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II ESTUDO DIRIGIDO- O QUE É O MUSEU?

1. COMO A NOÇÃO DE MUSEU EVOLUIU HISTORICAMENTE?

O museu, que tem suas origens etimológicas nos antigos templos ou lugares das
musas, possuía, a princípio, um duplo estereotipo, sendo tanto uma mistura de
conservatório de patrimônios, quanto escola de ciências e das humanidades. Ainda
quanto às origens da visão museológica que hoje temos, estão associados aos museus,
arquétipos antigos como, por exemplo, os túmulos ou templos. Estes lugares que eram
repositórios de riquezas intelectuais e de sacralização representaram as raízes do que
hoje conhecemos da estrutura museológica.
Uma importante organização que colaborou para que houvesse a evolução
gradativa da museologia a partir dos anos 40, foi o ICOM, que surgira
concomitantemente à UNESCO. Os grupos que se constituíram com a criação do
ICOM, passaram a partir das décadas de 1960 e 1970, a delimitar novas exigências
quanto à utilidade social dos museus e do patrimônio, por meio de conferências gerais e,
também, de diversas publicações de documentos resultantes de seus comitês
institucionais. Por exemplo, após a mesa-redonda da UNESCO de 1972, no Chile, onde
fora enfatizada a dimensão social dos museus, houve uma grande abertura para as
perspectivas de compromisso por parte da profissão que nunca mais foi desmentida.
A própria evolução das definições do que seria o museu, segundo o ICOM,
revela-nos bastante de seu caráter. Em julho de 1951, o termo museu passa a designar
qualquer estabelecimento permanente, administrado com o objetivo de conservar,
estudar, valorizar por diversos meios, e expor para o prazer educacional do público, um
conjunto de elementos de valor cultural. Passam a ser classificados como museus os
objetos artísticos, históricos, científicos e técnicos, além de jardins botânicos e
zoológicos. Além desses, as bibliotecas públicas e os centros de arquivos também
passam a ser assimilados aos museus.
A partir de 1974 o ICOM passou a definir os museus com um grau maior de
conformidade, em que o museu passa a ser uma instituição permanente, sem fins
lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, e que
faz pesquisas relacionadas aos testemunhos materiais do ser humano e de seu ambiente,
com base na aquisição, conservação, transmissão e exposição do acervo, com a
finalidade múltipla de estudo, educação e deleite. Após a consolidação da área voltada à
museologia, a Associação Britânica dos Museus passou a considerar que estes deveriam
tornar seus visitantes capazes de explorar as coleções para que houvesse sua inspiração,
saber e fruição. Em contrapartida, a AAM – American Association of Museums, atribui
o título de museu apenas à instituição que é “essencialmente educativa por natureza”, o
que faz parte da realizada norte-americana, já que por volta de 88% dos museus dos
EUA fornecem programas educativos em diversas áreas do saber.
Na França, a Lei nº2002-5, de 2002, define o Museu Frances como qualquer
coleção permanente composta por bens, cuja conservação e apresentação se revestem de
interesse público, estando ainda organizada com objetivo de proporcionar conhecimento
aos seus visitantes. O artigo 2º da lei citada trata das missões que são impostas aos
museus franceses: “conservar, restaurar, estudar e enriquecer suas coleções, tornando-as
acessíveis ao maior número de pessoas possível, concebendo ainda ações educativas e
de difusão, para que se possa assegurar o igual acesso de todos à cultura; contribuindo
para o progresso do conhecimento e da pesquisa, assim como para sua difusão”. Diante
das definições apresentadas por diferentes países e culturas, quanto às características e
objetivos inerentes à museologia, podemos observar uma constante evolução no que
tange ao modo com o qual são utilizados os museus, bem como sua importância para
que se possa manter preservada a cultura e autenticidade de uma determinada época,
povo ou pensamento.

2. COMO SE CONSTITUIRAM AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS MUSEUS?

A ligação existente entre os museus e, consequentemente, com a conservação,


foi determinante para que houvesse o crescimento das instituições museológicas. O
museu como ferramenta de saber, deleite e encantamento diante das obras expostas,
serve-nos como repositório de maravilhas, e requer obras fascinantes, obras primas
singulares, que servirão para a admiração do espectador. Os museus que começaram
com influências advindas dos antigos gabinetes de curiosidades, estes que eram
responsáveis por mostrar as maravilhas do mundo a seus visitantes, davam também
testemunho de referências compartilhadas entre várias civilizações.
Os museus destinados à exposição de coleções faziam alusão a uma iniciação
aos conhecimentos suscetíveis de serem ampliados cada vez mais. As aquisições e
exposições passam a ter por principal finalidade a pesquisa e enriquecimento de
informações quanto aos objetos adquiridos. Na tradição de se descrever as obras ou os
objetos em geral, a área de elaboração de catálogos culmina como objetivo-fim dos
pesquisadores.
Podemos observar que alguns museus se estabelecem tendo como norteadora de
suas atividades, áreas específicas do conhecimento e que fazem alusão à própria
identidade nacional de onde o museu está inserido. Como exemplo, vemos na França
em um momento onde os museus departamentais estavam começando a serem
fundados, durante o período da Revolução, que os catálogos elaborados correspondiam
a expectativas politicas e eruditas. A elaboração de tais obras parece indispensável ao
inventário patriótico das riquezas francesas, mas fazia parte do contexto democrático
pelo qual o país estava passando naquela época.

3. DE QUE MANEIRA AS EXPOSIÇÕES FORAM HISTORICAMENTE


TRANSFORMADAS?

A partir da segunda metade do século XIX, começam a ser cada vez mais
comuns as exposições temporárias, dedicadas em sua maioria ao reexame de mestres
antigos. Tais exposições tinham como objetivo principal, oferecer condições de
visibilidade e de estudo, facilitando a comparação, a síntese e a revisão de ideias e
saberes comuns. Hoje, apesar das exposições francesas por tradição tenham conservado
amplamente a conformidade com o procedimento monográfico, as exposições temáticas
não deixam de conhecer um grande desenvolvimento.
Observamos ainda que os museus têm cada vez mais investido em dispositivos
de interação para suas exposições, em especial os que trabalham com ciências, a partir
do “Entre guerras”, começando na Europa e chegando, posteriormente nos EUA. No
decorrer dos anos de 1940, vemos um grande avanço quanto às exposições e as diversas
formas de interação público-exposição, mas é só a partir de 1970 que este tipo de evento
tem uma significativa renovação, a exemplo, no Royal British Columbia Museum no
Canadá, que realiza uma grande mudança de escala em uma de suas exposições,
possibilitando aos visitantes que possam imergir, de fato, na obra. Nela é possível
interagir com os cenários dos trens, as experiências da guerra, à entrada de dispositivos
dos parques de atração dos museus, assim também como o uso de dispositivos teatrais e
do espetáculo ao vivo nas exposições.
Após a mudança gradativa que houve na constituição dos museus enquanto
depósitos para museus de exposição, levou a determinados estabelecimentos cuja
influência estava associada à qualidade, raridade ou à exaustividade de suas coleções,
passando os museus a adquirir notoriedade pelas suas manifestações temporárias que
eles organizam, permitindo atribuir-lhes originalidade.
As exposições, que antes apresentavam características de acordo com o museu
que a apresentava, hoje são capazes de apresentar exposições elaboradas em outros
museus e conferir um caráter mais emblemático a estas instituições.

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