uma


abordagem gerencial. Pearson Addison Wesley: São Paulo, 2003.

MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 8 ed. São Paulo: Atlas,


2006.

MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 14 ed. São Paulo:


Atlas, 2009.
37
QCONCURSOS. Questões de Concursos – Questões. ([20-]). Disponível
em: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-
concursos/questoes?modo=1&order=id+asc&page=9&per_page=5&product_id
=1&prova=27264&url_solr=master&user_id=0>. Acesso em: 16 de abril de
2016.

RENATO AULAS PARTICULARES. Projeção de DRE no Excel.


Disponível em:
<http://www.renatoaulasparticulares.com.br/proj_DRE.htm#texto_link_2>.
Acesso em: 16 de abril de 2016.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. 24 ed. São Paulo:


Saraiva, 2003.

38

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