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do PIB ~ 2004 ‘ea Siren For: Bee Mundial sponte ers Crmnnarabankog>. sso em 23 mar, 005. A divisdo do PIB pela populagao aparentemente resolveria esse problema. De fato, essa operacao reve- Ja distncias imensas entre os paises. O PIB per capita da China gira em torno de 4,6 mil délares, enquanto 0 do Japio & de quase 27 mil délares. O PIB per capita da {ndia ndo chega a 2,7 mil délares, enquanto o da Ale- rmanha ¢ superior a 27 mil délares. A Espanha conta com um PIB per capita em torno de 21.5 mil délares, que contrasta nitidamente com os 7,8 mil do Brasil PIB per cepita do Brasil é baixo se comparado a0 dos paises desenvolvidos. Entretanto, no contex- to sul-americano, o pafs esté relativamente bem si- tuado, atrds apenas da Argentina, do Chile e do Uru- ual, Entre os paises subdesenvolvidos, s6 fica mui: to abaixo do PIB per capita dos grandes exportado- res de petrdleo com pequeno contingente demogr fico (como a Arébia Saudita) ou de alguns dos NPIs do leste asiético (como a Coréia do Sul). Arenda concentrada 0 PIB per capita representa uma média, isto é a parcela ideal da renda nacional apropriada por cada habitante. Contudo, est muitolonge de representar a [80% mais pobres. [J 8% mais nos parcela real da renda apropriada pelos habitantes de um pais. Antes de tudo, porque grande parte da rique- za nacional encontra-sena forma de capital das corpo- rages financeiras e industrials e infra-estruturas pi blicas. Depois porque, como qualquer média, ela ocul- ta as desigualdades na distribuicdo social da riqueza, Ocrescimento da economia brasileira deu-se sob 9 signo da concentragao da renda. A expansio quantitativa da economia ocorrida no pés-guerra beneficiou, principalmente, uma elite da populacdo e traduriu-se pela consolidacao de uma classe mécia urbana relativamente pouco numerosa. Isso signi ca que uma redurida parcela da populacdo reteve a maior parte da riqueza nacional, enquanto a massa da populacao apropriou-se de uma fragéo marginal dessa riqueza. Em nenhum pais do mundo a renda nacional édistribuida igualmente por todos os habi- tantes, mas muito poucos entre eles apresentam pa- drdes de distribuigdo mals perversos do que os bra- sileitos: isso acontece apenas em alguns paises da Africa Subsaariana, tais como Namibia, Serra Leoa, Repiblica Centro-Africana e Africa do Sul No conjunto da populagao brasileira, o rendimen- to dos 10% mais ricos é cerca de 20 vezes maior que orendimento dos 40% mais pobres. Isso ajuda a en- tender as diferencas entre esses dois estratos, quan- do analisamos alguns indicadores basicos de condi- (des de vida: entre os mais ricos, mais de 80% vive em domicilios igados a rede de saneamento bésico emais de um quarto freqiientam cursos superiores: ‘entre 05 mais pobres, pouco mais de um tergo vive em domicilios com saneamento basico e menos que ‘5% silo estudantes de nivel superior. Uma outra estatistica ajuda a compreender a di- nensdo do abismo social que caracteriza 0 pais: 0s 50% mais pobres possuem renda que equivale a cer- ca de metade daquela dos 5% mais ricos. Essa desi- qualdade se manifesta em todas as regides brasile- ras, ainda que com intensidade diferente (fig. 2). Fonte: IBGE, PUAD 2002 Oeperival er Swnvnibge garb Acesso en jl 2008 CCopacebena, no Ro de Janeio, em 2002. O contraste entre os edo residence hoteles orl ea favelas na vertante do moro frma uma sntese pasegstica das cesigualdades sodas © econdmicas brasleras. A tendéncia & concentracdo da renda tem rafzes profundas, vinculadas as estruturas constitutivas da sociedade brasileira + Omonopélio da terra pela elite de latifundi rios ea base escravista do trabalho. A abolicao da escravidio ndo aboliu 0 monopélio da terra, fon- te de poder econémico e principal meio de produ- Go até a década de 1930. Depois, a modernizacao da agricultura nao atenuou as privagdes sociais no campo brasileiro: cerca de 60% dos estabelecimen- tos agricolas do pais produzem uma renda inferior a uum salério mfnimo. * A oferta abundante de trabalho para a eco- nomia urbano-industrial. A formago do moderno mercado de mao-de-obra urbano apoiou-se na com- binacio de um acelerado crescimento vegetativo com intenso éxodo rural. Um estoque quase inesgotével de forga de trabalho de baixa qualificaco permitiu a manutengao de niveis salariais reduzidos na indtis- tria, no comércio e nos servigos. * O padrdo excludente de desenvolvimento industrial. A industrializagdo acelerada promaveu ‘aexpansio quantitativa das classes médias urbanas, ‘mas a concentragio da renda perdurou e até se apro- fundou. Configurou-se um mercado consumidor de bens duréveis relativamente restrito, do qual a mas- sa da populagdo quase nao participa. 2.Pobreza e desenvolvimen- to humano 0 PIB per capita ndo reflete as reais condicdes de vida da populagéo de um pais. Por isso, 2 ONU ctiou uma série de indicadores capazes de mensurar e tornar compardveis os niveis de bem-estar social vigentes nas diferentes economias nacionais. 2 ‘Um dos mais importantes entre eles éo{ndicede Pobreza Humana (IPH). Como existe uma imense disparidade entre os paises desenvolvidos e os paises subdesenvolvidos no que diz respeito as condigdes de caréncia das populace, o IPH considera padroes di- ferentes para mensurar os niveis de privacdo. 4 No caso dos pafses subdesenvolvidos, o chamado IPH 1 considera a parcela de pessoas com expectativa de vida inferior a quarenta anos e a taxa de analfabe- tismo de adultos. Além disso, 0 indice também reflete il Indice de Pobreza Humana (IPH) OIPH considera diversos indicadores para veriicar a | porcentagem de pessoas em ume populaczo que softe de privacdes em quatro dimenstes bésicas da Vida: a longevidade, 0 conhecimento, 3 provisio eco- nbmica e a incusdo social a parcela da populagao sem acesso & gua potivel ¢ fosservigos de satide, assim como a incidéncia de cr- sagas menores de cinco anos com peso insuficiente. Seu valor final expressa a parcela da populacéo que __ (ivesob fortes privacbes. Entre 0s 94 paises avaliados, ~ oresse indice, o Brasil ocupa a 18%pposicgo, com IPH = fe 11.8%. A incidéncia das privagdes no Brasil é maior = do que em varios paises latino-americanos que apre- sentam PIB per capita mals baixo, como a Colémbia, 0 * penamé, a Venezuela e o Paraguai (fig. 3). ° também elaborado pela ONU, é um outro indicador poderoso das condigées de vida das populagdes nos diversos palses do mundo. Nesse caso, os mesmos cri- térios so utlizados para paises desenvolvidos e sub- desenvolvidos,faciltando as comparagdes entre eles. Em 2002, entre os 177 paises pesquisados, os valores de IDH variavam entre 0,956 (Noruega) e 3.273 (Serra Leoa). O Brasil encontrava-se em 722 lugar, mais uma vez abaixo de paises latino-ameri- canos como Argentina, Chile, Costa Rica, Uruguai, Cuba, México e Venezuela Entretanto, 0 IDH nao pode refletir as condi- sfes de vida vigentes no Brasil como um todo, de- ‘idos fs fortes desigualdades regionais que atra- vessam 0 pais, Um panorama das desigualdades regionais de desenvolvimento humano pode ser obtido pela andlise de indicadores econémicos, vi- tals e educacionais 0 PIB per capita, como vimos, nao é um indica~ dor adequado da incidéncia da pobreza, Ele revela, muito mais nitidamente, @ produtividade geral da OPH na América Latina oo [Casencoas | wa. Forte: NU Relat de denier huara 2008 Deporte Aces em 22 an 205. economia. Isso significa que, atrés do PIB per capita do Centro-Sul encontra-se 0 peso das atividades fi- nanceiras, da indiistria e do agronegécio. Na outra ponta, atrs do PIB per capita da Amazénia e do Nordeste encontra-se 0 peso das atividades prima rias tradicionais (fg. 4). (Os indicadores vitais ¢ educacionais exprimem com maior preciso as diferencas regionais no ni- vel de vida da populacao e a distribuigao geogréfi- ca da pobreza. ‘A expeciativa de vida ao nascer aumentou signi- ficativamente em todos os estados brasileiros nas Ultimas décadas, Em 1970, 0 conjunto dos estados nordestinos apresentava expectativa de vida inferi- or a 51 anos; em 2002, apenas Alagoas apresentava cexpectativa de vida inferior a 64 anos. Essa evolucao reflete a queda generalizada das taxas de mortalida- de infantil. Entretanto, a disparidade regional néo Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) (© IDH & construido com base em ts grandes indi. cadores, 205 quais 80 atrbuidos pesos iguais: a ex: pectativa de vida; 0 nivel de instrugao, represen tado pela taxa de alfabetizacto de adultos e pela taxa de escolarizacto, e,finalmente, 0 PIB per copita A expectatva de vida, isto & 0 numero médio de anos de vida da populagdo, é um dos principe ind cadoresvitais Esse indicador est associado &s cor digdes sanitéias e de alimentacao, além de ser in- fluenciado pela taxa de mortalidade infantil. 