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Professor Saulo Soares


1. SOBRE OS ANABATISTAS

Anabaptistas ("re-baptizadores", do grego "ana" e "baptizo"; em alemão: Wiedertäufer)


são cristãos da chamada "ala radical" da Reforma Protestante. São assim chamados porque os
convertidos eram batizados em idade adulta, até mesmo aqueles que já tivessem sido batizados
em criança, crendo que o verdadeiro batismo só tem valor quando as pessoas se convertem
conscientemente a Cristo.

1. 1. Origem. A Reforma Protestante do século XVI reacendeu os princípios bíblicos da


justificação pela fé e do sacerdócio universal, quando foram novamente colocados em foco.
Contudo, enquanto Lutero, Calvino e Zuínglio mantiveram o batismo infantil e a vinculação da
Igreja ao Estado, os anabatistas liderados por Georg Blaurock, Conrad Grebel e Félix Manz
ansiavam por uma reforma mais profunda.
Os anabatistas fundaram então sua primeira igreja no dia 21 de janeiro de 1525, próxima a
Zurique, na Suíça, de acordo com a doutrina e conduta cristãs pregadas no Novo Testamento e
testemunharam alegremente de sua nova vida em Cristo.
É difícil sistematizar as crenças anabatistas daquela época, porque qualquer grupo que não
era católico ou protestante e que batizava adultos, como os unitários socinianos ou semi-gnósticos
como Thomas Muentzer eram tidos como anabatistas. Esses grupos, junto com os Anabatistas
constituem a Reforma Radical.
Em "In nomine Dei", José Saramago retrata um conhecido episódio na história do
movimento anabaptista que teve lugar na cidade de Münster (no norte da Alemanha), onde entre
1532 e 1535 foi estabelecida uma teocracia nas linhas das orientações desta denominação. Ver a
Rebelião de Münster.

1. 2. Anabatistas hoje. Depois de serem massacrados na Guerra dos Camponeses, os


Anabatistas sobreviveram na sua forma pacifista, como a igreja Mennonita. Originalmente
concentrados no vale do rio Reno, desde a Suíça até a Holanda, os anabatistas conquistaram
adeptos de cultura germânica. Perseguidos pelo Estado e guerras, tiveram imigração em massa
para a Rússia e América do Norte. No final do século XIX e começo do XX surgiram colônias na
América do Sul (Paraguai, Argentina, Brasil, Bolívia), onde mantém suas culturas e fé.
Muitos Anabatistas conservadores vivem em comunidades rurais isoladas e desconfiam do
uso de tecnologia.
As principais denominações hoje Anabatistas são: os Mennonitas; Amish, famosos pelo
estilo de vida conservador; Hutteritas, que defendem um comunualismo, rejeitando propriedade
individual.
Os Anabatistas influenciaram ainda outras denominações religiosas, como os Quakers;
Batistas; Dunkers e outras denominações protestantes que afirmam a necessidade de uma adesão
voluntária à Igreja.

1. 3. Doutrina. As doutrinas enfatizadas pelos anabatistas são: A Bíblia, principalmente a


ética do Novo Testamento, devem ser obedecidas como a vontade de Deus, embora não
sistematizando sua teologia, mas aplicando-as no dia-a-dia. A interpretação da Bíblia é realizada

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nos cultos e reuniões da igreja. Essa posição de evitar querelas teológicas evitou divisões de
caráter doutrinários nas denominações anabatistas.
Credos e confissões são apenas documentos para demonstrar sua crença comum, mas não
requerem a adesão formal a eles. Aceitam em essência, os Credos históricos do Cristianismo, mas
não o professam.
A Igreja é uma comunidade voluntária formada de pessoas renascidas. A Igreja não é
subordinada a nenhuma autoridade humana, seja ela o Estado, ou hierarquia religiosa. Assim
evitam participar das atividades governamentais, jurar lealdade à nação, participar de guerras.
A Igreja não é uma instituição espiritual e invisível, mas uma coletividade humana e real,
marcada pela separação do mundo e do pecado e uma posição afirmativa em seguir os
mandamentos de Cristo.
A Igreja celebra o batismo adulto por infusão como símbolo de reconhecimento e
obediência a Cristo, e a Santa Ceia em memória da missão de Jesus Cristo.
A Igreja tem autoridade de disciplinar seus membros e até mesmo sua expulsão, a fim de
manter a pureza do indivíduo e da igreja.
Como pode ser notada, a teologia anabatista é massivamente eclesiológica, baseada na
vida comunitária e Igreja.
Quanto à salvação, os Anabatistas crêem no livre-arbítrio, o ser humano tem a capacidade
de se arrepender de seus pecados e Deus regenera, e ajuda-o a andar em uma vida de regeneração.
O que é único em sua na teologia, principalmente depois de Menno Simons, é a visão
sobre a natureza de Cristo, possui uma doutrina semi-nestoriana, crendo que Jesus Cristo foi
concebido miraculosamente pelo Espírito Santo no ventre de Maria, mas não herdou nenhuma
parte física dela. Maria seria, portanto, um instrumento usado por Deus, para cumprir o Seu
plano, mas não Theodokos (Mãe de Deus).
A essência do cristianismo consiste em uma adesão prática aos ensinamentos de Cristo.
A ética do amor rege todas as relações humanas.
Pacifismo: Cristianismo e violência são incompatíveis.

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2. SOU UM FUNDAMENTALISTA?

Você é um fundamentalista!” A acusação me foi dirigida quando ainda era um calouro da


universidade, recém-saído do serviço militar, em 1947. Da maneira como ela foi feita, com
tamanho desprezo, nenhuma explicação foi necessária para compreender que ser rotulado de
"fundamentalista" era um dos mais terríveis insultos no orgulhoso mundo acadêmico. Respondi
algo como: “Se ser fundamentalista significa aderir aos sólidos fundamentos da matemática, da
contabilidade, da química ou de qualquer outra ciência, então aceito alegremente o título”. E já
que a Bíblia é literalmente a Palavra de Deus e é inerrante (sem erros), a única escolha inteligente
é aceitá-la e permanecer fiel aos seus fundamentos". Essa resposta apenas aumentou a frustração
e a ira dos que debatiam acaloradamente comigo já por duas horas.
A ocasião foi o primeiro encontro da "Hora dos Críticos", uma novidade que havia sido
criada recentemente por alunos e professores da universidade para ridicularizar e desacreditar a
Bíblia. Entre os espectadores havia um bom número de crentes que eu conhecia do grupo cristão
do campus, mas nenhum deles disse uma palavra sequer. Fiquei sozinho naquele auditório, sendo
alvejado com argumentos de todos os lados, todos favoráveis à evolução e ao ateísmo. Sendo um
ingênuo jovem de 21 anos, fiquei chocado com a animosidade tão abertamente demonstrada
contra a Bíblia e contra o Deus da Bíblia.
Naquele ponto da minha vida, mal ouvira falar de Harry Emerson Fosdick, pastor da
Primeira Igreja Presbiteriana de Nova Iorque, uma pessoa-chave no liberalismo/modernismo
americano. Tampouco fazia idéia da crescente rejeição da infalibilidade da Bíblia entre muitas
pessoas que se chamavam cristã. O nome de J. Gresham Machen era-me completamente
desconhecido. Portanto, nada sabia acerca da batalha perdida que ele sustentara no Seminário de
Princeton, na década de 1920, contra as heresias que levaram aquela escola a tornar-se
completamente liberal e que alcançaram a maioria das igrejas presbiterianas.

2. 1. Cristianismo com "roupagem" moderna. Os servos mais eficientes de Satanás são


mestres em ambigüidades. Fosdick reivindicava honrar a doutrina, mas ao mesmo tempo advertia
sobre o "perigo de dar ênfase demais à doutrina..." Ele afirmou que "nada realmente
importa na religião, a não ser aquelas coisas que fomentam o bem individual e público... e o
progresso social” (1). Fosdick foi reconhecido naquele tempo pela maioria dos cristãos
verdadeiros como o incrédulo que realmente era. Mas, Norman Vincent Peale, não menos herege
que Fosdick, conseguiu achar aceitação virtualmente em toda parte, bem como seu famoso
discípulo Robert Schuller.
O modernista toma as últimas idéias do mundo secular e enganosamente as veste com
linguagem cristã. Ninguém tem feito isso com maior perfeição do que os atuais psicólogos
cristãos, que de algum modo tomam teorias anticristãs de inimigos declarados do Evangelho e as
"integram" à teologia. Peale foi o primeiro a fazer isso. Em 1937, ele fundou uma clínica "cristã"
de psiquiatria em sua igreja. A clínica tornou-se modelo para numerosas outras semelhantes, as
quais têm gerado fortunas para seus fundadores.
Machen foi exato ao demonstrar que a intimidação pela ciência e o desejo de obter
aceitação e respeito na comunidade acadêmica têm resultado em comprometimentos, que na
prática descaracterizam o Evangelho. Essa ânsia tem influenciado cada vez mais os seminários e

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faculdades cristãs. Machen acusou os liberais de "tentar remover do cristianismo todas as
coisas que não possam ser aceitas pela ciência" (2).
Muitos dos evangélicos de hoje em dia parecem pensar que os cientistas sabem mais sobre
o Universo do que o próprio Criador. Será que a Bíblia é frágil devido à ignorância de Deus? O
resultado é um comprometimento fatal para a verdadeira fé. Temos observado isso na aceitação
da evolução teísta por parte da revista "Christianity Today" (Cristianismo Hoje), dos "Promise
Keepers" (Guardadores de Promessas) e de muitos seminários e universidades cristãs, mesmo que
ela contradiga plenamente a Bíblia e subverta o Evangelho. O mesmo comprometimento ocorre
quando se questiona a narrativa bíblica do dilúvio.
Billy Graham, que há décadas abandonou sua posição fundamentalista, recentemente disse
não estar certo se o dilúvio de Noé foi realmente de âmbito mundial. O New Bible Commentary
da InterVarsity também afirma: "A narrativa (bíblica) não relata diretamente um dilúvio
universal..." A Bíblia, ao contrário, não deixa espaço para tais devaneios: “... tudo o que há na
terra perecerá" (Gn. 6. 17). “... e da superfície da terra exterminarei todos os seres que fiz"
(Gn. 7. 4). “... e os montes foram cobertos. Pereceu toda carne..., ficou somente Noé, e os que
com ele estavam na arca" (Gn. 7. 20-23).
As instruções de Deus para Noé, de que trouxesse um par de cada espécie para a arca, só
têm sentido se o dilúvio atingiu o mundo inteiro. Deus prometeu não voltar a destruir a terra por
água novamente (Gn. 9. 11), todavia tem havido muitas enchentes regionais desde aquele tempo.
A destruição futura do mundo, conforme Pedro, seria apenas um incêndio localizado, se o dilúvio
com que é comparado foi limitado (2 Ped. 3. 6-7). Finalmente, Jesus compara Seu futuro
julgamento da humanidade ao dilúvio (Mt. 24. 38-41).

2. 2. Um cristianismo sem inerrância. Temos que crer na Bíblia inteira. Isto é


fundamentalismo bíblico. Se Gênesis não é exato em cada detalhe, em qual parte da Bíblia
poderemos confiar, então? Se a Bíblia está errada quanto à origem do homem e seu pecado, como
poderemos confiar no que ela diz sobre a sua redenção e seu destino eterno? Na verdade a Bíblia
está absolutamente certa em tudo que declara.
Se as últimas descobertas da ciência concordam ou não com a Bíblia, isso não deve
inquietar ao fundamentalista. Como confiamos em Deus, não somos intimidados pelos homens.
Só um tolo trocaria a Palavra infalível de Deus pelas opiniões mutáveis e falíveis dos homens. Os
cientistas cometem erros e muitas vezes são condicionados por preconceitos. No seu livro Great
Feuds in Science, o historiador Hal Hellman documenta que até os maiores cientistas têm sido
"influenciados por orgulho, ambição, cobiça, inveja e até por evidente impulso de estar
certo” (3).
Tragicamente, diminui gradativamente o número de cristãos que ainda defendem a
inerrância bíblica e a sua suficiência, como Harold Lindsell documenta em The Battle for the
Bible. O Seminário Teológico Fuller é um exemplo citado por ele. Podemos dizer com certeza
que para as multidões envolvidas no atual movimento evangélico a inerrância raramente se
constitui num problema, pois tais pessoas se apóiam em experiências e emoções mais que em
doutrina. Para muitos atualmente, o amor por Jesus é um maravilhoso sentimento, divorciado
completamente da verdade que Jesus afirma ser. No livro The Bible in the Balance, Lindsell
confessa que "a palavra ‘evangélico’ tem se tornado tão desonrada que perdeu sua utilidade...

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Talvez seja melhor adotar a palavra ‘fundamentalista’, mesmo com todos os ataques
depreciativos que tem sofrido por parte dos seus críticos".

2. 3. Motivos de rejeição do fundamentalismo. O fundamentalismo tem sido


estigmatizado por duas razões: alguns cristãos fundamentalistas são fanáticos e afastam-se de
outros cristãos de uma forma insensata e anti-bíblica; e por causa do exemplo do
fundamentalismo muçulmano, que apregoa que todos precisam adotar as mesmas roupas e
costumes que Maomé adotou no século VII. Consagrados que são ao alvo islâmico de conquistar
o mundo pela força, esses muçulmanos fundamentalistas são responsáveis por muitos dos atuais
atos de terrorismo. Por conseqüência, também os cristãos fundamentalistas, cuja lei maior é o
amor, é freqüentemente retratado com estas mesmas cores de fanatismo.

2. 3. 1. Um cristianismo de popularidade. Todos que desejam confiar e obedecer à


Palavra de Cristo e que querem ser Seus verdadeiros discípulos (Jo. 8. 31-32), precisam estar
prontos a permanecer sozinhos, como Daniel e seus amigos. Com medo de serem diferentes,
muitos cristãos seguem a multidão. Famintos pelos louvores deste mundo, eles amam "mais a
glória dos homens, do que a glória de Deus" (J. 12. 43). C.H. Spurgeon ficou virtualmente
sozinho, abandonado mesmo pelos seus ex-alunos e amigos, quando foi censurado pela União
Batista Britânica, por sua indisposição em tolerar a apostasia dentro daquele grupo. A. W. Tozer
declarou, pouco antes de morrer: "por causa do que tenho pregado não sou bem recebido em
quase nenhuma igreja na América do Norte". Que acusação contra aqueles pastores e igrejas!
Cristo advertiu: "Ai de vós, quando todos vos louvarem! porque assim procederam
seus pais com os falsos profetas" (Lc. 6. 26). Ele afirmou que a verdadeira fé em Deus é
impossível quando nós aceitamos "glória uns dos outros", e, contudo, não procuramos "a
glória que vem do Deus único" (Jo. 5. 44). John Ashbrook escreve que o "novo
evangelicalismo está determinado a impressionar o mundo com seu intelectualismo. Ele tem
estado a buscar o respeito da comunidade acadêmica. Determinou ganhar glória nas fontes
do ensino secular”. Carl Henry observou que "em conseqüência da crescente atitude de
tolerância... a fé cristã foi embalada de forma a facilitar sua comercialização”.

O único inimigo do liberalismo é a firme adesão do fundamentalismo à autoridade e


suficiência das Escrituras. D. Martyn Lloyd-Jones lamenta o fato de que muitos evangélicos
mudaram de "pregar" para "compartilhar" a Palavra de Deus, o que sutilmente transfere a
autoridade da Palavra de Deus para a experiência e opinião humanas. (6) Tal comprometimento,
além de não ajudar o incrédulo a enxergar a luz; ainda o deixa mais cego. Essa tolerância
estimula a resistência dos homens em se submeterem à autoridade de Deus. O liberalismo,
inevitavelmente, endurece cada vez mais contra a verdade. Podemos ver isso atualmente em todo
o mundo.

2. 4. A tolerância quanto ao homossexualismo. A aceitação de homossexuais, em nome


da tolerância e do liberalismo, tem produzido uma intolerância cada vez maior contra qualquer
outro ponto de vista. O mundo inteiro, que por milhares de anos considerou o homossexualismo
como antinatural e vergonhoso, agora está sendo forçado a abandonar tal convicção. Os

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homossexuais, que reivindicavam tolerância, têm se mostrado totalmente intolerantes na medida
em que conquistam poder. Eles atacam com malícia, verbal e fisicamente, qualquer pessoa que
queira manter uma opinião independente. O mundo tem sido coagido a garantir privilégios
especiais aos homossexuais, apesar do estilo de vida "gay" ser cheio de práticas nocivas, levando
à proliferação de doenças que ameaçam a sociedade em geral e reduzem pela metade a
expectativa de vida das pessoas. A incurável AIDS, embora se propague em proporções
epidêmicas, afetando inocentes e sendo fatal para todos que a contraem, é tratada com um sigilo
perigoso e um status privilegiado, devido à sua penetração entre os homossexuais.

2. 5. A tolerância quanto ao evolucionismo. Vemos a mesma intolerância nos


evolucionistas que acusam os criacionistas de pensamento bitolado. A ciência deve promover a
liberdade de investigar e aceitar os fatos. Mas, em nome da ciência, a teoria da evolução é
ensinada às crianças nas escolas públicas como fato, enquanto as evidências contra ela são
omitidas e a alternativa bíblica e racional da criação de Deus não é admitida nem considerada.

