Análise Do Aumento Do Índice de Etano No Gás Natural e Seus Impactos

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ANÁLISE DO AUMENTO DO ÍNDICE DE ETANO

NO GÁS NATURAL E SEUS IMPACTOS


Magno Bernardo do Nascimento Silva
Técnico de Processos Tecnológicos
Bahiagás

Salvador, 24 de maio de 2023

Correalização: Realização:
ANÁLISE DO AUMENTO DO ÍNDICE DE ETANO NO GÁS NATURAL E SEUS IMPACTOS

INTRODUÇÃO AO TEMA

Gás Natural Composição Regulamentação


Variável que depende da No Brasil, a ANP
Importante fonte de
origem geológica e regulamenta a composição
energia e matéria prima
processo de produção e limites máximos

Etano Pré-sal Impactos


Em toda cadeia: upstream,
Presença em até 12% da Aumento do teor de Etano
midstream, downstream.
especificação limite do GN. nas especificações do GN
Na indústria e no varejo [...]

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COMPOSIÇÃO DO GÁS NATURAL


especificação

O gás natural é um combustível fóssil que possui


uma composição química variada, composta
principalmente por hidrocarbonetos leves, como o
metano, o etano e o propano.

A Resolução ANP nº 16/2008 apresenta a


composição do gás natural no Brasil.

Garantia que o GN distribuído no país atenda a


padrões de qualidade e segurança necessários
para o consumo nos distintos segmentos.

Embora o etano seja um componente presente no


gás natural, a Resolução estabelece um limite
máximo para esse composto.
Fonte: ANP, 2008.
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COMPOSIÇÃO DO GÁS NATURAL


variação

A composição do GN pode variar de acordo com


a origem geográfica e as condições de produção.

Composições típicas
de gás natural ( C2 )

Fonte: ANP, 2021 apud EPE, 2016 (adaptado)


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O GÁS NATURAL DO PRÉ-SAL Composição média teórica do gás seco


posição de alguns campos do Pré-sal – ETANO ( C2 )

19,3%
O GN do pré-sal brasileiro tem uma composição
diferenciada em relação ao convencional, e uma
das principais diferenças é a maior concentração 14,2%
de etano em sua composição. 13,0%

12,9% 12,8%

LULA

LAPA 13,0%

9,8%

13,3%

Fonte: Revista USP, 2012 Fonte: presalpetroleo, 2023 (CNI, 2019 – adaptado)
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Composições típicas de cargas de GNL


O GÁS NATURAL EM OUTROS PAÍSES

A presença de etano na composição do gás natural pode ser


uma vantagem ou desvantagem, dependendo das
necessidades da indústria local.
Países que possuem indústrias petroquímicas desenvolvidas,
podem se beneficiar da presença de etano, pois isso permite
que o etano seja separado e utilizado como matéria-prima
para a produção de plásticos, borrachas, solventes e outros
produtos químicos.
Por outro lado, em países que possuem principalmente
indústrias de energia, a presença de etano pode não ser tão
relevante.

Fonte: CNI, 2019


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O PROCESSAMENTO DE GÁS NATURAL


UPGN

Processo conhecido como fracionamento de GN, que é a As UPGNs (Unidades de Processamento de Gás Natural)
separação dos diferentes componentes por meio da liquefação separam os líquidos do gás natural, além de eventuais
e destilação fracionada. O processo é bastante complexo e impurezas e gases inertes, de tal modo que o gás processado
envolve várias etapas, incluindo a separação do etano e a obedeça à especificação brasileira para ser transportado e
purificação do gás natural. consumido. O teor dos líquidos remanescente no gás
processado depende da tecnologia utilizada na construção da
UPGN

Rendimento do processamento das UPGNs


em função da tecnologia adotada

Fonte: ANP, 2021 Fonte: CNI, 2019 7


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O PROCESSAMENTO DE GÁS NATURAL


Turbo-expansão

Dependendo da quantidade de etano que se deve retirar UPGNs com tecnologia de turbo-expansão
para atingir a especificação, é necessário investir em
UPGNs com turbo-expansão. Estas UPGNs apresentam
um custo de investimento mais elevado que pode ser
compensado pelo maior rendimento e pelo menor custo
operacional.

A única UPGN com turbo-expansão que atualmente


separa etano é a de Cabiúnas, que abastece a UNIB 4 da
Braskem, localizada em Duque de Caxias (RJ).

Outra opção para lidar com a presença excessiva de


etano no gás natural é a injeção do etano no subsolo. A
injeção pode ajudar a reduzir a presença excessiva de
etano na composição do gás natural e também pode
ajudar a aumentar a produtividade futura do poço de GN.

Fonte: CNI, 2019 8


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O ETANO

Separação do Etano nas UPGNs brasileiras


O etano é um hidrocarboneto simples que consiste em
dois átomos de carbono e seis átomos de hidrogênio.

A utilização do etano como matéria-prima na indústria


química tem uma grande importância econômica, pois é
uma alternativa mais barata e sustentável que a nafta ou
outras fontes de hidrocarbonetos mais complexos.

