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O processo de gatekeeping no século XXI Os construtos centrais da Teoria do Gatekeeping - portées gatekeepers, forcas em torno dos portées, canais pelos quais os itens fluem e segdes que organizam os canais — sdo tao tteis hoje quanto na época em que Kurt Lewin desenvolveu seu modelo (Figura 1.1), ou seja, na metade do século XX. Que outras teorias usadas no estudo da midia de massa podem reivindicar uma ancestralidade de tamanha duracao e com tantos trabalhos publicados? O ESTUDO DA MIDIA ONLINE Embora algumas pessoas tenham previsto a morte da nocdo de gatekeeping, um conceito tornado moribundo pela internet, 0 capitulo anterior mostra que esses construtos, e a teoria de um modo geral, sao titeis para a andlise da comunicagao de massa do século XXI. O desafio para os pesquisadores é pensar criativamente em uma maneira de aplicar a teoria em um mundo em mudan¢a, e em uma forma de adaptar a metodologia de pesquisa de modo que ela acompanhe as transformacées. Faz pouco sentido estudar um contexto mididtico em mudanga usando métodos desenvolvidos para o estudo de jornais impressos, em uma era anterior ao computador. Precisamos um novo software para captar informacées sobre efémeros sites de internet, em constante mudanca, e também necessitamos de avangos nas formas de analisar 0 contetido. 182 Pamela J. Shoemaker e Tim P Vos Por exemplo, na sexta-feira anterior A posse de Barack Obama Presidente dos Estados Unidos, a homepage do nytimes.com deu a oport nidade a seus leitores para que estes expressassem de forma interativa expectativas em relacgao ao mandato presidencial de Obama (“I hope so to 16 de janeiro de 2009). Flutuando e aleatoriamente indo e vindo, avant e recuando, em um espaco em branco havia palavras e frases em representando as expectativas de 200 pessoas que o jornal entrevist pessoalmente sobre questées como seguranca das fronteiras, aborto, ambiente, imagem internacional dos Estados Unidos, a relago do gove com a religiao, plano de satide universal, entre outras questées. O leitor d cava em um assunto e ouvia as mensagens curtas dos entrevistados. Ei qualquer momento, os leitores podiam registrar suas expectativas clicando site, modificando a cor daquele assunto para verde. Depois dos leitore refletirem sobre as questées, podiam comparar suas expectativas com as d outros que haviam interagido com a matéria e ver o niimero de pessoas q haviam selecionado cada assunto. Como resultado da interag&o com essa matéria, as questées prit ritdrias dos leitores do New York Times online foram comunicadas editores e a outros leitores, além de politicos e outras fontes de noti Podemos pensar nessas quest6es/expectativas como itens que passar primeiro pelo canal das fontes (as 200 pessoas entrevistadas); em segui da, pelo canal da midia (onde a informacdo foi transformada em maté: interativa); depois, pelo canal dos leitores (“Eu também espero”) e, fi nalmente, de volta para o canal da midia (o ntimero de pessoas que tam bém tinham expectativas em relagao aos assuntos). Nao se trata de un processo linear, entretanto; na realidade, a interatividade da matéria foi desenvolvida para tornar 0 processo de leitura e votacdo/esperang circular. Os leitores manipularam os t6picos, enviando de volta informac para os canais de fonte, da midia e dos leitores — um ciclo em constant repetic&o, controlado apenas pelas decisdes dos editores sobre o valor dt noticia da matéria e de quando remové-la do montante de reportagen: relacionadas 4 posse de Obama do qual fazia parte. Nesse exemplo, duas varidveis representam forcas em torno dos portdes: em primeiro lugar, est4 o ntimero de entrevistados que classificaram de 1 a 6 cada assunto. Em segundo lugar, os milhares de leitores que votaram em cada tema. E possivel formular a hipétese de que o ntimero de entrevistados que classificam um assunto esta positivamente relacionado a ntimero de leitores que o selecionam. Também podemos levantar a hipétese de que o ntimero de leitores interagindo com a matéria esta positivamente Teoria do gatekeeping 183 