2. 5. 1. A situação na Rússia. Numa recente viagem a Rússia, um dos principais


responsáveis pelo sistema educacional nos disse o seguinte: "Por setenta anos vimos os frutos
da imposição dogmática de apenas uma opinião aos alunos. Estamos cheios disso e ansiosos
para considerar as alternativas". O colapso do comunismo deixou um vácuo moral que a
Rússia está tentando preencher com os ensinos da Bíblia. Paradoxalmente, as escolas da Rússia
agora acolhem os mesmos ensinos morais e da criação que estão banidos das escolas americanas!
Não podemos saber quanto tempo isso vai durar. A Igreja Ortodoxa Russa, intolerante e
firmemente contrária ao Evangelho, está procurando retomar o monopólio da religião – e alguns
evangélicos americanos estão cooperando com esse sistema anticristão. Oremos pela Rússia.
O "cristianismo" foi introduzido em 988 d.C. no país que mais tarde se tornou a Rússia,
pelo príncipe Vladimir. Antes ele havia considerado o islamismo, já que suas vinte esposas não
causavam problema para aquela "fé". Mas como o islamismo proíbe o álcool, ele acabou
abraçando o "cristianismo" da Igreja Ortodoxa, onde o álcool corria livremente (muitos monges e
sacerdotes bebem intensamente) e onde a opulência dos rituais tem um apelo misterioso. Ele
decretou uma esposa como "oficial", mantendo as outras dezenove como concubinas, enquanto
usava o álcool livremente. Foi assim que a Rússia "converteu-se" ao "cristianismo". Em 1988, o
milésimo aniversário desse evento foi celebrado com pompa e ritual. Billy Graham esteve
presente para trazer suas congratulações. Na ocasião, ele disse: "Sinto-me profundamente
honrado em congratular-me com vocês nesta histórica e alegre ocasião em que se comemora
o milésimo aniversário do batismo da Rússia, proporcionado pelo batismo do príncipe
Vladimir, de Kiev...".
A Igreja Ortodoxa, assim como o catolicismo romano, é inimiga jurada do Evangelho. Ela
tem mantido o povo russo na escravidão e na superstição, ensinando-o a buscar nela a salvação,
beijando seus ícones, pagando por orações e sacramentos. Embora rejeite o purgatório do
catolicismo, ensina que, através de nossas orações, as almas podem ser resgatadas do inferno para
o céu.
Visitamos, nas proximidades de Moscou, o centro da Igreja Ortodoxa, com seu seminário
e muitas igrejas. Monges com quem falei explicaram que a morte de Cristo possibilitou a nossa

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entrada no céu, desde que fôssemos batizados, participássemos dos sacramentos e "vivêssemos o
Evangelho". Para eles, a porta que Cristo abriu está no cume duma alta escada que precisamos
subir pelos nossos próprios esforços, obedecendo à Igreja e auxiliados por ela.
Fui um dos preletores numa conferência em Moscou que atraiu pastores e membros de
igrejas de toda a Rússia. Havia uma indisfarçável expectativa de que a Palavra de Deus fosse
ensinada. Eu expus abertamente os ensinos e práticas não-bíblicas da Igreja Ortodoxa Russa que
(como a Igreja Católica no Ocidente) perseguiu e assassinou multidões de verdadeiros cristãos. A
Igreja Ortodoxa, que estabeleceu parceria tanto com os czares como com os comunistas que os
sucederam, pressionou o presidente Yeltsin a favor da nova lei que suprime a liberdade religiosa
(essa lei está sendo atualmente implementada em pequenas cidades fora de Moscou). Centenas de
fitas de vídeo e de áudio de nossa conferência estão sendo distribuídas por toda a Rússia. Oremos
para que dêem frutos!

2. 6. Fundamentalismo é não negociar o inegociável. Como avisamos aos irmãos e


irmãs da Rússia, o verdadeiro "crer no Senhor Jesus Cristo" para a salvação tem que ser uma
profunda convicção e não apenas uma mera preferência. E esta corajosa convicção certamente
será seguida de grande oposição e terrível violência da parte de Satanás e da carne. Lembrando
que a eternidade nos espera em breve, jamais devemos trocar o eterno "muito bem, servo bom" de
Deus pela aprovação dos homens nesta vida tão curta. A plenitude de vida, tanto agora como por
toda a eternidade, tanto para nós mesmos como para as pessoas a quem temos a oportunidade e a
responsabilidade de influenciar, depende desta verdade inegociável. (TBC 8/98 – publicado
anteriormente em português no Jornal Fundamentalista – União Bíblica Fundamentalista –
Cx. Postal 567 – 60001-970 FORTALEZA CE. [Por Dave Hunt]).

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3. O JEJUM: UMA DISCIPLINA ALIADA À ORAÇÃO
O jejum é uma prática presente em diversas religiões durante todos os tempos da história
da humanidade, prática que foi exercida por Jesus que, ao contrário de falsos mestres de nossos
dias, recomendou-a, sim, para a Sua Igreja.
Texto áureo: “Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de
não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em
secreto, te recompensará”. (Mt. 6: 17-18)

Introdução
Entendemos, ante a falta de uma lição específica, complementar o estudo do trimestre
letivo a respeito das disciplinas da vida cristã, com uma análise da prática do jejum.
O jejum, desde as mais remotas épocas, sempre foi uma prática presente na vida religiosa
da humanidade. No entanto, este fato não nos autoriza, em absoluto, a dizer que o jejum não deva
ser praticado pelos cristãos. Muito pelo contrário, a Bíblia e, em especial, o próprio Jesus ensina a
Sua Igreja que devemos jejuar e que, até mesmo, em certas ocasiões, o jejum é necessário para a
vitória do crente.

3. 1. O que é jejum
O jejum é a abstenção total ou parcial de alimentação com a finalidade de aprimoramento
do exercício da oração e da meditação. É uma prática encontrada nas mais antigas religiões da
humanidade, em todos os lugares e nos mais variados estágios da civilização. Assim, tanto foram
encontrados sacerdotes de tribos nos mais distantes continentes que jejuavam para ter maior
contacto com as divindades ou os espíritos dos antepassados, como também, como o jejum tem
sido prática regular em todas as grandes religiões da atualidade (islâmicos, hinduístas, budistas,
judeus e, por fim, os próprios cristãos).
Por trás do jejum, existe a crença (que é válida) de que a mortificação do corpo, o
sacrifício faz com que o homem se aproxime mais da divindade, porquanto revela seu desapego
aos prazeres e às coisas materiais mais importantes, que são as referentes à sobrevivência, com o
intuito de melhor perceber a vontade de Deus e de melhor agradá-lO. Verdade é que não
podemos entender o jejum, como muitos que assim fazem nas outras religiões, como um
necessário desprendimento do corpo, como se o corpo fosse um mal em si e, portanto, um
obstáculo para que tenhamos uma vida espiritual.
Esta idéia, não corresponde ao ensino bíblico a respeito do assunto, pois Deus fez o
homem corpo, alma e espírito (Gn. 2: 7; I Tss. 5: 23) e a Bíblia infirma que tudo quanto Deus fez
foi por Ele considerado bom (Gn. 1: 31), o que inclui o nosso corpo.
OBS: “… Dentro de certas escolas filosóficas greco-romanas e fraternidades
religiosas, jejuar, como um aspecto de ascese, foi aproximado à convicção de que a
humanidade tinha experimentado um estado primordial de perfeição que foi perdida por
uma transgressão original. Por várias práticas ascéticas como jejuar, praticar a pobreza
voluntária e a penitência, o indivíduo poderia ser restabelecido a um estado onde a
comunicação e a união com o divino foram tornadas possíveis novamente.
Conseqüentemente, em várias tradições religiosas, um retorno a um estado primordial de
inocência ou felicidade ativou várias práticas de ascese julgadas necessárias ou vantajosas,

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provocando tal retorno. Para tal se agrupa a suposição subjacente básica de que aquele
jejum era, de algum modo, propício para iniciar ou manter contato com Deus. Em alguns
grupos religiosos (por exemplo, Judaísmo, Cristianismo e Islã) jejuar, gradualmente, se
tornou um modo de expressar devoção e adoração a um ser divino específico.
Além da suposição subjacente básica de que jejuar é uma preparação essencial para
revelação divina ou para algum tipo de comunhão com o espiritual ou o sobrenatural,
algumas culturas acreditam que o jejum é um prelúdio em tempos importantes na vida de
uma pessoa. Purifica ou prepara a pessoa (ou grupo) para maior receptividade em
comunhão com o espiritual”. (Maria Clara Lucchetti BINGEMER. Jejum e fome zero:
elementos quaresmais).
É por isso que a Bíblia não considera o jejum como uma penitência ou um sacrifício
necessário para o desenvolvimento espiritual, pois devemos também ter o nosso corpo envolvido
no anúncio da salvação, tanto que Deus o tornou templo do Espírito Santo (I Co. 6: 19). O jejum
é uma prática recomendada, mas é um método para reforço da oração, não algo que possa trazer
algum mérito ou que demonstre haver algum merecimento na vida de algum homem, pois tudo o
que recebemos de Deus é fruto da Sua imensa misericórdia e graça (Lm. 3: 22). Este errôneo
conceito de jejum próprio dos gentios, foi o motivo da reprovação da prática farisaica, como
vemos no sermão do monte (Mt. 6: 16). Assim, ao contrário do que argumentam alguns falsos
mestres nos nossos dias, Jesus não reprovou o jejum, mas, sim, este errado conceito de jejum.
OBS:  A idéia do jejum como penitência está difundida em muitos credos religiosos. Entre
os muçulmanos, o jejum, ao lado de ser uma forma de agradecimento a Deus pela revelação do
Alcorão durante o mês de Ramadã, que é um dos pilares da fé islâmica,  também é prescrito como
penalidade em virtude de algumas faltas. Assim, por exemplo, um muçulmano que mata outro
acidentalmente e não tem condições de pagar uma indenização à família da vítima, devem jejuar
dois meses consecutivos como pena (Alcorão, 4: 92). Entre os católicos romanos, também, o
jejum é considerado uma prática obrigatória durante o tempo de penitência (cânon 1249 do
Código Canônico). O Catecismo da Igreja Romana afirma que uma das formas de penitência é o
jejum (artigo 1434), que corresponderia à penitência interior consigo mesmo, baseando-se, para
tanto, no escrito do livro apócrifo de Tobias que diz: “… vale mais a oração com jejum  e a
esmola com justiça do que a riqueza adquirida com a injustiça…" (mais uma vez vemos um
livro apócrifo dar base a um pensamento da doutrina romanista). Ainda recentemente o Papa João
Paulo II reforçou este entendimento romanista a respeito do jejum ao afirmar que o jejum é “…
prática penitencial que exige um esforço espiritual mais profundo, isto é, a conversão do
coração com a firme decisão de se afastar do mal e do pecado, para se predispor melhor à
realização da vontade de Deus. Com o jejum físico, e ainda mais interior, o cristão prepara-
se assim para seguir Cristo e ser sua fiel testemunha em qualquer circunstância. Além
disso, o jejum ajuda a compreender melhor as dificuldades e os sofrimentos de tantos
irmãos nossos, oprimidos pela fome, pela miséria e pela guerra. Ele estimula também a um
movimento concreto de solidariedade e de partilha com quem se encontra em necessidade".
(Ângelus de 2 de março de 2003).
Quando falamos em jejum, há aqueles que entendem que o jejum é a abstinência completa
de todo e qualquer alimento, tanto água quanto os demais alimentos, não aceitando a idéia de que
possa existir um jejum parcial. Entretanto, devemos compreender o jejum como uma abstinência

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total ou parcial de alimentação. O jejum envolve uma abstinência, uma privação, que pode não
ser completa. Um exemplo bíblico de jejum parcial encontramos em Dn.10:3, onde o profeta
afirma que não comeu manjar desejável, num exemplo de que a abstinência não era total. Desta
forma, não temos respaldo bíblico para afirmar que todo e qualquer jejum somente é válido se for
total.
OBS: Atualmente, não há mais, entre os católicos romanos, uma definição do que seja o
jejum, mas, no Código Canônico anterior, datado de 1917 e que vigorou na Igreja Romana até
1983, o jejum era considerado como uma abstinência em que, no mínimo, não se deveria tomar
mais do que uma refeição completa, permitida a ingestão de outro alimento outras duas vezes ao
dia, regra que, embora não conste mais do Código Canônico, ainda tem sido considerada como
válida entre os católicos romanos. No Brasil, entretanto, a Igreja Romana não tem incentivado
esta prática (com exceção talvez dos carismáticos), tanto que o jejum semanal prescrito para as
sextas-feiras foi substituído pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pela prática
de obras de caridade e exercícios de piedade.
Existem algumas dúvidas relativas ao jejum, que seria aqui oportuno discutir, a saber:
a) O jejum deve envolver, também, a abstinência de relações sexuais? No sentido estrito,
o jejum é a abstinência de alimentos, ou seja, de comida e/ou de bebida. Desta forma, como o
sexo não é um alimento, não estaria envolvida na idéia de jejum tal abstinência. No entanto, é
inegável que a prática do sexo é algo que está relacionado com a satisfação do corpo e, em
virtude disto, logo se associou a idéia de jejum à abstinência também de sexo, uma associação
que não se entende seja desarrazoada, mas que não se afigura como um mandamento (entre os
muçulmanos, o jejum envolve a abstinência sexual). Numa ocasião, pelo menos, a Bíblia registra
que a consagração para a presença de Deus envolveu a abstinência sexual, como se vê na entrega
dos dez mandamentos ao povo de Israel (Êx. 19: 15), embora não esteja explicitado que tal
abstinência estivesse acompanhada de um jejum. A Bíblia ensina-nos, entretanto, que, para que
haja a abstinência sexual, é necessário que haja mútuo consentimento entre marido e mulher, sem
o que não se terá como regular tal abstinência (I Co. 7: 10). Desta forma, o jejum não envolve,
necessariamente, a abstinência de relações sexuais, mas não é errado incluí-la no sacrifício, desde
que isto se faça através de consentimento mútuo de marido e mulher.
b) O jejum envolve a abstinência de ingestão de remédios e de medicamentos?  Outra
dúvida freqüente é se o jejum impede a pessoa de ingerir remédios e medicamentos durante o
período da abstinência. Entre os católicos romanos, o jejum prescrito para uma hora antes da
participação na comunhão expressamente exclui a água e o remédio (cânon 919 do Código
Canônico). Entendemos que o remédio não é alimento e, portanto, sua ingestão não quebra o
jejum, até porque se pode fazer um jejum parcial, como veremos. Entretanto, há remédios que,
para serem ingeridos, exigem a ingestão de algum tipo de alimento, o que impediria, pelo menos,
um jejum total. Esta situação demonstra que pessoas enfermas devem evitar a prática do jejum até
o seu pronto restabelecimento, havendo outras formas de agradar a Deus e de buscá-lO mais
intensamente, como falamos.
c) O jejum é quebrado pela participação na mesa do Senhor? Outra discussão que surge é
se a pessoa que está jejuando quebra o jejum se participar da mesa do Senhor. A ingestão do pão
e do vinho, na Ceia, faz quebrar o jejum? Muito se tem discutido sobre este assunto, mas
entendemos que a melhor opinião é a defendida, entre outros, pelo pastor e escritor Severino

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Professor Saulo Soares
Pedro da Silva, segundo a qual, como o pão e o vinho não têm o escopo de alimentar o corpo e,
sim, são símbolos de um alimento espiritual, a participação da mesa do Senhor não tem o condão
de quebrar um jejum que esteja sendo levado a efeito por um servo do Senhor. Jamais um crente,
a pretexto de um jejum, deverá deixar de participar do corpo de Cristo, pois a participação na ceia
é um mandamento do Senhor e obedecer é melhor do que sacrificar. No entanto, se a consciência
do crente não aceita que ele possa manter o jejum participando da ceia, que o entregue antes da
participação, como, aliás, sabiamente, em todas as ceias, costuma proceder, na igreja que preside
o presidente do Conselho Regional Sudeste da CGADB, pastor Raimundo Soares de Lima
(Indaiatuba/SP), que sempre entrega, coletivamente, o jejum dos crentes presentes no culto da
Ceia do Senhor, antes do início da participação.
d) Devem-se praticar os atos de higiene pessoal enquanto se jejua? Muitos têm dúvida se,
durante o jejum, podem praticar atos de higiene e cuidado pessoais, como tomar banho, escovar
os dentes, vestir-se bem ou algo similar. Entre os judeus, havia aqueles que entendiam que,
durante o jejum, não se devia tomar banho. Foi a partir deste ensinamento que surgiu o jejum
farisaico, em que a pessoa fazia questão de mostrar aos outros que estava jejuando. Deste modo,
como isto foi duramente criticado pelo Senhor no sermão do monte, torna-se evidente que não só
pode, mas que o crente deve praticar estes atos de higiene durante o jejum, até para não
demonstrar que está jejuando. Estas práticas estão inclusas na expressão bíblica "unge a tua
cabeça e lava o teu rosto" (Mt. 6: 17).
e) Considera-se de jejum o período de abstinência durante o sono? Há muitas pessoas que,
para jejuar, buscam o período do sono, ou seja, alimentam-se bem e vão dormir, procurando
acordar mais tarde no outro dia, exatamente para que não "sejam tentados a quebrar o jejum".
Esta prática não deve ser seguida pelos crentes. O jejum é a abstinência de alimentos, ou seja, é
deixar de se alimentar em período em que normalmente haveria a alimentação. O período de sono
não é um período em que nos alimentemos normalmente e, portanto, esta falta de alimentação
não pode ser considerada como jejum.
f) Quanto tempo deve durar o jejum? Muito se indaga sobre o período de duração do
jejum, como se o tempo do jejum fosse torná-lo melhor ou não, ou que Deus exigiria um tempo
mínimo de jejum. De qualquer maneira, o importante é que haja o propósito por parte do jejuador
e uma sinceridade capaz de sensibilizar o coração de Deus. Cada pessoa deve saber da sua
estrutura e, com base nisto, calcular o tempo de jejum. Um jejum total não pode ser muito
duradouro, pois os casos constantes da Bíblia de prolongados jejuns completos (Moisés - Êx. 24:
18, 31: 18; 34: 28, Elias - I Rs.19: 8 e Jesus - Mt. 4: 2) são casos especiais, relacionados com a
missão específica e singular destes dois homens de Deus e do próprio Senhor Jesus, razão pela
qual não podem nem devem ser copiados pelos crentes. O jejum feito acima das condições físicas
somente tratará problemas de saúde física e mental ao jejuador, sendo motivo de escândalo e não
de glorificação do nome do Senhor e não devemos dar motivo de escândalo (I Co. 10: 32; Mt. 18:
7).
g) Pode-se jejuar enquanto se faz uma dieta? Há muitas pessoas que, por estarem fazendo
uma dieta alimentar, estética ou médica, querem aproveitar-se da ocasião para jejuar. Seria isto
possível? Em primeiro lugar, devemos lembrar de que o jejum não se confunde com a simples
dieta alimentar. Já há grupos religiosos que estipulam jejuns como verdadeiras dietas, tendo um
cardápio de abstinência assim como as receitas de dieta que cada vez mais proliferam no mundo.

