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Feminismo Sufragista

(séc. XIX)
Feminismo Sufragista
(séc. XIX)
O movimento pelo sufrágio feminino é um movimento social, político e
econômico de reforma, com o objetivo de estender o sufrágio (o direito
de votar) às mulheres. Participam do sufrágio feminino mulheres ou
homens, denominados sufragistas.
A luta pelo voto feminino foi sempre o primeiro passo a ser
alcançado no horizonte das feministas da era pós-revolução
industrial. As "suffragettes" (em português, sufragistas),
primeiras ativistas do feminismo no século XIX, eram assim
conhecidas justamente por terem iniciado um movimento no
Reino Unido a favor da concessão, às mulheres, do direito ao
voto. O seu início deu-se em 1897, com a fundação da União
Nacional pelo Sufrágio Feminino por Millicent Fawcett (1847-
1929), uma educadora britânica.

O movimento das sufragistas, que inicialmente era pacífico,


questionava o fato de as mulheres do final daquele século serem
consideradas capazes de assumir postos de importância na
sociedade inglesa como, por exemplo, o corpo diretivo das
escolas e o trabalho de educadoras em geral, mas passaram a ser
vistas com desconfiança como possíveis e futuras eleitoras. As
leis do Reino Unido eram, afinal, aplicáveis às mulheres, mas
elas não eram consultadas ou convidadas a participar de seu
processo de elaboração.
Millicent Fawcett
(1847-1929)
• Millicent Fawcett foi uma importante líder do movimento sufragista e lutadora pelos
direitos das mulheres. Um dos principais motivos que levaram Millicent a participar
arduamente desta luta foi o fato de a irmã dela não conseguir emprego como médica.

• Ela foi líder da organização NUWSS (National Union of Women's Suffrage Societies /União
Nacional pelo Sufrágio Feminino ).

•Sempre se dedicou aos assuntos educacionais e ajudou a criar o Newham College, em


Cambridge. Além dessa, participou de muitas outras atividades para apoiar os direitos
educacionais e trabalhistas, tentando superar as leis que eram baseadas na moralidade
dualista para homens e mulheres.

• “Eu não posso dizer que me tornei uma sufragista”, ela escreveu uma vez. “Eu sempre fui uma, desde quando tinha
consciência o suficiente para pensar sobre os princípios do Governo Representativo”. (NUWSS typescript, n.d., Manchester
Central Library, M50/2/10/20).

• Ela se tornou reconhecida principalmente como uma importante oradora e conferencista – em assuntos políticos e
acadêmicos assim como em assuntos sobre as mulheres – na década de 1870, quando mulheres raramente se aventuravam
em plataformas públicas. Os críticos se desarmavam pela sua aparência e performace. (Rubinstein, 38–9) (Oxford DnB)
Ainda que obtendo um limitado sucesso em sua empreitada (a conversão de alguns membros do então embrionário
Partido Trabalhista Britânico para a causa dos direitos das mulheres é um exemplo), a maioria dos parlamentares
daquele país acreditavam, ainda respaldados nas ideias de filósofos britânicos como John Locke, e defendiam que as
mulheres eram incapazes de compreender o funcionamento do Parlamento Britânico e, por conseguinte, não podiam
tomar parte no processo eleitoral.

O movimento feminino ganhou, então, as ruas e


suas ativistas passaram a ser conhecidas pela
sociedade em geral pelo (à época, ofensivo)
epíteto de "sufragistas", sobretudo aquelas
vinculadas à União Social e Política das Mulheres
(Women´s Social and Political Union - WSPU),
movimento que pretendeu revelar o sexismo
institucional na sociedade britânica, fundado por
Emmeline Pankhurst (1858-1928).
Emmeline Pankhurst
(1858-1928)
Emmeline Goulden nasceu em 1858 em uma família com tradição política radical. Em 1879,
casou-se com Richard Pankhurst, um advogado e simpatizante do movimento do sufrágio
feminista. Ele é o autor de Married Women’s Property Acts de 1870 e 1882, que permitia que
a mulher mantivesse os ganhos ou bens adquiridos antes e depois do casamento. Richard
morreu em 1898, deixando Emmeline em choque.

