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AULA 1

O real não existe, existe o que vemos dele.” A frase é da escritora e poetisa brasileira Clarice
Lispector.
A frase refere-se ao entendimento de que o “real”, ou a “realidade”, não existe como tal,
independente da pessoa que a define ou olha para ela. Nesse sentido, entende-se que não existe
uma realidade absoluta e que a mesma depende do ponto de vista e das perguntas que dirijamos a
ela. Enfim, que a realidade é uma construção de quem a formula.
O relativismo é uma teoria que afirma que algo é relativo, em oposição à ideia da existência de
uma verdade ou valor absoluto, categórico. Assim, sugere que as verdades (morais, religiosas, po-
líticas, científicas, etc.) variam conforme a época, o lugar, o grupo social e os indivíduos de cada
lugar.
Quando se fala de “relativo”, quer-se dizer que toda avaliação é relativa a, está relacionada com,
algum padrão, seja qual for, específico de um grupo social.
O relativismo é um ponto de vista oposto ao etnocentrismo, que leva em consideração apenas um
ponto de vista – o próprio – em detrimento dos demais.
No campo da Antropologia, o relativismo, como corrente teórica, comumente denominado de
“relativismo cultural”, preconiza que cada cultura tem seus próprios valores e costumes e que os
mesmos devem ser colocados em um patamar de igualdade e não avaliados de forma hierárquica.
Os principais conceitos analisados nesta primeira aula foram: realidade, ciência, verdade e senso
comum.
O ponto central na definição de todos eles é a necessidade de relativizar seus sentidos, isto é, de
não considerá-los absolutos nem universais, mas particulares e específicos. Essa particularidade é
construída a partir do ponto de vista do observador (cientista ou não), e, por sua vez, tal ponto de
vista também é produto e está inserido em uma cultura específica.
Sendo assim, importa ressaltar as seguintes afirmações:
Que a realidade não existe por si, mas é uma construção.
Que, como construção, a realidade não é absoluta, tal como discutimos na seção anterior, mas
depende do ponto de vista de quem a enxergue e, nesse movimento, a construa.
Que os modelos da ciência são maneiras particulares de construir a realidade dentro de um âmbito
de conhecimento específico.
Que essas diversas maneiras não são nem melhores nem piores umas das outras, mas apenas
diferentes.
Os principais conceitos analisados nesta primeira aula foram: realidade, ciência, verdade e senso
comum.
O ponto central na definição de todos eles é a necessidade de relativizar seus sentidos, isto é, de
não considerá-los absolutos nem universais, mas particulares e específicos. Essa particularidade é
construída a partir do ponto de vista do observador (cientista ou não), e, por sua vez, tal ponto de
vista também é produto e está inserido em uma cultura específica.
Sendo assim, importa ressaltar as seguintes afirmações:
Que a realidade não existe por si, mas é uma construção.
Que, como construção, a realidade não é absoluta, tal como discutimos na seção anterior, mas
depende do ponto de vista de quem a enxergue e, nesse movimento, a construa.
Que os modelos da ciência são maneiras particulares de construir a realidade dentro de um âmbito
de conhecimento específico.
Que essas diversas maneiras não são nem melhores nem piores umas das outras, mas apenas
diferentes.