0 nivel de instrugao reflete, por meio da taxa de alfa betizacso, 0 grau de qualificardo da forca de trba- Iho e, por meio da taxa de escolarzacdo (isto €, 2 parcela de criancas e jovens que estzo de fato ma Culedos nas escolas), 0 grau de excluséo social. Fr ralmente, 0 PIB per capita é 0 componente finar- ceiro do IDH COIDH varia de Oa 1, senda que, quanto mais préx- mo de 1, mais ako seré o nivel de desenvolvimento humane do pats 0 PIB per capita no Brasil (2001) Teese None Cah eu Fonte: BCE, Corts egjonas de Brash Opener Snvibge gb Akaka en 7 dex 2004 desapareceu: no Nordeste, a esperanca de vida est em torno de 66 anos, em contraste com 0s 70 ou 71 das demais regiées (fig. 5) analfabetismo também foi drasticamente re- duzido: em quase todo o Nordeste e na maior parte do Centro-Oeste e Norte, menos da metade da po- pulacdo adulta era alfabetizada em 1970; em 2000, as taxas de alfabetizaco no Nordeste estavam em tor- no de 75%, Entretanto, também nesse caso persis- tem as fortes disparidades regionais (fig. 6). Expectativa de vida (2002) 1 if ocesno (poset amano overseen EE evrscu rae sm Fonte: Mirisio de Side Inadoese dos bascos~ asl 2003, Diponiel em . ‘oes em: 15 ag. 2004, A pobreza encontra-se disseminada por todo o pals, Mas, a0 mesmo tempo, hé uma geografia da pobreza muito nitida, que se exprime sob a forma das desigualdades regionais. A comparacdo entre os valores de IDH dos estados brasileiros sintetiza es- sas desigualdades (fig. 7) Em 2000, entre os sete estados brasileiros com IDH inferior a 0,7, seis encontravam-se no Nordeste @ um no Norte, Com excecdo do Distrito Federal, todas as unidades da federacao com indice superior 2 0.8 encontravam-se no Sudeste e no Sul. Santa Catarina, com 0,822, detinha o maior IDH do pais. 0 menor era do Maranhdo: 0,636. Entre as capitals, Floriandpolis ostentava o maior indice (0,875), en- quanto Macei6 ficava com o menor (0,739). So Cae- tano do Sul, municfpio industrial do ABCD paulista, foi considerado o melhor do Brasil em termos de desenvolvimento humano, recebendo indice de0,919, Manari, no sertéo de Pernambuco, foi considerado, o pior, com indice de 0,467. FEELEEA 0 IDH no Brasil (2000) atewcmsce Steaveare esaraars osamsces Font: IFA Dispartval ens Pees em 29 ma 2005 ‘Marro da Mangueira,no ia de Janera, em 2000, As vertentes d ‘motos: fundos de vale inundives €as areas ce protecaa de ‘anand stuam-se nas ota de exparsteo das favelaseloteamentes populares iegas, Populacio pobre e indigente nos municipios sm Pocuing eaizente 4. Trabalho infantil e exclusao social De acordo com o Estatuto da Crianca edo Ado- rescente (ECA), promulgado em 1990, “é proibido qualquer trabalho a menores de 14 anos de idade, salvo, a partir dos 12 anos, na condigio de aprendiz, Considerando aprendizagem aformagao técnico-pro- fssional ministrada segundo as diretrizes e bases da Jegislago de educago em vigor”. Em 1998, a apro- vyago de uma emenda constitucional elevou para 16 anos a dace minima de admissao ao trabalho, abrin- doa possibilidade de trabalho na condigao de apren- diz apenas para jovens entre 14 e 16 anos. Desde @ promulgago do ECA, o trabalho infantil {oi significativamente reduzido, Em 1992, um quinto das criangas entre 10¢ 14 anos trabalhavam; em 2001, ‘essa parcela ndo atingia 12%. Mesmoassim, é um exér- Griangas de 10 a 14 anos ocupadas ‘ito mirim de mais de 2 miles de pessoas, das quais mais de um milhdo vivem e trabalham no Nordeste. Apesar dos avancos recentes, o trabalho infan- til continua a ser um dos mais vergonnosos atesta- dos da condigao de pobreza de milhares de familias brasileiras, que precisam de suas criancas pare au- mentar a producdo no campo ou para compiemen- tar 0 orgamento doméstico nas cidades (fig. 10) O trabalho infantil compromete o rendimento es- colar, quando nao impede as criangas de estudarem, ‘Além disso, e apesar da lei, um mimero signiticativo de criangas brasileiras trabalha em atividades peno- 2s ou insalubres, o que afeta também suas condicbes de satide. £ 0 caso, por exemplo, dos pequenos car- voeiros do Mato Grosso do Sul, dos cortadores de cana em Pernambuco, dos trabalhadores mirins no beneficiamento de sisal, na Bahia, ou dos empilhado- res de tijolos nas olaras clandestinas de Sdo Paulo. Fonte: lec NAD 2001, Disporbel er “, ozs ers 28 pl 2004, na faixa etdria inferior, entre Se 9 anos, mas na faixe etéria superior, dos 15 aos 17 anos, a maioria dos ocupados est engajada na indiistria, nos servigos ou no comércio. Os menares de idade configuram a mao-de-obra pior remunerada da economia urba. nna, sendo que grande partedo trabalho infantil, prin- cipalmente no caso da agricultura, é trabalho sem remuneragao (fig. 11) O trabalho infantil nao configura, ainda, o limite extremo da exclusio social. Esse lugar é ocupado pelo chamado sistema de barracdo, uma modalidade de trabalho semelhante ao escravo que resiste & hist ria e a lei em milhares de propriedades rurais espa- thadas pelo pais. Em 2002, 0 governo federal resgatou mais de 2,3 mil trabalhadores em regime similar & escravi- dao, Em 2003, 0 niimero de resgatados subiu para 51 mil. Outros milhares permanecem exelufdos de qualquer direito de cidadania, as vezes em fazen- das e usinas de grandes grupos econdmicos. Sistema de barracdo No "sistema de baraclo’, os trabalhadores ruts, formalmente lives, endvidam-se unto ao fazendei | ‘0, que fnancia seu transporte até a propriedade. © armazém da fezends (o “baracao") forece intru- rmentos de trabalho, vestimenta e almentos para 2s semanas inci, debtando o custo ne conta dos trabalhadores. Como of salirios miseréveis jamais permitem 2 quitacdo da divide, 0 resultado € ota balho compulséio, ue se prolongs indefnidamen- te sob 0 controle de verdadeiras milicias prvadas, = Revendo o capitulo 1, Observe 0 grafico seguinte: Distibuigio da renda no Basi - 2000 ronda apropad pelos gras ends radials waapibvee ettaes matinee Feria PUD PEA BP Ato sealer Rararo ro Basl 2004 bape er cnn bo Rese 29 a. 100. 2) Com base no gefico, calaule a parte da rend apro- prada pelos 20% mais cos, ) Extraig uma condusto sobre a distrbuigao da ren- da no Bras ©) Estabelega uma relagdo entre @ distribuigao da renda e a incdéncia da pobreza no Bras 2, Analse a tabele seguinte: Parcela da renda apropriada pelos 10% mais ricos (2000) Brasil 52.36% Senta Catarina 45.25% Sto Paulo 781% Pemambuca 56.55% Font: PNUD, PEA, BP Ales do desenvbvnentoburvana no Bro. 2808 Daponive em waanuergbo>. Aces em 29 mat. 2005, A tabela nao sustenta as seguintes afirmagoes: 1. Aparticipagao dos 10% mais ricos na renda esta- dual é maior em Sao Paula que em Pemambuco. |. Em Santa Catarina, a concentracéo da renda entre ‘0s 10% mais ricos ¢ menor que a média brasileira. IAS informacées sugerem que quanto maior € 2 concentracao da renda entre os 10% mais ricos, menor é a incidéncia da pobreza. IV. 05 10% mais ricos de Pemambuco apresentern renda per copita meior que os 10% mais cos de Santa Catarina. 2) Apenas |e Il by Apenas | Ile N. 9) Apenas i, ihe W, d)Apenas IV. eiitien. No Bras, a incidénda da pobreza € maior no meio rural, pore existem mais pobres nas cidades que no campo. Como se explica esse aparente paradoxo? Lela o vecho de uma reportagem. “R.S.0,, de 9 anos, nunea foi & escola. Desde 0s 6 anos, ele ajuda o pai a encher caixas de tomate co- Tide em lavouras da zona rural de Ribeirao Branco, no sudoeste de Sio Paulo. Béia-fria ¢ semi-analfse beto, 0 pai, Joio dos Santos Oliveira, de 44 anos, rnio pode abrir mao da ajuda do filo, Sem residén- cia fixa, muda de uma cidade para outra, atts de servigo nas cobheitas de tomate e batata, dormindo em acampamentos. ‘A gente no tem parada, por isso no dé para botaro filho para estudas". Juntos, 05, dois tiram um salério minimo por més. Sem mie ¢ irmdos, R. nfo tem com quem ficar, por isso escapa da fiscalizagio que 0 Ministério do Trabalho realiza, na regido. “Levo o menino comigo para onde vou, ras ele s6 me ajuda no servigo leve’, garante 0 pai.” Jost Nats Tomarea 0 xa de 5 Pau 1), 2000 48) Com base na reportagem, expique por que Jo80 dos Santos Oliveira nao coloca seu fhorn escola, ) Procure explicar por que a incidéncia do trabalho infant, especialmente na foie etdria inferior 2 9 anos, € maior nas atvidades agropecuarias, O capitulo no contexto . De acordo com Sénia Rocha, dtetora de Estudos So- ais do Instituto de Pesquisas Econéricas Aplicadas (PEA), os palses nas quais ainda persste a pobreza absoluta podem ser classificados em dois grupos: o ptimeio € forriado por aqueles nos quais a renda é insuficiente para gaantro minimoindspensivel aceda tm dos seus cdadios, a renda per capita € baie €2 pobreza absolut, ineviével, quaisquer que seiam 25, condiges de sua dstibuigd0; 0 segunda, por aqueles ‘nos quais © produto nacional sufcientemente eleva- do para garantio minim necessério a todos, de modo ‘que @ pobreza resuta da mé distibuicdo de renda, OCHA, Sra Pabrade@ desiguctede ro Bes a eagstmera dos elton doretios do ea Fel "uo pera decsrton 721, asia EA, 2000 ea i | a) Em qual desses grupos o Brasil pode ser classificado? b) Analise as causas histbricas @ as causas recentes da extrema concentragao de renda que caracteriza 0 pals. 6, Analise as afmagses com base no mapa seguinte Ten ®) Besar 