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Professor Saulo Soares
Em segundo lugar, se estamos diante de uma dieta médica, não se terá jejum, pois o jejum é uma
privação de algo que se pode consumir e a pessoa estará sendo privada de alimentação por
questões de saúde e não estará deixando de se alimentar de coisa alguma, o que prova não se
tratar de jejum algum. Se a dieta for estética, teremos uma atitude puramente motivada para
aspectos de beleza e de bem-estar corporal, atitudes que são incompatíveis com os propósitos que
devem ser levados a efeito pelo jejum. Portanto, concluímos que uma dieta não pode ser
"aproveitada" como jejum.
O conceito de jejum, ademais, não envolve apenas a idéia de privação alimentar. O jejum,
também, é caracterizado pela existência de um propósito, de uma finalidade precisa e clara. É
exatamente este o ponto em que Jesus discordava dos jejuns praticados pelos fariseus, que eram
práticas rituais, formais, meras ostentações, sem qualquer propósito senão o da auto-glorificação
e da auto-exaltação. Devemos jejuar sempre que temos um motivo, um propósito, um objetivo
definido e estabelecido. Sem que haja este propósito, o jejum será tão somente uma privação
alimentar, uma dieta. Daí porque não podermos concordar com a definição de jejum que teria
sido supostamente anunciada numa "aparição" na cidade sérvia de Medjugorje, segundo a
qual “jejum é refrear a nossa gula e disciplinar o nosso comer" (apud O jejum).
É a existência deste propósito e desta finalidade que difere o jejum de uma simples
privação alimentar. Jejuar é muito mais do que simplesmente passar fome e sede e é neste
particular que muitos têm fracassado: buscam no jejum uma ostentação, uma auto-glorificação e
o que conseguem, com isso, além da reprovação divina, é tão somente instantes de privação
alimentar, uma dieta que, às vezes, nem benefícios trazem para a saúde física do que jejua.
OBS: A preocupação com a saúde física do que jejua, aliás, é algo que sempre norteou a
prática do jejum nas religiões ao longo da história da humanidade e que, aliás, tem faltado no
meio evangélico. Com efeito, já os rabinos judeus diziam que o jejum, como todos os preceitos
bíblicos, foi dado como "Torat Chaim”, ou seja, como ensinamentos pertinentes à vida e que os
homens devem viver e não morrer por eles. Daí porque os enfermos e as crianças eram isentos
desta obrigação, que também não poderia colocar em risco a vida do jejuador. O Código
Canônico da Igreja Romana exclui água e remédio do jejum que deve ser observado uma hora
antes da sagrada comunhão, como também dispensa as pessoas idosas e enfermas desta prática
(cânon 919), revelando, assim, o cuidado que deve haver quanto a estas situações. Daí porque ter
o pastor Elinaldo Renovato, em seu artigo sobre a prática do jejum, na revista Ensinador Cristão,
afirmado, sabiamente, que “… pessoas portadoras de doenças do estômago tenham cuidado
com seu organismo. Não é aconselhável que pessoas com úlceras ou gastrites façam jejum.
Deus não quer sacrifício. Ele quer obediência, fidelidade, santidade". (Evite os exageros:
esclarecimentos importantes sobre a prática do jejum na vida cristã. Ensinador Cristão, ano 4, nº
15, jul.-ago.-set./2003, p.14).

3. 2. O jejum nas Escrituras


Na lei de Moisés, o jejum foi estabelecido como obrigatório no dia da expiação, quando o
povo deveria "afligir a sua alma"; expressão que significa, precisamente, praticar o jejum (Lv.
16: 29 - na Nova Versão Internacional, o texto diz: vocês de humilharão [ou jejuarão]). Vemos,
portanto, que o primeiro propósito do jejum que se encontra na Palavra de Deus é o de
humilhação, de arrependimento de seus pecados. Esta mesma idéia para o jejum, encontramos no

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Professor Saulo Soares
tempo de Samuel (I Sm. 7: 1-12) e até mesmo fora de Israel, como ocorreu entre os ninivitas após
a pregação de Jonas (Jn. 3: 6-10).
Na primeira manifestação voluntária de jejum que se tem notícia no meio de Israel, em
Juízes 20: 26, temos um novo propósito para a prática do jejum. No tempo do terceiro sumo
sacerdote Finéias, no início do período dos juízes, vamos observar os soldados israelitas jejuando
buscando uma orientação divina a respeito da guerra civil contra a tribo de Benjamim. O jejum,
portanto, também era utilizado para se ter uma orientação da parte de Deus.
Quando Deus, em cumprimento à Sua Palavra, feriu o primeiro filho de Davi com Bate-
Seba de enfermidade, Davi recorreu ao jejum para tentar alcançar a cura da criança, num novo
propósito estabelecido para esta prática (II Sm. 11: 16-17). É interessante observar que, morta a
criança, Davi cessou de jejuar, numa clara demonstração de que o seu jejum tinha um propósito
definido e que assim deve proceder alguém que, como Davi, tem um coração segundo o coração
do Senhor (I Sm. 13: 14; 16: 1).
Também é exemplo de jejum como pedido de orientação e de súplica a Deus o que foi
convocado pelo rei Josafá (II Cr. 20: 3), ocasião em que, ao contrário do que ocorrera com Davi,
Deus concedeu o desejo do coração do povo. Outro exemplo de jejum em dias difíceis é o que foi
feito pela rainha Ester, que, neste particular, foi acompanhada pelo seu povo (4: 16-17), bem
como o de Neemias (1: 4) ou de Esdras (7: 21).
O Talmude, segundo livro sagrado dos judeus, contém um livro a respeito dos jejuns (o
"Rolo dos Jejuns", em hebraico "Meguilat Ta'anit"), onde se estabeleceu, precisamente, que os
jejuns têm um tríplice propósito: arrependimento, súplica pela ajuda de Deus, o luto ou a
comemoração.
OBS: "… O jejum que levava ao arrependimento era considerado significativo só na
medida em que era um ato de livre e espontânea vontade, para que incentivasse um auto-exame
honesto de parte do jejuador. O jejum como súplica pela intervenção de Deus em época de
grandes dificuldades era, freqüentemente, um ato coletivo. Na história conturbada do povo judeu,
espalhado por dezenas de diferentes lugares através do mundo, a observância de dias especiais de
jejum era bastante usual. Podia ser ordenada pelas autoridades rabínicas de uma só comunidade -
ou mesmo de toda uma região ou país - com o fito de implorar a ajuda de Deus para antepor-se a
qualquer decreto severo da Igreja ou do Estado, ou para frustrar as intrigas dos inimigos
implacáveis em seu ódio aos judeus. Em épocas de seca, as comunidades rurais se reuniam para
jejuar a fim de provocar a chuva. Quando a peste atacava, os guetos judaicos jejuavam para
suplicar a proteção divina. O terceiro objetivo, em importância, do jejum - que havia sido
instituído pelos Profetas - era o de fazer relembrar aos descendentes de Abraão as muitas
calamidades que se haviam abatido sobre eles em diversas ocasiões desde o Cativeiro no
Egito…”.
(Nathan AUSUBEL. Jejum e dias de jejum. In: JUDAICA, v.5, p.393-4).
Ao lado deste jejum, porém, a Bíblia também informa ter surgido um jejum cerimonial,
um desdobramento do jejum obrigatório do dia da expiação, de tal maneira que o próprio
calendário judaico ficou recheado de dias de jejum a ponto de, no tempo dos fariseus, haver dois
jejuns semanais, o das segundas-feiras e o das quintas-feiras (Lc. 18: 12). O Senhor sempre
demonstrou Seu desagrado e reprovação a este tipo de jejum, formalista e ritualístico, despido de
qualquer outro propósito senão de auto-exaltação e de auto-glorificação (Is. 58: 3-7; Zc. 7: 3-14;

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Professor Saulo Soares
Mt. 6: 16-18). O jejum banalizou-se tanto que era até forma de sinal de acordo homicida, ou seja,
passou a ser até uma garantia para a prática de um crime (At. 23: 12-13).
OBS: "… Entre todos os dias de jejum, só o Iom Kipur, o Dia da Expiação, havia recebido
a sanção da Torah como mandamento. Na medida em que o costume tem um poder de
perpetuação tão poderoso quanto o da lei canônica, toda uma série de jejuns extra-escritura ocupa
um lugar firmemente plantado na vida religiosa judaica. O jejum de Tishah b'Av, o nono dia de
Ab, era objeto de maior reverência. É um dia de dor nacional e de contrição, comemorativo da
Destruição (586 A.E.C. e em 70 E.C., respectivamente) tanto do Primeiro quanto do Segundo
Templos, em Jerusalém. A implicação deste e de outros jejuns comemorativos é a seguinte: se as
calamidades se abateram sobre o povo judeu, foi, segundo as palavras da liturgia, 'por causa de
nossos pecados'- como castigo de Deus (…) Outro dia de jejum tradicional é o Tzom Guedaliahu
(o Jejum de Gedalias). Tem lugar no dia que se segue a Rosh Hashanah (o Ano Novo judaico,
observação nossa), e é observado pelos judeus ortodoxos em memória de Guedalias, apelidado 'o
Virtuoso'. O rei Nabucodonosor da Babilônia, depois de haver reduzido o Primeiro Templo a
ruínas, em 586 a.E.C., havia indicado a Guedalias para governador de Judá. Por razões
desconhecidas, ele foi assassinado por seus irmãos judeus. Em represália, houve um massacre de
judeus. O jejum de Assarah B'Tevet (o décimo dia de Tevet) rememora o começo do cerco de
Jerusalém por Nabucodonosor. O jejum do décimo-sétimo dia de Tamuz comemora uma série de
calamidades nacionais arroladas no Talmud. Segundo o Êxodo 32: 19, Moisés quebrou as tábuas
dos Dez Mandamentos naquele dia; e também naquele dia os sacrifícios diários do Templo foram
abolidos, Tito conseguiu abrir uma brecha nos muros de Jerusalém durante o cerco daquela
cidade, o general sírio Atsotomos queimou os Rolos da Torah, e um ídolo pagão foi colocado no
próprio santuário do Monte Sion pelos sacerdotes acovardados do Templo. Essas eram algumas
das razões que os sábios religiosos da era rabínica davam para explicar e justificar o castigo que
Deus impôs a Israel, quando destruiu o Templo e espalhou o Seu povo no Exílio (…) por todos os
mais longínquos recantos da terra. Ta'anit Ester (o jejum de Ester) é observado pelos
tradicionalistas na véspera de Purim, em gratidão à memória do jejum patriótico que a rainha
Ester fez quando em busca de orientação divina e de força para levar a efeito a súplica que devia
fazer pelas vidas de seus irmãos judeus perante seu marido, o rei Assuero, da Pérsia. A véspera
do Pessah (Páscoa, observação nossa) é comemorada pelos ultra-ortodoxos com o Ta'anit
Bechorim (o jejum dos Primogênitos), como expressão da gratidão a Deus por haver poupado os
primogênitos de Israel à época do extermínio dos primogênitos egípcios, antes do Êxodo do Egito
pelos israelitas. Na categoria de jejuns comemorativos, também os aniversários presumíveis das
mortes de figuras eminentes da Bíblia, tais como Moisés, Aarão, Miriam, Josué e Samuel, e dos
mártires rabínicos que haviam perecido nas mãos dos romanos (Akiva ben José, os Dez Mártires,
e outros) eram observados, em geral, com jejuns de meios dias, em séculos passados. Esses dias
de jejum, porém, não são mais observados, exceto por um punhado de tradicionalistas ferrenhos".
(Nathan AUSUBEL. Jejum e dias de jejum. In: JUDAICA, v.5, p.394).
Nos dias de Jesus, como vimos, o jejum era uma prática constante e regular entre os
judeus, desde os essênios, que se isolavam da sociedade, até os fariseus, que era o grupo religioso
mais numeroso daqueles dias. Os discípulos de João Batista também jejuavam (Mt. 9: 14).
Indagado sobre o motivo pelo qual Seus discípulos não jejuavam, Jesus respondeu aos discípulos
de João Batista que não era o período de Seu ministério o tempo oportuno de jejuar, mas dias

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Professor Saulo Soares
viriam em que deveria haver jejum por parte dos cristãos (Mt.9:15). Assim, ao contrário do que
se tem apregoado por falsos mestres, de que o jejum seria uma prática da antiga dispensação, não
presente entre os crentes, o próprio Jesus afirmou, categoricamente, que os crentes haveriam de
jejuar, prova de que isto não foi abolido pelo Senhor.
Jesus não disse que os crentes não jejuariam, mas que não se fazia necessário jejuar
enquanto Jesus estivesse ali, ao lado dos discípulos, em carne e osso, orientando-os, ensinando-os
e os guardando de todo o mal. Por que precisariam jejuar numa situação como esta? Entretanto,
após a glorificação do Senhor, já vemos a igreja jejuando para buscar a orientação do Espírito
Santo (At. 13: 2). Deste modo, não há qualquer base bíblica para ensinamentos de que o jejum
não tem lugar na dispensação da graça.
Jesus reprovou o jejum ritualístico, sem propósito outro que não o da ostentação do
jejuador, o típico jejum dos fariseus, jejum este, aliás, que, infelizmente, está presente em muitas
igrejas locais por parte de "santarrões" que gostam de, em seus testemunhos e palavras, fazer
questão de dizer aos ouvintes que estão jejuando ou que jejuam tantas e quantas vezes ao dia,
pessoas que, assim como o fariseu da parábola, estarão apenas prestando um desserviço para suas
próprias almas (Lc. 18: 9-14). Que sejamos verdadeiros servos do Senhor, seguindo os conselhos
do Senhor sobre como jejuar (Mt. 6: 16-18).
O primeiro ensino de Jesus sobre o jejum é de que devemos jejuar. Disse o Senhor
"quando jejuardes", ou seja, Jesus já avisava que a Sua Igreja teria necessidade de jejuar, tanto
assim que, no episódio em que expulsou um demônio após ter descido do monte da
Transfiguração (Jo. 17: 12), foi claro ao afirmar que expulsão de determinada casta depende
necessariamente de jejum e oração.
O segundo ensino de Jesus é de que o jejum deve ser algo entre Deus e o jejuador, de tal
modo que ninguém deverá saber sobre o propósito que apresentamos diante do Senhor. Trata-se
de um propósito que deve permanecer em oculto, daí porque devemos nos mostrar diante dos
demais homens como se não estivéssemos jejuando, não mostrando que estejamos nos abstendo
de alimentação ou fazendo algum sacrifício, mas, muito pelo contrário, dando a entender que
estamos normais e que nada está ocorrendo. Não se está dizendo que devemos ser hipócritas, mas
que devemos manter o assunto em segredo com o Senhor. Quem jejua está querendo ter maior
intimidade, aproximar-se mais do Senhor e não é possível que não possa, diante deste propósito,
manter um ambiente de segredo, que é uma característica primeira da intimidade. A maior
intimidade com Deus começa na existência deste segredo entre o jejuador e o Senhor.
O terceiro ensino de Jesus é de que o jejum deve ter um propósito, uma finalidade. Ao
mesmo tempo em que há um segredo entre o jejuador e Deus, faz-se preciso que o jejum tenha
um fim, um objetivo a ser perseguido. Disse Jesus que Deus, vendo o nosso jejum, nos
recompensará. Ora, o que é a recompensa? É um prêmio, é um galardão que se dá. Sendo assim,
o jejum deve ter um propósito, pois, se não fosse assim, não teria como Deus nos dar uma
recompensa, nos dar o galardão, o prêmio pretendido. Se Deus no-lo concede, é porque existe um
objetivo, um fim que foi perseguido pelo jejuador.

3. 3. O aspecto espiritual do jejum


O mais importante aspecto do jejum é o seu lado espiritual, ou seja, somente pode jejuar
quem estiver em comunhão com o Senhor, ou seja, a privação de alimento somente tem validade

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Professor Saulo Soares
quando a pessoa, antes de se abster da comida e da bebida, já se absteve da prática do mal. Este
ensinamento encontra-se no livro do profeta Isaías, no seu capítulo 58.
Sendo uma forma de sacrifício em que o jejuador pretende se aproximar mais de Deus, é
importante que tenhamos em mente que o nosso Deus é um Deus que se preocupa muito mais em
obediência do que em sacrifícios (I Sm. 15: 22; Ec. 5: 1; Os. 6: 6; Mt. 9: 13; Mc. 12: 33). Assim,
de nada adianta jejuarmos intensamente se não nos abstivermos, em primeiro lugar, da prática do
mal e do pecado. Não existe vida cristã sem renúncia ao mal, sem rompimento com o pecado. A
graça de Deus, diz-nos a Palavra, ensina-nos que devemos viver neste mundo de forma sóbria,
justa e pia, após renunciar às concupiscências mundanas e à impiedade (Tt. 2: 11-12). Ser cristão
é estar separado do pecado, é ser santo (I Pe. 1: 15-16).
Não adianta querermos jejuar se não tivermos uma vida de santidade. A santidade
não vem pela prática do jejum, pois a santificação não é resultado de uma vida de sacrifícios, mas
de uma vida sem pecado, de desvio do pecado e do embaraço que pode nos levar ao pecado (Hb.
12: 1), uma vida de constante vigilância (Mc.13: 37; Ef. 6: 18).
No entanto, o fato de termos de ter uma vida de santidade e de verdadeira demonstração
de amor ao próximo não exclui a necessidade de praticarmos o jejum. Deus não prefere os
sacrifícios à obediência, mas o fato de termos de ter uma estrutura espiritual que faça com que
nosso jejum seja aceito não quer, em absoluto, dizer que estamos dispensados da prática do
jejum. Muitos têm se utilizado do texto do profeta Isaías para justificar a ausência do jejum na
sua vida devocional. Dizem que são caridosos, que têm se dedicado à oração e à leitura da
Palavra do Senhor e que, por isso, não precisam jejuar. Não é isto que se infere do texto bíblico.
O profeta diz que não aceita o jejum de quem não tem compromisso com a Palavra de Deus, de
quem não Lhe obedece, mas também não diz que o jejum é substituído pela prática da virtude,
que é uma obrigação, uma conseqüência da real conversão.
O profeta afirma que Deus não deseja que haja um jejum de pessoas que vivam
contendendo, debatendo e que buscam a auto-glorificação (Is. 58: 3-4). Deus só aceita o jejum
daqueles que soltarem as ligaduras da impiedade, que desfizerem as ataduras do jugo, ou seja, do
pecado, o jejum de quem receba o verdadeiro amor divino em sua vida e, assim, ame a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. É o jejum de alguém assim que Deus
recebe.
-          Lembremo-nos de que, muitas vezes na Bíblia, o jejum está relacionado com uma atitude
prévia de arrependimento dos pecados e de busca intensa da presença do Senhor. Mesmo quando
estamos diante de uma circunstância bíblica de jejum agradável a Deus em que não se está diante
de arrependimento, mas de busca de orientação divina, temos a verificação de que o povo está em
comunhão com o Senhor, como se vê nos casos de Ester, Neemias, de Esdras ou dos crentes na
igreja de Antioquia. É importantíssimo que o jejum tenha, em primeiro lugar, este caráter
espiritual e que, em seguida, tenha um determinado propósito, para que, aí sim, a privação
alimentar tenha eficácia como reforço à oração.
Este sentido espiritual não deve existir apenas antes do jejum, mas deve perdurar durante
todo o jejum. Há evidente quebra de jejum se a pessoa, embora tenha mantido a abstinência
alimentar, pratique alguma transgressão durante o período de abstinência. Um jejum desta
natureza não é aceito pelo Senhor. Há quem confunda a lição de Jesus a respeito do segredo do
jejum com a possibilidade de um jejum com total descuido, em que a pessoa até se esqueça que