AULA 2
Umas das principais diferenças entre os fatos estudados pelas Ciências Naturais e pelas Sociais é
que as primeiras estudariam “fatos simples”, e as segundas, fenômenos mais “complexos”.
Vejamos as consequências dessa distinção.
Os fatos simples estudados pelas Ciências Naturais se caracterizam por serem:
1. produtos de causas simples;
2. facilmente isoláveis;
3. constantes e recorrentes;
4. previsíveis.
Então, o objeto ou a matéria-prima das Ciências Naturais é o conjun- to de fatos que se repetem
com uma constância sistêmica, reproduzíveis dentro de condições de controle razoáveis.
Em contraste, as Ciências Sociais estudam fenômenos:
1. complexos;
2. de causalidades múltiplas;
3. não isoláveis;
4. inconstantes e imprevisíveis.
A matéria-prima das Ciências Sociais são justamente os atos humanos que constituem a vida
social. E nesses atos é muito difícil isolar causas e motivações exclusivas; elas são múltiplas e
complexas, quando não complicadas. Esses atos, por sua vez, dependem do ambiente e local
onde ocorrem. Certamente não tem o mesmo significado comer carne de vaca na Argentina, do
que na Índia.
Da diferença citada depreende-se outra diferença importante entre os fenômenos estudados pelas
Ciências Naturais e aqueles estudados pelas Ciências Sociais: enquanto os primeiros são
reproduzíveis sob certas condições, os segundos são irrepetíveis.
Os fatos estudados pelas Ciências Naturais e aqueles estudados pelas Ciências Sociais são de
naturezas diferentes, e também os métodos de cada uma delas. Assim, aquilo considerado válido
em um campo pode não sê-lo em outro. No caso, a seleção natural pode ser válida para explicar as
diferenças biológicas entre espécies, mas não para dar conta das diferenças sociais. Quando
usada para isto, pode derivar em teorias e práticas de controle demográfico, na classificação de
certos grupos como mais aptos do que outros, etc.
AULA 3
Em termos muito gerais, poderia se dizer que a Antropologia é o estudo do ser humano. No
entanto, a Antropologia como disciplina pode ser dividida em três ramos, conforme três esferas de
interesse distintas em relação ao estudo do ser humano.
Esses ramos são:
1. a Antropologia Biológica;
2. a Arqueologia;
3. a Etnologia ou Antropologia Social ou Cultural.

A Antropologia Biológica
Esse ramo da Antropologia se interessa pelo estudo do homem enquanto ser biológico, dotado de
um aparato físico e uma carga genética, com um percurso evolutivo definido e relações específicas
com outras ordens e espécies de seres vivos.
A Arqueologia
A Arqueologia, podemos dizer, interessa-se pelo estudo do ser humano, através do tempo. Isto é,
através de restos materiais, como os monumentos, restos de moradas, documentos, armas, obras
de arte, cerâmicas, instrumentos técnicos, o arqueólogo estuda e tenta reconstruir a vida dos seres
humanos em sociedades que deram lugar a outras no curso da História. O foco desse ramo não
são os objetos em si, mas quanto eles falam sobre as relações sociais entre os homens em uma
dada sociedade do passado.
A Etnologia ou Antropologia Social ou Cultural
A Etnologia ou Antropologia Social ou Cultural refere ao ramo da Antropologia que se interessa
pelo ser humano no plano cultural. E isso implica em duas dimensões de análise do ser humano,
articuladas entre si:
1. o homem enquanto produtor e transformador da natureza;
2. o homem enquanto membro de uma sociedade e de um dado sistema de valores.

O objeto de pesquisa da Antropologia se constitui, sobretudo, nos primeiros tempos de constituição


da disciplina pelo estudo dos povos chamados “exóticos” ou “primitivos”. O texto opera com uma
diferenciação entre “nós” (“nações mais cultas e humanas”) e “os outros” (“nações bárbaras e
desumanas”). As culturas de ambos os grupos são colocadas em ordem hierárquica em uma linha
de evolução, sendo as primeiras consideradas superiores às segundas.
Na abordagem do seu objeto, o método da disciplina foi mudando. Caracterizou-se prioritariamente
por três fases:
1. Antropologia de gabinete;
2. Antropologia de varanda;
3. observação participante.
A observação participante é a base do trabalho de campo na Antropologia Social até a atualidade.
A partir dele, operou a passagem do estudo dos “povos exóticos” ao estudo das “sociedades
complexas” e próximas ao pesquisador. Destacamos aqui duas características:
1. a heterogeneidade dentro de uma cultura;
2. a necessidade de estranhar o familiar. Enfim, destacamos a “etnografia” como sendo aquela
atividade de pesquisa e de escrita que os antropólogos desenvolvem no seu trabalho.

AULA 4
Como ponto central da Antropologia do Direito, é importante lembrar que esta se trata da área da
Antropologia Social que estuda os “fenômenos normativos”. Com isso, queremos dizer que ela
entende o direito não só como aquilo inscrito nos códigos formais e nas instituições estatais, mas
nas inúmeras e diversas formas de regulação das relações sociais, de estabelecimento de direitos
e deveres, e de administração de conflitos. Esse ponto leva os antropólogos dedicados ao estudo
do “direito” a atenderem a diversos níveis e dimensões das interações sociais, a fim de entenderem
como cada cultura ou grupo organiza e ordena a vida em sociedade. Entende-se, então, que o
conflito é uma dimensão inerente e inevitável da vida social. Nesse sentido, o conflito não é
compreendido como um desvio ou uma anomalia, mas como uma expressão normal das relações
sociais, para a qual são instituídas regras e meios institucionalizados de regulá-los. Para dar conta
desses aspectos, os estudos e pesquisas na Antropologia do Direito têm se desenvolvido em três
frentes ou especialidades: a Antropologia do Direito, a Antropologia Jurídica e o Direito
Comparado.