177502305 23.88 232,00 201 a 48.25 49.27 205.02 | Regio Sudeste: populacao abaixo da linha de pobreza (2000) OCEANO ATLANTICO Fonte: PEA Dison en: Ades em 15 set 2008, |. Aincidéncia da pobreza no Sudeste, embore nao seja homogénea, n8o apre- senta diferenciacdes espaciais marcantes, 0 que se deve & importancia des atvidades industiais nas cidedes grandes e médias da regido. I, Até mesmo 0 estado de So Paulo apresenta éreas, como 0 Vale do Ribeira, nas quais a parcela da populacao abaixo da linha de pobreza & superior a 45%, 0 que revela os fortes contrastes socioecanémicos presentes na Re gido Sudeste, ILO norte de Minas Gerais, que em parte pertence a0 complexo regional do Nordeste, € area de forte incidéncia da pobreza, o que se explca pela faca difusdo das atividades industrials e pelo predominio da agricutura familar tra- dcional IV, Do ponto de viste sociaeconémico, 0 Sudeste pode ser dividide ern duas sub- regides, embora cada uma delas apresente divergéncias interes: a meridio- ral, onde a incidéncia de pobreza ¢ reletivamente pequena, ¢ a setentrional, ‘que apresenta forte incidéncia da pobreza. iE. aaa trereserers eg Identifique a alternativa que apresenta corretamente as afirmagdes verdadeiras, e falas: a) |= Frll-Villl = IVY. byI-Vill- Vj VIN=M QI-FN-FM-ViV=R. O)I-FI-Vill Viv. e)l= Ve FF IV=R 1. Compare as stuagbes des regides Nordeste e Sul quanto & incdncia da pobreza € procure explicar as causas das diferengas encontrades. ‘8, De acordo com 0 IBGE, o Maranhdo regisou uma taxa de martalidade infantil de ‘46,3%a, em 2002, enquanto a média nacional era de 27,8%0. No mesmo ano, a tava de analfbetismo entre a populace maranhense de 15 ou mais anos de idade era de 23,4%; enquanto a média nacional ere de 11,84. Considerando esses dados, comente 0 texto a seguir, de autora do senadar José Sarney: ccaracteristica mais forte da sociedade industrial foi a sua capacidade nun- ca prevista de provocar um éxodo das populagdes rurais para as cidades. A relacdo de outrora — de 80% das pessoas vivendo no campo e 20% nas cida- ‘des — inverteu-se vertiginosamente para, ema média, 10% no campo ¢ 90% nas cidades. O Brasil ndo ficou atrds e, hoje, € mais ou menos essa a propor- G20 que apresenta. O tnico estado brasileiro em que quase a metade da popu- Taso vive no campo é 0 Maranhao ¢, por isso mesmo, ele paga nas estatisti- ‘eas 08 indices baixos, que nada mais sio do que néo entrar no cémputo eco- némico essa gente que vive em regime de subsisténcia, sem a sedugto do consumismo das metr6poles. O resultado é um maior nivel de igualdade. Isso faz com que o Maranhio tenha a melhor distribuigdo de renda do Nordeste. O fosso entre ricos ¢ pobres € menor. Se pudéssemos perguntar onde 0 homem ra mais feliz, se no campo ou se na cidade, certamente a resposta seria no campo, onde nao hé os problemas das periferias, da inseguranga, da miséria © da fome, onde o mundo da pobreza descamba para o crime, para as drogas € para toda a espécie de degradagio humana. E ninguém escapa desse clima: ricos e pobres, remediados e biscateiros.” Jost Somey. "V4 tomar ban! Faha de Pao. mac 2005, 9. Com base no texto a seguir, estabeleca relagbes entre a pobreza e a degradacso ambiental urbana “Auge da urbanizagio caética: o maior reservat6rio de égua de Sao Paulo, & represa Billings, continua a ser destinatéria dos esgotos residenciais de vari- 60s municipios da metr6pole. Desde 1975, uma lei de protegao aos mananciais, tentou controlar e diminuir 0 indice de ocupacdo nas éreas vizinhas &represa cenas bacias hidricas a ela tributirias. Isso levou a0 rebaixamento do prego da terra e, como consequéncia, & proliferagio de loteamentas iregulares.ilegais ¢ clandestinos (..]. Entre 1985 e 1990 despontaram 182 loteamentos, cerca de 32 mil lotes que cobrem 36 milhdes de metros quadrados. Bairro do Graja, Joteamento Cantinho do Céu. $6 nesse lado da peninsula centenas de novas construgdes, bem perto da represa, sem égua encanada, eletricidade precéria; escritura, nem pensar” KOWHRIOK Lio Estos wba. So Paulo tea 38, 2000.p. 81 USS ue ee aes A igualdade de direitos polticos no Brasil convive, em permanente tenséo, com desiguaidades socials e econémicas extremas. Uma das dimenstes dessas desigual- dades tem como referéncia a cor da pele. Ela remete 20 passado escravista do pals € as modalidades excludentes de integragSo dos negros & sociedade nacional, epés a aboligao do trabalho escravo Observe os mapas seguintes: Renda per capita (brancos) em 2000 Renda per capita (negros) em 2000 | erm Siena rms sonar Eismnne Bann: Bisse Gheoann Forte: PNUD, FEA FP Als do deservolvrenia hurano no Bast 2008, Fonte: PNUD, PER RAs do desenvohmento umnena no Bosh 2008 isponvel em: essa em 29 mat 2905 Disparilery cess em: 28 ma. 2005 | 1, Os mapas sustentam a conclusze de que ha poues diferenca de renda per capita no interior de cada unidade da federacao? Por qué? 2. Analsenda a distibuiggo geografica da renda per capita de brancos e negros faca uma andlise das desigualdades regionais de tenda no Bras | | 3. Porque So Paulo, Rio de Janeiro e o Distrito Federal situam-se na mais ata dlasse | derenda per capita nos dois mapas? 4. Com base nos mapas, formule uma conclusio sobre es desigualdades de renda entre brancos e negros no Brasi | | 4 ) } os be cucadetnos eo Pe recon Texto 1: A pobreza nfo explica a violéncia “Ao determinar a pobreza como causa da viol&ncia, estamos dando um peso que ela no tem e faclitando a ‘riminalizagio dos pobres, porque leva & conclusto de ne aio eles 0s criminosos. [sso justificaria o fato de ter- hos 90% de pobres entre nossos prisioneiros, quando abemos que hé jules, banqueiros, comerciantes, depu- tados, senadores e governantes envotvidos no mundo da sividade criminoss. HA varias pesquisas que maostram que os estados mais pobres do Brasil so também os me~ fos violentos, Londrina é uma cidade riqufssima para os pudrdes brasileiros, mas ¢ violenta. Campinas também. Nos estados, perecbe-se também que 05 municipios mais pobres si0 menos violentos.” ‘Abs Zalu:atroplog, em enrevia gojora Fig de SPaut, 12 jl 2008 2. Texto 2: Trafico depende do asfalto “A tendéncia no Rio era o melhor terreno ser ocupado pele elite, enquantoo dispensével ficava dispontvel. Como ‘cidade € espremida entre o mar e a montanha (..}, 08 obres coastruiram suas habitagbes prOximas da elit. [1 E verdade que a cidade nunca foi capaz de ineluir os po- bres do panto de vista da cidadania, mas essa populagio exclufda sempre teve uma relagao simbistica com a po- pulagdo rica. O bairro onde mora a pobreza sobrevive em srantle parte prestando servigos d elite. Ndo 6 toa que a maior favela do Rio, a Rocinha, fica ao lado de bairros com as maiores renda per capita, como Sao Conrado © Gévea, [1] Voo8 no consegue explicar 0 poder do traf co sem explicar 0 poder de compra do asfalto.” Caos Lexa, ecromisa e presidente do BNDES no gave ul da tha, em depart 9 jamal Tea de S010 28 ab 2008 D.C Dialogando com os textos | 1. Qual 2 principal conclusdo de autora do Texto 1 acerca das relagdes entre pabreza e violéncia ur- bane? 2. Como 0 autor do Texto 2 explca a proximidade fisica entre pobres e ricos na cidade do Rio de Janeiro? Ageia em: 12 un 2008 0}, que detinha vasta extens2o de terrase geralmente empregava numeroso contingente de escravos para producéo de géneros tropicais exportéves, e de Outro, 0 posseiro, que ocupava as terras devolu- fas, mais afastadas do litoral, dedicando-se a produ. do de subsisténcia e também a culturas alimentares consumidas nos latifiindios. No século XIX, a intreducao do trabalho livre na economia cafeeira assinalou um momento decisivo no ordenamento econdmico e juridico da agropecua- ria brasileira. A extingdo do sistema de sesmarias, em 1822, gerou uma expansdo descontrolada do apossamento de terras, Em 1850, a Lei de Terras veio frear esse processo, determinando que a tinica via para o acesso & terra seria acompra. A Lei de Terras representou o seguro dos latifundidrios diante da extingao do tréfico negreiro. Ela serviu como arca bougo econémico e juridico para a promogao da imi- Gracao européia A.Lel de Terras fol o ponto de partida para o sur- gimento de um mercado de compra e venda da pro- Priedade fundidria. A legislacdo fundiéria excluiu os Pobres do acesso legal a terra. Aos olhos da lei, @ terra passava a ser uma mercadoria como qualquer outra. Submetida ao funcionamento do mercado ce- pitalista, tornava-se um privilégio da elite detentora de capital Expansao e fechamento da fronteira agricola No pés-guerra, a modernizacao da economia nacional subordinou a agropecudria aos capitais in- dustriais¢ financeiros. Esse processo de subordina- 0 materializou-se pela transformacio dos antigos complexos rurais em complexos agroindustriais. Essa transformagao realizou-se mais veloz e ampla- mente no Centro-Sul do pais, A configuragtio dos complexos agroindustriais acarretou a valorizacao da terra ¢ o aprofundamen- to da concentracao fundiaria. O englobamento dos sitios pelas fazendas e a crescente mecanizagio