Em outubro de 1903, ela ajudou a fundar Women’s Social and Political Union (WSPU) – uma
organização que ganhou muita notoriedade pelas suas atividades e cujos membros foram os
primeiros a serem chamados “suffragettes”. A filha de Emmeline, Christabel and Sylvia
também participaram desta causa.

Após ser detida repetidas vezes com base na lei "Cat and Mouse", por infrações triviais, inspirou membros do grupo a fazer
greves de fome. Ao serem alimentadas à força e ficarem doentes, chamaram a atenção da opinião pública pela brutalidade
do sistema legal na época e também divulgaram a sua causa. Ela foi uma militante que imprimiu um estilo mais enérgico ao
movimento, o qual culminou com situações de confronto entre sufragistas e policiais e, finalmente, com a morte de uma
manifestante, Emily Wilding Davison (1872-1913), que se atirou à frente do cavalo do rei da Inglaterra no célebre Derby de
1913, tornando-se a primeira mártir do movimento.
Movimento Feminista Britânico

https://www.youtube.com/watch?v=bdqLoYaO2es
- Movimentos causaram grande comoção em 1910.

- Apenas vieram a obter um parcial sucesso em 1918, quando


foi estabelecido o voto feminino no Reino Unido.

- Motivação foi o movimento das sufragistas na Primeira


Guerra Mundial (1914-1918), já que as sufragistas deixaram as
ruas e assumiram importante papel nos esforços de guerra.

- A lei britânica de 1918 deu forças às mulheres de diversos


outros países para que buscassem seus direitos ao voto.

-Acreditavam que, pelo voto, as mulheres seriam capazes de


solucionar problemas causados por leis injustas que lhes
vetavam o acesso ao trabalho e à propriedade, por exemplo.

-Habilitando-se ao sufrágio, as mulheres passariam a ser também elegíveis e assim, pensavam as feministas, poderiam concorrer de
igual para igual com os homens por cargos eletivos.
O voto feminino
no Brasil
Brasil
1810 - 1885 1851 - ? 1859 - 1935 1890 - 1972 1893 - 1980 1894 -1976

Nísia Floresta Josefina Leolinda Celina Gilka Bertha Lutz


• RIO GRANDE Álvares de Daltro Guimarães Machado
Viana • SÃO PAULO
DO NORTE Azevedo • BAHIA • RIO DE
• RIO DE • RIO GRANDE JANEIRO
JANEIRO DO NORTE
Nísia Floresta
(1810-1885)
- Nasceu em 1810 no Sítio Floresta, em Papari, no Rio Grande do Norte.
-Em 1948, a comunidade de Papari, em homenagem a sua filha mais ilustre, mudou seu nome para
Nísia Floresta.

Este volume faz parte da


Coleção Educadores, do
Ministério da Educação
do Brasil, e foi composto
nas fontes Garamond e
BellGothic, pela Entrelinhas,
para a Editora Massangana
da Fundação Joaquim
Nabuco e impresso no Brasil
em 2010.

APRESENTAR - http://www.nisiafloresta.rn.gov.br/?p=151 http://www.dominiopublico.gov.br/downl


oad/texto/me4711.pdf
CURIOSIDADE
 Começou sua vida literária em 1831, publicando em jornal Pesquisadora em literatura Maria Lúcia
de Pernambuco artigos defendendo o ideal republicano, Garcia Pallares-Burke (1996)
igualdade política dos sexos e liberdade aos escravos.
 Publica "Direitos das Mulheres e Injustiça dos homens“. -Diz que a publicação brasileira era na
 Considerado o livro fundador do feminismo brasileiro. verdade uma tradução do livro de Sophie,
 Denuncia o mito da superioridade do homem e reivindica pseudônimo de Mary Wortley Montagu
(1689-1762), que escreveu Woman not
que as mulheres também sejam consideradas seres
inferior to man, em 1739.
inteligentes, “dotadas de razão” e merecedoras de respeito. -Montagu, por sua vez, inspirou-se
 Afirma que a mulher é tão capaz quanto o homem de (chegando até a plagiar certos trechos) no
ocupar cargos de comando, como de general, almirante e livro De l´egalité des deux sexes, de François
ministro, ou de exercer a medicina, a magistratura e a Poulan de La Barre, publicado em 1673.
advocacia. - Plágio – prática comum no contexto
 Seu livro foi identificado como uma tradução livre literário do século XVIII.
do ”Vindication” de Mary Wollstonecraft
Independentemente da verdadeira autoria
do livro traduzido e publicado no Brasil, é
certo que as publicações de Nísia Floresta
"Por que [os homens] se interessam em nos separar das ciências a que contribuíram para que o nome de Mary
temos tanto direito como eles, senão pelo temor de que partilhemos Wollstonecraft fosse identificado com a
com eles, ou mesmo os excedamos na administração dos cargos defesa dos direitos das mulheres.
públicos, que quase sempre tão vergonhosamente desempenham?"