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Professor Saulo Soares
está diante de Deus ofertando um sacrifício. Devemos viver normalmente, não deixar
transparecer que estamos jejuando, mas esta discrição e segredo não devem permitir que
tenhamos um cotidiano totalmente despreocupado, desatento, a ponto de permitirmos nos
envolver com a prática de ações que desagradem a Deus. Devemos nos manter em espírito de
oração durante o período da abstinência, exercendo as tarefas do dia-a-dia, mas com o nosso
homem interior na presença de Deus a cada momento do período de abstinência.
Outro ponto importante que devemos salientar no que respeita ao jejum é o cuidado que
devemos ter no momento da entrega do jejum. O jejum é como um presente que se está
oferecendo ao Senhor e, portanto, não podemos ser descuidados e negligentes no instante da
entrega do jejum. Findo o período da abstinência, é importante que nos dediquemos alguns
instantes em oração, agradecendo a Deus pela oportunidade que tivemos de lhe oferecer este
sacrifício, por ter nos guardado de ter quebrado o propósito, por termos podido resistir às
necessidades físicas em prol da adoração e do louvor ao Senhor. Ninguém jamais se preocupa em
dar um presente a alguém e, depois de todo o cuidado e esforço para a escolha, para a compra e
para a preparação do presente, entrega-o de forma abrupta e descortês à pessoa que vai ganhar o
presente, mas há alguns que, no instante da entrega do jejum, são extremamente displicentes e
chegam, mesmo, a tomar a refeição sem os mínimos cuidados. Não estamos falando de
ostentação ou de formalismo, mas devemos dedicar alguns instantes de oração ao término do
jejum para coroarmos de êxito todo o propósito que nos trouxe mais para perto do Senhor.
Neste sentido, as pessoas que não têm condições de jejuar, seja pela sua saúde física, seja
pela sua idade, seja pela natureza de suas atividades que impedem tal prática, não devem se
martirizar ou achar que serão menos crentes porque não podem jejuar, mas devem compensar
esta impossibilidade por outras práticas igualmente relevantes e edificadoras, como a oração e a
prática do amor cristão.
OBS: A prática de judeus, muçulmanos e de católicos romanos de substituírem o jejum
pela filantropia, como se observa, portanto, não é algo desarrazoado e é algo que tem respaldo
bíblico. Se a pessoa não pode jejuar, pode substituir esta prática por outras que têm, igualmente, o
agrado do Senhor. Neste sentido, aliás, é interessante o que consta no Alcorão: “… Jejuareis
determinados dias; porém, quem de vós não cumprir jejum, por achar-se enfermo ou em viagem,
jejuará, depois, o mesmo número de dias. Mas quem, só à custa de muito sacrifício, consegue
cumpri-lo, vier a quebrá-lo, redimir-se-á, alimentando um necessitado; porém, quem se empenhar
em fazer além do que for obrigatório, será melhor. Mas, se jejuardes, será preferível para vós, se
quereis sabê-lo. O mês de Ramadan foi o mês em que foi revelado o Alcorão, orientação para a
humanidade e vidência de orientação e Discernimento. Por conseguinte, quem de vós presenciar
o novilúnio deste mês deverá jejuar; porém, quem se achar enfermo ou em viagem jejuará,
depois, o mesmo número de dias. Deus vos deseja a comodidade e não a dificuldade, mas cumpri
o número (de dias), e glorificai a Deus por ter-vos orientado, a fim de que (Lhe) agradeçais" (2:
184-185). Como diz a nota explicativa destes versículos corânicos, “… o jejum muçulmano não é
uma auto-tortura…" e deve ser considerado como um desvio de atenção da comida, da bebida e
do sexo para algo mais elevado. Colaboração para o Portal Escola Dominical – Prof. Dr.
Caramuru Afonso Francisco.

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Professor Saulo Soares
4. QUEM É O HOMEM

Há teorias, as mais variadas, sobre a origem do homem, porém contrárias à Bíblia


Sagrada. Não passam de especulação e simples hipóteses. A única fonte realmente autorizada e
verdadeira acerca do assunto é a Bíblia.

4. 1. O que não é o homem


a) Não é o resultado evolutivo de formas inferiores de vida da terra. A teoria da evolução
progressiva dos seres ensina que o homem veio de sucessivas alterações das formas materiais,
devido às forças latentes na matéria. Esta é a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin.
Não há um ponto de partida para o surgimento da vida física, segundo os evolucionistas.
b) Não é um ser meramente biológico e psicológico que nada mais resta depois da morte.
Esta idéia foi espalhada no mundo pelo filósofo e psicanalista Sigmund Freud. Sua teoria descarta
a idéia de uma relação do homem com o sobrenatural. Afirmou Freud que coisas, como sexo,
fome, sede, segurança e prazer, são elementos que determinam as ações e os padrões de
personalidade do homem.

4. 1. 2. O que é, de fato, o homem, segundo a Bíblia


a) O homem foi uma criação especial de Deus. Os dois primeiros capítulos de Gênesis
descrevem com detalhes a criação do homem e da mulher. No sexto dia da criação foi criada a
vida animal e a humana (Gn. 1. 24-26). De todos os seres viventes, segundo as suas espécies, a
criatura humana foi a obra-prima do Criador. Foi Deus quem criou as mais variadas formas de
vida existentes na terra, inclusive as formas inferiores de vida. Mas, também, criou uma forma
superior de vida, distinta de todas as demais criaturas terrenas: a humana. Essa forma de vida se
destaca por seus elementos como personalidade, vontade, sentimento e consciência.
b) O homem foi criado para um fim especial na terra. A razão da existência do homem é o
próprio Criador, porque Ele o criou para sua própria glória. O homem não veio à existência por si
mesmo, mas pelo ato criador de Deus. Por isso, ele depende de Deus e Deus precisa dele para
governar a terra.
c) O homem foi criado com uma biforme natureza: material e espiritual. A natureza
material do homem procede do pó da terra (Gn. 2. 7) e a espiritual foi outorgada pelo Criador. O
sopro divino nas narinas do homem concedeu-lhe vida física e a espiritual. A vida física é
representada pelo corpo e a vida imaterial é representada pela alma e pelo espírito.

4. 2. Que ocorreu com o homem


1. O homem subjugou-se voluntariamente ao pecado. Diz a Bíblia que "por um
homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte" (Rm. 5. 12). No relato bíblico da
queda de Adão e Eva no pecado entendemos que o pecado foi um ato voluntário da vontade e
determinação do casal (Gn. 3.1-12). A tentação veio de fora, da parte de Satanás, personificado
na serpente, que os instigou a desobedecerem à ordem divina. Portanto, a essência do primeiro
pecado está na desobediência de Adão e Eva à vontade divina. O seu pecado foi uma transgressão
deliberada ao limite que Deus lhes havia determinado.

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4. 2. 1. O homem foi afetado de modo abrangente pelo pecado.
a) O pecado afetou a vida física e psíquica do homem (Rm. 5. 12). A morte física tornou-
se, então, a conseqüência natural da desobediência no seu corpo, e a morte espiritual se constituiu
na separação de Deus. O Criador foi enfático no Éden: "Porque no dia em que dela comeres,
certamente morrerás" (Gn. 2. 17).
b) O pecado afetou sua vida espiritual. O texto bíblico declara: "O salário do pecado é a
morte" (Rm. 6. 23). A morte, para Adão, naquele dia do seu pecado não foi uma cessação
imediata de sua vida física, mas iniciou-se, sem dúvida, a deterioração dessa vida física. A morte
teve, também, uma afetação espiritual, porque implicou no rompimento da comunhão imediata e
plena com o Criador. Isto causou-lhe morte espiritual.
c) O pecado de Adão nos fez herdar sua corrupção moral (Rm. 5. 12). O texto diz que "a
morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram". Essa herança do pecado foi
impregnada na natureza humana a partir de então.

4. 3. O juízo redentor e o juízo condenatório

4. 3. 1. A queda desenvolveu no homem a consciência de uma percepção não


desejada (Gn. 3. 6-7). Segundo o relato bíblico, depois que a Serpente (o Diabo) convenceu Eva
a desejar o fruto proibido, ela não exitou em tomá-lo, saboreá-lo e oferecê-lo ao seu marido
Adão. Diz a Bíblia que, naquele momento, abriram-se os olhos de ambos (Gn. 3. 7). Esse abrir
dos olhos tem um sentido metafórico, e significa que, o que ambos viram foi muito diferente
daquilo que Satanás havia dito que veriam. A percepção que tiveram foi desagradável e
frustrante, porque viram a destruição de suas vidas.

4. 3. 2. A expectativa de um juízo inevitável (Gn. 3. 8-13). A queda foi precedida pelo


engano dos sentidos e da imaginação propiciados pelo enganador, o Diabo. Na verdade, a história
de todas as tentações é a mesma. Atração, comoção, paixão, decisão, triunfo do desejo, e
terminam na degradação, escravidão e ruína moral e espiritual (Tg. 1.15; 1 Jo. 2. 16). Deus havia
declarado que o juízo seria inevitável. Quando Deus fez ecoar sua voz no Jardim chamando pelo
homem, ele escondeu-se envergonhado. Ele já sabia do juízo divino e da culpa, a qual tentou em
parte assumi-la (Gn. 3. 8-10).

4. 3. 3. A promessa de um juízo redentor (Gn. 3. 14-24). Deus providenciou um juízo


redentor através da promessa de redenção com "a semente da mulher" que pisaria a cabeça da
serpente (Gn. 3. 15). Ora, a "semente da mulher" apontava profeticamente para Jesus, o Verbo
que se fez carne, nascido de mulher. A "serpente" era o Diabo, o injetor do pecado. Mas a
promessa redentora declara a vitória da semente da mulher, e desse modo, o juízo redentor estava
declarado. No Calvário Jesus venceu a antiga serpente e garantiu a nossa redenção (Fp. 2. 5-9).

Conclusão
Deus criou o homem com propósitos específicos e definidos: para a sua glória (Is. 43. 7;
60. 21; 61. 3; Lc. 2.14); para satisfação de sua vontade soberana; (Ef. 1. 5, 6, 9; Ap. 4. 11); e para
honra especial de seu Filho Jesus, o restaurador de todas as coisas (Cl. 1. 16; Hb. 2.10).

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5. QUAL A DIFERENÇA ENTRE "ALMA" E "ESPÍRITO"?

"O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, e o vosso espírito, alma
e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1
Tss. 5: 23). "Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de
dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e propósitos do coração" (Hb. 4: 12).
Estes dois versículos mostram que a Bíblia às vezes distingue entre "alma" e "espírito". A
palavra portuguesa "alma" geralmente vem ou do hebraico "nephesh" ou do grego "psyche" e
pode ser usada de várias maneiras. Ela às vezes se refere à idéia de vida física e é freqüentemente
traduzida como "vida" (Mt 6: 25; 2: 20; Fp. 2: 30). Às vezes se refere à pessoa e é, assim,
traduzida como "pessoa" (At. 7: 14; 1 Ped. 3:20). Ocasionalmente, a palavra "alma" é usada para
falar do "espírito" do homem, que não pode ser destruído, mas que pode sofrer castigo eterno e
expulsão da presença de Deus (Mt. 10: 28; 1 Ped. 1: 22; At. 2: 27, 31; Sl. 16: 10). "Alma" é
raramente usada em referência a Deus.
O termo espírito faz ressaltar o aspecto espiritual do homem, ou do próprio Deus. Ele vem
do hebraico "ruach" e do grego "pneuma". Esta palavra pode ser usada para falar do aspecto
racional, moral e espiritual do homem (1 Co. 2: 11), mas não é usada para animais. É também
freqüentemente usada para falar de Deus como um ser espiritual (1 Co. 3: 16; 2 Co. 3: 3).
Enquanto as palavras "alma" e "espírito" são às vezes intercambiáveis, é claro que muitas
passagens fazem uma distinção. "Alma" é associada mais comumente com a vida física, enquanto
"espírito" se relaciona mais com a mente e o aspecto espiritual do homem. A vida física é tirada
do homem quando seu espírito é separado de seu corpo (Tg. 2: 26; Ecl. 12: 7). Mas o espírito
eterno que volta a Deus para ser julgado continuará a existir eternamente. Pelos nossos atos nesta
vida, cada um de nós escolhe para onde seu espírito irá na eternidade. Ou sofremos o castigo
eterno ou gozaremos a vida eterna (Mt. 25: 46; 2 Tss. 1: 9). Decidimos nosso futuro eterno pelo
que fazemos nos corpos que temos agora (2 Co. 5: 10).
-Por Dennis Allan

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6. COSTUMES HEBRAICOS
Sobre a circuncisão
Introdução
Como no caso de observar Sábado, muitos povos antigos observaram também o rito de
circuncisão. Em sua significação original pode ter sido uma espécie de reconhecimento religioso
associado aos poderes da reprodução humana; parece ter servido também de distintivo tribal.
Essa é uma das muitas instâncias do método de Deus apropriar-se de uma prática, já
existente, dedicando-a para Seus próprios propósitos. Porque a circuncisão tornou-se uma pedra
de toque do judaísmo posterior.
6. 1. A história de circuncisão. Depois de concerto que Deus fez com Abrão, Ele exigiu
que todos os descendentes machos de Abrão fossem circuncidados. Era para ser o sinal da aliança
entre Deus e Israel. Até os forasteiros entre o povo foram incluídos. Se alguém desobedeceu foi
cortado do povo de Deus por ter quebrado a aliança. (Gn. 17: 9-14). O mesmo capítulo registra a
obediência de Abrão. Ele circuncidou as si mesmo e o seu filho Ismael, e todos os outros machos
na sua casa. Abrão tinha 99 anos e Ismael 13 nos (Gn. 17: 23-27).
No tempo de Moisés, depois da saída do Egito, Deus disse a Moisés que essa observação
seria para todos os hebreus em todas as suas gerações. Também falou que ninguém poderia comer
a páscoa se não fosse circuncidado. Mas escravos estrangeiros puderam se tinham sido
circuncidados. No caso do escravo foi obrigatório, mas o estrangeiro que era hóspede havia de
escolher, não foi obrigatório. (Êx. 12: 42-48).
Lembre-se que o costume de observar o Sábado foi posto ao lado pelos judeus durante a
jornada no deserto. A observação de Sábado degenerou. Aconteceu também com o costume de
circuncisão. Mas ao entrar na terra prometida, Deus mandou Josué circuncidar todos que não
foram circuncidados no deserto. (Js. 5: 1-9). Desde então, os judeus observam o ritual de
circuncisão rigidamente. De fato,desprezaram os que não foram circundados.
Como podemos ver na atitude dos (a) pais de Sansão (Jz. 14: 3); (b) do próprio Sansão
(Jz. 15: 18); (c) de Jônatas (I Sm. 14: 6); e todo Israel (Jerusalém): "Nenhum incircunciso
entrará na cidade de santa". (Is. 52: 1). Esta passagem deve se referir à época do milênio.
Existiam exceções entre o povo judeu. Por causa de perseguições e desprezos, alguns
queriam desfazer sua circuncisão, por meio de uma operação cirúrgica. Aconteceu sob as
perseguições de Antíoco que prefigurou o Anticristo com a abominação de desolação.
Paulo avisou aos Hebreus cristãos para não desfazerem sua circuncisão simplesmente por
que tinham aceitado Jesus. (I Co. 7: 18-19).

6. 2. A cerimônia de circuncisão. A cerimônia em cortar e prepúcio com uma faca ou


com uma pedra aguda. Normalmente pertencia ao pai da família fazer, mas até uma mulher podia
(como no caso da esposa de Moisés quando ele tinha esquecido de circuncidar o seu filho). Êx. 4:
24-26; Lv. 12:3. Mas um gentio nunca pode, era de caráter estritamente religioso.

6. 3. O significado de circuncisão. A corrupção de pecado geralmente manifestou-se com


a degeneração na vida sexual. Então a santificação da vida foi simbolizada pela purificação de
órgão sexual pela qual a vida é reproduzida. Deus exigiu pureza entre e seu povo e circuncisão
tornou-se o sinal externo da aliança entro Israel e Deus.

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Figurativamente falando, circuncisão simboliza a pureza de coração. (Dt. 10: 16; 30: 6;
Lv. 26: 41; Jr. 4: 4; 9: 25; Ez. 44: 7).

6. 4. A circuncisão entre os judeus hoje. Borith Me’ilah (o pacto de circuncisão).


O pai da família não a faz hoje. Um homem chamado, o Me’el, especializado faz o rito da
circuncisão. A pessoa que segura a criança durante o ritual é chamada o sandek (god-father =
padrinho). A criança é colocada numa cadeira especial – a cadeira de Elias. A tradição é que,
assim a criança será curada mais rápido. Todos ficam em pé durante o ritual. Depois há uma festa
em casa. A circuncisão continua se realizando no oitavo dia do bebê.
Sugestões: ligado com o número 7. Sete dias completos, o novo ciclo começou com o
oitavo dia e a criança entrou na aliança com Deus. Foi suposto antigamente que a criança não
possuía sua experiência própria até no oitavo dia. Pessoalmente, creio que Deus tinha razão no
sentido físico e também no sentido espiritual. (oitavo significa coisas novas, vida espiritual etc.).
Cientificamente foi provado que no oitavo dia a coagulação é mais rápida.

6. 5. A circuncisão cristã. A epístola aos Gálatas nos revela que alguns judeus seguiam o
apóstolo Paulo em suas jornadas missionárias, cuja finalidade era para perverter o evangelho que
Paulo pregava e para os novos convertidos sob a lei de Moisés exigindo circuncisão. (Gl. 1: 6-7).
Os novos convertidos em Galácia estavam a insidiosa sugestão destes mestres judaizantes.
Paulo escreveu a epístola para convencê-los da sua emancipação espiritual, e para enfatizar que a
fé em Cristo era suficiente para a salvação.
A transição do judaísmo para o cristianismo foi um processo lento. Houve fariseus que
creram (At. 15: 5) e alguns desses ensinavam que, antes de um gentio poder tornar-se cristão, era-
lhe necessário tornar-se primeiramente judeu, submetendo-se à circuncisão e observando a lei
judaica, tanto moral como ritual. Paulo frisa de modo muito agudo que a salvação é pela fé, sem
lei, sem circuncisão. Ele usa o próprio Abraão, como o crente típico, justificado, pela fé e não
pela observação de regra qualquer (Gl.3: 6-9; cf. Rm. 4: 1-14; Gl. 3: 17-19).
Paulo apelou para que eles permanecessem na graça e na liberdade de Cristo. Ou a lei ou
Cristo, não os dois. Como uma mulher foi desobrigada da lei do seu marido por causa da morte,
mesmo assim os crentes em Cristo já tendo morrido relativamente à lei, são desobrigados da lei
(Rm. 7: 1-6).
A questão foi levada aos apóstolos em Jerusalém e foi determinado que, os gentios não
têm nada com a lei (At. 15: 1-21, 28-29). Mas até eles não perceberam que nenhum crente
(hebreu ou gentio) foi obrigado à lei.
Segundo o Novo Testamento existe uma circuncisão cristã, isto é, todos os salvos já estão
circuncidados. Foram circuncidados espiritualmente quando se arrependeram e receberam a Jesus
como o Seu Salvador pessoal (Cl. 2: 11).
Vejamos o contraste: a circuncisão fisicamente representa o que nos aconteceu. A
circuncisão física era um corte na carne, a circuncisão espiritual é da mesma sorte uma operação
pela qual é cortada toda a natureza carnal, descrita aqui como o despojamento do corpo da carne.
(Cl. 2: 11; cf. Rm. 6: 3-4; I Co. 12: 13). A circuncisão espiritual acontece quando o salvo é
batizado no corpo de Cristo, pelo Espírito Santo. Um símbolo da nossa identificação com Cristo
na Sua morte, no Seu sepultamento e na Sua ressurreição é o batismo (Cl. 2: 12; Rm. 6: 3-4).