das atividades agricolas provocaram expulsdo de parce- la significativa da forca de trabalho rural, Os cam- oneses pobres que perderam o acesso a terra eos solonos das fazendas transformam-se em exceden- tes demogréficos, que nao encontram modos de so- breviver na economia rural modernizada. © acelerado éxodo rural no Centro-Sul, entre as décadas de 1950 e 1980, fol uma das valvulas de escape para os excedentes demogréficos gerados pela modernizagio agricola. A outra valvula de es- cape foram as fronteiras agricolas do Centro-Oeste eda Amazénia. (0s termos “colono' e “coldnia’ t8m dois signif- cados distintos na Brasil Durante 0 século XX, 05 planaltos subtropiczis do Brasil meridional foram. ocupados pela agriautura familar conduzida por imigrantes europeus. Os imigrantes recebiar ter- ras pdblicas ou adquiriam lates comerciaizades por companhias de teiras Esses pequenos pro Pretirios eram chamados de “colanas” e 0s pa voados que formaram, de “coldnias". Na década de 1880, iniciou-e a imigracao em grande escela para as fazendas de café em SA0, Paulo. Os trabalhadores imigrantes, que substi- tule a mo-de-obre escrava, eram Semirassa- laviados, Parte de sua renda prowinha de salrio em dinheiro, cujo montante dependia do nd- mero de pés de café aos cuidados de sua fa fia Outra parte provinha das cultures de subsis- téncie mantidas pela farnfia em lotes separa- dos ou entre as “ruas” do cafezal, Esses taba lhadores, denominados “colonos’ esidam em casas de fazenda, que forravam a "colonia" Os trabalhadores rurais expulsos pela modernl- zago agricola constituiram fluxos migratérios para as regiées de fronteira, servidas por rodovias de inte- gracio, Nas fronteiras agricolas, os camponeses po- bres instalaram-se comio posseiros em terras devolu- tas ou como pequenos proprietérios em éreas lotea- das por companhias de terras. Nessas novas areas, a estrutura fundidria exibe intensa fragmentacéo e a paisagem predominante é a dos sitios e rogas familia ‘Coionos na colheta de cate, em fazenda da interior de S30 a década de 1920. | Sis de café Parana, no final da d6cade e 1950, vie anos depos a soja, e maquine ea grande propiedad langando-os nas drecbes cas cidadese des rons agrlcalas da Amazéria. res, Assim, pela via da migragio, ocorreu a reprodu- fo da pequena agricultura familiar. Depois da instalaco dos camponeses pobres, as fronteiras agricolas assistiram a chegada dos gran- des proprietarios. Muitas vezes, 0 personagem que 0s precede € 0 grileiro que, em conluio com cart6- rios, forjatitulos de propriedade e, contratando je- gungos epistoleiros, expulsa os lavradores que cul- tivam a terra na condigao de posseiros. aoa A fig, 2 revela os resultados desse processo, a0 Jongo do tempo. Até 1985, a érea agropecudria total cresceu incessantemente; a partir dai, pela primeira vez, registra-se um declinio nessa érea, Durante as © quatro décadas de modernizacéo acelerada da agri- - cultura, a estrutura fundiéria oscilou ao sabor de ci- clos de desconcentracao e reconcentracaio. Durante a década de 1960, completava-se a ocupagtio do noroeste do Parané e a fronteira agri- cola expandia-se pelos atuais estados de Goids € Mato Grosso do Sul. Sob 0 signo da “marcha para o oeste”, deflagrada ainda nos tempos de Gettilio Vargas, verificava-se signiticativa desconcentracao fundiéria, com 0 aumento da participagio dos pe- quenos e médios estabelecimentos na area agri- cola total, ‘Ao longo de toda a década de 1970, desenvol- veu-se um movimento inverso, de reconcentragao fundidria, Entre 1970 e 1980, a participago dos pe- quenos e médios estabelecimentos na érea total ex- perimentou significativa reduco. A constituigéo dos complexos agroindustriais sucro-alcooleiro, em Sio Paulo, e da soja, no Parané, eliminava os sitios € expulsava os camponeses familiares e trabalha- dores permanentes das fazendas. A concentracéo da propriedade da terra realizava-se, a passos lar- gos, nas fronteiras agricolas recentes do Centro- Oeste, onde se implantavam fazendas empresarials de soja, cereais e criagdo de gado. Nesse ciclo, a fronteira agricola transferiu-se para as franjas amaz6nicas: Maranhdo, Paré, Tocan- Os ciclos da concentragao fundiaria 1960 1670 TOTS 800 TOES Ta "PaIgPAGRE pee Earam ecOs ———] ince ainceu tone « THES, fae 20 2 ieee L {ho 970 1975 i620 1905 1698 tins, Mato Grossoe Rondénia. A ocupagao da Ama- z6nia oriental realizava-se pela expropriagio vio- lenta dos posseiros e a implantacdo de latifindios pecuaristas e madeireiros. Apenas no norte de Mato Grosso e em Rondénia, sob o influxo dos migran- tes que deixavam 0 Centro-Sul, a colonizagao ba. seou-se na agricultura familiar. 0 padréo de expansdo continua da area agro- pecuaria entrou em esgotamento na década de 1960 Depois de um pequeno crescimento, na primeira metade da década de 1980, a agropecudria perdeu mais de 50 milhdes de hectares, entre 1985 e 1996, No mesmo periodo, ocorreu uma retracao da par cela de terras controladas pelos grandes estabele- cimentos, com um aumento paralelo da participa- Sio dos médios e pequenos estabelecimentos (re- veja aig, 2) Atrés da redugdo da érea agricola total encon- tram-se a ampliagdo dos espacos urbanizados e a substituigao dos usos agropecudrios do solo por ati- vidades rurais como olazer e o turismo. Ao mesmo tempo, essa reducao sinaliza o “fechamento” da feonteira agricola que funcionou como valvula de escape para 0s excedentes demograficos nao ab- sorvidos pela economia urbana Arreducao da érea agricola total foi acompanha- da pela diminuigao do ntimero de estabelecimentos curais, Dos 5,8 milhdes de estabelecimentos exis- tentes em 1985 restavam em 1996 pouco menos de 49 milhdes. A redugo atinglu principalmente os menores estabelecimentos rurais, o que evidencia a crise da pequena produggo familiar (fig. 3). Em conseqiiéncla, apesar da diminuigo da parcela de terras controlada pelos grandes estabelecimentos, aumentou de 64,6 ha para 72,8 ha a érea média dos estabelecimentos rurais. Numero de estabelecimentos rurais por grupos de area Enmibares ene ae toecties 20004 ~ Derasaroeres oe too cea ° S00 oct ou mae aes 1398 Ara Forte: IBGE, Eoatites hatirens da Beal eCerso Agopecio 1996, Depariel a uvnbgegenbe> Besson am 12 um 2008, Forte: ISGE CersosAgropecion. iipariel en) Cunsabge go>, Poesso em 12 un 2004. Os padrées de uso da terra 0 tamanho dos estabelecimentos curais esta ni- tidamente relacionado as formas de uso da terra, Aproporcdo de terras utilizadas para lavouras per~ manentes ou temporarias diminui dos pequenos para os grandes estabelecimentos. A parte das ter- ras utilizadas para pastagens naturais ou planta- das € menor nos pequenos estabelecimentos ¢ maior nos estabelecimentos médios. A proporcso de terras com matas aumenta dos pequenos para os grandes estabelecimentos (fig. 4). ‘Nos menores estabelecimentos, que séo geral mente minifiindios familiares, as escassas terras disponiveis tendem a ser utilizadas para lavouras de subsisténcia. A pecuéria extensiva é um trago caracteristico da economia rural brasileira, Do ponto de vista ecolégico, essa € uma opcao ade- quada. Também é uma vantagem comparetiva da carne brasileira no mercado internacional. Mas parte significativa das vastas pastagens naturais em grandes estabelecimentos ¢ constituida por ter- Os usos da terra Cerne velar i 11-600 hectares ou mais) [—T =) (a rasoere i enlistees | ise i a i ($00 800 rac) | —— taewes i - | cata saves { i ed Tos nerve } (anos de 99 hes) fa fomes6ce. ata ities do met dtd Bro eCensoAopecuina 1556. oo 8 8 & 8 ow Daponie em: cimarge > ras subutilizadas, onde se pratica a pecudria ul. tra-extensiva Muitos dos grandes estabelecimentos situam-se na Amazinia ou no dominio do Cerrado. As areas com matas nesses estabelecimentos no se confun- dem com terras ociosas. Essa classe de estabeleci- mentos também abrange e maior parte das empre- | sas de reflorestamento, voltadas para a producdode — Insumos para as industrias de madeira e celulose 2. Trabalhadores do campo Occonceito de “pessoal ocupado na agropecud. ria” nfio se confunde com o de “populagio ativa residente no meio rural”. Hé residentes do meio rural que trabalham nos setores econdmicos ur- anos, assim como ha trabalhadores agricolas que residem nas cidades. Além disso, a economia ru- ral ultrapassa os limites da agropecuaria, pois in- clui atividades, cada vez mais significativas, liga: das ao turismo e ao lazer. Fazenda de soja er Minevos (GO), em 1989 A agreutura fempresaial gee expotacdes © lucas mes provoca um recuo senenleno do ererego no 4 i | i } 5 ‘A populagio ativa empregada na agropecudria perfaz um total de cerca de 18 milhées de trabatha- ores. Sua distribuicdo geogréfica revela o impacto das diferencas regionais na estrutura setorial da PEA (fig. 5). O Nordeste, com 28% da populagao nacional, concentra bem mais que o dobro da forca de trabalho cola do Sudeste, que abriga quase 43% da popu- lagio do pais. O Sul apresenta forca de trabalho agri- cola pouco menor que a do Sudeste, embora sua par- ticipacdo na populagao