relacionado ao ntimero de horas ou dias que essa matéria continua a fazer parte da cobertura da posse de Obama no site. Mas estudar a passagem desses itens pelos canais de fontes, midia e leitores é um desafio para os métodos de pesquisa padrao atuais da andlise de contetido. Embora alguns individuos tenham desenvolvido softwares para estudos especificos, como no estudo do capitulo anterior, as metodologias das ciéncias sociais nao estéo preparadas para analisar a midia online. Precisamos de métodos novos ou modificados se quisermos estudar a midia online e se quisermos que a Teoria do Gatekeeping avance. O carater unico do contetido online - em constante mudanca — é um desafio para os pesquisadores. Académicos que querem tracar um perfil do contetido da midia em um determinado momento do tempo se deparam com uma decisdo dificil: hd muitos momentos em um dia, por exemplo, 1440 minutos. Qual momento deveria ser escolhido para a captac4o de contetido para estudo? Além disso, se os académicos quiserem generalizar seus resultados para um pais ou varios paises, eles tém um problema adicional: embora 0 tempo seja uma variavel continua, as pessoas o experienciam da forma como é categorizado em fusos hordrios definidos pelo governo. Esses fusos hordrios est&o correlacionados com mudangas na disponibilidade de fontes e leitores. Se uma foto online é capturada de forma que seja vista em Nova York as 18:00, ela sera vista na California 4s 15:00 — horario nobre na costa leste, mas ainda tarde no oeste. Se 0 objetivo for estudar o horario nobre na midia online, como definimos hordrio nobre? O contetido online muda em tempo real. Isso permite que as pessoas 20 redor do mundo experienciem eventos como a posse de Obama no momento em que eles esto acontecendo. Mas os pesquisadores precisam considerar 0 fato de que o tempo real interage com a posigao do sol na regiao em que o leitor vive, definindo se estéio comendo, dormindo ou trabalhando. Portanto, as pessoas ao redor do mundo possuem experiéncias diferentes com a midia online. Quando é meia-noite na China, é tarde nos Estados Unidos. Em qual momento do dia a avaliagéo das caracteristicas das fontes e dos leitores se correlaciona com a observacdo do contetido online? Precisamos de métodos mais apurados para estudar mudangas, que sAo 0 aspecto mais interessante e desafiador da midia online — ela muda instantaneamente conforme o ambiente de noticia se modifica. Mas estudar essa mudanca ao longo do tempo € complicado; as varidveis continuas estao em constante alteracaio no tempo. A autocorrelacdo e a multicolinearidade s4o apenas dois dos problemas em potencial associados a andlise de dados coletados no tempo. Avancos na andlise de séries temporais facilitaréo a 184 Pamela J. Shoemaker e Tim P Vos avaliacdo das teorias, como a do gatekeeping, desenvolvida com o in descrever, explicar e prever um sistema dindmico. A Teoria do Gatekeeping desarma o leitor casual, com seu cha ainda que irascivel, Mr. Gates decidindo quais itens enviados entram 6 no jornal. O genial pesquisador Lewin estava explicando de forma nogdo complexa através de suas metéforas de portdes e canais, faciln compreendidas. Embora seu modelo teérico tenha sido desenvolvido estudar as modificacdes na selegio e distribuico de itens alimentici um sistema social, ele foi mais frequentemente usado no estudo da selegé noticias, ainda que raramente compreendido como um processo dindmice académicos que estudam a midia de massa do século XXI precisam retorm aplicacao original de Lewin da teoria—o estudo da mudanca social. Osmét e estatisticas que analisam varidveis estaticas, nas quais sé ha mudancas ef ‘os casos em um dado momento temporal, precisam ser remodeladas pa se estude também a mudanca no tempo. Os pesquisadores precisam amy suas ferramentas para estudar os processos dindmicos da midia tradicion da midia online em um mundo cada vez mais veloz. MAIS DESAFIOS Nessa secio, listaremos outros direcionamentos para as pesquisas turas de gatekeeping, alguns dos quais foram sugeridos por Shoemaker 1991. Esse ato pode dar a impressiio de que poucos