(Nísia Floresta Brasileira Augusta em ”Direitos das mulheres e


injustiça dos homens”, 1832).
 No Rio de Janeiro, os principais jornais da Corte anunciam a abertura de uma escola para meninas, chamada Colégio Augusto, que se
torna uma instituição conceituada.
 Um dos primeiros na capital do Império a ter em seu comando alguém de nacionalidade brasileira.
 Antes, somente estrangeiros possuíam instituições de ensino na cidade e, Nísia, ao colocar um anúncio na edição de 31 de janeiro de
1838 do “Jornal do Comércio” comunicando a inauguração daquele que viria a se tornar um dos mais bem conceituados colégios da Corte,
ela rompia seu primeiro paradigma na área da educação.
 A maioria das escolas enfatizava a “educação da agulha” ou a “educação de sala”, dando ênfase para as aulas de bordado, canto,
francês e piano.
 Colégio Augusto incluía em seu currículo o ensino do latim, italiano, francês, inglês, geografia, história, aritmética e língua pátria, até
então reservados apenas aos garotos.
 Também se destacou por condenar o uso
do espartilho e por incentivar a prática de
atividades físicas, uma novidade da medicina
higienista. Contrariava a tendência geral de
manter as jovens inativas e recolhidas.
 Foram muitas as críticas que o colégio de
Nísia Floresta recebeu, condenando
principalmente as disciplinas consideradas
“supérfluas” e “desnecessárias” à formação
das meninas.

Fachada Colégio Augusto


A professora de história Stella Maris
Documentário retrata história da fala sobre as viagens e relatos de
escritora e educadora Nísia Floresta Nísia Floresta

Mônica Teixeira conversa com Stella Maris Scatena Franco, professora do


Departamento de História da FFLCH/USP e autora do livro “Peregrinas de outrora:
https://www.youtube.com/watch?v=-fqz5fsFssE viajantes latino-americanas no século XIX”. No seu doutorado, Stella Maris estudou os
relatos de viagens de mulheres que visitaram os Estados Unidos e a Europa: a
brasileira Nísia Floresta, a cubana Gertrudis Gómez de Avellaneda e a argentina
Eduarda Mansilla de García.

https://www.youtube.com/watch?v=VbTeJwcuLLk
Josefina Álvares de Azevedo
(1851-?)

Poucos dados exatos e verídicos existem sobre a vida pessoal de


Josefina – porém, sabe-se o suficiente de seus escritos e vida
jornalística e literária para considerá-la uma importante figura na luta
sufragista de 1920. Tinha ligação com o famoso escritor romântico
Álvares de Azevedo: por algumas fontes, era irmã bastarda, por outras,
era prima.

Em 1888, fundou na cidade de São Paulo o jornal “A Família”, no qual a


ativista defendia a educação (o jornal era basicamente formado por
professoras). Com a proclamação da República, “A Família” tornou-se
um veículo de propaganda do direito ao voto feminino e Josefina
publicou uma série de artigos, nos quais afirmava que, sem o exercício
desse direito pelas mulheres, a igualdade prometida pelo novo regime
não passaria de uma utopia.