brasileira seja de apenas 15%, Na industria de transformacéo, a estrutura ocu- pacional é dominada pelos empregados assalariados, que perfazem mais de trés quartos da forga de traba- tho, Orestante 6 constituido, essencialmente, pelos ra palhadores “por conta prépria” das pequenas ofici- nas, Essa estrutura é produto da separacdo hist6rica entre produtores emeios de producao e da conseqiien- te disseminacdo da relaco de trabalho assalariado. Na agropecuéria, a estrutura ocupacional é quase invertida. Os produtores diretos e 0s membros néo re- munerados da famiflia que os auxiliam representam algo emtorno de70'% do pessoal ocupado. Orestante é cons- 1uido, principalmente, por empregados com diversos tipos de relagdes de trabalho assalariado, Essa estrutu- ra aparece, sob formas diferenciadas, na maior parte dos paises erevela que a agricultura um setor especi- al da economia capitalista, no qual a maior parte dos produtores so detentores dos meios de produsao. Do ponto de vista da rela¢do que mantém com a terra, os produtores familiares podem ser agrupados em trés categorias. Os proprietarios familiares so agricultores que detém a propriedade formal da terra, @ qual é explorada essencialmente pelo trabalho da unidade familiar de producao. Os parceiros erendei- ros sao camponeses que exploram terras de outros mediante o pagamento de uma renda em produto (arceria) ou em dinheiro farrendamento}. Os possei Tos So ocupantes de terras devolutas ou proprieda- des inexploradas As transformacdes econémicas geradas pelos complexos agroindustriais tém impactos decisivos entre os pequenos produtores. Os camponeses fami- liares incapazes, por um motivo ou outro, de respon- der as exigéncias postas pelos novos padres tecno- légicos sao conduzidos & ruina e acabam por perder suas terras. Em contrapartida, essas fases de mudan ‘¢anaorganizacdo produtiva possibilitam a répida acu. mulagéo por parte dos camponeses mais bem posi- cionados, que adquirem ou arrendam novas terras & ‘tornam-se empresarios rurais familiares. O estrato inferior do campesinato familiar & for mado por pequenos proprietarios, rendeiros, parcei- ros e posseiros que se dedicam essencialmente a sub- sisténcia. A exiglidade de terras, 0 atraso técnico e a baixa produtividade sao os tracos caracteristicos dessa agricultura miserdvel. Para completar a renda familiar, adultos e criangas so obrigados a recorrer 0 assalariamento temporério em fazendas da regio, carvoarias, olarias ou 20 subemprego urbano Fonte: 6GE Exaices Ratees do Basle Censo Avopecuto 1556, (hepecte e: Aeesso em 22. 2005, 3. Leia a letra de ums cangao antiga da musics popular brasileira: “Serra da Boa Esperanga / Esperance que encerra / No coragio do Brasil Um punhado de terra { No coragio de quem vai / No coragio de quem vem / Serra da Boa Esperanga / Meu titimo bem / Parto levando saudades / Saudades deixando / Murchas caidas na serra / Lé perto de Deus / 6 minha serra, is a hora / Do adeus vou-me embora 1" Lamerine Seb, “Sereda Boa Esperance clica RCA Vitor 1837 ‘lado ev UNHARES Hat Yee SUR Franco Cres “here de. ea rome uma hte de questo epee ra Bt Ra ce nro: Comes 1599 p69 2) Qual € 0 processo social rettatado pala cangao? b)Relacione esse proceso com as catactersticas gerais de agropecudria brasileira 4. 0 giéfico corcbore as afirmagies seguinte, exceto: a) A agricuturaferilar ocupa fra de tabalho quase ust veres maior que a agicutura patron by Aestrutura ocupacional da agrculturapatronal as semelha-se & da indistia de transformacBo. 9) A maior parte dos assaariados agrlcolas ¢ empre- gada pela agriculture patrona. 4) Na agriculture, 2 mBo-de-obra familar predomina laigamente sobre a mo-de-obra consttulda por empregados ) As estruturas ocupacionais da agriculture femil- ar eda agricultura patronal so basicamente se. methantes. Eee ocupadonal da orga de wabalho aicole a4- iD reton space 2 Toinsedesoa tise = (tose eros = Fontes: NGRA Banco de Dados da Agree Farin Deponbel ev sGuinr govbr> Acesso er. 22 an. 2005 5. Uma matéria jomalistica informava que: “No ano passado, 0s 27 pafses da Organizacio pare Cooperaio e © Desenvolvimento Econémico (OCDE) destinaram USS 361 bilhSes para substios agricolas, quase USS 1 bilhio por dia. Nos Estados Unidos, segundo relat6rio do Departamento de Agri- cultura daquele pais, 47% da renda criada pela agri- cultura em 1999 foi proveniente do pagamento dite- to do governo aos agricultores.” Simone Beier Mateos Este dS Rut 25 st 2000.5 Na mesma matéria, Roberto Rodrigues, o presidente dda Associacdo Brasileira de Agrobusiness, que Se tor natia miristro da Agnculture no governo Lula, exp ‘cava assim a poltica seguida pelos paises da OCDE: "Eles subsidiar porque t8m conscéncia de que ser isso haveria um @xodo rural para as cidades e pro: blemas scciais muito mais caros de resoher’, Esse argumento serve para defender: 2) Uma reforma agréria radical, baseada na eliming: «20 do latifindio e na distrbuicao de lotes de ter ‘es pata todos os trabalhadores rurals sem tera b)Polticas de subsidio & agropecuéria destinadas, priontaramente, a favorecer os grandes produto fes que exportam soja, gros e carne. ©) Polticas de protecao alfandegia dos produtores agricolas brasleiros, por meio de elevadas tanfas de importacéo, —— 4) Poliias de apoio atv & pequena preducto familiar, por meio de subsidio dretos, getantas de precos minimos e programas de renda minima para os agricultores, €) Um reditecionamento da agricutture brasileira para 0 culivo de produtas tropi- cis, de modo a eviter a concorténcia com 0s produtores subsid ados da Europa e América do Nort. = O capitulo no contexto No texto seguinte, gia Osério Silva comenta processo de apropriagSo priveda de terras na Primeire Republica: ‘A violencia gerava uma situagao de permanente instabilidade no campo. A condi- so essencial para um posseiro vir a constituirse em proprietiio era manter-se por longo tempo sobre as terras que pretendia legalizat, Manter-se nela ndo significava necessariamente cultivé-Ia, mas impedir que outros viessem a se instalarnelas e/ou evitar ser expulso das terras pelas autoridades municipais ou estaduais zeladoras do patriménio piiblice, que agiam com escandalosa parcialidade, Para manterem-se nas terra, 05 fazendelros-Posseitos contavam com recursos proprios jagungos ar mados) ¢ procuravam estar bem relacionados com as autoridades do estado, [..] A longo prazo nfo adiantava, portanto, ao pequeno posseiro a pouca vigilancia que se exereia sobre a terras pablicas. Sua permanéncia nas terras era temporériae insté- ‘el; durava apenas até que forgas mais poderosas os viessem expulsat. [..] Todavia, « existéncia de grandes extensdes de terras devolutas possibilitou no periodo em questo (e certamente até bem mais tarde) a continua penetragio dos posseiros nas regides distantes. A permanéncia da ‘fronteira aberta® conttibuiv, provavelmente, para a acomoda¢a0 relativa da situago social no campo SW Up Ost. Ras devas elt. Crpines Echre da Ucar 1906 9 390007 2) De que modo essa explicacdo permite compreender a atual estrutura fundiéia brasileira? »)0 texto revela como, desde muito cedo, a "ronteia aberta’ desempenhou papel crucial na din&mica do campo brasileira. Que papel foi esse? ©) Quais foram es mudancas recentes sofridas pela fronteita agricola? Quais sto as consequencias dessas mudangas? 7. Observe o grfico seguinte: ‘Uria década de confltes de tera 222 | ote ComsstoFsto! ds Tea Diponiel en crnvncator bo. Aetio en 22 pn 2008, 2) 05 confitos de terra muitas vezes envalver griletos e posseiros. Caracerize esses dois atores da crise agréra brasileira b)O MST é a principal oxerizacdo politica dos trabalhadores rureis sem tera Quais sto seus métodos de luta pela reforma agréria? £8, A foto seguinte mostra uma area de plentio de eucaiptos da empresa Aracruz Cel lose, nas prosimidades da maior fabric de celulose do mundo, em Barra do Racho, ‘no Espinto Santo, Com base nea, estabelega uma distingdo entre os padres de uso da terre dos grandes e pequenos estabelecimentos agropecustios no Brasil, 9. Leia a seguinte noticia, pubicada hé elguns anos e referente ®iao de Pinhal, em Sao Paulo, proxima & divsa de Minas Gerais: [J na regido de Pinhal, um estranho fendmeno ocorre. Falta mio-de-obra nas lavouras de café, O paradoxo ocorre por causa da instalagao de empresas de telecomunicagdes ¢ alta tecnologia, segundo o pesquisadot Celso Luiz Veiga “Essas empresas acabaram absorvendo a mdo-de-obra nilo-especializada, pro- vocando um grande problema para a cafeicultura da regio’. Embora muitos produtores tenam condigées de comprar maquinas para auxiliar na lavoura, © felevo montanhoso da regitio torna invidvel o sistema, A solugao est nur anti- ‘20 método, usado no comeco do século: a parceria, Nesse processo, otrabalha dor torna-se sécio da lavoura, Ao fim da colheita, divide os lucros com os em- presdrios. “Por anos a pratiea foi considerada extinta, mas agora ressurge como tuna das alternaivas mais vidveis para a solugio daquela regiao’, diz Veiga. O custo de mio-de-obra na cafeicultura representa 30% do total da saca. Com a ilizagdo de méquinas, esse valor cai para 8%. {..] Veiga diz que ‘hd previsio de baixa para os préximos anos no prego do café’, o que, certamente, propiciard ans cafeicultores mais estruturados expandir a propriedade, englobando cafe- zis menores, que no suportardo os baixos preges. 