avancos tedricos & ram alcancados nesse intervalo de tempo, porém, na realidade, houve enorme progresso, s6 nao das formas antecipadas em 1991. Primeiro, pt mos continuar a investigar como as modificagées ambientais modek gatekeeping. Estudos que fazem proposicdes a-histéricas parecem mio uma década depois ou talvez menos. O modelo de propaganda elaborado p Herman e Chomsky (1988) prevé a aquiescéncia do jornalismo as demandas\ América corporativista de forma estatica. Atualmente percebe-se, entre que esse modelo tem dificuldade de explicar a cobertura de escdndalos cor porativos realizada por veiculos jornalisticos, como foi 0 caso com a Enron € WorldCom. E bem verdade que a questo da corrupedo nas corporacées at sendo abandonada, e os watchdogs da midia nao aprofundaram todos problemas estruturais do escdndalo; além disso, muitos veiculos, sem dit conseguiram representar 0 evento como uma histéria em que bons negécié acabam mal (Doyle, 2006). Entretanto, continuou havendo reportagens sé contrarias aos interesses do mundo corporativo, como, por exemplo, matét Teoria do gatekeeping 185 comentirios e editoriais favoraveis ao compartilhamento de arquivos de mu- sica e video. Essa pratica desafia suposigées capitalistas (concreta, senaio abs- tratamente); o modelo de Herman e Chomsky nao consegue prever ou explicar inteiramente algumas coisas que acontecem. Conforme Swidler e Gans nos Iembraram (1979a), até mesmo as ideologias podem se modificar no tempo e sob algumas circunstancias. O conjunto de conhecimento que a Teoria do Gatekeeping produz precisa estar sempre atualizado. Em segundo lugar, se precisamos estudar o processo de gatekeeping no nivel do sistema social, é preciso que haja um numero maior de pes- quisas que va além dos sistemas sociais, pois eles podem produzir diferentes tipos de contetido de midia. Alguns estudos comparativos jA se mostraram promissores. Ferree, Gamson, Gerhards e Rucht (2002) examinaram a selecao ea construcao de noticias relacionadas ao aborto nos Estados Unidos e na Alemanha. A comparagao examina as varidveis no nfvel do sistema social, da instituicdo social, da organizacgao e das rotinas e articula uma explicacao para as diferencas entre as reportagens sobre aborto. De fato, se devemos estudar campos jornalisticos da forma como Benson e Neveu (2005) suge- riram, necessariamente teremos que nos envolver com esse tipo de pesqui- sa intercultural. E ao mesmo tempo em que devemos procurar as diferen- ¢as entre esses sistemas, precisamos investigar também suas semelhancas. Shoemaker e Cohen (2006) examinaram as semelhancas no modo como a noticia é definida em dez paises — semelhancas que surgem em parte da biologia evoluciondria humana (ver também Shoemaker, 1996). Em terceiro lugar, a passagem para estudos mais interculturais po- de ser complicada por um outro fendmeno que o gatekeeping enfrenta — a globalizagao. A globalizagao impée um problema metodolégico para os es- tudos comparativos, j4 que os casos (sistemas sociais) nao sAo necessa- riamente distintos. Entretanto, a globalizacéo, um dos tipos de “sistema mundial” de Wallerstein (1974) mencionado anteriormente, traz muitas novas realidades para os gatekeepers: nado é apenas a CNN que é vista ao redor do globo, mas também as outras organizacées. Portanto, as rotinas organizacionais de um sistema social est&o sendo exportadas para outros sistemas sociais, nos quais diferentes influéncias politicas, econdmicas e extramidiaticas operam. A historia completa desse embate ainda esta pa- ta ser contada. De forma semelhante, a globalizagdo criou organizacdes jornalisticas interligadas que ultrapassam as fronteiras nacionais. Cohen, Levey, Roeh e Gurevitch (1996) estudam como a Eurovision News Exchange define o que é noticia. A agéncia de videos opera além das fronteiras através da cooperacao entre organizacdes de televisdio. Essa instituicéo global de- 186_ Pamela J. Shoemaker ¢ Tim P. Vos senvolveu um processo ‘de tomada de decisaio que comporta gatekee] de diversos paises. O modo como esse tipo de interligacao reescreve rotinas frente as influéncias