Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1pedagogiadeprojetos Transgredindo A Linearidade
1pedagogiadeprojetos Transgredindo A Linearidade
Nos últimos anos, sob a influência dos avanços da ciência - da biologia e da psicologia no início
do século-, e das mudanças sociais causadas pela industrialização, urbanização acelerada e
pelas duas grandes guerras, a organização do ensino passou por um movimento educacional
renovador conhecido como Escola Nova. (Aranha, 1989)
Este movimento (final do século XIX na Europa e 1920 - mais fortemente na década de 30 no
Brasil) foi uma reação à educação tradicional alicerçada no silêncio e no imobilismo, no estudo de
conteúdos descontextualizados e no descompasso entre a escola e a vida, serviu como base para
propostas de ensino integrado, entre elas a Pedagogia de Projetos. (Santomé, 1998)
Quem abriu caminhos?
Pestalozzi e Fröebel - século XVIII - apontam a necessidade de uma educação voltada
para os interesses e necessidades infantis
Ferrière e Krupskaia e depois Makarenko- realizam experiências com projetos integrados
no início do século XX
Montessori e Decrolly - a partir de 1907 - defendem os temas lúdicos e o ensino ativo.
Maria Montessori aponta a necessidade da atividade livre e da estimulação sensório-
motora e Ovide Decrolly sugere a aprendizagem globalizadora em torno de centros de
interesse
Dewey e Kilpatrick - década de 20 - acentuam a preocupação de tornar o espaço escolar
um espaço vivo e aberto ao real. John Dewey, que esteve no Brasil valoriza a experiência e
considera que a educação tem função social e deve promover o sujeito de forma integrada,
principalmente valendo-se da arte
Freinet - década de 30 - propôs a valorização do trabalho e da atividade em grupo para
estimular a cooperação, a iniciativa e a participação
Paulo Freire - década de 60 - é destaque na educação brasileira com a introdução do
debate político e da realidade sóciocultural no processo escolar com a educação
libertadora e os chamados temas geradores. Suas idéias são mundialmente divulgadas
através de seus vários livros como Pedagogia do oprimido, Pedagogia da autonomia, entre
outros
Jurjo Santomé e Fernando Hernández - década de 90 em diante- propõem o currículo
integrado e os projetos de trabalho (na Espanha) com repercussões no Brasil
Antoni Zabala - década de 90 e século XXI - (Espanha) entende que a complexidade do
projeto educativo deve ser abordado por um enfoque globalizador no qual a
interdisciplinaridade está presente
Jolibert na França, Adelia Lerner e Ana Maria Kaufman, ambas na Argentina, também
divulgam estudos sobre propostas educativas globalizadoras
Miguel Arroyo, entre outros educadores brasileiros, defende a presença na escola dos
temas emergentes, de um currículo plural e aponta que
"Se temos como objetivo o desenvolvimento integral dos alunos numa realidade plural, é
necessário que passemos a considerar as questões e problemas enfrentados pelos homens e
mulheres de nosso tempo como objeto de conhecimento. O aprendizado e vivência das
diversidades de raça, gênero, classe, a relação com o meio ambiente, a vivência equilibrada da
afetividade e sexualidade, o respeito à diversidade cultural, entre outros, são temas cruciais com
que, hoje, todos nós nos deparamos e, como tal, não podem ser desconsiderados pela escola".
(Arroyo, 1994, p. 31).
São várias as modalidades de projetos educativos integrados, mas de um modo geral todas
envolvem atitudes interdisciplinares, planejamento conjunto, participação ativa e compartilhada
Pedagogia de Projeto Prof. Dorival Rosa Brito 1
entre professores e professoras e seus alunos e alunas, bem como aspectos da realidade
cotidiana de ambos. Dessa forma, todos são co-responsáveis pelo desenvolvimento do trabalho e,
principalmente, vislumbram a possibilidade de, cada um, expor sua singularidade e encontrar um
lugar para sua participação na aprendizagem.
A organização do trabalho escolar por projetos sugere o reconhecimento da flexibilização
organizativa, não mais linear e por disciplinas, mas em espiral, pela possibilidade de promover as
inter-relações entre as diferentes fontes e os desafios impostos pelo cotidiano, ou seja, articular
os pontos de vista disjuntos do saber, num ciclo ativo (Morin, 1981), aprendendo a utilizar fontes
de informação contrapostas ou complementares, e sabendo que ... "todo ponto de chegada
constitui em si um novo ponto de partida" (Hernández, 1998, p.48).
BIBLIOGRAFIA DE APOIO:
ARANHA, M. L.. História da educação. São Paulo: Moderna, 1989.
ARROYO, Miguel. Escola plural. Proposta pedagógica Rede Municipal de Educação de Belo
Horizonte. Belo Horizonte: SMED, 1994.
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto
Alegre: Artmed,1998.
HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre:
Artmed, 2000.
ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo
escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
PETRY KEHRWALD, Isabel. Ler e escrever em Artes Visuais. In: NEVES, Iara et al. (orgs.). 4ed.
Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2001.
SACRISTÁN, J. Gimeno. A educação obrigatória: seu sentido educativo e social. Porto Alegre:
Artmed, 2001.