2) A noticia estabelece uma relagao entre @ economia ubano-industrial ea agricul quia em Pinhal, Explique essa relacdo b)A noticia estabelece ume relecgo ene as carecterstcas do melo natural, @ Conjuntura da mercado de trabalho e as relacbes de trabalho ma agricultura em Pinhal. Explique essa relaczo. ©) A noticia estabelece uma relagdo entre o mercado internacional de café e @ estruturafundidra em Pinel. Expique essa relacSo. (0 fenomeno da concentragao fundisria € um trago hist6rico e estrutural da economia brasileira, Mas, por concentraclo fundidria, ndo se deve entender que tstem poucas pequenas propriedades. Na verdade, o que existe € a convivéncia de um nlmero pequeno de grandes propriedades, que ocupam a maior parte da area agricola, com um grande niimero de pequenes propriedades, que ocupam {uma parte muito pequena da area agricola Se esse € uma realdade geral, nem por isso se apresenta uniformemente nas diferentes regides e estados brasileiros. Os mapas tematicos que representam, quenttatvamente, 2 distibuiggo espacial da area ocupeds por grandes © peque- nas propriedades evidenciam significative diversidade regional e estadval. Essa ci- versace, Dor sua vez, rellete processos dstintos de apropiacta # velorizacto da tare agricola no pals. Observe 0s mapas seguintes: DO ESTADO EM RELACAO AQ TOTAL DA AREA) ESTABELECIMENTOS RURAIS (PORCENTAGEM DOS ESTABELECIMENTOS aaa Menos de 10 hectares De 2000 hectares e mais menos 07 = Si osoraze 1 oceano |E5 oearass S ocEANO J andnmic |) 06519109 AnANTICO p Fe ovsaizo same | 718 ae 3 — = es y 1 | Fore: FERRERA, Gaga Nata Lemos Ales geagre:epaqs mural 2 ed Sto Paul: Mederra 2008| 1. Maranhao, Cearé e Bahia 80 08 estados bresileitos com maior porcentual § de esabelecimentos rues com menos de 10 hectares. Procure expcar esse fp fenémeno, .. Wviato Grosso € Mato Grosso do Sul apresentam o maior porcentual de estabe- Jecimentas rurais com mais de 2000 hectares, Procure explicar esse fenmeno. e | Texto 1: Limitar a propriedade "Os trabalhadoresrurais brasileitos (.] defender que ¢€ necessério fazer uma verdadeirareforma agréria com as seguintes caracterfsticas: 1, Democratizar 0 acesso & terra, desapropriando todos 0s latifindios existentes, e ‘mudar 0 texto da Constituig, estabelecendo um tama- rho maximo da propriedade da tera ...J; 2. Democrat zat 0 acesso ao capital. Camponeses, pequenos agricul- tores ¢ 08 benefciérios da distribuigo de terras devem, ccntar com empréstimos do capital necessério aos inve timentos na produgdo, de tal forma que possam, inclist- ‘¥e, instalar suas agroindistrias em cooperativas[..1; 3 ‘Democratizar 0 acesso a educagio, para que 0 povo do ‘meio rural possa ter escolas,em todos os niveis(..” Stele. "0 afin am rbleo pa odes ‘sbresleios unde = Geoyraae Plca mirada ‘a0 8 nab, 2000. .7 ‘Texto 2: Criar empregos agricolas “O grande contraste entre os espacos rurais de paises desenvolvidos © de paises subdeseavolvidos esté na es- trutura ocupacional, particularmente no peso relativo da ‘cupagio agricola. Enquanto os ocupados agricolas sio apenas um décimo dos ocupados no meio rural norte- americano, eles continuam a ser quatro quintos no meio rural brasileiro. [..] Em resumo, se as perspectivas de geragdo de empregos urbanos orem bem favoréves, uma oped preferencial pela agricultura patronal continuardé perfeitamente vidvel, mesmo que desastrosa em termos: 4e distribuigao de riqueza e de renda [..]. Mas se essas. perspectivas no forem t20 favoriveis, manter a prefe- xéncia pela agricultura patronal serd uma atitude nao s6 desastrosa, como cada vez menos viavel.” VEICA Jost ls. face ea do desenvaivmant, Poo Alege: fore da UFRGS 2000p 122-128 Dialogando com os textos 1, Oautor do Texto 1, loo Pedro Stédile, & um dos lideres nacionais do MST. Qual 0 item de sua proposte que evidencia 0 projeto politico de uma reforma agrdia radical, com @ mudanca profunda da estrutura agréra no Brasil? 2. Oautor do Texto 2, ose Elida Veiga, €um estud- 080 da economia rural no Brasil. Mdentiique dois || argumentos favoraveis a agricuture familar impli- citos nesse texto, Texto 3: Estender o seguro- desemprego “Afinal, aos desempregados deve-se oferecer terra ou emprego? O desemprego pode até ser uma medida da re- forma agréria, mas certamente é a pior delas. O emprego agricola é sazonal.[...] O desempregado num momento é © assalariado em outro. No riciocinio idflico, qualquer lum pode ter sua vaquinha, plantar uma horta ¢ ser feliz Mas, na realidade, no € ficil ser agricultor e viver do negécio rural. Que o digam os milhdes de agricultotes familiares, todos com experiéncia hist6rica comprovada, sofrendo as agruras da vida, Supor que se resolve 0 dra- ‘ma do desemprego rural por meio dos assentamentas sig. nifica subverter 0 raciocinio l6gico. O seguro-desempre- go, estendido ao campo, seria mais benéfico. A solugio definitiva € a geragao de empregos, que somente o eres cimento sustentado da economia pode ocasionar.” Fresco Grasiano New "Conta a demagoga ap Estas de S Pal. 5 aio 1993. ~ags Ae: aot vile dos Wnhedos Bento Canates, Bo Grande d Su Aagtculura ami eerec indistia 2 atzratia b ageutuepatons? 3. O autor do Texto 3, Francisco Graziano Neto, tam: bém & um estudioso da economia rural no Brasl Esse texta ¢ uma cicada poltca de assentamen- tos de reforme egrria, Esclareca essa cca 4. 05 textos anteriores divergem sobre o significado. © 0 contetdo da reforma agréra. Sintetze a post 0 de cada um rojeto de enor Nordeste: literatura, paisagem e sociedade © Nordeste, ou melhor, os “nordestes’ da Zona da Mata, do Agreste, do Sertéo, do Vale do Jecuiinhonhe mineito e tentos outros serra como matétiaprima para uma rica e diversiicada producSo Iterta, Veja, nos vatios trechos a seguir, alguns poucas exemplos das pzisagens e da vida nordestina tal como foram descritas na literatura brasileira: 0 trem puxava, as estagbes se sucediam, Ricardo notava que a gente que entrava pelo vagi0, {Geta diferente, gente mais despachada, ganhadores pedindo frete, moleques vendendo jomais. (© Recife estava prximo. A cidade se aproximava dele, Teve até medo. Falavam no engenho do Recife como de uma Babel. —'Tem mais de duas léguas de ruas’. “Voc numa semana nfo corre’. E bondes elétricos, sobrados de néo sei quantos andares, E gente na rua que s6 formiga. O dia todo € como se fosse de festa.” Jost Lins do Reg, 0 moleque card, “A moagem ia, por assim dizer, de meia-noite a meia-noite. Os eixos frouxos vomitavamn 0 ‘bagaco maior do que a cana engolida e mijavam um fio de caldo no parol. — Que porcaria é essa” — perguntou Soledade. —Nio é a ajuda? — explicou o mestre E deitava cal, azeite e cinza na fervura das tachas para ‘limpar a rapadura’ Entravam os muares gemendo, ao compasso da andadura: — hum!, hum! soak Amica de nid, A bagoce. “Mergulhei numa comprida manbi de inverno, O agude apojado, a roga verde, amarela € ‘vermelha, os caminhos estreitos mudados em riachos, ficaram-me na alma. Depois veio a seca. Arvores pelaram-se, bichos morreram, o sol cresceu, bebeu as éguas, ¢ ventos mornos espalha- ram na terra queimada uma poeira cinzenta. Otharam-me por dentro, percebo com desgosto a segunda paisagem. Devastacko, calcinago, Nesta vida lenta sinto-me coagido entre duas situa- ‘goes contraditorias — uma longa noite, um dia imenso e enervante, favordvel & modorra. Frio e Calor, wevas densas ¢ claridades ofuscantes.” Ceactaro ames, arc. “Gualberto safa de casa, cavalgava tr8s Iéguas, vinha na diregZo do rio. O rio corre pare 0 norte, Gualberto chegava & sua margem direita, Ali estava o brejdo — 0 Brejio-do-Umbigo — vinte e tantos alqueires de terreno perdido, Entre o cerrado € o Brejfo, era uma baixada, de ccapim-chato e bengo, bonita como uma paisagem. Capim vigoso, bom para o gado, Gualberto pusera lé seus bois para engordar. Toda a volta do Brejo, o concavo de uma enseada, se assina- lava, como um desenho, pela linha dos buritis. Pareciam ter sido semeados, um & mesma dis cia de outro, um entrespago de seis ou dez metros. Subiam do limpo do capim, rasteira grama; ali, no liso, um cavalo, um boi, podiam morrer de dia.” Jed Guiraties Rosa, Notes do sent, “Pensei que seguindo o rio / eu jamais me perder: ele € 0 caminho mais certo, / de todos 0 melhor guia. Mas como segui-lo agora / que interrompeu a descida? ‘Vejo que o Capibaribe, / como os rios Id de cima, 6 tio pobre que nem sempre / pode cumprir sua sina eno verlo também coria, / com pernas que nfo caminharn” Joe Cabral da Melo Net, Moree wa sevenno projeto de trabalho consiste na montagem de um painel analisca de paisagens, persone gens © modos de vida nordestinos elaborados pela literature. O ponto de part da proposta & a selecéo, pelos grupos, das obras a serem estudadss. O toteito a seguir € uma sugestio para 0 trabalho dos grupos, padendo ser alterado em funcao das necessidades da turma e da abordagem preferida pelos protessores: 1 Seleco do objeto de estudo. € importante definir um critério para a selecdo das obras, que padem ser de um tnico autor (José Lins do Rego, Gracilan Remas, Guimarges Rosa, Rachel de Queirar, Jorge Amado...) ou a definigso de um espaco ternstco (2 seca, 0 Serté0, 0 fengenho, 2 regido cacaveira...) 