da instituic&o e dos sistemas sociais mé maior atengao por parte dos pesquisadores. E, por fim, conforme os Estados Unidos e outros paises forcam a expansio do mercado em outros paises a0 redor do mundo, os sistemas de midia que estavam protegidos de uma série de forgas de mercado precisam lidar com as novas influéncias. Por exemplo, rotinas jornalisticas genuinas enfrentam novas pressdes exercidas pelos piblicos e por elites econémicas. Entretanto, a globalizacéio raramente é a influéncia niveladora que seus detratores afirmam, visto que os sistemas sociais normalmente refratam pressdes internacionais por meio de seus proprios valores e instituigdes (Kitschelt, Lange, Marks e Stephens, 1999). Aquilo que é melhor ou eficiente em um sistema social pode nao ser em um outro. De fato, nao ha garantia de que uma pratica eficiente especifica sera sequer selecionada. Kitschelt e colaboradores (1999) concluiram que as mais provaveis mudangas ocorrerao em paises com menos instituicdes integradas, com instituigées menos presas a valores nacionais centrais, e menos presos a atores poderosos. Portanto, quanto mais flexivel for um sistema, maior sera a globalizaco; mais integrado € o sistema, maior é a probabilidade de que ocorram somente desenvolvimentos dependentes de caminhos especificos. Em quarto lugar, deveria haver uma quantidade maior de estudos de gatekeeping especificando o contetido jornalistico como uma variavel. Isso pode parecer Obvio, mas muitos estudos apenas descrevem 0 processo de gatekeeping ou simplesmente fazem observagées impressionistas sobre o contetido jorna- Iistico. Por exemplo, 0 estudo de Heider sobre etnia nas redagdes oferece valiosas informagées sobre 0 processo de construciio da noticia, mas se baseia em relatos de ativistas comunitdrios sobre o contetido da midia. Precisamos de mais estudos, como o realizado por Ferree e colaboradores (2002), que identifiquem como o processo de gatekeeping afeta contetidos especificos. Portanto, os estudos de gatekeeping deveriam incluir a andlise de contetido sempre que possivel, como 0 estudo de Shoemaker e colaboradores (2001), que examinou a cobertura jornalistica sobre a legislacéo congressional. Isso gera uma precisao maior na teorizacao do impacto do gatekeeping no contetido. Em quinto lugar, é preciso que mais estudos considerem muiltiplos niveis de anilise. Isso pode ser feito para que se mega a forca relativa de varios fatores, como 0 estudo de Shoemaker e colaboradores nos niveis individuais e das rotinas. Andlises em miiltiplos nfveis também podem ser feitas para investigar os efeitos da interag4o, tais como descrevemos em um capitulo anterior. Esse, para todos os efeitos, ¢ 0 tipo de pesquisa de campo que Benson e Neveu (2005) Teoria do gatekeeping 187 advogam e que Ferree e colaboradores (2002) conseguiram realizar. Muitos efeitos plaustveis da interacdo ainda precisam ser investigados. Em sexto lugar, a virada socioldgica nos estudos de gatekeeping trans- formou Mr. Gates em um personagem menor na selegéio de noticias. Parece ter sobrado pouco espago para o agenciamento de atores individuais. Quanta autonomia e quanto poder os gatekeepers individuais tém para impor seus préprios interesses no contetido da midia? Quais condigées sao condutivas ao exercicio do julgamento pessoal no lugar de restrig6es mais estruturais? Haja dado que os seres humanos possuem capacidade criativa e conhecimento critico do mundo exterior, nao deverfamos desistir inteiramente do agenciamento de gatekeepers individuais. A teoria da estruturacdo de Anthony Giddens (1979) reconheceu que forcas formidaveis modelam a acdo humana, mas também que essas forcas estruturais nado sao invioldveis — os seres humanos nao séo seres destituidos de agenciamento. Revoluc6es de fato acontecem. A teoria da estruturagaio apresenta a possibilidade de reivindicar poder para Mr. Gates, e traz.consigo uma ampliac&io quando reflete sobre o processo de gatekeeping. Em sétimo lugar, procedimentos estatisticos mais recentes esto dis- poniveis para o estudo do gatekeeping como um “campo”. Procedimentos, como