As plantas petroquímicas que consomem etano usam crackers a vapor


para produzir etileno, um precursor químico para a fabricação de
muitos plásticos e resinas.

Além da separação do etano de forma econômica seja a partir da


tecnologia de turbo-expansão, é necessário também que o volume de
etano que possa ser separado em cada localidade seja em
quantidades suficientes para ser comercializado.
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O ETANO E A NAFTA
Esquema simplificado da cadeia produtiva da petroquímica

A nafta e o etano são as principais matérias-primas


para produzir eteno. A escolha de uma ou outra
matéria-prima depende da disponibilidade (preço) e
do mercado de derivados: a partir do etano só se
produz eteno, enquanto a partir de nafta se produzem
outros como: propeno, butadieno e aromáticos.

O parque petroquímico brasileiro se desenvolveu a


partir da nafta, em função do baixo desenvolvimento
da indústria de gás natural nacional à época, que não
viabilizava uma oferta adequada de etano.

A capacidade brasileira de produção de eteno alcança


hoje 3,9 milhões de t/a, das quais cerca de 76% a
partir de nafta e 16% a partir de etano e propano.

Fonte: ANP, 2021


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IMPACTOS NEGATIVOS

A mudança da composição química do gás natural pode gerar impactos negativos que precisam ser avaliados:

• Aumento de emissão de gases de efeito estufa e o aumento de poluentes como CO2 e Nox;
• Impacto econômico, uma vez que o aproveitamento do etano como insumo na indústria química apresenta valor oito
vezes maior quando comparado diretamente ao seu aproveitamento como combustível;
• Necessidade de ajustes e adaptações dos equipamentos da indústria, como a de vidro, cerâmica e outras;
• Também nos aquecedores e fogões dos consumidores residenciais e comerciais.

Consumo de Etano (em mil toneladas)

Fonte: ANP, 2021 apud Braskem, 2020


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IMPACTOS POSITIVOS

• O volume de produção do pré-sal pode ser aumentado Rotas do pré-sal


com a exploração do etano presente no gás natural;
• Redução dos preços do produto, em uma lógica de
mercado de oferta, tornando-o mais competitivo em
relação a outras fontes de energia;
• Compensar a queda na produção de gás natural
proveniente do pós-sal.

Produção do Pré-
sal cresce

(+)
(-)

Produção
do Pós-sal reduz
Fonte: ANP, 2021
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CONCLUSÕES

A utilização do etano pode trazer benefícios para a indústria


petroquímica, permitindo a substituição da nafta como
matéria-prima para a produção de produtos químicos.
O aumento da produção de pré-sal pode ser uma fonte
promissora de etano, compensando as reduções de
produção do pós-sal.
Porém, há desafios a serem enfrentados em relação à
adaptação das unidades de processamento de gás natural
para o fracionamento do etano (principalmente o que
excede os 12%), bem como a falta de infraestrutura de
escoamento. Absorção Refrigerada possui menor CAPEX, porém estima-se
que tenha maior OPEX (~20%)
O Brasil conta com um parque de UPGNs com tecnologia de
turbo-expansão. O custo adicional de se investir em UPGNs Joule-Thompson + Refrigeração Simples possui CAPEX e
com turbo-expansão para atender a produção futura do Pré- OPEX (~10%) intermediários
sal deve considerar também os fatores de operação, como
demonstra a escolha tecnológica da UPGN em Itaboraí para Turboexpansão possui maior CAPEX, porém estima-se que
tenha menor OPEX (~5%)
receber o gás da Rota 3.

Fonte: EPE, 2018 13


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CONCLUSÕES

Aumentar a quantidade de etano pode levar a uma Outro ponto importante é que a queima de etano
redução da qualidade do gás natural, dificultando emite mais gases poluentes, o que pode
sua utilização em processos industriais que exigem comprometer as metas de redução de emissões de
alta pureza. gases de efeito estufa.

Pode haver problemas na infraestrutura de Também com o impacto na quantidade demasiada


transporte e distribuição do gás, que pode requerer de aparelhos à gás dos segmentos residenciais e
investimentos em novas tecnologias, incluindo as comerciais que deverão ser adaptados.
discussões mais recentes de mix de gases com o
Biometano e futuramente com o Hidrogênio.

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CONCLUSÕES

Quanto aos preços


O desafio para os produtores de gás localiza-se na
monetização do etano. O aproveitamento comercial do
etano na indústria química requer agregação de volumes
elevados para atingir a escala mínima de projetos
petroquímicos. A partir de 2018 os preços do etano em Mont Belvieu
começaram a se recuperar e passaram a se situar num
patamar superior ao gás natural no Henry Hub. Assim, a
competitividade do etano em relação ao GN melhorou nos
últimos tempos, o que representa uma redução das barreiras
comerciais à separação do etano.

Os preços do etano quase dobraram entre janeiro e junho de


2022, de US$ 5,65/MMBtu, para US$ 9,67/MMBtu, de acordo
com a Bloomberg Finance.
E para o GN, saiu de US$ 2,08/MMBtu, para US$ 2,59/MMBtu.
As previsões da EIA são pelo aumento das exportações de
etano e maximização da produção.

Fonte: EIA, 2023 15


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