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7. AS FESTAS DE ISRAEL

Introdução
As três mais importantes festas celebradas anualmente em Israel são: (1) A Páscoa e a dos
Pães Asmos (Pesach) (Êx. 23: 15; cf. 34: 23). (2) A festa da Sega, ou Festa da Colheita, ou Festa
das Semanas ou Pentecostes (Shavuót [Êx. 23: 16; cf. Dt. 16]). (3) A Festa dos Tabernáculos
(Sucót [Lv. 23; Num. 29]).
As três principais são mencionadas em Êxodo 23: 14-19, e essas peregrinações são
mencionadas com mais detalhes em Levítico 23 e Deuteronômio 16. Tecnicamente falando as
três são:
(a) A Festa dos Pães Asmos (Êx. 23: 15; cf. 12: 14-20).
(b) A Festa da Sega (Êx. 23: 16; cf. Dt. 16: 9-12; Lv. 23: 15-16).
(c) A Festa da Colheita (Êx. 23: 16b; cf. Dt. 16: 16-17 [três vezes]).
Existem outras festas. Conforme a Torá, há 7 festas fixas em Israel. São elas:
(a) A Festa da Páscoa (Lv. 23: 5).
(b) A Festa dos Pães Asmos (Lv. 23: 6.
(c) A Festa do Feixe das Primícias (Lv. 23: 10).
(d) A Festa do Pentecostes (Lv. 23: 15-16).
(e) A Festa de Trombetas (Lv. 23: 24).
(f) O Dia da Expiação (Lv. 23: 27).
(g) A Festa dos Tabernáculos (Lv. 23: 34).
Devemos estudar as festas de Israel, lembrando que há uma observação bíblica e que
também há certas modificações na observação delas entre os israelitas dos dias de hoje. Além
disso, existem certas festas que devem se consideradas como "extra bíblicas".
 
7. 1. A Páscoa, conforme a Bíblia
A instituição da Páscoa está registrada no livro de Êxodo 12: 1-20. Foi instituída no dia 10
de Nisan até dia 14, e no dia 14 ao dia 21, do mesmo mês se observava a Festa dos Pães Asmos.
Para a celebração desta festa, em primeiro lugar, era necessário: um Cordeiro (Êx. 12: 3-
4). Deus lhes deu a ordem para sacrificar e um cordeiro. Um por cada família, mas, ou se a
família fosse pequena, poderia e ajuntar duas famílias para a celebração.
Em segundo, havia a condição do Cordeiro (Êx. 12: 5). Teria de ser macho de dois anos e
não poderia ter nenhum defeito. Em terceiro lugar, o cordeiro era até o dia 14 do mês (Êx. 12:
6a). Em quarto, o cordeiro haveria de ser imolado no crepúsculo da tarde (Êx. 12: 6b). Em quinto,
os Israelitas haveriam de colocar o sangue do cordeiro em ambas as ombreiras e na verga da porta
(Êx. 12: 7). E finalmente, os Israelitas haveriam de comer a carne assada no fogo, pães asmos e
ervas amargas, naquela noite (Êx. 12: 8).
(Veja outras instruções acerca de comida e da Festa dos Pães Asmos [Êx. 12: 9-20]).
A Bíblia registra cinco importantes observações sobre a Páscoa: (a) No Egito, quando a
festa foi instituída (Êx. 12:1-20). (b) Foi observada por Salomão (II Cr. 8: 12-13). (c) Foi
observada pelo rei Ezequias (II Cr. 30). (d) Foi observada pelo rei Josias (II Rs 23: 21-23; cf. II
Cr. 35: 1-19). Foi observada por Jesus Cristo, o Messias (Lc. 22: 1-20; Mt. 26: 17-19). E Foi dito
por Paulo que Cristo é nossa Páscoa (I Co. 5: 7-8).

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7. 1. 1. A observação da Páscoa nos dias de hoje
Houve tantas modificações na observação dessa festa que tecnicamente falando os
israelitas não observam a Páscoa e sim a Festa dos Pães Asmos, já que eles a celebram durante
oito dias; desde o dia 15 de Nisan até o 22.
Os israelitas usam um livreto chamado de "HAGGADAH SHEL PESSACH" (A
narrativa da história da Páscoa), ele contém a ordem de serviço que deve ser observada na
noite de Páscoa. Para Israel é a história ou declaração da sua independência. Este, "culto em casa"
chama-se o "SEDER”. (Ordem de serviço).
O festival de Páscoa (pesach) começa na véspera de 15 de Nisan (Abril) e dura oito dias.
Na noite do dia 14 o chefe da família faz uma procura diligente na casa com uma vela na
mão. Está à procura de "chametz" (levedura) porque não é licito ter leveduras na casa durante
esses oito dias. Essa procura chama-se "Bedikat Chametz". De fato, a senhora da casa fez uma
limpeza, simbolizando a limpeza espiritual durante o dia e a casa está muito limpa. Porém, ela
deixou de propósito pedaços de miolo de pão para ele achar. Os miolos de pão são embrulhados e
queimados na manhã seguinte. Essa cerimônia é chamada de "Biur Chametz". Ele ora depois
pedindo que Deus lhe perdoe se houver uma levedura que não foi achada.
Tecnicamente falando, não é lícito possuir alguma levedura durante o pesach. Então,
judeus piedosos que são donos de lojas que vendem produtos de leveduras devem desembaraçar-
se delas. Por isso inventaram uma cerimônia chamada: "Meekirat Chametz" (A venda de
levedura). O judeu piedoso deve vender sua possessão de leveduras para um gentio. A transação é
feita geralmente, na presença de um rabino, mas a possessão é devolvida depois do Pesach.
Na noite de páscoa, o pai volta da sinagoga para sua casa decorada para a festa. A família
está vestida com a sua melhor roupa. A mesa está preparada em todos os símbolos tradicionais de
pesach. A casa é bem iluminada para comemorar o fato que as casas dos seus antepassados
tinham luz enquanto as dos egípcios estavam em trevas durante a nona praga (Êx. 10: 21-23).

7. 1. 2. Os símbolos à mesa
(a) O copo de água salgada simboliza o Mar Vermelho, e também as lágrimas dos seus
antepassados quando eram escravos. (b) Os três matzos: (pães asmos) cobertos com uma toalha
branca, Lembram aos pães asmos originais. (c) Os quatro copos de vinho vermelho simbolizam o
sangue do cordeiro. (d) Um copo de vinho é reservado para o profeta Elias, denominado “o Copo
de Elias”. (e) Há também uma cadeira e a porta aberta para a chegada desse profeta.
Existe uma tradição rabínica de que Moisés virá na noite de Pesach, simbolizando a
esperança dos judeus nas seguintes expressões: Será que ele virá nesta noite? Tomará o vinho e
anunciará a chegada do Messias?

7. 1. 3. Os símbolos no prato de pesach


(a) Um ovo cozido. Simbolizando o sacrifício do cordeiro inteiro, sem quebrar sequer um
de seus ossos. (b) Um osso. Simbolizando o cordeiro que não pode ser sacrificado sem o templo.
(c) A Charoseth. Uma mistura de maçã moída, nozes e vinho. Simbolizando a mistura usada para
fazer os tijolos no tempo da escravidão. (d) As ervas amargas. Significando geralmente, a vida
amarga no Egito. (e) Os verdes. Provavelmente significa o rábano silvestre (rabanete silvestre).

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O Sábado antes da páscoa chama-se "os sábados há-gadel" ou "o grande sábado".
Os israelitas têm um culto em casa chamado "O Seder" (ordem de serviço), já
mencionado. O seder se encontra no livro "Haggadah Shel Pesach". A ordem de serviço é o
seguinte: (1) Benção. (2) Lavar. (3) Salsa. (4) Dividir. (5) Recitar. (6) Lavar. (7) Benção da
Matzah. (8) Amargas. (9) Combinar. (10) Preparar a mesa. (11) Aphikomem. (12) Benção. (13)
Louvar.

7. 1. 4. Explicando o Seder
Kaddesh (Oração de santificação). Encher um copo de vinho (da redenção) "Abençoados
és Tu, Jeová, nosso Deus, Rei do Universo, que criou o fruto da videira. Abençoado és Tu, ó
Jeová, nosso Deus, que escolheste-nos de entre todos os povos, e nos exaltastes de todas as
línguas e nos santificaste com teu mandamentos, etc. Abençoado és Tu, Abençoados és Tu,
Jeová, nosso Deus, Rei do Universo, porque preservaste vivos e nos sustentaste e nos trouxeste
até está época de férias" (Então todos tomam o primeiro copo de vinho).
Rachtza (Lavagem das mãos). Para qualificá-lo como sacerdote da ocasião, o chefe da
família veste-se de um "Kittel" (um manto) e um "yarmulkeh". Depois ele reclina num leito
preparado.
Carpas (Salsa, os Verdes). Salsa é distribuída entre os participantes. O chefe pronuncia
uma bênção e mergulha a salsa na água salgada. Isto representa o "hissope" que foi mergulhado
no sangue e depois colocado na porta em Egito.
Yachatz (Divisão). O Chefe divide "Matzah" no meio e embrulha uma parte escondendo-
a debaixo de uma almofada. O outro pedaço é colocado de novo na mesa. O pedaço escondido
chama-se "Aphikomem". E é considerado precioso. Todos ficam em pé, seguram o prato de
"Matzah" e recitam: "Isto é o pão da aflição que nossos pais comeram no Egito. Deixem todos os
que têm fome entrar e comer e os que estão em falta, entram para celebrar a páscoa. Hoje estamos
celebrando-a em Jerusalém. Este ano, somos servos, no ano que vem, seremos livres na terra de
Israel."
Maggid (Recital de Ação de Graças). Recitem, Então, os milagres e as bênçãos que
Deus fez no Egito quando os libertou. Orem para proteção no futuro e também que Deus os
vingue. A Haggadah (narrativa) começa com quatro perguntas pelo membro mais moço da
família.
Introdução: "Como é que esta noite é diferente do que todas as outras?”.
Em todas as outras noites podemos comer pão levado (fermento), mas hoje a noite
comemos apenas Matzah (pão asmo). Por quê? Em todas as outras noites podemos comer
qualquer tipo de ervas. Hoje a noite só ervas amargas. Por quê? Em todas as outras noites, nem
mergulhamos os verdes nenhuma vez. Hoje à noite até duas vezes. Por quê? Em todas as outras
noites, jantamos ou assentados ou reclinados, mas hoje as noites todos jantam reclinados. Por
quê?
O Pai responde: "Éramos escravos no Egito...”. Então ele relata a narrativa toda
conforme o ensino de Torá (Êx. 13: 8), exigindo uma aplicação pessoal da redenção, ele tem que
louvar a Deus como se fosse a sua própria redenção do Egito. Entoam Salmos 113 e 114. (os
copos de vinho são enchidos de novo e todos bebem).

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Rachtza (Lavagem das mãos). Todos as lavam agora e a benção é pronunciada sobre a
Matzah.
Motze-Matzah (quebrar a Matzah). O chefe da família quebra a distribui pedaços de
Matzah a todos.
Maror: (ervas amargas). Cada pessoa recebe uma erva amarga que é então mergulhada no
Charoseth e comida.
Korach. (colocar o rábano silvestre). Todos colam dois pedaços de rábano silvestre
entre Matzoth e mergulham-no na Charoseth, todos dizendo: "Em memória de Hillel porque este
famoso rabino o fez para cumprir". Ex. 12:8. Talvez fosse isto que Judas Iscariotes fez na noite
em que traiu o Messias (Mt. 26: 24-25 cf. Jo. 13: 30).
Shulchan Aruch. (Preparação da mesa). A mesa é preparada para jantar.
Tradicionalmente servem peixe, sopa, frango, etc... Torna-se uma festa de alegria em fim.
Tzafon (escondido). No fim de Seder, uma criança procura o "aphikomen" que foi
escondido antes. A criança que o encontra recebe um presente. Os hebreus cristãos vêem nisto,
algo interessante. Para eles, os Matzoth representam a trindade. O pedaço no meio que é
quebrado e escondido representa "O Filho de Deus, o Messias, cortado da terra (Dn. 9: 26),
escondido por enquanto, e que há de voltar! Todos têm que comer aphikomen" (Todos
bebem do terceiro copo de vinho [cf. Mt. 26: 26-29]).
Berech (A benção de Graça). A graça é pronunciada depois de jantar e todos que lavar
as mãos de novo e beber o terceiro copo (agora como está escrito em cima). Enchem, então o
quarto copo de vinho que significa que há de vir. Neste momento, o filho mais velho deixe seu
lugar para abrir a porta para Elias.
Hallel (Louvor). Cantam os Salmos 115 a 118. O Chefe da família ora dizendo: "Ó Deus
de Abraão, Isaque e Jacó, quanto estamos pela sua promessa. Nós Te imploramos agora,
mandou o Seu Ungido, O Filho de Davi. Tenha misericórdia sobre o Teu povo Israel.
Recolha-nos conforme a Tua palavra e seremos o Teu povo, ficaremos satisfeitos como nos
tempos antigos. Eis que tudo está pronto".
(Um momento de silêncio... Todos esperam o profeta Elias).
Finalmente, a porta e fechada e o pai fala mais uma vez: "Até quando ó Deus ficarás
sempre bravo conosco? Quando tornarás a ter misericórdia para conosco e nos restaurarás no Seu
favor? Estamos sofrendo. Estamos espalhados entre os pagãos. Eles nos zombam dizendo: Onde
está o seu Deus? Onde estão as promessas da sua vida? Quase desanimamos, mas estamos
aguardando. Somos esquecidos e quase mortos, mas temos confiança ainda. Ó Senhor, nosso
Deus, que possa te agradar para nos escolher logo, e nos restaurar no seu favor. Pelo menos, no
ano que vem, permite que nós celebremos a páscoa em Jerusalém, Sua cidade”. Bebem o quarto
copo de vinho. O Seder termina com todos cantando "Chad Gadya”.

7. 1. 5. Explicação do Chad Gadya (Um cabrito só)


Chad Gadya é um corinho escrito na última página de Haggadah Shel Pesach. Este
corinho tem um significado especial.
O Pai Celeste comprou um cabrito (Israel) com o sangue de circuncisão e o sangue da
Páscoa (o cordeiro). O cabrito foi engolido pelo gato (Egito) que foi então conquistado pelo
cachorro (Babilônia) que então foi conquistado pelo pedaço de pau (Média e Pérsia) e depois o

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Professor Saulo Soares
fogo (Alexandre, o Grande, da Grécia) queimou o pau. Depois a água (Roma) apagou o fogo,
tornando-se um império mundial. Mas o boi (os sarracenos) bebeu a água e então, foi morto pelo
carneiro (cruzadas religiosas) que então foi pego pelo anjo da morte (os turcos) e finalmente a
relâmpago (Deus) acaba com o anjo da morte e salva o cabrito.

7. 4. A Páscoa e a santa ceia do Senhor (Mt. 26: 17-30; Mc. 14: 12-16; Lc. 22: 7-23; I Co. 11:
23-29; Jo. 13)
As Escrituras nos ensinam que a Santa Ceia foi instituída na noite da Páscoa pelo Messias
de Israel, o Senhor Jesus Cristo. Aparentemente, Jesus estava ensinando a Seus discípulos que a
Ceia ia tomar lugar da Páscoa e que Ele mesmo desde então é a nossa (dos filhos de Deus) Páscoa
(I Co. 5: 7).
Jesus observou a Páscoa exatamente do jeito que acabamos de estudar, mas quando Ele se
levantou para partir a Matzah (aphikomen) e distribuí-los aos discípulos, então, Ele instruiu a
Santa Ceia dizendo que o pão representava o seu corpo, e mais tarde o vinho, o seu sangue.
(a) Páscoa comemora a redenção física do Egito. A Ceia comemora a redenção espiritual
do pecado.
(b) Páscoa foi observada anualmente. A Ceia é observada livremente
Existem doutrinas falsas em relação à observação da Ceia. Por exemplo: o concílio de
Trento inventou a doutrina de transubstanciação (que os elementos, o pão e o vinho tornam-se
corpo e sangue de Cristo).
Mas conforme a Bíblia, os elementos apenas representam ou simbolizam o corpo e o
sangue de Jesus. Nós mostramos Sua morte até que Ele venha, é simplesmente em memória de
Dele.
Páscoa foi dada a Israel como uma festa a ser observada perpetuamente (Êx. 12: 14; Lv.
23: 14)
A Ceia foi dada a Igreja até que o Senhor volte (I Co. 11: 26).

7. 1. 6. O cordeiro da Páscoa é o tipo do Cordeiro de Deus (Cristo)


O cordeiro havia de ser sem mancha, guardado quatro dias (Êx. 12: 5-6; cf. Jo. 8: 46; 18:
38).
O cordeiro assim provado foi sacrificado (Êx. 12: 6; cf. Jo. 12: 24; Hb. 9: 22).
O sangue do cordeiro havia de ser aplicado (Êx. 12: 7; cf. Jo. 3: 36).
O sangue do cordeiro pela fé (e mais nada) evitou o julgamento (Êx. 12: 13; cf. I Jo. 1: 7).
O sangue na porta da casa dos hebreus foi o suficiente.
A festa de Páscoa tipificou Cristo como Pão da Vida (cf. A Ceia. [Mt. 26: 26-28; I Co. 11:
23-26]).
 