Jornal “A Família”
Além disso, escreveu uma importante comédia intitulada “O Voto
Feminino”, encenado apenas uma vez num dos teatros mais
populares do Rio de Janeiro na época. A peça enfatiza o ridículo
da resistência masculina em aceitar a participação feminina nas
questões políticas no Brasil. Também reuniu seus artigos e editou
a coletânea “A mulher moderna: trabalhos de propaganda”.
Apropriado como instrumento de “agitação e propaganda” na luta
pelos direitos políticos das mulheres, “O Voto Feminino” se impôs
como texto teatral emblemático do sufragismo à brasileira em sua
fase de gestação.
Enquanto isso...
Em 1910 Leolinda Daltro e outras feministas, entre elas a escritora Gilka Machado, fundaram, na então capital federal, o Partido Republicano
Feminino, cujo objetivo era “promover a cooperação entre as mulheres na defesa de causas que fomentassem o progresso do país”. Como não
poderia deixar de ser, o objetivo maior da agremiação era a luta pelo sufrágio feminino, uma vez que as mulheres não podiam votar e nem ser
votadas. Esse grupo de feministas adotou uma linguagem política de exposição pessoal diante de críticas da sociedade, realizando
manifestações públicas que não foram tratadas com indiferença pela imprensa e os leitores. O Partido Republicano Feminista teve o mérito
inegável de lançar, no debate público, o pleito das mulheres pela ampla cidadania.

Leolinda Daltro
(1859 -1935)

 Leolinda nasceu na Bahia e foi uma professora que, antes de se envolver mais
ativamente no movimento feminista de sua época, atuou como indigenista, defendendo o
direito de vida e da afirmação da cultura indígena.
 Era a favor da implantação de uma educação laica para os índios do Brasil.
 Traçou um ambicioso projeto de penetrar nos sertões e educar os índios às suas custas.
Encontrou obstáculos entre os donos das terras e os missionários católicos, mas seguiu sua
ambição em uma escala menor.
Seu projeto pedagógico foi inovador para a época e é muito admirado até os dias de
hoje.
 Em 1910, se envolveu no ativismo sufragista e criou o Partido Republicano Feminino, antes mesmo que as mulheres tivessem
direito ao voto.
 Em 1911, ela fundou a Escola de Artes e Profissões Orsina da Fonseca, voltada para a formação de mulheres.
 O jornal “Gazeta de Notícias” registra a tentativa de Leolinda e de colaboradoras de entregar ao Presidente da República um manifesto
em favor da entrada do Brasil na guerra. Assim como tantos associavam o direito ao sufrágio à defesa da pátria.
 Leolinda defendia as duas causas:
que as mulheres deviam votar e que
podiam colaborar com o esforço de
defesa.
Exemplo disso era o treinamento de
tiro que ela promovia às suas alunas e a
quem mais o desejasse. Fazia isso há
bastante tempo já, desde que sua
amiga, Orsina da Fonseca, mulher do
Presidente Hermes da Fonseca, a
apoiara.
Ora tratada com gentileza, ora
tratada com escárnio pela imprensa,
Leolinda polarizava opiniões.
 Em 2013, o estado do
Rio de Janeiro instituiu o
Diploma Mulher Cidadã
Leolinda de Figueiredo
Daltro, condecorando, a
cada ano, dez mulheres
de destaque na defesa
dos direitos e da
representação feminina.
Gilka Machado
(1893 - 1980)

Poetisa, sufragista e feminista carioca, pioneira na utilização do erotismo na poesia


feminista brasileira. Gilka lançou seu primeiro livro, “Cristais Partidos”, em 1915, época de
dolorosas e profundas repressões patriarcais. Como se não bastasse ousar escrever poesia
num cenário dominado pelo discurso masculino, essa mulher brilhante expôs sua carne e
sua identidade em seus poemas, combatendo ferozmente os ditames sexistas.

Além de lançar-se como pioneira na libertação poética da mulher, Gilka também foi
ativista política e social de grande importância. Em 1910, foi uma das idealizadoras, junto
com Leolinda Daltro, do Partido Republicano Feminino, que tinha como objetivo a luta pelo
sufrágio feminino, abrindo o caminho para discussões sobre os direitos das mulheres. No
mesmo ano, casou-se com o poeta e jornalista Rodolfo de Melo Machado – tornando-se
Gilka Machado – falecido 13 anos depois, com quem teve dois filhos. O rapaz, Hélio,
morreu em 1979, é o tema de seu último poema (“Meu menino”).