AULA 5
Chamamos a atenção para o trabalho de campo, que é uma experiência pessoal. Ela pode ser
mais ou menos bem-sucedida, a partir da confluência de diversos fatores: os procedimentos
adotados nas interações sociais, por parte do pesquisador, aliados a suas capacidades individuais
(facilidade para conversar, aprender línguas, ler e entender leis etc.), interligados com os contextos
e situações em que o trabalho é desenvolvido, além, é claro, das personalidades intrínsecas aos
sujeitos que o estudioso encontra durante sua pesquisa. Contudo, a validade do estudo realizado –
que se pode inferir, por um lado, quando os grupos estudados “se veem” e concordam em algum
grau com a interpretação veiculada pelo pesquisador – depende diretamente e em grande medida
da habilidade, disciplina e perspectiva do observador. Por outro lado, a noção de relevância social
dependerá tanto da possibilidade de renovação e aprofundamento teórico dos estudos realizados
como também de possíveis impactos provenientes da ampliação da compreensão acerca de como
determinados grupos pensam e agem, possibilitando o aprimoramento de formas de comunicação
dentro destes ou entre eles.
Do ponto de vista metodológico, portanto, essas são diferenças significativas. Embora o Direito no
Brasil seja classificado como parte das Ciências Sociais Aplicadas, parte significativa de seus
porta-vozes representa-no como um saber normativo que, ao ser aplicado sobre a sociedade,
independente da complexidade inerente às relações sociais, explica como as coisas devem ser. É
um saber, portanto, que espera gerar um “efeito” sobre comportamentos idealizados
normativamente. Já a Antropologia, como uma Ciência Humana por excelência, espera gerar um
conhecimento que possibilite captar as formas como as pessoas, dentro de um grupo, ou de
grupos diferentes, acionam determinadas lógicas e mecanismos em suas práticas cotidianas.
Portanto, é um conhecimento que busca compreender como as coisas são.
AULA 6
Na perspectiva do projeto de reforma do Código Penal, o aumento das penas para certos crimes
seria um meio de prevenção deles e, por- tanto, de proteção à sociedade. Na visão de alguns
autores, mencionada por Malinowski, o medo de um castigo mais severo faria com que as pessoas
obedecessem à proibição estabelecida na lei. Podemos pensar que, conforme a crítica realizada
por Malinowski, a lei não é obedecida simplesmente pelo medo do castigo, mas por outros motivos,
e que o aumento das penas não necessariamente seria eficiente e efetivo para a prevenção dos
crimes.
Para Malinowski, a lei civil pode ser definida como um sistema de prestações e contraprestações,
quer dizer, como direitos de uns e obrigações de outros. No “direito à laje”, verifica-se um Direito
não institucionalizado pelo Estado, mas sim pelos moradores e suas instituições locais. O
funcionamento está regulado por normas próprias que estabelecem concessões e títulos entre as
partes envolvidas e interessadas.
AULA 7
A hierarquia se evidencia na reivindicação por parte dos delegados para obter ou legitimar um
tratamento privilegiado em relação a outros atores do sistema e equiparado a outro estrato cuja
hierarquia já se encontra consolidada: o da magistratura. O caráter hierárquico se evidencia, nesse
exemplo, na forma de tratamento, no acesso a outros privilégios, como as vagas nas garagens, e
também no fato de os delegados não rei- vindicarem um tratamento igualitário (no espírito da
Constituição), mas diferenciado de outros escalões. No exemplo, encontra-se traçada uma
hierarquia que envolve o escrivão, o delegado e os magistrados.
Através da etnografia de Roberto Kant de Lima sobre as práticas do sistema judicial brasileiro, em
especial, da PCERJ, observamos:
• O paradoxo entre uma ordem constitucional igualitária e um sistema judicial hierarquizado.
• Um sistema judicial hierarquizado que atribui funções auxiliares à polícia, colocando-a em
uma posição inferior (e de suspeição) no sistema.
• O dilema da Polícia Civil entre cumprir a lei e abdicar de sua ética; ou seguir sua ética e
desobedecer a lei.

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