2. Leitura das obras escolhidas e produgao de fichas de leitura, As fichas de leiture devem inclu um resumo do ened, a identificacao das personagens € uma andlise sucinte des caracterstcas do texto, 3 Contertualizacao histérica Essa contextualiza¢30 ¢ dupla: tata-se de inserir 0 autor em seu tempo e de identifica 0 erlode histérico no qual se desenvolve o enredo, 4 Construcao de uma imagem nordestina, As obras Iterrias levam a imaginacSo a inten nas saciedades e peisagens reais, de modo @ construir uma imagem do Nordeste, Tate-se de evidenciar esse trabalho dos autores e ana- lisar seu resultado, 5 Producto de um pequene livia como canclusto do trabalho. mo deve ter todas as caracersticas que thes $30 inerenes: tuo, dvisdo em captulos, apre sentago, capa etc. A diagramacto pode ser feita em GEOGRAFIA E GEOPOLITICA DA GLOBALIZACAO dak ge Vda, pl meio kn ribenif ces ple “y lobalizagio € 0 processo pelo qual o espago mundial adquire uni~ dade, por meio da intensificagio da rede de fluxos que conecia oF * Tugares, as regides, os paises e 0 mundo. Suas rafzes remontam as Grandes Navegactes ¢ 4 configuracdo de uma divisis internacional da wo- balho. No mundo contemporineo, 0 processo de globalizacdo é ritmado “pela agio dos conglomerados transnacionais, pelos tratados econmicos € As, As cidades mundi, na nas quiais sio tomadas decisdes que afetam a ¥) dinamica ¢ a diregao dos fluxos globais de pessoas, mercadorias, capitais © informagdes, funcionam como pélos principais das redes que estrutu- tam a economia global. Hong Kong, na China, que aparece na imagem ao lado, ¢ uma das poucas cidades mundiais situadas fora dos paises de- nico centro, Estados Unidos, Unio Européia e Bacia do Pacifico co~ mandam os fluxos de mercadorias, servicos, capitais e informagées que estruturam a economia-mundo, Glob: tam dimensdes me fancionam como plataformas para a integra¢io das economias nacionais, Zz na economia-mundo, yy cams “plalafermn (45 PROJETO DE TRABALHO a Nagao, cultura consumo ' ' q senvolvidos. © espago mundial da globalizagio é heterogéneo € nio possui um lizacio ¢ regionalizacio represen- Os fluxos da economia global 1. Globalizagdo: a economia policéntrica © atual periodo de globalizaglo tem suas rages fincadas no longo ciclo de cresci- _mentd econémico do pés-guerra, ial (1939-1945), o crescimento econdmico, inter- rompido pela Crise de 1929 e pela profunda depressi mica dos anos 1930, foi etomado sobre novas bases tecnalégicas. eletrénica criou centenas de odutos e conferiu mais um impul i ©. Aeroporto Charles De Gaulle, em Pars, em 2004. slabalizacia pods ser defnids "como uma aceleragdo dos fos iteraciovas 62 matiria€ifarmagso. Se . O ciclo de expanséo econdmica reativou a pro- dugio e a circulago de mercadorias, Nas déc: ‘de 1950 € 1960, o crescimento industrial e a amplia- a0 do comércio mundial atingiram indices maig- res que 0s registrados deste meados do século XiX (tab. 1) [ TABELA = rento médio anual da industria e do comércio mundiais (9) Periodo Indistria ‘Comércio (eso 1875, ze 35 | [1870-1900 37 32 | 1300-1915, 42 37, 1915-1929 27 ar 1329-1958 20 =i 1938-1848 41 00 1948-1971 56 as Forte: BALD, Michel Hsia do captalme Sto Pad: Bresiese, 1987 Na aurora do século XX, os Estados Unidos firma- ram-se como a principal poténcia industrial do mun- do. Entre o comego do século ea Crise de 1929, a lide- ranga norte-americana ampliou-se incessantemente. _-A Supremacia dos Estados Unidos atingiu seu pice pouco depois da Segunda Guerra Mundial, “quando a vitalidade das suas industrias contrastava com a desorganizacdo geral dos sistemas produti- ‘08 dos paises europeus ¢ do Japao, arrasados pelo conflito. As novas tecnologias surgiam nas industrias ‘da Américd do Norte e os novos produtos estabele- jam-se, em primero lugar, no mercado consumi dor dos Estados Unidos, Xo panto de partida do ciclo de crescimento do pés-guerra, 0 Produto Nacional Bruto (PNB) das cinco poténcias econémicas européias e do Japao so- mados nao atingiam o da poténcia hegemGnica, os Estados Unidos (fig. 1). PNB das poténcias mundiais (1950) binges de dlares do 1964 | Fe | “apager ures ‘Reo Franga Alomanha Japio tala ‘noe Ones P= Fonte: KEEGAN, orn Ascent © quedo dos grandes pvtcas 2 de later: Campus, 1588. O Sistema de Bretton Woods No pés-guerra, arivalidade geopoli 5 Estados Unidos e @ Unido Soviética pravacou a hi- “Parti¢do da Europa em locos antagénicos. Durante as décadas da Guerra Fria, um bloco de economias, estatizadas e centralmente planificadas isolou-se da economia mundial, organizando-se em torno da. Unido Soviética, De outro lado, o poderio sem ‘pre= ‘edentes da economia norte-americana catalisou a reconstrug&o da economia capitalista mundial. 0 délar transformou-se na moeda do mundo. il Guerra Fria | skerartacoral maado pel bpd de |. poder ene os nos Utne Ue Sontics | ‘superpoténcias nucleares que dividiram a Europa em | esferes de influércia. A Europa Ocdental adquita 2 exo de um bloco geopoltico alinhado aos Estados Unidos, enquanto @ Europa Oxental epresentave-se ‘como um bloco geopoliico subordinado a Unigo So- vidtica. K Organizagao do Tatado do Atlantica Norte | | (ten, alianga ita iderade pelos Estados Unidos, | | “0 Peco de Varséva, aiznca milla iderada pela | Unido Soviet, dvdrem 0 espaco europeu, Os blo- | 05 geopolicos antagonicasestavam separados pele | frontere esratégca da Cortina de Ferra. A ralde- | _de entre as superpotencas nuceares, evderte nos ‘campos poltico, mltr ecandmico eideolégica, s- tfendewsealém da Eurnpa, adquiindo contomas go- bas expressando-e incluswe em confitos poticos | “ou rites na Asia Ainca e Amdtica Lana | AGuerra Fria estabeleceu-se.com.a Doutrina Turan, de 1947, quando 0s Estados Unidos declararam que 3 “eontencio da Unido Sovética”consiiula 0 ei “Gesun poles memes! | Bsesistema bipola: perduou a2 queda do Muro | de Berlim em 1988, ea dssolucdo da Unido Sou | Becaem 1991, A front interalema em Bern fo aber ne dig 9 de overibro de 1889. Durene os dies seguirtes, més lm rio de estentes de Berm les, a capital de ‘lemarha rental wsiteram a pate aes de edade Esses eventos, que culminaa com a reuniiaglo ale, assinaaram o fm d@ Guera Fi ; ; 4 ; ( econamistebtniza John Maynard Keynes, em seu excita em Lorde, em 1940. Keynes notablizouse pela fermuacto de palicas que contibulam para a recupetecio cas ecoroias ‘ren err aitcne p05 3 Cine Dapisle Has os “TESOL Wats Taree, no nal G3 QUENa, SUES prOpostas infuenciaram 35 decisbes da Conferenda de Bretton Woods, 5 Conferéncia de Bretton Woods, foram langadios 05 fundamentos da “economia do ddlar”. Fol organizado um padirao monetario com base na equiva lencia entre o dilar € 0 ouro. Para isso, determinou-se ‘uma paridade fixe entre a moeda norte-americana ¢ 0 ung, deal forma que 35 délares passavam a comprar uma onga de ouro, Ao mesmo tempo, 0 Tesouro dos_ Estados Unidos comprometeu-se a garantiralivre con: “Versio de délares em ouro, segundo a paridade fixa ‘Também foram criados organismos mulilaterais destinados @ administrar crises econdmicas interns “Gionais. A Crise de 1929 culminou na depresséo mun “dial em virtude, principalmente, dos dese 8 as econér 0 floresceram em Tm ambiente de depressGo econdmice. Esses fantas- “mas do passado recente atormentavam os governos reunidos em Bretton Woods. Sob a lideranga dos Estados Unidos e do Reino Unido, a Conferéncia de Bretton Woods lancou as ba: “Ses das instituiges econémicas multilaterais, Sao trés ‘5 instituicdes que, criadas naquele momento, se man- ‘tem na regulagao da economia global: ~ des acordos internacionais, Nadécada de 1990, trans ‘+ Fundo Monetério Internacional (EMD. Os pat- ses-embros tém cotas de participacio no organis. ‘mo € 0s dirgitos de voto sio proporcionais ao mon- fante das cotas. Os Estados Unidos, sequidos pelo ‘Tapio epelas grandes poténcias européias detém as Imafores cotas, Q FMI surgiu como fonte de emprés- timos de curto prazo para paises em crise financej- ra. Desde a década de 1960, tornou-se um interme, ‘didtio entre bancos credores e paises deveciores. «Banco Internacional para a Reconstrucao e ). 