Poderia ter sido a primeira mulher a fazer parte da Academia Brasileira de Letras quando, após mudança do estatuto que
proibia o ingresso de mulheres, lhe teria sido possível candidatar-se, atendendo a convite que lhe foi dirigido por Jorge Amado e
apoiado por outros acadêmicos. Mas recusou o convite. Recebeu, contudo, da Academia Brasileira de Letras, em 1979, o prêmio
Machado de Assis, pela publicação do volume de suas Poesias Completas.

Clamando por liberdade, tanto político-social quanto existencial, nos seus escritos tem o toque sensível do feminino
acompanhado da força de quem luta, seja através do erotismo (que fora utilizado por ela como ferramenta para a alforria) ou da
exposição do que é ser mulher.
“Sonhei em ser útil à humanidade. Não
consegui, mas fiz versos. Estou convicta de
que a poesia é tão indispensável à
existência como a água, o ar, a luz, a
crença, o pão e o amor."

Desenho em lápis de cera de Amaury Menezes


(neto da escritora)
Situação de 1917
 Agitação social das greves operárias/ Movimento anarquista/ Fim da primeira guerra mundial/ Maior escolaridade de mulheres da elite /
Trouxeram à tona uma outra geração de feministas.
 Em 1920, surgiram vários grupos intitulados Ligas para o Progresso Feminino, embrião da poderosa Federação Brasileira pelo Progresso
Feminino.
 Fundada em 1922 e dirigida por Bertha Lutz, a Federação teve papel fundamental na conquista do sufrágio feminino e, por extensão, na luta
pelos direitos políticos da mulher.
 A Federação destacou-se também na organização feminista com maior inserção nas esferas de poder da época. Suas militantes escreveram
na imprensa, organizaram congressos, articularam com políticos, lançaram candidaturas, distribuíram panfletos em aviões, representaram o
Brasil no exterior.
Bertha Lutz
(1894-1976)
 Zoóloga de profissão, Bertha Maria Júlia Lutz é conhecida com uma das maiores líderes na luta pelos direitos
políticos das mulheres brasileiras. Ela se empenhou pela aprovação da legislação que outorgou o direito às mulheres
de votar e de serem votadas.
 Nascida em São Paulo, no dia 2 de agosto de 1894, filha da enfermeira inglesa Amy Fowler e do cientista e pioneiro
da Medicina Tropical Adolfo Lutz, Bertha foi educada na Europa, formou-se em Biologia pela Sorbonne e tomou
contato com a campanha sufragista inglesa.
 Antes de Bertha voltar da França em 1918 e iniciar a articulação de seu grupo feminista, a professora Leolinda
Daltro era a referência dos cariocas quando o assunto eram manifestações femininas.
 Quando voltou ao Brasil, ingressou por concurso público como bióloga no Museu Nacional, sendo a segunda
mulher a entrar no serviço público brasileiro.
 Ao lado de outras pioneiras, empenhou-se na luta pelo voto feminino e criou, em 1919, a Liga para a Emancipação
Intelectual da Mulher, que foi o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF).
 Em 1922, Bertha representou as brasileiras na Assembleia-Geral da Liga das Mulheres Eleitoras, nos Estados Unidos, sendo eleita vice-
presidente da Sociedade Pan-Americana.
 Sucessora de Leolinda Daltro, fundadora da primeira escola de enfermeiras do Brasil, Bertha Lutz organizou o primeiro congresso
feminista do país e, na Organização Internacional do Trabalho (OIT), discutiu problemas relacionados à proteção do trabalho da mulher.
 Também fundou a União Universitária Feminina, a Liga Eleitoral Independente, em 1932, e, no ano seguinte, a União Profissional Feminina
e a União das Funcionárias Públicas.
 Candidata, em 1933, pela Liga Eleitoral Independente, a uma vaga na Assembleia Nacional Constituinte de 1934, pelo Partido
Autonomista do Distrito Federal, Bertha não conseguiu eleger-se. Mas obteve a primeira suplência no pleito seguinte e acabou assumindo
o mandato de deputada na Câmara Federal em julho de 1936, devido à morte do titular, Cândido Pessoa.
Sua atuação parlamentar foi marcada por proposta de mudança na legislação
referente ao trabalho da mulher e do menor, visando, além de igualdade salarial, a
licença de três meses para a gestante e a redução da jornada de trabalho, então de
13 horas diárias.
Com o regime do Estado Novo implantado em 1937 e o fechamento das casas
legislativas, Bertha permaneceu ocupando importantes cargos públicos, entre os
quais a chefia do setor de Botânica do Museu Nacional, cargo no qual se aposentou
em 1964.
No ano de 1975, Ano Internacional da Mulher, estabelecido pela ONU, Bertha foi
convidada pelo governo brasileiro a integrar a delegação do país no primeiro
Congresso Internacional da Mulher, realizado na capital do México.
Foi seu último ato público em defesa da condição feminina. Bertha Lutz faleceu no
Rio de Janeiro em 16 de setembro de 1976, aos 84 anos.
Bertha Lutz e o feminismo no Brasil –
Bertha Lutz
documentário