7. 2. A festa das semanas (Shavuót)
A Festa de Shavuót no livro de orações dos judeus é intitulado "Z’man Maçan Toracenu"
(A época em que foi dada a Lei), ou “Regozijo da Lei”.
Querendo ligar essa festa com algum evento histórico, como é no caso da Páscoa, os
judeus dizem que a Lei de Moisés foi dada no dia de Pentecostes. Mas se realmente a Lei de Deus
foi dada neste dia, como é que eles chegaram a essa conclusão?

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Professor Saulo Soares
Em Êxodo, capítulo 12 nós lemos que o povo saiu do Egito no dia 14 de Abril. (este é o
primeiro mês).
No capítulo 19 lemos que os hebreus chegaram ao Monte Sinai no dia 1º de junho (três
meses depois).
Ainda no capítulo 19, aprendemos que o povo israelita tinha de passar três dias ao pé do
monte, preparando-se para o que ia acontecer.
A Lei foi dada só depois de passado todo este tempo.
Os israelitas viajaram dezesseis dias durante o primeiro mês, e vinte e nove no segundo,
com mais um dia no terceiro mês, e passaram ainda três dias em preparativos. Somando estas
cifras, chegamos ao total de quarenta e nove dias, este é o tempo que os israelitas passaram desde
a saída do Egito até no dia anterior a recepção da Lei. Assim no qüinquagésimo dia após a
Páscoa, no próprio dia de Pentecostes o povo escolhido recebeu os 10 mandamentos (50 dias
depois do segundo dia de Páscoa).
Alguns costumes observados em relação à Shavuót são: É costume comer os lacticínios no
1º dia de Shavuót, porque Êxodo 23: 19 diz que as primícias dos primeiros frutos da terra serão
trazidos à casa de Senhor Deus e sem interrupção prossegue Dizendo: "... não cozerás o cabrito
no leite de sua mão. Outra razão dada é: quando pais voltaram as sua tendas depois de
terem recebido a lei, estavam com fome e não agüentavam esperar até que fosse preparada
uma refeição e carne e portanto se satisfizeram comendo dos lacticínios que estavam a
mão".
É costume ler o livro de Rute nas sinagogas, porque a história dela realizou-se na época da
sega do trigo e da cevada. E também porque, Rute, de vontade Livre, tomou si o julgo da Torá. E
finalmente, porque Rute veio a ser a avó do rei Davi e este conforme a tradição judaica faleceu no
dia da festa do Shavuót. Pois bem! Desde que é o aniversário da Lei é então, como já vimos, é
considerado o nascimento do judaísmo. Assim, Pentecostes só 50 dias após A Páscoa.
Passado 1500 anos após a celebração da primeira Páscoa e da primeira Festa das Semanas
ou Pentecostes. Os profetas pregaram e escreveram falando sobre o Messias que viria para
redimir Israel. Quando finalmente o Messias chegou, ensinou, pregou, curou, mas foi rejeitado,
crucificado e morreu e foi sepultado. Mas ressuscitou! Mandou que seus discípulos esperassem
até a promessa do Pai. Eles esperaram desde a Páscoa até Pentecostes e no qüinquagésimo dia
estavam reunidos em certo lugar, quando, de repente veio do céu um som como de um vento
impetuoso, encheu toda a casa onde estavam. Todos foram cheios e batizados com o Espírito
Santo.

7. 3. A Festa dos Tabernáculos (Succot) (Êx. 23: 16b; Dt. 16: 13-15, 17; Lv. 23: 33-34)
Conforme a Bíblia a festa foi observada durante sete dias (15 de Tishri (Set-Out) até o dia
22).
O primeiro dia era o da santa convocação (dia de descanso). Ofereceram sacrifícios todos
os dias (a tradição rabínica diz que sacrificaram treze sacrifícios no primeiro dia, doze no
segundo etc. sete no 7º dia e a soma é de 70).
(a) Ofertavam ofertas queimadas no oitavo dia. (b) Colhiam os frutos das árvores. (c)
Colhiam os ramos de palmeiras (lulevim). (d) Habitavam em tendas de ramos durante sete dias,

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Professor Saulo Soares
para lembrar que os Pais assim também o fizeram. Enfim era uma festa memorial e ação de
graças para o fruto recolhido.
A Festa nos dias de hoje continua como antes. Começa no dia 15 de Tishri e é
observada pelos judeus ortodoxos e conservadores por nove dias. Adicionaram o nono dia porque
a festa mudou o seu caráter. Isto é, comemoram no fim dela o "Simchat Torá" (regozijo por ter
recebido a Lei Mosaica). Em Israel, porém, é observada em Israel e pelos reformados por oito
dias.
A festa é a considerada a mais alegre de todas. Os rabinos dizem: "Quem nunca viu
Jerusalém na época dessa festa não sabe o que significa regozijar mesmo" (Eles bebem,
cantam, dançam). É um festival de outono. Ela é realizada depois da ceifa, quando os judeus dão
graças a Deus por tudo o que foi ceifado e oram que Deus lhes dê chuva no ano que vem.
Os vários nomes que dão a esta festa são: (a) Chag Há-osif (Festival da colheita [Lv.
23: 29]). (b) Chag Há-succot (Festival de tendas de ramos [Lv. 23: 42-43]). (c) Chag Adonai
(Festival do Senhor [Lv. 23: 39]). (d) HeeHag (O Festival [Jo. 7: 37]).
Antes a festa tinha caráter agrícola. Nos dias de hoje está mais ligada com a Torá.
Aplicação profética. Israel durante o Milênio será recolhido e restaurado e observará a
Festa dos Tabernáculos. De fato, todas as nações serão obrigadas a observá-la (Zc. 14: 16-21).

7. 4. O Dia da Expiação (Lv. 23: 26-32, cf. Hb. 9: 1-16; Lv. 16: 1-34)
Levíticos 23 trata o dia em relação ao povo, enquanto Levíticos 16 nos dá os detalhes em
relação ao sacerdote e os sacrifícios.
Conforme a Bíblia: Dia 10 de Tishri (o sétimo mês, Setembro) é o dia da expiação.
Tereis Santa convocação.
Afligireis as vossas almas.
Trareis ofertas queimadas ao Senhor.
Nenhuma obra fareis.
Toda alma que não afligir será eliminada.
Quem fizer alguma obra, será destruído por Deus.
Sábado de descanso solene será, aos nove do mês, duma tarde a outra, celebrareis o vosso
Sábado.
Nos dia de hoje:Yom Kippur (o dia da expiação) ao por do sol no dia 9 de Tishri até ao
por do sol do dia 10, a maioria dos judeus, entra na sinagoga. Até os que freqüentam
regularmente, porque consideram Yom Kippur, o dia de julgamento, o dia de prestar contas com
Deus. Estão buscando perdão através de arrependimento.
Yom Kippur é o décimo dia depois de "Rosh Hashanah" (o ano novo). Estes 10 dias são
chamados, "Dias de reverencia de grande medo, ou os 10 dias de arrependimento".
Na tarde de 1 de Tishri (Rosh Hashanah) judeus em toda parte congregam-se perto de rios
córregos, e até à beira do mar para observar o ritual de lançar todos os seus pecados nas
profundezas do mar. A cerimonia chama-se "Tasblikh" que significa "todos os seus pecados".
Desde que os judeus não têm o seu templo, nem sacerdócio, nem sacrifícios, devem
substituir algo para fazer expiação dos pecados.
Os rabinos ensinam que Deus aceita: (a) Arrependimento que implica restituição. (b)
Oração (Slihoth, orações à meia noite pedindo perdão). (c) Caridade. (e) Jejum (todos fazem

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jejum de 13 anos para cima). (f) Sofrimentos (a grande matança dos judeus basta para todos). (g)
Malkoth (39 açoites). (h) Sua própria morte (Salmo 116:15). (i) O estudo de Torá ou Talmude.
Tudo isso será aceito em vez de um sacrifício. Mas, até hoje, alguns ortodoxos na Europa
e outros países, sentindo a necessidade do sacrifício, lembrando que não há remissão dos pecados
sem derramarem sangue (Lv. 17: 11), observam a cerimônia de "Kapporoth" (sacrifício de
expiação). O homem tem que sacrificar um galo e a mulher tem que sacrificar uma galinha.
No dia de Yom Kippur, os judeus tem uma boa refeição na tarde antes do por do sol
porque vão jejuar por 24 horas. Ao por do sol, na sinagoga, o cantor (chazan) vestido de branco e
com dois membros da congregação em cada lado dirige-se dizendo: "Pela autoridade da coorte
celestial e pela autoridade da coorte na terra, na presença do Onipresente e na presença
desta congregação, oremos com todos os transgressores". Ele então entoa a oração mais
solene de todas, chamada de: "O KOL NIDRE" (todos os juramentos ou votos). Vejamos a
oração: "Todos os votos, compromissos, juramentos, devoções, promessas, penalidades e
obrigações pelas quais nós temos vontade, jurado, votado e lançado desde este dia da
expiação até o próximo dia da expiação sejam par o nosso bem, estamos arrependidos de
tudo e que todos sejam ab-rogados e anulados. Nenhum deles tem mais poder sobre nós.
Nossos votos não serão considerados votos, nem juramentos como juramentos".
Essa oração é muito criticada, por absolver o judeu que falhou em cumprir os seus votos.
É natural porque os críticos dizem eu seria tolice fazer um negócio com judeus que poderiam ser
absolvidos de todos os juramentos no dia da expiação.
Mas realmente, os judeus não estão querendo fugir de seus compromissos. Estão
simplesmente expressando a sua incapacidade de cumprir todos os seus votos e compromissos.
Quer dizer, na opinião deles, ninguém pode pensar, no dia da expiação, que já cumpriu e que
Deus é obrigado a aceitá-lo. Também, uma cerimônia religiosa, não tem nada a ver com a Lei
civil e um judeus não pode fugir um contrato legal sem enfrentar as conseqüências da lei.
Até os judeus dizem: "Yom Kippur faz expiação das transgressões cometidas contra
Deus. Yom Kippur, não faz expiação para um homem que pecou contra outro, se não
houver restituição. Tem que acertar as contas com aquele que sofreu primeiro ou não
receberá o perdão de Deus”.
Os cabalistas escreveram: "A oração daquele que tem ódio contra outro não será
atendida, nem no dia de Yom Kippur". Dizem mais: "... por causa da inimizade e ódio em
nossos corações, estamos impedindo a vinda do Messias. Somos perseguidos por nossas
iniqüidades e por isso cada dia tornamo-snos piores do que os outros. Até nações sabem que
existem divergências e divisões entre nós. Somos um povo só, com uma só língua. Devemos
ser unidos especialmente porque moramos entre inimigos. Porque que deveríamos odiar até
os nossos? Que Deus faça uma expiação para nós renovando o nosso coração de pedra,
renovando o nosso espirito e tirando o nosso ódio, até que seremos mais uma vez unidos em
nossa terra!".
É um costume entre certos judeus praticar imersão na véspera de Yom Kippur. Essa
prática, chamada de “Teshuvah” (arrependimento), faz a limpeza por dentro, mas observando a
imersão, ou um banho ritual faz a limpeza por fora (Is. 1: 16).
O Talmude comentando sobre o versículo que diz que "naquele dia afligireis as vossas
almas..." ensina que existem cinco aflições para serem observadas pelo povo. São elas: (a) É

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proibido comer ou beber. (b) É proibido tomar banho. (c) É proibido ungir-se. (d) É proibido usar
sapatos. (e) É proibido Ter relações sexuais.
As cinco aflições correspondem aos cinco livros de Moisés (A Torá) que foram
completados naqueles dias e correspondem também aos cinco sentidos pelos quais nós
guardamos os mandamentos ou transgredimos.
A idéia é que a alma deve ser afligida até não sentir-se em casa no corpo. Justamente
porque a alma tem cinco nomes: (a) Alma. (b) Vento. (c) Espírito. (d) O único. (e) O vivente
Há 5 aflições para remover a corporalidade.
Os comentários do Talmude tinham uma dificuldade em conciliar como uma confissão
que consiste em apenas palavras poderia ab-rogar um ato pecaminoso. Mas os rabinos resolveram
o problema dizendo que, quando um homem fizer "Teshuvah" (que é arrependimento e
confissão), então, Deus através da sua confissão far-lhes-á uma nova criatura! Então, ele não é
aquela criatura pecaminosa que transgrediu!

7. 5. Yom Kippur (O Sábado dos sábados [Lv. 16: 1-34])


Deus avisou Moisés que Arão, o sumo sacerdote, não pudesse entrar no santuário – dentro
do véu, senão uma vez por ano só, no dia 10 de Tishri, para sacrificar por ele mesmo, por sua
casa, pelo lugar santo, pelo Tabernáculo da Congregação, pelo altar e pelo povo de Israel. Levaria
a pena de morte se se entra noutro templo.
Os sacrifícios
O sacerdote entrava com (a) um novilho (oferta para pecado [Lv. 16: 3]). (b) Um carneiro
(oferta para holocausto).
O sacerdote deveria está vestido com vestes sagradas (Lv. 16: 4), que eram: (a) Uma
túnica de linho. (b) Calças de linho. (c) Cinto de linho. (d) A mitra de linho.
A congregação trazia:
Um bode para o Senhor (oferta para pecado [Lv. 16: 5]).
Um bode emissário.
Um carneiro. (Oferta para holocausto).
O sumo sacerdote depois de sacrificar para si mesmo e para sua casa, um novilho, tomava
os dois bodes e os punha perante o Senhor, na porta da tenta da congregação (Lv. 16: 7), lançava
sorte sobre os dois bodes (Lv. 16: 8). Um seria sacrificado ao Senhor e o outro seria o bode
emissário. Sacrificava o bode sobre o qual caiu a sorte do Senhor e apresentava outro bode
perante o Senhor para fazer expiação por meio dele e o enviava ao deserto, como bode emissário.
Tipologia do Dia da Expiação: O Sumo Sacerdote e os dois bodes
Tudo tipificou a obra da redenção pelo Senhor Jesus: Tudo foi feito pelo sumo sacerdote
sozinho, não pelo povo. O povo havia apenas de trazer o sacrifício. Heb. 1:3; Mat. 26:47-50; Mat.
27:24-25.
O bode sacrificado representava Cristo no aspecto da sua morte que vindica a santidade e
a justiça de Deus que exige a penalidade de pecado através da Lei. Rom. 3:24-26.
O bode solto tipifica aquele aspecto da obra de Cristo e da redenção que leva embora os
nossos pecados, tirando-os de uma vez por todas. Heb. 9:26; Rom. 8:33-34.

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O sumo sacerdote entrando no Santo dos Santos tipificava, Cristo entrando nos céus com
seu próprio sangue por nós. Agora, o trono do julgamento é o torno de graça aos crentes
verdadeiros (Hb. 9: 11-12; 4: 16).
Os sacerdotes do Novo Testamento têm o que Israel nunca teve. (a) A entrada é livre ao
torno da graça. (b) O véu foi resgatado; pelo sangue de Cristo podemos entrar no Santo dos
Santos com intrepidez (Hb. 10: 9-10; 19-22; 4: 14-16; Mt. 27: 5).
Os sacrifícios dos animais também tipificam a obra de Cristo, que oi um obra
substitutiva. (a) A lei não foi evitada, mas honrada. (b) O animal havia de ser sem mancha,
limpo. (c) O sacrifício era uma promessa que o pecado seria perdoado e o e teria comunhão com
Deus. (d) Cristo foi sacrificado por nós, sua morte foi substitutiva e expiatória. (e) Cristo cumpriu
a Lei e pagou a penalidade da Lei. (f) Cristo era sem mancha nunca pecou, e é perfeito. (g) Cristo
nos dá perdão de uma vez por todas e nos dá comunhão eterna com Deus.
Dispensacionalmente, para Israel como nação, o seu sumo sacerdote está dentro do Santo
dos Santos. Quando Cristo Jesus voltar, Israel será convertido, perdoado e restaurado de uma vez
por todas!

8. A SINAGOGA
A palavra em grego é "sunagoge" e significa "ajuntamento de Povo". E o chefe da
sinagoga em grego é "archesunagoger" Até nos últimos vinte anos a palavra sinagoga denotava a
casa de oração, para os judeus ortodoxos enquanto a palavra templo significava a casa de oração
dos judeus reformados. Mas hoje, em dia, pelo menos nos EUA essa distinção não se aplica mais.
Às vezes, conservadores e reformados empregam a palavra sinagoga e as vezes conservadores
usam a palavra templo.

8. 1. A origem da Sinagoga
A origem das sinagogas é obscura. Alguns pensam que teve sua origem no tempo de
Moisés, mas não há provas. Outros pensam que a sinagoga originou no tempo do cativeiro em
Babilônia sob a liderança de Esdras. Isto é razoável porque estava fora do seu pais e do seu
templo por 70 anos. Temos certeza absoluta que muitas sinagogas existem antes a destruição do
templo em 70 D.C. por que há muitas referências no N.T. (Mc. 1: 21; 6: 2; Lc. 4: 16-31; 6: 6; 13:
10 etc).

8. 2. A função da Sinagoga
As sinagogas foram fundadas por vários motivos. Os motivos na ordem da sua
importância são: (a) Casa de instrução e educação religiosa. (b) Casa de oração. (c) Casa de
adoração. (d) Casa para funções da comunidade judaica. (e) Casa de atividades para a mocidade.

8. 3. Descrevendo o interior da Sinagoga


Ali havia: (a) A Santa Arca. (Aron Há-kodesh) que é sempre colocada dentro de
(Mizrah) que é a parede para o lado leste na direção de Jerusalém. (b) A Sefer Torah. (o rolo da
Lei). Este rolo de pergaminho está escrito a mão e fica em pé dentro da Santa Arca. A Sefer é
tirada e lida em todas as ocasiões religiosas que exigem a leitura como: nos sábados e nas Santas

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Festas. (c) A Cortina. (Paroket). Que é a cobertura da arca. Isto é para continuar o costume de
ter a cortina divide o Santo dos Santos do Santo Lugar, no Tabernáculo. (d) Tabelas da Lei.
(Luhot). Um desenho das tabelas fica na parede sobre a Arca. Isto simboliza o conteúdo da Arca.
(e) A coroa da Torah. (Keter Torah). De todas as coroas que existem no mundo, a Coroa da
Torah e a mais nobre. Para simbolizar isto, o rolo da lei é coberto com fino veludo e as coroas são
de prata. (f) A Árvore da Vida. (Ez Hayim). Isto é o nome dado aos cabos do rolo da Lei. São
feitos de madeira. Recebeu esse nome por causa de madeira, dada a expressão: "Ela (A Lei) é
uma árvore da vida para todos que a segura". (g) O Apontador. (Yad). Este apontador é feito
d prata e é usado pelo leitor das escrituras como um guia. (h) A Luz Perpétua. (Ner Tamid).
desde os tabernáculos até a sinagogas de hoje. Essa lâmpada que é suspeita sobre a arca.
Simbolizada a Eterna fé de Israel (conforme a opinião deles). É suspeita Sobre a arca para
mostrar a dependência dos judeus sobre a lei. (i) A Bima. (púlpito). Simboliza o altar o fica em
frente de arca. É na bima que os judeus oram e pregam as escrituras. (j) O Siddur. (Livro de
oração). Este livro contém todas as orações diárias, e para e as festa e aos sábados em ordem.
Existe em outro livro de oração chamado o “kolbo” que contém todas as orações judaicas que
existem.