modelacdo linear hierdrquica, permitem que o pesquisador avalie dados quantitativos de mais de um nfvel de andlise. A principal vantagem disso é a dose extra de precisdéo que se ganha usando dados em niveis inferiores conforme foram coletados, em vez de padronizé-los ou entéo combind-los em um conjunto de dados a partir do nivel mais alto da andlise. Em oitavo lugar, este livro dedicou atengao as forgas em frente ao portao em cada um dos niveis da andlise. Entretanto, os estudos deveriam prestar mais atencdo aos portées e as forgas que os cercam. Sera que o ntimero de itens em frente ou por tras de um porto afeta a polaridade e poténcia da forca exercida? As forcas devem sempre mudar a polaridade? A passagem por um porto é sempre unidirecional ou serd que alguns itens recuam? O que causaria esse recuo? Serd que alguns portées so mais “baixos” do que outros? Em nono lugar, é possivel fazer mais com as caracteristicas das mensagens. Nisbett e Ross (1980) sugerem que mensagens vividas tém mais chances do que as pdlidas de atravessarem um port&o, mas esta nogaio é subexplorada na pesquisa de gatekeeping. Precisamos ir além da categorizagao das mensagens (como interesse humano, economia, assuntos internacionais) para desenvolver um ntimero de dimensées continuas nas quais as mensagens possam ser avaliadas. Isso acrescentara muito a nossa capacidade de prever se e em que forma uma mensagem atravessa um porto. 188 Pamela J. Shoemaker e Tim P Vos Em décimo lugar, deveriamos compararas atividades de gatekeeping: varios tipos de organizagdes de comunicacdo, como a internete a midiaonlit redes de televisao e emissoras locais, jornais impressos, estacdes de radi agéncias de publicidade, agéncias de relacées ptiblicas e revistas. Al coisa ja foi feita. Abbott e Brassfield (1989), por exemplo, compararam tomada de decisao em emissoras de televisdo locais e em jornais impressos. Ha mais questdes que merecem atenc’o. Como as rotinas da comunicacao- diferem entre si? Como as diferentes metas dessas organizac6es afetam os materiais recebidos e produzidos, no apenas em termos de selecéio, mas também no modo como as mensagens so modeladas? E FINALMENTE Pelo menos uma pequena coisa precisa ser feita com a Teoria do Gatekeeping. Quando 0 jornalismo comecou a ser ensinado nas universidades norte-americanas, no século XX, a maioria dos estudos podia ser descrita como pesquisas aplicadas, estudos de interesse de jornalistas em atividade. De diversos modos, uma das conquistas da escola do jornalismo na metade do século foi sua capacidade de ir além das pesquisas aplicadas, em diregéio as pesquisas tedricas (Rogers, 1994). A corrente do gatekeeping esteve na linha de frente dessa passagem (Reese e Ballinger, 2001). E irénico, portanto, que profissionais das relagdes publicas e comu- nicacao politica tenham usado as pesquisas em gatekeeping como uma forma de ciéncia aplicada. Quanto mais conhecemos sobre © processo de gatekeeping, mais claro fica o roteiro para aqueles que tentam influenciar 0 processo de selecao e construcdo de noticias. Talvez seja duplamente irénico que profissionais da noticia e de outras midias tenham ignorado fortemente as pesquisas de gatekeeping, sujeitando-se a sofrer manipulagao de influéncias exteriores 4 midia. Esperamos que os profissionais da midia prestem atencao na escola do gatekeeping. Se os puiblicos nao estao satisfeitos com 0 tipo de noticias que obtém da midia de massa (Geary, 2005; Littlewood, 1998), entao os jornalistas precisam prestar mais aten- cao as razGes pelas quais as noticias assumem sua presente forma. As noticias podem ser melhores, nao importando a definicéo de “melhor”. Mas a melhoria das noticias nao acontece por forca de vontade ~ trata-se de um projeto construfdo a partir da compreensao das forcas que mo- delam as noticias. A utilidade da Teoria do Gatekeeping no século XXI depende amplamente da criatividade dos pesquisadores e de sua vontade de aprender procedimentos que analisam sistemas dindmicos. Referéncias Abbott, E. A., & Brassfield, L. T. (1989). 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