0 Bird, ou Banco | “Sua fingfo original era a de fnanciar os programas de reconstrugao econémica da Europa Ocidental e do Japao, Nas Ulimas décadas, passoua financlare Supervisionar programas de desenvolvimento na “América Latina, Asia e Africa, * Acordo Ger ércio e Tarifas (Gat), Apesar do nome, imo instituigao per- manente, des a promover a liberalizagao formau-se na atual Organizacio Mundial de Co- mércio (OMC). A OMC, ao contrério de seu ~antecessor, tem poderes de tribunal comercial, deci dindo sobre disputas entre os paises-membros. Os acordos de comércio da OMC sio elaborados por ‘Gonsenso ¢, 20 menos em teoria, as poténcias eco: ‘nBmicas nao controlam as decisoes do organismo, A reconstrucao européia € japonesa O Sistema de [n- sa ymca de copancin da common capitalista ‘no pés-guerra, No Ociclente, o predominio estraté- gico e militar dos Estados Unidos estabilizou 0 am- Biente geopolitico, criando es condigées para a re- onstrugdo econémica dos paises da Europa Ociden- tal edo Jato. No inicio, a reconstrugéo desses paises concen- _trou-se na recuperacio de infra-estruturas devasta- “das pelo conflto (habitacdes. rodovias e ferrovias, Centrais elétcicas, refinarias) e no incentivo a.ramos “Industrials tradicionais (siderurgia e metalurgia, aui- toméveis, téxtels), Na fase seguinte, as tecnologias “oriundas dos Estados Unidos foram incorporadas "Por europeus e Japoneses. Assim, a reconstrugdo desdobrov-se em um salto produtivo que, em pouco tempo, colocou empresas alemis, francesas, Drité- 5 € Japonesas em condigdes de comp “grupos emoresariais norte-americanos. A sociedade de consumo difundiu-se pela Euro- _pa Ocidental e no Japao. A produgao e as vendas de autombveis-eletrodoMésticos ¢ produtos eletrOnicos atingiram a massa das populagdes, modificando os ‘ndbitos, 2s percepgdes e o lazer. O crescimento geral das economias capitalistas desenvolvides n&o se processou no mesmo ritmo. Sob 0 impulso da reconstrugao e da incorporagio de novas tecnologias, a Europa Ocidental e o Japgo experimentaram crescimento mais répido que os Estados Unidos, diminuindo a diferenga enorme que os separava (ig. 2) (O crescimento mais aceleradio do Japa, da Ale- manha e da Franca é compreensivel, j que partiam “Ge alveis econdmicos muito ba Tales devil ts des “qruig6es da guerra. O Reino Unido, comum ritmo de “crescimento ainda mais lento que o dos Estados Uni- Crescimento econdmico médio anual (1950-1975) dos, continuava a sofrer de uma “esclerose tecnold- ‘gica” que se manifestou, originalmente, no final do ‘Século XIX. A economia pioneira da Revolucdo In- “dustrial acabaria sendo ultrapassada pelo JapZo, Ale- Thanha e Franca, “Wa dada dé 1970, quando o ciclo de expansio econ6mica do pés-guerra se cc ‘poder mundial estava profundamente modificada, Do ‘ponto de vista estratégico, permanecia pouco altera- ‘do 0 panorama de rivalidade bipolar entre os Estados Unidos e a Unido Soviética. Porém, do ponto de vista ‘econdmico, o mundo capitalista exibia trés centros de ‘poder: Estados Unidos, Europa Ocidental e Japio. A |igeraniga econémica norte-americana continuava ni- tida, mas jd no era uma hegemonia absoluta. Faria ingle eunida ante do apareho de telesto, em 1958, ‘A reconstucdo ecorémica do posguera fo o tampotim pare & salto das socedades europtias & etapa da consumo de maces Rene Unde Estados Franga Alamanha Jap ‘Unidos = oe Fonte: BEALD, Michel Hsia do cepts, S30 Pal Bashers, 1557 Desenvolvimento onclula, a geografia do” @ subdesenvolvimento Os conceitos de desenvolvimento e subdesenvol- _vimento foram elaborados, originalmente, em fun- 0 do grau de industrializagdo dos diversos paises. ‘Até meados do século XX, paises desenvolvidos eram aqueles cuja economia estava fundamentada ‘ia producto industrial e paises subdesenvolvidos “aqueles em que 2 economia se assentava em uma base priméria {agricola ou mineral). No pés-guerra, a economia global sofreu profun- das transformacées.A planificacao central da eco- acelerau o crescimento industrial da antiga Unido Soviética e dos paises do antigo lace soca- liste no Leste europeu. A desconcentracao geogra- ica da industria e a conseqlente industrializagao.de “Intimeras areas da periferia do mundo capitalistale- ‘varam as chaminés das flbricas até os paises subde- senvolvidos, na América Latina e na Asia. ~ asto proceso historico nao eliminou a dis tingdo entre os niveis de desenvolvimento das eco- omias nacionais, Mas provocou uma revisio dos Conceltos de desenvolvimento e subdesenvolvimen- ‘To, Atualmente.a separagao entre esses dois conjun- tos de paises decorre, principalmente, do controle “sobre grandes massas de capitals e do dominio das ‘tecnologias de ponta. —_ ~—Wimensa maioria das empresas transnacionais e das instituicdes financeiras globais tm suas sedes_ 0s patses desenvolvidos. Essas empresas e institul- ‘ges controlam a parcela principal dos capitais in- vestidos na producdo ou nos mercados financeiros, © mundo no espelho do PIB per capita [Em s08109 [] oesoane weno se 80 s de pesquisa dos paises desen- deranca incontestavel na inova- 2 atumeras formas de tegjstrar a frontir eco- rndmica entre o “Norte” desenvolvido € 0 “Sul” subde- senvolvido. O mapa do PIB per capita é uma das mais eficazes, pois revela 0 contraste entre as massas de capitais ecumulados nos pafses desenvolvidos e a ca- réncia de capitais dos paises subdesenvolvidos (fig. 3) A ccentralizagao de capitais Antes da Segunda Guerra Mundial. os grandes conglomerados econémicas em forma¢ao chamavam- ¢ trustes. Eles apareceram primeiro nos Estados ‘Unidos, onde o amplo mercado interno e a vasta dis- Ponibilidade de recursos naturals contribufram para “Poserosas adaquiciam empresas menores. chegando ‘a formar monopélios ou oligonélios nacionais, Nosetor petrolifero apareceram as chamadas Inmas"— cinco norte-ameticanas (Standard Oilof New Tersey, Socony Mobil Oil, Texaco, Gulf Oil Standard Oilof Indiana) e duas européias (Royal Dutch Shell e British Petroleum), Na guimica, surgiram trustes im- portantes como a americana Du Pont de Nemours, a briténica Imperial Chemical e a francesa RhOne-Pou- Jeno. Na siderurgia, as ureunet canes US Sel “FruppeTissen Nalndlsriauomabllsica osaran- “des imprios de Detrolt(General Motors, Forde Chrys- Ter) viram o nascimento de concorrentes europeus(Da- “imler-Benz, Volkswagen, Fat, Renault, Volvo) Fonte: ONU Relat sobe © Cetervohimene Kumars, 2008 qual o poder econémico podia ignorar os limites dos _mercados nacionais, A febre de absorgées € centra- Tizacao de capitals nao parou. Ao contrdrio: atingiu _um novo patamar, caracterizado pelas fuses entre “os conglomerados transnacionais.. sdeuo XC As “és Grandes” de Det tomaram se impéros ‘rensradonais com fabieas espalhadas por dezeres de pabes. "2. Os conglomerados transnacionais ‘As empresas transnacionals so elementos centrais da globalizagao. Essas co jes estendem sui des produtivas, comerciaise administrativas por diver- gos pases. Mas, de modo geral,a maior parcela de seu “patrimOnio encontra-se no pais-sede. Trés quartos do patrimOnio das malores transnacionais norte-ameri- canas esto nos Estados Unidos. Como regra, apenas as transnacionais sediadas em paises com pequena populagéo e mercado interno limitado —como a Sui- {2,2 Suécia, 0 Paises Balxos ou a Bélgica—mantémm a maior parte do seu patriménio no exterior (fig. 4). Distribuigao do patriménio das 100 maiores transnacionai ead Uns spt emerta Farce aio Unie ference ale suka 7501000 1950 1800 Ll inter let Fonte: The Econais, 24 un. 1995, Suney p15. ieee | |} (GE erospace [I] | tor || |Medonnet Dougas mi ee eT > Gis Hughes Feythean . ‘Tevas Invanerts > of 8 Fatvranente entings oe cres _biliondrias reduziram de 15 para apenas quatro 0 Fusdes e aquisicdes na indistria bélica dos Estados Unidos ‘Os conglomerados transnacionais nao sio, ver- dadeiramente, empresas de muitos patses. Eles tém uum centro de decisdes globais localiza Sede. A alta diregao do conglomerado geralmente ‘ocupa postos de importancia nas esferas econémi- cas € politicas desse pais, para o qual é repatriada uma parte dos lucros obtidos no mundo inteiro. A empresa transnacional tem patria. ‘A idéia no era nova, Em 1902 a empresa petrolife- ra holandesa Royal Dutch tinha se fundido com a bri ‘Anica Shell Transport and Trading Company Ltd, ori- ginando a Royal Dutch-Shell, uma nova linhagem de conglomerado, de tipo binacional. A nova empresa jé ‘nascia com 11% do mercado mundial do petrdleo, per- mitindo-Ihe concorrer com as gigantes petroliferas norte-americanas controladas pelo Grupo Rock‘eller. “Esse modelo de “casamento” prosperou a partir dal abcada. de G60, principanente ene empresas suropéias que almejavam atingir um porte suficiente ‘a “competir com as rivais da América do Norte. ““Casaram-se” indtistrias de filmes (a Agfa alem3 com a Gevaert belga) e fabricantes de pneus (a Dunlop britanica com a Pirelli italiana). “Casaram-se” tamben se” também “Indistrias automobilisticas de im mesmo pais como “as francesas Peugeot e Citréen. Accrescente liberalizacao dos mercados nacionals acifrou a concorréncia em escala global. Nos rarios industrials estratégicos, que exigem vultosos investi ‘mentos em pesquisa, marketing e comercializacdo, 36 ‘conseguem sobreviver os congiomerados gigantes- cos. Na década de 1990, a marcha da centralizagao acelerou-se ainda mais, Nos Estados Unidos, fusdes_ mero de grandes empresas de armamentos (fig. 5)

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