8. 4. A liturgia
Orações: começaram com o "Shema" (Deut. 6:4-9; 11:13-31; Num. 15:37-41) o judeu
piedoso recita o shema três vezes por dia. É considerada oração mais importante. As 18 bênçãos:
"Shemeneh Esreh" E Também chamado "Amidah" pelo Sephardin porque significa "Em Pé".
Essas orações tem três ênfases, a glória de Deus, a esperança individual e coletivamente, e a
gratidão pelas bênçãos já recebidas. As 18 benções são repetidas pelo Cantor ou Chazan para que
a congregação não perca-as. É chamado "Hazrat há-shaz" que significa: Repetição pelo
representante da congregação.

Leitura da Torah: A cerimônia de leitura começa quando alguém é chamado na frente para
abrir a arca. Depois de uma oração, a arca é tirada e dada para o cantor (hazzan). Então, mais
alguém é chamado na frente, chama-se "Aliyah" Essa honra é oferecida primeiramente a um
"Cohen" (descendente dos sacerdotes dos sacerdotes). A segunda "aliyah" é oferecido ao "Levi".
As outras aos israelitas. Geralmente tem 7 "aliyahs" (chamadas para ler a Torah).
Leitura da Haftorah. Isto é leitura da porção profética.
Benções sacerdotais. é chamada "Birita Kohanim" orações pronunciadas pelos homens
com o sobrenome, "Kohein" .
A Volta de Torah para a Arca. Quando tirarem o Torah e quando é retornada a
congregação canta e faz uma processão. Alguém é chamado e honrado com a tarefa de por a
Torah na Arca.
O Sermão: é pregado depois que o Torah é colocado na Arca. O sermão é chamado
"Derashah" e deve ser uma interpretação da Lei, aplicada aos problemas de hoje.
Musica: Por quase 500 anos depois da destruição de Jerusalém em 70 D.C. houve uma ausência
de música para lamentar a destruição. No século 19 as sinagogas iniciaram de novo, na Europa.
No século 20 algumas sinagogas usam música mas os ortodoxos continuam sem.

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8. 4. 1. Os oficiais
O rabino. A palavra significa "professor ou mestre". Antigamente um homem foi
designado "Rabi: pelo outro "Rabi" de fama. Hoje em dia é necessário a sua formatura num
"Yoshivah" (seminário teológico judaico).para ser digno deste cargo, o homem deve mostrar
sinceridade e motivos, erudição judaica e ordenação.
Deveres. O rabi não somente pode ser casado, mas deve ser. Hoje em dia, o seu trabalho é
bem semelhante a de um pastor. El é responsável para os cultos, para pregações para as
cerimonias de nascimento, confirmação, casamento e morte, e para ser um guia espiritual.
O cantor (Chazen ou Hazzan). Ele é quase igual ministro de música com a exceção que
deve ter uma voz treinada profissionalmente. Ele dirige o coro, lidera as orações que são
entoadas. Ele prepara os candidatos para "Bar-Mitzvah" . Também tem, as vezes, algumas
funções administrativas.
O leitor perito (Baal kore). Ele é um técnico que leia as Escrituras cuidadosamente e
com as entonações próprias.
O leitor perito de orações (Baal Tefillah). Ele é um leigo e não foi treinado
profissionalmente. Ele guia congregações em suas orações.
O representante da congregação em oração (Sheliah Zibbur). Ele responde para a
congregação em suas orações.
O zelador (Shammash). Ele é responsável para os parafinais religiosas, a distribuição
dos livros de oração e os shales de oração (tallith) etc.

9. O CALENDÁRIO
O Ano Lunar é 354 dias e aproximadamente 8 horas – Luah (10 dias e 21 horas mais curto
que o ano solar. Cada três anos adicionam mais um mês).
Conforme o calendário judaico, estamos vivendo no ano 5.731 (até Maio de 1971).
Porque o seu calendário é baseado no sistema lunar e não solar. Segundo o sistema lunar, um ano
contém ou 355 ou 354 dias, enquanto o sistema solar tem ou 365 ou 366 dias.
As festas religiosas sempre caem nos dias conforme o calendário judaico, mas há sempre
uma variação no calendário solar ou Gregoriano.
O dia judaico começa ao por do sol e termina no mesmo no próximo dia. O ano contém 12 meses,
com e uma exceção do ano bissexto. Em cada 19 anos, eles têm sete anos bissextos.
Os nomes de meses são de origem Babilônica:
1º. Nisan (Abril). (início do ano novo agrícola) criação do mundo. 2º. Iyar (Maio). 3º.
Sivan (Junho). 4º. Tammuz (Julho). 5º. Ab (Agosto). 6º. Elul (Setembro). 7º. Tishri (Outubro). (o
ano religioso) saída do Egito. 8º. Cheshvan (Novembro). 9º. Kislev (Dezembro). 10º. Teves
(Janeiro). 11º. Shebat (Fevereiro). 12º. Adar (Março).
(Segundo Adar) (Ano bissexto)
"Veadar ou Adar sheni" "Ibbur"
Segundo a tradição judaica, o ano primeiro era o ano da criação, mas judeus modernos
dizem que era o primeiro ano da civilização e não da criação.

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Nos E.U. A. o calendário judaico é preparado com o horário de ascender as velas - nos
sábados. Porque há uma variação nos horários em cada cidade. E também o horário é diferente
cada Sábado.
Rosh Hashanah é o ano novo um de Tishri é designado como novo ano religioso
(Setembro). 1 de Nisan é o começo do ano novo civil ou agrícola (Abril) (Lv. 23: 24; Êx. 12:1-2).
Conforme a tradição judaica, o mundo foi criado no primeiro de Tishri.
Tekiat Shofar é literalmente tocando no chifre do carneiro. O dia de Rosh Hashanah é um
dia muito sério na religião judaica. É considerado como um dia de julgamento quando Deus julga
Israel e os povos. É celebrado dois dias e também o consideram um dia de renascença espiritual.
Segundo uma tradição rabínica Deus ordenou que Israel tocasse ou trombetas ou chifres
do carneiro pelas seguintes razões:
Para chamar o povo ao arrependimento.
Para fazer lembrar o próprio Senhor que Ele fez uma aliança com Israel dando muitas
promessas para a semente de Abraão (um meio de pedir misericórdia). enfim
Para confundir satanás neste dia porque os rabinos pensavam que ele ia acusá-los neste
dia.
O chifre usado no dia de Rosha Sahanah é o chifre de carneiro para trazer a memória do
Senhor o sacrifício de Isaque pelo seu pai Abraão. Também um pedido para misericórdia.

10. O LAR
Tradicionalmente os judeus dizem que judaísmo no lar é muito mais importante do que o
da sinagoga. Afirmam também que se todas as sinagogas fossem fechadas, a vida religiosa do
judaísmo continuaria porque o centro da sua religião não é a sinagoga, mas o lar. Consideremos,
então, alguns costumes hebraicos, que tem sua maior relação com o lar judaico.

Casamento
A Lei civil do país deve ser observada em primeiro lugar.
A cerimônia tradicional vem depois.
A presença de um Minyon (grupo de 10 judeus) é mister. Isto é a maneira de enfatizar que
o casamento não é importante só para a vida do casal, mas também é considerado importante para
a comunidade. Antigamente a comunidade ajudava generosamente para as coisas materiais para
os noivos.
Nos dias de hoje é lícito escolher para si mesmo sua noiva ou noivo, mas antigamente não
era assim. Cabia aos pais escolherem. Lembrem-se os exemplos bíblicos como no caso de Abraão
e Isaque (Gn. 24; 28).
Os símbolos tradicionais ligados com o casamento são:
(a) A Chupah (em português chama-se pelos vários nomes tais como: pálio, dessel,
baldaquino e pavilhão). Não sei qual entre eles é o mais comum, mas vou chamar de chupah
como a pavilhão. Os noivos ficam em pé sob o chupah durante a cerimônia. Esse pavilhão é feito
de material muito fino de alta qualidade. Simboliza real porque os noivos são considerados como
rei e rainha no dia do seu casamento.

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Professor Saulo Soares
(b) O anel. Pode ser de ouro ou de prata, mas deve ser muito simples. Simples para
minimizar a diferença entre noivos pobres e noivos ricos. Tipicamente também a tradição judaica
de igualdade. Na minha experiência já vi muitas senhoras judaicas usando os seus anéis mas
também usando ao mesmo tempo anéis com muita jóias ou pedras caríssimas. Aparentemente, as
judias não agüentavam ficar só com um anel simples. O anel simboliza a perfeição eterna. (Seja
santificada a mim pela lei de Moisés e Israel).
(c) O Documento do Casamento. Depois de colocar o anel é lido esse documento de
casamento que se chama o Ketubah. É o contrato das obrigações mutuais entre o casal.
(d) O copo de vinho. Os noivos bebam do mesmo copo no princípio da cerimonia e mais
uma vez no fim. Antigamente usavam dois copos. O primeiro para simbolizar a vida de alegria, e
o segundo significava a vida de sacrifícios. Bebendo juntos significava o destino comum do casal.
(e) Quebra do copo. A cerimônia está concluída quebrando o copo. O noivo quebra o copo
pisando nele. Isso simboliza várias coisas, tais como: (1) Faz lhes lembrar a destruição do templo.
(2) Faz lhes lembrar que a vida é frágil e transitória. (3) Foi também para assustar os espíritos
malignos, expulsando-os porque demônios têm ciúmes de qualquer alegria humana.
(f) A benção sacerdotal. Essa benção profunda se encontra em Números 6: 24-27: "o
Senhor te abençoe e te guarde: o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha
misericórdia de ti: o Senhor sobre ti levante o seu rosto, e te de paz".
(g) Os hospedes. Tradicionalmente, era obrigatório para o hospede cumprimentar o noivo
dizendo-lhe que ele escolheu uma noiva belíssima. Os rabinos ficavam perturbados, porque se
essa descrição não podia ser aplicada, isto é se a noiva era feia mesmo, então os hóspedes seriam
culpados de testemunhar falsamente violando a Lei de Moisés. Tudo foi resolvido quando esses
sábios concluíram que todas as noivas pudessem ser consideradas lindas e aos olhos do noivo
dela sempre é a mais linda.
(h) Divórcio. É raro entre os judeus. Eles dão muita ênfase sobre a unidade da família.
Mesmo assim, conforme as leis judaicas se o divórcio for necessário será fácil obte-lo. De fato, o
Talmude diz que pode divorciar-se de sua esposa se ela queimar o jantar. Mas continua dizendo
que: "Se existe tão pouco entendimento e compreensão entre o casal que uma carne queimada
tem tal importância, então significa que já exista uma incompatibilidade básica”. Na tradição
judaica é considerada maior má criação de crianças num lar sem amor, de que a necessidade das
crianças enfrentarem o divórcio dos seus pais.

Chanukah Habbayth (Dedicação da casa). Isto é um costume, que era observar sempre,
mas que hoje em dia está sendo observado por poucos, já que hoje muitos o abandonaram. É uma
cerimônia pela qual a vida judaica começa num lar. Os recém casados colocam a Nezuzah na
porta com orações e bênçãos pronunciadas.
A Nezuzah. É um ornamento colocado no batente da porta de acordo com Deuteronômio
11: 20, "E escreve-as nos umbrais de tua casa e nas tuas portas". As duas primeiras partes de
"Shema" que é Deuteronômio 6: 4-6 e 11: 13-20. São escritas em Hebraico num pedaço de
pergaminho, que então é enrolado e colocado em um recipiente de metal ou de madeira. É posto
numa posição inclinada ao lado direito da porta dos lares dos judeus. A palavra "Shaddai”; está
escrita no outro lado do pergaminho, e a letra "Sheen" em Hebraico apareça através da pequena
abertura na Nezuzah. A Nezuzah simboliza a família judaica e a sua lealdade a lei de Deus.

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Professor Saulo Soares
Judeus piedosos tocam os sua lábios com o seu dedo e depois a Nezuzah quando entrarem ou
saírem da porta. A Nezuzah tornou-se um símbolo do lar judaico e um sinal da presença de Deus
na casa. Infelizmente, a Nezuzah tem se degenerado num mero amuleto. Vejamos em Jeremias
31: 33; Ezequiel 11: 19-20 que desejo de Deus que o seu povo escrevesse as leis nos seus
corações. Um mero amuleto fora da casa nunca pode agradá-lo.
  Kashrus Kosher (A Lei Dietética). Essas leis são baseadas em Levítco 11. Mas as regras
talmúdicas vão muito além do ensino do Torá (Como sempre).
1. Os animais precisam ser mortos de uma maneira muito especial. Um especialista
chamado Shochet, que é um profissional, usa uma faca de certa, medida, bem afiada para evitar
crueldades e para que o sangue possa drenar ou esgotar mais rápido. Porque conforme o ensino
do A.T. não era lícito comer carne que ainda continha sangue. Então, é preciso saturar a carne em
água por uma hora e depois por mais meia hora em água salgada.
2. Os dois jogos de louças. Não é permitido comer produtos de leiteria até seis horas
depois de comer a carne. Isto é baseado numa interpretação (errônea) de Êxodo 23: 19; 34: 26 ;
Deut. 14: 21. É necessário usar um jogo de louças para carne e outro para produtos de leiteria.
Levítico 11 registra as verdadeiras leis dietéticas que Deus deu a nação de Israel naquela
época. Os rabinos de hoje acre ditam que essas leis eram temporárias (com a exceção dos
ortodoxos). Foram dadas porque a nação não tinha meios de refrigeração. Quer dizer foi por
razões higiênicas.
Qual é nossa posição como crentes? Somos obrigados a observar Levítico 11?
Pessoalmente, creio que os rabinos têm razão para dizer que essas leis foram temporárias. Porque,
originalmente, a raça humana não recebeu ordem de recusar comidas.
Essa ordem não veio até depois e como lei foi dada aos Israelitas. Lembre-se que faz parte
da lei mosaica que também era temporária.
Num certo sentido Deus estava fazendo lições ao seu povo, lições de objeto. Mostrou-lhes
que deviam fazer diferença entre carne Kosher (limpa, pura) a carne treyfah (impura), ou melhor,
proibido. A carne kosher representa o que é bom, enquanto a carne treyfah representa o mal.
Infelizmente muitos judeus ficam satisfeitos observando ao pé da letra adicionaram leis que Deus
nunca lhes deu.
Vejamos o que o Senhor Jesus disse aos fariseus (Marcos 7: 1-23) Mostrando-lhes
claramente que a impureza da vida não tem nada a ver com a comida. Pode comparar Atos 10:9-
10; onde Deus exigiu (numa visão) que o Apóstolo Pedro matasse e comesse animais proibidos
antigamente. Foi para ensiná-lo que ele não deveria ficar com preconceitos contra os gentios.
O Apostolo Paulo nos ensina em Rom. 14; a atitude que crentes devem manter neste
sentimento. Devemos Ter tolerância com irmãos cujas convicções são diferentes do que as
nossas. A convicção de apostolo Paulo era: "Eu sei, e disso estou persuadido no Senhor Jesus,
que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para
esse é impura" (Rm. 14: 20; I Tim. 4: 3-4). Pois bem. Essa idéia dos dois jogos de louças é uma
invenção dos rabinos baseado na mal interpretação dos seguintes versos: Êxodo 23: 19; 34: 26;
Dt. 14: 21. Estes trechos: "Não cozerás o cabrito no leito da sua própria mãe".
Os rabinos concluíram que este versículo significa que carne e leite na mesma louça não
seria lícito. É meio difícil compreender sua interpretação. Pra mim, o verso simplesmente está
dizendo que eu não devo matar um cabrito que ainda está alimentando-se da sua mãe.

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Que quer dizer não chegou a idade de ser sacrificado. Ou que seria melhor não cozerá o cabrito
no leite da sua própria mãe. Ouviu falado também, que as pagãs praticavam cozinhar um cabrito
vivo elite da sua mãe! E a advertência é que o povo Deus nunca pode imitar tal coisa. Seja qual
for a interpretação certa, creio que a idéia de dois jogos de louça é longe dela!
Circuncisão (Brith Me’ilah).
O rito é no lar quando o infante chega ao seu oitavo dia de vida. A criança recebe o seu
nome neste dia. A pequena operação é feita por um especialista chamado um Mo’el. A cerimônia
com uma oração dele. Ele pede que o menino cresça física e mentalmente e para que ele passe a
amar o Torah até Chupah (casamento). Também, que ele tenha uma vida cheia de boas obras
(mitzavahas).
Pidyon Haben (Redenção do Filho eu Pidyon habechor: redenção do primogênito). O
ritual toma lugar no lar depois de 30 dias de vida. É baseada em (Êx. 13: 1-2 e 13-15; Nm. 18:
15-18). A cerimônia está realizada sempre no lar. O Pai tem que pagar a um Cohen (descendente,
suposto, de Arão) 5 dólares de prata. Judeus com sobrenomes ou Cohen ou Levi são isentos deste
ritual. Biblicamente este costume serve para fazes-lhes lembrar da sua lembrar da sua redenção
da sua redenção do Egito, quando Deus julgou os primogênito de Faraó e os egípcios. O rabino,
Morris - Kertzer no seu livro: "What is a Jew" diz: “Conforme a legenda, o primogênito tinha
a responsabilidade dos rituais religiosos da casa e da família. Mas depois de êxodo este
serviço passou os descendentes de Arão e aos Levitas. Mas os outros primogênitos
necessitavam ser redimidos pelo preço da redenção assim transferindo suas obrigado aos
sacerdotes”.
Bar-Mitzvah (Filho da Lei ou Mandamento). Estes costumes são observados pelos
ortodoxos e conservadores. Quando um menino chega ao seu décimo terceiro aniversário, é
considerado qualificado a ser Bar-Mitzvah. Desde então é considerado responsável perante a lei
pelos seus atos e pelas suas obrigações religiosas. Nos Sábado (antes ou depois) do seu
aniversário, o menino é chamado na sinagoga ao altar para ler um trecho da Torá em hebraico.
Conforme a tradição, era necessário para o Bar-Mitzvah dá um discurso talmúdico. Nos
dias e hoje é apenas necessário afirmar sua intenção de seguir o judaísmo e declarar sua intenção
de estudar a Torá.
Depois da cerimônia na sinagoga, realiza-se uma festa em casa. O menino receba muitos
presentes dos pais e dos parentes e amigos.
A origem deste costume é recente. De uns 600 anos para cá. Originou-se na Europa.
Recentemente, nos últimos 20 anos os reformados e alguns conservadores introduziram o
costume de Bar-Mitzvah (Filha de mandamento), mas os meninos e as meninas fazem sua
"confirmação", quando atingem 15 ou 16 anos, e em grupos.
Netilat Yadayim (Lavagem das mãos). Judeus piedosos lavam suas mãos várias vezes
durante o dia. Lavam-nas ao acordarem, antes e depois das refeições e antes das orações.
Responsabilidades dos pais. A mulher (bath habbayith) é responsável para acender as
velas nos sábados e nas festas. Ao fazer isso, ela deve orar e pronunciar bênçãos. Ela é
responsável também para manter a casa "kosher". O pai, (Baal Habbayith) tem responsabilidade
principalmente na sinagoga. Mas, também é responsável para a educação da sua família (Dt. 6:
4).