https://www.youtube.com/watch?v=EuzDMFctUbo https://www.youtube.com/watch?v=LMFSK7p2ElQ
Celina Guimarães Viana
(1890 - 1972)
 No nordeste, a pioneira, professora Celina Guimarães Vianna, conseguiu seu registro para votar na década de 20. Ela é a
primeira eleitora do Brasil e da América Latina. Nascida no Rio Grande do Norte, Celina requereu sua inclusão no rol de
eleitores do município de Mossoró (RN) em novembro de 1927.

 Em uma época em que as escolas disciplinavam seus alunos com palmatórias –instrumentos
com os quais se castigavam batendo na palma da mão – há registros de que Celina as abolia e
usava outros mecanismos, inclusive o teatro para atrair a atenção de seus alunos. Junto com
Eliseu Viana, seu marido, professor e advogado, criou textos de peças, montou figurino e
realizou apresentações com fins de educar e entreter.

 Celina teria se engajado mesmo, muito mais na conscientização de outras mulheres para
que se interessassem em se alistar e a votar, depois da conquista do primeiro voto. Ainda no
final de 1927, ela elaborava e distribuía panfletos com texto em que pedia que as mulheres
tomassem a iniciativa de votar.

 Foi por causa do pioneirismo de Celina que ela e Bertha Lutz, uma das mais renomadas
lutadoras pelo direito do voto para mulheres da época, se conheceram. Bertha já em 1924
havia criado em São Paulo a Federação para o Progresso Feminino. As duas ficaram amigas,
trocaram correspondências, estimulando para que a luta pelo voto feminino fosse permanente
até a sua conquista em 1932.
 A conquista do voto feminino no Brasil completa, em 2016, 84 anos. Somente no dia 24 de fevereiro de 1932, após
intensa campanha nacional pelo direito das mulheres, é que foi publicado o primeiro Código Eleitoral do Brasil.

 A conquista tardou e, de certa forma, falhou. Fruto de uma


longa luta, iniciada antes mesmo da Proclamação da República, a
resolução do então presidente Getúlio Vargas dava o direito de
participar das votações somente para mulheres casadas
(com autorização dos maridos) e às viúvas e solteiras com
renda própria.

 As coisas mudaram só dois anos mais tarde, em 1934: as


restrições ao voto feminino foram eliminadas do Código
Eleitoral, embora a obrigatoriedade do voto fosse um “dever
masculino”.

 Enfim, no ano de 1946, uma nova alteração no código


também tornou obrigatória a votação pelas mulheres.
Resumindo a cronologia
da conquista do voto feminino
1893 - Nova Zelândia 1934 - Brasil

1903 - Austrália 1940 - Turquia , Canadá

1906 - Finlândia 1944 - França

1913 - Noruega 1945 – Japão

1915 - Dinamarca 1949 - China

1917 - Holanda e Rússia 1950- Índia

1918 - Alemanha, Áustria e Inglaterra 1953- México

1919 - Suécia e Polonia 1971 –Suíça

1920 - Estados Unidos 1980 – Iraque

1931 - Portugal e Epanha 1994 – África do Sul


A luta pelo Voto
feminino no Brasil Voto feminino no Brasil

APRESENTAR – https://www.youtube.com/watch?v=xkgru2L3EUk
https://www.youtube.com/watch?v=pO_IMruV-hU

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