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Professor Saulo Soares
O sábado
O que mais distingue Israel e o povo judeu das nações é a observação do Sábado. Então, o
estudo do Sábado merece a nossa consideração. Vamos considerar a: (a) Sua origem. (b) Sua
importância. (c) Seu desenvolvimento. (d) Sua observação em nossos dias. (e) Seu motivo ou
propósito. (f) Por quem ele foi dado. (g) Se ele era para ser permanente ou temporário. (h) Qual
sua origem
A primeira menção de Sábado ou o sétimo dia se acha em Gênesis 2: 2 –3. A Bíblia nos
ensina que Deus santificou o sétimo dia e descansou de toda a sua obra com Criador nesse dia.
Então, é bem claro que Deus santificou o sétimo dia para comemorar sua obra de criação
(Êx. 20: 11).
Os povos antigos tinham o costume de observar os sábados, especialmente em Babilônia.
Eles observam os dias 7, 14, 19, 21, 28 de cada mês. Até o rei não podia fazer certas coisas no dia
que eles chamaram sabatu. Mas em Babilônia foi ligado com a astrologia, muito mais do que
qualquer oura idéia de agradar a Deus. O dia 19 foi observado também porque este dia
adicionado com os 30 dias do mês anterior em 49 ou 7 x 7 dá o número sagrado.

O Sábado e a nação de Israel


Conforme o ensino em Êxodo 16: 23-29, o Sábado já era uma instituição, pelo que,
quando os Dez Mandamentos forma transmitidos, o Sábado não foi proposto como se fosse uma
nova Lei.
Embora que a idéia de observar o Sábado foi comum antes da Lei, os seus detalhes
específicos foram estabelecidos pela primeira vez no conteúdo da Lei, que foi entregue no Sinai,
para Israel. É importante notar que a Lei, inclusive o Sábado, foi dado só a Israel (Êx. 20: 8-11).
No hebraico a palavra Sábado é “shabbat” e significa “cessar ou descansar”. Era para ser
principalmente um dia de descanso de todo o trabalho e de todo um dia dedicado a renovação
espiritual e adoração a Deus. Este era o propósito do Sábado.
A próxima menção do Sábado se encontra em Êxodo 31: 12-18. Ali, vemos a importância
do Sábado na visão de Deus. Ele obrigou Israel a guardar os Seus sábados sob pena da morte, se
profanassem. Era para ser sinal entre Deus e Israel e como uma aliança perpétua em suas
gerações.
A ordem de guardar os sábados é repetida muitas vezes no Antigo Testamento (Lv. 16:
31; 19: 3, 30; 23: 3, 11, 15-16 , 32, 38; 24: 8; 25: 2, 4, 8; 26: 2, 34-35, 43; etc).
Será que Deus mataria alguém só por trabalhar um pouco no dia de Sábado? Vejamos o
que aconteceu com um homem que violou o Sábado (leia Números 15: 32-36).
Israel nem sempre guardou o Sábado. De fato, um famoso rabino, Achad Haam disse: "O
sábado guardou Israel mais do que Israel guardou o sábado”.
O Seu Desenvolvimento
Os judeus observavam o Sábado de um modo geral. Não trabalhavam, dedicando este dia
em adoração ao Senhor. O descanso, porém, não era estritamente observado. O povo vivia
percorrendo a terra. A observação do Sábado pelos judeus, degenerou tanto que foi um das
grandes razões que fez Deus permitir que Nabucodonozor levasse Israel cativo para a Babilônia
(Jr. 17: 19-27).

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Em Babilônia os judeus começavam a dar mais ênfase sobre o Sábado. É que em
Babilônia se viram despojados de seu templo, dos sacrifícios e da sua adoração cerimonial.
Surgiram homens, tais como Esdras e Neemias que queriam obedecer aos preceitos de
Deus. Os preceitos como o da circuncisão e o Sábado podiam ser observados. Sendo assim, é
claro, o porquê da circuncisão tornar-se o primeiro símbolo do judaísmo.
Podemos ver um grande contraste entre os que foram levados em cativeiro, com os que
ficaram na terra, em relação ao Sábado. Vejamos o que Neemias encontrou quando voltou a
Jerusalém (Neem. 13: 15-22).
Em Jerusalém, no tempo de Cristo. Um sacerdote ficava na torre do templo tocando a
trombeta como o sinal de cessar o trabalho e começar o descanso do Sábado.
Nas outras cidades, um judeu subia ao teto da sinagoga e tocava sua trombeta, seis vezes!
A Primeira vez para os obreiros no campo ao redor da cidade cessar os trabalhos.
A Segunda vez para as lojas de a cidade ser fechadas.
A Terceira vez era para avisar as senhoras de casa para tirar as panelas dos fogões,
embrulhá-las para preservar a comida quente e para acender as velas do Sábado.
Depois vinha um intervalo e a trombeta era tocada três vezes em sucessão rapidamente,
significado o começo do Sábado. O trombeteiro deveria deixar sua trombeta no teto até o término
do Sábado.
Na Idade Média (Medieval). Durante esta época o Sábado foi uma ilha de descanso no
mar de perseguições. Os judeus só tinham repouso e descanso no Sábado com sua família.
Sextas-feiras, bem cedo, faziam uma limpeza da preparação para o Sábado. Usavam a mais
bonita toalha sobre a mesa e o melhor de tudo foi empregado naquela noite. Depois de jantar a
família cantavam z’miros – canções da mesa – honrando o Sábado. Era costume convidar alguém
para jantar, de preferência um sábio, que podia dar uma interpretação de um estudo na Tora. A
comida mais comum era peixe ou ganso, bem temperado. Um tipo de pão especial foi feito para o
Sábado, chamava-se challoth (challos) pão de Sábado.

Nos Tempos Modernos


Foi introduzido o costume de Kabbolas Shabbot ou Saudação a Rainha, que era o Sábado.
Certos judeus piedosos se vestiam com a roupa mais fina que tinham e faziam uma procissão fora
da cidade, para saudar o Sábado, cantando salmos e terminando com "venha à noiva, venha
noiva!". Uma das mais famosas canções até hoje é o “D’choch Dodi” que significa: venha
amigo, encontrar a noiva. (Foram os cabalistas que introduziram estes costumes). A dona da casa
faz a cerimônia de acender as velas, cobrindo os seus olhos com as mãos e recitando a benção. O
pai e os filhos cantam Shalon Alcichem, como saudação aos dois anjos que acompanham cada
judeu da sinagoga até em casa. O pai recita ultimo capítulo de Provérbios honrando as esposa. O
pai lê também a Torá, duas vezes em hebraico e uma vez em aramaico.
Há uma herança popular que as almas em Genhenna recebam descanso durante o Sábado
de mas quando o sábado terminar precisam voltar a Genhenna.
A maioria dos judeus pensa que o descanso do Sábado rigidamente observado pelo Esdras
e Neemias e outros, foi preservado somente porque as circunstâncias eram favoráveis. Mas desde
as modificações do século 19 foi impossível observá-lo rigidamente.

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Um judeu, certo Sr. Hayyim Shaues, autor do livro "Jewish Festival" disse: “As
invenções revolucionaram o comércio e a indústria numa maneira que transformou a vida
econômica. Também a influência dos cristãos observando o domingo deixou com que os
judeus não pudessem continuar observando o sábado como antigamente”. Somente os ultra-
ortodóxos continuam tentando observar o Sábado rigidamente. Hoje em dia, a maioria dos judeus
não o observa estritamente.
O Sr. Hayyim pensa que os judeus devem modificar as restrições, mais ainda continuar a
observar o sábado. Ele empregou a expressão, "precisamos por o novo vinho em garrafas
velhas".
Conforme o ensino de Números 28: 9-10, é impossível até para os ortodoxos observarem
o Sábado segundo a Lei. Pois não templo, nem o sacerdócio.
Eles estão tentando observar o sábado como o Talmude exige, e não como a Bíblia. E a
maioria dos judeus não conhece nada do Talmude. O Talmude dá 1.521 regras sobre o Sábado.
O ano de júbilo teve início ao completarem sete anos sabáticos (49 anos [Lev. 25]).

O sábado tem uma aplicação para crentes? Domingo foi uma invenção de um papa
como alguns dizem? Lembre-se da acusação dos fariseus contra o Senhor Jesus e os Seus
discípulos? (Mt. 12: 1- 8).
A questão de sábado e a circuncisão e a lei é resolvida para o crente pelo ensinamento do
Novo Testamento (Cl. 2: 11; 16-17; Gálatas; Romanos).
(a) O sétimo dia comemora a obra de criação. (Gn. 2: 1-3). O primeiro dia comemora a
obra da redenção. (Mt. 28: 1-6)
(b) O Sábado era o sinal da aliança de Deus como o seu povo, Israel. (Êx. 31: 13).
Domingo significa a comunhão entre a Igreja e o seu Senhor ressurreto (At. 20: 7).
(c) A observação do Sábado foi obrigatória com a pena de morte. (Êx. 31: 14). A
observação do Domingo não é obrigatória, é voluntária.
(d) O Sábado era a parte essencial da dispensação da lei mosaica. O Domingo e
representativo da dispensação da graça.
É verdade que o imperador Constantino instituiu a lei de Domingo em 321, mas isto não
muda o fato que os crentes desde os dias dos apóstolos já observam este dia.
Já pensou no problema dos hebreus cristãos em Israel. Sábado é o dia legal para descansar
e adorar. Domingo é um dia de trabalho como qualquer outro. Vai condenar o hebreu cristão por
trabalhar domingo e adorar no sábado?
Qual deve ser a posição do salvos? Romanos 14: 1-12 (principalmente os v.v. 5-6).

Livros sagrados
Conforme alguns rabinos, não existem (em um livro só) todas as leis que comprometeram
os judeus. O livro que venha mais perto é o "Shulchan Aruch". Foi escrito, no século 16, pelo Sr.
Joseph Caro.
Shulchan Aruch: (Século 16). Este livro contém todas as leis básicas e é aceito pela
maioria dos ortodoxos. Porem, todos os ortodoxos o consideram representante de toda a lei. Que
deve incluir todos os códigos, e comentários as emendas, as respostas rabínicas em relação aos
problemas da vida. Os reformados não aceitam o Shulchan Aruch e os conservadores já tem

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abandonados muitos ensinos neles. (O rabi, Morris Kertzer disse: "Até a Bíblia não pode ser
considerada a regra da pratica religiosa imutável... muitas leis Bíblicas já foram
reinterpretadas fora da existência... neste sentido, a lei rabínica e a bíblia não são idênticas"
(What is a Jew, p. 75).
Os Talmudes: A palavra, Talmude significa "instrução". Os Talmudes são produtos de
muitas gerações começando (conforme a tradição) com Esdras e sendo completados no ano 600
d.C. em Babilônia. Quer dizer levou mais ou menos 1000 anos para fazê-los.
A Mishná: Foi o primeiro comentário sobre a Lei (Pentateuco) também conhecido como
"Halakah" que significa "linha de conduta" ou "regra religiosa".
Guemará: É um comentário para explicar a Mishná. A Guemerá contém muitas
discussões, decisões e debates dos rabinos e escribas sobre o (Pentateuco) e a Mishna. Guemará
significa "completa".
Hagadah: a palavra significa "narração ou história". Hagadah não é um livro em si, apenas
todas as partes de Halakah e Guemará que em homilias, narrações humanísticas.
O Talmude então, é composto destes três: A Mishna, Gemera, e a Hagadah.
Existem dois Talmudes: O Talmude de Palestina, também é conhecido como Talmude de
Jerusalém, completado em 400 d.C. e o Talmude de Babilônia, o mais importante dos dois,
completado em 600 d.C..
O mais importante é o Talmude Babilônico tendo quase 2,500 páginas e é o Talmude de hoje
enquanto o Talmude Jerusalém é bem menor e mal conhecido.
O Conteúdo de Talmude. Contém: ética, leis, poesias, orações, rituais, sermões, folclore,
lendas, comentários de Escrituras e teologia. O Talmude pode ser considerado como uma
enciclopédia de uma época do povo judeu.

Símbolos
Há vários símbolos usados em judaísmo. Seria bom para crentes aprenderem quais são
estes símbolos e o significado deles para que pudessem usá-los como um ponto de contato ou
método de aproximação.
1. A Estrela de Davi (Môgen David).
A estrela de Davi talvez seja o símbolo mais conhecido. Ela é usada na Bandeira Nacional
de Israel. Também se encontra nas sinagogas. Ë muito comum ver judias usando a estrela na
correntinha do pescoço. Às vezes, judeus usam a estrela num alfinete de gravata.
A estrela tem dois triângulos entrelaçados. Um triângulo aponta para o céu e outro para a
terra. Então, é uma estrela de seis pontas.
Sua origem é obscura. Um rabino diz que originou em Europa á 300 anos atrás. Afirma
também que não é símbolo sagrado ou religioso apesar da idéia que era o símbolo no escudo do
rei Davi. Tornou-se muito popular na Europa. E os nazistas exigiram que todos os judeus
usassem este símbolo como "um emblema de vergonha”. Facilitou a captura dos judeus quando
nazistas queriam prendê-los. Os judeus não deixaram de usá-los nos seus braços. Para eles era
"um símbolo de orgulho" e é até hoje.
Mesmo que os rabinos modernos afirmam que a estrela não tem nenhum significado
religioso os hebreus cristãos vêem nela um significado muito interessante. Para eles a estrela
representa o Deus Triuno e os homens nas suas três partes, corpo, alma e espírito. O triângulo

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voltado para terra, representa a Trindade pegando há outro triângulo que representa os homens e
levando-os para o céu!

2. Tefillin (Filactérios)
Jesus menciona o uso de tefillin em Mateus 23: 1-5. Mas Ele disse que os costumes
tornam-se meros símbolos de orgulho dos fariseus.
Os tefillin consistem em duas caixinhas de cor preta, de uma ou duas polegadas
quadradas, com correias de couro segurando-as. As caixinhas contêm pedaços de pergaminhos
inscritos com textos da Torah, em hebraico. Os trechos são os de Êxodo 13: 1-16; Deuteronômio
6: 4-9 e 11: 13-23; que proclamam a unidade de Deus, Sua providência e a restauração de Israel.
Ortodoxos e conservadores usam os tefillin todos os dias úteis, nas suas orações da
manhã. Não são usados nos sábados.
Motivo de tefillin? Para remover as distrações mundanas quando se está preparando-se
para orar. O trabalho de colocar as caixinhas no braço esquerdo e na testa exigia concentração.
Uma caixinha colocada no braço esquerdo, ou seja, perto do coração, simboliza os laços
de emoção da sua fé, enquanto a caixinha colocada na testa simboliza a aceitação intelectual da
Palavra de Deus. Um rabino disse que, tudo isso mostra a consagração do nosso coração e das
nossas mãos a vontade de Deus.

3. Tallith (Shale de oração)


O Shale de oração é usado pelos ortodoxos em obediência a lei bíblica. É feito de tecido
de soda ou lã. É branco e azul que são as cores de Israel. O shale ou tallith tem franjas nos
quatros cantos ou bolas, chamadas "tsitsis" conforme o ensinado na Torah (Nm. 15: 37-40; Dt 22:
12). Os judeus usam o tallith nos cultos da manhã. Geralmente, o judeu usa o seu tallith no dia do
seu Bar-Mitzvah. Algumas congregações ortodoxas, entretanto, concedem o tallith só no dia do
casamento. Originalmente, o tallith era um símbolo de distinção, reservado pelos rabinos ou
anciões. Hoje em dia, é símbolo de igualdade. Os judeus piedosos usam o tallith como mortalha e
são sepultados com ele.

4. Yarmulker (boina)
Não apenas durante as orações, mas, sempre, os judeus ortodoxos usam o Yarmulker, ou
um chapéu. Já os conservadores o usam só nos atos de adoração (orações e cultos). Quanto aos
reformados, geralmente, não o usam nos seus cultos. O seu uso não bíblico e sim uma tradição.
Os rabinos têm opiniões diferentes em relação à origem de uso do Yarmulker. Uns dizem que se
originou em tempos antigo, simplesmente como proteção contra o sol de Jerusalém. A
arqueologia judaica revela que os judeus antigos não usavam chapéus ou Yarmulker quando
oravam. Porém, o Yarmulker tornou-se um símbolo e reverência.
Conforme o ensino do Novo Testamento, sabemos que é vergonha para homens orar ou
pregar com a cabeça coberta e ao contrário para as mulheres (I Co. 11: 1-5).

5. A menorah (o candelabro, castiçal [Êx. 25: 31-40; 37: 17-24])


A passagem acima descreve que o candelabro ou castiçais foi feito para ficar no
tabernáculo. Este texto nos dá uma discrição do candelabro. Segundo o que se lê, este era uma

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peça só, feita de ouro batido, com um: (a) Um pedestal. (b) Uma haste principal. (c) Seis hastes,
saindo da haste principal; três de um lado e três do outro. (d) Tinha flores, cálices e maçanetas.
Nos dias de hoje, o menorah que se encontra nas sinagogas não tem sete hastes, conforme
o ensino de alguns rabinos. Alguns têm seis hastes, outros, oito. Por quê? Para lembrar a
importância do tabernáculo e do templo, os judeus resolveram não fazer o candelabro exatamente
como era antigamente. Isto é para mostrar o seu respeito ao original e para honrá-lo.
O judaísmo usa também um outro tipo de candelabro especial que tem nove hastes. Uma
delas é serva para as outras. Esta peça é usada sempre na festa de Chanukah.
Autor: Reverendo Roberto J. Brennan.

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Professor Saulo Soares

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